Predisposições Mórbidas – palestra 31.1.18
Predisposições Mórbidas
Plinio – CELC 31.1.18
I – Introdução.
Em O Livro dos Espíritos, na questão 716, vimos “ que a natureza traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas o homem é insaciável quer sempre mais, criando para si necessidades artificiais”. A doutrina espírita, ensina então, que todas as paixões, tem como princípio originário uma necessidade natural, e que os prazeres que o físico proporciona são regulados por leis divinas. Estas, estabelecem por sua vez, limites, em função das reais necessidades do homem. O desrespeito à essas leis, ocasiona consequências funestas.
Se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo se consagraria à vida simples, com o trabalho ativo e a fraternidade legítima por normas de verdadeira felicidade. Joaquim Murtinho. Falando a Terra.
Jesus é considerado o número grande médico das almas. Perguntamos então, porque não é medico de corpos, corpos carnais? Porque, como nos explica Emmanuel, em sua obra, Leis de amor, psicografia de F.Xavier e Waldo Vieira:” A grande maioria das doenças, tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial do corpo espiritual”. Havendo o espírito, agindo erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias que o predispõe a instalação de determinadas enfermidades conforme o órgão atingido”. Ainda nesta obra, o benfeitor enfatiza a necessidade de vigiar os nossos pensamentos, pois, senão vejamos:” A mente, é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias, do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e dá preguiça. Pessoas que se embriagam, a ponto de arruinar a saúde, que esquecem a higiene, até se tornarem presas de parasitas destruidores, que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos, os que passam todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade, o desânimo, pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade. São criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas”.
Em Evolução em Dois Mundos, André Luiz, psicografia de F.Xavier e Waldo Vieira, inicia o capítulo sobre pré disposições mórbidas assim:
“Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas do corpo espiritual”?
-“ Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tornadas de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrente de excessos vários.
De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas”.
A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático, ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse “nódulo de forças desequilibradas”, é indispensável que acontecimentos, reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energias profundas, no imo de nossa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.
O remorso é um lampejo de Deus sobre o complexo de culpa que se expressa por enfermidade de consciência.
O sofrimento é a terapia de Deus destinada a erradicá-la. F. Xavier e Emmanuel. Culpa e libertação.
Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz, nos assevera “qualquer grande perturbação interior, (desânimo, paixão, ódio, vingança, desespero, revolta), pode imobilizar-nos por tempo indefinido, quando nos afastamos do progresso continuo com a prática do bem”.
No livro Missionários da luz, capítulo 4- Vampirismo – o mesmo André Luiz elucida: “As doenças psíquicas são muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça. A organização fisiológica, segundo conhecemos no campo de cogitações terrestres, não vai além do vaso de barro, dentro do molde preexistente do corpo espiritual. Atingido o molde em sua estrutura pelos golpes das vibrações inferiores, o vaso refletirá imediatamente”.
Vaidade, tudo é vaidade. Vaidade que gera aflição do espírito, aflição do espírito, que gera enfermidade. Eclesiastes. Aí , temos aquela regrinha básica:
Indisciplina = Excessos = Desiquilíbrio = Vícios = Enfermidade do corpo e da alma.
Dai, André Luiz, nos asseverar, toda perturbação mental é ascendente de graves processos patológicos. Afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação intima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades (Missionários da Luz – Cap.19).
II – DESENVOLVIMENTO MEDIUNICO – Cap. 3. Missionários da Luz
Parte 1 .
Os serviços particulares não proporcionavam ensejo a excursões dilatadas e freqüentes, em companhia de Alexandre; entretanto, valia-me de todas as folgas nos trabalhos comuns. Havia sempre o que aprender. E constituía enorme satisfação seguir o ativo missionário das atividades de comunicação.
– Hoje, à noite – disse-me o devotado amigo -, observará algumas demonstrações de desenvolvimento mediúnico.
Aguardei as instruções com interesse.
No instante indicado, compareci ao grupo. Antes do ingresso dos companheiros encarnados, já era muito grande a movimentação. Número considerável de trabalhadores. Muito serviço de natureza espiritual.
