Ressurreição – palestra 27.9.17
RESSURREIÇÃO
Estudo CELC, Jane – 27.09.2017
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre tal é a lei. Allan Kardec
Jo 11: 25 Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?
Atos 2: 22… Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis, depois de ter sido entregue, segundo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de ímpios. Mas Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era possível que ela o retirasse em seu poder.
Mt 10:7 Por onde andares, anunciai que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios…
Segundo André Luiz, no livro “Libertação”, o homem lida com a razão há cerca de 40.000 anos (Consciência que o individuo tem de si mesmo e do meio em que o cerca)- Com a conquista da razão, aparecem o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).
A Gênese cap. XI 26. A encarnação não é pois, uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio dele progredir.
Para os arqueólogos, cerca de 1,8 milhão de anos atrás, o Homo erectus integrou o sentimento de compaixão com o pensamento racional através de ações como cuidar dos doentes e dedicar atenção especial aos mortos, demonstrando luto e desejo de suavizar o sofrimento alheio.
As comunidades primitivas, agropastoris, inclinadas ao culto agrícola e ao culto da fertilidade, acreditavam, originariamente, que, em sepultando seus mortos nas proximidades dos campos agrícolas, os Espíritos desses cadáveres ressurgiriam à vida com mais vigor, quais sementes plantadas em solo fértil, mas acreditavam que isso se daria como algo secreto e misterioso. Com essa crença, reverenciavam-se os mortos próximos às tumbas, com festas e, sobretudo, com muita alegria, prática que se estendeu viva em algumas culturas contemporâneas.
Cremos que as sepulturas datadas da era paleolítica comprovam já haver naquele período uma crença na vida após a morte e no poder ou influência dos ancestrais sobre a vida cotidiana do grupo familiar. http://www.oconsolador.com.br/ano9/414/especial.html
Os judeus seguidores da Torá acreditam na reencarnação (Severino Celestino)
Lei de Justiça
Isaias 26:19 Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.
Q 617 L.E: A lei de Deus é eterna?- Ela é eterna e imutável quanto o próprio Deus. É dado ao homem se aprofundar em ambas? – Sim, mas uma só existência não é suficiente.
OBS: … Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens. Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contêm as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais.
O primeiro passo é nosso… Mt 7:7 “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.
619 ? A pergunta: Deus proporcionou a todos os homens os meios de conhecerem a sua Lei?
A resposta: Todos podem conhecê-la; mas nem todos a compreendem; os que melhor a compreendem são os homens de bem e os que desejam pesquisá-la. Não obstante, todos um dia a compreenderão, porque é necessário que o progresso se realize.
OBS. A.K.: A justiça das diversas encarnações do homem é uma consequência deste princípio, pois que, em cada nova existência, sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se numa só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o se instruírem?
Q 621- Onde está escrita a lei de Deus?- Na consciência.
Objetivo: Dessa forma o homem se torna responsável pela própria evolução e conscientes do caminho a percorrer. E o caminho é buscar a verdade como disse o Cristo. Buscá-la para que sejamos libertos. Compreender as leis que regem a Vida e a evolução. As leis do Pai. A ressurreição, como veremos é uma lei de evolução. Aprendizado, cura, orientação e expiação.
Pela Fé ofereceu Abraão a Isaque quando foi provado; ofereceu Isaque, estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas,(…) porque considerou que Deus era Poderoso para o ressuscitar dentre os mortos”… (Hebreus 11.17-18)
Ressurreição (em latim: resurrectio, em grego: anastasis) significa literalmente “levantar; erguer, reaparecer”. Esta palavra é usada com frequência nas Escrituras bíblicas, referindo à ressurreição dos mortos. No seio do povo hebreu, a palavra correlata designava diversos fenômenos que eram confundidos na mentalidade da época. O seu significado literal é voltar à vida; assim, o ato de uma pessoa considerada morta viver novamente era chamado ressurreição.
Mas a partir de estudos e observações podemos verificar que o vocabulário da época permitia significações semelhantes para a mesma palavra, ou seja havia diferentes interpretações com sentido semelhante, como: Ressurreição do espírito no mesmo corpo, aparições, materializações, desdobramentos , ressurreição de catalépticos e letargícos, ressurreição em outro corpo, ressurreição dos mortos e a ressurreição da carne. Explicações estas que só encontraremos na Doutrina Espírita.
I Coríntios 15:12 Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos?13 Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. 14 E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus,…
16 Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não ressuscitou.
19 Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.
26 O último inimigo a ser destruído é a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo de seus pés.
Ligação do Espírito ao corpo
A Gênese, cap. XI: 17 Encarnação dos Espíritos. O Espiritismo nos ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação. Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, precisando de um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. Trata-se de um envoltório semimaterial, isto é, que pertence à matéria pela sua origem e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, do Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível,… O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Durante sua união com o corpo, serve de veículo ao pensamento do Espírito, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações produzidas pelos agentes exteriores.
Têm por fios condutores os nervos, como no telégrafo o fluido elétrico tem por condutor o fio metálico. 18. Quando um Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao germe que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do germe, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo que se forma. É por isso que se diz que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse germe, como uma planta na terra. Quando o germe chega ao seu pleno desenvolvimento, a união é completa e então nasce o ser para a vida exterior. Por um efeito contrário, esta união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do germe, cessa desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desagregação do corpo. Mantida até então por uma força atuante, tal união se desfaz logo que essa força deixa de atuar. Então o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e o Espírito é restituído à liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito...
Eclesiastes 12:6 … antes que se rompa o cordão de prata…
I Samuel 2:6 “O Senhor dá a morte e a vida; faz descer à habitação dos mortos e de lá voltar.”
- RESSURREIÇÃO: DESDOBRAMENTO, CATALEPSIA E LETARGIA
O médium sonambúlico (de desdobramento), segundo Kardec, é aquele “que vive por antecipação a vida dos Espíritos”.
