Laços de família – palestra 27.6.18
LAÇOS DE FAMÍLIA
CELC – 27.6.18 Ellen
- – DA INTRODUÇÃO
O Livro dos Espíritos, na resposta a questão 774, nos esclarece que:
“(…) laços sociais são necessários ao progresso e os de família tornam mais apertados os laços sociais: eis por que os laços de família são uma lei da Natureza. Quis Deus, dessa forma, que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.”
E na questão 775 do LE pergunta-se:
- 775. Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?
“Uma recrudescência (aumento) do egoísmo.”
RODOLFO CALLIGARIS, no livro “AS LEIS MORAIS”, 11ª. Edição, Rio de Janeiro: FEB, 2004, no Capítulo 27, intitulado “A Família”, p. 115, nos esclarece:
“A família é, pois […] uma instituição divina cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos.”
O livro FONTE VIVA, pelo Espírito Emmanuel, psicografia Chico Xavier, Capítulo 156, intitulado “PARENTES”, p. 381-382, nos ensina que:
“A casualidade não se encontra nos laços da parentela. (…) Impelidos pelas causas do passado a reunir-nos no presente, é indispensável pagar com alegria os débitos que nos imanam (ligam, unem) a alguns corações, a fim de que venhamos a solver nossas dívidas para com a Humanidade. Inútil é a fuga dos credores que respiram conosco sob o mesmo teto, porque o tempo nos aguardará implacável, constrangendo-nos à liquidação de todos os compromissos.”
Passemos a alguns exemplos de Família e de algumas ocorrências no âmbito familiar:
PRIMEIRA FAMÍLIA NA BÍBLIA: Adão e Eva (Gênesis 2:23-24). Adão e Eva geraram Caim, Abel, Sete e outros filhos e filhas (Gênesis 5:4)
PRIMEIRO CRIME EM FAMÍLIA: Caim matou Abel sucumbindo sob o peso dos ciúmes (Gênesis 4:8).
UMA CISÃO (divisão) EM FAMÍLIA QUE REPERCUTE ATÉ OS DIAS ATUAIS: Abraão atendendo a pedido da sua esposa Sara (Gênesis 21:10), expulsou a escrava, Agar (que era egípcia) e Ismael, que é o filho que ele (Abraão) teve com ela (Gênesis 21:14), porque a esposa (Sara) a deu a Abraão, para que ele tivesse filho (Gênesis 16:1-2). E os judeus são descendentes de Isaque, filho de Abraão com Sara. E os muçulmanos/islâmicos são os descendentes de Ismael, filho de Abraão com a Agar, a escrava (Gênesis 25:23).
UM EXEMPLO DE ADOÇÃO: Conforme o relato bíblico em Êxodo (Êxodo 2:3-10), por causa da perseguição do Rei do Egito aos hebreus, a mãe de Moisés, o escondeu desde o nascimento, e quando ele tinha 3 meses, o colocou num cesto e o deixou à borda do rio. A sua irmã (tia do menino) postou-se de longe para ver o que lhe iria acontecer. A filha do Faraó se lavava no rio e viu o cesto, mandando uma de suas criadas pegar. Ao ver que dentro tinha um bebê, teve compaixão por ele. Então, a tia do menino perguntou à filha do Faraó se queria que fosse chamada uma ama de leite das hebreias, para que criasse o menino para a Filha do Faraó, esta concordou. E ela chamou a mãe do menino. E a Filha do Faraó disse-lhe para ela levar o menino e criá-lo, que ela lhe daria um salário. A mãe tomou o menino e o criou. E quando ele já era grande, ela o trouxe para a Filha do Faraó, a qual o adotou e o chamou de Moisés;
UM EXEMPLO DE AMOR DE MÃE: Quando Salomão julga a causa de duas mulheres (I Reis 3:16-28), duas prostitutas procuraram Salomão para que o Rei lhes resolvesse um sério problema: cada uma acusava a outra de ter-lhe roubado o filho, pois ambas moravam na mesma casa e tinham dado à luz, com pequena diferença de 3 dias. E uma delas, enquanto dormia junto com o filho, acabou matando o bebê sufocado e ainda de madrugada, trocou seu filho morto pelo filho da outra, a qual percebeu pela manhã que seu filho foi trocado, e que ele estava vivo. Ambas falavam a Salomão que a criança viva era delas e que a criança morta era da outra. Então, Salomão pediu que lhe trouxessem uma espada, pois ele iria dividir o menino vivo em duas partes, para dar a metade a uma e a outra metade à outra. Daí a verdadeira mãe, com seu amor de mãe (“porque as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho”– I Reis 3:26), falou que desse à outra o menino vivo e que não o matasse, por modo nenhum; enquanto a outra dizia: “nem teu, nem meu seja, dividi-o”. Então, o Rei Salomão mandou dar-lhe o menino, pois esta era sua mãe.
UM EXEMPLO DE UMA TRAMA EM FAMÍLIA PARA COMETIMENTO DE HOMICÍDIO: João Batista, filho de Zacarias, percorria toda a terra ao redor do Rio Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados (Lucas 3:3). João Batista repreendeu o tetrarca Herodes (governador da Galileia) por viver com Herodias, a esposa de seu irmão Filipe. João Batista disse a Herodes que não era lícito ele a ter como mulher, e por isto foi detido (Lucas 3:19-20 e Mateus 14:3-4). Herodias queria matar João Batista, mas não podia, porque Herodes temia a João, sabendo que era “varão justo e santo” (Marcos 6:18). E numa trama de Herodias, no dia em que festejavam o aniversário de Herodes, ela persuadiu (convenceu) sua filha a dançar para Herodes, e o agradou com sua dança, e Herodes lhe prometeu dar tudo o que ela pedisse. A filha de Herodias, previamente instruída por sua mãe, pediu a cabeça de João Batista num prato. Herodes se afligiu, mas por causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que degolassem João Batista no cárcere. E a cabeça de João Batista foi trazida num prato, dada à jovem e ela a levou à sua mãe. E os discípulos de João Batista levaram o seu corpo e o sepultaram. (Mateus 14:1-12).
UM EXEMPLO DE UMA FAMÍLIA SOFRENDO OBSESSÃO: No livro “DRAMAS DA OBSESSÃO”, do Espírito Bezerra de Menezes, psicografia de Yvonne Pereira, nos é contada a HISTÓRIA REAL, de uma família (um casal com 10 filhos), o pai: Leonel, o qual era médium em desequilíbrio, orgulhoso, um “livre pensador”, que ridicularizava o Espiritismo, e que se deixou influenciar e se dirigir pelos Espíritos, cuja existência absolutamente não admitia, tendo assim praticado o suicídio (tiro de revólver no ouvido direito). A família inteira sentia ímpetos para o suicídio. Uma das filhas, Alcina, suicidou-se dez meses após o pai (ingerindo tóxico violento). Um dos filhos, Orlando, desejava morrer já tendo tentado algumas vezes suicidar-se, sem êxito. Somente a viúva de Leonel tentava se impor frente à situação. E tudo decorrente de obsessão coletiva, os obsessores pertenciam às falanges do antigo Judaísmo. Todos os membros da família de Leonel eram portadores de faculdades mediúnicas ignoradas, e não cultivavam o estudo edificante para o saneamento mental, nem meditação sobre assuntos elevados do espírito, tampouco a prece, tornando-se alvo fácil para os assédios das trevas – vide Primeira Parte, Capítulo I, pág. 11/14, do livro “DRAMAS DA OBSESSÃO”.
