Mediunidade e os Transtornos Metais – palestra 31.8.16
Mediunidade e os Transtornos Metais
Palestra 31.08.16 CELC – Danielle
Introdução
LE 459: Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossas ações? Neste sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que que vos dirigem.
Os Espíritos superiores, através da resposta dada a Kardec, demonstraram a intensidade e gravidade do intercambio existente entre o plano físico e o plano espiritual, convidando a todos a uma analise mais séria e profunda do assunto.
A história do mundo esta repleta de relatos que evidenciam o intercambio mediúnico, em todas as épocas, em todos os povos, pois que a mediunidade, como afirmou Allan Kardec: “É uma faculdade inerente ao homem.” (LM)
Entretanto, mesmo com um vasto histórico de manifestações, a mediunidade foi e é, até os dias atuais mal interpretada; confundida com patologias diversas, principalmente as de ordem mental.
Assertivamente, André Luiz, no prefácio do livro Mecanismos da Mediunidade adverte: “Depois de um século de mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, com inequívocas provas da sobrevivência, nas quais a abnegação dos Mensageiros Divinos e a tolerância de muitos sensitivos foram colocadas à prova, temo-la, ainda hoje, incompreendida e ridicularizada.”
Decorridos mais de cinquenta anos da afirmativa de André Luiz, e o entendimento sobre o assunto pouco evoluiu. Multidões de médiuns que ignoram sua condição de sensitivo e de Espirito endividado, engrossam as fieiras das clinicas e hospitais psiquiátricos, carentes de cuidados morais mais do que os materiais.
Isso porque, criou-se um tabu em torno da mediunidade, principalmente durante a idade média, onde esta foi amplamente associada à possessão demoníaca e aos transtornos mentais de várias ordens, com o intuito de desacreditá-la e inibir as comunicações espirituais que tornaram-se inconvenientes para os poder da época.
Contudo, o assunto vem ganhando seu espaço e dia virá que não será mais possível ignorar as questões espirituais, já que muitas ocorrências de hoje fogem ao entendimento cientifico, e a situação tem se tornado insustentável, solicitando novos esforços para solução.
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde publicou boletim sobre a questão da Saúde Mental, no qual estima que 1 a cada 10 pessoas no mundo sofrem algum tipo de transtorno mental, e mencionou preocupação com a falta de ambientes e profissionais capacitados para o atendimento desse contingente.
Com a mesma gravidade, a depressão é hoje a segunda causa de afastamento do trabalho no território brasileiro, só perdendo para as Lesões por Esforço Repetitivo (LER).
Nesse cenário, considerando o patrimônio do Espirito Imortal, não se pode excluir os casos de transtornos mentais de ordem física e os neurológicos degenerativos, entretanto, embora estes também sejam acompanhados de grande influência espiritual devido aos débitos dos que assim reencarnam, o presente estudo terá por foco os fenômenos mediúnicos que possuem toda a aparência dos transtornos mentais.
2 – Mediunidade e os aparentes sintomas de transtornos mentais
A faculdade mediúnica, conforme nos traz Allan Kardec no livro dos médiuns, não é indicio de algum estado patológico, embora em alguns casos se apresente como algo anormal. Essa anormalidade se deve, pois, que esta faculdade coloca o sensitivo em participação com outro plano; com outro estado vibratório, que foge às percepções vulgares do plano material.
Cada um perceberá esse plano de maneira diferente. Alguns com maior, outros com menor intensidade, dependendo da sensibilidade que possuem.
Para aqueles, cuja sensibilidade é maior, o intercambio mediúnico se faz acompanhar de muitos sintomas, principalmente, quando da eclosão da faculdade, confundindo seu portador com as patologias diversas do corpo e da mente.
Faz-se imprescindível o entendimento através do estudo metódico, para que, o médium aprenda a lidar com essas percepções, afastando de seu caminho o fantasma da loucura.
No livro Reencontros com a vida, o Espirito Manoel Philomeno de Miranda aborda a questão no capitulo intitulado Sintomas da Mediunidade. Diz o autor espiritual:
“…Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.
Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.
Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono – insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese-; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluêntes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais – sombras e vultos, vozes e toques – que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos – encarnado e desencarnado – se viram envolvidos.
Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.
Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.”
1.1 – Motivos do sofrimento na mediunidade de prova
No livro Médiuns e Mediunidade, o Autor Espiritual Vianna de Carvalho, esclarece que:
“ A mediunidade, como qualquer outra faculdade orgânica, exige cuidados específicos para um desempenho eficaz quão tranquilo.
Os distúrbios que lhe são atribuídos decorrem das distonias emocionais do seu portador que, Espírito endividado, reencarna-se enredado no cipoal das próprias imperfeições, das quais derivam seus conflitos, suas perturbações, sua intranquilidade.
“ Antes, faz necessário considerar que o médium, na condição de espírito encarnado, é condutor de problemas e dívidas que acompanham desde existências anteriores e que lhe cabe enfrentar para resolver e superar. Natural, portanto, que seja a braços com o sofrimentos e testemunhos comuns a todas as demais criaturas, passando pelos mesmos campos de aprendizagem e prova, mediante os quais se equipará para tentames mais elevados.
Assim, adiciona, às suas necessidades evolutivas, os esforços resultantes da educação de suas forças medianimicas, que também lhe abrem as portas da percepção para a vida superior.”
Na mediunidade denominada de mediunidade de prova pelo o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda, o médium é portador de uma descompensação vibratória de teor purgativo, decorrente do passado delinquente que viveu. Essa descompensação facilita a sintonia com entidades de vibrações análogas, ou seja, inferiores, solicitando ao médium esforço maior por para alcançar vibrações nobres ( Mecanismos da Mediunidade).
