Trabalhadores da ultima hora – palestra 25.4.18
Trabalhadores da ultima hora
Estudo CELC – Fernando G. – abril/2018
1 – INTRODUÇÃO
2 – PARÁBOLAS E AS SIMBOLOGIAS NA ÉPOCA DE JESUS
2.1 – JESUS FALA POR PARÁBOLAS
Para entendermos melhor veremos primeiro o porquê de Jesus falar por parábolas e alguns significados delas.
Evolução para o terceiro milênio. Parte IV, capítulo 9, item 3. Carlos Toledo Rizzini
Chama a atenção a frequência com que o Cristo se dirigia ao povo, empregando as pequeninas estórias de fundo moral ditas parábolas. Naturalmente, objetivava facilitar a compreensão dos seus rudes ouvintes para os ensinamentos abstratos que desejava transmitir.
(…)
Uma explicação para essa prática tão usual no Evangelho, que dá conta do atraso intelectual da época, deriva da notável tendência do pensamento primitivo para expressar-se de preferência por meio de imagens ao invés de conceitos, sob formas de representação simbólica em lugar de racional. A essa tendência associa-se frequentemente outra, consistente em dar livre curso às suas opiniões em lugar de controlá-las mediante fatos e padrões éticos. É por isso que há tantos contos e lendas folclóricos entre os povos menos adiantados; o pensamento conceptual é a forma mais elevada de atividade racional e usa palavras e ideias abstratas encadeadas pela lógica e pela razão.
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 4. Allan Kardec:
É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire (2), quando ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios.” Procedia, portanto, com o povo, como se faz com crianças cujas ideias ainda se não desenvolveram. Desse modo, indica o verdadeiro sentido da sentença: “Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entrem a possam ver.” Tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcionado à inteligência daquele a quem se queira instruir, porquanto há pessoas a quem uma luz por demais viva deslumbraria, sem as esclarecer.
Dá-se com os homens, em geral, o que se dá em particular com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua juventude e sua maturidade. Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque, chegados a certo grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem e se guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre sua fé. E então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão, desfalece a fé.
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 6. Allan Kardec:
Pergunta-se que proveito podia o povo tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido se lhe conservava impenetrável? E de notar-se que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambiguidade alguma.
Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: “Eis o que é preciso se faça para ganhar o reino dos céus.” Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará.
Entretanto, mesmo com os apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa inteligência ficava reservada a ulteriores tempos. Foram esses pontos que deram ensejo a tão diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, revelassem as novas leis da Natureza, que lhes tornaram perceptível o verdadeiro sentido.
O Consolador. Questão 290. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier
Poder-se-á reconhecer nas parábolas de Jesus a expressão fenomênica das palavras, guardando a eterna vibração de seu sentimento nos ensinos?
Sim. As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a Humanidade.
As parábolas por serem histórias curtas com ensinamentos morais foram utilizadas por Jesus para a compreensão dos deveres para com Deus
2.2 – SIMBOLOGIA
As parábolas sendo histórias com ensinamentos morais traz uma simbologia que era na época de Jesus muito comum e que tinha significados a sua época. Na parábola dos trabalhadores da vinha Jesus usa termos como reino dos céus, pai de família, trabalhadores, trabalho, tempo, pagamentos, vinha, etc. Procuremos compreender melhor esses termos para entender quais ensinamentos Jesus quis nos passar.
Parábolas Evangélicas. Cap. 7. Rodolfo Calligaris
“O pai de família é Deus; a vinha somos nós, a Humanidade; e o trabalho, a aquisição das virtudes que devem enobrecer nossas almas.”
Outra ideia em relação a vinha esta no:
O Livro dos Espíritos. Prolegômenos. Allan Kardec.
Coloca na cabeça do livro a cepa (Tronco da videira) de vinha que te desenhamos, porque ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nela se encontram reunidos: o corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou o espírito unido à matéria é o grão. O homem quintessência (A essência de algo imaterial, na sua forma mais pura, mais elevada) o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos.
Nesse sentido podemos entender que a purificação do espírito é necessário o trabalho e muitas vezes o sofrimento do mesmo modo que é para fazer o vinho.
Para finalizar essa parte sobre os ensinamentos de Jesus sabemos que “Jesus sendo um espírito de primeira ordem seus ensinamentos é de ordem espiritual.”
Portanto muitas vezes seus ensinamentos não estão relacionados com os afazeres materiais.
3 – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
Essa parábola dos trabalhadores da vinha tem diversos ensinamentos:
– Responsabilidades dos espíritas;
– Justiça divina;
– Tipos de trabalho;
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 20. Allan Kardec
O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de aliciar trabalhadores para trabalhar em sua vinha; tendo acertado com os trabalhadores que eles teriam uma moeda por sua jornada, os enviou à vinha. Saiu ainda na terceira hora do dia, e tendo visto outros que estavam na praça sem nada fazer, lhes disse: Ide vós também, vós outros, para a minha vinha e eu vos darei o que for razoável, e eles para lá se foram. Saiu ainda na sexta e na nona hora do dia, e fez a mesma coisa. E tendo saído na décima primeira hora, encontrou outros que estavam sem nada fazer e lhes disse: Por que permaneceis aí durante todo o dia sem trabalhar? É disseram-lhe, porque ninguém nos aliciou; e ele lhes disse: Ide vós também, vós outros, para a minha vinha.
A tarde tendo chegado, o senhor da vinha disse àquele que tinha a incumbência dos seus negócios: Chamai os obreiros e pagai-lhes, começando desde os últimos até os primeiros. Aqueles, pois, que não tendo vindo para a vinha senão quando da décima primeira hora estava próxima, receberam uma moeda cada um. Os que foram aliciados primeiro, vindo a seu turno, creram que se lhes daria mais, mas não receberam além de uma moeda cada um; e, em a recebendo eles murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes últimos não trabalharam senão uma hora e vós os tornais iguais a nós que carregamos o peso do dia e do calor.
