Entrevista Divaldo – Espiritismo
Entrevista concedida por Divaldo Franco para a TV a cabo de Foz do Iguaçu, em 13 de novembro de 1998, e publicada no jornal Gazeta do Iguaçu.
- Como nós, brasileiros, podemos buscar a felicidade diante de tantos problemas sociais, como a prostituição, menores de rua, violência, entre outros?
DIVALDO: Como conseqüência de fatores que já têm largo período de desenvolvimento, o homem da tecnologia estabeleceu como premissa de felicidade o poder econômico, e atrás desse poder econômico desenvolvemos valores que não corresponderam à nossa realidade. O homem moderno chegou às estrelas mas não desenvolveu, eticamente, a sua própria manifestação de vida. E por isso enfrentamos conflitos sociais, os dramas comportamentais, os distúrbios de natureza orgânica e, acima de tudo, a violência urbana, a prostituição, a toxicomania, etc.
O Espiritismo considera uma conseqüência lamentável, e faz uma contra-proposta.
Neste momento, estamos programando, em Salvador, um movimento de esperança, de repercussão nacional. A luta em favor da não violência, assinalada com esse pequeno laço que é o símbolo da paz. Quando nós nos preocupamos em educar o indivíduo, em profundidade, não apenas através dos recursos acadêmicos, mas também na busca e nas respostas em Deus, haverá uma mudança radical. Quando trabalharmos o indivíduo para que ele seja, ao invés de apenas tenha, ele compreenderá que o egoísmo, a ambição cederão lugar à necessidade da auto-realização.
- A Doutrina Espírita apregoa que existem espíritos num plano superior, seja à espera de uma oportunidade de reencarnar, seja para assistir as pessoas encarnadas ou que se dedicam a outros trabalhos. Quantos são esses espíritos?
DIVALDO: Há 23 bilhões de espíritos aguardando essa oportunidade. A revelação foi feita através do médium Chico Xavier e ditada pelo espírito de Emmanuel. Mais tarde, com uma diferença numérica, pelo espírito de André Luiz, que ainda teríamos no mundo espiritual aproximadamente 21 bilhões, nas diferentes faixas da evolução.
- No Espiritismo, hoje, a expectativa é de crescimento no número de adeptos?
DIVALDO: Graças aos veículos de comunicação, o Espiritismo também teve sua oportunidade. Aliás, esse pensamento é de Engel, o grande filósofo alemão, que disse que toda idéia nova experimenta, no começo, a descrença, o combate sistemático. Logo depois, passa pela fase do ridículo. As pessoas, como não conhecem, ridicularizam-na, para então poder destruir. Depois, aceitam. O Espiritismo experimentou uma negativa acirrada dos pseudo-cientistas e pseudo-religiosos. Os primeiros diziam que o Espiritismo levava à loucura; os segundos, que era uma interferência demoníaca. Veio depois a época do ridículo, onde as pessoas diziam que o Espiritismo era uma doutrina de gente ignorante, de pessoas de má conduta, de pessoas social e economicamente sem qualquer privilégio. Mas sobreviveu porque era uma idéia, e não se combatem idéias senão com idéias superiores.
O Espiritismo contribui enormemente para o indivíduo. Temos o maior parque de obras sociais de todo o continente americano. Todo centro espírita é um lugar de solidariedade. Nosso programa de assistência à criança atende a mais de 200 mil crianças, em escolas, creches e lares. Fomos os pioneiros, na Bahia, em lares substitutos, lares para idosos, hospitais psiquiátricos. Essa é a solução que o Espiritismo dá, de amparar os necessitados. Não podemos ter uma idéia falsa e presunçosa de que o Espiritismo vai resolver o problema da humanidade pois, como toda doutrina, o Espiritismo é uma proposta. Se não a acatarmos e nos transformarmos, por melhor que seja a proposta, ela será inócua. Nós acreditamos nos valores éticos da sociedade, respeitamos profundamente as outras doutrinas, desde que não explorem a ignorância popular, não estabeleçam privilégios para seus líderes, porque isso está fora dos ensinamentos de Jesus.