Corroborando com a informação acima, no Livro Emmanuel, o Espírito Emmanuel, diz que:
“Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia ( Livro Emmanuel – FCX pelo Espírito de Emmanuel).
Como se pode constatar, não é a mediunidade a gênese de quaisquer desequilíbrios, e nem os provoca se estes não estiverem em germe. Ao contrario, orienta o Espírito Emmanuel, no livro Consolador, questão 382 que: “A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra. A missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos. Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.”
A médium Yvonne Pereiral do Amaral, no livro intitulado Recordações da Mediunidade, narra um episódio ocorrido com ela que ilustra as informações mencionadas acima. Abaixo trechos da narrativa:
“Até hoje não sou realmente capaz de me explicar a verdadeira razão pela qual, no mês de Junho de 1935, me vi desembarcando na Estação da antiga Estrada de Ferro Leopoldina Railway, na cidade fluminense de Petrópolis. Duas explicações costumam aflorar ao meu pensamento se me abandono a recordar o imprevisto por mim vivido naquela localidade alcunhada de «cidade das hortênsias» pela maviosa sensibilidade de um grande e inesquecível poeta. Necessidade de uma peregrinação expiatória do meu espírito, que gravemente infringira os códigos divinos em encarnações passadas com o ato do suicídio e reparações melindrosas no setor de assistência fraterna a companheiros de infortúnio, desencarnados por suicídio.
Se, outrora, como suicida que também eu teria sido, me vi socorrida por almas generosas do Espaço, as quais me ajudaram o reerguimento moral pelo amor de Deus, a lei suprema de mim exigiria agora que, por minha vez, eu socorresse a outrem, pois sabemos que essa lei determina a solidariedade entre as criaturas de Deus, e jamais receberemos favores ou auxílios de outrem sem que, posteriormente, deixemos de transmiti-los também à pessoa do próximo.
… Na primeira noite ali passada não me fora possível conciliar o sono para repousar, dado que me prenderam a atenção gemidos continuados, estertores indefiníveis, murmúrios confusos, ininteligíveis, que eu ou via, como alguém que pretendesse em vão falar claramente, com a palavra arrasta da e contida por obstáculos inconcebíveis. Pancadas no soalho, como se algo insistisse em bater pesada, mas surdamente, nas tábuas, de modo incompreensível, perturbaram-me também durante toda a noite. O ruído provindo do mundo invisível é muito mais impressionante do que a visão, e senti-me chocada.
Ainda hoje prefiro ver os Espíritos, qualquer que seja a sua categoria moral, a ouvir os ruídos que eles produzam, pois quaisquer ruídos ou sons provindos do Além são assaz diferentes dos conhecidos na Terra, são como que difusos pelo ar, cavos, surdos, ocos.
Aqueles ruídos, com a noite toda passada insone, alteraram minhas boas disposições físicas e morais e, no dia seguinte, reencontrei-me abatida e presa de insólita angústia. Participando, porém, às pessoas da casa o ocorrido durante a noite, advertiram-me de que se trataria de mera impressão de minha parte, pois jamais ali fora surpreendido algo suspeito de sobrenatural. Com o decorrer dos dias, no entanto, continuando a ouvir os mesmos rumores, mesmo durante o dia, pude precisar que provinham do teto da casa, exatamente sobre o quarto por mim habitado, ou seja, provinham do sótão.
Receosa de desagradar os donos da casa, não mais me queixei, mas, a título de reconforto moral para a angústia que me oprimia, voltei a estudar diariamente «O Evangelho segundo o Espiritismo», como era velho hábito, e entreguei-me às preces que ali se encontram, o que desde a infância fazia com respeito e fervor.
Passei a definhar e minha saúde alterou-se, enquanto dores de cabeça constantes me impediam de dormir durante noites consecutivas. A pressão arterial baixara consideravelmente, entrei a perder fosfatos e albumina com tal violência que ainda hoje não compreendo como resisti, sem adoecer gravemente, pois não usei medicamentos de qualquer espécie , senão água magnetizada por mim mesma, preparada com preces e súplicas a Jesus, visto que pela citada época eu atravessava grandes dificuldades financeiras e não dispunha de quaisquer recursos para consultar um médico (1).
Visitei o sótão, que se conservava desabitado. Penetrando o recinto, senti-me invadir por influenciações geladas e contundentes, e chorei copiosamente, sem saber porque chorava. Mas nada vi, senão alguns móveis antigos, que ali eram depositados. Dois meses depois, no entanto, desvendou-se o mistério que me intrigava.
Continuando minha insônia sem interrupção, certa noite me levantei à primeira hora da madrugada e me dispus a ler e a orar nesse pequeno escritório, e casualmente abri «O Evangelho segundo o Espiritismo» no 6º capítulo, «O Cristo Consolador».
Li-o todo, com fervor e veneração, pois aquelas tão doces comunicações do Espírito de Verdade sempre calaram beneficamente em meu coração, sendo ainda hoje o bálsamo por excelência que revigora minha alma nas horas de maiores preocupações. A certa altura, muito concentrada na leitura edificante, que valia por fervorosa prece, e, por isso mesmo , já acionada para o intercâmbio com o mundo invisível, e talvez patrocinada pelos Guias Espirituais, distingui com precisão, além, no soalho do sótão, um homem a se esvair em sangue, debatendo-se nas convulsões de uma agonia dolorosa, murmurando palavras ininteligíveis, agitando pernas e os braços de forma a produzir os ruídos secos por mim ouvidos desde o meu ingresso na casa. Sua agitação, lenta, penosa, dando impressão de um término de agonia, fazia-o mover também a cabeça e o corpo.
