Organização das Sombras – palestra 27.02.19
Organização das Sombras
Estudo – CELC Sueli 27/02/2019
“Qual é o teu nome?” indaga Jesus. Responde-lhe: “O meu nome é Legião, porque somos muitos.”
(Marcos, 5: 9 e10)
Como ensina a Doutrina Espírita, a morte não opera milagres.
Diariamente passam para o plano espiritual, milhares de pessoas carregando consigo a condição moral que tinham quando encarnados.
Se agrupam no além- túmulo, por afinidade de gostos e sensações, criando verdadeiros antros de sofrimento, que muitos médiuns em desdobramento pelo sono, denominaram como o inferno.
Neste ambiente de inferioridade, surgem organizações grandiosas, formadas por espíritos endurecidos e renitentes no mal, e que traz para a sua dominação, outros tantos Espíritos. Uns se comprazem no mal e buscam vingança; outros que são subjulgados por medo ou culpa.
AS ORGANIZAÇÕES: ESTRUTURA, ÉTICA, MÉTODOS, HIERARQUIA E DISCIPLINA
Em primeiro lugar, é preciso não cometer o trágico engano de subestimá-las. Elas são realmente temíveis. Foram concebidas e são operadas por inteligências privilegiadas, Espíritos longamente experimentados no mal, no exercício do poder. Não podemos nos esquecer de que precisamos manter nossa própria organização disciplinada, atenta, flexível, ajustada, porque a “do outro lado” é tão boa ou melhor do que a nossa, em termos de estrutura e disciplina, ainda que não o seja em objetivos e métodos.
As instituições das trevas são estruturadas numa rígida concentração do poder, nas mãos de alguns líderes, escolhidos por um processo impiedoso de seleção natural. Sua liderança revelou-sena ação, em postos subalternos, ou confirmou-se através de séculos e séculos, em que se revezam encarnados e desencarnados. Muitos deles, como signatários de pactos de vida e morte,sustentam-se aqui e lá, onde estiverem, sejam quais forem as condições, num princípio que tem muito mais de autodefesa do que de fidelidade. São fiéis uns aos outros, não porque se estimem, mas porque precisam uns dos outros, para manter-se no poder. Quando se reencarnam, trazem programas muito bem elaborados, e o compromisso de apoio e solidariedade irrestritos, da parte dos que ficam no mundo espiritual. Assim se explicam os êxitos, em termos humanos, que obtêm, enquanto por aqui se encontram, e a provisória, mas segura impunidade em que continuam a viver,quando retornam aos seus domínios, após a desencarnação, por maiores que sejam as atrocidades que cometem, como homens. Ao que tudo indica, até mesmo enquanto na carne, mantêm-se em contacto íntimo e permanente com seus comparsas do Além, e continuam a exercer a parcela de autoridade de que dispõem entre eles, realizando contactos, durante os desprendimentos parciais, provocados pelo sono.
Sejam, porém, grandes ou pequenas, seus organogramas são tão bem planejados e implementados como os de uma empresa.Têm seus chefes, seus planejadores, seus executores, operários, guardas. Conservam registros meticulosos, movimentam documentação, utilizam-se de aparelhos, dispõem de tropas de choque, “armadas” e bem adestradas. Promovem reuniões, concílios, debates, exposições, conferências, sermões..Promulgam leis, punem os indisciplinados, condecoram e distribuem prêmios aos que se destacam por trabalhos de especial relevância. Seus métodos são os do terror pela violência, sua incontestável hierarquia apóia-se num regime disciplinar implacável, rígido, inflexível. Não se tolera a falta, o deslize, a revolta, a desobediência. Sua ética é governada pela total ausência de escrúpulo. Nada os detém, tudo é permitido, desde que os fins a que visam sejam alcançados.
FORMAÇÃO:
O DIRIGENTE DAS TREVAS = Esta é uma figura frequente nos trabalhos de desobsessão. Comparece para observar,estudar as pessoas, sondar o doutrinador, sentir mais de perto os métodos de ação do grupo, a fim de poder tomar suas “providências”. Foi geralmente um encarnado poderoso, que ocupou posições de mando. É arrogante, frio, calculista ,inteligente, experimentado e violento. Não são executores, gostam de deixar bem claro, são chefes. Estão ali somente para colher elementos para suas decisões; a execução ficará sempre a cargo de seus asseclas.
Comparecem cercados de toda a pompa, envolvidos em imponentes “vestimentas”, portando símbolos, anéis, indicadores, enfim, de “elevada” condição. Estão rodeados de servidores ,guardas, escravos, assessores, às vezes “armados”, “montados” em “animais”, como figuras de grandes sacerdotes e imperadores.
“Espíritos perversos que o sofrimento embruteceu, malfeitores da sociedade que não se modificaram antes da morte, continuam nas suas decisões de afligir seus semelhantes, comprazendo-se em envolver-se nos grupos sociais, fomentando dissensões, ódios, guerras, que lhe facultam prazer pelas energias que absorvem no fenômeno da obsessão. Tramas sórdidas, armadilhas hábeis, traições infames são trabalhadas nas esferas inferiores contra as criaturas, que inadvertidas e descuidadas, tombam nas inúmeras situações a que são expostas.
Qual se dá na Terra, e nesta em escala menor, as Sociedades que controlam o crime e o vício no Além são as responsáveis pelas características de gênero do planeta, sendo que alguns dos seus chefes e condutores procedem daquelas que imperam na erraticidade inferior.
Estes seres, que extraviaram em diversas reencarnações, assumindo altíssimas responsabilidades negativas, procedem, na sua maioria, de Doutrinas religiosas cujos nomes denegriram com suas condutas relapsas, atividades escusas e cortes extravagantes, nas quais o luxo e o prazer tinham primazia, em detrimento dos rebanhos que tinham que guardar, mas que somente exploravam. Ateus e cínicos, galgavam os altos postos que desfrutavam mediante o suborno, o homicídio, as perversões sexuais, a politicagem sórdida, morrendo nos tronos das honras e glórias mentirosas, para logo enfrentarem a consciência humilhada e, sob tormentos inenarráveis, sintonizando com os sequazes que os aguardavam no Além..”( Trilhas da Obsessão – Cap. Genios das trevas)
O PLANEJADOR = É preciso prever reações, estudar personalidades, propor concessões e arquitetar alternativas e opções, em caso de alguma falha ou mudança de condições básicas. Nada pode ser deixado ao acaso, à improvisação. Por isso, os planejadores gozam de enorme prestígio e respeito nas organizações trevosas. Toda campanha é estudada, planejada e executada com precisão militar e dentro de rigoroso regime disciplinar, onde não se admite o fracasso.
Gravam as reuniões em “vídeotape” para estudar-nos. Tinham nossas “fichas” completas, minuciosamente levantadas, bem como gravações e relatórios a nosso respeito, sendo esse material todo colhido na indormida vigilância que exercem sobre nós. Depois de tudo documentado, estudam-nos em grupos de trabalho, cabendo, então, aos planejadores elaborar a programação da “campanha”. Mesmo enquanto conversam conosco, no decorrer da sessão mediúnica, acham-se ligados aos seus redutos, por fios e aparelhagem de transmissão, com o propósito de se manterem firmes, apoiados pelos companheiros que lá ficam.Esquecem-se de que, por aqueles mesmos dispositivos, a conversa do doutrinador também é transmitida e produz lá,naqueles redutos, certos impactos, num ou noutro coração mais predisposto ao apelo do amor fraterno.
O VINGADOR = É, antes de tudo, um prisioneiro de si mesmo, através da sua cólera e da sua frustração.Envolvido no seu processo, ele nem sequer admite o perdão, e é capaz de perseguir sua vítima através de séculos e séculos, ao longo de muitas vidas, tanto aqui, na carne, como no mundo espiritual.Quase sempre a vingança desdobra-se a partir de um caso pessoal, mas é comum encontrarmos também o vingador impessoal, aquele que trabalha para uma organização opressora. O vingador observa, planeja e espera a ocasião oportuna e o momento favorável. Não se precipita, mas não esquece: sempre que pode, interfere, ainda que seja somente para espetar uma agulha em sua vítima indefesa.