Admirava as características dos socorros magnéticos, dispensados às entidades sofredoras, quando Alexandre acentuou:
– Por enquanto, nossos esforços são mais frutíferos ao círculo dos desencarnados infelizes. As atividades beneficentes da casa concentram-se deles, em maior porção, porque os encarnados, mesmo aqueles que já se interessam pela prática espiritista, muito raramente se dispõem, com sinceridade, ao aproveitamento real dos valores legítimos de nossa cooperação.
E, depois de longa pausa, prosseguiu:
– É muito lenta e difícil à transição, entre a animalidade grosseira e a espiritualidade superior. Nesse sentido, há sempre, entre os homens, um oceano de palavras e algumas gotas de ação. Nesse instante, os primeiros amigos do plano carnal deram entrada no recinto.
– Veremos hoje – exclamava um senhor de espessos bigodes -, veremos hoje se temos boa sorte.
– Não tenho vindo com assiduidade às experiências – comentou um rapaz -, porque vivo desanimado… há quanto tempo mantenho o lápis na mão, sem resultado algum?(*) CTR, no livro ETM, nos diz que : “Atrasos e faltas, vão tornado o serviço ineficiente e sem garantia”. ( CAP. 5 – pág. 243).
– É pena! – Respondia outro senhor, a dificuldade desencoraja, de fato.
– Parece-me que nada merecemos, no setor do estímulo, por parte dos benfeitores invisíveis! – Acrescentava uma senhora de boa idade – há quantos meses procuro em vão desenvolver-me? Em certos momentos, sinto vibrações espirituais intensas, junto de mim, contudo, não passo das manifestações iniciais.
A palestra continuou interessante e pitoresca. Decorridos alguns minutos, com a presença de outros pequenos grupos de experimentadores que chegavam, solícitos, foi iniciada a sessão de desenvolvimento.
O diretor proferiu tocante prece, no que foi acompanhado por todos os presentes.
Dezoito pessoas mantinham-se em expectativa.
– Alguns – explicou Alexandre – pretendem a psicografia, outros tentam a mediunidade de incorporação. Infelizmente, porém, quase todos confundem poderes psíquicos com funções fisiológicas. Acreditam no mecanismo absoluto da realização e esperam o progresso eventual e problemático, esquecidos de que toda edificação da alma requer disciplina, educação, esforço e perseverança. Mediunidade construtiva é a língua de fogo do Espírito Santo, luz divina para a qual é preciso conservar o pavio do amor cristão, o azeite da boa vontade pura.
Sem a preparação necessária, a excursão dos que provocam o ingresso no reino invisível, é quase sempre, uma viagem nos círculos de sombra. Alcançam grandes sensações e esbarram nas perplexidades dolorosas. Fazem descobertas surpreendentes e acabam nas ansiedades e dúvidas sem fim. Ninguém pode trair a lei Impunemente, e, para subir, Espírito algum dispensará o esforço de si mesmo, no aprimoramento íntimo… Dirigindo-se, de maneira especial, para os circunstantes, o instrutor recomendou:
Observemos então:
CASO 1.
Postara-se ao lado de um rapaz que esperava, de lápis em punho, mergulhado em fundo silêncio. Ofereceu-me Alexandre o seu vigoroso auxílio magnético e contemplei-o, com atenção. Os núcleos glandulares emitiam pálidas irradiações. A epífise principalmente semelhava-se à reduzida semente algo luminosa.
– Repare no aparelho genital – aconselhou-me o instrutor, gravemente.
Fiquei estupefato. As glândulas geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam as movimentações sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão espermático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na próstata, nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e lutavam com as células sexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida orgânica. Estava assombrado.