… Ele como que acabara de desfechar um tiro de revólver no próprio coração e o sangue corria, tomando-lhe não só o tórax como também o abdômen, as mãos, os braços e a cabeça, encharcando os cabelos, pois derramava-se pelo chão, e ele, debatendo-se, envolvia-se têtricamente no próprio sangue. Mas a cena não me assustou, não me impressionou, embora me tivesse comovido. Compaixão indescritível revolucionou as fibras do meu coração, e naquele momento como que me avassalou um sentimento inédito de amor, mas amor intenso , desconhecido ainda pelo meu coração, a favor do pobre «agonizante».
Orei pelo pobre suicida, o qual talvez jamais tivesse sido assistido por uma prece, e ofereci a Jesus meus préstimos a fim de socorrê-lo, como é dever de todo médium diante de um desencarnado em aflições.
Nessas condições, a sós, diante de Deus, eu havia de doutrinar com fraseado amoroso esse Espírito, em convulsões ao pé de mim, submerso em atroz pesadelo criado pelas alucinações do traumatismo vibratório consequente do suicídio, e fazê-lo despertar através das forças do pensamento. Reunia então toda a coragem da minha fé e da confiança no auxílio dos Guias Espirituais, e agia resolutamente, falava-lhe, exortando-o em nome de Jesus a voltar a si para dominar os próprios distúrbios mentais com a reação da vontade, que se deveria impor e vencer o colapso a que se entregava; explicava-lhe o seu verdadeiro estado, lecionava-lhe a imortalidade da alma, exatamente como nos serviços de doutrinação à sofredores no decorrer de sessões normais. E tinha de agir sem me deixar intimidar sequer por um instante ou vacilar nas próprias disposições, pois percebia que, se me intimidasse ou negligenciasse, estaria perdida: as funestas infiltrações vibratórias do suicida redundariam em obsessão inconsciente, da parte dele, o que até mesmo me poderia atirar a um suicídio idêntico, no próprio sótão da sinistra residência.
E tudo quanto existisse em mim de bom e aproveitável eu empregava nas súplicas a Jesus para que me enviasse auxílios para socorrer o infeliz que ali estava. Mas fazia-o banhada em lágrimas, prostrada de joelhos, porque meu coração sentia ser profanação outra atitude diante da cena que em minha presença se desenrolava, quando eu fielmente acreditava que Jesus estava presente através daquelas vozes contidas nas comunicações do Espírito de Verdade e até das rogativas que eu própria fazia. No entanto, eu sentia que todas as minhas forças psíquicas exigiam que eu recebesse aquele Espírito mediunicamente, que as correntes de atrações magnéticas da minha faculdade estavam ligadas a ele para o legitimo fenômeno da incorporação. Eu sofria com ele, sentia as dores que o afligiam, sua asfixia, suas angústias. Sentia o coração pesado e dolorido, sede abrasadora, vertigens, mas dominava tais sensações com o esforço da vontade, pela prece, suplicando sempre a assistência dos amigos espirituais, pois compreendia a origem de todo aquele mal-estar. Suores de agonia muitas vezes escorriam, gelados, pela minha fronte, e muitas vezes tremuras incontroláveis me faziam entrechocar os dentes, e nem mesmo é possível descrever o martírio que eu padeci em contato frequente com aquele suicida, a quem, apesar de tudo, eu deveria consolar e esclarecer.
Tentando algo a benefício geral, procurei descobrir um núcleo espírita de cuja colaboração me pudesse valer para a solução do caso, e encontrei-o. Mas dois escolhos se interpuseram entre as minhas esperanças de socorro: a falta de confiança dos irmãos de crença nas minhas possibilidades mediúnicas (eu não era absolutamente conhecida na cidade e tão pouco entre os irmãos de crença) e a distância que medeava entre o núcleo espírita e a casa que me hospedava, pois situava-se cada uma num extremo da grande cidade, enquanto que o horário das reuniões era inacessível para mim, que não contava com quem quer que fosse que me pudesse acompanhar no regresso. Compreendi então que a tarefa junto ao suicida era particularmente minha, que se tratava de um pesado testemunho de fé e resistência à tentação do suicídio, que a lei de Deus de mim exigia, e prossegui, confiando nos recursos oferecidos pela grande Doutrina dos Espíritos. … Eis, no entanto, a essência do fenômeno, explicada pelo amigo espiritual Charles, agora, quando traço estas páginas, vinte e nove anos depois do fato ocorrido:
— «Também tu foste suicida, e, como tal, muito fizeste sofrer a outrem, mesmo àqueles que te procuraram socorrer, como Espírito. O suicídio é atestado de fraqueza e descrença geral, de desânimo generalizado, de covardia moral, terrível complexo que enreda a criatura num emaranhado de situações anormais. Seria necessário, pois, para desagravo da tua honra espiritual, que um dia testemunhasses valores em torno do complexo suicídio, e retribuístes a outrem o auxílio que obtiveste com a caridosa assistência daqueles que te socorreram outrora. O caso em apreço é um detalhe dos testemunhos que necessitavas apresentar à lei de reparações de delitos passados, testemunho de fé, tu que faliste pela falta de fé em ti mesma e no poder de Deus. Assim ligada a ti pelas correntes afins humanizadas, a entidade suicida adquiriu condições para se reanimar e perceber o que se tornava necessário à melhora do próprio estado, revigorando-se vibratoriamente para se desvencilhar do torpor em que se deixava envolver. Compreendia, pois, a doutrinação que lhe fornecias, recebia os bálsamos magnéticos que lhe transmitias, como se se tratasse de aplicações de passes, e lentamente era beneficiada como em doses homeopáticas, pois era esse o único recurso existente para a suavização do caso. Não lamentes jamais as dores que experimentaste naqueles dias angustiosos de labor transcendente. Cumprias dever sagrado, reabilitavas tua consciência, servias ao Divino Mestre servindo à Sua ovelha transviada, e, como o paciente que se recuperava sob os teus cuidados, também tu te recuperavas à sombra da lei da fraternidade, que nos aconselha proceder com os outros como desejaríamos que os outros procedessem conosco. Como suicida, que também foste, estarás ligada aos imperativos das consequências do ato praticado, e uma face de tais imperativos é a necessidade do socorro aos companheiros de infortúnio, até que a consciência se liberte do opróbrio que a macula.
