Ensinamentos de Jesus
Ensinamentos de Jesus Livro Obras póstumas (Allan Kardec) – Estudo sobre a natureza do Cristo Fonte das provas da natureza do Cristo A questão da natureza do Cristo foi debatida desde os Primeiros séculos do Cristianismo, e pode-se dizer que não Está ainda resolvida, uma vez que ainda é discutida em Nossos dias. Foi a diferença de opinião sobre este ponto, que Deu nascimento à maioria das seitas que dividiram a Igreja há Dezoito séculos, e é notável que todos os chefes dessas seitas Foram bispos ou membros do clero com diversos títulos. Por Conseguinte, eram homens esclarecidos, a maioria escritores De talento, nutridos na ciência teosófica, que não achavam Concludentes as razões evocadas em favor do dogma da Divindade do Cristo; não obstante, então como hoje, as Opiniões se formaram sobre abstrações, mais do que sobre Fato procurou-se, sobretudo, o que o dogma poderia ter de Plausível ou de irracional, e, geralmente, se negligenciou, de Parte a parte, em fazer ressaltar os fatos que poderiam lançar, Sobre a questão, uma luz decisiva. Mas onde encontrar esses fatos se isso não for aos atos e nas palavras de Jesus? Naturalmente, a Igreja não colocou, entre seus Pais, senão os Escritores ortodoxos do seu ponto de vista; ela não exaltou, Santificou e colecionou senão aqueles que tomaram a sua Defesa, ao passo que rejeitou os outros e destruiu os seus Escritos tanto quanto possível. O acordo entre os Pais da Igreja, portanto, nada tem de concludente, uma vez que é uma unanimidade de escolha formada pela eliminação dos Elementos contrários. Ora, entre esses fatos, não há de mais preponderante, nem de mais concludentes, senão as palavras Mesmas do Cristo, palavras que não se saberia recusar sem Infirmar a veracidade dos apóstolos. (consolador 292, 294, 295 ,267 ) A divindade do Cristo está provada pelos milagres? Segundo a Igreja, a divindade do Cristo está estabelecida, Principalmente pelos milagres, como testemunho de um poder Sobrenatural. Esta consideração pôde ter um certo peso numa Época em que o maravilhoso era aceito sem exame; mas hoje, Que a ciência levou as suas investigações até as leis da Natureza, os milagres encontram mais incrédulos do que Crentes; e o que não contribuiu pouco para o seu descrédito, Foi o abuso das imitações fraudulentas e a exploração que Deles se fez. (consolador 301) A fé nos milagres foi destruída pelo próprio uso Que dela se fez; disso resultou que os do Evangelho são agora considerados, por muitas pessoas, como puramente Legendários. A Igreja, aliás, ela mesma, retira aos milagres toda a sua Importância, como prova da divindade do Cristo, declarando Que o demônio também pode fazê-los tão prodigiosos quanto Ele: porque se o demônio tem um tal poder, fica evidente que Os fatos desse gênero não têm, de nenhum modo, um caráter Exclusivamente divino; se ele pode fazer coisas admiráveis Para seduzir mesmo os eleitos, como simples mortais Poderiam distinguir os bons milagres dos maus, e não há a Temer que, vendo fatos similares, não confundam Deus e Satanás? Dar a Jesus um tal rival em habilidade era uma grande falta De jeito; mas, pelo que respeita a contradições e Inconsequências, não eram olhadas de tão perto em uma Época em que os fiéis ter-se-iam feitos um caso de consciência Em pensar por eles mesmos, e de discutir o menor artigo Imposto à sua crença; então, não se contava com o progresso E não se pensava que o reino da fé cega e ingênua, reino Cômodo como o do bel prazer, pudesse ter um termo. (consolador 354) O papel, tão preponderante que a Igreja se obstinou em dar ao Demônio teve conseqüências desastrosas para a fé, à medida Que os homens se sentiram capazes de ver pelos próprios Olhos. O demônio, que se explorou com sucesso durante um Tempo, tornou-se o machado posto ao velho edifício das Crenças, e uma das principais causas da incredulidade. (consolador 220) Pode-se dizer que a Igreja, se fazendo dele um auxiliar Indispensável, alimentou