Centro Espírita Leocádio Corrêia

Evangelização, Cura e Desobsessão

  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato
  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato

Artigo

Centro Espírita Leocádio Corrêia > Artigos > BIBLIOTECA VIRTUAL > ESTUDOS DE DOUTRINA > Identificação do Espírito

Identificação do Espírito

celcESTUDOS DE DOUTRINA13 de junho de 2014 Leave a comment0
 
– Corria o ano de 1581, quando um caso estranho ocorreu em Sevilha – contou-nos o Espírito do Padre Diego Ortigosa, em agradável tertúlia fraternal.
– Desencarnara um médico atencioso e amigo dos pobres, D. Juarez Costanera y Salcedo – continuou ele com a graça do narrador inteligente –, quando, alguns meses mais tarde, apareceu uma jovem que se dizia assistida pela alma do esculápio, ensinando medicação à pobreza desamparada. Encheu-se-lhe a casa humilde e tosca de famintos da saude e o médico desencarnado atendia, de boa vontade, orientando o tratamento de criaturas enfermas e infelizes. A donzela, convertida em intermediária, não mais encontrou tempo para cuidar de aí mesma. As horas disponíveis eram escassas para atender a pessoas doentes e abatidas de sua cidade e vizinhanças. Pouco a pouco, o fenômeno tornava-se conhecido a distância e grande número de peregrinos lhe batiam à porta. Vinham de longe e queriam
possuir, de novo, a saúde, a paz, a esperança.
Corria o interessante trabalho regularmente, mas os familiares de Costanera y Sucedo não viram com bons olhos a movimentação popular, em torno da memória do seu chefe desencarnado.
A jovem Cecília Anteguera, que servia de médium entre o morto prestativo e as criaturas angustiadas, tinha vida simples, atendendo às necessidades dos outros e aos seus próprios deveres em família, mas foi denunciada à Inquisição como feiticeira.
Não tardou o encarceramento. A acusada invocou os princípios de caridade a que servia, recorreu ao nome de Deus, amigos dedicados intercederam por ela, junto aos algozes, mas a pobrezinha foi retida, incomunicável, para longas inquirições. A par dos beneficiários agradecidos que pediam a sua absolvição, surgiram senhoras fanatizadas e cavalheiros inconscientes que afirmavam tê-la visto entregando-se a noturnos sortilégios, na via pública, ou explorando a boa fé alheia, como ladra vulgar, terminando as acusações gratuitas com o pedido de condenação formal e imediata. Alguns chegavam a rogar lhe fosse dada a benção da fogueira ou a graça de ser esquartejada viva, no auto-de-fé, em nome da caridade da Igreja. E não valeram os bons ofícios dos protetores prestigiosos.
O padre Gaspar Alfonso Costanera y Salcedo, primo do morto, estava interessado na perseguição e, por isso, fez o possível por guardar a jovem na cela imunda. Prometia uma verificação pessoal. Queria certificar-se. Muitos santos da Igreja haviam visto e ouvido as almas dos mortos. E acrescentava, pedante, que esses fatos eram conhecidos desde os patriarcas hebreus, não obstante a proibição de Moisés, que se manifestara contrário ao intercâmbio com os mortos. Entretanto, a seu ver, aquela mulher seria uma bruxa mentirosa e repugnante. Seu primo D. Juarez estava no Céu, gozando a companhia dos anjos e não voltaria, a confabular com mortais desprezíveis. Para isso recebera missas a rodo e solenes exéquias. Que motivo, perguntava ele, levaria um médico a apaixonar-se pelos doentes,
além do túmulo? Os Santos e Santas tinham visto almas glorificadas, em beatitude celeste, mas aquela endemoninhada tinha o topete de afirmar que o seu ilustre parente continuava a interessar-se pela medicina, depois da morte.
Não seria loucura? interrogavam os amigos da acusada. E, se fosse, não seria justo desculpar a demente?
O padre loquaz, porém, deblaterava, irritadiço, e insistia pela prova final.
Com efeito, após longos dias de expectativa, Cecília Anteguera, abatida e enferma, trazendo nos punhos e braços os sinais de terríveis flagelações, foi trazida a uma sala vastíssima, onde se reuniam alguns juízes eclesiásticos, sob a presidência do Inquisidor-mor.
A pobre medianeira, sob olhares sarcásticos, rogou, em silêncio, a Deus a visita do médico desencarnado. Não seria razoável que o Espírito desse prova de sua sobrevivência? Ficaria desamparada, perante os verdugos?
Eis que D. Juarez, o morto, se aproxima.
Transfigura-se a médium. Observando-lhe a palidez e as alterações fisionômicas, o padre
Gaspar atende a um sinal do Inquisidor-mor e pergunta, contendo a emoção:
– Estamos em presença do demônio?
A entidade sorriu, utilizando os lábios de Cecília, e respondeu:
– Estais em presença do Espírito.
– Como se chama? – indagou o clérigo.
– Não tenho nome – replicou o desencarnado –, o Espírito é universal.
E continuou o diálogo :
– Confessa que já morreu? – Sim, já perdi o corpo físico.
– Tem uma pátria? – Tenho.
– Qual? – O mundo inteiro.
– Deixou alguma família na Terra? – Deixei,
– Como se chama essa família?
Antes da resposta, os inquisidores denotavam grande aflição, mas D. Juarez respondeu sem hesitar:
– Chama-se Humanidade.
– Vem do inferno ou do purgatório? – Não é de vossa conta.
– Tem recomendações a fazer a pessoas do mundo carnal?
– Não devo lembrar o que me compete esquecer para o bem comum.
– Reconhece a autoridade da Igreja?
– Reconheço a eterna autoridade de Jesus – Cristo.
– Oh! Oh!… – exclamaram os circunstantes.
– Finalmente, qual a sua profissão de fé, o seu propósito? – perguntou o padre Gaspar, exasperado.
D. Juarez, o morto, respondeu sem titubear:
– Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a mim mesmo, cultivar a verdade, fazer o bem e colaborar na fraternidade universal.
Nesse instante, levantaram-se todos, sob grande revolta. O Inquisidor-mor recomendou o recolhimento da endemoninhada, até ulterior deliberação, explicando-se aos sevilhanos que coisa alguma ficara esclarecida e que o assunto não passava de farsa condenável e odiosa.
O narrador fez uma pausa mais longa, mas um dos amigos presentes, interpretando o nosso interesse, indagou :
– E a médium? que lhe aconteceu?
– Vocês ainda perguntam? – disse o padre Ortigosa, em tom significativo – como a Inquisição não podia punir o Espírito, queimou a intermediária, em soleníssimo auto-de-fé.
Em seguida sorriu bondosamente e concluiu :
– Cecília de Anteguera, porém, logo após entregar o corpo às cinzas, uniu-se ao Espírito de D. Juarez, em serviço muito mais elevado e profícuo às criaturas humanas, encontrando no sacrifício a sua melhor realização, convertendo-se ainda em devotada amiga de todos os seus acusadores e verdugos, aos quais sempre recebeu, caridosamente, nos primeiros degraus da passagem sombria do túmulo.
 