UM EXEMPLO DE UMA FAMÍLIA NO PLANO ESPIRITUAL – A FAMÍLIA DE LÍSIAS NO LIVRO “NOSSO LAR”: Conforme nos conta André Luiz, no livro NOSSO LAR, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 17 intitulado “EM CASA DE LÍSIAS”, André Luiz foi levado por Lísias, enfermeiro, à sua casa, a qual André Luiz afirmou ser uma graciosa construção, cercada de colorido jardim, e que Lísias chamou de “o nosso lar, dentro de “Nosso Lar”. Lá moravam Lísias, sua mãe que se chamava Laura, e as filhas Iolanda e Judite (irmãs de Lísias).“Respirava-se, ali, doce e reconfortante intimidade.” Bem como, lá estava, também, uma neta de Laura, Eloísa, convalescente (desencarnou por tuberculose), que havia voltado da Terra havia poucos dias.
O livro “VIDA E SEXO”, pelo Espírito Emmanuel, psicografia Chico Xavier, no Capítulo 2, p. 19, nos ensina sobre a família que:
Arraigada (com raízes) nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis ante as leis do destino. Apesar disso, importa reconhecer que o clã familiar evolve (evolui) incessantemente para mais amplos conceitos de vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma.
Temos, dessa forma, no instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do mundo melhor.
- – DAS FAMÍLIAS PELOS LAÇOS ESPIRITUAIS E DAS FAMÍLIAS PELOS LAÇOS CORPORAIS
O ESE, Capítulo XIV: “HONRA TEU PAI E A TUA MÃE”, Item 8: PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL nos esclarece que os laços de sangue não criam forçosamente os laços espirituais.
O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.
Os Espíritos que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, o mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição recíproca durante a vida terrena.
Mas, também pode acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns aos outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, a fim de lhes servir de provação.
Assim, os verdadeiros laços de família não são os da consanguinidade e sim os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos antes, durante e após a encarnação.
Portanto, há 2 (duas) espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais.
As famílias pelos laços espirituais são duradouras e se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações (mudança de um local para outro) da alma.
As famílias pelos laços corporais são frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e quase sempre se dissolvem moralmente, já na existência atual.
Na BÍBLIA SAGRADA em Marcos, Cap. 3, vers. 31-35, Jesus nos demonstrou a diferença entre o parentesco corporal e o parentesco espiritual:
“Chegaram sua mãe e seus irmãos; e ficando da parte de fora, mandaram-no chamar.
Estava sentado à roda dele um crescido número de gente, e lhe disseram:
Olha que tua mãe e teus irmãos te buscam ali fora.
Ele lhes respondeu: Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?
E olhando para os que estavam sentados junto a si, lhes disse: eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.”
No ESE, Capítulo XIV: “Honra a Teu Pai e a Tua Mãe”, item 5: “QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?”, nos explica que no que diz respeito aos irmãos de Jesus, sabe-se que nunca tiveram simpatia por Ele.
Espíritos pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham por excêntrico O seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam, tanto que nenhum deles O seguiu como discípulo. Parece mesmo que eles participavam, até certo ponto, das prevenções de seus inimigos. É certo que O tinham mais como um estranho do que como um irmão, quando se apresentava em família.
Quanto à sua mãe, ninguém ousaria contestar sua ternura para com o filho. No entanto, o que nela predominava era a solicitude maternal. Portanto, com respeito a Jesus, supor que houvesse renegado sua mãe, seria desconhecer-lhe o caráter, pois semelhante pensamento não poderia encontrar guarida naquele que disse: Honrai a teu pai e a tua mãe (Mateus, 10:19).
Jesus que não perdia nenhuma ocasião de ensinar aproveitou a chegada de sua família, para demonstrar a diferença entre o parentesco corporal e o parentesco espiritual.
No livro “O CONSOLADOR”, de Emmanuel, psicografia Chico Xavier, a questão 342 nos ensina:
342 — A resposta de Jesus aos seus discípulos “Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?” é um incitamento à edificação da fraternidade universal?
— O Senhor referia-se à precariedade dos laços de sangue, estabelecendo a fórmula do amor, a qual não deve estar circunscrita (delimitada) ao ambiente particular, mas ligada ao ambiente universal, em cujas estradas devemos observar e ajudar, fraternalmente, a todos os necessitados, desde os aparentemente mais felizes, aos mais desvalidos da sorte.”
III. – DOS LAÇOS DE FAMÍLIA
No ESE, Capítulo XIV: “Honra a Teu Pai e a Tua Mãe”, item 9.: “A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMLÍLIA”, numa mensagem do Espírito SANTO AGOSTINHO, em Paris, 1862, nos ensina sobre os LAÇOS DE FAMÍLIA que:
Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz.
Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e com desejos de vingança; alguns, porém, mais adiantados do que os outros, analisam as consequências de suas paixões e compreendem que, para chegarem a Deus, uma só é a senda (rota, caminho): a caridade. E não há caridade sem esquecimento dos ultrajes (ofensas, calúnias) e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.
Então, mediante imenso esforço, conseguem tais Espíritos observar aqueles a quem odiaram na Terra. E ao vê-los a animosidade lhes desperta no íntimo; revoltam-se à ideia de perdoar, e, à de amarem os que lhes destruíram, talvez, os bens, a honra, a família.
Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se.
Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se a sua vontade não for bastante forte.
Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer, ele será amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas, que se notam em certas crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. Nada, com efeito, nessa existência, poderia provocar essa antipatia. Para encontrar-lhe a causa é necessário voltar os olhos ao passado.
Ó espíritas, compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes.
Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro.
Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se permaneceu atrasado por culpa vossa culpa, vosso castigo será o de vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse feliz.
Então, vos mesmos, carregados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta; solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ele, na qual o cercareis de mais atentos cuidados, e ele, cheio de reconhecimento, vos envolverá com o seu amor.
Não rejeiteis, pois, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que lhe enviou.
Uma intuição imperfeita do passado se revela, e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou expiar.
Mães! Abraçai, pois, a criança que vos causa aborrecimentos e dizei convosco mesmas: “Uma de nós duas foi culpada”.
Merecei as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a essa criança que ela está na Terra para se aperfeiçoar, amar e abençoar.
Mas, ah! Muitas dentre vós, que em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo: o ignorante e o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, ao revelar a causa das imperfeições do coração humano.
Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior.
É necessário aplicar-se em estudá-los. Todos os males têm sua origem no egoísmo e no orgulho. Espreitai, pois, os pais os menores sinais que revelam os germes desses vícios, e dedicai a combatê-los, sem esperar que eles lancem raízes profundas.
Fazei como o bom jardineiro, que arranca os brotos daninhos à medida que os vê aparecerem na árvore. Se deixarem que se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão.
Quando os pais tudo fizeram para o adiantamento moral dos filhos, se não conseguiram êxito, não têm de que se lamentar e sua consciência pode estar tranquila.