O suicídio é assim. Não é de outro modo. E tal como é cumpre-nos enfrentá-lo e combatê-lo , para felicidade do gênero humano.”
(1) Por mais estranho que pareça, a verdade é que a atuação de um Espírito sofredor sobre um sensitivo poderá levá-lo à perda de fosfatos e albumina, conduzindo-o a grandes depressões nervosas. Nota da autora
3 – Transtornos mentais e subjugação
Não é de hoje que as obsessões figuram o quadro dos transtornos mentais, estabelecendo uma linha muito tênue entre o que diz respeito às obsessões e às psicopatologia.
No Antigo Testamento, o livro de Daniel narra a história do rei Nabucodonosor, que, tendo Deus afastado seu amparo, permitiu que fosse tomado pela subjugação, passando a agir como animal. (Daniel 4: 24 a 34); também o Rei Saul, para quem Davi tocava sua harpa em processo de desobsessão. (I Samuel 16-23).
O Novo Testamento, traz também alguns relatos, como a cura de um lunático (Mateus 17:15 a 18); o endemoniado de gadareno (Marcos 5:2 a 15); a cura de um endemoniado (Lucas 4: 33 a 35), e outras tantas passagens que atestam a influencia espiritual gerando grande desequilíbrio físico e mental naqueles que sofrem a sua ação.
Diariamente, multidões são afligidas por esse mal, sem ao menos perceberem a real causa.
Dr. Bezerra de Menezes, estudioso e trabalhador no campo das obsessões, em sua obra intitulada A Loucura Sobre um novo Prisma, aborda a Loucura considerando seu duplo caráter: a loucura cientifica- aceita e estudada pela ciência-; e a loucura por obsessão, na qual, sem ter distúrbios físicos, evidencia a ação persistente de inteligências externas.
Constatou pela experiência que a Loucura da obsessão se dá pela quebra da harmonia da ação da alma e do cérebro, do ser pensante e do órgão da manifestação do pensamento, através da interposição dos fluidos do Espírito obsessor, entre o agente e o instrumento, de modo que fica interrompida a comunicação. (A Loucura Sobre um novo Prima).
Essa obsessão, a qual se dá o nome de subjugação, segundo o Livro dos Médiuns, é como um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vitima, fazendo-a agir malgrado seu. Esta se encontra, numa palavra, sobre verdadeiro julgo. Classifica-se em moral ou corpórea. No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões frequentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão considera sensata: é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o Espírito age sobre os órgãos materiais, provocando movimentos involuntários. (LM 240).
No livro a Gênese, comenta Allan Kardec, que na subjugação, quando é mau o Espírito possessor, ele arrebata o corpo do encarnado, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, seja por estrangulação, seja atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa. São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária.
O assedio espiritual se dá pelo períspirito, que liga encarnado ao desencarnado, e neste tema, diz o Espirito Manoel Philomeno de Miranda : “É o períspirito o órgão intermediário pelo qual experimenta a influencia dos demais Espíritos, que pululam em sua volta aguardando o momento próprio para o intercambio em que se comprazem.
Quando esses espíritos são maus e encontram a guarda que as dívidas morais instalam na futura vitima; ai nascem as obsessões, a principio sutis, quase despercebidas, para logo depois, se agigantarem, assumindo a gravidade das subjugações lamentáveis, e as vezes, irreversíveis. (Manoel Philomeno de Miranda – Loucura e Obsessão).”
Pode ocorrer através da constrição Mental, na qual o obsessor instala a sua onda mental na mente da pessoa visada. Forma-se espécie de ponte magnética, através da qual, o perseguidor vai enviando os seus pensamentos e ideias, promovendo verdadeira hipnose. É o que André Luiz denominou de “Loucura por telepatia alucinatória.”
Ou, envolvimento fluídico, onde o perseguidor imanta seus fluidos perniciosos no períspirito do perseguido que lhe aceita a influencia, envolvendo-o e dominando-lhe os centros motores e sensórios, inclusive os cerebrais, geralmente sob tortura emocional, chegando a fazer o perseguido perder por completo a lucidez.
Através da psicografia, o Espírito Francisco de Menezes Dias da Cruz, trouxe fundamentais informações a respeito da obsessão:
“A influência obsessiva apresenta várias facetas, em geral ignoradas pelo espírita.
Surge de forma abrupta ou lentamente, insidiosa. Não considera o sexo, a idade, o nível socioeconômico.
Atinge o indivíduo e arrasta comunidades. Insinua-se, escorregadia como réptil venenoso, nos delicados e nobres tecidos da estrutura cerebral, neutralizando agentes de defesa orgânica, produzindo alucinações, sofrimentos e mal-estar generalizados. Combatendo as células de defesa orgânica, tem ação lesiva nos órgãos e tecidos, nos sistemas e aparelhos do corpo físico. Sob a forma de entidades microscópicas, lança os seus dardos venenosos na forma de toxinas, produzindo desarmonias variáveis nas unidades celulares que, vencidas, passam a albergar microrganismos causadores de infecção.
Espíritos perturbados e perturbadores aproximam-se da mente invigilante para absorver, num processo de vampirização fluídico-magnética, a energia vital das pessoas que lhes servem de alvo. Apropriando-se da mente, passam a conviver com o indivíduo em regime contínuo, íntimo, de forma que o pensamento e a emoção de um ecoam e refletem no outro.