Mas em resposta, ele disse a um deles: Meu amigo, eu não vos fiz injustiça; não acertastes comigo uma moeda pela vossa jornada? Tomai o que vos pertence e ide; por mim quero dar a este último tanto quanto a vós. Não me é, pois, permitido fazer o que quero? e o vosso olho é mau porque eu sou bom?
Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos, porque há muitos chamados e poucos escolhidos. (São Mateus, cap. XX, v. de 1 a 16. Ver também: Parábola do festim de núpcias, cap. XVIII, nº 1).
Segundo Haroldo Dias Dutra em uma palestra em relação as horas podemos entender que:
A primeira é do costume da época e que ainda ocorre sobre o dia divido em duas partes (dia e noite) 12 horas dia e 12 horas noite. Na primeira hora do dia é quando está amanhecendo e quando termina o dia 12º hora.
3.1 – BOA VONTADE PARA TRABALHAR
Instruções dos espíritos
O trabalhador da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua vontade tenha estado à disposição do senhor que devia empregá-lo, e que esse atraso não seja o fruto da preguiça ou da má vontade. Tem direito ao salário, porque desde a madrugada, esperava impacientemente aquele que, enfim, o chamaria ao trabalho; era trabalhador, só o trabalho lhe faltava.
Mas se tivesse recusado o trabalho a cada hora do dia; se tivesse dito: Tenhamos paciência, o repouso me é agradável; quando a última hora soar, será tempo de pensar no salário da jornada; que necessidade teria de me incomodar por um senhor que não conheço, que não amo! quanto mais tarde, será melhor. Este, meus amigos, não teria encontrado o salário do obreiro, mas o da preguiça.
O Evangelho de João na Visão Espírita. Luiz Guilherme Marques
A primeira orientação dos espíritos é em relação a disposição do trabalho. Temos que nos colocarmos sempre a disposição, ter boa vontade. Como em João 9:4 “É necessário realizarmos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” “As oportunidades surgem e passam: enquanto temos como fazer o bem, façamo-lo, porque, daqui a pouco tempo, será tarde!”
Nosso Lar. Capítulo 26. André Luiz (Genésio e André)
“Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá, relativamente ao trabalho. Quando o servidor está pronto, o serviço aparece”
O Consolador. Pergunta 223. Emmanuel
Há tempo determinado na vida do homem terrestre para que se possa ele entregar, com mais probabilidades de êxito, ao trabalho de iluminação?
-A existência na Terra é um aprendizado excelente e constante. Não há idades para o serviço de iluminação espiritual. Os pais têm o dever de orientar a criança, desde os seus primeiros passos, no capítulo das noções evangélicas, e a velhice não tem o direito de alegar o cansaço orgânico em face desses estudos de sua necessidade própria.
É certo que as aquisições de um velho, em matéria de conhecimentos novos, não podem ser tão fáceis como as de um jovem em função de sua instrumentabilidade sadia, fisicamente falando; os homens mais avançados em anos têm, contudo, a seu favor as experiências da vida, que facilitam a compreensão e nobilitam o esforço da iluminação de si mesmos, considerando que, se a velhice é a noite, a alma terá no amanhã do futuro a alvorada brilhante de uma vida nova.
Que será, pois, daquele que, em lugar de permanecer simplesmente na inação, tiver empregado as horas destinadas ao labor do dia em cometer atos culpáveis; que tiver blasfemado contra Deus, vertido o sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias, arruinado os homens confiantes, abusado da inocência, que tiver enfim se chafurdado em todas as ignomínias da Humanidade; que será, pois, daquele? Bastar-lhe-á dizer na última hora: Senhor, eu empreguei mal meu tempo; tomai-me até o fim do dia, que eu faça um pouco, bem pouco da minha tarefa, e dai-me o salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o senhor lhe dirá: Não tenho trabalho para ti, no momento; esbanjaste o teu tempo; esqueceste o que aprendeste e não sabes mais trabalhar na minha vinha. Recomeça, pois, a aprender, e quando estiveres mais disposto, virás a mim e eu te abrirei meu vasto campo, e tu poderás nele trabalhar a toda hora do dia.
Dialogo entre ministro Clarêncio e uma Senhora
Nosso Lar. Capítulo 13. André Luiz
– Ah! minha amiga – disse o benfeitor amorável -‘ só no espírito de humildade e de trabalho é possível a nós outros proteger alguém. Que me diz de um pai terrestre que desejasse ajudar os filhinhos, mantendo-se em absoluta quietação no conforto do lar? O Pai criou o serviço e a cooperação como leis que ninguém pode trair sem prejuízo próprio. Nada lhe diz a consciência, neste sentido? Quantos bônus-hora poderá apresentar em benefício de sua pretensão?
A interpelada respondeu, hesitante:
– Trezentos e quatro.
– É de lamentar – elucidou Clarêncio, sorrindo -, pois aqui se hospeda, há mais de seis anos, e apenas deu à colônia, até hoje, trezentos e quatro horas de trabalho. Entretanto, logo que se restabeleceu das lutas sofridas em região inferior, ofereci-lhe atividade louvável na Turma de vigilância, do Ministério da Comunicação…
– Mas aquilo por lá era serviço intolerável – atalhou a interlocutora -, uma luta incessante contra entidades malfazejas. Era natural que não me adaptasse.
Clarêncio continuou imperturbável:
– Coloquei-a, depois, entre os Irmãos da Suportação, nas tarefas regeneradoras.
