Reforma Intima
REFORMA INTIMA Reforma intima é uma modificação, transformação de atos e pensamentos no bem que devemos praticar nesta encarnação, juntamente com nosso livre arbítrio…. “Conhecereis a
FÉ
F É
SIGNIFICADO DE FÉ.
Fé (do Latim fides, fidelidade e do Grego pistia ) é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão.
Moisés: Fé Primitiva.
A Gênese – Cap. 1 – Caráter da Revelação Espírita.
21. Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único,
Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas? promulgou a lei do Sinai e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra.
Os céus se abrem, quando ouvem os clamores da Terra, haja visto o histórico caso dos judeus que estavam nas mãos dos egipícios, na Casa da Servidão. Eis que desceu de uma abertura divina a Justiça, na personalidade de Moisés, para que os homens não ficassem órfãos, e foi, neste aconchego da lei, foi nas torrentes de lagrimas vertidas pelos escravos no êxodo do legislador, que o mundo entrou em preparo para a vinda do Messias. (Francisco de Assis – João Nunes Maia/Miramez).
Moisés retirou do cativeiro aproximadamente quatro milhões de hebreus, todos movidos por uma fé cega, pois este povo acreditou, teve esperança, de que este Deus, que eles ainda nem conheciam, iria salvá-los da escravidão.
Esta fé cega, foi a precursora da “crença fé”, que ao decorrer dos tempos iria se desenvolver à medida que a inteligência e o conhecimento humano se desenvolvia.
A importância desta fé, aqui denominada como cega, foi tão grande, que motivou ao Apostolo dos Gentios a exaltá-la em sua epistola aos próprios hebreus (*), aproximadamente 1.500 anos após o êxodo:
Hb: 11:1e2 – Bíblia Sagrada – Novo Testamento:
1- Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem.
2- Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho.
(*) – De todas as cartas escritas por Paulo de Tarso, à destinada aos Hebreus, foi a única escrita de próprio punho.
Jesus – Fé Religiosa.
Mt: 22:36ª40: – Bíblia Sagrada.
36 – Mestre, qual é o grande mandamento da lei?
37 – E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
38 – Este é o primeiro e grande mandamento.
39 – E o segundo semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40 Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
ESE – Cap. I :
… O mal chegara ao cúmulo? a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas? a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para chamá-los à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura.
Apocalipse: 20:1e2:
1- E vi descer do céu um Anjo que tinha a chave do abismo e uma grande corrente na sua mão.
2- Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e prendeu-o por mil anos.
João Evangelista, o grande vidente de Patmos, regredindo, no tempo, teve a visão dos acontecimentos ocorridos no mundo espiritual, antes mesmo que ele nascesse, pois, para que o Cristo descesse à Terra, era necessário que engenheiros siderais, limpassem a atmosfera do planeta, para que os atentados contra a Boa Nova do Reino de Deus, não viessem a sofrer alterações.
Uma falange de Anjos assomou à Terra, tirando dela dois bilhões de Espíritos inferiores, cuja animalização atingia ate a raia do impossível.
Esses Espíritos não foram cambiados para essa região de uma só vez, foram divididos em muitas levas, para maior segurança do trabalho. A cidade das trevas foi edificada na linha do Equador, para que o Sol cooperasse com eles, desintegrando parte de seus pensamentos inferiores e para que, de certo modo, os maltratasse, pelo calor abrasador dos seus raios diretos, em fusão com suas próprias vibrações.
A egrégora(os princípios das almas, que são espíritos de energia e ação), formada por essas almas servia de filtros para os raios cósmicos, de modo a não lesar nem lhes crestar a estrutura espiritual, abrindo-a em chagas, principalmente a daqueles que trabalhavam m serviços mais grosseiros. A escravidão ali, era bem pior do que todas as conhecidas na Terra.
Assim, o Satanás descrito por João Evangelista, evidencia-se como símbolo desses dois bilhões de Espíritos.
(Francisco de Assis – João Nunes Maia/Miramez).
O objetivo essencial de tais exércitos sombrios é a conservação do primitivismo mental da criatura humana, a fim de que o Planeta permaneça, tanto quanto possível, sob seu jugo tirânico.
Libertação – André Luiz / Chico Xavier. Cap. 2
Milagres de Jesus:
João: 4: 48:
Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.
Obras Póstumas –A. Kardec.
II. – A divindade do Cristo está provada pelos milagres?
Segundo a Igreja, a divindade do Cristo está estabelecida, principalmente pelos milagres, como testemunho de um poder sobrenatural. Esta consideração pôde ter um certo peso numa época em que o maravilhoso era aceito sem exame; mas hoje, que a ciência levou as suas investigações até as leis da Natureza, os milagres encontram mais incrédulos do que crentes; e o que não contribuiu pouco para o seu descrédito, foi o abuso das imitações fraudulentas e a exploração que deles se fez. A fé nos milagres foi destruída pelo próprio uso que dela se fez; disso resultou que os do Evangelho são agora considerados, por muitas pessoas, como puramente legendários.
A Igreja, aliás, ela mesma, retira aos milagres toda a sua importância, como prova da divindade do Cristo, declarando que o demônio também pode fazê-los tão prodigiosos quanto ele: porque se o demônio tem um tal poder, fica evidente que os fatos desse gênero não têm, de nenhum modo, um caráter exclusivamente divino; se ele pode fazer coisas admiráveis para seduzir mesmo os eleitos, como simples mortais poderiam distinguir os bons milagres dos maus, e não há a temer que, vendo fatos similares, não confundam Deus e Satanás?
Dar a Jesus tal rival em habilidade era uma grande falta de jeito; mas, pelo que respeita a contradições e inconseqüências, não eram olhadas de tão perto em uma época em que os fiéis ter-se-iam feito um caso de consciência em pensar por eles mesmos, e de discutir o menor artigo imposto à sua crença; então, não se contava com o progresso e não se pensava que o reino da fé cega e ingênua, reino cômodo como o do bel prazer, pudesse ter um termo. O papel, tão preponderante que a Igreja se obstinou em dar ao demônio, teve conseqüências desastrosas para a fé, à medida que os homens se sentiram capazes de ver pelos próprios olhos. O demônio, que se explorou com sucesso durante um tempo, tornou-se o machado posto ao velho edifício das crenças, e uma das principais causas da incredulidade; pode-se dizer que a Igreja, se fazendo dele um auxiliar indispensável, alimentou em seu seio aquele que deveria virar-se contra ela e miná-la em seus fundamentos.
Uma outra consideração não menos grave, é que os fatos miraculosos não são o privilégio exclusivo da religião cristã: não há, com efeito, uma religião idólatra ou pagã, que não teve os seus milagres, tão maravilhosos e tão autênticos, para os adeptos, quanto os do cristianismo. A Igreja se tirou o direito de constatá-los, atribuindo às potências infernais o poder de produzi-los.
O caráter essencial do milagre, no sentido teológico, é ser uma exceção nas leis da Natureza, e, por conseguinte, inexplicável por essas mesmas leis. Desde o instante que um fato pode se explicar, e que se ligue a uma causa conhecida, cessa de ser milagre. Assim é que as descobertas da ciência fizeram entrar no domínio do natural, certos efeitos qualificados de prodígios enquanto a causa ficou ignorada.
Mais tarde, o conhecimento do princípio espiritual, da ação dos fluidos sobre a economia, do mundo invisível no meio do qual vivemos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito, deu a chave dos fenômenos de ordem psíquica, e provou que não são, não mais do que os outros, derrogações às leis da Natureza, mas que, ao contrário, delas são aplicações freqüentes. Todo o efeito de magnetismo, de sonambulismo, de êxtase, de dupla vista, de hipnotismo, de catalepsia, de anestesia, de transmissão do pensamento, de presciência, de curas instantâneas, de possessões, de obsessões, de aparições e de transfigurações, etc., que constituem a quase totalidade dos milagres do Evangelho, pertencem a essa categoria de fenômenos.
Sabe-se agora que esses efeitos são os resultados de aptidões e de disposições fisiológicas especiais; que se produziram em todos os tempos, entre todos os povos, e puderam ser considerados como sobrenaturais sob o mesmo título de todos aqueles cuja causa era incompreendida. Isso explica por que todas as religiões tiveram os seus milagres, que não são outros senão os fatos naturais, mas quase sempre amplificados ao absurdo pela credulidade, a ignorância e a superstição, e que os conhecimentos atuais reduziram ao seu justo valor, permitindo levá-los em conta de lenda.
A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como tendo sido realizados por Jesus, está hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, enquanto fenômenos naturais.* Uma vez que se produzem sob os nossos olhos, seja espontaneamente, seja por provocação, não há nada de anormal em que Jesus possuísse faculdades idênticas às de nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns, etc. Desde o instante que essas mesmas faculdades se encontram, em diferentes graus, numa multidão de indivíduos que nada têm de divino, que são encontradas mesmo entre os heréticos e os idólatras, elas não implicam, em nada, uma natureza sobre-humana.