Entidades obsessivas existem que habilmente mapeiam a organização física e perispiritual de quem desejam dominar. Identificam, com precisão, os pontos frágeis e fortes do cosmo orgânico. Sabem aumentar ou diminuir a produção hormonal; influenciam no sistema de
absorção alimentar, segregando ou deletando proteínas, glicídios e gorduras; apropriam-se de neurotransmissores, em nível de sistema nervoso central, conduzindo o obsidiado a crises depressivas ou a ideias e tentativas de suicídio; agem no centro da memória, pacientemente, manipulando a delicada tessitura e os bloqueios naturais impostos pelo programa reencarnatorio, desativando mecanismos de proteção e, à semelhança de um ladrão inconsequente, arrombam as portas que mantêm os arquivos de ações infelizes, ocorridas em vidas pretéritas, sob parcial controle.
Apropriando-se dessas lembranças amargas, caracterizadas por experiências de atentado à lei de Deus, conduzem-nas aos campos da memória recente, provocando, no subjugado, angústias, sentimento de culpa e desespero.
Atrelando-se aos centros motores dos que se encontram sob o domínio nefasto, produzem paralisias, fraquezas musculares e neurites.
Conhecendo as predisposições íntimas do dominado, seus sentimentos, desejos e aptidões, atuam no centro cerebral do humor e da inteligência, acelerando o metabolismo de íons que resultam na irritabilidade, na elevação da pressão dos líquidos corporais, causando tonturas e cefaléias.
Não creias, amigo e irmão, que este quadro, assim apresentado com o colorido do jargão técnico, se encontra distante de ti. Está ao teu lado, podendo envolver-te, vibrando no ritmo da tua cadência respiratória e do teu batimento cardíaco.
Mantenhas-te atento, pois as somatizações são inevitáveis quando há influência obsessiva. Transforma-te no bem para que possas neutralizar-lhe tais ações, absorvendo energias superiores que do Alto se derramam sobre ti. As ligações mentais inferiores ocorrem em razão da invigilância, da falta de fé, da ausência de oração, da escassez da prática do bem.”
Ilustrando um processo de subjugação em perfeita consonância com as informações acima, segue interessante narrativa encontrada no livro Grilhões Partidos:
“…Ester se perturbou momentaneamente, o corpo delicado pareceu vergar sob inesperado choque elétrico. Ela se voltou, de inopino, e fixou os olhos muito abertos, quase além das órbitas, no genitor. Estava desfigurada: palidez marmórea cobria-lhe o semblante. Na testa maquilada e por todo o rosto, o suor começou a porejar abundante. Ergueu-se algo cambaleante, fez-se rígida. O fácies era de tresloucada.
O desequilíbrio de pronto assumira proporções alarmantes. Agitada, Ester blasfemava, esbordoando moralmente o genitor, mediante expressões lamentáveis. Os verbetes infamantes escorriam-lhe dos lábios, insultuosos, ferintes, desconexos. A presença do pai mais a exaltava, como se fora acometida de loucura total, na qual se evidenciava rancor acentuado, de longo curso, retido a custo por muito tempo e que espocava voluptuoso, assustador.
No dia seguinte, o apartamento do Coronel era desolação. Ester não recobrou a lucidez. Embora a prostração que a dominara, após os sedativos, as crises voltaram terrificantes, enquanto a débil mocinha, transfigurada, tornou-se o espécime legítimo da desequilibrada. Palavras obscenas e gestos vis repetiam-se ininterruptamente; gritos e gargalhadas constantes terminaram por enrouquecê-la. Muito pálida, com olheiras arroxeadas e manchas nas faces, tinha os lábios escuros e a expressão de olhar dura, sem luminosidade. Sacudida a cada momento por convulsões torturantes, traduzia no rosto conturbado as dores inextricáveis que experimentava.
Saindo desse estado, por instantes, parecia recobrar a claridade da razão, desvairando de imediato, a elucidar que alguém a lapidava com longo relho de que não se conseguia evadir. Nesse comenos tornava-se rubra e, se fosse observada mais detidamente, poder-se-ia verificar que alguns vergalhões lhe intumesciam a pele delicada e marcavam a face em congestão.
Logo retornava ao desequilíbrio, ao sarcasmo, e as ofensas se sucediam mordazes como se as Fúrias a estivessem cavalgando.
… Indicada eminente autoridade em Psiquiatria, o tratamento teve início no próprio lar, sem que diminuíssem os sintomas do desequilíbrio ou se modificasse o quadro patológico como de desejar. O estado da enferma se tornava cada vez pior, enquanto se lhe minavam as resistências físicas, pois que recusava qualquer alimentação, sistematicamente, sendo necessário aplicar-lhe indispensáveis medicações tônicas, de sustentação orgânica, à força. Transcorridos três dias sob carinhosa assistência especializada e familial, sem que qualquer resultado fosse lobrigado, o psiquiatra aconselhou internamento em Casa de Saúde relevante, onde poderia aplicar técnicas próprias, a par de isolamento do grupo doméstico, em que, certamente, estavam as causas inconscientes dos traumas e distonias que a impediam retornar ao campo da lucidez. ( OBS: Nos casos de subjugação, pode ocorrer quadros de significativa piora quando da presença dos familiares identificados como os que os obsessores pretendem atingir, ou que oferecem qualquer possibilidade de auxilio).
Sem embargo, a utilização dos melhores recursos da moderna Psiquiatria, a jovem paciente reagia negativamente em alucinação demorada, irreversível. Dia a dia registravam-se distúrbios novos e, no monólogo da distonia, não cessava de referir-se à vingança, à imperiosa necessidade de lavar a desonra com o sangue da imolação de uma vítima, à justiça demorada, mas sempre oportuna, ao desforço pessoal. Um mês transcorrido e a psicopata era frangalhos.
As terapias várias naquele primeiro mês foram inócuas, quando não se fizeram perniciosas.