– Pior! – exclamou a senhora – aqueles apartamentos andam repletos de pessoas imundas. Palavrões, indecências, miséria.
– Reconhecendo suas dificuldades – esclareceu o Ministro -, enviei-a a cooperar na Enfermagem dos Perturbados.
– Mas quem os tolerará, senão os santos? – inquiriu a pedinte rebelde – fiz o possível; entretanto, aquela multidão de almas desviadas assombra a qualquer!
– Não ficaram aí meus esforços – replicou o benfeitor sem se perturbar -, localizei-a nos Gabinetes de Investigações e Pesquisas do Ministério do Esclarecimento e, contudo, talvez enfadada com as minhas providências, a irmã se recolheu, deliberadamente, aos Campos de Repouso.
– Era, também, impossível continuar ali – disse a impertinente -, só encontrei experiências exaustivas, fluidos estranhos, chefes ásperos.
– Pois note, minha amiga – esclareceu o devotado e seguro orientador -, o trabalho e a humildade são as duas margens do caminho do auxílio. Para ajudarmos alguém, precisamos de irmãos que se façam cooperadores, amigos, protetores e servos nossos. Antes de amparar os que amamos, é indispensável estabelecer correntes de simpatia. Sem a cooperação é impossível atender com eficiência. O camponês que cultiva a terra alcança a gratidão dos que saboreiam os frutos. O operário que entende os chefes exigentes, executando-lhes as determinações, representa o sustentáculo do lar, em que o Senhor o colocou. O servidor que obedece, construindo, conquista os superiores, companheiros e interessados no serviço. E nenhum administrador intermediário poderá ser útil aos que ama, se não souber servir e obedecer nobremente. Fira-se o coração, experimente-se a dificuldade, mas, que saiba cada qual que o serviço útil pertence, acima de tudo, ao Doador Universal.
Depois de pequena pausa, continuou:
-Que fará, pois, na Terra se não aprendeu ainda a suportar coisa alguma? Não duvido da sua dedicação aos filhos queridos, mas importa notar que haveria de comparecer por lá, como mãe paralítica, incapaz de prestar socorro justo. Para que qualquer de nós alcance a alegria de auxiliar os amados, faz-se necessária a interferência de muitos a quem tenhamos ajudado, por nossa vez. Os que não cooperam não recebem cooperação.
3.2 – QUEM SÃO OS TRABALHADORES
Os espíritos explicam nesse trecho quem eram os primeiros trabalhadores e quem eram os últimos.
Jesus gostava da simplicidade dos símbolos e, em sua vigorosa linguagem, os trabalhadores chegados à primeira hora são os profetas, Moisés, e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, seguidos através dos séculos pelos apóstolos, os mártires, os Pais da Igreja, os sábios, os filósofos e, enfim, os espíritas. Estes os últimos a virem, foram anunciados e preditos desde a aurora do Messias, e receberão a mesma recompensa; que digo eu? mais alta recompensa.
Evolução para o terceiro milênio. Parte I (Base doutrinária), Capitulo 1 (origem do espiritismo), item 1 (as 3 revelações: caracteres e definições), subitem 1. Carlos Toledo Rizzini (pag. 19)
O evangelho e o espiritismo não são códigos de orientação da vida humana que tenham surgido abrupta ou isoladamente na face do planeta. O segundo foi antecedido pelo primeiro e ambos tiveram, como precursor conspícuos (claramente visível), as instruções de Moises e de Sócrates.
Moises preparou o povo judeu para receber, 15 séculos depois dele, o cristianismo. (…)
(…) Moises sobe ao monte Sinai e ai processa-se a primeira revelação: por via mediúnica, ele recebe o decálogo – um dos primeiros códigos morais da humanidade e que representa um conciso resumo dos artigos essenciais da Lei de Deus.
- Foi assim preparado o para a revelação muito maior do evangelho – a segunda revelação. Há 2000 anos, o povo judeu apresentava-se aparentemente muito religioso, observando os preceitos da lei de Moisés e os ensinos dos profetas com extremo rigor. A verdade, porém, Era bem outra: tratava-se, no conjunto, de um povo orgulhoso e endurecido, dado à hipocrisia. A par disso, a inteligência, a capacidade de entender as coisas e manobrar o mundo externo, estava bastante desenvolvida.
Em tal meio desceu Jesus, o Cristo, o Espírito puro que governa a evolução da Terra … Jesus aconselha com Amor. Pela primeira vez chega ao ser humano a noção de paternidade, misericórdia e providencia divina; manda o mestre amar a Deus e ao próximo como meio de libertação e evolução espirituais. Fala, portanto, uma linguagem radicalmente distinta daquela que Moises empregou para seus bárbaros patrícios.
Durante longos séculos o cristianismos foi trabalhado pelos homens …
Os homens tomaram o cristianismo e transformaram-no numa religião formal, que o Estado adotou. Por séculos e séculos houve grandes lutas intestinas (heresias e Cismas), pois, durante a Idade média, o homem caracterizou-se por espessa ignorância. Ao alvorecer a época moderna, surge a Ciência e a ignorância começa a desfazer-se. As condições de vida entram também a melhorar.
Em plena Era científica desponta a terceira revelação, que recebeu o nome de espiritismo … Já não se tratava de um ensino pessoal, como os dois anteriores. É uma revelação cientifica, porque se baseia na experimentação par demonstrar a realidade espiritual e coletiva, porquanto reúne ensinamentos de fontes variadas.