Se Jesus qualificava, ele mesmo, os seus atos de milagres, é que nisso, como em muitas outras coisas, devia apropriar a sua linguagem aos conhecimentos de seus contemporâneos; como estes poderiam aprender uma nuança de palavra que não é ainda compreendida por todo o mundo? Para o vulgo, as coisas extraordinárias que ele fazia, e que pareciam sobrenaturais, naquele tempo e mesmo muito mais tarde, eram milagres; não podia dar-lhe um outro nome. Um fato digno de nota é que deles se serviu para afirmar a missão que tinha de Deus, segundo as suas próprias expressões, mas disso jamais se prevaleceu para se atribuir o poder divino (1).
(1) Para o desenvolvimento completo da questão dos milagres, ver A Gênese segundo o Espiritismo, capítulos XIII e seguintes, onde são explicados, pelas leis naturais, todos os milagres do Evangelho.
É necessário, pois, riscar os milagres das provas sobre as quais se pretende fundar a divindade da pessoa do Cristo; vejamos agora se as encontramos em suas palavras.
Jesus realizou 31 fenômenos mediúnico-naturais, na época denominada como “milagres’’”. Destes 31”milagres”, 16 se reportam a cura, os quais mencionaremos abaixo:
Jo: 2:7ª9: – Água transformada em vinho.
Mt: 9: 29ª31: – A cura de dois cegos.
Mt: 9: 32e33: – A cura de um mudo endemoniado.
Mt: 17:24ª27: O estáter na boca de um peixe.
Mc: 7:32ª37: – A cura de um surdo gago.
Mc: 8:22ª25: – A cura de um cego em Betsaida.
Lc: 4:28ª30: – Jesus escapa dos inimigos.
Lc: 5:4ª7: – O milagre da pesca.
Lc: 12ª15: – A ressurreição do filho de uma viúva.
Lc: 13:11ª13: – A cura de uma mulher encurvada.
Lc: 14:2ª4: – Acura de um hidrópico.
Lc: 17:1ª14: – A cura dos dez leprosos.
Lc: 22:50ª51: – A cura da orelha de Malcon.
Jo: 2:23: – Milagre da festa de Páscoa.
Jo: 4:46ª53: – A cura do filho de um oficial.
Jo: 5:5ª9: – A cura de um paralítico em Betsaida.
Jo: 9:1ª7: – A cura de um cego de nascença.
Jo: 11:39ª44: – A ressurreição de Lazaro.
Jo: 21:5e6: – Pesca maravilhosa.
Mc: 1:23ª27 e Lc : 4:33ª35 – O endemoniado de Cafarnaum.
Mt : 8:5ª13 e Lc : 7:2ª10 – A cura do criado de um centurião.
Mt : 12:22 e Lc: 11:14 – O endemoniado cego e mudo.
Mt : 15:22ª28 e Mc : 7:25ª29 – A cura da filha de uma Cananéia.
Mt : 14:15ª20 – Mc : 6:35ª42 – Lc : 9:12ª17 e Jo : 6:5ª12 – A multiplicação dos pães.
Mt : 15:34ª38 e Mc : 8:5ª9: – Segunda multiplicação dos pães.
Mt : 21:19 e Mc : 11:13e14 – Seca a figueira improdutiva.
Mt : 8:2e3 – Mc : 1:40ª42 e Lc : 5 : 12e13 – A cura de um leproso.
Mt : 8:14e15 – Mc : 1:30e31 e Lc : 4:38e39 – A cura da sogra de Pedro.
Mt : 8:23ª26 – Mc : 4:36ª39 e Lc : 8:22ª24 – Jesus acalma a tempestade.
Mt : 8:28ª32 – Mc : 5:2ª13 e Lc : 8:27ª33 – O endemoniado de Gadarenos.
Mt : 9:2ª9 – Mc : 2:3ª12 e Lc : 5:18ª25 – Cura de um paralítico em Cafarnaum.
* Maiores esclarecimentos vide A Gênese – Allan Kardec – Capitulo XIII – Características dos Milagres.
Espiritismo: Fé Espírita – Fé Raciocinada.
ANUNCIAÇÃO DO CONSOLADOR- A Gênese – Cap. VII. – A. Kardec.
35. Se me amais, guardai os meus mandamentos — e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: — O Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê? vós, porém, o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. — Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e fará vos lembreis de tudo o que vos tenho dito.
(S. João, 14 : 15 a 17 e 26. — O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI.)
36. Entretanto, digo-vos a verdade: Convém que eu me vá, porquanto, se eu não me for, o Consolador não vos virá? eu, porém, me vou e vo-lo enviarei. — E, quando ele vier, convencerá o mundo no que respeita ao pecado, à justiça e ao juízo: — no que respeita ao pecado, por não terem acreditado em mim? — no que respeita à justiça, porque me vou para meu Pai e não mais me vereis? no que respeita ao juízo, porque já está julgado o príncipe deste mundo.
Tenho ainda muitas coisas a dize-vos, mas presentemente não as podeis suportar.
Quando vier esse Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porquanto não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tenha escutado e vos anunciará as coisas porvindouras.
Ele me glorificará, porque receberá do que está em mim e vo-lo anunciará.
(S.João: 16:7 a 14.)
37. Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do ponto de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor equívoco, que Jesus não disse tudo o que tinha a dizer, pela razão de que não o teriam compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto que a eles é que o Mestre se dirigia. Se lhes houvesse dado instruções secretas, os Evangelhos fariam referência a tais instruções.
Ora, desde que ele não disse tudo a seus apóstolos, os sucessores destes não terão podido saber mais do que eles, com relação ao que foi dito? ter-se-ão possivelmente enganado, quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos, muitas vezes velados sob a forma parabólica. As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a completação ulterior de seus ensinamentos.
O princípio da imutabilidade, em que elas se firmam, constitui um desmentido às próprias palavras do Cristo.
Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera.
Logo, não estava completo o seu ensino. E, ao demais, prevê não só que ficaria esquecido, como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o Espírito de Verdade viria tudo lembrar e, de combinação com Elias, restabelecer todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus ensinos.
38. Quando terá de vir esse novo revelador? É evidente que se, na época em que Jesus falava os homens não se achavam em estado de compreender as coisas que lhe restavam a dizer, não seria em alguns anos apenas que poderiam adquirir as luzes necessárias a entendê-las.
Para a inteligência de certas partes do Evangelho, excluídos os preceitos morais, faziam-se mister conhecimentos que só o progresso das ciências facultaria e que tinham de ser obra do tempo e de muitas gerações. Se, portanto, o novo Messias tivesse vindo pouco tempo depois do Cristo, houvera encontrado o terreno ainda nas mesmas condições e não teria feito mais do que o mesmo Cristo. Ora, desde aquela época até os nossos dias, nenhuma grande revelação se produziu que haja completado o Evangelho e elucidado suas partes obscuras, indício seguro de que o Enviado ainda não aparecera.
39. Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: “Pedirei a meu Pai e ele vos enviará”. outro Consolador”, Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele, pois, do contrário, dissera: “Voltarei a completar o que vos tenho ensinado.” Não só tal não disse, como acrescentou: A fim de que fique eternamente convosco e ele estará em vós. Esta proposição não poderia referir-se a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem, ainda menos, estar em nós? compreendemo-la, porém, muito bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade .
40. O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana? ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade considerava inadmissível. Teve precursores e profetas, que lhe pressentiram a vinda. Pela sua força moralizadora, ele prepara o reinado do bem na Terra.
A doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu? a de Jesus, mais completa, se espalhou por toda a Terra, mediante o Cristianismo, mas não converteu a todos? o Espiritismo, ainda mais completo, com raízes em todas as crenças, converterá a Humanidade.
41. Dizendo a seus apóstolos: “Outro virá mais tarde, que vos ensinará o que agora não posso ensinar”, proclamava Jesus a necessidade da reencarnação. Como poderiam aqueles homens aproveitar do ensino mais completo que ulteriormente seria ministrado? como estariam aptos a compreendê-lo, se não tivessem de viver novamente? Jesus houvera proferido uma coisa inconseqüente se, de acordo com a doutrina vulgar, os homens futuros houvessem de ser homens novos, almas saídas do nada por ocasião do nascimento. Admita-se, ao contrário, que os apóstolos e os homens do tempo deles tenham vivido depois? que ainda hoje revivem, e plenamente justificada estará a promessa de Jesus. Tendo-se desenvolvido ao contacto do progresso social, a inteligência deles pode presentemente comportar o que então não podia. Sem a reencarnação a promessa de Jesus fora ilusória.
42. Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por meio da descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito Santo os inspirou, que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as aptidões mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão, porém que nada lhes ensinou além daquilo que
Jesus já ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio se encontra de um ensinamento especial. O Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus anunciara relativamente ao Consolador? a não ser assim, os apóstolos teriam elucidado o que, no Evangelho, permaneceu obscuro até ao dia de hoje e cuja interpretação contraditória deu origem às inúmeras seitas que dividiram o Cristianismo desde os primeiros séculos.