Livro Lazaro Redivivo – Irmão X – cap.27

Share This Post!

Leave a Reply

Cancelar resposta

Você precisa fazer o login para publicar um comentário.

Ouvindo o Mestre

Notícias de Jonas

Pesquisar Assunto

Categorias

Tópicos recentes

  • Glândula Pineal – Epífise – palestra 27.08.25
  • Estudo Sobre A Revista Espírita 1861, palestra 25.06.25
  • Fé Raciocinada, palestra 29.01.25
  • Livre arbítrio e responsabilidade, palestra 26.02.25
  • Bem-aventurados os que tem os Olhos Fechados, palestra 30.04.25

Arquivos

  • agosto 2025
  • julho 2025
  • maio 2025
  • abril 2025
  • dezembro 2024
  • novembro 2024
  • setembro 2024
  • julho 2024
  • junho 2024
  • maio 2024
  • fevereiro 2024
  • janeiro 2024
  • dezembro 2023
  • outubro 2023
  • setembro 2023
  • agosto 2023
  • julho 2023
  • junho 2023
  • maio 2023
  • fevereiro 2023
  • janeiro 2023
  • dezembro 2022
  • outubro 2022
  • agosto 2022
  • julho 2022
  • maio 2022
  • abril 2022
  • março 2022
  • janeiro 2022
  • novembro 2021
  • outubro 2021
  • agosto 2021
  • julho 2021
  • maio 2021
  • abril 2021
  • março 2021
  • janeiro 2021
  • novembro 2020
  • outubro 2020
  • agosto 2020
  • junho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • fevereiro 2020
  • dezembro 2019
  • novembro 2019
  • outubro 2019
  • setembro 2019
  • agosto 2019
  • julho 2019
  • maio 2019
  • março 2019
  • janeiro 2019
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • novembro 2017
  • outubro 2017
  • julho 2017
  • junho 2017
  • maio 2017
  • março 2017
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • abril 2015
  • março 2015
  • fevereiro 2015
  • janeiro 2015
  • dezembro 2014
  • novembro 2014
  • outubro 2014
  • setembro 2014
  • agosto 2014
  • julho 2014
  • junho 2014
  • maio 2014
  • abril 2014
  • fevereiro 2014
  • janeiro 2014
  • dezembro 2013
  • novembro 2013
  • setembro 2013
  • junho 2013
  • maio 2013
  • março 2013
  • fevereiro 2013
  • janeiro 2013
  • dezembro 2012
  • outubro 2012
  • junho 2012
  • abril 2012
  • março 2012
  • fevereiro 2012
  • janeiro 2012
  • dezembro 2011
  • novembro 2011
  • outubro 2011
  • setembro 2011
  • junho 2011
  • maio 2011
  • abril 2011
  • fevereiro 2011
  • janeiro 2011
  • dezembro 2010
  • setembro 2009
  • março 2009
  • fevereiro 2009
  • agosto 2008
  • março 2008
Conhecer o Passado, Trabalhar no Presente e Construir o Futuro
O espiritismo não será a religião do futuro, e sim o futuro das religiões.
Copyright CELC