Casos tremendos e persistentes de obsessão vingativa resultam de amores frustrados, traídos ou indiferentes. Paixões irrealizadas ou aviltadas despertam os mais profundos sentimentos de revolta. De outras vezes, são crimes horrendos, como assassinatos, espoliações, desonras, difamações, iniquidades de toda sorte.
VINGANÇA INDIRETA. Sem poderem, por qualquer razão, atingir a vítima visada, os “cobradores” alcançam-na fazendo sofrer aqueles que a cercam e que, por suas falhas pessoais e por suas conexões espirituais com a vítima, são impiedosamente sacrificadas ao ódio. Isto não quer dizer que a vítima indireta seja invulnerável ou inatingível pela santificação; é que, empenhada em sincero e honesto processo de recuperação, dedicado à prece,ao serviço ao próximo, à melhora íntima, coloca-se sob a proteção da própria lei divina, que lhe concede um crédito de confiança, pois as culpas são resgatadas também através do amor e não apenas da dor..
Atenção, porém, para um pormenor: isto não significa que sofram os justos pelos devedores, nem os pais pelos filhos, ou a esposa pelo marido. Não há sofrimento inocente na justiça divina. O que acontece, nesses casos, é que o vingador atinge a vítima (que se colocou fora de seu alcance) através daqueles que lhe são caros, mas que também se acham em débito perante a lei, por motivos outros.
MAGOS E FEITICEIROS = Entre os ritos destinados a destruir um inimigo, por exemplo, o mais antigo, dramático e conhecido, consiste em modelar uma pequena estátua representativa da vítima, geralmente em cera, e, com os métodos apropriados, espetá-lo com agulhas e punhais.
MAGNETIZADORES E HIPNOTIZADORES = André Luiz,(Mecanismos da Mediunidade)diz que para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem
jungidos, moralmente, um ao outro, nos recessos da afinidade profunda. Nabucodonosor, rei da Babilônia, viveu,sentindo-se animal, durante sete anos. O hipnotismo é tão velho quanto o mundo e é recurso empregado pelos bons e pelos maus, tomando-se por base, acima de tudo, os elementos plásticos do perispírito”.
DRAMAS DA OBSESSÃO: É claro que o hipnotizador, ou o magnetizador, não pode moldar, à sua vontade, o perispírito da sua vítima, mas ele sabe como movimentar forças naturais e os dispositivos mentais, de forma que o Espírito, manipulado com perícia, acaba por aceitar as sugestões e promover, no seu corpo perispiritual, as deformações e condicionamentos induzidos pelo operador das trevas, que funciona como agente da vingança, por conta própria ou alheia. Nessas condições, a vítima acaba por assumir formas grotescas, perde o uso da palavra, assume as atitudes e as reações típicas dos animais e é segregado, por tempo imprevisível, de todo o convívio com criaturas humanas normais e equilibradas. Em antros diante dos quais o inferno é uma tosca e apagada imagem, imperam o terror, a alienação mais dolorosa, a angústia mais terrível, as condições mais abjetas.
LIBERTAÇÃO capítulo 5, André Luiz e Gúbio, visitam um edifício onde ocorria julgamentos no qual a função dos juízes era a “de selecionar delinquentes, a fim de que as penas lavradas pela vontade de cada um sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos”. Um deles foi de uma mulher que, diante dos juízes, confessou que matou quatro filhinhos inocentes e combinou o assassinato do próprio marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer”, mas nunca pôde fugir da própria consciência. O juiz então fixou sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, e disse que a sentença foi lavrada por ela mesma e que ela não passava de uma loba. A medida que a afirmação era repetida, a mulher, profundamente influenciável, passou a se modificar, chegando ao resultado final da licantropia. André Luiz constatou, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico.
A lembrança constante dos crimes que cometemos nos mantém sintonizados com os perseguidores, e eles tudo fazem para que não nos esqueçamos dos erros praticados. Enquanto estamos remoendo nossas faltas, continuamos ligados aos obsessores.
LE 459 Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES DO MAL
Como já mencionado, essas organizações comprazem-se em se misturar nos grupos sociais, provocando toda sorte de males, pois se nutrem das energias inferiores decorrentes desses conflitos, pelo fenômeno da obsessão.
A obsessão, seja ela individual ou coletiva é uma expiação e faz parte dos flagelos aos quais a humanidade esta exposta em virtude de sua inferioridade. ( Genese Cap. 14-45)
Elam não se limitam a atingir os encarnados, ao contrário, os desencarnados são mais vulneráveis do que os encarnados, pois estes dispõem do “esconderijo” do corpo físico e se acham beneficiados pelo esquecimento temporário de suas faltas, o que, de certa forma, lhes dá alguma trégua, em virtude do descondicionamento vibratório.
As organizações do mal, compostas por Espíritos conhecedores da inferioridade humana, constroem no plano espiritual diversos locais, para onde são atraídos, por afinidade, Espiritos que tombaram em erros durante a encarnação.
Assim como no plano físico, formam locais para a exploração dos vícios; regiões de tormentos e punições; escolas onde se estimula e ensina a obsessão; erguem-se criações representando hospitais, mas que, ao invés de levar a cura, dissemina desequilíbrio e doenças.
( Relato de uma sofredora (Educação Mediúnica)
Era rica, posição social, casa-se com moço pobre contra a vontade do pai. Marido fez de tudo para ganhar a confiança de todos. Por 8 meses foi muito feliz. De repente o pai morre, e a mãe morre logo em seguida, sem explicações. Descobre que sua melhor amiga era amante de seu marido. A empregada começa a colocar veneno aos poucos em sua comida. A empregada e o marido testemunham que ela é louca. Internada no hospício, após muitos choques elétricos, surras, violência , acaba morrendo . Chega no plano espiritual desejando vingança. Espíritos trevosos se ofereçam para ajudá-la em troca de favores. Começa a subjulgação. Sofrimento e castigo quando não cumpre o serviço.
AÇÃO E REAÇÃO Cap 8: Aprendemos nas escolas de vingadores que todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um “desejo-central” ou “tema básico” dos interesses mais
íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos aprisionam a experiência rotineira, emitimos com mais freqüência os pensamentos que nascem do “desejo-central” que nos caracteriza,pensamentos esses que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir é, assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa forma, a fixação mental.
Com esse objetivo, basta alguma diligência para situar, no convívio da criatura malfazeja que precisamos corrigir, entidades outras que se lhe adaptem ao modo de sentir e de ser, quando não possamos por nós mesmos, à falta de tempo, criar as telas que desejemos, com vistas aos fins visados, por intermédio da determinação hipnótica. Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o “delírio psíquico” ou a “obsessão”, que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo.
A aglomeração de Espíritos endividados nesses ambientes gera um magnetismo que interfere no plano físico, uma vez que, pelo desdobramento do Espírito pelo sono, os encarnados também são atraídos, conforme a afinidade que estabeleça com este ou aquele ambiente espiritual.
LIBERTAÇÃO cap.6 = A determinadas horas da noite, 75% da população de cada um dos hemisférios da Crosta Terrestre se acham nas zonas de contacto conosco e a maior percentagem desses semi libertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem detidos nos círculos de baixa vibração qual este em que nos movimentamos provisoriamente. Por aqui, muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no trabalho sacrificial da caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam as criaturas.”
Permanecendo nestes sítios de vícios e sofrimentos, os encarnados, ao retornarem ao corpo físico, trazem consigo as idéias que lhe foram implantadas, bem como, absorvem os fluidos perniciosos culminando em acidentes, homicídios, suicídios, moléstias de toda ordem.
DRAMAS DA OBSESSÃO CAPITULO 6
….Os suicídios que tiveram por causa a obsessão de um Espírito perverso, sobre o encarnado, apresentam certa parcela de atenuantes para a vítima e agravantes para o algoz. Existem suicidas que se viram sugestionados a cometerem o ato terrível, através do sono de cada noite, por uma pressão obsessora do seu desafeto espiritual.. Eles vêem junto a si antes de efetivado o ato, com impressionante segurança, tais se fossem materializados diante dos seus olhos corporais, os quadros mentais que o obsessor fornece através da telepatia ou da sugestão: — um receptáculo de veneno ou substância corrosiva; um revólver engatilhado, que misteriosa mão sustém, oferecendo-lhe; uma queda de grande altura, onde eles próprios se vêem despenhando; um veículo em movimento, sob o qual se deverá arrojar, etc. Pouco a pouco, sob tão doentia pressão magnética, uma tristeza suprema e avassalador desânimo comprometem as energias do assediado. Então sucumbe sem apelação, curva-se à vontade que conseguiu dominar a sua vontade, servindo-se da sua fraqueza de homem despreocupado das razões da vida e ignorante de si mesmo, que da existência só conheceu, muitas vezes, a feição meramente animal. … ( 2 suicídios por minuto )
OBSESSÃO = DR. DIAS DA CRUZ= PSICOGRAFIA DE MARTA ANTUNES MOURA
A influência obsessiva apresenta várias facetas, em geral ignoradas pelo espírita.