em seu seio aquele que deveria Virar-se contra ela e miná-la em seus fundamentos. Outra consideração não menos grave, é que os fatos Miraculosos não são o privilégio exclusivo da religião cristã: Não há, com efeito, uma religião idólatra ou pagã, que não Teve os seus milagres, tão maravilhosos e tão autênticos, Para os adeptos, quanto os do cristianismo. A Igreja se tirou o direito de constatá-los, atribuindo às potências infernais o poder de produzi-los. Todos os efeitos de magnetismo, de sonambulismo, de êxtase, de dupla vista, de hipnotismo, de catalepsia, de anestesia, de transmissão do Pensamento, de presciência, de curas instantâneas, de Possessões, de obsessões, de aparições e de transfigurações, Etc., que constituem a quase totalidade dos milagres do Evangelho pertence a essa categoria de fenômenos. A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como tendo sido realizados por Jesus, está hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, enquanto fenômenos naturais. Dupla natureza de Jesus Poder-se-ia objetar que, em razão da dupla natureza de Jesus, Suas palavras eram a expressão de seu sentimento como Homem, e não como Deus. Sem examinar, neste momento, Por qual encadeamento de circunstâncias se conduziu, bem Mais tarde, à hipótese dessa dupla natureza, admitamo-la, Por um instante, e vejamos se, em lugar de elucidar a Questão, ela não a complica mais, ao ponto de torná-la Insolúvel. O que devia ser humano em Jesus era o corpo, a parte Material; deste ponto de vista compreende-se que ele haja Mesmo podido sofrer como homem. O que devia ser divino Nele era a alma, o Espírito, o pensamento, em uma palavra, a Parte espiritual do Ser. Sentia-se e sofria como homem, Deveria pensar e falar como Deus. Ele falou como homem ou Como Deus? Está aí uma questão importante pela autoridade Excepcional de seus ensinamentos. Falou-se como homem, Suas palavras são discutíveis; se falou como Deus elas são indiscutíveis; é preciso aceitá-las e a elas se conformar sob Pena de deserção e de heresia; o mais ortodoxo seria aquele Que delas se aproximasse mais. Dir-se-á que, sob o envoltório corpóreo, Jesus não tinha Consciência de sua natureza divina? Mas, se fora assim, não Teria mesmo pensado como Deus, sua natureza divina teria Ficado no estado latente; só a natureza humana teria Presidido à sua missão, aos seus atos morais como aos seus Atos materiais. É, pois, impossível fazer abstração de sua Natureza divina durante a sua vida, sem enfraquecer a sua Autoridade. (L.E 112,113) Admitindo-se que falou ora como homem, ora como Deus, a Questão se complica, pela impossibilidade de distinguir o que Vinha do homem e o que vinha de Deus. No caso, onde haveria tido motivos para dissimular a sua verdadeira natureza durante a sua missão, o meio mais simples era dela não falar, ou se exprimir como o fez em outras circunstâncias, de maneira vaga e parabólica, sobre os Pontos cujo conhecimento estava reservado para o futuro; Ora, tal não é aqui o caso, uma vez que as suas palavras não Têm nenhuma ambigüidade. (ambigüidade: Que contém ou pode conter múltiplos sentidos) Enfim, se, apesar de todas essas considerações, se pudesse Ainda supor que, quando vivo, ignorou a sua verdadeira Natureza, essa opinião não é mais admissível depois da sua Ressurreição; porque, quando aparece aos seus discípulos, Não é mais o homem que fala, é o Espírito desligado da Matéria, que deve ter recobrado a plenitude de suas Faculdades espirituais e a consciência de seu estado normal, De sua identificação com a divindade O Verbo se fez carne “No começo era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (consolador261) Ele estava no começo com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele; e nada do que fez não fez sem Ele. . Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens; E a Luz brilhou nas trevas, e as trevas não a compreenderam. (consolador 308) “Houve um homem enviado de Deus que se chamava João