Os Anjos Decaídos – palestra 10.16
Os Anjos Decaídos
CELC – Bauru/SP. Outubro de 2016 – E. Marcelo
Abreviações:
C.I. – “O Céu e o Inferno”, por Allan Kardec.
L.E. – “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec.
E.S.E – “O evangelho segundo o Espiritismo”, por Allan Kardec.
Bíblia Sagrada utilizada neste estudo: Almeida corrigida e revisada fiel (Fonte: bibliaonline.com.br)
A primeira vez que Kardec propôs levantou o tema aprofundado sobre os Anjos Decaídos foi na Revista Espírita de Janeiro de 1862, com o título: “Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos”; nas suas próprias palavras: “Muitos sistemas foram imaginados para resolver esta questão, e cada um, até o presente, não satisfez completamente à razão. Vamos tentar, nós também, levantar um canto do véu; seremos mais felizes do que os nossos predecessores? Nós o ignoramos; só o futuro isso decidirá. A teoria que apresentamos é, pois, uma opinião pessoal; ela nos parece concordar com a razão e com a lógica; é o que lhe dá, aos nossos olhos, um certo grau de probabilidade.”
Em 1868, quando Allan Kardec lançou a obra “A gênese”, retomou o assunto*, confirmando seu Ensaio publicado anteriormente. Sob o título “DOUTRINA DOS ANJOS DECAÍDOS E DO PARAÍSO PERDIDO”, escreveu: “Quando, na Revista de janeiro de 1862, publicamos um artigo sobre a interpretação da doutrina dos anjos decaídos, apresentamos essa teoria como uma hipótese, não tendo senão a autoridade de uma opinião pessoal controvertida, porque então nos faltavam elementos bastante completos para uma afirmação absoluta; demo-la a título de ensaio, tendo em vista provocar-lhe o exame, bem determinado a abandoná-la ou a modificá-la se isso ocorresse. Hoje, essa teoria sofreu a prova do controle universal; não só foi acolhida pela grande maioria dos Espíritas como a mais racional e a mais conforme com a soberana justiça de Deus, mas foi confirmada pela generalidade das instruções dadas pelos Espíritos sobre esse assunto. Ocorre o mesmo com aquela que concerne à origem da raça adâmica.”
(*conteúdo completo em “A Gênese” – capítulo XI – Gênese espiritual)
C.I. – Primeira parte – Capítulo 8 – Os Anjos
“Todas as religiões têm tido anjos sob vários nomes, isto é, seres superiores à Humanidade, intermediários entre Deus e os homens.”
Anjo (do latim angelus e do grego ángelos (ἄγγελος), mensageiro) (Fonte: Wikipedia.org)
Judaísmo
Anjo (em hebraico: מַלְאָךְ, malach, “mensageiro“) é um ente no mor das vezes espiritual que serve de elo transmissor entre o homem e o Criador. (Fonte: Wikipedia.org)
Budismo e hinduísmo
O Budismo e o Hinduísmo descrevem os anjos, ou devas, como os chamam, de maneira semelhante às outras religiões ocidentais. Seu nome deriva da raiz sânscrita div, que significa “brilhar”, e seu nome significa, então, os “seres brilhantes” ou “auto-luminosos”. (Fonte: Wikipedia.org)
Islamismo
A angelologia islâmica é largamente devedora às tradições do zoroastrianismo, do judaísmo e do cristianismo primitivo, e divide os anjos em dois partidos principais, os bons, fiéis a Deus, e os maus, cujo chefe é Iblis ou Ash-Shaytan, privados da graça divina por terem se recusado a prestar homenagens a Adão. (Fonte: Wikipedia.org)
L.E. 128 – Os seres que chamamos de anjos, arcanjos e serafins formam uma categoria especial de natureza diferente das dos outros Espíritos?
– Não; esses são os Espíritos puros; os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.
Observação de A.K. – A palavra anjo revela, geralmente, a idéia da perfeição moral; entretanto, se aplica, freqüentemente, a todos os seres bons e maus que estão fora da Humanidade. Diz-se: o bom ou mau anjo, o anjo de luz e o anjo das trevas. Nesse caso é sinônimo de Espírito ou de gênio. Nós a tomamos aqui na sua boa acepção.