Quanto à amargura muito natural que experimentam pelo insucesso de seus esforços, Deus reserva-lhes uma grande, imensa consolação, pela certeza de que é apenas um atraso momentâneo, e que lhe será dado acabar em outra existência a obra então começada, e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (…)
De todas as provas, as mais duras são as que afetam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagado pela ingratidão dos seus.
Oh! É essa uma pungente (intensa lancinante) angústia! Mas, o que pode, nessas circunstâncias, reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza de que, se há longas dilacerações (sofrimentos), não há desesperos eternos, porque Deus não querer que a sua criatura sofra para sempre.
O que há de mais consolador, de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal?
Mas, para isso, é necessário não reter olhar na Terra e não ver apenas uma existência; é necessário elevar-se, pairar no infinito do passado e do futuro.
Então, a grande Justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com paciência, porque explicastes a vós mesmos o que vos parecia monstruosidades da Terra.
Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem no seu verdadeiro sentido.
Não mais os laços frágeis da matéria que ligam seus membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam, e se consolidam, ao se depurarem (purificarem), em vez de se quebrarem com a reencarnação.
Os Espíritos cuja similitude de gostos, identidade de progresso moral e de afeição, levam a reunir-se, formam famílias. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se agruparem, como o faziam no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. E se, nas suas peregrinações, ficam momentaneamente separados, mais tarde se reencontram, felizes por seus novos progressos.
Mas, como não devem trabalhar somente por si mesmos, Deus permite que Espíritos menos adiantados venham encarnar-se entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, no interesse de seu próprio progresso.
Eles causam, por vezes, perturbações no meio, mas é lá que está a prova, lá que se encontra a tarefa. Recebei-os, pois, como irmãos; ajudai-os e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros.
Transcreve-se abaixo algumas questões do livro “O CONSOLADOR”, do Espírito Emmanuel, psicografia Chico Xavier, que nos ensina sobre os laços de família, a saber:
175 — O instituto da família é organizado no Plano espiritual, antes de projetar-se na Terra?
— O colégio familiar tem suas origens sagradas na Esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos (moldados) nas experiências de outras eras; todavia, aí acorrem (vem) igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, a fim de se transformarem em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro.
É nas dificuldades provadas em comum, nas dores nas experiências recebidas na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em expressões regeneradas e santificantes.
Purificadas as afeiçoes, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.
176 — As famílias espirituais no Plano invisível são agrupadas em falanges (grupos de pessoas) e aumentam ou diminuem, como se verifica na Terra?
— Os núcleos familiares do Além agrupam-se, igualmente, em falanges(grupos de pessoas), continuam aí a obra de iluminação e de redenção(libertação, reabilitação) de alguns componentes dos grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da sabedoria.
De maneira natural, todos esses núcleos se dilatam, à medida que se aproximam da compreensão do Onipotente, até alcançarem o luminoso Plano de unificação divina, com as aquisições eternas e inalienáveis do Infinito.
177 — As famílias espirituais possuem também um chefe?
— Todas as coletividades espirituais estão reunidas, em suas características familiares, pelas santas afinidades d’alma, e cada uma possui o seu grande mentor nos Planos mais elevados, de onde promanam (provém) as substâncias eternas do amor e da sabedoria.
- – QUEM FORAM EM VIDAS ANTERIORES OS PARENTES PRÓXIMOS ATUAIS DE DIFÍCIL CONVIVÊNCIA e OS PARENTES ABNEGADOS(DESAPEGADOS, DESPRENDIDOS)
EMMANUEL, no livro “LEIS DE AMOR”, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no Capítulo 2, intitulado PARENTESCO E FILIAÇÃO, p. 8-10, responde algumas indagações sobre quem foram alguns parentes próximos de difícil convivência atual, vejamos:
“8 — O que foram, em vidas anteriores, os pais despóticos (tiranos, dominadores)?
Quase sempre, os pais despóticos de hoje são aqueles filhos do passado, em cuja mente inoculamos (introduzimos) o egoísmo e a intolerância (falta de compreensão).”
“9 — E o filho rebelde?
O filho rebelde e vicioso é o irmão que arrojamos (atiramos, lançamos), um dia, à intemperança (desregramento) e à delinquência (cometimento de delitos, infrações).”
“10 — E a filha desatinada (sem juízo, transtornada)?
A filha detida nos desregramentos do coração é a jovem que, noutro tempo, induzimos ao desequilíbrio e à crueldade.”
“11 — E o marido desleal?
O marido ingrato e desleal, em muitas circunstâncias, é o mesmo esposo do pretérito, que precipitamos na deserção (abandono), com os próprios exemplos menos felizes.”
“12 — E a esposa desorientada?
A companheira desorientada, que nos amarga o sentimento, é a mulher que menosprezamos, em outra época, obrigando-a a resvalar (cair, escorregar) no poço da loucura.”
“13 — E os parentes abnegados?
Os parentes abnegados, em que nos escoramos, são os amigos de outras eras, com os quais já construímos os sólidos alicerces da amizade e do entendimento, propiciando-nos o reconforto da segurança recíproca.”
Emmanuel nos esclarece a relação que existe entre os parentes de sangue e o nosso destino:
“6 — Qual a conexão entre a consanguinidade e o destino?
Nos elos da consanguinidade reavemos o convívio de todos aqueles que se nos associaram ao destino, pelos vínculos do bem ou do mal através das portas benditas da reencarnação.”
“7 — Que precisamos para vencer na luta doméstica?
Devemos revestir-nos de paciência, amor, compreensão, devotamento, bom ânimo e humildade a fim de aprender e vencer, na luta doméstica. No mundo, o lar é a primeira escola da reabilitação (regeneração) e do reajuste (reequilíbrio).”
- – HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE
No ESE, Capítulo XIV: “Honra a Teu Pai e a Tua Mãe”, item 3: “PIEDADE FILIAL “, nos ensina que:
O mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” é uma consequência da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo, aquele que não ama a seu pai e a sua mãe.
Mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Deus quis mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência (tolerância), o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral.
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.
Alguns pais, é certo, descuram (desamparam) de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas, a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos.
Não compete a estes censurá-los, porque talvez hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram.
Se a caridade faz uma lei devolver o bem pelo mal, ser indulgente para com as imperfeições de outrem, não dizer mal do próximo, esquecer e perdoar as ofensas e amar até mesmo seus inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, em se tratando de filhos para com os pais !
Devem, pois, os filhos tomar como regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.
É por este motivo que Paulo de Tarso enfatiza: “Se alguém não cuida dos seus, e sobretudo dos da própria casa, renegou a fé e é pior do que um incrédulo.” (1 Timóteo, 5:8)
O dever de HONRAR PAI E MÃE e as palavras de Jesus que afirmou ser necessário RENUNCIAR AO PAI E A MÃE PARA SER SEU DISCÍPULO, é tratado no livro “FAMÍLIA”, de Autoria Espiritual de Espíritos diversos, psicografia Chico Xavier, no Capítulo 23, intitulado “HONRAR PAI E MÃE”, pág. 94/97, Emmanuel nos ensina que:
“Declara o mandamento expresso da Lei Antiga:
— “Honrarás pai e mãe.”