Evolução para o terceiro milênio. Parte I (Base doutrinária), Capitulo 2 (Desenvolvimento do Espiritismo), item 4 (Doutrina Espírita: moral e religião), subitem 1. Carlos Toledo Rizzini (pag. 53)
“Na Revista Espírit, setembro, 1866, põe a questão da reforma pessoal nos seguintes termos, segundo mensagem de S. Luiz: 1) “o Espiritismo não é senão a aplicação legítima dos princípios de moral ensinados por Jesus”; 2) “vem, como o Cristianismo bem compreendido; mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior”; 3) porque ele terá de enfrentar as “consequências mesmas que resultam de cada um de seus atos, de cada um de seus pensamentos”; 4) “as obrigações impostas pelo Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral”; 5) “o Espiritismo é uma ciência essencialmente moral”; 6) “há duas obrigações para o adepto: esforçar-se pelo auto-aperfeiçoamento, em virtude da compreensão adquirida com o esclarecimento, e dar o exemplo, isto é, conformar a conduta com a crença, de modo a servir de modelo para outros reformarem-se”
Últimos a chegar, os espíritas aproveitam dos trabalhos intelectuais de seus predecessores, porque o homem deve herdar do homem, e seus trabalhos, e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade. Muitos dentre eles, aliás, revivem hoje, ou reviverão amanhã, para arrematar a obra que começaram outrora; mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se encontram entre eles, porém mais esclarecidos, mais avançados, trabalhando não mais na base, mas no coroamento do edifício; seu salário será, pois, proporcional ao mérito do trabalho.
A reencarnação, esse belo dogma, eterniza e precisa a filiação espiritual. O Espírito, chamado a prestar contas do seu mandato terrestre, compreende a continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada; vê, sente que apanhou no voo o pensamento dos seus antepassados; reentra na liça amadurecido pela experiência, para avançar ainda; e todos, trabalhadores da primeira e da última hora, olhos voltados para a profunda justiça de Deus, não murmuram mais, e adoram.
Para reforçar
Livro dos Espíritos. Pergunta 171. Alan Kardec
Sobre o que está baseado o dogma da reencarnação?
– Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois, repetimos sempre: Um bom pai deixa sempre aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento. Não lhe diz a razão que seria injusto privar para sempre, da felicidade eterna, todos aqueles cujo progresso não dependeu deles mesmos? Não são todos os homens filhos de Deus? Somente entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.
Todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea; mas, em sua justiça, lhes faculta realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a equidade, nem com a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu progresso, independentemente da sua vontade, no próprio meio onde foram colocados. Se o destino do homem está irrevogavelmente fixado após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança, e não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, isto é, aquela que admite para o homem várias existências sucessivas, é a única que responde à ideia que fazemos da justiça de Deus em relação aos homens colocados em uma condição moral inferior, a única que nos explica o futuro e fundamenta nossas esperanças, pois que nos oferece o meio de resgatar nossos erros através de novas provas. A razão indica essa doutrina e os Espíritos no-la ensinam.
O homem, consciente da sua inferioridade, tem, na doutrina da reencarnação, uma esperança consoladora. Se acredita na justiça de Deus, não pode esperar, por toda a eternidade, estar em pé de igualdade com aqueles que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e que ele poderá superá-la por meio de novos esforços, o sustenta e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim do seu caminho, não lamenta ter adquirido muito tarde uma experiência que não pode mais aproveitar. Essa experiência tardia não ficará perdida; ele a aproveitará numa nova existência.
Tal é um dos verdadeiros sentidos desta parábola que encerra, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, o germe do futuro, e também, sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação dessa magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no Universo, dessa solidariedade que religa todos os seres presentes ao passado e ao futuro. (HENRI HEINE, Paris, 1863).
3.3 – TIPOS DE TRABALHO
Outro ponto da Parábola que aparentemente gera uma certa indignação e sensação de injustiça é quando o salário pago a todos é igual dos primeiros trabalhadores e dos últimos. Mas no livro de parábolas evangélicas explica.
Mas antes devermos compreender o sentimento de justiça.
Livro dos Espíritos. Pergunta 873. Alan Kardec
O sentimento de justiça está na Natureza ou resulta de ideias adquiridas?
Tanto está na Natureza, que vos revoltais ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá: Deus o colocou no coração do homem. Eis porque encontrareis, frequentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas da justiça que entre os que têm muito saber.
Parábolas Evangélicas. Cap. 7. Rodolfo Calligaris.
À primeira vista, pode parecer que Jesus, nesta parábola, esteja consagrando a arbitrariedade e a injustiça.
De fato, não seria falta de equidade pagar o mesmo salário, tanto aos que trabalham doze horas, como aos que trabalham dois terços, a metade, um terço, ou apenas um duodécimo da jornada?
Sê-lo-ia, efetivamente, se todos os trabalhadores tivessem a mesma capacidade e eficiência. Tal, porém, não é o que se verifica. Há operários diligentes, de boa vontade, que, devotando-se de corpo e alma às tarefas que lhes são confiadas, produzem mais e melhor, em menos tempo que o comum, assim como há os mercenários, os que não têm amor ao trabalho, os que se mexem somente quando são vigiados, os que estão de olhos pregados no relógio, pressurosos de que passe o dia, cuja produção, evidentemente, é muito menor que a dos primeiros.
Uma vez, pois, que o mérito de cada obreiro seja aferido, não pelas horas de serviço, mas pela produção, que interessa ao dono do negócio saber se, para dar o mesmo rendimento, um precisa de doze horas, outro de nove, outro de seis, outro de três e outro de uma?
Malgrado a diversidade das horas de trabalho, a remuneração igual, aqui, é de inteira justiça.
Transportando-se esta parábola para o campo da espiritualidade, o ensino não se perde; pelo contrário, destaca-se ainda mais. O pai de família é Deus; a vinha somos nós, a Humanidade; e o trabalho, a aquisição das virtudes que devem enobrecer nossas almas.