L.E. 507 – Os Espíritos protetores pertencem todos à classe dos Espíritos superiores? Podem se encontrar entre os médios? Um pai, por exemplo, pode vir a ser o Espírito protetor de seu filho?
– Ele o pode, mas a proteção supõe um certo grau de elevação, um poder ou uma virtude a mais concedida por Deus. O pai que protege seu filho, pode ser, ele mesmo, assistido por um Espírito mais elevado.
L.E. 514 – Observação de A.K. – O Espírito protetor, anjo guardião ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o homem na vida e ajudá-lo a progredir. Ele é sempre de uma natureza superior relativamente à do protegido.
Bíblia Sagrada – Apocalipse 19:10
“E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.”
L.E. 113 – Primeira classe. Classe única – Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.(…) Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal.(…) São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.
C.I. primeira parte – Capítulo 8 – Os Anjos*
“As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes**, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim – que é a perfeição – é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções.”
(*ver na íntegra O Céu e o Inferno, primeira parte, capítulo VIII – Os Anjos. **complemento: questão 115 de O Livro dos Espíritos)
OS ANJOS DECAÍDOS
No Espiritismo, segundo algumas referências de Allan Kardec:
Revista Espírita. Janeiro de 1862 – Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos.
“A palavra anjo está no mesmo caso (mesmo caso da palavra alma em O Livro dos Espíritos); é empregada indiferentemente no bom ou mau costume, uma vez que se costuma dizer: os bons e os maus anjos, o anjo das luzes e o anjo das trevas; de onde se segue que, em sua acepção geral, significa simplesmente Espírito. Evidentemente, é neste último sentido que é preciso entendê-lo falando dos anjos decaídos e dos anjos rebeldes. Segundo a Doutrina Espírita, de acordo nisto com vários teólogos, os anjos não são seres privilegiados de criação, isentos, por um favor especial, do trabalho imposto aos outros, mas Espíritos chegados à perfeição por seus esforços e seus méritos. Se os anjos fossem seres criados perfeitos, sendo a rebelião contra Deus um sinal de inferioridade, os que se revoltassem não podiam ser anjos.”
E.S.E. – Introdução IV – Resumo da doutrina de Sócrates e Platão
I – O homem é uma alma encarnada. Antes da sua encarnação, ela existia unida aos tipos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo; deles se separa em se encarnando e, recordando seu passado, está mais ou menos atormentada pelo desejo de a eles retornar.
Não se pode enunciar mais claramente a distinção e independência entre o princípio inteligente e o princípio material. É, além disso, a doutrina da preexistência da alma; da vaga intuição que ela guarda de um outro mundo ao qual aspira, de sua sobrevivência ao corpo, de sua saída do mundo espiritual para se encarnar, e de sua reentrada no mesmo mundo, após a morte. É, enfim, o gérmen da doutrina dos Anjos decaídos.
Revista Espírita. Abril de 1862 – Respostas à questão dos Anjos decaídos
(Bordeaux – Médium, Sra. Cazemajoux)
“Meus amigos, a teoria contida no resumo que acabais de ler, é a mais lógica e a mais racional. A sã razão não permite admitir a criação de Espíritos puros e perfeitos se revoltando contra Deus e procurando igualá-lo em poder, majestade e grandeza.
Antes de chegar à perfeição, o Espírito ignorante e fraco, entregue ao seu livre arbítrio, se entrega, muito freqüentemente, à corrupção, e mergulha com prazer no oceano da iniqüidade; mas o que causa sobretudo a sua perda, é o orgulho. Ele nega Deus, atribui ao acaso sua existência, as maravilhas da criação e a harmonia universal. Então, infeliz dele! É um anjo decaído. Em lugar de avançar para os mundos felizes, é mesmo exilado do planeta (segunda morte*) em que habita para ir expiar, em mundos inferiores, a sua rebeldia incessante contra Deus.
Guardai-vos, irmãos, de imitá-los: são os anjos perversos; fazei todos os vossos esforços para não lhes aumentar o número; que a luz da fé espírita vos esclareça sobre os vossos deveres presentes e sobre os vossos interesses futuros, a fim de que possais, um dia, evitar a sorte dos Espíritos rebeldes, e subir a escala espiritual que conduz à perfeição.”