Que significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciam imantados uns aos outros, na mesma faina de destruição. Seriam expressões mal conhecidas da sífilis? Enunciando semelhante indagação íntima, explicou-me Alexandre, sem que eu lhe dirigisse a palavra falada: – Não, André. Não temos sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos das torturas sexuais, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lhes larvas, simplesmente. Têm sido cultivados por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas, senão também pelo contacto com entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho ainda não pôde compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual, não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, equilíbrio da vida e, recebendo as nossas advertências sobre a temperança, acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, no exame da fé religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem que ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si. Esquece-se de que tudo é espírito, manifestação divina e energia eterna. O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação espiritual. Novos mundos de pensamento raiavam-me no ser. Começava a sentir definições mais francas do que havia sido terríveis incógnitas para mim, no capítulo da patogenia em geral. Não saíra do meu intraduzível espanto, quando o instrutor me chamou a atenção para um cavalheiro maduro que tentava a psicografia.
No exame das causas da loucura, entre individualidades, sejam encarnadas, sejam ausentes da carne, a ignorância quanto à conduta sexual é dos fatores mais decisivos. “A incompreensão humana dessa matéria equivale a silenciosa guerra de extermínio e de perturbação, que ultrapassa, de muito, as devastações da peste referidas na história da Humanidade. Vocês sabem que só a epidemia de bubões, no século 6º de nossa era, chamada “peste de Justiniano”, eliminou quase cinquenta milhões de pessoas na Europa e na Ásia… Pois esse número expressivo constitui bagatela, comparado com os milhões de almas que as angústias do sexo dilaceram todos os dias.
“O cativeiro nos tormentos do sexo, não é problema que possa ser solucionado por literatos ou médicos, a agir no campo exterior: é questão da alma, que demanda processo individual de cura, e sobre esta só o espírito resolverá no tribunal da própria consciência. É inegável que todo auxílio externo, é valioso e respeitável, mas cumpre-nos reconhecer, que os escravos das perturbações do campo sensorial, só por si mesmos serão liberados, isto é, pela dilatação do entendimento, pela compreensão dos sofrimentos alheios e das dificuldades próprias, pela aplicação, enfim, do amai-vos uns aos outros, assim na doutrinação, como no imo da alma, com as melhores energias do cérebro e com os melhores sentimentos do coração”. (No mundo maior – A.L/F.X.)
CASO 2.
– Observe este amigo – disse-me, com autoridade -, não sente um odor característico?
Efetivamente, em derredor daquele rosto pálido, assinalava-se à existência de atmosfera menos agradável. Semelhava-se lhe o corpo a um tonel de configuração caprichosa, de cujo interior escapavam certos vapores muito leves, mas incessantes. Via-se-lhe a dificuldade para sustentar o pensamento com relativa calma. Não tive qualquer dúvida. Deveria ele usar alcoólicos em quantidade regular.
Vali-me do ensejo para notar-lhe às singularidades orgânicas.
O aparelho gastrintestinal parecia totalmente ensopado em aguardente, porqüanto essa substância invadia todos os escaninhos do estômago e, começando a fazer-se sentir nas paredes do esôfago, manifestava a sua influência até no bolo fecal. Espantava-me o fígado enorme. Pequeninas figuras horripilantes postavam-se, vorazes, ao longo da veia porta, lutando desesperadamente com os elementos sanguíneos mais novos. Toda a estrutura do órgão se mantinha alterada. Terrível ingurgitamento. Os lóbulos cilíndricos, modificados, abrigavam células doentes e empobrecidas. O baço apresentava anomalias estranhas.