E Jesus, mais tarde, em complementação das verdades celestes, afirmou positivo:
— “Eu não vim destruir a Lei.”
Entretanto, no decurso do apostolado divino, o Senhor chega a dizer:
— “Aquele que não renunciar ao seu pai e à sua mãe não é digno de ser meu discípulo.”
Ao primeiro exame, surge aparente desarmonia nos textos da lição. Contudo, é preciso esclarecer que Jesus não nos endossaria qualquer indiferença para com os benfeitores terrenos que nos ofertam a bênção do santuário físico.
O Mestre exortava-nos simplesmente a desistir da exigência de sermos por eles lisonjeados ou mesmo compreendidos.
Prevenia-nos contra o narcisismo pelo qual, muitas vezes, no mundo, pretendemos converter nossos pais em satélites de nossos pontos de vista.
Devemos, sim, renunciar ao egoísmo de guardá-los por escravos de nossos caprichos, no cotidiano, a fim de que lhes possamos dignificar a presença, com a melhor devoção afetiva, perfumada de humildade pura e de carinho incessante.
Em tempo algum, pode um filho, por mais generoso, solver para com os pais a dívida de sacrifício e ternura a que se encontra empenhado.
A Terra não dispõe de recursos suficientes para resgatar os débitos do berço no qual retornamos em nome do Criador, para a regeneração ou elevação de nossos próprios destinos.
Lembra-te ainda do Mestre Incomparável confiando a divina guardiã de seus dias ao apóstolo fiel, diante da cruz e não te creias, em nome do Evangelho, exonerado da obrigação de honrar teus pais humanos, em todos os passos e caminhos do mundo, porque no devotamento incansável dos corações, que nos abrem na Terra as portas da vida, palpita, em verdade, o amor inconcebível do próprio Deus.”
- – DO DESAPEGO – DO LAR COMO POUSO DE DESLIGAMENTO
Em razão do APEGO (afeição excessiva), geralmente imensa é a dificuldade para nos separarmos dos laços de família quando os entes amados escolhem caminhos diversos dos nossos, rompendo-se o vínculo da convivência. Ou quando a convivência é desfeita em razão da morte, ou por outros motivos.
No livro “O CÉU E O INFERNO, OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO”, Allan Kardec, nos conta de duas comunicações de pais que se suicidaram em razão do apego aos seus filhos, vide SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO V, intitulado “SUICIDAS”, pág. 247/273:
1- O PAI E O CONSCRITO (aquele que se alistou no exército): era negociante de Paris, pai de família e estimado por todos, era o começo da guerra da Itália (Segunda Guerra de Independência Italiana), em 1859, e seu filho tinha sido sorteado para o serviço militar, então o pai se suicidou a fim de isentar do serviço militar o filho único de mulher viúva. Um ano depois do suicídio foi evocado e informou que sofria muito: “sofro duplamente, na alma e no corpo; e sofro neste último conquanto não o possua, como sofre o operado de um membro amputado”.
São Luis apreciando a comunicação do suicida explicou que faltou-lhe confiança em Deus, falta esta que é sempre punível. E que a punição pelo suicídio seria mais duradoura se não houvesse como atenuante o motivo de evitar que o filho se expusesse à morte na guerra. E Kardec em nota explicativa disse que pelo suicídio do pai, este talvez impediu a realização das provas do filho; e que o pai não tinha certeza de que o filho sucumbiria na guerra e a carreira militar talvez fornecesse ao filho ocasião de adiantar-se.
2 – MÃE E FILHO: Em março de 1865, um senhor negociante tinha em casa o mais velho dos filhos (com 21 anos) gravemente doente. Este prevendo seu desenlace chamou sua mãe e a abraçou despedindo-se. A mãe disse-lhe: “Vai, meu filho, precede-me, que não tardarei a seguir-te” e retirou-se. O doente morreu e a família foi procurar a mãe por toda a casa, encontraram-na enforcada num celeiro. Seu enterro foi feito juntamente com o do filho. Os dois foram evocados:
– O filho respondeu que já sabia do suicídio de sua mãe e que se não fosse por isto estaria completamente feliz. E que lamentava a atitude de sua mãe, que não suportou a separação momentânea e que se suicidando, a mãe tomou o caminho que a afastou dele; retardando indefinidamente uma reunião que tão prontamente teria ocorrido se a mãe tivesse sido submissa a Vontade de Deus; e que tal expiação deveria purificar a mãe.
– A mãe estava em desespero, blasfemou (insultou) contra Deus, disse que seu filho foi tomado dela e levado para a luz e que deixaram-na nas trevas.
Ela foi elucidada de que o suicídio é um crime aos olhos de Deus e que todas as infrações são punidas, e a que a ausência do filho era uma punição. Foi-lhe dito que, seu suicídio colocou como uma barreira entre ela o seu filho, e que o filho deplorava a triste condição da mãe que não teve confiança em Deus e que seu filho aguardava feliz o momento de poder se apresentar a ela, e que apenas da mãe dependia abreviar ou retardar esse momento. E que era para a mãe orar a Deus e pedir perdão por ter duvidado de sua Justiça e Bondade, pois o arrependimento do culpado é sempre acolhido; e que da mãe dependia reconhecer merecida sua punição (ausência do filho) e se submeter a Vontade de Deus. A mãe disse que tais palavras despertaram nela a esperança e que iria orar.
O DESAPEGO é tratado no livro “VIDA E SEXO”, pelo Espírito Emmanuel, psicografia Chico Xavier, no Capítulo 15, intitulado DESVINCULAÇÕES, pág. 59/62, nos ensina que:
“A desvinculação entre os que se amam com a necessidade de sanar os enganos e erros do amor assume habitualmente o aspecto de dolorosa cirurgia psíquica. Por semelhante razão, a Divina Sabedoria concede às criaturas tempo e condições renovadas na preparação gradual do acontecimento.(…)
No fundo, porém, da personalidade paterna ou do maternal coração, descansam os remanescentes (excedentes) de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação.
(…)
Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando (manifestando, mostrando) a natureza das ligações havidas em existências passadas e prenunciando (indicando) a obra de desvinculação que se executará, inevitável, no futuro próximo.
Óbvio que nem todos os filhos aparecem no lar categorizados à conta da desvinculação afetiva, porquanto milhões de Espíritos no corpo da Humanidade tomam a estrutura física, no desempenho de encargos simples ou complexos, valendo-se da colaboração dos pais, à maneira de amigos que se entre ajudam, nas faixas da confiança e da afinidade recíprocas.
Referimo-nos, porém, ao lar como pouso de desligamento, porque, na Terra, as relações entre pais e filhos e, consequentemente, as relações de ordem familiar constituem clima ideal para a libertação de quantos se jungiram (uniram, ligaram) entre si, de modo inconveniente, nos desregramentos emotivos em nome do amor.
É assim que a sabedoria da Natureza faculta o reencontro, sob as teias da parentela, de quantos se desvairaram (iludiram, alucinaram), em outro tempo, nos desmandos de ordem sexual, reencontro esse que persiste em condições mais íntimas e mais profundas, até que os companheiros do pretérito, reencarnados na posição de filhos, atinjam a juventude, na existência nova, elegendo novos parceiros para a sua vida afetiva, ante a presença ou a supervisão dos pais ou de familiares outros, nem sempre satisfeitos ou tranquilos com as escolhas que são obrigados a assistir ou a aprovar pela força das circunstâncias.