Vossos guias espirituais
*SEGUNDA MORTE
Bíblia Sagrada – Apocalipse 2.11
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.
Bíblia Sagrada – Apocalipse 20.14
E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
Bíblia Sagrada – Apocalipse 21.8
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.
Bíblia Sagrada – Apocalipse 12.7-9
E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.
E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
Crescimento da população mundial | ||
População | Ano | Tempo para o próximo bilhão (em anos) |
1 bilhão | 1802 | 126 |
2 bilhões | 1928 | 33 |
3 bilhões | 1961 | 13 |
4 bilhões | 1974 | 13 |
5 bilhões | 1987 | 12 |
6 bilhões | 1999 | 12 |
7 bilhões | 2011 | 15 |
8 bilhões* | 2026 | 24 |
9 bilhões* | 2050 | 20 |
Revista Espírita. Janeiro de 1862 – Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos
(…) Segundo o ensinamento dado pelos Espíritos superiores, essas emigrações e essas imigrações dos Espíritos encarnados sobre a Terra ocorrem de tempos em tempos individualmente; mas, em certas épocas, elas se operam em massa, em conseqüência das grandes revoluções que dela fazem desaparecer quantidades inumeráveis, e são substituídos por outros Espíritos que constituem, de alguma sorte, sobre a Terra ou sobre uma parte da Terra, uma nova geração.
(*) estimativa (Fonte: Wikipedia.org)
PARAÍSO PERDIDO
Revista Espírita. Janeiro de 1862 – Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos
Que serão, entre esses povos, novos para eles, ainda na infância da barbárie, senão anjos ou Espíritos decaídos enviados em expiação? A Terra, da qual foram expulsos, não é para eles um paraíso perdido? Não era para eles um lugar de delícias em comparação com o meio ingrato onde vão se achar relegados durante milhares de séculos, até o dia em que terão merecido a sua liberdade?
Revista Espírita. Abril de 1862 – Respostas à questão dos anjos decaídos
(Lyon – Médium, senhora Bouillant)
Outrora críamos que os anjos, depois de ter habitado os mundos mais radiosos, tinham se revoltado contra Deus, e tinham merecido ser expulsos do Éden, que Deus lhes havia dado como morada. Cantamos sua queda e sua fraqueza, e, crendo nessa fábula do Paraíso perdido, bordamo-lo com todas as flores da retórica que conhecíamos. Era para nós um tema que nos oferecia um encanto particular. Esse primeiro homem e essa primeira mulher expulsos de seu oásis, condenados a viver sobre a Terra, presos de todos os males que vêm assediar a Humanidade, era para o autor um grande recurso para estender suas idéias, e o assunto, sobretudo, se prestava perfeitamente às nossas idéias melancólicas; como os outros, acreditamos no erro, e acrescentamos a nossa palavra a todas as que já tinham sido pronunciadas. Mas, agora que nossa existência no espaço nos permitiu julgar as coisas sob seu verdadeiro ponto de vista; no presente que podemos compreender o quanto é absurdo admitir que o Espírito, chegado ao seu mais alto grau de pureza, podia retrogradar de repente, se revoltar contra seu o criador e entrar em luta com ele; mas agora que podemos julgar por quantos cadinhos é preciso que o líquido se filtre para se depurar ao ponto de se tornar essência e quintessência, estamos no estado de vos dizer o que são os anjos decaídos, e o que deveis acreditar do Paraíso perdido.
Deus, em sua imutável lei do progresso, quer que os homens avancem, e avancem sem cessar, de século em século, em épocas determinadas por ele. Quando a maioria dos seres que habitam a Terra se torna muito superior para a parte terrestre que ela ocupa, Deus ordena uma emigração de Espíritos, e aqueles que cumpriram sua missão com consciência vão habitar regiões que lhes são determinadas; mas o Espírito recalcitrante ou preguiçoso que vem fazer sombra no quadro, este está obrigado a permanecer para trás, e nessa depuração do Espírito, ele é rejeitado, como os químicos fazem para o que não passou pelo filtro; então o Espírito se encontra em contato com outros Espíritos, que lhe são inferiores, e sofre realmente do constrangimento que lhe é imposto.