– Os alcoólicos – esclareceu Alexandre, com grave entonação – aniquilavam-no vagarosamente. Você está examinando as anormalidades menores. Este companheiro permanece completamente desviado em seus centros de equilíbrio vital. Todo o sistema endocrínico foi atingido pela atuação tóxica. Inutilmente trabalha a medula para melhorar os valores da circulação. Em vão, esforçam-se os centros genitais para ordenar as funções que lhes são peculiares, porque o álcool excessivo determina modificações deprimentes sobre a própria cromatina. Debalde trabalham os rins na excreção dos elementos corrosivos, porque a ação perniciosa da substância em estudo anula diariamente grande número de nefrons. O pâncreas, viciado, não atende com exatidão ao serviço de desintegração dos alimentos. Larvas destruidoras exterminam as células hepáticas. Profundas alterações modificam-lhe as disposições do sistema nervoso vegetativo e, não fossem as glândulas sudoríparas tornar-se-lhe-ia, talvez impossível a continuação na vida física. (As glândulas sudoríparas dos mamíferos são glândulas que produzem o suor, função importante para regular a temperatura do corpo e eliminar substâncias tóxicas. São glândulas tubulares enroladas derivadas das camadas exteriores da pele mas se estendendo até a camada interna. Elas estão distribuídas por quase toda superfície do corpo em humanos e várias outras espécies, mas não são encontradas em algumas espécies marinhas e que vestem pele, nem estão presentes em todos os vertebrados terrestres e não abrem na base dos folículos pilosos dos mamíferos.
Não conseguia dissimular minha admiração. Alexandre indicava os pontos enfermiços e esclarecia os assuntos com sabedoria e simplicidade tão grandes que não pude ocultar o assombro que se apoderara de mim.
“O alcoólatra muitas vezes perde o controle e a consciência de si mesmos, servindo como cobaias de espíritos mal intencionados. “Ao oferecer sintonia mental, sem se dar conta, enquanto satisfaz o próprio desejo, o encarnado inconscientemente obedece ao comando da mente invisível, que o envolve de forma sutil e sorrateira bebendo junto com ele, colocando-o numa situação infeliz, e envolvendo-o, numa simbiose extremamente perigosa”.
Como isso é possível? O ser humano não tem defesa contra essas investida?
“O ser humano tem livre arbítrio, e isso nos permite agir de acordo com a consciência, e colher os frutos da semeadura. Por mais terrível que seja o espírito, ele jamais conseguirá atuar sobre a mente de alguém, que não ofereça campo de atuação pela mesma sintonia vibratória. Dessa forma, se eles conseguiram envolver o encarnado sugando suas energias sorvendo a bebida na simbiose que observamos, é porque o próprio encarnado permitiu que isso ocorresse”.
“Tudo começa nos primeiros goles, que logo em seguida levam ao entorpecimento dos laços fluídicos do corpo perispiritual, pela ação da bebida, a qual levada ao cérebro pela corrente sanguínea, enfraquece o sistema nervoso canal, transmitindo euforia ao indivíduo. É nesse momento que o espírito afim, atua, pois o encarnado apresenta-se propenso a receber as sugestões mentais, que o encorajam a beber mais e mais. Contribuem para esse estado de coisas, em primeiro lugar, as deformidades de caráter, as falhas morais e em seguida, as influências do grupo de amigos, as facilidades aparentes do encorajamento, provocado pela euforia a farra e alegria transitórias e fugaz”. Quando Kardec questionou no L.E. (Q. 459), se os espíritos influenciam a vida do encarnado, a resposta não deixou dúvidas: “ mais do que imaginas, pois de ordinário, são eles que vos dirigem. Mas, é a própria criatura, que elege para si mesma, o tipo de influência e companhia, que quer desfrutar, de acordo com suas preferências e tendências morais”. .Livro Sétimo selo.
CASO 3.
O instrutor colocou-me, em seguida, ao lado de uma dama simpática e idosa. Após examiná-la, atencioso, acrescentou: – Repare nesta nossa irmã. É candidata ao desenvolvimento da mediunidade de incorporação. Fraquíssima luz emanava de sua organização mental e, desde o primeiro instante, notara-lhe as deformações físicas. O estômago dilatara-se lhe horrivelmente e os intestinos pareciam sofrer estranhas alterações. O fígado, consideravelmente aumentado, demonstrava indefinível agitação. Desde o duodeno ao sigmóide, notavam-se anomalias de vulto. Guardava a idéia de presenciar, não o trabalho de um aparelho digestivo usual, e, sim, de vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheirando a vinagre de condimentação ativa. Em grande zona do ventre superlotado de alimentação, viam-se muitos parasitos conhecidos, mas, além deles, divisava outros corpúsculos semelhantes a lesmas voracíssimas, que se agrupavam em grandes colônias, desde os músculos e as fibras do estômago até a válvula ileocecal. Semelhantes parasitos atacavam os sucos nutritivos, com assombroso potencial de destruição. Observando-me a estranheza, o orientador falou em meu socorro:
– Temos aqui uma pobre amiga desviada nos excessos de alimentação. Todas as suas glândulas e centros nervosos trabalham para atender as exigências do sistema digestivo.