Ester, no entanto, caminhando pelo insidioso corredor estreito e fantasmagórico da loucura, padecia incalculáveis aflições, que sequer conseguia exteriorizar. Impossibilitada de controlar a casa mental, que já apresentava os primeiros distúrbios de funcionamento, após a constrição
demorada do fluído morbífico do Espírito que a subjugava, era dominada por agonias inenarráveis. Ela própria não se dera conta do sucesso que a acometera. Experimentara superlativa angústia, seguida de álgido suor e a sensação de que fora arrojada num abismo sem fundo, caindo sem cessar… O coração deslocara-se do lugar, pulsando em descompasso; todas as fibras do corpo, adormentadas, produziam dores lancinantes, e a cabeça, em redemoinho, impedia que o cérebro raciocinasse com a lucidez capaz de coordenar idéias. Gritou por socorro e surpreendeu-se com as cordas vocais em turgimento, espocando palavras chocantes que não podia controlar. Ouvia-se a distância, confusa, no som de sua voz alterada e era uma emoção odienta que não a sua.
Na sua festa de aniversário, Ester fora surpreendida pela agressão de revoltado Espírito que, acoimado por violenta crise de ódio, encontrou na sua sensibilidade mediúnica o campo propício para a incorporação intempestiva quão infeliz.
Assenhoreando-se das forças medianímicas da jovem, o obsessor, na sucessão dos dias, imantou-se-lhe quanto pôde ao campo psíquico, culminando no lamentável e longo processo de subjugação.”
No contexto da mediunidade ser presente nos portadores de obsessão, encontra-se na literatura trazida pelo Espírito André Luiz, trechos importantes e esclarecedores sobre o assunto.
No livro Missionários da Luz, o Instrutor Alexandre esclarece, quando interpelado por André Luiz se todo obsedado é médium, que, sim são médiuns de energia perturbadas; e no Livro Nos Domínios da Mediunidade, o Instrutor Aulus, referindo-se a um irmão em profundo estado de subjugação, elucida que, o referido irmão devido à passividade com que reflete o obsessor, pode ser considerado médium na acepção comum do termo, e que, devido aos débitos contraídos no passado, para compensar o ontem no justo refazimento, reencarnou com a aflitiva mediunidade de prova.
Continua o Instrutor Aulus, que todos os dramas obscuros da obsessão decorrem na mente enfermiça, e que perseverando o médium torturado nos deveres que lhe compete a luz da Doutrina de Jesus, conseguirá modificar o tônus mental, atenuando a expiação, e alcançando a renovação moral que lhe será a cura no futuro.
A obsessão é uma expiação, na qual, a mediunidade exerce o papel de favorecer o intercambio entre os participantes das tramas passadas, para a resolução dos conflitos e ressarcimento dos débitos.
Assim, elucida a Espiritualidade na questão 474 do Livro dos Espíritos, que a possessão não se efetua sem a participação daquele que a sofre, seja pela sua fraqueza ou por seu desejo.
A aceitação da influencia do obsessor está nos compromissos pretéritos, onde a mente endividada, seja através do sentimento de culpa, de remorso, do ódio, cria campo propicio a imantação.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda denominou como tomadas psíquicas, onde a mente culpada possui verdadeiros plugues, aos quais, o obsessor tem fácil acesso para a conexão.
Orienta o autor Espiritual: “O perseguidor desencarnado, reencontrando aquele que o infelicitou e, pela lei de afinidade débito-crédito emitindo ondas do sentimento rancoroso, alcança e sincroniza as matrizes morais do endividado como verdadeiros plugues que fixam a ele, passando este ultimo a experimentar o pensamento invasor que lentamente o aliena por desequilibrar as sinapses neurais, o sistema nervoso central e algumas glândulas de secreção endócrina. Ao largo do tempo, o que era apenas uma influencia perniciosa destrambelha a harmonia das comunicações mentais, transformando-se em decantada loucura ( Transtornos psiquiátricos e obsessivos).
Voltando ao texto do livro Grilhões Partidos, explicando a passividade da personagem em aceitar a influencia espiritual relata o Autor Espiritual que em um passado remoto obsessor e obsedada viveram uma trama de traição e ódio, e, com a aproximação de ambos, a obsedada liberou lembranças contidas no inconsciente, facultando que o ódio do obsessor se conectasse com vigor, em plena sincronia com os sentimentos da sicária do passado.
4.1 A subjugação e as consequências físicas
Allan Kardec questiona os instrutores espirituais da codificação se a obsessão pode ocasionar a Loucura, e responderam que: Sim, a uma espécie de loucura cuja causa é desconhecida do mundo, mas que não tem relação com a loucura ordinária. Entre os que são tratados como loucos há muitos que são apenas subjugados. Necessitariam de um tratamento moral, enquanto os tornam loucos verdadeiros com os tratamentos corporais. Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão maior número de doentes do que o fazem com as duchas (LM).
A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo. ( LM Cap 23)
Isso porque, conforme esclarece o Espírito Dr. Bezerra de Menezes, a obsessão influencia no sistema nervoso, e afetará muitas vezes o cérebro, uma vez que o primeiro é o veículo natural do períspirito, no estado de encarnação. Dai o fato dos sistemas glandulares do aparelho cerebral humano serem atingidos. Ataques, convulsões, epilepsia, hipocondrias, neurastenias
e depressões tem origens espirituais, e não raro, são casos também fundamentados na obsessão, na sugestão hipnótica obsessora.
No livro Loucura e Obsessão, a abnegada Benfeitora do Plano espiritual, descreve a ação da simbiose no campo celular do encarnado, que se transforma em prisão para obsessor ao obsedado em processo aflitivo:
“…A medida que a obsessão se faz mais profunda, o fenômeno de simbiose – Interdependencia entre explorador psíquico e explorado – se torna terrível.