Surge de forma abrupta ou lentamente, insidiosa. Não considera o sexo, a idade, o nível socioeconômico.
Atinge o indivíduo e arrasta comunidades. Insinua-se, escorregadia como réptil venenoso, nos delicados e nobres tecidos da estrutura cerebral, neutralizando agentes de defesa orgânica, produzindo alucinações, sofrimentos e mal-estar generalizados. Combatendo as células de defesa orgânica, tem ação lesiva nos órgãos e tecidos, nos sistemas e aparelhos do corpo físico. Sob a forma de entidades microscópicas, lança os seus dardos venenosos na forma de toxinas, produzindo desarmonias variáveis nas unidades celulares que, vencidas, passam a albergar microorganismos causadores de infecção.
Espíritos perturbados e perturbadores aproximam-se da mente invigilante para absorver, num processo de vampirização fluídico-magnética, a energia vital das pessoas que lhes servem de alvo. Apropriando-se da mente, passam a conviver com o indivíduo em regime contínuo, íntimo, de forma que o pensamento e a emoção de um ecoam e refletem no outro.
Entidades obsessivas existem que habilmente mapeiam a organização física e perispiritual de quem desejam dominar. Identificam, com precisão, os pontos frágeis e fortes do cosmo orgânico. Sabem aumentar ou diminuir a produção hormonal; influenciam no sistema de absorção alimentar, segregando ou deletando proteínas, glicídios e gorduras; apropriam-se de neurotransmissores, em nível de sistema nervoso central, conduzindo o obsidiado a crises depressivas ou a idéias e tentativas de suicídio; agem no centro da memória, pacientemente, manipulando a delicada tessitura e os bloqueios naturais impostos pelo programa reencarnatório, desativando mecanismos de proteção e, à semelhança de um ladrão inconseqüente, arrombam as portas que mantêm os arquivos de ações infelizes, ocorridas em vidas pretéritas, sob parcial controle.
Apropriando-se dessas lembranças amargas, caracterizadas por experiências de atentado à lei de Deus, conduzem-nas aos campos da memória recente, provocando, no subjugado, angústias, sentimento de culpa e desespero.
Atrelando-se aos centros motores dos que se encontram sob o domínio nefasto, produzem paralisias, fraquezas musculares e neurites.
Conhecendo as predisposições íntimas do dominado, seus sentimentos, desejos e aptidões, atuam no centro cerebral do humor e da inteligência, acelerando o metabolismo de íons que resultam na irritabilidade, na elevação da pressão dos líquidos corporais, causando tonturas e cefaléias.
Não creias, amigo e irmão, que este quadro, assim apresentado com o colorido do jargão técnico, se encontra distante de ti. Está ao teu lado, podendo envolver-te, vibrando no ritmo da tua cadência respiratória e do teu batimento cardíaco.
Mantenhas-te atento, pois as somatizações são inevitáveis quando há influência obsessiva. Transforma-te no bem para que possas neutralizar-lhe tais ações, absorvendo energias superiores que do Alto se derramam sobre ti. As ligações mentais inferiores ocorrem em razão da invigilância, da falta de fé, da ausência de oração, da escassez da prática do bem.
A LUTA CONTRA O BEM
As atividades do plano Espiritual inferior são ainda ocultas para a grande maioria, e conforme afirma Manoel Philomeno de Miranda, a obsessão é pandemia de difícil erradicação em virtude desse desconhecimento (Trilhas da Libertação).
A principal arma que o mal se utiliza, e este é motivo de tamanha perseguição à mediunidade e à Doutrina.
“…Revoltam-se e perseguem com sua fúria todos aqueles que se dedicam ao bem, que lutam contra o crime e a hediondez, particularmente os espíritas sinceros, que através dos conhecimentos renovadores da Doutrina, tornam-se instrumentos da revelação desses antros seja pelas reuniões de cura e/ou da desobsessão.
Desta forma atacam os médiuns, tentando explorá-lo psiquicamente, desmoralizá-los para anularem os efeitos das revelações, engendrando campanha sórdida contra a mediunidade dignificada, que vem de longa data, incessante e sem quartel, agressiva e sutil.
Equivaleria a concluir-se que a prática do bem faz mal, porque acarreta consequências lamentáveis. É certo que, percebendo a valiosa contribuição dos médiuns nos fenômenos de libertação das obsessões, os espíritos odientos voltam-se contra eles, tentando perturbá-los, a fim de interromperem a atividade abençoada. É claro que sempre ocorre esse fato. No entanto, somente resultará perturbador para o intermediário, se ele não se acautelar, utilizando-se dos recursos valiosos da oração, da conduta saudável, dos pensamentos e conversações salutares, da ação da caridade, que lhe constituirão elementos imunológicos da alma, precatando-o de qualquer mal. Sofrer pelo bem que se faz constitui mecanismo elevado de resgate de dívidas que ficaram na retaguarda, esperando momento próprio para manifestar-se. (Livro Transtorno psiquiátricos e obsessivos/Manoel Philomeno de Miranda)
O SÉTIMO SELO ( Assembléia nas Trevas )
Irmão Virgilio e o instrutor foram para um local mais profundo das regiões do umbral, cujas vibrações eram extremamente abobadadas que se interligavam, formando uma espécie de anfiteatro rústico, cujo ambiente era iluminado por archotes que ardiam, embebidos em uma espécie de resina. O local estava completamente tomado por um grande número de espíritos que ali se encontravam reunidos em uma assembléia assustadora. Diante de minhas indagações mentais, o instrutor esclareceu-me: Reuniões como esta tem se intensificado nos últimos tempos. Aqui se encontram hostes de espíritos portadores de elevado nível cultural e inteligência acurada. Além disso, detém conhecimentos profundos dos postulados evangélicos.
Conhecem sobejamente a fragilidade do ser humano e sabem explorar suas fraquezas para provocar a queda de cada um.
Naquele momento, fez-se um grande silêncio no recinto. O instrutor informou-me de que aquele era o momento mais aguardado daquela assembléia, pois estaria presente, além de POLIFEMO, o comandante das forças trevosas daquela região, uma figura ainda mais elevada na hierarquia das trevas: ÉREBO, o temível general dos dragões das regiões do abismo profundo.
Os dois chefes se posicionaram em local de destaque. Se o aspecto de Polifemo era assustador, pela forma grotesca do corpo, a figura de Érebo era quase animalesca. Seu corpo gigantesco e coberto de pelos, apresentava-se com a fisionomia avermelhada, com os olhos injetados de sangue, sua fronte era larga e grosseira, apresentando duas protuberâncias no alto, a semelhança de chifre, e o queixo afilado, com longa barbicha, completava o aspecto diabólico daquela figura horripilante.
Polifemo, deu início a reunião com a sua voz grossa e rouca:
– Hoje, temos uma oportunidade ímpar, com a visita de nosso comandante que conduzirá a reunião. Todos sabemos que o tempo está se estreitando e que muitas ações têm surtido efeito. Tivemos sucesso na maioria de nossos planos, mas ainda esbarramos em alguns obstáculos que precisamos superar com urgência. Para melhor avaliar as ações de cada chefe de falange, as estratégias adotadas e os resultados obtidos, cada um se apresentará e fará a exposição, enquanto os demais deverão ouvir e aprender com o colega, seja pelo erro ou pelo acerto. Tenho certeza de que a presença de nosso comandante irá agregar importantes lições de aprendizado, pois tem largo espaço de tempo no conhecimento do mal que cada ser humano agasalha em seu íntimo por meio do egoísmo, do rancor, da inveja, da maledicência e do ódio e da vingança.