Descuidada de si mesma, caiu na glutonaria crassa, tornando-se presa de seres de baixa condição.
E porque me conservasse em silêncio, incapacitado de argumentar, ante ensinamentos tão novos, o instrutor considerou:
– Perante estes quadros, pode você avaliar a extensão das necessidades educativas na esfera da Crosta. A mente encarnada engalanou-se com os valores intelectuais e fez o culto da razão pura, esquecendo-se de que a razão humana precisa de luz divina. O homem comum percebe muito pouco e sente muito menos. Ante a eclosão de conhecimentos novos, em face da onda regeneradora do Espiritualismo que banha as nações mais cultas da Terra. Angustiadas por longos sofrimentos coletivos, necessitamos acionar as melhores possibilidades de colaboração, para que os companheiros terrestres valorizem as suas oportunidades benditas de serviço e redenção.
Se o glutão enxergasse os desequilíbrios aos quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável a frugalidade e a harmonia. Se soubéssemos quão terrível é o resultado do nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto. EMM/F.X. – Fonte Viva,
Normalmente, a ansiedade ao exagero, é proveniente do impulso. C.T.R. em E.T.M., define impulso como, o estado de excitação do sistema nervoso central, que surge em resposta a um estímulo interno ou externo, o qual poderá ser uma pessoa, cena, conversa, palavra, insulto, bebidas, comidas, etc, ou até mesmo, um fragmento inapercebido, de qualquer acontecimento banal em que estejamos metidos. Esse estado de tensão mental, originado por forças inconscientes, aparece por isso na área consciente, quando certos conteúdos do inconsciente são agitados por qualquer estímulos. Inúmeras vezes, não sabemos a que coisa o inconsciente reagiu tão fortemente, a ponto de criar um impulso, que será sentido em forma de súbita emoção ou comando imperioso. Um impulso, pode ser grosseiramente comparado com algo que cresce dentro da pessoa e aumenta a pressão, ou a uma bola de soprar que retida entre as duas mãos, vai sendo insuflada aos poucos.
Um impulso normal, torna-se anormal, quando a satisfação custa a ser obtida, caso em que ele conduz a uma atividade exagerada. Por exemplo os excessos à gula. Esses impulsos prolongados, devem-se a condições mentais anômalas. Os impulsos podem ficar condicionados a presença de certos estímulos, que os despertam no momento adequado. Alguns alimentos estimulam o impulso de comer. Acabam assim , por tornarem-se um sinal para despertar diretamente o impulso correspondente. Quanto mais tempo permanece reprimido um impulso, tanto mais imperioso ele se tornara, e mais numeroso os estímulos capazes de pôr em ação o organismo. Quanto mais fome, menos exigências na escolha de alimentos. (CAP. 5 – Desiquilíbrios. Pág. 173).
Inegavelmente, meu amigo – e sorriu -, não desejamos transformar o mundo em cemitério de tristeza e desolação. Atender a santificada missão do sexo, no seu plano respeitável, usar um aperitivo comum, fazer a boa refeição, de modo algum significa desvios espirituais; no entanto, os excessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculos inferiores. Ora, para os que se trancafiam nos cárceres de sombra, não é fácil desenvolver percepções avançadas.
SANTIFICAI O CORPO.
1Co: 6:13: Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. (Bíblia Sagrada – Novo Testamento).
III – INVASÃO MICROBIANA.
Máquina Divina – Os Mensageiros – Cap. 49 – A.L.- X.C.