1Corintos: 13:1: Bíblia Sagrada.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
O Consolador – (Emmanuel – Chico Xavier – 352 e 353).
352 – Devemos reconhecer no Espiritismo o Cristianismo Redivivo?
– O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.
353 – O espiritismo veio ao mundo para substituir as outras crenças?
– O Consolador, como Jesus, terá de afirmar igualmente: – “Eu não vim destruir a Lei”.
O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar para transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da verdade imortalista.
A missão do Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das glórias efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensinamentos, o espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa o operário da regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se agrupam em vários departamentos, ante altares diversos, mas onde existe um só Mestre, que é Jesus Cristo.
“Allan Kardec afirmou: Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.
O Consolador – Emmanuel – Chico Xavier.
354 – Poder-se-á definir o que é ter fé?
– Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do Espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.
Fé Raciocinada:
O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade. O Consolador – Q. 79. Emmanuel/Chico Xavier.
Razão: Segundo o Espiritismo, é conquista da mente humana, “[…] o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar”(Pensamento e Vida- Cap.1 – Emmanuel/Chico Xavier). Expressando-nos coletivamente, sabemos hoje que o espírito humano lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos… (Libertação – Cap. 1 André Luiz/Chico Xavier). Por ser concessão divina, a razão regula a evolução do Espírito que, em sua passagem pelos reinos inferiores da Natureza, “[…] viajou do simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão […]” (No Mundo Maior – Cap. 4 – André Luiz/Chico Xavier). Nesse processo, “[…] o cérebro é o aparelho da razão […]” ( Mensageiros – Introdução – André Luiz/Chico Xavier), onde a mente se manifesta. (No Mundo Maior – Cap. 4 – André Luiz/Chico Xavier). Os Espíritos orientadores esclarecem que a razão não é guia infalível, porque, sendo imperfeito o Espírito, também é imperfeita a sua inteligência (razão): “Seria infalível, se não fosse falseada pela má-educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. […] a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio”( Livro dos Espíritos – Q. 75ª – A. Kardec). Assim, o aperfeiçoamento da razão decorre do progresso do Espírito que, tornando-se melhor, aprende a guiar-se pelo bom senso, que é o uso criterioso ou ponderado da razão. Em síntese, “[…] a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em função nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo […]” (Ação e Reação – Cap. 7 – André Luiz/Chico Xavier). Por último, importa considerar que a razão é continuamente influenciada por outros valores presentes na mente espiritual.
Não atua nem desenvolve isoladamente.
A influência recíproca vibra em todos os instantes da vida e em todos os pontos do Universo, de forma que o uso do livre-arbítrio de alguém repercute na existência de outras pessoas.
Tudo se desloca e renova sob os princípios de interdependência e repercussão. O reflexo esboça a emotividade. A emotividade plasma a idéia. A idéia determina a atitude e a palavra que comandam as ações. (Pensamento e Vida – Cap. 1 Emmanuel/Chico Xavier). É natural, pois, que a razão seja diretamente contrabalanceada pelo sentimento, a fim de que ocorra a evolução integral do Espírito. […] A razão sem o sentimento é fria e implacável como os números, e os números podem ser fatores de observação e catalogação da atividade, mas nunca criaram a vida. A razão é uma base indispensável, mas só o sentimento cria e edifica. É por esse motivo que as conquistas do humanismo jamais poderão desaparecer nos processos evolutivos da Humanidade. (O Consolador – Q. 198 – Emmanuel/Chico Xavier).
REVISTA REFORMADOR SETEMBRO 2007.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA – Item XVII. Livro dos Espíritos- A. Kardec
“A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá, como disse os astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna?”
PROLEGÔMENOS – Livro dos Espíritos. A. Kardec.
“A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente e os fatos hão provado que essa força é capaz de entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.”
A fé espírita por não ser cega, caminha com segurança de mãos dadas com o progresso. Kardec deixa claro:
“Se a nossa fé se fortalece de dia para dia, é porque compreendemos.” Item 149 – Cap. 7 Livro dos Médiuns.
Na questão 717, do Livro dos Espíritos, eles nos esclarecem:
“Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas.”
O experimentalismo espírita ou mediunismo, sem dúvida, é um dos elementos importantes para os investigadores na busca por informações do mundo espírita, mas, isso não é tudo. Espiritismo não é mediunismo, é uma doutrina filosófica com base científica e conseqüências religiosas profundas, daí o Codificador espírita advertir:
Conclusão – Livro dos Espíritos – Item VI.
“Falsíssima idéia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso.”
Seguindo neste mesmo capitulo no Livro dos Espíritos, Conclusão Item IX, Kardec sintetiza o assunto em questão em uma curta frase:
“O argumento supremo deve ser a razão.”
Ao iniciar “O Evangelho segundo o Espiritismo” no primeiro capítulo, no subtítulo “Aliança as Ciência e da Religião”, Kardec faz a grande revolução do século XIX, fundindo a razão e a fé:
“A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo.”
No Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capitulo XIX, Kardec assevera:
“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.” A fé que tem base no ver é a fé de São Tomé, é “ver para crer” e bem sabemos que essa fé não é suficiente para converter, os ícones do materialismo extremado. Só a fé do saber dá as bases seguras para compreensão e aceitação.
Por isso Kardec nos adverte, novamente:
“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”
“A Gênese” – CAP IV: Kardec reforça as bases científicas doutrinárias:
“A fé ortodoxa se sobressaltou, porque julgou que lhe tiravam a pedra fundamental. Mas, com quem havia de estar a razão: com a Ciência, que caminhava prudente e progressivamente pelos terrenos sólidos dos algarismos e da observação, sem nada afirmar antes de ter em mãos as provas, ou com uma narrativa escrita quando faltavam absolutamente os meios de observação? No fim de contas, quem há de levar a melhor: aquele que diz 2 e 2 fazem 5 e se nega a verificar, ou aquele que diz que 2 e 2 fazem 4 e o prova?”
Finalizando Kardec esclarece:
Obras Póstumas: Cap. V – As expiações coletivas:
“Proscrevendo a fé cega (o Espiritismo), quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz. Não repudia nenhuma descoberta da Ciência, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo de Deus essas leis, repudiar a Ciência fora repudiar a obra de Deus.”
O Consolador – Emmanuel/ Chico Xavier.
199 – Poderá a Razão dispensar a Fé?
– A razão humana é ainda muito frágil e não poderá dispensar a cooperação da fé que a ilumina, para a solução dos grandes e sagrados problemas da vida.
Em virtude da separação de ambas, nas estradas da vida, é que observamos o homem terrestre no desfiladeiro terrível da miséria e da destruição.
Pela insânia da razão, sem a luz divina da fé, a força faz as suas derradeiras tentativas para assenhorear-se de todas as conquistas do mundo.
Falastes demasiadamente de razão e permaneceis na guerra da destruição, onde só perambulam miseráveis vencidos? revelastes as mais elevadas demonstrações de inteligência, mas mobilizais todo o conhecimento para o morticínio sem piedade? pregastes a paz, fabricando os canhões homicidas? pretendestes haver solucionado os problemas sociais, intensificando a construção das cadeias e dos prostíbulos.
Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória e sem fim.
Revista Espírita, 12º ano – Junho de 1869.
Profissão de fé espírita raciocinada
§ I. DEUS
1. Há um Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
A prova da existência de Deus está no axioma: Não há efeito sem causa. Vemos incessantemente uma multidão inumerável de efeitos, cuja causa não está na Humanidade, uma vez que a Humanidade está impossibilitada de reproduzi-los, e mesmo de explicá-los: a causa está, pois, acima da Humanidade. É a essa causa que se chama Deus, Jeová, Alá, Brama, Fo-hi, Grande Espírito, etc., segundo as línguas, os tempos e os lugares.
Esses efeitos, de nenhum modo, não se produzem ao acaso, fortuitamente e sem ordem; desde a organização do menor inseto, e do maior grão, até à lei que rege os mundos circulando no espaço, tudo atesta um pensamento, uma combinação, uma previdência, uma solicitude que ultrapassam todas as concepções humanas. Essa causa é, pois, soberanamente inteligente.
2. Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
Deus é eterno, se tivesse tido um começo, alguma coisa teria existido antes dele; teria saído do nada, ou bem teria sido criado, ele mesmo, por um ser anterior. Assim é que, de passo a passo, remontamos ao infinito na eternidade.
Deus é imutável; se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
É imaterial, quer dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, de outro modo estaria sujeito às flutuações e às transformações da matéria, e não seria imutável.
É único, se houvesse vários deuses, teria várias vontades; e desde então não teria uma unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente, porque é único. Se não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa mais poderosa do que ele; não teria feito todas as coisas, e as que não tivesse feito, seriam a obra de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite duvidar nem da sua justiça, nem da sua bondade.
3. Deus é infinito em todas as suas perfeições.
Supondo-se imperfeito um só dos atributos de Deus, se se diminui a menor parcela da eternidade, da imutabilidade, da imaterialidade, da unidade, da onipotência da justiça e da bondade de Deus, pode-se supor um outro ser possuindo o que lhe faltaria, e esse ser, mais perfeito do que ele, seria Deus.