– Quem é o primeiro que deseja fazer o relato de sua missão?
– Sou responsável pela ação contra os religiosos, particularmente os evangélicos.
– Pois bem, resmungou Érebo -, como tem se saído? Relativamente bem em algumas ações. Em outras nem tanto. Estou sabendo, “relativamente bem”, isso é ridículo! Retrucou ríspido, o chefe das trevas. – mas prossiga, quero que esclareça melhor onde acertou e onde tem encontrando dificuldades.
– Minha falange tem atuado de forma intensa em várias igrejas. Em algumas, temos conseguido maior sucesso, atuando nas mentes de seus dirigentes, despertando a cobiça, o desejo material. Em alguns casos, temos sido muito bem-sucedidos. Com os dirigentes sob nossa influência, nós os induzimos para que convençam seus frequentadores, por meio da própria palavra da Bíblia, de que à medida que se desprenderem de seus bens em favor da igreja, Deus os irá recompensar”.
No fator que leva ao sucesso, é preciso considerar que, além de um bom plano, devemos ter foco de atuação. Além do foco, há de se ter disciplina, determinação e conhecimento do campo onde atuamos.
É preciso haver estratégias claras, para que depois ninguém venha reclamar que não alcançou seu objetivo por isso ou por aquilo. Não quero saber de desculpas para justificar fracassos. A palavra mágica é: estratégia!
Vamos analisar tudo isso de forma bastante cuidadosa. Primeiro: para os encarnados somos invisíveis, podemos agir livremente. Segundo: temos todo o tempo a nosso favor. Terceiro: o ser humano, sem exceção, é fraco, imperfeito, egoísta, individualista, dotado de ambição sem limites e propenso a todo tipo de tentações. Quarto: a fé que os alimenta é fraca, vocês sabem disso. Quinto: sexo desvirtuado. Sexto: campo mental favorável. Sétimo: a cabeça! – Enfatizou, com voz gutural.
Temos todo tempo que desejamos e, dessa forma, podemos acompanhá-los no dia a dia, para analisarmos seus pensamentos e suas reações. Podemos analisar calmamente suas atitudes e reações, seus pensamentos inconfessáveis e, então identificar seus pontos fracos e agir exatamente nesses pontos fracos!
Sabemos que a fé de muitas criaturas é fraca; em outros, a fé é cega; e existem aqueles que não resistem a uma tribulação mais forte, a uma perda prematura de um ente querido, à dificuldade financeira e à doença incurável. Aqueles que tem fé fraca são um alvo fácil, basta criar um fator de complicação em sua vida que desanimam e se tornam descrentes de tudo, presas fáceis em nossas mãos.
O sexo, vocês sabem, é um dos pontos de maior fraqueza do ser humano, a tentação do sexo fora do casamento, o sexo promíscuo, o sexo na mente de pessoas pervertidas, a atuação mais forte para criar a dependência e a compulsão sexual que tira o raciocínio lógico da criatura que apenas deseja o prazer, custe o que custar. Vocês sabem que poucos resistem a uma voa investida e a uma tentação bem articulada. Posso dizer isso, porque conheço a natureza humana e não é de hoje. Sei o que estou falando. O campo mental do ser humano é a chave para envolvermos os encarnados de forma inteligente, mesclando os nossos pensamentos aos deles, conhecendo suas falhas e seus descalabros, podemos atuar no dia a dia, criando o clima propício para despertar pensamentos e anseios, queixumes e maledicência. Quando isso acontece, as portas mentais são escancaradas para a nossa atuação, de forma que o obsediado, não se dá conta e não mais identifica quais são os seus verdadeiros pensamentos e quais não são. Então, ficam literalmente em nossa mão. Perceberam? Nós temos tudo a nosso favor! Não aceitarei em hipótese alguma, fracassos.
O mais importante em tudo é sempre a cabeça! Quer matar um animal? Corte a sua cabeça! O corpo sem cabeça não sobrevive, e a morte é certa! Entenderam? Querem desmotivar e desarticular uma igreja? Ataquem sua cabeça, que é o padre. Querem fazer desmoronar o templo evangélico? Ataquem a cabeça, isto é, o pastor! Querem destruir um centro espírita? Ataquem, sem piedade, seus dirigentes! Querem esfacelar um lar? Acertem a cabeça, isto é, o pai. No caso dos lares em que a mãe é a cabeça, é sobre ela que o esforço deve ser concentrado.
Érebo prosseguia em sua didática obsessiva, orientando os chefes de falange, procurando descer a detalhes para que o plano das trevas pudesse ser executado com vigor no plano obsessivo, e levasse à queda as cabeças de cada instituição religiosa.
“Por trás de qualquer comunidade, sempre existe uma instituição religiosa que busca dificultar o nosso trabalho, arrebanhando fieis para suas fileiras. Exemplificando: se a instituição é uma igreja católica, aproximem-se o quanto for possível do sacerdote. Acompanhem seus passos. Procurem observar atentamente suas atitudes, seus olhares e pensamentos, sabem que existem os mais fervorosos, mas, de um modo geral, em seu íntimo, existe algum mal escondido. Procurem identificar o que é: primeiramente, a vaidade; depois, o ranço, porque, como o tempo, a fé esmorece. Por último, o sexo. O sexo ainda é a grande tentação para quem vive uma vida de celibato. É difícil resistir a uma boa investida. Explorem as fraquezas inconfessáveis, pois por trás de um hábito, existe um homem. O escândalo provoca descrédito, desmoronando a credibilidade da instituição religiosa em prejuízo da comunidade. Entenderam? Ataquem a cabeça! ”
E quanto aos evangélicos? – Questionou, pela primeira vez, um dos chefes de falange.
– “Da mesma forma que dei o exemplo do padre, o mesmo se aplica aos pastores das igrejas evangélicas. Ultimamente a mídia tem sido utilizada para atingir um público mais numeroso do que os que frequentam seus templos. Isso tem sido muito ruim para nós, reconheço. Mas, é preciso ver o outro lado, porque muitos pastores e bispos dessas igrejas acabaram se tornando figuras conhecidas pela exposição da televisão. Aí é que está a oportunidade, embora preguem as Escrituras, conheçam a Bíblia e os ensinamentos de forma profunda, devemos explorar o lado da vaidade, porque muitos falam de Evangelho, pregam a humildade, mas ainda são verdadeiros poços de vaidade e orgulho. Vejam o que pregam e depois verifiquem como agem no dia a dia, inclusive em seus lares, como pais e esposos. Ah, vocês se surpreenderão”.
“Em algum momento de desarmonia, abrirão brechas mentais e vocês poderão observar que suas mentes ficarão expostas, oferecendo campo para a nossa atuação. É nesse momento que devem atacar: infiltrem-se em seus pensamentos, fazendo-os crer que são melhores do que os demais, e, em pouco tempo, seus atos falarão mais alto do que suas pregações, levando-os ao descrédito. Incentivem a desarmonia, fazendo que os frequentadores de cada igreja se acreditem melhores do que os demais e que apenas eles merecem a salvação. Não há núcleo evangélico que resista ao egoísmo, a vaidade e a desarmonia. Ainda temos o último recurso da tentação carnal. Muitos pastores ainda encontram dificuldades para resistir a um bom assédio sexual. Na hora oportuna e no momento de fraqueza emocional, ataquem sem tréguas. Como já disse, observem o lar de cada um e suas fraquezas morais e seus desejos inconfessáveis. Não tem erro, é tiro e queda”.
Levantando a mão, um a um, outros chefes de falanges expuseram suas dúvidas e observações, e um número significativo se detivera no mesmo tema: o Espiritismo.
Os espíritas são muito difíceis de serem abordados, quando procuramos envolve-los, corremos sério risco, e nossa fileiras tem sofrido grandes baixas, pois eles contam com recursos que desconhecemos. E quem procura conhecer melhor que “recursos” são esses, não voltam para contar a história, comentou um chefe de falange, em tom de desânimo”.
Além deste fato que o companheiro mencionou -, comentou um outro chefe de falange , temos notado, que em alguns casos, até conseguimos alcançar algum progresso com frequentadores, fazendo que desistam no meio do caminho. Entretanto, temos observado que um grande número se fortalece ainda mais na fé, quando começamos a provocar problemas, doenças, desentendimentos e brigas. Num primeiro momento, achamos que estamos levando vantagem, mas, verificamos adiante, cada vez que vão a uma reunião voltam fortalecidos, chegando em uma situação muito perigosa para nós, que precisamos tomar cuidado para não sermos apanhados desprevenidos e levado a essas reuniões de desobsessão, de onde dificilmente alguém volta.