Ele desfruta da capacidade de desprender-se do seu corpo físico deixando-o num estado de sonolência, e desloca-se no espaço apenas com seu perispírito. Durante o desdobramento, o Espírito pode sair para longe de seu corpo e visitar locais distantes, conhecidos ou não. Estes locais poderão encontrar-se em nosso plano físico ou nas esferas espirituais. Podem, também, entrar em contato com outros Espíritos, visitar enfermos, assistir Espíritos perturbados, etc.
Com relação ao grau de consciência, os médiuns de desdobramento podem ser classificados em três tipos: conscientes, semi-conscientes e inconscientes. Os primeiros lembram-se perfeitamente de tudo o que realizaram durante o desdobramento, os segundos têm uma recordação relativa, mas os terceiros nada recordam.
O desdobramento pode ser ainda: natural ou provocado (magnético). No primeiro caso, o médium afasta-se de seu corpo sem que seja necessária a atuação de uma outra pessoa. Pode verificar-se em função de uma enfermidade, do sono, prece ou meditação. O desdobramento magnético ou provocado é aquele produzido pela ação fluídico-magnética de
outra pessoa, encarnada ou desencarnada. Os médiuns adestrados são muitas vezes afastados de seu corpo por seus mentores espirituais, durante o sono físico e levados para reuniões de estudo e trabalho no mundo espiritual. Pode acontecer também, que o desdobramento seja provocado por Espíritos viciosos, que desejam envolver o medianeiro em atitudes infelizes, promovendo, muitas vezes, processos obsessivos graves.
Na visão bíblica e de outras religiões ressurreição é a volta do espírito no mesmo corpo, partindo desse entendimento no Espiritismo aprendemos que desdobramento é a capacidade que todo o ser humano possui de projetar a consciência para fora do corpo, pelo entorpecimento deste, como no transe ou sono. Há este desprendimento do Espírito do corpo material, Kardec chamou de emancipação da alma.
Partindo deste princípio observamos que o desdobramento do espírito é uma quase morte e a volta ao corpo é um ressuscitar.
Exemplo:
II Corínt. 12: 2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até o terceiro céu,…
3 E sei que o tal homem , se no corpo ou fora do corpo, não sei: Deus o sabe,
4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir.
Ezequiel 3: 14 Então o Espírito me levantou, e me levou; e eu me fui, amargurado, na indignação do meu espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim.15 E vim ter com os do cativeiro, a Tel-Abibe, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e por sete dias sentei-me ali, pasmado no meio deles.
16 Ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca, avisá-los-ás da minha parte.
Apocalipse 1: 9 Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,11 que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia.
I Reis 17:7 a 24- Elias ressuscita o filho da viúva de Sarepta
… 19”Dá-me o teu filho”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “ Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho? Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste menino volte a ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida…
II Reis cap. 4 “O Filho da Sunamita” v32 a 37… Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu À cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez.Ela entrou e Eliseu disse-lhe:” Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra…
Filha de Jairo Lucas 8:51
Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. 53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta. 54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. 55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
Filho da viúva de Naim Lucas 7:11
Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te. 15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
Ressurreição de uma mulher em Jope Atos 9:36
Em Jope havia uma discípula chamada Tabita- em grego, Dorcas. Esta era rica em boas obras e esmola que dava. Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer… ouvindo dizer os discípulos que Pedro aí se encontrava, enviaram-lhe dois homens rogando-lhe: “Não te demores em vir ter conosco.” Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles… Pedro pôs de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!” Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva. Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos crera no Senhor.
Lázaro (4 dias morto) João 11: 37
Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morreste? 38 Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela. 39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias. 40 Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?41 Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste. 42 Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste. 43 E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro vem para fora! 44 Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. 45 Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele. 46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
À Genese cap.14:39 –O fato da volta à vida corporal, de um indivíduo realmente morto, seria contrário às leis da natureza, e por conseguinte, mais miraculoso. Ora, não e necessário recorrer a esta ordem de fatos para explicar as ressurreições operadas pelo Cristo.
Se, entre nós, as aparências enganam por vezes os profissionais, os acidentes dessa natureza deviam ser bem mais frequentes num país onde não se tomasse nenhuma precaução, e onde o sepultamento fosse imediato.(EX: Atos cap.5 v, 5 Ananias e Safira… Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes. 6 Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo, e levando-o, o sepultaram.) Há ,pois, toda a probabilidade de que, nos dois exemplos acima citados apenas houve síncope e letargia. Jesus mesmo diz, positivamente, em relação À filha de Jairo: Esta moça não está morta, ela apenas está adormecida. (síncope- perda transitória da consciência/ letargia- espécie de sonolência profunda, mórbida)
Dado o poder fluídico que possuía Jesus, nada há de espantoso que o fluído vivificante, dirigido por uma forte vontade, haja reanimado os sentidos entorpecidos; e mesmo que ele tenha podido voltar ao corpo o Espírito prestes, à deixa-lo, enquanto o liame perispiritual não estivesse definitivamente rompido. Para os homens daquele tempo, que julgavam estar o espírito morto, desde que não respirasse mais, houve ressurreição, e isso poderão afirmar, com toda boa fé; porém houve na verdade cura, e não ressurreição, na acepção da palavra.
- A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, de nenhum modo infirma este princípio. Ele estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém, que há letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há
decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.
E quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas como o sabia ela? Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter.
Catalepsia. Ressurreições cap. XIV: 29. A matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico o é igualmente, mas transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o Espírito. As lesões dolorosas do corpo repercutem, pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispirítico, que parece ter nos nervos os seus fios condutores. É o influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo as relações desse fluido com o princípio espiritual, ainda não puderam achar explicação para todos os efeitos. Esta interrupção pode ocorrer pela amputação de um membro ou pela secção de um nervo, mas também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande superexcitação ou preocupação do Espírito. Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, a bem dizer, o fluido perispirítico que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, se opera uma modificação molecular no próprio fluido perispirítico, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido; que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que fazem à sua volta. Efeito análogo, porém mais pronunciado, ocorre com alguns sonâmbulos na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de certos mártires. (Revista espírita, janeiro de 1868: Os Aïssaouas ou os convulsionários da Rua le Peletier.) A paralisia já não tem absolutamente a mesma causa: aí o efeito é todo orgânico; são os próprios nervos, os fios condutores que se tornam inaptos à circulação fluídica; são as cordas do instrumento que se alteraram.