Pais que sofrem na entrega das jovens que o lar lhes confiou, aos companheiros que as requisitam para os misteres do casamento, quase sempre estão renunciando à companhia de antigas afeições que eles mesmos, no passado, mal conduziram, ao passo que as mães experimentam análogo fenômeno de dilaceração psíquica, em se separando de filhos que lhes recordam, embora inconscientemente, as ligações empolgantes ou menos felizes de tempos que já se foram.
E, através das lutas e adeuses em família, com a criação de núcleos diferentes na parentela, pela transferência habitual dos filhos, seja a noras e genros, ou a tarefas e experiências diversas das deles, os pais, sempre que respeitem as necessidades e resoluções dos seus rebentos, alcançam a vitória sobre si mesmos, no rumo da própria emancipação na imortalidade.”
Grande, também, é a dificuldade da desvinculação quando um ente querido parte para o Plano Espiritual, e Emmanuel, no livro “PÃO NOSSO”, no Capítulo 125, intitulado “SEPARAÇÃO”, nos ensina que:
“Todavia, digo-vos a verdade: a vós convém que eu vá.” — JESUS (João, 16:7)
“Semelhante declaração do Mestre ressoa em nossas fibras mais íntimas.Ninguém sabia amar tanto quanto Ele, contudo, era o primeiro a reconhecer a conveniência da partida, em favor dos companheiros.
Que teria acontecido se Jesus teimasse em permanecer?
Provavelmente, as multidões terrestres teriam acentuado as tendências egoísticas, consolidando-as. Porque o Divino Amigo havia buscado Lázaro no sepulcro, ninguém mais se resignaria à separação pela morte. Por se haverem limpado alguns leprosos ninguém aceitaria, de futuro, a cooperação proveitosa das moléstias físicas. O resultado lógico seria a perturbação geral no mecanismo evolutivo.
O Mestre precisava ausentar-se para que o esforço de cada um se fizesse visível no plano divino da obra mundial. De outro modo, seria perpetuar a indolência (indiferença) de uns e o egoísmo de outros.
Sob diferentes aspectos, repete-se, diariamente, a grande hora da família evangélica em nossos agrupamentos afins.
Quantas vezes surgirá a viuvez, a orfandade, o sofrimento da distância, a perplexidade e a dor por elevada conveniência ao bem comum?
Recordai a presente passagem do Evangelho, quando a separação vos faça chorar, porque se a morte do corpo é renovação para quem parte é também vida nova para os que ficam
Às vezes o familiar fica anos, décadas mesmo, sofrendo pela morte do ente querido, sendo que este seu parente já pode até estar novamente encarnado. No Livro dos Médiuns, na SEGUNDA PARTE, Capítulo XXV, “DAS EVOCAÇÕES”, n. 284, “EVOCAÇÕES DE PESSOAS VIVAS”, no subitem 50, pág. 267, tem-se a seguinte pergunta:
“50. Quem nos pode evocar, se somos seres obscuros? – Noutras existências poderias ter sido pessoa conhecida nesse mundo ou em outros, e há também os teus parentes e amigos desse e de outros mundos. Suponhamos que o teu Espírito haja animado o corpo do pai de outra pessoa. Pois bem: quando essa pessoa evocar o seu pai, é o teu Espírito que está sendo evocado e que responderá.” |
VII. – NÃO SEPARAR O HOMEM O QUE DEUS AJUNTOU – DAS UNIÕES DE PROVA – CASAMENTO E DIVÓRCIO
O livro “O CONSOLADOR”, do Espírito Emmanuel, psicografia Chico Xavier, nos ensina o seguinte sobre casamento:
179 — No capítulo das afeições terrenas, o casar ou não casar está fora da vontade dos seres humanos?
— O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções, tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, seja por orientação dos mentores mais elevados, quando a entidade não possui a indispensável educação para manejar as suas próprias faculdades, ou em consequência de compromissos livremente assumidos pelas almas, antes de suas novas experiências no mundo; razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas expiatórias, ou no acervo (conjunto) de valores das missões que regeneram e santificam.
188 — Como devem proceder os cônjuges para bem cumprir seus deveres?
— O matrimônio muito frequentemente, na Terra, constitui uma prova difícil, mas redentora (libertadora).
Os cônjuges, desvelados (vigilantes) por bem cumprir suas obrigações divinas, devem observar o máximo de atenção, respeito e carinho mútuos, concentrando-se ambos no lar, sempre que haja um perigo ameaçando-lhes a felicidade doméstica, porque na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as melhores defesas.
No lar, muitas vezes, quando um dos cônjuges se transvia (desencaminha), a tarefa é de lutas e lágrimas penosas; porém, no sacrifício, toda alma se santifica e se ilumina, transformando-se em modelo no sagrado instituto da família.
Para alcançar a paciência e o heroísmo domésticos, faz-se mister a mais entranhada (enraizada) fé em Deus, tomando-se como espelho divino a exemplificação de Jesus, no seu apostolado de abnegação (renúncia em função do outro) e de dor, à face da Terra.
O “LIVRO DA ESPERANÇA”, Autor Espiritual: Emmanuel, psicografia: Chico Xavier, Capítulo 76, intitulado: UNIÕES DE PROVA, pág. 143/144, nos ensina:
“…Não separe o homem o que Deus ajuntou.” — JESUS (Mateus, 19.6)
“…Quando Jesus disse: “Não separe o homem o que Deus ajuntou”, essas palavras se devem entender com referência à união, segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei instável dos homens.” —ESE, Cap. XXII, 3
Aspiras a convivência dos Espíritos de eleição com os quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frenar (reprimir) impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras existências, de cuja lealdade escarneceste (desprezaste), acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste (impulsionaste, empurraste) friamente às pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste (iludiste, seduziste) com falsos juramentos de amor, enrolando-lhe os pés em degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quais plantaste o espinheiral do despotismo (arbitrariedade, capricho, autoritarismo) e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar, para que o tempo, à feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suportá-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar (explorar).
Ouçamos o íntimo de nós mesmos. Enquanto a consciência se nos aflige (inquieta), na expectativa de afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece.”
O livro “EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS”, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, na 2a. Parte, no Capítulo 8 intitulado “MATRIMÔNIO E DIVÓRCIO”, nos ensina o seguinte sobre o divórcio:
“Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no principio da responsabilidade assumida em comum.
Mal saídos do regime poligâmico, os homens e as mulheres sofremlhe ainda as sugestões animalizantes e, por isso mesmo, nas primeiras dificuldades da tarefa a que foram chamados, costumam desertar dos postos de serviço em que a vida os situa, alegando imaginárias incompatibilidades e supostos embaraços, quase sempre simplesmente atribuíveis ao desregrado narcisismo (amor próprio exagerado) de que são portadores.