Não se passaram muitos minutos e estávamos ao lado do agonizante, cuja situação preocupava o clínico espiritual. Era um cavalheiro de sessenta anos presumíveis, que a leucemia aniquilava morosamente. – Há muitos dias se encontra em coma – explicou o facultativo –, mas temos necessidade de mais forte auxílio magnético, para facilitar o desprendimento.
No aposento, além de duas senhoras desencarnadas – a mãe do agonizante e uma parenta próxima –, viam-se familiares encarnados, dando mostras de grande aflição.
Nosso orientador examinou o enfermo detidamente e sentenciou:
– Nada resta senão a necessidade de concurso para o desligamento final.
Aniceto, a seguir, recomendou observássemos o moribundo com atenção.
Concentrando todas as minhas possibilidades, fixei o enfermo prestes a desencarnar. Notei, com minúcias, que a alma se retirava lentamente através de pontos orgânicos insulados. Assombrado, verifiquei que, bem no centro do crânio, havia um foco de luz mortiça, candelabro aceso às ondulações brandas do vento.
Enchia toda a região encefálica, despertando-me profunda admiração.
– A luz que você observa – disse o instrutor amigo – é a mente, para cuja definição essencial não temos, por agora, conceituação humana.
Notando minha estranheza, Aniceto colocou-me a destra na fronte, transmitindo-me vigoroso influxo magnético, e acentuou:
– Repare a máquina divina do homem, o tabernáculo sagrado que o Senhor permitiu se formasse na Terra para sublime habitação temporária do espírito. Agora, André, não está você diante duma demonstração anatômica da ciência terrestre, examinando carne morta e músculos enrijecidos. Observe agora! O olho mortal não poderá contemplar o que se encontra à sua vista neste instante. O microscópio é ainda pobre, não obstante representar uma nobre conquista para a limitada visão humana.
A cooperação magnética do querido mentor modificara a cena e fui compelido a concentrar todas as minhas energias, a fim de não inutilizar a observação pelo golpe do espanto.
A luz mental, embora fosca, tornara-se mais nítida e o corpo do moribundo agigantou-se, oferecendo-me espetáculo surpreendente aos olhos ansiosos. Parecia-me o corpo, agora, maravilhosa usina nos mais íntimos detalhes. O quadro científico era simplesmente estupefativo. Identificava, em grandes proporções, os nove sistemas de órgãos da máquina humana;(1) o arcabouço ósseo,(2) a musculatura,(3) a circulação sangüínea,(4) o aparelho de purificação do sangue consubstanciado nos pulmões e nos rins,(5) o sistema linfático,(6) o maquinismo digestivo,(7) o sistema nervoso,(8)as glândulas hormonais e(9) os órgãos dos sentidos. Tal revelação histológica era diferente de tudo que eu poderia sonhar nos meus trabalhos de medicina. A circulação do sangue semelhava-se a movimento de canais vitalizadores daquele pequeno mundo de ossos, carne, água e resíduos. Milhões de organismos microscópicos iam e vinham na corrente empobrecida de glóbulos vermelhos.
Presenciava a passagem de formas esquisitas, à maneira de minúsculas embarcações carregadas de bactérias mortíferas. Elementos maiores da flora microbiana transformavam-se em pequeninos barcos hospedando feras minúsculas, às centenas. Invadiam todos os núcleos organizados. Os órgãos, como os pulmões, o fígado e os rins, estavam sendo assaltados, irremediavelmente, por incalculável quantidade de sabotadores infinitesimais. E à medida que se consolidavam os micróbios invasores, em determinadas regiões celulares, alguma coisa se destacava, lentamente, da zona atacada, como se um molde sempre novo fosse expulso da forma gasta e envelhecida, reconhecendo eu, desse modo, que a desencarnação se operava através de processo parcial, facultando-me ilações preciosas. Reparei que algumas glândulas faziam desesperado esforço para enviar aos centros invadidos determinadas porções de hormônios, que eram incontinente/e absorvidos pelos elementos letais. O plasma sanguíneo figurava-se líquido estranho e gangrenoso. Pela excessiva movimentação da onda mental, observei que o moribundo tentava readquirir a direção dos fenômenos orgânicos, mas em vão. Todos os complexos celulares atritavam entre si e as bactérias pareciam gozar o direito de multiplicação crescente e festiva.