- Em certos estados patológicos, em que o Espírito deixou o corpo e o perispírito só se acha aderido a ele por meio de alguns pontos, o corpo apresenta todas as aparências da morte, de sorte que se enuncia uma verdade absoluta, dizendo que a vida aí está por um fio. Tal estado pode durar mais ou menos tempo, podendo mesmo certas partes do corpo entrar em decomposição, sem que, no entanto, a vida se ache definitivamente extinta. Enquanto não está rompido o último fio, o Espírito pode, quer por uma ação enérgica da sua própria vontade, quer por um influxo fluídico estranho, igualmente forte, ser chamado de volta ao corpo. É como se explicam certos fatos de prolongamento da vida contra todas as probabilidades e algumas supostas ressurreições. É a planta a renascer, como às vezes acontece de uma só fibrila da raiz. Quando, porém, as últimas moléculas do corpo fluídico já se destacaram do corpo carnal ou quando este último já chegou a um estado irreparável de degradação, o regresso à vida se torna impossível. (Ex: Cômas nos hospitais, aparelhos na U.T.I)
Consolador 317: A ressurreição de Lázaro, operada pelo Mestre, tem um sentido oculto, como lição à Humanidade?
O episódio de Lázaro era um selo divino identificando a passagem do Senhor, mas também foi o símbolo sagrado da ação do Cristo sobre o homem, testemunhando que o seu amor arrancava a Humanidade do seu sepulcro de misérias, Humanidade da qual tem o Senhor dado o sacrifício de suas lágrimas, ressuscitando-a para o sol da vida eterna, nas sagradas lições do seu Evangelho de amor e de redenção.
- RESSURREIÇÃO: APARIÇÕES E MATERIALIZAÇÕES
Mateus 27:50 De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
51 E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,52 os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados; 53 e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
I Cor. 15:4 “… que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras;
5 que apareceu a Cefas, e depois aos doze; 6 depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram;7 depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;”
Mateus 17: 1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; 2 e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.5 Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. 6 Os discípulos, ouvindo isso, cairam com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados. 7 Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais.
Parábolas e Ensinos de Jesus/ Cairbar: Moisés e Elias ressucitaram em corpo epiritual.
Ressurreição é termo que se pode ser empregado sob o ponto de vista material e espiritual.
À Genese cap. 15 APARIÇÃO DE JESUS, APÓS SUA MORTE
- Mas, Maria (Madalena) se conservou fora, perto do sepulcro, a derramar lágrimas. E,
estando a chorar, como se abaixasse para olhar dentro do sepulcro — viu dois anjos vestidos
de branco, assentados no lugar onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira, o outro do lado dos pés. — Disseram- lhe eles: Mulher, por que choras? Ela respondeu: É que levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram. Tendo dito isto, voltou- se e viu a Jesus de pé, sem saber, entretanto que fosse Jesus. — Este então lhe disse: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, pensando fosse o
jardineiro, lhe disse: Senhor, se foste tu quem o tirou, dize-me onde o puseste e eu o levarei. Disse- lhe Jesus: Maria. Logo ela se voltou e disse: Rabboni , isto é: Meu Senhor. — Jesus lhe respondeu: Não me toques, porquanto ainda não subi para meu Pai; mas, vai ter com meus irmãos e dize- lhes de minha parte: Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi então dizer aos discípulos que vira o Senhor e que este lhe dissera aquelas coisas. (S. João, 20:11 a 18.)
Lu 24:13 Na estrada de Emaús… Ao aproximarem- se da aldeia para onde se dirigiam, ele deu mostras de que ia mais longe. — Os dois o obrigaram a deter-se, dizendo- lhe: Fica conosco, que já é tarde e o dia está em declínio. Ele entrou com os dois. — Estando com eles à mesa tomou do pão, abençoou-o e lhes deu. — Abriram- se- lhes ao mesmo tempo os olhos e ambos o reconheceram; ele, porém, lhes desapareceu das vistas. Então, disseram um ao outro: Não é verdade que o nosso coração ardia dentro de nós, quando ele pelo caminho nos falava, explicando- nos as Escrituras?
E, erguendo- se no mesmo instante, voltaram a Jerusalém e viram que os onze apóstolos e os que continuavam com eles estavam reunidos – e diziam: O Senhor em verdade ressuscitou e apareceu a Simão.
Então, também eles narraram o que lhes acontecera em caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.Enquanto assim confabulavam, Jesus se apresentou no meio deles e lhes disse: A paz seja convosco; sou eu, não vos assusteis.
Mas, na perturbação e no medo de que foram tomados, eles imaginaram estar vendo um Espírito. E Jesus lhes disse: Por que vos turbais? Por que se elevam tantos pensamentos nos vossos corações?
Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo. Tocai- me e considerai que um Espírito não tem carne, nem osso, como vedes que eu tenho. Dizendo isso, mostrou- lhes as mãos e os pés. Mas, como eles ainda não acreditavam, tão transportados de alegria e de admiração
se achavam, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que se coma?
Eles lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um favo de mel.
Ele comeu diante deles…
- Ora, Tomé, um dos doze apóstolos, chamado Dídimo, não se achava com eles quando Jesus lá foi vindo. — Os outros discípulos então lhe disseram: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes disse: Se eu não vir nas suas mãos as marcas dos cravos que as atravessaram e não puser o dedo no buraco feito pelos cravos e minha mão no rasgão do seu lado, não acreditarei, absolutamente. Oito dias depois, estando ainda os discípulos no mesmo lugar e com eles Tomé, Jesus se apresentou, achando- se fechadas as portas, e, colocando-se no meio deles, disse- lhes: A paz seja convosco.