Temos procurado atuar de todas as formas , atuando nos trabalhadores, nos responsáveis por trabalhos e nos dirigentes, mas o ataque direto não surte muito efeito.
Os espíritas têm demonstrado raciocínio lógico e percebem nossa presença. O grande problema é que estão sempre presentes, atuantes nos centros a que pertencem. Temos procurado atingi-los com doenças, mas há sempre grupos que vibram pelo companheiro enfermo. Temos procurado criar desavenças entre os familiares, esposa insatisfeita, filhos problemáticos, parentes difíceis, mas, quando instituem o Evangelho no lar, dificultam nossas ações porque perdemos a aderência mental dos envolvidos.
A vibração energética do ambiente doméstico nos expulsa, de forma que não conseguimos continuar criando e fomentando as discussões, as brigas e os desentendimentos. No meio espírita encontro a tarefa das mais árduas que tenho enfrentado, embora, de vez em quando, consiga afastar um ou outro para o desequilíbrio, o quadro não é nada animador – concluiu.
Com os espíritas, prosseguiu Érebro, temos que redobrar nossos cuidados, agir com inteligência, atuar de forma discreta, imperceptível, explorar suas fraquezas, enaltecer suas qualidades, para aflorar a soberba e suas vaidades. Os espíritas também gostam de elogios e precisamos, de alguma forma, desenvolver cultos a personalidades, fazê-los crer que são o máximo. É o encantamento e o deslumbramento que os médiuns sentem por si mesmos, fazendo ouvidos surdos às criticas, irritando-se com as contrariedades, mas sorrindo para os elogios, que devemos explorar.
Temos de procurar conhecer os pensamentos mais íntimos, seus desejos ocultos, suas “taras” inconfessáveis, porque, afinal de contas, também são homens comuns, portadores de virtudes e falhas. Mais falhas do que virtudes – comentou irônico-, E tempo nós temos de sobra, não temos?
É um trabalho de paciência e, nesse caso, paciência é uma virtude que aprecio. Vamos analisar atentamente os frequentadores: vejo que a maioria de vocês intensifica o assédio para que aqueles que estão iniciando na doutrina desistam. Alguns desistem, mas outros, alertados do fato, se fortalecem na oração e na frequência assídua, nas reuniões e nos passes, conseguem neutralizar as energias negativas. Nesta fase, é melhor que utilizem de espíritos menos experientes, porque o risco de serem apanhados nas malhas do bem é muito grande. Vocês não devem correr riscos desnecessários. Deixem o tempo passar. Aquele iniciante que, a princípio, reage e se fortalece, quando se dá conta que os ataques cessaram, relaxa e se descuida”.
É aí que entra a segunda fase da obsessão, pois o candidato a trabalhador da doutrina já tem senso crítico. Se todo no início era maravilhoso aos seus olhos, num segundo momento começa a perceber que também no meio espírita existem falhas humana. As fofocas, as intrigas, as preferências e os melindres são ingredientes sempre presentes em qualquer lugar, porque é da natureza humana. Então o candidato a trabalhador começa a ouvir críticas e a criticar, a observar o argueiro nos olhos dos outros, as preferências deste ou daquele trabalhador, descobre os ídolos de pés de barro e as fofocas que costumeiramente ocorrem, provocando o descontentamento e o desencanto do trabalhador”.
“Nesse momento, esses trabalhadores se tornam alvo fácil para as nossas investidas. Os resultados são os melhores possíveis. Grande número de candidatos a discípulos do Espiritismo abandona suas tarefas nessa fase. Não podemos esquecer aqueles que, entusiasmados com a filosofia espírita, se entregam aos cursos de médiuns aprendizes do Evangelho e outras baboseiras bem a gosto dos espíritas. Passado o entusiasmo inicial, aproximem-se cuidadosamente, incutindo-lhes o comodismo, a ociosidade e o desânimo. É verdade que a consciência os alerta, mas, sem que percebam, façam que encontrem as justificativas para o abandono, que satisfaçam as próprias consciências. É aquele dia que está muito frio, é a chuva inconveniente, é aquele programa preferido que passa exatamente no dia do Centro, é a partida de futebol do time predileto, é a visita do amigo ou do parente, são fatores que, com um pouco de nossa ajuda, faz o candidato desistir, em paz com a própria consciência, porque encontrou a desculpa necessária que procurava para justificar a indolência. Até aí tudo fácil, perceberam? Não se arrisquem, volto a dizer, utilizem o máximo auxiliares inexperientes para que as cabeças de nossas fileiras não sejam atingidas, entenderam?
A etapa seguinte exige mais atenção e astúcia. Trata-se do envolvimento com os responsáveis pelos trabalhos da casa espírita. Com esses, os cuidados devem ser muito maiores, porque normalmente são trabalhadores experientes, conhecem a doutrina e o Evangelho. Possuem grande sensibilidade, identificando facilmente qualquer investida afoita, além de estarem em sintonia mais fina com os seus “mentores”. As investidas contra esse tipo de espírita requerem muito cuidado e astúcia de nossa parte.
Verifiquem se esse trabalhador não manifesta nenhuma contrariedade com os trabalhos da casa, com colegas e com os diretores. O espírito de antagonismo é natural no ser humano, bem como a competição entre os próprios trabalhadores na preferência dos dirigentes. Estimulem comentários entre os frequentadores a respeito da mediunidade deste ou daquele médium, que é um bom, mas o outro é melhor, para despertar sentimentos de inveja, orgulho, vaidade e competitividade.
O importante é identificar algum ponto de insatisfação e aproveitar a fresta mental que se abre em algum momento de invigilância para estimular a insatisfação, os melindres e a vaidade ferida. Preferencialmente, que o assediado comece a ruminar internamente, agasalhando pensamentos negativos de insatisfação que, aos poucos, ganham força e crescem, de maneira que tomam conta de seus pensamentos onde esteja.
A irritação, o mau-humor, o desaforo que houve no transito, a chamada de atenção no trabalho, a contrariedade financeira e os desentendimentos no lar são os requisitos favoráveis para a formidável queda do trabalhador mais assíduo.
Quando os trabalhadores mais experientes e chefes de trabalho na casa espírita se entregam aos melindres, dão atenção às fofocas e começa a identificar falhas e criticar seus companheiros e dirigentes, a coisa está boa para nós, porque temos campo favorável para atuar, aproveitando as próprias forças negativas dos médiuns.
Estamos na última noite de carnaval, Virgílio, e os foliões, encarnados, em estreita sintonia com os desencarnados, entregam-se ao desespero, na ânsia de aproveitarem o máximo das últimas horas que restam de folia.
Em alguns locais, a quarta-feira segue adiante, com foliões extenuados fisicamente, mas alimentados por forças extraordinárias, no afã da continuidade da folia, até a completa exaustão das possibilidades físicas. Tanto encarnados como desencarnados tem consciência de que as horas correm, e, se pudessem, congelariam os minutos, mas o tempo passa inexoravelmente. Sabendo disso, os comandados de Érebro, atentos à angústia dos foliões para o final das festividades, aproveitam para cristalizar vínculos mais fortes na sintonia com os encarnados, que, mesmo antes do fim, criam mecanismos psíquicos alimentados pelas lembranças agasalhadas nas mentes dos foliões e antecipam e mentalizam durante o ano inteiro as possibilidades de gozo para o próximo evento carnavalesco. Dessa forma, invigilantes, a maioria escancara portas e janelas da casa mental, permitindo a criação de condições psíquicas adequadas para que os vínculos se transformem em fortes elos com os desencarnados nesta última noite.
Alguns dias se passaram. Era uma segunda-feira quando o instrutor informou-me de que visitaríamos alguns centros espíritas na crosta, para acompanhar a reação das pessoas diante dos alertas dos benfeitores espirituais, a respeito da ação das forças de Érebro.
