Centro Espírita Leocádio Corrêia

Evangelização, Cura e Desobsessão

  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato
  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato

Artigo

Centro Espírita Leocádio Corrêia > Artigos > BIBLIOTECA VIRTUAL > Artigos da Revista Reformador > A mediunidade na literatura (Grécia)

A mediunidade na literatura (Grécia)

celcArtigos da Revista Reformador28 de dezembro de 2011 Leave a comment0

HUMBERTO SCHUBERT COELHO

Com este texto pretendemos abrir caminho para discussões e exposições de fatos incontestavelmente mediúnicos, seja na exposição de obras da literatura clássica, seja no processo de sua escrita.
É bem conhecida a importância dos poetas e literatos de todas as épocas sobre a religião e a cultura.

Muitas vezes são indivíduos positivamente inspirados, além de trazerem grande bagagem de conquistas na área da sensibilidade e da memória, como freqüentemente ocorre entre artistas. A vantagem da literatura está em que este campo da Arte situa-se na fronteira entre a pura Arte, de um lado, e as Ciências Humanas e a Filosofia, de outro. O argumento, portanto, está presente na grande obra literária, a discursividade, a exposição mais ou menos racional dos temas, enfim, elementos que põem a Literatura em condição privilegiada para a transmissão de uma mensagem, mais do que apenas um sentimento.
Sob o termo literatura também se englobam relatos menos artísticos, ensaios e trabalhos de caráter mais teórico, de modo que os diálogos de Platão (428/427-348/347 a.C.) ou os livros da Bíblia estão perfeitamente inseridos sob este termo.
Uma boa mostra da forte presença da mediunidade entre os gregos, e que nos ajuda a compreender como eles tinham consciência do fenômeno, é a passagem do diálogo platônico Timeu, onde os ministros do Deus Supremo, os deuses menores ou “demônios”, deveriam seguir a ordem de criar o corpo humano de modo que ele fosse o mais próximo possível do Deus Supremo.
Neste propósito, deram ao homem um órgão (supostamente o fígado) que percebe a inspiração divina, destacando-se que a inspiração não acomete aos homens mais sábios, mas aos mais tolos ou que parecem loucos:
Nenhum homem em sua sobriedade atinge o estado de inspiração profética, mas quando ele recebe a palavra profética, ou a sua inteligência é afastada pela dormência, ou ela se torna equívoca pelo estado de possessão, e aquele que quiser interpretar
as palavras divinas, seja obtidas em sonho ou acordado, ou determinar racionalmente o significado das visões de aparições, compreendendo os resultados destes fenômenos para o bem ou mal dos homens, no passado, presente ou futuro, deve primeiramente recuperar sua sobriedade.1  No entanto, continua Platão:
Nem sempre um homem se lembra daquilo que disse em estado profético, de modo que é conveniente haver uma ou mais testemunhas durante a profecia e as visões. Assim, aqueles que estão em seu estado de perfeita sobriedade, podem interpretar melhor a narrativa daqueles que estiverem inspirados.
Observa-se claramente que Platão não está defendendo um argumento, está meramente descrevendo um fato, tal era a naturalidade com que lidava com fenômenos deste tipo.
Igualmente clara é a conclusão a que ele chega no Íon: E assim Deus arrebata a mente dos poetas, e os utiliza como seus ministros, assim como também usa adivinhos e os santos profetas, de modo que nós que os escutamos sabemos que a sua fala não provém deles, e eles não pronunciam palavras vazias neste estado de inconsciência, mas é o próprio Deus quem fala, e através deles Ele conversa conosco.2  Somando-se os dois relatos percebemos que o estado profético ou inspirado, descrito pelo filósofo, tem importantes implicações científicas.
Como Kardec, ele (ou talvez seu mestre Sócrates) parece ter avaliado rigorosamente o processo a ponto de formular uma compreensão teórica bastante correta da fenomenologia mediúnica. Estão perfeitamente descritos o estado de passividade do médium e o fato de a comunicação não provir dele, o caráter transcendente da  comunicação, o fato de poder se processar no sonho ou no estado de transe, o fato de a mediunidade ser,muitas vezes, uma missão atribuída aos “ministros de Deus”.
Platão também dava a entender, nestas e em outras obras, que o estado profético destes inspirados podia ser utilizado por outros para obter informações sobre a realidade maior, para além do mundo dos sentidos. Muitos dos conhecimentos platônicos parecem ter sido obtidos por esta via, conforme ele mesmo admite, embora os historiadores prefiram imaginar que ele os obteve alhures, da Ásia Menor, da Índia, do Egito.
Lembramos também que era costume entre os gregos consultar as pítias (ou pitonisas), seja no famoso oráculo de Delfos, seja em lugares e seitas menos famosos. Os relatos de Heródoto (482-420 a.C.) e a literatura grega deixam a entender que as sacerdotisas do templo profetizavam tanto por “encomenda” quanto espontaneamente.
Também não nos perderemos na imensidão dos relatos mitológicos, que entre uma fantasia e outra sugerem fenômenos de vista mediúnica, incorporação, previsões etc.; nem na evidência direta da inspiração através das “musas”.