Disse em seguida a Tomé: Põe aqui o teu dedo e olha minhas mãos; estende também
a tua mão e mete-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas fiel. — Tomé lhe respondeu: Meu
Senhor e meu Deus! — Jesus lhe disse: Tu creste, Tomé, porque viste; ditosos os que creram
sem ver. (S. João, 20:24 a 29.)
Jesus também se mostrou depois aos seus discípulos à margem do mar de Tiberíades… Sem que seus discípulos lhe reconhecessem e ainda lhes orientou quanto ao lado para jogar a rede pois a noite toda não haviam pescado nada. (S. João, 21:1 a 8.)
- Depois disso, ele os conduziu para Betânia e, tendo lavado as mãos, os abençoou — e,
Tendo os abençoado, se separou deles e foi arrebatado ao céu.
- Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece; uns o vêem, outros não, sob aparências que não o tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostrasse em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso, peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira; todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa simultaneamente surpresa e medo; ao vêlo, seus discípulos não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem que já não é um homem.
Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. (Cap. XIV, nos 14 e 35 a 38.)
OBS: Cap XIV, II 36… Os seres que se apresentam nestas condições não nascem nem morrem como os outros homens; são vistos, e depois não são vistos mais, sem saber de onde vieram, como vieram , nem onde vão…
Tal é o caráter dos agêneres,..
- Ressurreição: Reencarnação e Expiação
I Coríntios 15: 35 Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm? 36 Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.
37 E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. 38 Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.
Mateus cap.18:8 Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno. 9 E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.
40 Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. 44 Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. 50 Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção. 51 Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados,52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.
E.S.E cap.4: 1 – E veio Jesus para os lados de Cesaréia de Felipe, e interrogou seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, mas outros que é Elias, e outros que Jeremias ou algum dos Profetas. Disse-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que sou eu? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, filho do Deus vivo. E respondendo Jesus, lhe disse: Bem aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai, que está nos Céus”. (Mateus, XVI: 13-17)
2 – E chegou a Herodes, o Tetrarca notícia de tudo o que Jesus obrava, e ficou como suspenso, porque diziam uns: É João que ressurgiu dos mortos; e outros: É Elias que apareceu; e outros: É um dos antigos profetas que ressuscitou. Então disse Herodes: Eu mandei degolar a João; quem é, pois, este, de quem ouço semelhantes coisas? E buscava ocasião de o ver. (Marcos, VI: 14-15; Lucas, IX: 7-9)
3 – (Após a transfiguração). E os discípulos lhe perguntaram, dizendo: Pois por que dizem os escribas que importa vir Elias primeiro? Mas ele, respondendo, lhes disse: Elias certamente há de vir, e restabelecerá todas as coisas: digo-vos, porém, que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes fizeram dele quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer às suas mãos. Então compreenderam os discípulos que de João Batista é que ele lhes falara. (Mateus, XVII: 10-13; Marcos, XVIII: 10-12)
4 – A reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição. Somente os saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As ideias dos judeus sobre essa questão, como sobre muitas outras, não estavam claramente definidas. Porque só tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem podia reviver, sem terem uma ideia precisa da maneira por que isso se daria, e designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo chama, mais justamente, de reencarnação. Com efeito, a ressurreição supõe o retorno à vida do próprio cadáver, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já estão há muito dispersos e consumidos. A reencarnação é à volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, novamente constituído, e que nada tem a ver com o antigo. A palavra ressurreição podia, assim, aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos demais profetas. Se, portanto, segundo sua crença, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João tinha sido visto criança e seus pais eram conhecidos. João podia ser, pois, Elias reencarnado, mas não ressuscitado.
5 – E havia um homem dentre os fariseus, por nome Nicodemos, senador dos judeus. Este, uma noite, veio buscar a Jesus, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres, que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Jesus respondeu e lhe disse: Na verdade, na verdade te digo que não pode ver o Reino de Deus senão aquele que renascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez? Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus, o que é nascido de carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que vos importa nascer de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Perguntou Nicodemos: Como se pode fazer isto? Respondeu Jesus: Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo: que nós dizemos o que sabemos, e damos testemunho do que vimos, e vós, com tudo isso, não recebeis o nosso testemunho. Se quando eu vos tenho falado das coisas terrenas, ainda assim me credes, como creríeis, se eu vos falasse das celestiais? (João, III: 1-12)
6 – A ideia de que João Batista era Elias, e de que os profetas podiam reviver na Terra, encontra-se em muitas passagens dos Evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas (nº 1 a 3). Se essa crença fosse um erro, Jesus não deixaria de combatê-la, como fez com tantas outras. Longe disso, porém, ele a sancionou com toda a sua autoridade, e a transformou num princípio, fazendo-a condição necessária, quando disse: Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de novo. E insistiu, acrescentando: Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário nascer de novo.
7 – Estas palavras: “Se não renascer da água e do Espírito”, foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do batismo. Mas o texto primitivo diz simplesmente: Não renascer da água e do Espírito, enquanto que, em algumas traduções, a expressão do Espírito foi substituída por do Espírito Santo, o que não corresponde ao mesmo pensamento. Esse ponto capital ressalta dos primeiros comentários feitos sobre o Evangelho, assim como um dia será constatado sem equívoco possível.(1)
8 – Para compreender o verdadeiro sentido dessas palavras, é necessário reportar à significação da palavra, que não foi empregada no seu sentido específico. Os antigos tinham conhecimentos imperfeitos sobre as ciências físicas, e acreditavam que a Terra havia saído das águas. Por isso, consideravam a água como o elemento gerador absoluto. É assim que encontramos no Gênesis: “O Espírito de Deus era levado sobre as águas”, “flutuava sobre as águas”, “que o firmamento seja no meio das águas”, que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar, e que o elemento árido apareça”, “que as águas produzam animais viventes, que nadem na água, e pássaros que voem sobre a terra e debaixo do firmamento”.