E com isso exercem viciosa tirania (opressão, abuso de poder) sobre o sistema psíquico do companheiro ou da companheira mutilados ou doentes, necessitados ou ignorantes, após explorarlhes o mundo emotivo, quando não se internam pelas aventuras do homicídio ou do suicídio espetaculares, com a fuga voluntária de obrigações preciosas.
É imperioso, assim, que a sociedade humana estabeleça regulamentos severos a benefício dos nossos irmãos contumazes na infidelidade aos compromissos assumidos consigo próprios, a benefício deles, para que se não agreguem a maior desgoverno, e a benefício de si mesma, a fim de que não regresse à promiscuidade aviltante das tabas obscuras, em que o princípio e a dignidade da família ainda são plenamente desconhecidos.
Entretanto, é imprescindível que o sentimento de humanidade interfira nos casos especiais, em que o divórcio é o mal menor que possa surgir entre os grandes males pendentes sobre a fronte do casal, sabendose, porém, que os devedores de hoje voltarão amanhã ao acerto das próprias contas.”
HERMINIO C. MIRANDA no livro “O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS HUMANOS”, na SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO: XI: “A FAMÍLIA COMO INSTRUMENTO DE REDENÇÃO ESPIRITUAL”,pág. 147-162, nos ensina o seguinte sobre o DIVÓRCIO:
“(…) O divórcio é admissível, em situações de grave conflito, nas quais a separação legal assume a condição de mal menor, em confronto com opções potencialmente mais graves que projetam ameaçadoras tragédias e aflições imprevisíveis: suicídios, assassinatos, e conflitos outros que destroem famílias e acarretam novos e pesados compromissos, em vez de resolver os que já vieram do passado por auto-herança.
Convém, portanto, atentar para todos os aspectos da questão e não ceder precipitadamente ao primeiro impulso passional ou solicitação do comodismo ou do egoísmo. Dificuldades de relacionamento são mesmo de esperar-se na grande maioria das uniões que se processam em nosso mundo ainda imperfeito.
Não deve ser desprezado o importante aspecto de que o casamento foi combinado e aceito com a necessária antecipação, precisamente para neutralizar diferenças e dificuldades que persistem entre dois ou mais Espíritos.
(…)
Em suma, recuar ante uma situação de desarmonia no casamento, de um cônjuge difícil ou de problemas aparentemente insolúveis é gesto de fraqueza e covardia de graves implicações. Somos colocados em situações dessas precisamente para resolver conflitos emocionais que nos barram os passos no caminho evolutivo.
Estaremos recusando exatamente o remédio prescrito para curar mazelas persistentes que se arrastam, às vezes, por séculos ou milênios aderidas à nossa estrutura espiritual.
A separação e o divórcio constituem, assim, atitudes que não devem ser assumidas antes de profunda análise e demorada meditação que nos levem à plena consciência das responsabilidades envolvidas.
Como escreveu Paulo com admirável lucidez e poder de síntese.
– ”Tudo me é licito, mas nem tudo me convém”.
(1 Cor. 6:12)
VIII. – DAS EXPIAÇÕES EM FAMÍLIA
Na REVISTA ESPÍRITA, ANO X – 1867, Maio, sob o título: UMA EXPIAÇÃO TERRESTRE – O JOVEM FRANÇOIS, pág. 199/204, Allan Kardec nos relata um caso de expiação em família:
“(…)
Numa boa e honesta família morreu, em outubro de 1866, um rapazote de doze anos, cuja vida, durante nove anos, tinha sido um sofrimento contínuo, que nem os cuidados afetuosos de que era cercado, nem os socorros da Ciência tinham podido ao menos suavizar. Era acometido de paralisia e hidropisia (edema, inchaço); seu corpo estava coberto de chagas, invadidas pela gangrena e suas carnes caíam aos pedaços.
Muitas vezes, no paroxismo (no auge, na crise) da dor, ele exclamava: “Que fiz eu então, meu Deus, para merecer tanto sofrer? E, contudo, desde que estou no mundo não fiz mal a ninguém!”
Instintivamente esse rapazinho compreendia que o sofrimento devia ser uma expiação, mas, ignorando a lei de solidariedade das existências sucessivas, não remontando seu pensamento além da vida presente, não se dava conta da causa que nele pudesse justificar tão cruel castigo.
Uma particularidade digna de nota foi o nascimento de uma irmã, quando ele tinha cerca de três anos. Foi nesta época que se declararam os primeiros sintomas da terrível enfermidade da qual devia sucumbir.
Desde esse momento ele sentiu pela recém-vinda uma repulsa (repugnância, de aversão) tal que não podia suportar sua presença, parecendo que sua vista redobrava seus sofrimentos.
Muitas vezes ele se censurava por esse sentimento, que nada justificava, porque a pequena não o partilhava; ao contrário, ela era doce e amável para com ele.
Ele dizia à sua mãe: “Por que, então, a vista de minha irmã me é tão penosa? Ela é boa para mim e, mau grado meu, não me posso impedir de detestá-la.”
Entretanto, não podia suportar que lhe fizessem o menor mal, nem que a contrariassem; longe de se deleitar com suas penas, afligia-se quando a via chorar.
Era evidente que nele dois sentimentos se combatiam; compreendia a injustiça de sua antipatia, mas seus esforços para superá-la eram impotentes.
(…)
Um observador espírita poderia, então, dizer, com toda aparência de razão, que esses dois seres eram conhecidos e tinham sido colocados ao lado do outro na existência atual para alguma expiação, e para a reparação de alguma falta.
Do estado de sofrimento do irmão, podia-se concluir que ele era o culpado, e que os laços de parentesco próximo que o unia ao objeto de sua antipatia lhe eram impostos para preparar entre eles as vias de uma reconciliação.
Assim, já se vê no irmão uma tendência e esforços para superar a sua aversão, que reconhece injusta. Esta antipatia não tinha os caracteres do ciúme que por vezes se nota em crianças do mesmo sangue. Ela provinha, pois, conforme toda a probabilidade, de lembranças dolorosas, e, talvez, do remorso que despertava a presença da menina. Tais as deduções que, racionalmente e por analogia, podem ser tiradas da observação dos fatos, e que foram confirmadas pelo Espírito do rapazote.
Evocado quase imediatamente após a morte, por uma amiga da família, pela qual nutria grande afeição, de início não pôde explicar-se de maneira completa, prometendo, ulteriormente, dar detalhes mais circunstanciados. Entre as diversas comunicações que deu, eis as duas que se referem mais particularmente à questão:
“Esperais de mim o relato que prometi, acerca do que fui numa existência anterior, e a explicação da causa de meus grandes sofrimentos; será um ensinamento para todos.
(…)
Pequei, sim pequei! Sabeis o que é ter sido assassino, ter atentado contra a vida de seu semelhante? Não o fiz pela maneira como os assassinos empregam, matando imediatamente, seja com uma corda, seja com uma faca ou qualquer outro instrumento; não, não foi dessa maneira.
Matei, mas matei lentamente, fazendo sofrer um ser que eu detestava! Sim, eu detestava esta criança que julgava não me pertencer! Pobre inocente! Tinha merecido esta triste sorte? Não, meus pobres amigos, não o tinha merecido, ou, pelo menos, não me cabia fazê-la sofrer esses tormentos. E, contudo, eu o fiz, razão por que fui obrigado a sofrer como vistes.