 Atentamos tão-somente, a título de exemplo, à obra madura de Homero (c. 850 a.C.), a Odisséia, onde ele dá importantes indícios de que as práticas mediúnicas lhe eram comuns. No Canto XI, quando Odisseu (ou Ulisses) tem de descer ao Hades, ele encontra a sombra de sua mãe. Após as apresentações e explicações necessárias o herói tenta abraçá-la três vezes, e não a podia tocar, percebendo que ela se desvanecia como uma sombra ou como se fora “feita de sonho”.
Indignado, ele pergunta à mãe o que ocorre, e ela lhe responde: […] Esta é a condição de todo homem mortal quando morre, pois os nervos já não unem mais carne e ossos: A potente energia do fogo o consome todo quando toda a vida abandona a branca ossada e o princípio vital se nos torna o mesmo que um sonho.
Mas procura volver o quanto antes à luz, e recorda de tudo isto, de modo que possa contá-lo à tua esposa.3 Percebem-se diversas características interessantes neste encontro.
A primeira é o modo com que ambas as personagens se expressam sobre a substância da mãe, que “parece um sonho”, sugerindo claramente que a viagem de Odisseu ao Hades não foi feita em sonho, mas que ele estava desperto diante dos mortos e podia constatar serem eles formados de outra substância.
A segunda informação importante é a recomendação da mãe de que ele deveria recordar do que se passou, recomendação importante, considerando-se que o próprio Platão já havia dito em sua análise da mediunidade que “[…] ou a sua inteligência é afastada pela dormência, ou ela se torna equívoca pelo estado de possessão[…]”. Homero, muito antes de Platão, apresenta a mesma idéia, sugerindo a necessidade de um esforço posterior ao contato com os mortos, no sentido de se recordar do ocorrido.
Por fim, não é menos importante, embora sutil, a recomendação da mãe de Odisseu para que ele “conte à esposa” o que se passou. É o caráter prático da comunicação, e denota o interesse caritativo do Espírito em instruir e alertar os encarnados. Em toda a literatura, seja a mais artística ou mais ensaística, os relatos mediúnicos geralmente recomendam a divulgação ou a transmissão da informação a outros. Só em raríssimos casos, quando a informação envolve riscos para alguém, há recomendações para que se mantenha o segredo.
A obra de Homero tem duas grandes vantagens: a de ser uma obra de formação da própria cultura helênica, estabelecendo paradigmas da própria religião a partir daí, e a de expressar um virtuosismo literário até hoje admirável, dando idéia de quão impressionante deve ter sido para a Grécia num momento em que ela sequer havia estabelecido a sua civilização.
A viagem de Odisseu ao Tártaro também se tornou um paradigma na literatura ocidental.Virgílio (c. 70-19 a.C.) faz o seu Enéias descer ao mundo dos mortos, cerca de oito séculos depois de Homero, e depois Dante (1265-1321 d.C.) descreve na Divina Comédia uma viagem ao Inferno, passando pelo Purgatório, ao Céu, tomando a sombra de Virgílio como guia nesta inusitada peregrinação, mais de mil anos depois de seu conterrâneo da Roma antiga.
Por este motivo, a Odisséia tem a prerrogativa de haver despertado as intuições latentes de inúmeros outros  pensadores e artistas, os quais a partir de então estariam sempre mais próximos de semelhante viagem ao mundo dos mortos.