Conforme essa crença, a água se transformara no símbolo da natureza material, como o Espírito o era da natureza inteligente. Estas palavras: “Se o homem renascer da água e do Espírito”, ou “na água e no Espírito”, significam pois: “Se o homem não renascer com o corpo e a alma”. Neste sentido é que foram compreendidas no princípio.
Esta interpretação se justifica, aliás, por estas outras palavras: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito”. Jesus faz aqui uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. “O que é nascido da carne é carne”, indica claramente que o corpo procede apenas do corpo, e que o Espírito é independente dele.
10 – Desde os tempos de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força, e os que fazem violência são os que o arrebatam. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E se vós o quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos de ouvir, ouça”. (Mateus, XI: 12-15)
11 – Se o princípio da reencarnação, expresso em São João, podia, a rigor, ser interpretado num sentido puramente místico, já não aconteceria o mesmo nesta passagem de São Mateus, onde não há equívoco possível: “Ele mesmo é o Elias que há de vir”. Aqui não existe figura, em alegoria; trata-se de uma afirmação positiva. “Desde o tempo de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força”, que significam estas palavras, pois João ainda vivia no momento em que foram ditas? Jesus as explica, ao dizer: “E se vós o quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir”. Ora, João tendo sido Elias, Jesus alude ao tempo em que João vivia com o nome de Elias. “Até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força”, é outra alusão à violência da lei mosaica, que ordenava o extermínio dos infiéis, para a conquista a Terra Prometida, Paraíso dos hebreus que, segundo a nova lei, o céu é ganho pela caridade e pela brandura. A seguir, acrescenta: “O que tem ouvidos de ouvir, ouça”. Essas palavras, tão frequentemente repetidas por Jesus, exprimem claramente que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades.
OBS: João batizava para que os homens se arrependessem e se convertessem ao Deus único, inciava a preparação do caminho a Jesus que pregou o amor do Pai.
Antigo Testamento:
I Reis 18:19 Agora pois manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel…
40 Disse-lhes Elias: Agarrai os profetas de Baal! que nenhum deles escape: Agarraram-nos; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, onde os matou…Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como matara à espada todos os profetas.
II Reis 1:8 Responderam-lhe eles: Era um homem vestido de pelos, e com os lombos cingidos dum cinto de couro. Então disse ele: É Elias, o tesbita.
Malaquias 3:23 “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor, ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais…”
Novo: Lucas 1:16 “… ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;17 irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.”
Mateus 17: 4 Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
12 – Os teus mortos viverão. Os meus, a quem tiraram a vida, ressuscitarão. Despertai e cantai louvores, vós os que habitais no pó, porque o orvalho que cai sobre vós é orvalho de luz, e arruinareis a terra e o reino dos gigantes”. (Isaias, XXVI: 19)
13 – Esta passagem de Isaias é também bastante clara: “Os teus mortos viverão”. Se o profeta tivesse querido falar da vida espiritual, se tivesse querido dizer que os mortos não estavam mortos em Espírito, teria dito: “ainda vivem”, e não: “viverão”…
16 – Não é, pois, duvidoso, que sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação fosse uma das crenças fundamentais dos judeus, e que ela foi confirmada por Jesus e pelos profetas, de maneira formal. Donde se segue que negar a reencarnação é renegar as palavras do Cristo. Suas palavras, um dia, constituirão autoridade sobre este ponto, como sobre muitos outros, quando forem meditadas sem partidarismo.
17 – … Somente ela pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, por que se encontra na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida.
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências, a maior parte das máximas do Evangelho são ininteligíveis, e por isso tem dado motivo a interpretações tão contraditórias. Esse princípio é a chave que deve restituir-lhes o verdadeiro sentido.
Hebreus 4:
Ver Concilio de Constantinopla ll (ano 553), cancelamento da crença na reencarnação na igreja
- Ressurreição da carne
Gênesis 3:1-19 “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.
L.E Perg. 1010 – O dogma da ressurreição da carne é a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos ?— Como quereis que seja de outro modo? Dá-se com essa expressão o que se dá como tantas outras, que só parecem desarrazoadas aos olhos de certas pessoas que a tomam ao pé da letra e por isso são levadas a incredulidade. Dai-lhe, porém, uma interpretação lógica e esses a que chamais livres-pensadores a admitirão sem dificuldades, precisamente porque raciocinam. Não vos enganeis, esses livres-pensadores nada mais procuram do que crer; eles têm, como os outros, mais talvez do que os outros, ansiedade pelo futuro, mas não podem admitir o que é absurdo para a Ciência. A doutrina da pluralidade das existências se conforma a justiça de Deus; somente ela pode explicar o que sem ela é inexplicável. Como quereríeis que esse princípio não estivesse na religião!
Perg. 1010a. – Então a Igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina a doutrina da reencamação? – Isso é evidente. Essa doutrina é a consequência de muitas coisas passaram despercebidas e que não se tardará a compreender nesse ido; dentro em pouco se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a-cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, portanto, subverter a religião, como pretendem alguns, mas vêm, pelo contrário, confirmá-la, sancioná-la por meio de provas irrecusáveis. E corno é chegado o tempo de substituir a linguagem figurada, falam sem alegorias, dando às coisas um sentido claro e preciso que não possa ser objeto de nenhuma falsa interpretação. Eis porque dentro de algum tempo tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes do que as tendes hoje. São Luís.