§ II. A ALMA
4. Há no homem um princípio inteligente que se chama ALMA ou ESPÍRITO, independente da matéria e que lhe dá o senso moral da faculdade de pensar.
Se o pensamento fosse uma propriedade da matéria, ver-se-ia a matéria bruta pensar; ora, como jamais se viu a matéria inerte dotada de faculdades intelectuais; que quando o corpo está morto ele não pensa mais, é necessário disso concluir que a alma é independente da matéria, e que os órgãos não são senão instrumentos com a ajuda dos quais o homem manifestam o seu pensamento.
5. As doutrinas materialistas são incompatíveis com a moral e subversivas da ordem social.
Se, segundo os materialistas, o pensamento fosse segregado pelo cérebro, como a bile é segregada pelo fígado, disso resultaria que, na morte do corpo, a inteligência do homem e todas as suas qualidades morais reentrariam no nada; que os parentes, os amigos e todos aqueles aos quais se tivesse afeiçoado, estariam perdidos sem retorno; que o homem de gênio seria sem mérito, uma vez que não deveria as suas faculdades transcendentais senão ao acaso de sua organização; que não haveria, entre o imbecil e o sábio, senão a diferença de mais ou de menos cérebro.
As conseqüências dessa doutrina seriam que, não esperando o homem nada além desta vida, nenhum interesse teria em fazer o bem; que seria muito natural que procurasse se proporcionar o mais de gozos possíveis, fosse mesmo a expensas de outrem; que haveria estupidez em disso se privar pelos outros; que o egoísmo seria o sentimento mais racional; que aquele que fosse teimosamente infeliz sobre a Terra, nada melhor teria a fazer do que se matar, uma vez que, devendo cair no nada, isso não seria nem mais e nem menos para ele, e que abreviaria os seus sofrimentos.
A doutrina materialista é, pois, a sanção do egoísmo, fonte de todos os vícios, a negação da caridade, fonte de todas as virtudes e base da ordem social, e a justificação do suicídio.
6. A independência da alma está provada pelo Espiritismo.
A existência da alma está provada pelos atos inteligentes do homem, que devem ter uma causa inteligente e não uma causa inerte. A sua independência da matéria está demonstrada de maneira patente pelos fenômenos espíritas que a mostram agindo por si mesma, e sobretudo pela experiência de seu isolamento durante a vida, o que lhe permite se manifestar, pensar e agir na ausência do corpo.
Pode-se dizer que, se a química separou os elementos da água, se ela colocou por aí as suas propriedades em descoberto, e se pode à vontade fazer e desfazer um corpo composto, o Espiritismo pode igualmente isolar os dois elementos constitutivos do homem: o espírito e a matéria, a alma e o corpo, separá-los e reuni-los à vontade, o que não pode deixar dúvida sobre a sua independência.
7. A alma do homem sobrevive ao corpo e conserva a sua individualidade depois da morte.
Se a alma não sobrevivesse ao corpo, o homem não teria por perspectiva senão o nada, do mesmo modo se a faculdade de pensar fosse o produto da matéria; se ela não conservasse a sua individualidade, quer dizer, se ela fosse se perder no reservatório comum chamado grande todo, como as gotas de água no Oceano, isso não seria menos para o homem o nada do pensamento, e as conseqüências seriam absolutamente as mesmas de que se não tivesse alma.
A sobrevivência da alma depois da morte está provada, de maneira irrecusável e de alguma sorte palpável, pelas comunicações espíritas. Sua individualidade está demonstrada pelo caráter e pelas qualidades próprias de cada uma; essas qualidades, distinguindo as almas umas das outras, constituem a sua personalidade; se elas estivessem confundidas num todo comum, não teriam senão qualidades uniformes.
Além dessas provas inteligentes, há ainda a prova material das manifestações visuais, ou aparições, que são tão freqüentes e tão autênticas, que não é permitido contradizer.
8. A alma do homem é feliz ou infeliz depois da morte, segundo o bem ou o mal que fez durante a vida.
Desde que se admite um Deus soberanamente bom e justo, não se pode admitir que as almas tenham uma sorte comum.
Se a posição futura do criminoso e do homem virtuoso devesse ser a mesma, isso excluiria toda a utilidade de se fazer o bem; ora, supor que Deus não faz diferença entre aquele que faz o bem e aquele que faz o mal, seria negar a sua justiça. Não recebendo o mal sempre a sua punição, nem o bem a sua recompensa durante a vida terrestre, disso é necessário concluir que a justiça será feita depois, sem isso Deus não seria justo.
As penas e os gozos futuros estão, por outro lado, materialmente provados pelas comunicações que os homens podem estabelecer com as almas daqueles que viveram e que vem descrever o seu estado, feliz ou infeliz, a natureza de suas alegrias ou de seus sofrimentos, e dizer-lhes a causa.
9. Deus, a alma, sobrevivência e individualidade da alma depois da morte do corpo, penas e recompensas futuras, são os princípios fundamentais de todas as religiões.
O Espiritismo vem acrescentar, às provas morais desses princípios, as provas materiais dos fatos e da experimentação, e interromper os sofismas do materialismo. Em presença dos fatos, a incredulidade não tem mais razão de ser; assim é que o Espiritismo vem dar de novo a fé àqueles que a perderam, e levantar as dúvidas entre os incrédulos.
§ III. CRIAÇÃO
10. Deus é o criador de todas as coisas.
Esta proposição é a conseqüência da prova da existência de
Deus.
11. O princípio das coisas está nos segredos de Deus.
Tudo diz que Deus é o autor de todas as coisas, mas quando e como as criou? É a matéria de toda a eternidade como ele?
É o que ignoramos. Sobre tudo o que não julgou oportuno nos revelar, não se pode estabelecer senão sistemas mais ou menos prováveis. Dos efeitos que vemos, podemos remontar a certas causas; mas há um limite que nos é impossível transpor, e seria, ao mesmo tempo, perder seu tempo e se expor e desviar-se querendo ir além.
12. O homem tem por guia, na pesquisa do desconhecido, os atributos de Deus.
Na procura dos mistérios, que nos são permitidos sondar, pelo raciocínio, há um critério certo, um guia infalível: são os atributos de Deus.
Desde que se admite que Deus deve ser eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, que é infinito em suas perfeições, toda doutrina ou teoria, científica ou religiosa, que tendesse a lhe tirar uma parcela, de um único de seus atributos, seria necessariamente falsa, uma vez que tenderia à negação da própria divindade.
13. Os mundos materiais tiveram um começo e terão um fim.
Que a matéria seja de toda a eternidade como Deus, ou que ela haja sido criada numa época qualquer, é evidente, segundo o que se passa diariamente sob os nossos olhos, que as transformações da matéria são temporárias, e que dessas transformações resultam os diferentes corpos, que nascem e se destroem sem cessar.
Sendo os diferentes mundos os produtos da aglomeração e da transformação da matéria, devem, como todos os corpos, ter tido um começo e ter um fim, segundo as leis que nos são desconhecidas. A ciência pode, até um certo ponto, estabelecer as leis de sua formação e remontar ao seu estado primitivo. Toda teoria filosófica em contradição com o s fatos mostrados pela ciência, é necessariamente falsa, a menos que se prove que a ciência está em erro.
14. Criando os mundos materiais, Deus também criou seres inteligentes, a que chamamos Espíritos.
15. A origem e o modo de criação dos Espíritos nos são desconhecidos; sabemos somente que são criados simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas perfectíveis e com uma igualdade de aptidão para tudo adquirir e tudo conhecer com o tempo. No princípio, estão numa espécie de infância, sem vontade própria e sem consciência perfeita de sua existência.
16. À medida que o espírito se afasta do ponto de partida, as idéias se desenvolvem nele, como na criança, e com as idéias,
o livre arbítrio, quer dizer, a liberdade de fazer, ou não fazer, de seguir tal ou tal caminho, para o seu adiantamento, o que é um dos atributos essenciais do Espírito.
17. O objetivo final de todos os Espíritos é alcançar a perfeição, da qual a criatura é suscetível; o resultado dessa perfeição é o gozo da felicidade suprema, que lhe é a conseqüência, e à qual chegam, mais ou menos prontamente segundo o uso que fazem de seu livre arbítrio.
18. Os Espíritos são os agentes do Poder Divino; constituem a força inteligente da Natureza e concorrem ao cumprimento dos objetivos do Criador para a constituição da harmonia geral do Universo e das leis imutáveis da criação.
19. Para concorrerem, como agentes do poder divino, na obra dos mundos materiais, os Espíritos revestem, temporariamente, um corpo material.
Os Espíritos encarnados constituem a Humanidade. A alma do homem é um Espírito encarnado.
20. A vida espiritual é a vida normal do Espírito; ela é eterna; a vida corpórea é transitória e passageira; isso não é senão um instante na eternidade.