Reparei que algumas glândulas faziam desesperado esforço para enviar aos centros invadidos determinadas porções de hormônios, que eram incontinente/e absorvidos pelos elementos letais. O plasma sanguíneo figurava-se líquido estranho e gangrenoso. Pela excessiva movimentação da onda mental, observei que o moribundo tentava readquirir a direção dos fenômenos orgânicos, mas em vão. Todos os complexos celulares atritavam entre si e as bactérias pareciam gozar o direito de multiplicação crescente e festiva.
– Está vendo a máquina divina, formada pelo molde espiritual preexistente? – Perguntou Aniceto, compreendendo-me a profunda admiração. O corpo do homem encarnado é um tabernáculo e uma bênção. Nesta hecatombe angustiosa de uma existência, pode você reparar que todos os movimentos do corpo estão subordinados à administração da mente. O organismo vivo, André, representa uma conquista laboriosa da Humanidade terrestre, no quadro de concessões do Eterno Pai. Pode você, agora, identificar os movimentos da matéria viva. Cada órgão é um departamento autônomo na esfera celular, subordinado ao pensamento do homem.
Cada glândula é um centro de serviços ativos. Há muita afinidade entre o corpo físico e a máquina moderna. São ambos impulsionados pela carga de combustível, com a diferença de que no homem a combustão química obedece ao senso espiritual que dirige a vida organizada. É na mente que temos o governo dessa usina maravilhosa. Não possuímos, aí, tão construtivo ou destrutivo. Cada célula é minúsculo motor, trabalhando ao impulso mental.
Aniceto calou-se por momentos e, enquanto eu via, aterrado, os mais estranhos fenômenos microbianos no corpo do moribundo, volveu ele à palavra educativa:
– Vemos aqui um irmão no momento da retirada. Repare a incapacidade dele para governar as células em conflito. A corrente sanguínea transformou-se em veículo de invasores mortíferos, que não encontraram qualquer fortificação na defensiva. Observe e identificará milhões de unidades da tuberculose, da lepra, da difteria, do câncer, que até agora estavam contidos nos porões da atividade fisiológica, pela defesa organizada, e que se multiplicam assustadoramente, de par com outros micróbios tão prolíferos quão terríveis. A nutrição foi interrompida. Não há possibilidade de novos suprimentos hormonais. O agonizante retrai-se aos poucos e ainda não abandonou totalmente a carne, por falta de educação mental.
Vê-se pelo excesso de intemperança das células, sobre as quais não exerce nem mesmo um controle parcial, que este homem viveu bem distante da disciplina de si mesmo.
Seus elementos fisiológicos são demasiadamente impulsivos, atendendo muito mais ao instinto que ao movimento da razão concentrada.
A falar verdade, este nosso amigo não se está desencarnando, está sendo expulso da divina máquina, onde, pelo que vemos, não parece ter prezado bastante os sublimes dons de Deus.
Invasão microbiana .
Vimos então, como se processam as invasões microbianas, no organismo. André Luiz, discorre sobre esse assunto com exímia propriedade, no capítulo 20 do livro Exibição em dois mundos, a saber:
“A invasão microbiana está vinculada a causas espirituais”?