(…)
Eu vos tinha prometido este relato. Era preciso que eu pagasse até o fim a minha dívida, custasse o que custasse.
(…)
E agora, meus bons pais, uma palavra de consolação. Obrigado, oh! obrigado! a vós que me ajudastes nesta expiação e que carregastes uma parte; suavizastes, tanto quanto de vós dependia, o que havia de amargo em meu estado. Não vos entristeçais, é coisa passada; estou feliz, eu vo-lo disse, sobretudo comparando o estado passado com o presente. Amo-vos a todos; agradeço-vos; abraço-vos; amai-me sempre. Encontrar-nos-emos e, todos juntos, continuaremos esta vida eterna, esforçando-nos para que a vida futura resgate inteiramente a vida passada.
Vosso filho,
François E.
Numa outra comunicação, o Espírito do jovem François completou as informações acima:
- – Caro rapaz, não disseste de onde vinha tua antipatia por tua irmãzinha.
Resposta. – Não o adivinhais? Esta pobre e inocente criatura era minha vítima, que Deus tinha ligado à minha última existência como um remorso vivo. Eis por que sua vista me fazia sofrer tanto.
- – Entretanto, não sabias quem era ela.
Resposta. – Não o sabia em vigília, sem o que meus tormentos teriam sido cem vezes mais horríveis; tão horríveis quanto tinham sido na vida espiritual, em que eu a via incessantemente. Mas credes que meu Espírito, nos momentos em que estava desprendido, não o soubesse? Era a causa de minha repulsa, e se me esforçava por combatê-la, é que instintivamente sentia que era injusta. Eu não era ainda bastante forte para fazer o bem àquela que eu não podia impedir-me de detestar, mas não queria que lhe fizessem mal: era um começo de reparação. Deus me levou em conta este sentimento, permitindo que cedo eu ficasse livre de minha vida de sofrimento, sem o que eu teria podido viver ainda longos anos na horrível situação em que me vistes. Bendizei, pois, minha morte, que pôs um termo à expiação, porque foi a garantia de minha reabilitação.
3 — P. (Ao guia do médium). Por que a expiação e o arrependimento na vida espiritual não bastam para a reabilitação, sem que a isto seja necessário juntar os sofrimentos corporais?
Resposta. – Sofrer num mundo ou no outro é sempre sofrer, e se sofre por tanto tempo até que a reabilitação seja completa. Este menino sofreu muito na Terra. Pois bem! Isto nada é em relação com o que suportou no mundo dos Espíritos. Aqui ele tinha, em compensação, os cuidados e a afeição de que era rodeado. Há ainda esta diferença entre o sofrimento corporal e o sofrimento espiritual: o primeiro é quase sempre aceito voluntariamente, como complemento de expiação, ou como prova para adiantar-se mais rapidamente, ao passo que o outro é imposto.
(…)
Para os pais do jovem François, era uma grande prova ter um filho nessa triste posição. Pois bem! eles cumpriram dignamente sua missão, e serão tanto mais recompensados quanto agiram espontaneamente, pelo próprio impulso do coração.Se os Espíritos não sofressem na encarnação, é porque na Terra só haveria Espíritos perfeitos.”
Um outro exemplo de EXPIAÇÃO EM FAMÍLIA nos é informado pela REVISTA ESPÍRITA — Ano VII — Setembro de 1864, sob o título ESTUDOS MORAIS -UMA FAMÍLIA DE MONSTROS, pág. 381/385:
“Uma camponesa das cercanias de Lutter acaba de dar à luz uma criança com todas as aparências de um macaco, pois seu corpo é quase inteiramente coberto de pelos negros e cerrados (compactos, densos), e nem mesmo o rosto está isento dessa estranha vegetação.
Casada há 12 (doze) anos, e embora admiravelmente conformada, essa infeliz senhora ainda não deu à luz um só filho que não fosse acometido de enfermidades mais ou menos horríveis.
Sua filha mais velha, de dez anos, é completamente corcunda (…). Seu segundo filho é um menino de sete anos; ele é aleijado das pernas. O terceiro, que vai completar cinco anos, é surdo-mudo e idiota. Enfim a quarta, de dois anos e meio, é completamente cega.
Qual pode ser a causa desse estranho fenômeno? (…)
O pai é um homem perfeitamente constituído e tem todas as aparências da mais robusta saúde e nada pode explicar a espécie de fatalidade que pesa sobre a sua raça.
(…)
Pois bem! o Espiritismo vem desvendar esse mistério e dele fazer sair a deslumbrante justiça de Deus; (…) Não há uma só infração às leis de Deus que, mais cedo ou mais tarde, não tenha suas funestas (aflitivas, lamentáveis, tristes) consequências, na Terra ou no mundo dos Espíritos, nesta ou numa vida seguinte.
Pela mesma razão, não há uma só vicissitude da vida que não seja a consequência e a punição de uma falta passada, e assim será para cada um, enquanto não se tiver arrependido, expiado e reparado o mal que fez; retorna à Terra para expiar e reparar; cabe a ele melhorar-se bastante para a ela não mais voltar como condenado.
(…)
Não creiais, pois, que essa mulher, de que acabais de falar, seja vítima do acaso ou de uma cega fatalidade. Não; o que lhe acontece tem sua razão de ser – ficai bem convencidos.
Ela é castigada em seu orgulho; desprezou os fracos e os enfermos; foi dura para com os seres caídos em desgraça, dos quais desviava os olhos com repulsa, em vez de envolvê-los num olhar de comiseração (compaixão, piedade); envaideceu-se da beleza física de seus filhos, à custa de mães menos favorecidas; mostrava-os com orgulho, porque aos seus olhos a beleza do corpo tinha mais valor que a beleza da alma; assim, neles desenvolveu vícios, que lhes retardaram o avanço, em vez de desenvolver as qualidades do coração.
É por isso que Deus permitiu que, em sua existência atual, ela só tivesse filhos disformes, a fim de que a ternura maternal a ajudasse a vencer sua repugnância (aversão, repulsa, asco) pelos infelizes. Para ela, isto é uma punição e um meio de adiantamento; mas nessa própria punição brilham, ao mesmo tempo, a justiça e a bondade de Deus, que castiga com uma das mãos, mas incessantemente dá ao culpado, com a outra, os meios de se resgatar.”
- – DA CONCLUSÃO: LAÇOS DE FAMÍLIA, LAÇOS DE SACRIFÍCIO, CAMINHO DE ACESSO À COMUNHÃO COM A FAMÍLIA ESPIRITUAL
No livro “MÃOS MARCADAS”, de Espíritos diversos, psicografia de Chico Xavier, EMMANUEL, no Capítulo intitulado “CONSANGUINIDADE”, pág. 31, nos ensina que:
“Recebes no lar a herança do passado, com a qual reestruturas o próprio destino, na direção do futuro. É aí, no cadinho (prova) fervente das reações espirituais intensivas que se nos exercita o coração para servir à família maior, a estender-se na Humanidade.
Recorda que entre as quatro paredes da organização doméstica, recolhes os desafetos mais profundos para transformá-los em sagrados depósitos afetivos, sob o selo do esquecimento com que a lei do Senhor socorre a vida física.