21. A encarnação dos Espíritos está nas leis da Natureza; é necessária ao seu adiantamento e ao cumprimento das obras de Deus. Pelo trabalho que a sua existência corpórea necessita, aperfeiçoam a sua inteligência e adquirem, em observando a lei de Deus, os méritos que devem conduzi-los à felicidade eterna.
Disso resulta que, todos concorrendo para a obra geral da criação, os Espíritos trabalham pelo seu próprio adiantamento.
22. O aperfeiçoamento do Espírito é o fruto de seu próprio trabalho; ele avança em razão de sua maior ou menor atividade, ou de boa vontade, para adquirir as qualidades que lhe faltam.
23. Não podendo o Espírito adquirir, numa só existência corporal, todas as qualidades morais e intelectuais que devem conduzi-lo ao objetivo, ele o alcança por uma sucessão de existências, em cada uma das quais dá alguns passos à frente na senda do progresso, e se purifica de algumas de suas imperfeições.
24. A cada nova existência, o Espírito traz o que adquiriu em inteligência e em moralidade em suas existências precedentes, assim como os germes das imperfeições das quais ainda não se despojou.
25. Quando uma existência foi mal empregada pelo Espírito, quer dizer, se ele não fez nenhum progresso no caminho do bem, é sem proveito para ele, e deve recomeçá-la em condições mais ou menos penosas, em razão de sua negligência e de sua má vontade.
26. A cada existência corpórea, o Espírito devendo adquirir alguma coisa de bem e se despojar de alguma coisa de mal, disso resulta que, depois de um certo número de encarnações, ele se encontra depurado e chega ao estado de Espírito puro.
27. O número das existências corpóreas é indeterminado: depende da vontade do Espírito abreviá-lo trabalhando ativamente pelo seu aperfeiçoamento moral.
28. No intervalo das existências corpóreas, o Espírito está errante e vive a vida espiritual. A erraticidade não é de duração determinada.
29. Quando os Espíritos adquiriram, sobre um mundo, a soma do progresso que o estado desse mundo comporta, eles o deixam para se encarnarem num outro mais avançado, onde adquirem novos conhecimentos, e assim por diante até que a encarnação em um corpo material, não lhes sendo mais útil, eles vivem exclusivamente a vida espiritual, onde progridem ainda num outro sentido e por outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso,gozam da suprema felicidade; admitidos nos conselhos do Onipotente têm o seu pensamento e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos para o governo dos mundos, tendo sob as suas ordens os Espíritos de diferentes graus de adiantamento.
1. O PODER DA FÉ.
1. Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: “Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar”. Jesus respondeu, dizendo: “Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? “Trazei-me aqui esse menino”. E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: “Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio”?” Respondeu-lhes Jesus: “Por causa da vossa incredulidade”.
“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível”. Mt: 17:14 a 20.
2. No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si. Aqui, porém, unicamente no sentido moral se deve entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade, em suma, com que se deparam da parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se tem de combater? essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer. (ESSE – Cap. XIX).
3. Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma? faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza? quando a estimula o interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança? a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.
4. Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade? aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus.
Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos.
5. O poder da fé se demonstra de modo direto e especial, na ação magnética? por seu intermédio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal junto ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural. Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos: se não o curastes, foi porque não tínheis fé.
ESE – Cap. XIX – Allan Kardec.
CONFIA SEMPRE.
Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.
Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo.
Crê e trabalha.
Esforça-te no bem e espera com paciência.
Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do céu permanecerá.
De todos os infelizes, os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha.
Luta e serve. Aprende e adianta-te.
Brilha a alvorada além da noite.
Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte…
Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.
Espírito: MEIMEI
Médium: Francisco Cândido Xavier – Livro: “Cartas do Coração”
2 . A FÉ RELIGIOSA.
CONDIÇÃO DA FÉ INABALÁVEL.
6. Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona. Somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade? preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
7. Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não? ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que compete procurá-los? a eles é que cumpre ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la
Tende, pois, como certo que os que dizem: “Nada de melhor desejamos do que crer, mas não o podemos”, apenas de lábios o dizem e não do íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor?por que fogem de observálas?
Da parte de uns, há descaso? da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos? da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de curvar se diante dela.
Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata? uma centelha basta para desenvolvê-la.
Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias. As primeiras já creram e compreenderam? trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita? as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer. Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência, ficará em outra.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver ? é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século (1), tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor se exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre arbítrio.
É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida (2)
A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.
(1) Kardec escreveu essas palavras no século XIX. Hoje, o espírito humano tornou se ainda mais exigente: a fé cega está abandonada? reina descrença nas Igrejas que a impunham. As massas humanas vivem sem ideal, sem esperança em outra vida e tentam transformar o mundo pela violência. As lutas econômicas engendraram as mais exóticas doutrinas de ação e reação. Duas guerras mundiais assolaram o planeta, numa ânsia furiosa de predomínio econômico. Toda a esperança da Humanidade hoje se apóia no Espiritismo, na restauração do Cristianismo, baseada em fatos que demonstram os princípios básicos da Doutrina cristã: eternidade da vida, responsabilidade ilimitada de pensamentos, palavras e atos. Sem a Terceira Revelação o mundo estaria irremediavelmente perdido pelo choque das mais desencontradas ideologias materialistas e violentistas. – A Editora da FEB, em 1948.
O Consolador – Emmanuel / Chico Xavier.
(2) 356 – A dúvida raciocinada, no coração sincero, é uma base para a fé?
– Toda dúvida que se manifesta na alma cheia de boa vontade, que não se precipita em definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a alma, na marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.
Fé Inabalável
“Allan Kardec afirmou: Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade.
Acreditar em Deus, na imortalidade do Espírito, na excelência dos postulados da reencarnação e permitir-se abater quando convidado á demonstração da capacidade de resistência, é lamentável queda na leviandade ou clara demonstração de que a fé não é real…
Permitir-se depressão porque aconteceram fenômenos desagradáveis e até mesmo desestruturadores do comportamento, significa não somente debilidade emocional que apenas tem fortaleza quando não há luta, mas também total falta de confiança em Deus.
Quando a fé é raciocinada, estribada nas reflexões profundas em torno dos significados existenciais, tem capacidade para enfrentar os problemas e solucioná-los sem amargura nem conflito, para atender as situações penosas com tranqüilidade, porque identifica em todas essas situações as oportunidades de crescimento interior para o encontro com a VERDADE. O conhecimento do Espiritismo liberta a consciência da culpa, o indivíduo de qualquer temor, facultando-lhe uma existência risonha com esperança e realizações edificantes pelos atos. “Não apenas enseja as perspectivas ditosas do porvir, mas, sobretudo ajuda a trabalhar o momento em que se vive, preparando aquele que virá”. Autor: Joanna de Angelis Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Atitudes Renovadas.
3. PARÁBOLA DA FIGUEIRA QUE SECOU.
8. Quando saía de Betânia, ele teve fome? e, vendo ao longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma coisa? tendo se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de figos. Então, disse Jesus à figueira: “Que ninguém coma de ti fruto algum”. Isto o que seus discípulos ouviram.
No dia seguinte, ao passarem pela figueira, viram que secara até a raiz. Pedro, lembrando-se do que dissera Jesus, disse: “Mestre, olha como secou a figueira que tu amaldiçoaste”. Jesus, tomando a palavra, lhes disse: “Tende fé em Deus”.
Digo-vos, em verdade, que aquele que disser a esta montanha: ‘Tira-te daí e lança te ao mar’, mas sem hesitar no seu coração, crente, ao contrário, firmemente, de que tudo o que houver dito acontecerá, verá que, com efeito, acontece”. Mc:11:12ª14 e 20ª23:
9. A figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem? dos oradores que mais brilho.têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações. É de perguntar se que proveito tirou delas os que as escutaram. (4) O Consolador – Emmanuel/Chico Xavier. (4a) Nosso Lar – André Luis / Chico Xavier).
Simbolizam também todos aqueles que, tendo meios de ser úteis, não o são? todas as utopias, todos os sistemas ocos, todas as doutrinas carentes de base sólida.
O que as mais das vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que abala as fibras do coração, a fé, numa palavra, que transporta montanhas. São árvores cobertas de folhas, porém, baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão secas até à raiz. Quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, cairão reduzidas a nada? que todos os homens deliberadamente inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão tratados como a figueira que secou.
(4) – 200 – Onde localizar a origem dos desvios da razão humana?
– A origem desse desequilíbrio reside na defecção do sacerdócio, nas várias igrejas que se fundaram nas concepções do Cristianismo. Ocultando a verdade para que prevalecessem os interesses econômicos de seus transviados expositores, as seitas religiosas operaram os desvirtuamentos da fé, fixando a sua atividade, por absoluta ausência de colaboração com o raciocínio, no caminho infinito de conquistas da vida.
4ª – Temos em “Nosso Lar”, no que concerne à literatura, uma enorme vantagem? é que os escritores de má fé, os que estimam o veneno psicológico, são conduzidos imediatamente para as zonas obscuras do Umbral.
10. Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos? suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados
de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe lhes uma missão especialíssima? são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos? multiplicam se em número, para que abunde o alimento? há os por toda a parte, em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados. Se, porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos, se se recusam a utilizá-la em benefício dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.
Missionários da Luz – Cap. 9 – André Luiz/Chico Xavier.
Como intentar construções sem bases legítimas, atingir os fins sem atender aos princípios?
Não se reduz a fé a simples amontoado de promessas brilhantes, e o conjunto de ansiedades angustiosas que vos possui os corações, de modo algum poderia significar a realização espiritual propriamente dita.
A edificação do reino interior com a luz divina reclama trabalho persistente e sereno. Não será tão somente ao preço de palavras que erguereis os templos da fé viva. Como acontece a comezinhos serviços de natureza terrestre, é imprescindível a escolha de material, esforços de aquisição, planos deliberados previamente, aplicação necessária, experimentação de solidez, demonstrações de equilíbrio, firmeza de linhas, harmonia de conjunto e primores de acabamento.
4 . INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
A FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE.
11. Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa? não deve entorpecer-se.
Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus cumpre lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?
Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável (5), porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do edifício que sobre ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.
A fé sincera é empolgante e contagiosa? comunica se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la.
Encontra palavras persuasivas que vão à alma, ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé (6) Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida. Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo por que o amais? crede nas suas promessas, mas sabendo por que acreditais nelas? segui os nossos conselhos, mas compenetrados do fim que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé. – José – Espírito protetor. (Bordéus, 1862).
(5) – CAPÍTULO XVIII – SÃO CHEGADOS OS TEMPOS
SINAIS DOS TEMPOS
·A GERAÇÃO NOVA
17. A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social? mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos? de que esse Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto pode querer? que não dele, porém dos homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos uns aos outros.
Essa a fé que o Espiritismo faculta e que doravante será o eixo em torno do qual girará o gênero humano, quaisquer que sejam os cultos e as crenças particulares.
A Gêneses – Allan Kardec
(6) – Ti:2:14ª 19: Bíblia sagrada – Novo Testamento.
14 Que proveito há meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo?
15 Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano.
16 se algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?
17 Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem.
A FÉ HUMANA E A DIVINA.
12. No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros? é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.
Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que se não chegue a vencer.
O Magnetismo (7) é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. – Um Espírito Protetor. (Paris, 1863).
(7) – O potencial magnético é peculiar a todos, com expressões que se graduam ao infinito. Nos Domínios da Mediunidade – cap. 17 André Luis/Chico Xavier
CORAGEM DA FÉ – ESE – Cap. XXIV.
13. “Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus? e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos céus”. Matheus: 10: 32 e 33:
14. “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem também dele se envergonhará, quando vier na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos”. Lucas: 9: 26
15. A coragem das opiniões próprias sempre foi tida em grande estima entre os homens, porque há mérito em afrontar os perigos, as perseguições, as contradições e até os simples sarcasmos, aos quais se expõe, quase sempre, aquele que não teme proclamar abertamente idéias que não são as de toda gente. Aqui, como em tudo, o merecimento é proporcionado às circunstâncias e à importância do resultado. Há sempre fraqueza em recuar alguém diante das conseqüências que lhe acarreta a sua opinião e em renegá-la? mas, há casos em que isso constitui covardia tão grande, quanto fugir no momento do combate.
Jesus profliga essa covardia, do ponto de vista especial da sua doutrina, dizendo que, se alguém se envergonhar de suas palavras, desse também ele se envergonhará? que renegará aquele que o haja renegado? que reconhecerá, perante o Pai que está nos céus, aquele que o confessar diante dos homens. Por outras palavras: aqueles que se houverem arreceado de se confessarem discípulos da verdade não são dignos de se verem admitidos no reino da verdade. Perderão as vantagens da fé que alimentem, porque se trata de uma fé egoísta que eles guardam para si, ocultando a para que não lhes traga prejuízo neste mundo, ao passo que aqueles que, pondo a verdade acima de seus interesses materiais, a proclamam abertamente, trabalham pelo seu próprio futuro e pelo dos outros.
16. Assim será com os adeptos do Espiritismo. Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo. Eles semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual. Colherão lá os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza.
ESE – Cap. 5 – Allan Kardec.
O desânimo é uma falta. Deus vos negará consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um apoio para a alma? contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
Há Dois Mil Anos… (Emmanuel / Chico Xavier).
IV – Na Galileia.
… Públio Lentulus debruçou-se sobre o leito da filha, com os olhos rasos de pranto.
Brincou com as suas mãozinhas mirradas e feridas, fazendo-lhe festas, com o coração tocado de infinita amargura.
– Filhinha, que queres hoje para dormir melhor? – perguntou com a voz estrangulada, arrancando lágrimas dos olhos de Lívia.
Comprar-te-ei muitos brinquedos e muitas novidades… Dize ao papai o que desejas…
Copioso suor empastava as excrescências ulcerosas da doentinha, que deixava transparecer angustiosa ansiedade. Notava-se-lhe grande esforço, como se estivesse realizando o impossível para responder à pergunta paterna.
Fala filhinha – murmurava Públio, sufocado, observando-lhe o desejo de expressar qualquer resposta.
Buscarei tudo que quiseres… Mandarei a Roma um portador, especialmente para trazer todos os teus brinquedos…
Ao cabo de visível esforço, pôde a pequenina murmurar com voz cansada e quase imperceptível:
– Papai… Eu quero… O profeta… De Nazaré…
O senador baixou os olhos, humilhado e confundido em face do imprevisto daquela resposta, enquanto Lívia e Ana, como se fossem tocadas por força invisível e misteriosa, pelo inopinado da cena, escondiam o rosto inundado de pranto.
V – O Messias de Nazaré
O dia seguinte amanheceu trazendo as mais sérias preocupações a Públio e sua família.
Ainda cedo, vamos encontrá-lo em íntimo colóquio com a esposa, que se lhe dirige em voz súplice e afetuosa:
– Considero querido, que devias atenuar um pouco os rigores da posição em que o destino nos colocou, procurando esse homem generoso, para benefício de nossa filha. Todos se referem às suas ações, empolgados por sua bondade edificadora, e eu acredito que o seu coração se apiedará da nossa desditosa situação.
O senador ouviu-a apreensivo e incerto, exclamando afinal:
– Pois bem, Lívia; acederei aos teus desejos, mas só a angústia que nos vai à alma me faz transigir, de maneira tão rude, com os meus princípios.
Não procederei, todavia, conforme sugeres. Irei sozinho à cidade, como se me encontrasse em hora de simples entretenimento, passando pelo trecho do caminho que nos conduz às margens do lago, sem chegar ao cúmulo de abordar pessoalmente o profeta, de modo a não descer da minha dignidade social e política, e, no caso de sobrevir alguma circunstância favorável, far-lhe-ei sentir o prazer que nos causaria a sua visita, com o fim de reanimar a nossa doentinha.
– Muito bem! – disse Lívia, entre confortada e agradecida – guardo nalma a mais sincera e profunda fé. Vai sim, querido!… Ficarei rogando a bênção dos céus para a nossa iniciativa. O profeta, que agora surge como verdadeiro médico das almas saberá que atrás da tua posição de senador do Império, há corações que sofrem e choram!…
Públio notou que a esposa se exaltava nas suas considerações, deixando-se conduzir pelo que julgava um excesso de fraqueza e pieguismo; entretanto, nada lhe admoestou a respeito, em face das amarguras do momento, suscetível de desvairar o cérebro mais forte.
Deixou que as horas movimentadas do dia se escoassem com as claridades do poente e, quando o crepúsculo entornava as suas meias tintas na paisagem maravilhosa, saiu, fingindo distração e alheamento, como se desejasse conhecer de perto a antiga fonte da cidade, motivo de atração para todos os forasteiros.
Após haver percorrido uns trezentos metros de caminho, encontrou transeunte e pescadores, que se recolhiam e o encaravam com mal disfarçada curiosidade.
Uma hora passou sobre as suas amargas cogitações íntimas.
Um velário imenso de sombras invadia toda a região, cheia de vitalidade e de perfumes.
Onde estaria o profeta de Nazaré naquele instante? Não seria uma ilusão a história dos seus milagres e da sua encantadora magia sobre as almas? Não seria um absurdo procurá-lo ao longo dos caminhos, abstraindo-se dos imperativos da hierarquia social? Em todo caso, deveria tratar-se de homem simples e ignorante, dada a sua preferência por Cafarnaum e pelos pescadores.
Dando curso às idéias que lhe fluíam da mente incendiada e abatida, Públio Lentulus considerou dificílima a hipótese do seu encontro com o mestre de Nazaré.
Como se entenderiam?
Não lhe interessara o conhecimento minucioso dos dialetos do povo e, certamente, Jesus lhe falaria no aramaico comumente usado na bacia de Tiberíades.
Profundas cismas entornavam-lhe do cérebro para o coração, como as sombras do crepúsculo que precediam a noite.
O céu, porém, àquela hora, era de um azul maravilhoso, enquanto as claridades opalinas do luar não haviam esperado o fechamento absoluto do leque imenso da noite.