Chega o momento que o perseguidor se enleia nos fluidos do perseguido de tal maneira que as duas personalidades se confundem…
A ingerência do agente perturbador no cosmo orgânico do paciente termina por jugula-lo aos condimentos e emanações de sua presa, tornando-se igualmente, vitima da situação, impossibilitando o afastamento. Por outro lado, a magnetização e intoxicação fluídica do agressor sobre o hospedeiro, transforma-se em alimento próprio para a organização celular, que, se não a receber, de repente, desajusta o equilíbrio. No principio, gera distonia, desarticulação, para depois, adaptar-se e aceitar a energia deletéria sem maiores choques nos elementos que constituem o universo celular…”
Nas subjugações, encontram-se casos em que o afastamento do obsessor é o suficiente para o restabelecimento físico e psíquico do obsedado, contudo, há casos em que este afastamento não trará o reequilíbrio das forças do obsedado.
O que determina a cura imediata ou as consequências físicas da subjugação, é a planejamento das provas e expiações que pede passar o encarnado.
Neste sentido André Luiz, recebe valiosa instrução do Instrutor Alexandre: O desequilíbrio da mente pode determinar a perturbação geral das células orgânicas. As intoxicações da alma determinam as moléstias do corpo, e que, em alguns casos, o afastamento da fonte de perturbação (os obsessores) não significa fim da dívida daquele que lhe sofre a ação, permanecendo assim os desequilíbrios orgânicos como expiação do Espirito até o final da encarnação.
4 – Transtornos mentais e o espiritismo
Na contramão do que muitos dizem, a mediunidade não é a gênese dos transtornos mentais, e sim, ferramenta importante para defender seus portadores de caírem nas redes da alienação.
Diante de diagnósticos equivocados e tratamentos sem grandes resultados, encontra-se o desconhecimento sobre os mecanismos do intercambio mediúnico, operando verdadeiros flagelos, e tornando cada vez mais necessário o estudo que é proporcionado por essa doutrina.
Afirma Alexandre, Instrutor Espiritual de André Luiz que em geral, noventa por cento dos casos de obsessão que se verificam na Crosta constituem problemas dolorosos e intricados e quase sempre, o obsedado padece de lastimável cegueira, com relação à própria enfermidade.
Multidões arrastam existências inteiras padecendo sofrimentos que poderiam, senão evitados, habilmente tratados, gerando consequências funestas que podem superar mais de uma encarnação.
O Espiritismo redivivo, através do restabelecimento dos princípios cristãos, deturpados pelas religiões, vem orientar a todos aqueles que estão em sofrimentos, fortalecendo-os para transpor a porta estreita da salvação.
“É sem dúvida, uma ciência de libertação de consciências e de vidas, por trabalhar na causa das aflições que aturdem o espírito humano, no seu processo de crescimento moral e de significação individual. Penetrando a sua sonda de investigação no âmago do ser, identifica as razões geradoras dos seus padecimentos e oferece-lhes a terapêutica especial da regeneração moral para que desapareçam as raízes do mal em predominância. Ao mesmo tempo, a sua proposta cristã de caridade constitui o seguro suporte para os resultados felizes em quaisquer tentames de natureza socorrista. ( Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos).
5 – Tratamento da subjugação segundo o espiritismo
“ Assim como as doenças são o resultado das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influências perniciosas do exterior, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um mau Espírito. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral, é necessário opor uma força moral. Para preservar das doenças, fortifica-se o corpo ; para garantir contra a obsessão, é necessário fortificar a alma.” Orienta sabiamente Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Todavia, há casos em que a subjugação chegou a tal ponto que é necessário o auxilio de uma terceira pessoa para amenizar os sofrimentos dos participantes do processo.
Assim em casos dessa ordem, encontramos no Espiritismo contribuição imprescindível através da bioenergia, da água fluidicada, da doutrinação do paciente e dos espíritos que, possivelmente estarão complicando-lhe o processo de desequilíbrio, a oração fraternal e intercessora.
5.1 – Prece
A espiritualidade Superior, em resposta a indagação de Allan Kardec quanto a eficácia da prece na cura das obsessões, é categórica ao afirmar que ela é um socorro para todos os casos, mais que não é suficiente murmurar algumas palavras, porque Deus só assiste aos que agem, e
não aos que se limitam a pedir, cabendo ao obsedado fazer de tudo para destruir em si a causa que atrai os maus espíritos. ( LE 479)
A prece é a mais alta fonte de poder, pois é através dela que o homem atrai para si o concurso dos bons Espíritos, que se coloca na posição de alcançar o pensamento do Criador que o auxiliará na conquista da força moral necessária para vencer as dificuldades.
Deve-se orar não apenas para aquele que hoje esta na posição de perseguido, mais também pelo perseguidor, com o interesse de seguir a orientação de Jesus de pagar o mal com o bem, e de lhe neutralizar os fluidos pernicioso, para que ele alcance os males que a perseguição acarreta para si próprio.
Num processo de subjugação ambos os envolvidos são necessitados de misericórdia, pois ambos são Espíritos doentes reclamando socorro.
Conforme instrui Tiago em sua Carta Versículo 5:16: “ Orai uns pelos outros para que sareis.”
5.2 – Fluidoterapia
Nos casos de obsessão grave, o obsedado esta como que envolvido e impregnado por um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É necessário livra-lo desse fluido, expulsando o fluido mal, com a ajuda de um fluido melhor.
Através do passe, doação de energias que podem ser anímicas, espirituais ou a soma de ambas, o paciente é envolvido por fluidos de qualidade curativa, que, encontrando ressonância, lhe penetrará o organismo agindo de maneira salutar na recomposição orgânica e espiritual.