Aproximava-se das seis horas da tarde, quando descolamos em direção a cidade de São Paulo. O instrutor informou-me de que, antes de nos dirigirmos ao centro espírita escolhido para observação daquela noite, iríamos ao lar de um dos dirigentes para acompanharmos de perto as atividades, uma vez que havia notícias de que a equipe de Érebro atuava por ali.
No portal da residência do dirigente espírita, fomos recebidos por um irmão de nosso plano.
As forças negativas atuam de forma bastante discreta e indireta, ganhando espaço perigoso nos lares de muitos trabalhadores e dirigentes. No caso de nosso irmão Haroldo, não tem sido diferente. é um trabalhador dedicado, um dirigente que carrega em seus ombros grande responsabilidade nos trabalhados espirituais, o que, no entanto, não lhe confere nenhum privilégio extraordinário e, por conseguinte, também tem sido alvo por parte de nossos irmãos menos felizes.
“O grande problema é que, apesar de ser profundo conhecedor da Doutrina dos Espíritos, nosso irmão ainda tem sérios problemas com a própria reforma intima. Seus principais pontos fracos são a irritação, a impaciência e o egocentrismo. Haroldo é portador de excepcional mediunidade de psicofonia, além de inspiração profunda que o leva a proferir palestras memoráveis, com eloquência que impressiona os ouvintes. Mas, por ser admirado e elogiado pelas pessoas, sem perceber, cedeu espaço a bajulação que lhe conferem qualidades que ainda não possui, e isso tem nos preocupado, pois notamos que o orgulho e a soberba, aos poucos, crescem em seu coração em prejuízo da humildade”.
“Em função dessas falhas íntimas, sofre o assédio das forças negativas, que atuam de forma direcionada e inteligente, pois exploram por meio dos próprios colegas e companheiros de trabalho, o ego de nosso irmão”.
Nos dias que se seguiram, continuamos nossas visitas à crosta terrestre para acompanhar a evolução dos trabalhados de alerta que se desenvolviam em várias frentes além das casas espíritas, também atuávamos na igreja católica, templos protestantes e evangélicos.
Em um domingo, acompanhamos a pregação de um inspirado pastor, líder de uma respeitável e tradicional vertente evangélica, que ganhava grande projeção e destaque por sua palavra inspirada. Era uma grande assembléia, e o irmão discorria sobre o Evangelho, alertando sobre os perigos da invigilância, a atuação das forças do mal simbolizada na figura de “satanás”, e a platéia ouvia atentamente. A palavra era inspirada por espíritos elevados, que a grande sensibilidade do pregador, o qual, com muita lucidez, materializava os ensinamentos de acordo com a ótica da fé que professava, sem deixar dúvidas, no entanto, a respeito da conduta reta que o crente deveria ter.
A palavra era fluente e inflamada, envolvendo toda a platéia na mesma sintonia de louvor e agradecimento a Deus. Os fiéis correspondiam aos apelos vibrando com simpatia à oratória do pregador, mas nem todos pareciam satisfeitos. Sob a orientação do instrutor, aproximei-me, procurando penetrar na sintonia mental dos dirigentes que se encontravam acomodados atrás do palco, onde o orador fazia a sua pregação. O teor dos pensamentos que pude captar me surpreendeu, pois eram sentimentos de inveja surda e inconformismo. Detive-me a um dos dirigentes mais idosos e pude, então, ouvir seus pensamentos:
“Mas quem ele pensa que é? Pensava o dirigente. Nós somos os diretores e responsáveis pela condução do rebanho e estamos aqui há tantos anos. Agora, chega esse pastor e quer assumir a liderança da nossa igreja? Faz sua pregação, destaca-se e parece-me que quer tornar-se um artista da pregação. Não, não podemos permitir que isso prossiga. Preciso falar com meus pares e conduzir esse assunto com máximo de cautela, mas será necessário criar alguma coisa para que ele seja afastado”.
Parecia que, de um modo geral, esse era o teor dos pensamentos dos demais membros daquela igreja. Outro dirigente exteriorizava vibrações de incontida inveja: “Mas veja só, pensava. Eu é que deveria estar fazendo a pregação no lugar dele. Ainda mais agora que a igreja tem o programa transmitido via satélite para o país inteiro. Esse pregadorzinho de meia-tigela faz de tudo para tornar-se uma celebridade. Temos que cortar as suas asas. O instrutor Ulisses trouxe os esclarecimentos necessários:
“O que vemos aqui acontece também em algumas casas espíritas: a briga pelo poder, o sentimento de inveja quando algum membro se destaca, a vaidade e o orgulho representam portas que se abrem e ficam escancaradas para atuação das forças das trevas, que se regozijam com as ervas daninhas que vicejam na seara onde apenas a boa planta deveria crescer. Infelizmente, esses irmãos, em vez de aplaudir e fortalecer o irmão de fé, deixam-se envolver pelo ciúme e pela inveja, comprometendo o resultado da colheita. Mas a obra é maior do que as vaidades humanas e, certamente, as hostes do bem estarão amparando nosso irmão.
Em rápido deslocamento volitivo, nos dirigimos a uma igreja católica que, localizada em região privilegiada de classe média alta da zona sul, naquele momento, estava lotada para a missa. Esclareceu-me o instrutor:- “Trata-se de uma igreja cujo sacerdote já é nosso velho conhecido. Padre Valério é um dos bons exemplos que temos a alegria de visitar. É um espírito missionário, e, ao longo dos anos, tem procurado levar a palavra de Jesus aos paroquianos com amor e dedicação”.
“Padre Valério, envolvido em intenso facho luminoso que descia do alto da abóboda do templo, fazia sua pregação sob inspiração de um amigo de nossa esfera, nosso conhecido, falando exatamente sobre a grande tribulação e da vinda do filho do homem”.O sacerdote proferia as palavras com emoção, exaltando-as para que os fiéis pudessem despertar para a gravidade do momento. Destacava a violência, a inversão dos valores, os conflitos mundiais preconizados por Jesus, as catástrofes naturais e a atuação das forças das trevas.
“Cuidado, porque Jesus nos disse: onde tiver cadáver, aí se ajuntarão os abutres. O cadáver simboliza as coisas ruis que temos em nosso íntimo, nossas mazelas, nossos defeitos, nossos sentimentos indignos de rancor, mágoa, ódio e sexualidade exacerbada, e onde houver esses sentimentos, à semelhança de abutres esfomeados unir-se-ão os espíritos perversos, para nos precipitar no lago de fogo que arde com enxofre, e então haverá choro, lamentação e ranger de dentes.
A REUNIÃO DAS TREVAS – espiritualidade e ciência
O Chefe dos Espíritos das Trevas convocou uma Convenção Mundial de obsessores. Em seu discurso de abertura, ele disse: “Não podemos impedir os cristãos de irem aos seus templos.”
“Não podemos impedi-los de ler os livros e conhecerem a verdade.”
“Nem mesmo podemos impedi-los de formar um relacionamento íntimo com os Espíritos Elevados e Jesus.
“E, uma vez que eles ganham essa conexão com os Espíritos Elevados e Jesus, o nosso poder sobre eles está quebrado.”
“Então vamos deixá-los ir para seus Centros Espíritas e suas igrejas, vamos deixá-los com os almoços e jantares que neles organizam, mas, vamos roubar-lhes o TEMPO que têm, de maneira que não sobre tempo algum para desenvolver um relacionamento elevado”.
“O que quero que vocês façam é o seguinte”- disse o obsessor chefe: “Distraia-os a ponto de que não consigam aproximar-se de Jesus e dos espíritos superiores.”
Como vamos fazer isto? Gritaram os seus asseclas.
Respondeu-lhes: “Mantenham-nos ocupados nas coisas não essenciais da vida, e inventem inumeráveis assuntos e situações que ocupem as suas mentes.”
“Tentem-os a gastarem, gastarem, gastarem, e tomar emprestado, tomar emprestado…”
“Convençam as suas esposas a irem trabalhar durante longas horas, e os maridos a trabalharem de 6 à 7 dias por semana, durante 10 à 12 horas por dia, a fim de que eles tenham capacidade financeira para manter os seus estilos de vida fúteis e vazios.”
“Criem situações que os impeçam de passar algum tempo com os filhos.”
“À medida que suas famílias forem se fragmentando, muito em breve seus lares já não mais oferecerão um lugar de paz para se refugiarem das pressões do trabalho”.