A Ciência demostra a impossibilidade da ressurreição segundo a ideia vulgar. Se os despojos do corpo humano permanecessem homogêneos, embora dispersados e reduzidos a pó, ainda se conceberia a sua reunião em determinado tempo; mas as coisas não se passam assim. O corpo é formado por elementos diversos; oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono etc. Pela decomposição, esses elementos se dispersam, mas vão servir à formação de novos corpos, e isso de tal maneira que a mesma molécula, por exemplo, de carbono, entrará na composição de muitos milhares de corpos diferentes (não falamos senão dos corpos humanos, sem contar os dos animais). Dessa maneira um indivíduo pode ter em seu corpo moléculas que pertenceram aos homens dos primeiros tempos. E essas mesmas moléculas orgânicas que absorveis nos vossos alimentos provêm talvez do corpo de um indivíduo que conhecestes, e assim por diante. Sendo a matéria de quantidade definida e suas transformações em número indefinido, como poderia cada um desse corpos reconstituir-se com os seus mesmos elementos? Há nisso uma impossibilidade material. Não se pode, portanto, racionalmente admitir a ressurreição da carne, senão como uma figura simbolizando o fenômeno da reencarnação. E então nada há que choque a razão, nada que esteja em contradição com os dados da Ciência.
20 A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. 21 Mas se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e preceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá.
Ezequiel 1
Expiação e evolução
No Pão Nosso Emmanuel nos esclarece a Lei de retorno “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.” – Jesus.
(João, 5:29.) Em raras passagens do Evangelho, a lei reencarnacionista permanece tão clara quanto aqui, em que o ensino do Mestre se reporta à ressurreição da condenação. Como entenderiam estas palavras os teólogos interessados na existência de um inferno ardente e imperecível?
As criaturas dedicadas ao bem encontrarão a fonte da vida em se banhando nas águas da morte corporal. Suas realizações do porvir seguem na ascensão justa, em correspondência direta com o esforço perseverante que desenvolveram no rumo da espiritualidade santificadora, todavia, os que se comprazem no mal cancelam as próprias possibilidades de ressurreição na luz. Cumpre-lhes a repetição do curso expiatório. É a volta à lição ou ao remédio. Não lhes surge diferente alternativa. A lei de retorno, pois, está contida amplamente nessa síntese de Jesus. Ressurreição é ressurgimento. E o sentido de renovação não se compadece com a teoria das penas eternas. Nas sentenças sumárias e definitivas não há recurso salvador. Através da referência do Mestre, contudo, observamos que a Providência Divina é muito mais rica e magnânima que parece. Haverá ressurreição para todos, apenas com a diferença de que os bons tê-la-ão em vida nova e os maus em nova condenação, decorrente da criação reprovável deles mesmos.
Mt 22: 30 pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu. E quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse: Eu sou Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos.”
Jesus:
18 Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito;19 no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; 20 os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus. (1Pedro 3)
Leon Denis – Cristianismo e Espiritismo
Deveremos falar da ressurreição da carne, dogma segundo o qual os átomos do nosso corpo carnal, disseminados, dispersos por mil novos corpos, devem reunir-se um dia, reconstituir nosso invólucro e figurar no juízo final ?
As leis da evolução material, a circulação incessante da vida, o jogo das moléculas que, em inúmeras correntes, passam de forma em forma, de organismo em organismo, tornam inadmissível essa teoria.
O corpo humano constantemente se modifica; os elementos que o compõem renovam-se completamente em alguns anos. Nenhum dos átomos atuais da nossa carne se tornará a achar-se na ocasião da morte, por pouco que se prolongue nossa vida, e os que então constituírem o nosso invólucro, serão dispersos aos quatro ventos do infinito.
A maior parte dos padres da Igreja o entendiam de outro modo. Conheciam eles a existência do perispírito, desse corpo fluídico, sutil, imponderável, que é o invólucro permanente da alma, antes, durante e depois da vida terrestre; denominavam-no corpo espiritual. São Paulo, Orígenes e os sacerdotes de Alexandria afirmavam a sua existência. Na sua opinião, os corpos dos anjos e dos escolhidos, formados com esse elemento sutil, eram “incorruptíveis, delgados, tênues e soberanamente ágeis”.
Por isso, não atribuíam eles a ressurreição senão a esse corpo espiritual, o qual resume, em sua substância quintessenciada, todos os invólucros grosseiros, todos os revestimentos perecíveis que a alma tomou, depois abandonou, em suas peregrinações através dos mundos.
O perispírito, penetrando com a sua energia todas as matérias passageiras da vida terrestre, é de fato o corpo essencial.
A questão achava-se, por esse modo, simplificada. Essa crença dos primeiros padres no corpo espiritual lançava, além disso, luz vivíssima sobre o problema das manifestações ocultas.
Tertuliano (126 D.c escritor, teólogo cristão, questiona a superioridade do clero, sacerdócio universal) diz (“De carne Christi”, cap. VI):
“Os anjos têm um corpo que lhes é próprio e que se pode transfigurar em carne humana; eles podem, por certo tempo, tornar-se perceptíveis aos homens e com eles comunicar visivelmente”.
Torne-se extensivo aos espíritos dos mortos o poder que Tertuliano atribui aos anjos, e aí teremos explicado o fenômeno das materializações e das aparições!
Por outro lado, se consultarmos com atenção as Escrituras, notaremos que o sentido grosseiro atribuído à ressurreição, em nossos dias, pela Igreja, não se justifica absolutamente. Aí não encontraremos a expressão: ressurreição da carne, mas antes: ressuscitar dentre os mortos (a mortuis resurgere), e, num sentido mais geral: a ressurreição dos mortos (resurrectio mortuorum). É grande a diferença.
Segundo os textos, a ressurreição tomada no sentido espiritual é o renascimento da vida de além-túmulo, a espiritualização da forma humana para os que dela são dignos, e não a operação química que reconstituísse elementos materiais; é a purificação da alma e do seu perispírito, esboço fluídico que conforma o corpo material para o tempo de vida terrestre.