Para realizar esse desiderato, uns precisam de menos tempo, outros de mais, conforme cumpram, bem ou mal, os seus deveres.
O prêmio, entretanto, é um só: a alegria, o gozo espiritual decorrente da própria evolução alcançada.
Neste texto evangélico confirma-se, ainda que de forma velada, a doutrina reencarnacionista.
Os trabalhadores da primeira hora são os espíritos que contam com maior número de encarnações, mas que não souberam aproveitá-las, perdendo as oportunidades que lhes foram concedidas para se regenerarem e progredirem.
Os trabalhadores contratados posteriormente simbolizam os espíritos que foram gerados há menos tempo, mas que, fazendo melhor uso do livre-arbítrio, caminhando em Linha reta, sem se perderem por atalhos e desvios, lograram em apenas algumas existências o progresso que outros tardaram a realizar.
Assim se explica porque “os primeiros poderão ser dos últimos e os últimos serem os primeiros” a ganhar o reino dos céus.
Esta interessante parábola constitui, ainda, um cântico de esperança para todos. Por ela, Jesus nos ensina que qualquer tempo é oportuno para cuidarmos do aperfeiçoamento de nossas almas, e, quer nos encontremos nos albores da existência, quer estejamos, já, beirando a velhice, desde que aceitemos, com boa disposição, o convite para o trabalho, haveremos de fazer jus ao salário divino.
Parábolas e ensinos de Jesus. Parábola dos trabalhadores da vinha. Cairbar Schutel.
As condições essenciais para os trabalhadores são: a constância, o desinteresse, a boa vontade e o esforço que azem no trabalho que assumiram. Os bons trabalhadores se distinguem por estes característicos.
O mercenário trabalha pelo dinheiro; seu único fito, sua única aspiração é receber o salário. O verdadeiro operário, o artista, trabalha por amor à Arte. Assim é em todas as ramificações dos conhecimentos humanos: há os escravos do dinheiro e há o operário do progresso. Na lavoura, na indústria, como nas Artes e Ciências, destacam-se sempre o operário e o mercenário.
O materialismo, a materialidade, a ganância do ouro arranjaram, na época em que nos achamos, mais escravos do que a Vinha arranjou mais obreiros. Por isso, grande é a seara e poucos são os trabalhadores!
Na Parábola, pelo que se depreende não se faz questão da quantidade do trabalho, mas sim da qualidade, e, ainda mais, da permanência do obreiro até o fim. Os que trabalharam na Vinha, desde a manhã até à noite, não mereceram maior salário que os que trabalharam uma única hora, dada a qualidade do trabalho.
Os que chegaram por último, se tivessem sido chamados à hora terceira teriam feito, sem dúvida, o quádruplo do que fizeram aqueles que a essa hora foram para o serviço. Daí a lembrança do Proprietário da Vinha de pagar primeiramente os que fizeram aparecer melhor o serviço e mais desinteressadamente se prestaram ao trabalho para o qual foram chamados.
Esta Parábola, em parte, dirige-se muito bem aos espíritas. Quantos deles por ai andam, sem estudo, sem prática, sem orientação, fazendo obra contraproducente e ao mesmo tempo abandonando seus interesses pessoais seus deveres de família, seus deveres de sociedade!
Na Seara chega-se a encontrar até os vendilhões que apregoam sua mercadoria pelos jornais como o mercador na praça pública, sempre visando bastardos Interesses. Ora são médiuns mistificadores que exploram a saúde pública; ora são “gênios” capazes de abalar os céus para satisfazerem a curiosidade dos ignorantes. Enfim são muitos os que trabalham, mas poucos os que ajuntam, edificam, tratam, como devem, a Vinha que foi confiada à sua ação.
Há uma outra ordem de espíritas que nenhum proveito tem dado ao Espiritismo. Encerram-se entre quatro paredes, não estudam, não lêem, e passam a vida a doutrinar espíritos.
Não há; dúvida de que trabalham estes obreiros; mas, pode-se comparar a sua obra com a dos que se expõem ao ridículo, ao ódio, à injúria, à calúnia, no largo campo da propaganda? Podem-se comparar os enclausurados numa sala, fazendo trabalhos secretos e às mais das vezes improfícuos, com os que sustentam, aqui fora, renhida luta e se batem, a peito descoberto, pelo triunfo da causa que desposaram? Finalmente, a Parábola conclui com a lição sobre os olhos maus: os invejosos que cuidam mais de si próprios que da coletividade; os personalistas, os egoístas que vêem sempre mal as graças de Deus em seus semelhantes, e a querem todas para si.
Na História do Cristianismo realça a Parábola da Vinha com os característicos dos seus obreiros. “O que era é o que é”, diz o Eclesiastes; e o que se passou é o que se está passando agora com a Revelação Complementar do Cristo. Há os chamados pela madrugada, há os que chegaram à hora terceira, à hora sexta, a nona e a undécima. Na verdade estamos na hora undécima e os que ouvirem o apelo e souberem trabalhar como os da hora undécima de outrora, serão os primeiros a receber o salário, porque agora como então, o pagamento começará pelos últimos.
Ai dos que clamarem contra a vontade do Senhor da Vinha! Ai dos malandros, dos mercenários, dos inscientes!
Inveja e ciúmes Livro dos espíritos
933 – Se o homem, freqüentemente, é o artífice dos seus sofrimentos materiais, não ocorre o mesmo com os sofrimentos morais?
– Mais ainda, porque os sofrimentos materiais, algumas vezes são independentes da vontade; mas o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, em uma palavra, são torturas da alma.