O Cristo reúne nos mesmos laços de sacrifício, aqueles que se algemaram no pretérito a delitos obscuros e ajuda-os no resgate das faltas perpetradas em comum, sustentando-os nos conflitos purificadores que tantas vezes surgem, estranhos e contundentes, nos elos da consanguinidade.
Se possuis a teu lado alguém que se constitua num fardo vivo a carregar, compadece-te e ajuda sempre.
Todos nós, quando no mundo, recebemos a imposição de auxiliar aqueles que, retardados na senda (rota, caminho estreito) evolutiva, esperam de nosso esforço, a migalha de luz que os arrebatará ao domínio das trevas.
Se foste defrontado, contrariamente aos teus sonhos, por familiares que não se harmonizam com o teu modo de ser, lembra-te de que o credor antigo comparece em tua casa reclamando-te pagamento.
Se surpreendes naqueles em que depunhas a melhor esperança, modificações que te envolvem nas inquietantes vibrações do desapontamento e da amargura, silencia, desculpa e segue adiante, amparando-os como puderes.
Não valem a deserção das obrigações regeneradoras ou a fuga da renunciação ao áspero serviço que nos cabe atender, porque amanhã, a benefício de nossa própria cura, a vida constranger-nos-á, de novo, a regressar ao cálice de fel (amargor) menosprezado.
Ama aqueles que o Senhor te confiou quais são e não como desejarias tu fossem eles, porque, pelos teus votos bem cumpridos, encontrarás o caminho do acesso à sublime comunhão nas alegrias de tua família espiritual.”
PSICOGRAFIA – 01/06/2018 (sexta-feira), CELC:
“CONSELHOS DIVERSOS ÀS MÃES: Educar um filho exige disciplina. Amar, também. O amor não pode ser uma desculpa a justificar os desregramentos que são permitidos pelos pais aos filhos pela culpa da ausência, ou, pela falta de paciência decorrente do cansaço. Amar é educar, é orientar, é preparar os filhos para as provações que estão sujeitos na Terra, é aproveitar o período da infância para corrigir as condutas e tendências inferiores que a criança expressa, e, também, para incutir em seu íntimo ideias renovadoras de amor, de respeito, de altruísmo, de concórdia e de paz. Os filhos são Espíritos imortais que, muitas vezes, em outras existências, já estiveram aos vossos lados, e hoje aí estão novamente para que juntos possam se submeter à Vontade do Pai, a fim de resgatarem vossas faltas. CONSELHOS AOS PAIS: A criança que chega a sua família é alguém ligado a você por débitos contraídos e que juntos vão aprender a corrigir e reparar. Um filho seu, na carne, é antes um filho de Deus, e é, em espírito, um irmão. Um irmão na grande família universal. Antes de serem rígidos: eduquem. Quem tem paciência de ensinar e corrigir colherá o fruto da obediência e do respeito. Sejam exemplos, pois as palavras nada valem se desassociadas das atitudes. Sejam amorosos, pois Deus, Nosso Pai, nos ama infinitamente. Amem e respeitem vossos filhos.” |
FONTES:
– BÍBLIA SAGRADA: Gênesis 2:23-24; 4:8; 5:4; 16:1-2; 21:10; 21:14 e 25:23; Êxodo 2:10; I Reis 3:16-28; Mateus 10:19; 14:1-12; 19:6; Marcos 3:31-35; 6:18; Lucas 3:3; 3:19-20; João, 16:7; 1 Cor. 6:12; 1 Timóteo 5:8.
-O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec, questões 774, 775,
– O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Allan Kardec, Capítulo XIV: “HONRA TEU PAI E A TUA MÃE”, item 3: “PIEDADE FILIAL”, item 5.: “QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?”, item 8: “PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL” e item 9.: “A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMLÍLIA”; Capítulo XXII: “NÃO SEPARAR O QUE DEUS JUNTOU”, item 3;
– “O CÉU E O INFERNO, OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO”, Allan Kardec, SEGUNDA PARTE,CAPÍTULO V, intitulado “SUICIDAS”, pág. 247/273;
– “LIVRO DOS MÉDIUNS, na SEGUNDA PARTE, Capítulo XXV, “DAS EVOCAÇÕES”, n. 284, “EVOCAÇÕES DE PESSOAS VIVAS”, subitem 50, p. 267;
– REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec, ANO X, Maio de 1867, título: UMA EXPIAÇÃO TERRESTRE – O JOVEM FRANCISCO,pág. 199/204;
– REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec, Ano VII, Setembro de 1864, título ESTUDOS MORAIS – UMA FAMÍLIA DE MONSTROS, pág. 381/385:
– “O CONSOLADOR”, pelo Espírito EMMANUEL, psicografia de Chico Xavier, questões: 175, 176, 177, 179, 188, 342;
– “AS LEIS MORAIS – SEGUNDO A FILOSOFIA ESPÍRITA”, de RODOLFO CALLIGARIS, 11ª. Edição, Rio de Janeiro: FEB, 2004,Capítulo 27, intitulado “A Família”;
– “FONTE VIVA”, Autor Espiritual EMMANUEL, psicografia Chico Xavier, Capítulo 156, intitulado “PARENTES”, p. 381-382;
– “PÃO NOSSO”, Autor Espiritual EMMANUEL, psicografia Chico Xavier, Capítulo 125, intitulado “SEPARAÇÃO”, pág. 263-264;
– “DRAMAS DA OBSESSÃO”, Autor Espiritual Bezerra de Menezes, psicografia de Yvonne Pereira, Primeira Parte, Capítulo I, pág. 11-14;
– NOSSO LAR, pelo Espírito ANDRÉ LUIZ, psicografia Chico Xavier, Capítulo 17 intitulado “EM CASA DE LÍSIAS”, pág. 97-100;
– “EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS”, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, na 2a. Parte, no Capítulo 8 intitulado “MATRIMÔNIO E DIVÓRCIO”, pág. 121-122;
– “VIDA E SEXO”, pelo Espírito EMMANUEL, psicografia Chico Xavier, Capítulo 2, intitulado “FAMÍLIA”, p. 11-12 e Capítulo 15, intitulado DESVINCULAÇÕES, p. 59/62;
– “LEIS DE AMOR”, pelo Espírito EMMANUEL, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, no Capítulo 2, intitulado “PARENTESCO E FILIAÇÃO”, pág.8-10;
– “LIVRO DA ESPERANÇA”, pelo Espírito EMMANUEL, psicografia Chico Xavier, Capítulo 76, intitulado: UNIÕES DE PROVA, pág. 143-144;
– “MÃOS MARCADAS”, de Espíritos diversos, psicografia Chico Xavier, Capítulo intitulado “CONSANGUINIDADE” ditado por EMMANUEL, pág. 31;
– “FAMÍLIA”, de Espíritos diversos, psicografia Chico Xavier, Capítulo 23, intitulado “HONRAR PAI E MÃE”, ditado por Emmanuel, pág. 94/97;
– “O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS HUMANOS”, Autor: HERMINIO C. MIRANDA, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO: XI: “A FAMÍLIA COMO INSTRUMENTO DE REDENÇÃO ESPIRITUAL”, pág. 147-162;