Lembra-se intuitivamente da felicidade que gozava, e se encontra no meio de seus iguais como uma flor exótica que fosse bruscamente transplantada num campo inculto. Esse Espírito se revolta compreendendo a sua superioridade; procura dominar aqueles que o cercam, e essa revolta, essa luta contra si mesmo, volta-se também contra o criador que lhe deu a existência, e que desconhece. Se seus pensamentos podem se desenvolver, derramará o que excede de seu coração em recriminações amargas, como o condenado na prisão, sofrerá cruelmente até que tenha expiado a preguiça e o egoísmo que o impediram de seguir seus irmãos. Eis, meus amigos, quais são os anjos decaídos e porque todos lamentam seu paraíso. Tratai, pois, a vosso turno, de vos apressar para não serdes abandonados quando soar o sinal do retorno; lembrai-vos de tudo o que deveis a vós mesmos; dizei-vos bem que sois vós, e que tendes o vosso livre arbítrio. Essa personalidade do Espírito vos explica porque o filho do homem sábio, freqüentemente, é um idiota, e porque a inteligência não pode se transformar em morgadio. Um grande homem poderá bem dar à sua prole o garbo de sua aparência, mas jamais lhe transmitirá o seu gênio, e podeis estar certos de que todos os gênios que vieram ostentar seus talentos entre vós eram bem os filhos de suas obras, porque, assim como disse um homem muito sábio, é que: “as mães dos Patay, dos Letronne e do vasto Arago criaram esses grandes homens muito inocentemente”. Não, meu amigo, a mãe que dá nascimento a um talento ilustre não está, por nada, no Espírito que anima seu filho: esse Espírito já era muito avançado quando veio se reencarnar no cadinho da depuração. Escalai, pois, esses degraus da escala; degraus luminosos e brilhantes como sóis, uma vez que Deus os ilumina com a sua esplêndida luz; e lembrai-vos de que, agora que conheceis o caminho, sereis muito culpáveis se vos tornardes anjos decaídos; de resto, não creio que ninguém ousaria vos lamentar e vos cantar ainda o Paraíso perdido.
Milton
Revista Espírita. Junho de 1862 – O Espiritismo filosófico
(Bordeaux, 4 de abril de 1862 – Médium, senhora Collignon)
(…) Levai sempre vossos olhos sobre este pensamento filosófico, quer dizer, cheio de sabedoria: Somos uma essência criada pura, mas decaída; pertencemos a uma pátria onde tudo é pureza; culpados, fomos exilados por um tempo, mas só por um tempo; empreguemos, pois, todas nossas forças, toda nossa energia para diminuir o tempo de exílio; esforcemo-nos, por todos os meios que o Senhor coloca em nosso poder, para reconquistar essa pátria perdida e abreviar o tempo da ausência. (Ver n. de janeiro de 1862: Doutrina dos anjos decaídos) (…)
MISSÃO
Revista Espírita. Novembro de 1862 – O duelo
(Bordeaux, 21 de novembro de 1861. – Médium, Sr. Guipon.)
1o.Considerações gerais. O homem, ou Espírito encarnado, pode estar sobre vossa Terra: em missão, – em progressão, – em punição. (…) Cabe-vos, Espíritas, combater e destruir esse triste hábito, esse crime digno dos anjos das trevas.
L.E. 1018 – Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
– O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus.
Então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos
e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.
“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso.
Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam.
Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.
“Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado.
Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias.”
São Luís
Revista Espirita. Junho de 1863 – Dissertações Espíritas – O futuro do Espiritismo
(Lyon, 21 de setembro de 1862. – Médium, senhora B…)
(…) Haverá ainda refratários, anjos decaídos; porque os homens têm seu livre arbítrio, e, se bem que os conselhos não lhes faltem, muitos não vendo senão do seu ponto de vista, que restringe o horizonte da cupidez, não quererão render-se à evidência (…) Quando os homens estiverem bem imbuídos deste pensamento: que a pena de talião é a lei imutável que Deus lhes inflige, lei bem mais terrível do que vossas mais terríveis leis terrestres, bem mais assustadora e mais lógica do que as chamas eternas do inferno, nas quais não crêem mais, terão medo dessa reciprocidade de penas, e considerarão duas vezes antes de cometer um ato censurável.