A inveja e o ciúme! Felizes aqueles que não conhecem esses dois vermes roedores! Com a inveja e o ciúme, não há calma nem repouso possível para aquele que está atacado desse mal: os objetos de sua cobiça, de seu ódio, de seu despeito, se levantam diante dele como fantasmas que não lhe dão nenhuma trégua e o perseguem até no sono. Os invejosos e os ciumentos estão num estado de febre contínua. Portanto, está aí uma situação desejável e não compreendeis que, com suas paixões, o homem criou para si suplícios voluntários, e a Terra torna-se para ele um verdadeiro inferno?
Várias expressões pintam energicamente os efeitos de certas paixões; diz-se: estar inchado de orgulho, morrer de inveja, secar de ciúme ou de despeito, perder com isso a bebida e o alimento, etc. Esse quadro não é senão muito verdadeiro. Algumas vezes mesmo o ciúme não tem objetivo determinado. Há pessoas ciumentas por natureza, de tudo que se eleva, de tudo que escapa à linha vulgar, nesse caso mesmo que não tenham nisso nenhum interesse direto, mas unicamente porque elas não o podem alcançar. Tudo o que parece acima do horizonte as ofusca, e se são a maioria na sociedade, elas querem tudo reconduzir ao seu nível. É o ciúme somado à mediocridade.
Freqüentemente, o homem não é infeliz senão pela importância que liga às coisas deste mundo. É a vaidade, a ambição e a cupidez frustradas que fazem sua infelicidade. Se ele se coloca acima do círculo estreito da vida material, se eleva seus pensamentos até o infinito, que é a sua destinação, as vicissitudes da Humanidade lhe parecem, então, mesquinhas e pueris, como as tristezas de uma criança que se aflige com a perda de um brinquedo que representava a sua felicidade suprema.
Aquele que não vê felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros, é infeliz quando não os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao supérfluo é feliz com o que os outros olham como calamidades.
Falamos do homem civilizado, porque o selvagem, tendo suas necessidades mais limitadas, não tem os mesmos objetos de cobiça e de angústias: sua maneira de ver as coisas é diferente. No estado de civilização, o homem raciocina sua infelicidade e a analisa e, por isso, é por ela mais afetado. Mas pode, também, raciocinar e analisar os meios de consolação. Essa consolação, ele a possui no sentimento cristão que lhe dá a esperança de um futuro melhor, e no Espiritismo que lhe dá a certeza desse futuro.
Nosso Lar. Capitulo 22, 36, 37. André Luiz
Capitulo 22
Esclarecimento de Laura (mãe de Lísias)
Todos cooperam no engrandecimento do patrimônio comum e dele vivem. Os que trabalham, porém, adquirem direitos justos. Cada habitante de “Nosso Lar” recebe provisões de pão e roupa, no que se refere ao estritamente necessário; mas os que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na comunidade social. O espírito que ainda não trabalha, poderá ser abrigado aqui; no entanto, os que cooperem podem ter casa própria. O ocioso vestirá, sem dúvida; mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça; compreendeu? Os inativos podem permanecer nos campos de repouso, ou nos parques de tratamento, favorecidos pela intercessão de amigos; entretanto, as almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de irmãos queridos, nos lugares consagrados ao entretenimento, ou o contacto de orientadores sábios, nas diversas escolas dos Ministérios em geral. Precisamos conhecer o preço de cada nota de melhoria e elevação. Cada um de nós, os que trabalhamos, deve dar, no mínimo, oito horas de serviço útil, nas vinte e quatro de que o dia se constitui. Os programas de trabalho, porém, são numerosos e a Governadoria permite quatro horas de esforço extraordinário, aos que desejem colaborar no trabalho comum, de boa-vontade. Desse modo, há muita gente que consegue setenta e dois bônus-hora, por semana, sem falar dos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e, às vezes, triplicada.
(…)
Lembrando as organizações terrestres, indaguei, espantado:
– Todavia, como conciliar semelhante padrão com a natureza do serviço? O administrador ganhará oito bônus-hora na atividade normal do dia, e o operário do transporte receberá a mesma coisa? Não é o trabalho do primeiro mais elevado que o do segundo?
A senhora sorriu à pergunta e explicou:
– Tudo é relativo. Se, na orientação ou na subalternidade, o trabalho é de sacrifício pessoal, a expressão remunerativa é justamente multiplicada.
Examinando, porém, mais detidamente a sua pergunta, precisamos, antes de mais nada, esquecer determinados prejuízos da Terra. A natureza do serviço é problema dos mais importantes; contudo, na própria esfera da crosta é que o assunto apresenta solução mais difícil. A maioria dos homens encarnados está simplesmente ensaiando o espírito de serviço e aprendendo a trabalhar nos diversos setores da vida humana. Por isso mesmo, é imprescindível fixar as remunerações terrestres com maior atenção. Todo o ganho externo do mundo é lucro transitório. Vemos trabalhadores obcecados pela questão de ganhar, transmitindo fortunas vultosas à inconsciência e à dissipação; outros amontoam expressões bancárias que lhes servem de martírio pessoal e de ruína à família.
Por outro lado, é indispensável considerar que setenta por cento dos administradores terrenos não pesam os deveres morais que lhes competem, e que a mesma porcentagem pode ser adjudicada a quantos foram chamados à subordinação. Vivem, quase todos, a confessar ausência do impulso vocacional, recebendo embora os proventos comuns aos cargos que ocupam. Governos e empresas pagam a médicos que se entregam à exploração de interesses outros e a operários que matam o tempo. Onde, aí, a natureza de serviço? Há técnicos de indústria econômica, que nunca prezaram integralmente a obrigação que lhes assiste e valem-se de leis magnânimas, à maneira de moscas venenosas no pão sagrado, exigindo abonos, facilidades e aposentadorias. Creia, porém, que todos pagarão muito caro a displicência. Parece ainda distante o tempo em que os institutos sociais poderão determinar a qualidade de serviço dos homens, porque, para o plano espiritual superior, não se especificará teor de trabalho, sem a consideração dos valores morais despendidos.