Excetuados os quadros infecciosos pelos quais se responsabiliza a ausência da higiene comum, as depressões criadas em nós por nós mesmos, nos domínios do abuso de nossas forças, seja adulterando as trocas vitais do cosmo orgânico pela rendição ao desequilíbrio, seja estabelecendo perturbações em prejuízo dos outros, plasmam, nos tecidos fisiopsicossomáticos que nos constituem o veículo de expressão, determinados campos de ruptura na harmonia celular. Verificada a disfunção, toda a zona atingida pelo desajustamento se torna passível de invasão microbiana, qual praça desguarnecida, porque as sentinelas naturais não dispõem de bases necessárias à ação regeneradora que lhes compete, permanecendo muitas vezes, em devedor do ponto lesado, buscando delimitar-lhe a presença ou jugular-lhe a expansão. Desarticulado, pois, o trabalho sinérgico das células nesse ou naquele tecido, aí se interpõem as unidades mórbidas, quais as do câncer, que, nesta doença, imprimem acelerado ritmo de crescimento a certos agrupamentos celulares, entre as células sãs do órgão em que se instalem, causando tumorações invasoras e metastáticas, compreendendo-se, porém, que a mutação, no início, obedeceu a determinada distonia, originária da mente, cujas vibrações sobre as células desorganizadas tiveram o efeito das projeções de raios X ou de irradiações ultravioleta, em aplicações impróprias. Emerge, então, a moléstia por estado secundário em largos processos de desgaste ou devastação, pela desarmonia a que compele a usina orgânica, a esgotar-se, debalde, na tarefa ingente da própria reabilitação no plano carnal, quando o enfermo, sem atitude de renovação moral, sem humildade e paciência, espírito de serviço e devotamento ao bem, não consegue assimilar as correntes benéficas do Amor Divino que circulam, incessantes, em torno de todas as criaturas, por intermédio de agentes distintos e inumeráveis, a todas estimulando, para o máximo aproveitamento da existência na Terra. Quando o doente, porém, adota comportamento favorável a si mesmo, pela simpatia que instila no próximo, as forças físicas encontram sólido apoio nas radiações de solidariedade e reconhecimento que absorve de quantos lhe recolhem o auxílio direto ou indireto, conseguindo circunscrever a disfunção aos neoplasmas benignos, que ainda respondem à influência organizadora dos tecidos adjacentes. Sob o mesmo princípio de relatividade, a funcionar, inequívoco, entre doença e doente, temos a incursão da tuberculose e da lepra, da brucelose e da amebíase, da endocardite bacteriana e da cardiopatia chagásica, e de muitas outras enfermidades, sem nos determos na discriminação de todos os processos morbosos, cuja relação nos levaria a longo estudo técnico. É que, geralmente, quase todos eles surgem como fenômenos secundários sobre as zonas de predisposição enfermiça que formamos em nosso próprio corpo, pelo desequilíbrio de nossas forças mentais a gerarem rupturas ou soluções de continuidade nos pontos de interação entre o corpo espiritual e o veículo físico, pelas quais se insinua o assalto microbiano a que sejamos mais particularmente inclinados pela natureza de nossas contas cármicas. Consolidado o ataque, pela brecha de nossa vulnerabilidade, aparecem as moléstias sintomáticas ou assintomáticas, estabilizando-se ou irradiando-se, conforme as disposições da própria mente, que trabalha ou não para refazer a defensiva orgânica em supremo esforço de reajuste, ou que, por automatismo, admite ou recusa, segundo a posição em que se encontra no princípio de causa e efeito, a intromissão desse ou daquele fator patogênico, destinado a expungir dela, em forma de sofrimento, os resíduos do mal, correspondentes ao sofrimento por ela implantado na vida ou no corpo dos semelhantes. Não será lícito, porém, esquecer que o bem constante gera o bem constante e que, mantida a nossa movimentação infatigável no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativamente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxílio, nascidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e amor puro, sem necessidade expressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para eliminar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos incorporem, ainda, ao fundo mental. Amparo aos outros cria amparo a nós próprios, motivo por que os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na auto defensiva contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus. Pedro Leopoldo, 29/6/58.
Fontes:
- Evolução em dois mundos – André Luiz- F. Xavier e W. Vieira.
- Missionários da luz. André Luiz e Da. Xavier.
- Leis de amor. Emmanuel – F. Xavier e W. Vieira.
- No mundo maior. André Luiz e F. Xavier.
- Sétimo selo. Antônio Demarchi.
- Livro dos espíritos. Allan Kardec.
- Bíblia Sagrada. JFA.
- Evolução para o terceiro milênio. Carlos Toledo Rizzini
- Falando a Terra. Joaquim Murtinho.
- Culpa é libertação. Emmanuel e F. Xavier.