É o que o apóstolo se esforçava para fazer compreender: (I Epist. aos Coríntios, XV, 4-50 (traduzido do texto grego); ver também XV, 52-56; Epist. aos Filipenses, III, 21; depois São João, V, 28 e 29; São Inácio, Epístola aos Trallianos, IX, 1):
“Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção; semeia-se em vileza, ressuscitará em glória; semeia-se em fraqueza, ressuscitará em vigor. E semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Eu vo-lo digo, meus irmãos, a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade.”
Muitos teólogos adotam essa interpretação, dando aos corpos ressuscitados propriedades desconhecidas da matéria carnal, fazendo-os “luminosos, ágeis como Espíritos, sutis como o éter, e impassíveis” (Abade Petitm A renovação religiosa, págs. 48-53. )
Tal o verdadeiro sentido da ressurreição dos mortos, como os primeiros cristãos a entendiam. Se vemos, em uma época posterior, aparecer em certos documentos, e em particular no símbolo apócrifo dos apóstolos a expressão “ressurreição da carne”, é isso sempre no sentido da reencarnação (Abade Petit, obra citada, pág. 53) – isto é, de volta à vida material – ato pelo qual a alma reveste uma nova carne para percorrer o campo de suas existência terrestres.(…)
Certos escritores católicos confundem voluntariamente a ação do perispírito e suas manifestações depois da separação do corpo humano com a ideia da “ressurreição da carne”. Já fizemos notar que essa expressão raramente se encontra nas Escrituras. Ai de preferência se encontra a “ressurreição dos mortos” (Ver, por exemplo, I Coríntios, XV, 15 e seguintes).
A ressurreição da carne se torna impossível pelo fato de que as moléculas componentes do nosso corpo atual pertenceram no passado a milhares de corpos humanos, como pertencerão a milhares de outros corpos no futuro. No dia do juízo, qual deste poderia reivindicar a posse dessas moléculas errantes ?
A ressurreição é um fato espírita, que só o Espiritismo torna compreensível. Para o explicar, são os católicos obrigados a recorrer ao milagre, isto é, à violação, por Deus, das leis naturais por ele próprio estatuídas.
Como, sem a existência do perispírito, sem a dupla corporeidade do homem, poder-se-iam explicar os numerosos casos de bilocação relatados nos anais do Catolicismo ?
Afonso de Liguori foi canonizado por se haver mostrado simultaneamente em dois lugares diferentes.
Santo Antônio de Pádua defende seu pai de uma acusação de assassínio perante o Tribunal de Pádua, e denuncia o verdadeiro culpado, no momento mesmo em que pregava na Espanha, em presença de grande número de fiéis.
- Francisco Xavier se mostra várias vezes à mesma hora em lugares muito distantes entre si.
É possível deixar de ver nesses fatos casos de desdobramento do ser humano, e a ação, a distância, do seu invólucro fluídico?
O mesmo sucede com os numerosos casos de aparições de mortos, mencionados nas Escrituras. Eles não são explicáveis senão pela existência de uma forma semelhante a outra que na Terra o Espírito possuía, mais sutil, porém, e mais tênue, e que sobrevive à destruição do corpo carnal. Sem perispírito, sem forma, como poderiam os Espíritos fazer-se reconhecer pelos homens? Como se poderiam eles, no espaço, entre si reconhecer?
O V Concílio Ecumênico de Constantinopla II (553)
A Igreja teve alguns concílios tumultuados. Mas parece que o V Concílio de Constantinopla II (553) bateu o recorde em matéria de desordem e mesmo de desrespeito aos bispos e ao próprio Papa Virgílio, papa da época.
O imperador Justiniano tem seus méritos, inclusive o de ter construído, em 552, a famosa Igreja de Santa Sofia, obra-prima da arte bizantina, hoje uma mesquita muçulmana.
Era um teólogo que queria saber mais que teologia do que o papa. Sua mulher, a imperatriz Teodora, foi uma cortesã e se imiscuía nos assuntos do governo do seu marido, e até nos de teologia.
Contam alguns autores que, por ter sido ela uma prostituta, isso era motivo de muito orgulho por parte das suas ex-colegas. Ela sentia, por sua vez, uma grande revolta contra o fato de suas ex-colegas ficarem decantando tal honra, que, para Teodora, se constituía em desonra.
Para acabar com esta história, mandou eliminar todas as prostitutas da região de Constantinopla cerca de quinhentas.
Como o povo naquela época era reencarnacionista, apesar de ser em sua maioria cristão, passou a chamá-la de assassina, e a dizer que deveria ser assassinada, em vidas futuras, quinhentas vezes; que era seu carma por ter mandado assassinar as suas ex colegas prostitutas.
O certo é que Teodora passou a odiar a doutrina da reencarnação. Como mandava e desmandava em meio mundo através de seu marido, resolveu partir para uma perseguição, sem tréguas contra essa doutrina e contra o seu maior defensor entre os cristãos, Orígenes, cuja fama de sábio era motivo de orgulho dos seguidores do cristianismo, apesar de ele ter vivido quase três séculos antes.
Como a doutrina da reencarnação pressupõe a da preexistência do espírito, Justiniano e Teodora partiram, primeiro, para desestruturar a da preexistência, com o que estariam, automaticamente, desestruturando a da reencarnação.
Em 543, Justiniano publicou um édito, em que expunha e condenava as principais ideias de Orígenes, sendo uma delas a da preexistência.
Em seguida à publicação do citado édito, Justiniano determinou ao patriarca Menas de Constantinopla que convocasse um sínodo, convidando os bispos para que votassem em seu édito, condenando dez anátemas deles constantes e atribuídos a Orígenes.
[O Mistério do Eterno Retorno, pág. 127-127, Jean Prieur, Editora Best Seller, São Paulo, 1996].
A principal cláusula ou anátema que nos interessa é a da condenação da preexistência que, em síntese, é a seguinte: “Quem sustentar a mítica crença na preexistência da alma e a opinião, consequentemente estranha, de sua volta, seja anátema” [A Reencarnação e a Lei do Carma, pág. 47, William Walker Atikinson, Ed. Pensamento, São Paulo, 1997].