O senador sentiu o coração perdido num abismo de cogitações infinitas, ouvindo-lhe o palpitar descompassado no peito opresso.
Dolorosa emoção lhe compungia agora as fibras mais íntimas do espírito.
Apoiara-se, insensivelmente, num banco de pedras enfeitado de silvas, e deixara-se ali ficar, sondando o ilimitado do pensamento.
Nunca experimentara sensação idêntica, senão no sonho memorável, relatado unicamente a Flamínio.
Recordava-se dos menores feitos da sua vida terrestre, afigurando-se-lhe haver abandonado, temporariamente, o cárcere do corpo material.
Sentia profundo êxtase, diante da Natureza e das suas maravilhas, sem saber como expressar a admiração e reconhecimento aos poderes celestes, tal a clausura em que sempre mantivera o coração insubmisso e orgulhoso.
Das águas mansas do lago de Genesaré parecia-lhe emanarem suavíssimos perfumes, casando-se deliciosamente ao aroma agreste da folhagem.
Foi nesse instante que, com o espírito como se estivesse sob o império de estranho e suave magnetismo, ouviu passos brandos de alguém que buscava aquele sítio.
Diante de seus olhos ansiosos, estacara personalidade inconfundível e única. Tratava-se de um homem ainda moço, que deixava transparecer nos olhos, profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. Longos e sedosos cabelos molduravam-lhe o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiava da sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.
Públio Lentulus não teve dificuldade em identificar aquela criatura impressionante, mas, no seu coração marulhavam ondas de sentimentos que, até então, lhe eram ignorados. Nem a sua apresentação a Tibério, nas magnificências de Capri, lhe havia imprimido tal emotividade ao coração.
Lágrimas ardentes rolaram-lhe dos olhos, que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar.
Desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. Foi quando, então, num gesto de doce e soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, qual visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, como se ouvisse o idioma patrício, dando-lhe a inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração:
– Senador, porque me procuras? – e, espraiando o olhar profundo na paisagem, como se desejasse que a sua voz fosse ouvida por todos os homens do planeta, rematou com serena nobreza: – Fôra melhor que me procurasses publicamente e na hora mais clara do dia, para que pudesses adquirir, de uma só vez e para toda a vida, a lição sublime da fé e da humildade…
Mas, eu não vim ao mundo para derrogar as leis supremas da Natureza e venho ao encontro do teu coração desfalecido!…
Públio Lentulus nada pôde exprimir, além das suas lágrimas copiosas, pensando amargamente na filhinha; mas o profeta, como se prescindisse das suas palavras articuladas continuou: – Sim… Não venho buscar o homem de Estado, superficial e orgulhoso, que só os séculos de sofrimento podem encaminhar ao regaço de meu Pai; venho atender às súplicas de um coração desditoso e oprimido e, ainda assim, meu amigo, não é o teu sentimento que salva a filhinha leprosa e desvalida pela ciência do mundo, porque tens ainda a razão egoística e humana; é, sim, a fé e o amor de tua mulher, porque a fé é divina… Basta um raio só de suas energias poderosas para que se pulverizem todos os monumentos das vaidades da Terra…
Comovido e magnetizado, o senador considerou, intimamente, que seu espírito pairava numa atmosfera de sonho, tais as comoções desconhecidas e imprevistas que se lhe represavam no coração, querendo crer que os seus sentidos reais se achavam travados num jogo incompreensível de completa ilusão.
– Não, meu amigo, não estás sonhando… – exclamou meigo e enérgico o Mestre, adivinhando-lhe os pensamentos. – Depois de longos anos de desvio do bom caminho, pelo sendal dos erros clamorosos, encontras, hoje, um ponto de referência para a regeneração de toda a tua vida.
Está, porém, no teu querer o aproveitá-lo agora, ou daqui a alguns milênios… Se o desdobramento da vida humana está subordinado às circunstâncias, és obrigado a considerar que elas existem de toda a natureza, cumprindo às criaturas a obrigação de exercitar o poder da vontade e do sentimento, buscando aproximar seus destinos das correntes do bem e do amor aos semelhantes.
Soa para teu espírito, neste momento, um minuto glorioso, se conseguires utilizar tua liberdade para que seja ele, em teu coração, doravante, um cântico de amor, de humildade e de fé, na hora indeterminável da redenção, dentro da eternidade…
Mas, ninguém poderá agir contra a tua própria consciência, se quiseres desprezar indefinidamente este minuto ditoso!
Pastor das almas humanas, desde a formação deste planeta, há muitos milênios venho procurando reunir as ovelhas tresmalhadas, tentando trazer-lhes ao coração as alegrias eternas do reinado de Deus e de sua justiça!
Públio fitou aquele homem extraordinário, cujo desassombro provocava admiração e espanto.
Humildade? Que credenciais lhe apresentava o profeta para lhe falar assim, a ele senador do Império, revestido de todos os poderes diante de um vassalo?
Num minuto, lembrou a cidade dos césares, coberta de triunfos e glórias, cujos monumentos e poderes acreditava, naquele momento, fossem imortais.
– Todos os poderes do teu império são bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis.
As magnificências dos césares são ilusões efêmeras de um dia, porque todos os sábios, como todos os guerreiros, são chamados no momento oportuno aos tribunais da justiça de meu Pai que está no Céu.
Um dia, deixarão de existir as suas águias poderosas, sob um punhado de cinzas misérrimas. Suas ciências se transformarão ao sopro dos esforços de outros trabalhadores mais dignos do progresso, suas leis iníquas serão tragadas no abismo tenebroso destes séculos de impiedade, porque só uma lei existe e sobreviverá aos escombros da inquietação do homem – a lei do amor, instituída por meu Pai, desde o princípio da criação…
Agora, volta ao lar, consciente das responsabilidades do teu destino…
Se a fé instituiu na tua casa o que consideras a alegria com o restabelecimento de tua filha, não te esqueças que isso representa um agravo de deveres para o teu coração, diante de nosso Pai, Todo-Poderoso!…
O senador quis falar, mas a voz tornara-se-lhe embargada de comoção e de profundos sentimentos.
Desejou retirar-se, porém, nesse momento, notou que o profeta de Nazaré se transfigurava de olhos fitos no céu…
Aquele sítio deveria ser um santuário de suas meditações e de suas preces, no coração perfumado da Natureza, porque Públio adivinhou que ele orava intensamente, observando que lágrimas copiosas lhe lavavam o rosto, banhado então por uma claridade branda, evidenciando a sua beleza serena e indefinível melancolia..
Nesse instante, contudo, suave torpor paralisou as faculdades de observação do patrício, que se aquietou estarrecido.
Deviam ser vinte e uma horas, quando o senador sentiu que despertava.
Leve aragem acariciava-lhe os cabelos e a Lua entornava seus raios argênteos no espelho carinhoso e imenso das águas.
Guardando na memória os mínimos pormenores daquele minuto inesquecível, Públio sentiu-se humilhado e diminuído, em face da fraqueza ( negação) de que dera testemunho diante daquele homem extraordinário.
Uma torrente de idéias antagônicas represava-se-lhe no cérebro, cerca de suas admoestações e daquelas palavras agora arquivadas para sempre no âmago da sua consciência.
A CURA – ATRAVÉS DA FÉ.
De todas as graças que Deus concede às criaturas, a mais sublime é a graça da cura pela imposição das mãos. Jesus a tinha.
Todo ser humano é capaz de curar, pois a energia curativa flui ininterrupta de todo bom coração. A. Kardec – Livro – Parábolas e Frases de Amor.
Assim, quando João Batista manda, por seus discípulos, perguntar lhe se ele era o Cristo, a sua resposta não foi: “Eu o sou”, como qualquer impostor houvera podido dizer. Tampouco lhes fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas? responde lhes simplesmente: “Ide dizer a João: os cegos vêem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres.(Mt:11:5)” O mesmo era que dizer: “Reconhecei-me pelas minhas obras? julgai da árvore pelo fruto”, porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua missão divina.
At: 19:11ª12:
11 E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
12 de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
Perda de sangue
10. Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia? — que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.
Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.
A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar se lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. — Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou? vai em paz e fica curada da tua enfermidade. (S. Marcos, 5:25 a 34.)
11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente? ambos experimentaram a ação que acabara de produzir-se.
É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus? não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la? pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações? doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé te salvou. Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também, se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural. (Cap. XIV,
nos 31, a 33.)
ESE – Cap. VI- Cristo Consolador.
7. Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar.
Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los.
Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las.
Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o.
Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai? sede dóceis aos Espíritos do Senhor? invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis me aqui? venho até vós, porque me chamastes. – O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861).
ADORAR – UM ATO DE FÉ.
Da Lei de Adoração.
Objetivo da Adoração. Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
649. Em que consiste a adoração?
“Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma.”
650. Origina-se de um sentimento inato à adoração, ou é fruto de ensino?
“Sentimento inato, como o da existência de Deus. A consciência da sua fraqueza leva o homem a curvar-se diante daquele que o pode proteger.”
