Células tronco e congelamento de embriões
Células tronco e congelamento de embriões
Opinião de Divaldo Franco
Questionado, respostas lúcidas refletiram base doutrinária da Doutrina Espírita
Por ocasião do 3º Congresso Estadual Espírita do Estado do Mato Grosso, que movimentou mais de 1.300 pessoas em Cuiabá-MT e foi realizado pela Federativa local no período de 21 a 24 de abril de 2005, os expositores reunidos em painel especifico responderam diversas perguntas ao público.
Entre as perguntas endereçadas pelo público aos expositores, uma delas – desdobradas em dois itens – abordou a questão das células tronco e do congelamento de embriões e foi dirigida a Divaldo Pereira Franco.
A questão, desdobrada em dois itens – repetimos -, foi:
a) Há Espíritos nos embriões congelados?
b) O uso de células tronco e embriões congelados pode ser considerada nobre, uma vez que visa cura de doenças e alívio para as enfermidades?
A resposta do médium e orador Divaldo Franco foi iniciada com a abordagem de que:
“a ciência tem o direito de efetuar pesquisas que realizem o progresso e fomentem a renovação da sociedade”, considerando que “nem tudo que é permitido é lícito”, mas que também “enquanto não forem apresentadas diretrizes para uma bioética, corremos riscos da precipitação de alguns investigadores”.
Divaldo, na seqüência, comentou sobre as experiências, ocorridas há dois anos aproximadamente, de alguns cientistas que divulgaram a clonagem do ser humano, tornando-se, porém, uma “farsa perigosa porque afeta o bom nome da ciência”, conforme enfatizou.
Sobre as células tronco, Divaldo considerou que a ciência está encontrando mecanismos para amenizar sofrimentos e aflições de portadores de enfermidades irreversíveis, pois que, conforme disse “ a célula tronco pode substituir, no organismo, aquelas outras que se encontram portadoras de enfermidades ou deficiências”. Porém, afirmou que sob o ponto de vista da ética, “o fato e a possibilidade de salvar vidas não justifica (…) a interrupção de outra vida”, declarando que “quando extraímos a célula tronco de um ser em formação, nós estamos praticando um aborto, porque estamos interrompendo uma vida que vai se transformar num ser humano normal”.
Felizmente, conforme considerou, há experiências com êxito, para obtenção de células tronco na medula óssea, no cordão umbilical, do próprio paciente.
A lucidez doutrinaria de Divaldo, no entanto, enfatizou o cuidado que deve ter o movimento espírita, asseverando: “o cuidado dos espíritas é de não opinar muito sobre conquistas da ciência”. Afinal, considerou: “esta área não nos pertence. Pertence à ciência”. Porém concluiu o pensamento: “Nada justifica interromper-se uma vida na tentativa de salvar-se outra”.
Sobre os embriões congelados, Divaldo asseverou:
“Não podemos afirmar que haja necessariamente um Espírito ligado, porque nem todos – quando transplantados para o útero materno – podem desenvolver-se e tornarem-se criaturas normais. Muitos são rejeitados ou não se desenvolvem”.
E considerou: “Em havendo um Espírito vinculado, está numa provação, pois a Divindade utiliza-se das circunstâncias da vida na terra para propiciar reabilitação para Espíritos endividados”.
E continuou: “Como nos bancos de reservas de embriões há um grande quantidade de embriões congelados, a ética recomenda espera de 5 anos para destruí-los. E neste processo reencarnatório, as leis soberanas podem permitir que alguns Espíritos se vinculem, por um período próprio e por sua necessidade”.
Neste ponto da abordagem, o médium recomendou-se dos períodos do Egito antigo, quando criaturas eram mumificadas ainda em vida: citou os casos de suicidas, lembrando que poderá ocorrer que esses Espíritos possam vincular-se aos embriões congelados para, na destruição dos citados embriões, libertem-se dos próprios ajustes a que se submetem.
Sua resposta final, no entanto, revelando a própria índole do pensamento espírita, citou: “A nós cabe respeitar a vida, preservando-a sob quaisquer condições, evitando aventarmos hipóteses com sabores científicos sem as estruturas no campo das investigações”.
Nota da Redação: Estiveram reunidos os expositores Divaldo Franco, Alberto Almeida, Raul Teixeira e Suely Schubert. A Revista Internacional de Espiritismo, edição de maio de 2005, trouxe reportagem completa sobre o importante evento.
JORNAL O CLARIM, Matão, julho de 2005