Vamos ver agora essa cláusula na íntegra: “Se alguém diz ou sustenta que as almas humanas preexistiram na condição de inteligências e de santos poderes; que, tendo-se enojado da contemplação divina, tendo-se corrompido e, através disso, tendo-se arrefecido no amor a Deus, elas foram, por essa razão, chamadas de almas e, para seu castigo, mergulhadas em corpos, que ele seja anatematizado!” [2. Edward Wriothesley Russel (Repórter norte americano).
O caso Teodora
Embora se esteja quebrando o tabu e o público cada vez mais se interesse pela reencarnação – como qualquer livraria ou jornaleiro o demonstram – os líderes cristãos, com algumas exceções notáveis, ainda consideram o assunto de grande importância potencial, mas inadequado para discussões.
Tudo isso é mais estranho ainda porque a reencarnação é realmente implícita no cristianismo. Porque os cristãos acreditavam que Cristo existiu, como o Filho de Deus, antes de se encarnar na forma humana. Acreditam que sua finalidade era levar os homens a se conduzirem como Ele; e que o seu poder permite que o consiga. Os homens, todavia, dificilmente poderiam fazer isto se as suas naturezas e origens fossem completamente diferentes. E se isto acontecesse certamente Cristo iria mencioná-lo e não iria esperar que fossem como Ele.
Por uma das ironias mais divertidas da História, esta atitude estranha do clero do século vinte é parcialmente o resultado das intrigas desapiedadas de uma cortesã superlidibinosa do Oriente Médio, que viveu acerca de 1400 anos atrás. Trata-se de Teodora, filha de um guardião de ursos, que se tornou amante e mais tarde a esposa do Imperador bizantino Justiniano.
Naquele tempo, muitos cristãos aceitavam a reencarnação como uma parte essencial do cristianismo. Seguiam os ensinamentos de Orígenes, um dos sábios mais brilhantes das Igrejas Cristãs primitivas, que uns 250 anos antes escreveu no seu Princípios: “cada alma… vem a este mundo fortificada pelas fraquezas ou vitórias da vida anterior. Seu lugar neste mundo, como um vaso escolhido para honrar ou desonrar, é determinado pelos seus méritos ou deméritos. Seu trabalho neste mundo determina a sua vida num mundo futuro”.
Esta filosofia enraiveceu Teodora, que queria acreditar – e que o público acreditasse – que sua atividade neste mundo lhe daria a certeza de uma posição, mais eminente no outro. Esperava, em outras palavras, um “céu” imediato, e naturalmente encarou com desagrado qualquer sugestão de que ela só obteria o “céu” em encarnações sucessivas nas quais expiaria seus crimes. Então esforçou-se por tirar tais noções do cristianismo.
Há suspeitas de que tenha sido a responsável pelo assassinato de dois Papas que a ela se opuseram, segundo o estudo fascinante de suas conspirações desonestas pelo romancista e teatrólogo Noel Langley. E, depois de sua morte, Justiniano, que também esperava um “céu” imediato, encerrou a discussão sobre a reencarnação convocando no ano de 553 o Quinto Concílio Ecumênico da Igreja que – em termos modernos – foi cuidadosamente organizado para declarar que a reencarnação era anátema.
Sem dúvida o Imperador e seus bobocas eclesiásticos ordenaram a destruição de qualquer escrito que desenvolvesse ideias sobre a reencarnação porque pretendiam liquidar as últimas reminiscências do ensino sobre esta matéria. E estes escritos poderiam conter algumas das “pérolas” sobre as quais Cristo admoestou seus discípulos que não as jogassem aos porcos – um caminho para segurança, de passagem, que suscitaria uma revolta épica sobre o direito do público de se manter informado se houvesse jornais naqueles tempos. Mas Justiniano e seus colaboradores não fizeram um serviço completo de censura e há ainda algumas referências na bíblia e Apócrifos que, pelo menos, sugerem que a reencarnação foi aceita naturalmente.
À primeira vista, é difícil entender por que as Igrejas Cristãs não questionaram a teologia do Imperador e da Imperatriz dissoluta e do falso concílio. Mas, provavelmente, há duas razões para isto:
Por muitos séculos a autoridade e os dogmas das Igrejas raramente foram contestados, em parte porque todos os que o tentaram receberam certamente um tratamento doloroso e pouco cristão. Mais importante, os líderes cristãos primitivos, que lutaram para aumentar o poder da Igreja, provavelmente julgaram as idéias de Teodora e Justiniano mais eficazes politicamente que o ensinamento da doutrina da reencarnação, porque prometer um “céu” e um “inferno” imediatos dava-lhes mais poder e autoridade que ensinar a doutrina da reencarnação, que promete não somente uma segunda chance mas também muitas outras.
Torna-se difícil rejeitar ou modificar um dogma uma vez cristalizado, como poderemos ver pelas angustiantes discussões teológicas de nossa época atual. Assim, devemos compreender nosso clero moderno que sem culpa própria está preso numa gaiola teológica fabricada – bastante estranhamente – pela filha do alimentador de ursos enjaulados, de 1400 anos atrás.
(RUSSEL, E. W, Reencarnação – O Mistério do Homem, Rio de Janeiro, Artenova, 1972, pp. 128-130).
Fontes:
À Genese
Bíblia
Cristianismo e Espiritismo- Léon Denis
Evangelho Segundo o Espiritismo
Libertação- André Luiz
Obras Póstumas
O Céu e o Inferno
O Livro dos Médiuns
O Consolador
Parábolas e ensinos de Jesus- Cairbar Shutel
CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo Estudos sobre Mediunidade
http://www.oconsolador.com.br/ano9/414/especial.html
http://somostodosum.ig.com.br/artigos/espiritualidade/a-evolucao-segundo-o-espiritismo-7
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ressurreição