1http://www.classicallibrary.org/plato/dialogues/ 17_Timaeus.htm 2http://www.classicallibrary.org/plato/dialogues/ 8_Ion.htm
3HOMERO. Odisea. Buenos Aires: Planeta, 2007. p. 195.
Revista Reformador 06/08

Share This Post!

Leave a Reply

Cancelar resposta

Você precisa fazer o login para publicar um comentário.

A maldade: uma doença do Espírito

Ajudar para não Atrapalhar

Pesquisar Assunto

Categorias

Tópicos recentes

  • Glândula Pineal – Epífise – palestra 27.08.25
  • Estudo Sobre A Revista Espírita 1861, palestra 25.06.25
  • Fé Raciocinada, palestra 29.01.25
  • Livre arbítrio e responsabilidade, palestra 26.02.25
  • Bem-aventurados os que tem os Olhos Fechados, palestra 30.04.25

Arquivos

  • agosto 2025
  • julho 2025
  • maio 2025
  • abril 2025
  • dezembro 2024
  • novembro 2024
  • setembro 2024
  • julho 2024
  • junho 2024
  • maio 2024
  • fevereiro 2024
  • janeiro 2024
  • dezembro 2023
  • outubro 2023
  • setembro 2023
  • agosto 2023
  • julho 2023
  • junho 2023
  • maio 2023
  • fevereiro 2023
  • janeiro 2023
  • dezembro 2022
  • outubro 2022
  • agosto 2022
  • julho 2022
  • maio 2022
  • abril 2022
  • março 2022
  • janeiro 2022
  • novembro 2021
  • outubro 2021
  • agosto 2021
  • julho 2021
  • maio 2021
  • abril 2021
  • março 2021
  • janeiro 2021
  • novembro 2020
  • outubro 2020
  • agosto 2020
  • junho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • fevereiro 2020
  • dezembro 2019
  • novembro 2019
  • outubro 2019
  • setembro 2019
  • agosto 2019
  • julho 2019
  • maio 2019
  • março 2019
  • janeiro 2019
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • novembro 2017
  • outubro 2017
  • julho 2017
  • junho 2017
  • maio 2017
  • março 2017
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • abril 2015
  • março 2015
  • fevereiro 2015
  • janeiro 2015
  • dezembro 2014
  • novembro 2014
  • outubro 2014
  • setembro 2014
  • agosto 2014
  • julho 2014
  • junho 2014
  • maio 2014
  • abril 2014
  • fevereiro 2014
  • janeiro 2014
  • dezembro 2013
  • novembro 2013
  • setembro 2013
  • junho 2013
  • maio 2013
  • março 2013
  • fevereiro 2013
  • janeiro 2013
  • dezembro 2012
  • outubro 2012
  • junho 2012
  • abril 2012
  • março 2012
  • fevereiro 2012
  • janeiro 2012
  • dezembro 2011
  • novembro 2011
  • outubro 2011
  • setembro 2011
  • junho 2011
  • maio 2011
  • abril 2011
  • fevereiro 2011
  • janeiro 2011
  • dezembro 2010
  • setembro 2009
  • março 2009
  • fevereiro 2009
  • agosto 2008
  • março 2008
Conhecer o Passado, Trabalhar no Presente e Construir o Futuro
O espiritismo não será a religião do futuro, e sim o futuro das religiões.
Copyright CELC