652. Poder se á considerar a lei natural como fonte originária da adoração?
“A adoração está na lei natural, pois resulta de um sentimento inato no homem. Por essa razão é que existe entre todos os povos, se bem que sob formas diferentes.”
I — EXORTAÇÃO AO ESTUDO, À CARIDADE E À UNIFICAÇÃO.
Livro – A Prece Segundo o Evangelho – Allan Kardec.
Ismael, o vosso Guia, tomando a responsabilidade de vos conduzir ao grande templo do amor e da fraternidade humana, levantou a sua bandeira, tendo inscrito nela — Deus, Cristo e Caridade. Forte pela dedicação, animado pela misericórdia de Deus, que nunca falta aos trabalhadores, sua voz santa e evangélica ecoou em todos os corações, procurando atraí-los para um único agrupamento onde, unidos, teriam a força dos leões e a mansidão dos pombos; onde, unidos, pudessem afrontar todo o peso das iniqüidades humanas; onde, enlaçados num único sentimento — o do amor — pudessem adorar o Pai em Espírito e Verdade; onde se levantasse a grande muralha da fé, contra a qual viessem quebrar-se todas as armas dos inimigos da Luz; onde, finalmente, se pudesse formar um grande dique à onda tempestuosa das paixões, dos crimes e dos vícios que avassalam a humanidade inteira!
III — COLEÇÃO DE PRECES ESPÍRITAS.
A Prece Segundo o Evangelho – Allan Kardec
51. PREFÁCIO. De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que compreende também a liberdade de consciência. Lançar anátemas sobre aqueles que não pensam como nós, é querer essa liberdade para si, mas recusá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: caridade e amor ao próximo. Persegui-los por causa de suas crenças é atentar contra o mais sagrado direito, que todo homem tem, qual seja o de crer naquilo que lhe convenha e adorar a Deus como entenda. Constrangê-los a praticar atos exteriores, semelhantes aos nossos, é atribuir bem maior importância à forma do que ao fundo, à aparência do que às convicções. A abjuração forçada jamais despertou a fé; ela só pode produzir a hipocrisia; é um abuso da força material, que não prova a verdade. A verdade tem a clareza de si mesma; convence, mas não persegue, por não ter necessidade disso.
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
656. À adoração individual será preferível a adoração em comum?
“Reunidos pela comunhão dos pensamentos e dos sentimentos, mais força têm os homens para atrair a si os bons Espíritos. O mesmo se dá quando se reúnem para adorar a Deus. Não creiais, todavia, que menos valiosa seja a adoração particular, pois que cada um pode adorar a Deus pensando nele.”
PRECE UM ATO DE FÉ.
O objetivo da prece consiste em elevar nossa alma a Deus…
ESE – Cap. XXVIII – Allan Kardec
A PRECE – Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
658. Agrada a Deus a prece?
“A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para ele, a intenção é tudo. Assim, preferível lhe é a prece do íntimo à prece lida, por muito bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o coração. Agrada-lhe a prece, quando dita com fé, com fervor e sinceridade. Mas, não creiais que o toque a do homem fútil, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.”
659. Qual o caráter geral da prece?
“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele? é aproximar se dele? é pôr se em comunicação com ele. A três coisas podemos propor por meio da prece: louvar, pedir, agradecer.”
FELICIDADE QUE A PRECE PROPORCIONA – ESE Cap. XXVII – Allan Kardec
23. Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes acorrem a vos anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre os seus tesouros, para vos outorgar todos os benefícios. Homens incrédulos! Se soubésseis quão grande bem faz a fé ao coração e como induz a alma ao arrependimento e à prece! A prece! Ah! Como são tocantes as palavras que saem da boca daquele que ora! A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Para vós, já não há mistérios? eles se vos desvendam. Apóstolos do pensamento é para vós a vida.
Vossa alma se desprende da matéria e rola por esses mundos infinitos e etéreos, que os pobres humanos desconhecem.
Avançai, avançai pelas veredas da prece e ouvireis as vozes dos anjos. Que harmonia! Já não são o ruído confuso e os sons estrídulos da Terra? são as liras dos arcanjos? são as vozes brandas e suaves dos Serafins, mais delicadas do que as brisas matinais, quando brincam na folhagem dos vossos bosques. Por entre que delícias não caminhareis! A vossa linguagem não poderá exprimir essa ventura, tão rápida entra ela por todos os vossos poros, tão vivo e refrigerante é o manancial em que, orando, se bebe. Dulçurosas vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança a essas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem mescla de desejos carnais, são divinas todas as aspirações. Também vós, orai como o Cristo, levando a sua cruz ao Gólgota, ao Calvário. Carregai a vossa cruz e sentireis as doces emoções que lhe perpassavam n’alma, se bem que vergado ao peso de um madeiro infamante. Ele ia morrer, mas para viver a vida celestial na morada de seu Pai. – Santo Agostinho. (Paris, 1861).
ORAÇÃO DOMINICAL CAP. XXVIII – ESSE- Allan Kardec.
Lucas: 11: 1:
Senhor ensina-nos a orar…
2. PREFÁCIO. Os Espíritos recomendaram que, encabeçando esta coletânea, puséssemos a Oração dominical, não somente como prece, mas também como símbolo. De todas as preces, é a que eles colocam em primeiro lugar, seja porque procede do próprio Jesus (Mt:6:9 a13), seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem? é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra prima de sublimidade na simplicidade.
Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão? o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria para si.
ESE – Cap. II – Allan Kardec.
Compadecei-vos dos que não ganharam o reino dos céus? ajudai-os com as vossas preces, porquanto a prece aproxima do Altíssimo o homem? é o traço de união entre o céu e a Terra: não o esqueçais. – Uma Rainha de França. (Havre, 1863).
54 – EXIGÊNCIA DA FÉ.
Permitir-se a fé — um ato de coragem.
Abandonar vícios e imperfeições — atitude estóica perante a vida.
Superar impedimentos da própria leviandade — esforço hercúleo de elevação.
Facultar-se consciência de dever — maioridade espiritual.
O ato de crer implica, inevitavelmente, no dever de transformar-se, abdicando dos velhos hábitos para impor-se disposições impostergáveis na tarefa da edificação interior.
A comodidade da negação, a permanência da indiferença, a prosaica atitude de observador contumaz, encontram, na fé religiosa, o seu mais temível adversário, porquanto, esta impele o homem a modificações radicais, arrancando-o da inércia em que se compraz para a dinâmica relevante que conduz à felicidade real.
Luta-se contra a crença quanto às realidades da vida indestrutível pela morte e, todavia, ei-la inata no espírito humano. Essa reação, porém, muitos a justificam no utilitarismo, de que se servem, no parasitismo emocional em que se acomodaram e preferem inconseqüentes… No entanto, mais do que pela falta de “razões” e de “fatos” sobre a supervivência, que os negadores, alegam, não dispõem, isto sim, da coragem para recomeçar em bases novas, “abandonar tudo”, renunciar-se e seguir adiante, cobrindo as pegadas deixadas por Jesus.
Impõe-te valentia para desfazer-te do “homem velho” e referta-te com os estímulos da fé, ressarcindo dívidas, remotas e próximas, contribuindo, assim, para o mundo melhor do futuro, mediante a tua própria melhora.
Refletindo nas lições do Evangelho, compreenderás o imperioso convite da fé, e, experimentando as atitudes espíritas, mediante o intercâmbio dos habitantes dos “dois mundos”, o espiritual e o material, perceberas o porquê da urgência de incorporar-te à falange dos que crêem e lutam, dos que amam e servem, dos que, morrendo, nascem para a vida verdadeira e ditosa…
Além de libertar-te das fúteis querelas e exibições que ocorrem no picadeiro do corpo físico, a fé te concederá visão reconfortante e plenitude em todos os teus dias.
Valoroso, mantém-te confiante nos postulados evangélicos e permite-te, sem titubeios, a fé, com a resolução de quem está disposto a pelejar infatigável até a vitória final com Jesus.
Livro – Leis Morais da Vida – Divaldo F. Pereira/ Joanna de Angelis.
Bibliografia
Bíblia sagrada – João ferreira de Almeida
A. Kardec – O evangelismo segundo o espiritismo
A. Kardec – O livro dos espíritos
A. Kardec – O livro dos médiuns
A. Kardec – A gênese
A. Kardec – Obras Póstumas
Andre Luiz / Chico Xavier – Nosso lar
Andre Luiz / Chico Xavier – Os mensageiros
Andre Luiz / Chico Xavier – Missionários da luz
Andre Luiz / Chico Xavier – No mundo maior
Andre Luiz / Chico Xavier – Ação e reação
Emmanuel / Chico Xavier – O consolador
Emmanuel / Chico Xavier – Pensamento e vida
Jose Nunes Maia / Miramez – Francisco de Assis
- Kardec – Revista espírita – junho 1869.
Fundamentos da Doutrina Espirita
Fundamentos da Doutrina Espírita No livro A Gênese no capitulo 1º: 10 – O caráter da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação maculada pelo erro ou sujeita