(…)
O verdadeiro ganho da criatura é de natureza espiritual e o bônus-hora, em nossa organização, modifica-se em valor substancial, segundo a natureza dos nossos serviços.
Capitulo 36
Esclarecimento Mãe de André Luiz
Conhecemos, aqui, na maioria das colônias espirituais, a remuneração de serviço do bônus-hora. Nossa base de compensação une dois fatores essenciais. O bônus representa a possibilidade de receber alguma coisa de nossos irmãos em luta, ou de remunerar alguém que se encontre em nossas realizações; mas o critério quanto ao valor da hora pertence exclusivamente a Deus. Na bonificação exterior pode haver muitos erros de nossa personalidade falível, considerando nossa posição de criaturas em labores de evolução, como acontece na Terra; mas, no concernente ao conteúdo espiritual da hora, há correspondência direta entre o Servidor e as Forças Divinas da Criação. É por isso, André, que nossas atividades experimentais, no progresso comum, a partir da esfera carnal, sofrem contínuas modificações todos os dias.
Tabelas, quadros, pagamentos, são modalidades de experimentação dos administradores, a que o Senhor concedeu a oportunidade de cooperar nas Obras Divinas da Vida, assim como concede à criatura o privilégio de ser pai ou mãe, por algum tempo, na Terra e noutros mundos. Todo administrador sincero é cioso dos serviços que lhe competem; todo pai consciente está cheio de amor desvelado. Deus também, meu filho, é Administrador vigilante e Pai devotadíssimo. A ninguém esquece e reserva-se o direito de entender-se com o trabalhador, quanto ao verdadeiro proveito no tempo de serviço.
Toda compensação exterior afeta a personalidade em experiência; mas, todo valor de tempo interessa à personalidade eterna, aquela que permanecerá sempre em nossos círculos de vida, em marcha para a glória de Deus. É por essa razão que o Altíssimo concede sabedoria ao que gasta tempo em aprender e dá mais vida e mais alegria aos que sabem renunciar!…
Na segunda é em relação aos ciclos que Haroldo explica segundo alguns entendimentos da bíblia e nas obras do Chico Xavier. Ele comenta que, segundo entrevista do Chico que mais ou menos em 2057 iniciaria a transformação no planeta para um mundo de regeneração. Portanto segundo os cálculos estamos na ultima hora.
OS OBREIROS DO SENHOR
- Atingistes o tempo do cumprimento das coisas anunciado para a transformação da Humanidade; felizes serão aqueles que tiverem trabalhado na seara do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que terão esperado. Felizes serão aqueles que terão dito a seus irmãos: “Irmãos, trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor encontre a obra pronta à sua chegada”, porque o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, que calastes os vossos ciúmes e as vossas discórdias para não deixar a obra prejudicada!” Mas ai daqueles que, por suas dissenções, terão retardado a hora da colheita, porque a tempestade virá e serão carregados no turbilhão! Eles gritarão: “Graça! graça!” Mas o Senhor lhes dirá: Por que pedis graça, vós que não tivestes piedade de vossos irmãos, e que recusastes lhes estender a mão, vós que esmagastes o fraco em lugar de o sustentar? Por que pedis graça, vós que procurastes a vossa recompensa nas alegrias da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal como a pretendestes; não peçais mais: as recompensas celestes são para aqueles que não terão pedido as recompensas da Terra.”
Capitulo 37
Esclarecimento de Tobias
A princípio, logo após o despertar, aqueles esclarecimentos sobre o bônus-hora me haviam suscitado certas interrogações de vulto. Como poderia estar a compensação da hora afeta a Deus? Não era atribuição do administrador espiritual, ou humano, a contagem do tempo? Tobias, porém, esclarecera-me a inteligência faminta de luz. Aos administradores, em geral, impende a obrigação de contar o tempo de serviços, sendo justo, igualmente, instituírem elementos de respeito e consideração ao mérito do trabalhador; mas, quanto ao valor essencial do aproveitamento justo, só mesmo as Forças Divinas podem determinar com exatidão. Há servidores que, depois de quarenta anos de atividade especial, dela se retiram com a mesma incipiência da primeira hora, provando que gastaram tempo sem empregar dedicação espiritual, assim como existem homens que, atingindo cem anos de existência, dela saem com a mesma ignorância da idade infantil. Tanto é precioso o conceito de sua mamãe – disse Tobias – que basta lembrar as horas dos homens bons e dos maus.
Nos primeiros, transformam-se em celeiros de bênçãos do Eterno; nos segundos, em látegos de tormento e remorso, como se fossem entes malditos.
Cada filho acerta contas com o Pai, conforme o emprego da oportunidade, ou segundo suas obras.
Deus faz neste momento o recenseamento dos seus servidores fiéis, e marcou com o seu dedo aqueles que não têm senão a aparência do devotamento, a fim de que não usurpem mais o salário dos servidores corajosos, porque é àqueles que não recuarem diante de suas tarefas que vai confiar os postos mais difíceis na grande obra de regeneração pelo Espiritismo, e estas palavras se cumprirão: “Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no reino dos céus!” (O ESPÍRITO DE VERDADE, Paris, 1862).
Pão Nosso. Capitulo 29 – A Vinha. Emmanuel
Ninguém poderá pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao léu na imensidade universal.
O Planeta não é um barco desgovernado. As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia. Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a vinha de Jesus. Aí, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a experiência, se lhe integram no divino amor.