“Estimulem suas mentes com tanta intensidade, que eles não possam mais escutar aquela voz suave e tranquila que orienta seus espíritos”.
“Encham as mesinhas de centro de todos os lugares com revistas e jornais”.
“Bombardeiem as suas mentes com noticias, 24 horas por dia”.
“Invadam os momentos em que estão dirigindo, fazendo-os prestar atenção a cartazes chamativos”.
“Inundem as caixas de correio deles com papéis totalmente inúteis, catálogos de lojas que oferecem vendas pelo correio, loterias, bolos de apostas, ofertas de produtos gratuitos, serviços, e falsas esperanças”.
“Dê-lhes Papai Noel, para que se esqueçam da necessidade de ensinarem aos seus filhos, o significado real do Natal.” “Dê-lhes o Coelho da Páscoa, para que eles não falem sobre a ressurreição de Jesus, e a Sua mensagem sobre o pecado e a morte.”
“Até mesmo quando estiverem se divertindo, se distraindo, que seja tudo feito com excessos, para que ao voltarem dali estejam exaustos o suficiente para não orarem ao se deitarem!”.
“Mantenha-os de tal modo ocupados que nem pensem em andar ou ficar na natureza, para refletirem na criação de Deus. Ao invés disso, mande-os para Barzinhos, Parques de Diversão, acontecimentos esportivos, peças de teatro banais, apresentações artísticas mundanas e à TV entorpecedora. Mantenha-os ocupados, ocupados.”
“E, quando se reunirem para um encontro, ou uma reunião espiritual, envolva-os em mexericos e conversas sem importância, principalmente fofocas, para que, ao saírem, o façam com as consciências comprometidas”.
“Encham as vidas de todos eles com tantas causas supostamente importantes a serem defendidas que não tenham nenhum tempo para buscarem a espiritualidade e Jesus”.
Muito em breve, eles estarão buscando, em suas próprias forças, as soluções para seus problemas e causas que defendem, sacrificando sua saúde e suas famílias pelo bem da causa.””Isto vai funcionar!! Vai funcionar. Os espíritos trevosos ansiosamente partiram para cumprirem as determinações do chefe, fazendo com que os cristãos, em todo o mundo, ficassem mais ocupados e mais apressados, indo daqui para ali e vice-versa, tendo pouco tempo para Deus e para suas famílias.
REVISTA CRISTÃ DO ESPIRITISMO DE 2011, NÚMERO 101
- coisas que os seres das sombras mais gostam que você faça
1 – Que você minta, que não viva a verdade em cada ato, que não faça da vida aquilo que gosta, que procure preponderar os interesses materiais em relação aos conscienciais e que jamais cumpra com sua palavra.
2 – Que você tenha dúvida, que se sinta inseguro o tempo todo e que não tenha fé na vida, nas pessoas.
3 – Que você não estabeleça uma conexão com Deus. Que você acredite que só se vive uma vida. Em especial, que você se concentre em aproveitar a vida no sentido de apenas se divertir o tempo todo. Quanto menos você pensar e agir no sentido de realizar a missão da sua alma, que é o propósito da sua existência, mais você agrada e facilita o trabalho dos obsessores.
4 – Que você não se preocupe jamais com os outros. Que não pense em caridade, em colaborar para a formação de uma sociedade mais digna, justa e elevada. Quanto mais você pensa unicamente nos seus interesses mundanos, mais você agrada e facilita o trabalho deles.
5 – Que você jamais perdoe, que sinta muita raiva e desejo de vingar-se das pessoas as quais lhe fizeram mal. O tipo de campo de energia produzido por esses sentimentos alimenta muito a força dos obsessores, oferecendo a eles alimento, energia e campo de ação para suas investidas nefastas.
6 – Que você jamais estude e que nunca busque o desenvolvimento de seus potenciais. Em especial que você seja acomodado, preguiçoso e sem iniciativa. Quanto mais alienado e cético você for, melhor!
7- Que você seja fanático, determinista, inflexível, convicto e fascinado. Quanto menos tolerância, equilíbrio, leveza e sensatez você tiver nos seus atos.
8 – Que você elimine da sua vida a prece, a meditação e qualquer tipo de prática espiritual. De preferência, que você substitua essas práticas por vícios como drogas, álcool, fumo, alimentação desequilibrada, jogos e sexo promíscuo. Quanto mais você abandonar práticas saudáveis, mais você contribuirá para abrir a porta de acesso que liga os obsessores a você.
9 – Que a sua disciplina seja muito ruim e que você nunca tenha persistência para seguir seus objetivos e para realizar suas práticas diárias de conexão com Deus.
10- Que jamais acredite na sua intuição e que siga apenas a voz da razão e que não confie em nada, absolutamente nada que não seja comprovado cientificamente ou que não tenha relevância acadêmica. Em especial, que você abandone a sua sensibilidade de perceber as coisas e situações, acreditando apenas no que você vê com os próprios olhos. De preferência, quando situações ruins acontecerem em sua vida, vitimize-se e rapidamente encontre um culpado, que certamente não deve ser você.
DESOBSESSÃO
DIÁLOGO COM AS SOMBRAS = HERMÍNIO C. MIRANDA
Como a base do fenômeno mediúnico é a sintonia espiritual, e como ainda nos encontramos todos em estágios inferiores da evolução, nos afinamos com maior facilidade com aqueles que também se acham perturbados por desequilíbrios de maior ou menor gravidade. Isto não quer dizer, obviamente, que estejamos à inteira mercê dos espíritos perturbados e perturbadores; velam por nós companheiros de elevada categoria, sempre dispostos a nos ajudar. Mas não nos podemos esquecer de que eles não podem fazer por nós as tarefas de que nos incumbem, nem livrar-nos das nossas provações, e muito menos coibir os mecanismos do nosso livre arbítrio.
Somos pecadores, no sentido de que todos trazemos feridas não cicatrizadas, de falhas clamorosas, no passado mais distante e no passado recente.
Como seres imperfeitos, temos, pois, de viver com o semelhante, também imperfeito. Não há como fugir de ninguém e isolar-se em torres de marfim, mosteiros inacessíveis, grutas perdidas na solidão. Nosso trabalho é aqui mesmo, com o homem, a mulher, o velho, a criança, seres humanos como nós mesmos, com as mesmas angústias, inquietações, mazelas e imperfeições. Somos, pois, uma tremenda multidão de estropiados espirituais, e a diferença evolutiva entre nós, aqui naTerra, não é lá grande coisa. Vivemos num universo inteiramente solidário, no qual uns devem suportar e amparar os outros, ou, na linguagem evangélica: amar-nos uns aos outros.
Daí a recomendação da vigilância. Não é que tenhamos que nos isolar, numa redoma ou numa couraça, para nos defender dos párias, que nos cercam por toda parte. Será que ainda não descobrimos que somos párias também? A vigilância é para que fiquemos apenas com os males que nos afligem intimamente, e façamos um esforço muito grande para nos livrarmos deles. Ai de nós, porém, se, às deficiências que carregamos, somarmos as que recebermos por “contágio espiritual”. Isto se dará, certamente, se, em vez de cuidarmos, por exemplo, de aniquilar a nossa arrogância, passarmos a imitar a avareza do irmão que segue ao nosso lado, ou a irresponsabilidade de outro, ou o egoísmo de um terceiro. É nesse sentido que deve funcionar o mecanismo de advertência.
Estas recomendações e sugestões nada têm de puramente teórico ou acadêmico. São essenciais, especialmente se o grupo mediúnico se envolver em tarefas de desobsessão. Os Espíritos trazidos às reuniões, para tratamento, apresentam-se hostis, agressivos, irônicos. Que não se cometa, a respeito deles, a ingenuidade de pensar que são ignorantes. Com frequência enorme são inteligentes, e mais bem informados do que nós, encarnados. Geralmente são trazidos porque foram incomodados na sua atividade lamentável. Chegam impetuosos e dispostos a fazer qualquer coisa, para continuar a proceder como acham de seu direito e até de seu dever. No desespero em que vivem mergulhados, não hesitarão em promover qualquer medida defensiva, e essa defesa, geralmente, consiste em atacar aqueles que interferem com seus planos. Cuidado, pois. Se em lugar de vigilância e prece, lhes oferecemos o lado desguarnecido, sintonizamo-nos com as suas vibrações agressivas e acabaremos por ser envolvidos.