COMENTÁRIOS FINAIS
Revista Espírita. Março de 1862 – A Reencarnação
(Enviado de La Haye. – Médium, Sr. barão de Kock)
Já vos disse que, o que Kardec escreveu sobre os anjos decaídos é a maior verdade. Os Espíritos que povoam o vosso globo, em sua maioria, sempre o habitaram. Se são os mesmos que para ele retornam desde tantos séculos, é que bem poucos mereceram a recompensa prometida por Deus.
O Cristo disse: “Esta raça será destruída, e logo esta promessa se cumprirá.” Crendo-se em um Deus de amor e de justiça, como se pode admitir que os homens que vivem atualmente, e mesmo os que viveram há dezoito séculos, possam ser culpados da morte do Cristo sem admitir a reencarnação? Sim, o sentimento de amor por Deus, o das penas e das recompensas da vida futura, a idéia da reencarnação, são inatas no homem, há séculos; vede todas as histórias, vede os escritos dos sábios da antigüidade, e ficareis convencidos de que esta doutrina, em todos os tempos, foi admitida por todos os homens que compreenderam a justiça de Deus. Agora compreendeis o que é a nossa Terra, e como está chegado o momento em que as profecias do Cristo serão cumpridas.
Livro: A CAMINHO DA LUZ – Chico Xavier
“Os anjos decaídos” de Capela para a Terra.
Cap. 3 – UM MUNDO EM TRANSIÇÕES
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
Cap. 3 – ESPÍRITOS EXILADOS NA TERRA
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir. Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.
Cap. 24 – DEFECÇÃO DA IGREJA CATÓLICA
Desde 1870, ano que assinalou para o homem a decadência da Igreja, em virtude da sua defecção espiritual no cumprimento dos grandes deveres que lhe foram confiados pelo Senhor, nos tempos apostólicos, um período de transições profundas marca todas as atividades humanas. Em vão o mundo esperou as realizações cristãs, iniciadas no império de Constantino. Aliada do Estado e vivendo à mesa dos seus interesses econômicos, a Igreja não cuidou de outra coisa que não fosse o seu reino perecível. Esquecida de Deus, nunca procurou equiparar a evolução do homem físico à do homem espiritual, prendendo-se a interesses rasteiros e mesquinhos da política temporal. É por isso que agora lhe pairam sobre a fronte os mais sinistros vaticínios.
Cap. 24 – LUTAS RENOVADORAS
O século XX surgiu no horizonte do Globo, qual arena ampla de lutas renovadoras. As teorias sociais continuam seu caminho, tocando muitas vezes a curva tenebrosa do extremismo, mas as revelações do alémtúmulo descem às almas, como orvalho imaterial, preludiando a paz e a luz de uma nova era. Numerosas transformações são aguardadas e o Espiritismo esclarece os corações, renovando a personalidade espiritual das criaturas para o futuro que se aproxima. As guerras russo-japonesa e a européia de 1914 – 1918 foram pródromos de uma luta maior, que não vem muito longe, e dentro da qual o planeta alijará todos os Espíritos rebeldes e galvanizados no crime, que não souberam aproveitar a dádiva de numerosos milênios, no patrimônio sagrado do tempo. Então a Terra, como aquele mundo longínquo da Capela, ver-se-á livre das entidades endurecidas no mal, porque o homem da radiotelefonia e do transatlântico precisa de alma e sentimento, a fim de não perverter as sagradas conquistas do progresso. Ficarão no mundo os que puderem compreender a lição do amor e da fraternidade sob a égide de Jesus, cuja misericórdia é o verbo de vida e luz, desde o princípio. Época de lutas amargas, desde os primeiros anos deste século a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que somente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre.
JESUS Onde os valores morais da Humanidade? As igrejas estão amordaçadas pelas injunções de ordem econômica e política. Somente o Espiritismo, prescindindo de todas as garantias terrenas, executa o esforço tremendo de manter acesa a luz da crença, nesse barco frágil do homem ignorante do seu glorioso destino, barco que ameaça voltar às correntes da força e da violência, longe das plagas iluminadas da Razão, da Cultura e do Direito.
Cap. 25 – O EVANGELHO E O FUTURO
Não foi em nome do Evangelho que os padres italianos abençoaram os canhões e as metralhadoras da conquista? Em nome do Cristo espalharam-se, nestes vinte séculos, todas as discórdias e todas as amarguras do mundo. Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos ”ais” do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a Humanidade.