Outra situação utilizada no tratamento através da fluidoterapia é a água fluidificada. A água, em face de sua constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. Quando magnetizada e ingerida, produz efeitos orgânicos compatíveis com o fluido de que se faz portadora, transformando-se em grande fonte medicamentosa. ( loucura e Obsessão).
5.3 – Desobsessão
Allan Kardec esclarece que nem sempre basta atuar apenas sobre o obsedado, cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, de forma que este desista de seu intento maléfico.
A desobsessão, com o intuito de conscientizar os Espíritos de sua situação, na maioria dos casos alcança seu objetivo, pois, conforme instrução de São Luis a Allan Kardec (Ceu e inferno 2ª parde – Cap 4), os Espíritos desencarnados são mais acessíveis aos conselhos salutares, devido suas ligações com a matéria serem mais frágeis que quando encarnados, proporcionando-lhes uma visão mais ampla da situação.
Os benefícios da desobsessão são incalculáveis. André Luiz assevera: “Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente. Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência cotidiana, seja em casa ou fora do reduto doméstico e, ainda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência”.
O referido autor espiritual mostra, então, que a desobsessão areja os caminhos mentais e nos imuniza contra os perigos da alienação, estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós. Refere-se ele na mesma obra: “Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual, mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão.
E continua: “A desobsessão é uma psicoterapia e a reunião é um tratamento em grupo, na qual, sempre que possível, deverão ser aplicados os métodos evangélicos.” ( Desobsessão).
5.4 – Evangelização e reforma íntima
Muitos são os relatos dos trabalhadores espirituais, sobre casos em que conseguiam êxito sobre o obsessor, conseguindo demover a ideia de perseguição, e que, o obsedado, uma vez liberto, por pensamentos inferiores, descurando-se da própria redenção à luz do Evangelho, era novamente tragado por forças inferiores, simpatizante com as suas.
Jesus nesse sentido orientou no livro de Mateus Cap.12, versículo 43 a 45: “ Que tendo espírito saído do homem, anda por lugares áridos, e não encontrando pouso, retorna a onde saiu, e encontrando a casa desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo sete espíritos, e o estado desse homem passa ser pior que o primeiro.”
Em todos os ensinamentos sobre a questão da subjugação, a Espiritualidade Superior orienta sobre a reforma do obsedado, pois de nada adianta preces, magnetização, desobsessão, se aquele que é acometido da obsessão não modificar suas disposições intimas.
Exemplificando, Alexandre, instrutor Espiritual de Ande Luiz, durante uma reunião de desobsessão, relata que, de cinco pessoas objeto da referida reunião, apenas uma jovem tem real possibilidade de socorro, e esclarece que, não se trata de proteção especial, mais de esforço próprio, pois é a única que está procurando a restauração das forças psíquicas, por si mesma; lutado incessantemente contra as investidas de entidades malignas, mobilizando todos os recursos de que dispõe no campo da prece, do autodomínio, da meditação. Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não obstante terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano projetam em seu círculo pessoal. A diferença, pois, entre ela e os outros, é a de que, empregando as
próprias energias, entrará, embora vagarosamente, em contato com a corrente auxiliadora da espiritualidade, ao passo que os demais continuarão, ao que tudo faz crer, na impassibilidade dos que abandonam voluntariamente a luta edificante.
No tratamento das obsessões diz o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, o paciente, é também, o agente da própria cura.
Continua que: “Em qualquer problema de desobsessao, a parte mais importante e difícil pertence ao paciente, que afinal de contas, é o endividado. A este compete o difícil recurso da insistência no bem, perseverando no dever e fugindo a qualquer custo aos velhos cultos os eu enfermo e aos hábitos infelizes, mediante aos quais, volta a sintonizar com os seus perseguidores, que, embora, momentaneamente afastados, não estão convencidos da necessidade de o libertar. Oração, portanto, mais vigilância também, conforme a recomendação de Jesus. A prece oferece o tônico da resistência e a vigilância o vigor da dignidade.”
Sem corrigir as imperfeições que são as portas abertas às más influencias, não haverá cura real para o obsedado, cumprindo-se o que disse Jesus no livro de João: “ A porca lavada volta a lama.”
Ajuda-te a ti mesmo que o céu te ajudará, é a proposta de trabalho da Divina Providencia, a qual, ninguém consegue se furtar.
Bibliografia
http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/33526/saude-publica/depressao-e-uma-das-principais-causas-de-aposentadorias-por-problemas-mentais
http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2014/03/1432524-depressao-e-uma-das-principais-causas-de-afastamento-do-trabalho.shtml
http://saudedomeio.com.br/depressao-e-a-segunda-causa-de-afastamento-do-trabalho-no-brasil/
Livro dos Espíritos Questão 459
Livro dos Médiuns, questão 159
Mecanismos da Mediunidade, Prefácio
Livro dos Médiuns, questão 221
Reencontros com a vida, Cap. 69, 1Parte
Médiuns e Mediunidades,
Mecanismos da Mediunidade, Cap. 8
Emmanuel, Cap 11
O Consolador, questão 382
Recordações da Mediunidade, Cap.6
Antigo Testamento, Daniel Cap. 4
Antigo Testamento, I Samuel
A Loucura Sobre um Novo Prisma
Loucura e Obsessão
Livro dos médiuns, questão 240
A Genese, Cap. 14
Grilhões Partidos
Missionários da Luz, Cap. 18
Nos domínios da Mediunidade, Cap. 9
Livros dos Espíritos, questão 375-a
Transtornos Psiquiatricos e Obsessivos
O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. 28 – 81
Instruções Psicofonicas, Cap. 62
Novo Testamento, Tiago Cap. 5, versículo 16
Céu e Inferno, 2ª parte, Cap. 4
Livro dos Espíritos, questão 479
Desobsessão
Novo Testamento, Mateus Cap. 12, versículos 43 a 45