A vítima da obsessão é sempre uma alma endividada perante a lei. De alguma forma grave, no passado mais recente, ou mais remoto, desrespeitou seriamente a lei universal da fraternidade, vindo a colher, como consequência inexorável, o sofrimento. Muitas vezes, a vingança como que se despersonaliza, passando a ser exercida não por aquele que foi prejudicado, mas por alguém em seu nome, ainda que não autorizado por ele. Não importa que o perseguido, ou obsidiado, esteja na carne ou no mundo espiritual. Não importa que se lembre ou não da ofensa.
Não importa que a falta tenha sido cometida nesta vida ou em remotas existências. O vingador implacável acaba descobrindo o seu antigo algoz, mesmo que este se oculte sob os mais bem elaborados disfarces, ligando-se a ele por largo tempo, vida após vida, aqui e no Espaço, alucinado pelo ódio, que não conhece limites nem barreiras. DRAMAS DA OBSESSÃO, Dr. Bezerra de Menezes, narra pela mediunidade de Yvonne Pereira, um caso desses: “Aterrorizado ante as vinditas atrozes movidas pelos Espíritos de seus antigos amos de Lisboa, o Espírito João José preferiu ocultar-se numa encarnação de formas femininas, esperançado de que, assim disfarçado, não pudesse ser reconhecido. Enganou-se, porém, visto que sua própria organização psíquica atraiçoou-o,modelando traços fisionômicos e anormalidades físicas idênticas aos que arrastara na época citada”. Uma vez identificado o antigo devedor, mesmo sob formas femininas, desencadeou-se sobre ele toda a tormenta da obsessão. ( COXO ) Colocado pela igreja na casa dos judeus como serviçal para espionar).
Temos tido, em nossa experiência direta, casos semelhantes. Um foi particularmente doloroso e aflitivo, porque os compromissos do obsidiado eram muito graves e suas dívidas cármicas acusavam reincidências lamentáveis, que o deslocavam da posição de ex algoz para a de joguete impotente de implacáveis vingadores. Começamos a cuidar dele, na esperança de minorar-lhe as dores, quando ainda encarnado. Por algum tempo, conseguimos aliviar a pressão que se exercia, dia e noite, sobre ele e sua família. Em nosso grupo, assistimos a um trágico e incessante desfile de companheiros desarmonizados que enxameavam em torno dele, cada qual mais revoltado e odiento.
Seus compromissos eram tantos, e tão sérios, que não conseguimos livrá-lo das suas dores, embora tenhamos alcançado, com a graça de Deus, apaziguar muitos dos seus temíveis carrascos e atraí-los para as tarefas de recuperação. Como o seu caso tinha implicações profundas com o nosso plano geral de trabalho, segundo nos explicaram nossos mentores, tratamos dele por muito tempo ainda. Verdadeira multidão de Espíritos atormentava este irmão, jovem ainda na carne. Ao que me disse, certa vez, um de seus obsessores, custaram um pouco a identificá-lo em sua nova roupagem. Uma vez, porém, localizado, reuniram-se em torno dele, num cerco implacável, que durava as 24 horas do dia. Seguiam-no nos seus afazeres diários e o atormentavam durante o desprendimento do sono, espetavam-lhe “agulhas” de todos os tamanhos,
impunham-lhe longos períodos de alienação, sopravam-lhe constantemente a idéia do suicídio, postavam-se diante de sua visão espiritual, sob formas monstruosas; neutralizavam o efeito de intensivo tratamento médico e espiritual; indispunham-no com a família e descontrolavam-lhe o pensamento, descoordenando-lhe as idéias.
Ao que nos foi indicado, em tempos da Roma antiga, exerceu, com destaque, o poder, e ajudou a desencadear uma das mais terríveis perseguições aos cristãos. É certo que suas vítimas daquela época o perdoaram, se foram realmente seguidores fiéis do Cristo. Mas, e os outros, que lhe guardaram rancor? A quantos teria ele mandado tirar a vida, os bens, os amores, as esperanças, sem que estivessem preparados para suportar essas perdas, com equilíbrio e resignação?
Ao cabo de alguns anos de implacável perseguição de seus adversários, enceguecidos pelo ódio, e a despeito de todo o cuidado de que foi cercado, o pobre companheiro desencarnou tragicamente. A perseguição continuou, talvez ainda mais encarniçada, do outro lado da vida. Estava agora mais exposto, mais acessível à abordagem de seus algozes.
DEFESA CONTRA OS ATAQUES DO MAL
O cerco aperta-se, ainda que estejamos guardados na prece e na vigilância.
“Vigiai e orai” disse o Cristo, “para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Marcos, 14:38)O Espírito deseja a libertação, teme novas quedas, sonha com a paz, sofre a ausência de afetos muito profundos e, de certa forma, está pronto para a vida em plano melhor e mais purificado, ou, pelo menos, não tão difícil e grosseiro como este mundo de provas em que vivemos; mas, no fundo, mergulhado no corpo físico, que o sufoca, sua vontade debilita-se e a fraqueza da carne vence as melhores intenções. Os seres desencarnados inferiores que nos vigiam, nos espionam e nos assediam, sabem disso, tão bem ou melhor do que nós, e, enquanto puderem, hão de reter-nos na retaguarda, pelo menos, como disse um amigo espiritual muito querido,” para engrossar as fileiras dos que estão parados.” Mesmo com toda a vigilância, e em prece, continuamos vulneráveis.
É indispensável a cura de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes. O pensamento é força que determina, estabelece, transforma, edifica, destrói e reconstrói.
RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE /Cap.10 = Yvone Pereira nos traz uma recomendação importante dizendo que se o obsediado não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de autodomínio ou auto-educação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsediado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere.
REVISTA ESPÍRITA, Dezembro/1862 Para se livrar da obsessão “trata-se de lutar contra um adversário”, diz o seguinte:
“Antes de esperar dominar o Espírito mau, é preciso dominar-se a si mesmo. De todos os meios para adquirir a força de o conseguir, o mais eficaz é a vontade, secundada pela prece, entendida a prece de coração e não de palavras, nas quais a boca participa mais que o pensamento. É necessário pedir ao seu anjo-da-guarda e aos bons Espíritos que o assistam na luta. Mas não basta lhes pedir que expulsem o Espírito mau; é preciso lembrar-se da máxima: Ajuda-te, e o céu te ajudará e, sobretudo, pedir-lhes a força que nos falta para vencer nossas más inclinações.(…)
Orando também pelo Espírito obsessor estamos lhe retribuindo o mal com o bem e nos mostrando melhor que ele, o que já é uma superioridade. Com perseverança, na maioria dos casos acabamos por conduzi-lo a melhores sentimentos e, de perseguidor que era, o transformamos num ser reconhecido. Em resumo, a prece fervorosa e os esforços sérios por melhorar-se são os únicos meios de afastar os Espíritos maus.”
LE 932. Por que, no mundo, os maus tão frequentemente sobrepujam os bons em influência?
“Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, dominarão.”
EFÉSIOS 6:11 a 17 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
FILIPENSES 4:8 =
“Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é nobre, tudo o que é puro, tudo o que é santo, seja, em cada hora da vida, a luz dos vossos pensamentos.”
LIVROS CONSULTADOS:
= DIÁLOGO COM AS SOMBRAS (Hermínio C. de Miranda)
= TRILHAS DA LIBERTAÇÃO (Manoel Philomeno de Miranda)
=TRANSTORNO PSIQUIÁTRICOS E OBSESSIVOS (Manoel Philomeno de Miranda)
= O SÉTIMO SELO (Irmão Virgilio/Antonio Demarchi)
= DRAMAS DA OBSESSÃO (Dr.Bezerra de Menezes/Yvonne Pereira)
= ALERGIA E OBSESSÃO (Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz)
= Revista Espiritualidade e Ciência
= LIBERTAÇÃO (André Luiz/Chico Xavier)
= NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE (André Luiz/Chico Xavier)
= MECANISMOS DA MEDIUNIDADE(André Luiz/Chico Xavier)
= AÇÃO E REAÇÃO (André Luiz/Chico Xavier)
=RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE( Yvonne Pereira)
= REVISTAESPÍRITA/ Dezembro 1862
= BÍBLIA