A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos. Em essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume de obrigações que os aprendizes receberam do Mestre Divino.
Por enquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na Crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente.
Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo.
Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortúnio?
Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.
2 Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos vós obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho no alvorecer e não o terminarei senão no declínio do dia. Todos vós viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação, da qual carregais os grilhões; mas desde quantos séculos e séculos o Senhor vos chamou para a sua vinha sem que tivésseis querido nela entrar! Eis o momento de receberdes o salário; empregai bem essa hora que vos resta e não olvideis jamais que a vossa existência, tão longa que vos pareça, não é senão um momento bem fugidio na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade. (Constantino, espírito protetor, Bordéus, 1863).
O Consolador. Pergunta 361. Emmanuel
-Os espiritistas cristãos devem pensar muito na iluminação de si mesmos, antes de qualquer prurido, no intuito de converter os outros.
O Consolador. Pergunta 362. Emmanuel
Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos espiritistas?
-Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.
Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo, porque antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si mesmo, no cumprimento de suas obrigações.
O Consolador. Pergunta 364. Emmanuel
O espiritista para evoluir na Doutrina necessita estudar e meditar por si mesmo, ou será suficiente frequentar as organizações doutrinárias, esperando a palavra dos guias?
-É indispensável a cada um o esforço próprio no estudo, meditação, cultivo e aplicação da Doutrina, em toda a intimidade de sua vida.
A frequência às sessões ou o fato de presenciar esse ou aquele fenômeno, aceitando-lhe a veracidade, não traduz aquisição de conhecimentos.
Um guia espiritual pode ser um bom amigo, mas nunca poderá desempenhar os vossos deveres próprios, nem vos arrancar das provas e das experiências imprescindíveis à vossa iluminação.
Daí surge a necessidade de vos preparardes individualmente, na Doutrina, para viverdes tais experiências com dignidade espiritual, no instante oportuno.
O Consolador. Pergunta 230. Emmanuel
Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?
-Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões.
Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santificantes – água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram no mundo.
Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na sagrada iluminação da vida.
MISSÃO DOS ESPÍRITAS
- Não ouvis já se agitar a tempestade que deve dominar o velho mundo e tragar no nada a soma das iniqüidades terrestres? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto vossa fé em sua soberana justiça e como novos apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superiores, ide pregar o dogma novo da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo tenham bem ou mal cumprido suas missões, e suportado suas provas terrestres.
Não vos amedronteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Oh! verdadeiros adeptos do Espiritismo, sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. A hora é chegada em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos, do alto, estão convosco. Certamente falareis a pessoas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as chama sem cessar à abnegação; pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansuetude aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras perdidas, eu o sei; mas, que importa! É preciso regar com os vossos suores o terreno que deveis semear, porque ele não frutificará e não produzirá senão sob os esforços reiterados da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Sim, vós todos, homens de boa fé, que credes na vossa inferioridade e olhais os mundos dispostos no infinito, parti em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide e destruí esse culto do bezerro de ouro, cada dia mais e mais invasor. Ide, Deus vos conduz! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão, e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, e as populações atentas acolherão com alegria as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as armadilhas que serão colocadas no vosso caminho! Só os lobos se prenderão nas armadilhas de lobos, porque o pastor saberá defender suas ovelhas contra os verdugos imoladores.
Ide, homens grandes diante de Deus, que, mais felizes que São Tomé, credes sem pedir para ver e aceitais os fatos da mediunidade quando mesmo não tenhais conseguido jamais obtê-los em vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marchai avante, pois, falange imponente pela vossa fé! e os grandes batalhões dos incrédulos se desvanecerão diante de vós, como as brumas da manhã aos primeiros raios do sol nascente.
A fé é a virtude que ergue as montanhas, vos disse Jesus; todavia, mais pesados do que as mais pesadas montanhas, jazem no coração dos homens a impureza e todos os vícios da impureza. Parti, pois, com coragem para erguer essa montanha de iniqüidades que as gerações futuras não devem conhecer senão no estado de lendas, como não conheceis, vós mesmos, senão muito imperfeitamente, o período de tempo anterior à civilização pagã.
Sim, as comoções morais e filosóficas vão manifestar-se em todos os pontos do globo; a hora se aproxima em que a luz divina apresentar-se-á sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desdenharão, aos sábios que dela pedirão prova, aos pequenos e aos simples que a aceitarão, porque será sobretudo entre os mártires do trabalho, essa expiação terrestre, que encontrareis o fervor e a fé. Ide; estes receberão com cânticos de ação de graça, e cantando louvores a Deus, a consolação santa que lhes levais, e se inclinarão agradecendo o quinhão de suas misérias terrestres.
Que a vossa falange se arme, pois, de resolução e de coragem! Mãos à obra! a charrua está pronta; a terra espera; é preciso trabalhar.
Ide, e agradecei a Deus pela tarefa gloriosa que vos confiou; mas meditai que entre os chamados ao Espiritismo, muitos se extraviaram; olhai a vossa rota e segui o caminho da verdade.
Pergunta: Se muitos dos chamados ao Espiritismo se extraviaram, por qual sinal se reconhece aqueles que estão no bom caminho?
Resposta: Vós os reconhecereis pelos princípios de verdadeira caridade que eles professarão e praticarão; vós os reconhecereis pelo número das aflições às quais eles terão levado consolações; vós os reconhecereis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; vós os reconhecereis, enfim, pelo triunfo dos seus princípios, porque Deus quer o triunfo da sua lei; aqueles que seguem suas leis são seus eleitos, e ele lhes dará a vitória, mas esmagará aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela um meio para satisfazer sua vaidade e sua ambição. (ERASTO, anjo guardião do médium, Paris, 1863).