Livro Libertação – 1ª parte, palestra 29.10.25
LIVRO LIBERTAÇÃO – PRIMEIRA PARTE
Psicografia: Chico Xavier / Espírito: André Luiz
Palestra – 29.10. 2025 – Geisa
INTRODUÇÃO
Sexto livro da série “A vida no mundo espiritual” psicografado por Chico Xavier e ditado pelo espírito André Luiz.
São 20 capítulos e o prefácio do livro foi ditado pelo Espírito Emmanuel no dia 22/02/1949.
O livro tem como narrativa principal, o resgate de Margarida, obsediada pelo espírito Gregório, um líder das trevas e de uma cidade grande localizada no umbral inferior e os Espíritos André Luiz e Elói acompanham o mentor Gúbio nessa expedição.
O livro destaca também o esforço da Espiritualidade Maior na conversão ao bem dos Espíritos inferiores que se dedicam ao mal e mostra “as artimanhas” utilizadas para influenciar os homens para que estes cooperem com as suas maldades.
O estudo desse livro é de extrema importância para todos aqueles que se dedicam à desobsessão e ao esclarecimento dos Espíritos sofredores, obsessores e equivocados.
O estudo de hoje será abordado o prefácio e os capítulos de 1 a 5.
PREFÁCIO: ANTE AS PORTAS LIVRES
“Ante as portas livres de acesso ao trabalho cristão e ao conhecimento salutar que Emmanuel vai desvelando, recordamos prazerosamente a antiga lenda egípcia do peixinho vermelho”.
No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul-turquesa, alimentado por um pequeno canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita. Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, confortavelmente satisfeitos em espaços frescos e sombrios. (Semelhante ao Planeta Terra – felicidade ilusória, busca pelo prazer).
Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça. Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos. (era inadequado/sentia-se deslocado).
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as larvas e ocupavam, todos os lugares consagrados ao descanso. O peixinho vermelho que nadasse e sofresse. Por isso mesmo era visto em correria constante, perseguido ou atormentado de fome. (Bem-aventurados os aflitos – sofrimento é uma oportunidade de aprendizado). Muitas vezes a gente não quer a mudança, só mudamos se estiver desconfortável, só num momento de crise.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse. (esforço próprio, descobre coisas boas – autodescobrimento).
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, identificou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama. Depois de muito tempo, encontrou a grade do escoadouro. À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo: –“Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?” Optou pela mudança. Apesar de magérrimo pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima. (sacrificar/perder as escamas para o benefício espiritual – perder para ganhar?! – Jesus: Buscai a porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que por ela entram. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram. A dor tem como objetivo nos impulsionar para frente.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d’água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol e seguiu embriagado de esperança… Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos. Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e mostrando-lhe mais fácil roteiro. (Amigos encarnados e desencarnados – os irmãos maiores – nossos protetores e a nossa família espiritual)
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos. Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais. (não sofreu porque não tinha muito – o homem é escravo de tudo aquilo que o domina – Pedro. O que está me prendendo? O que não me deixa evoluir – não são somente as coisas materiais, isso é fácil de identificar, mas pode ser um vício, um apego a algo, um comportamento ruim que eu teimo em manter)
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária. Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção e não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque a baleia começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.
Baleia: Perdas grandes, avalanche, somos engolidos, algo muito maior que a gente perde as forças, como se fosse uma morte. Pode ser a morte de um ciclo que acabou, do jeito que ele vivia, não vai viver mais, uma morte transformadora, do velho para surgir o novo. Morre o homem velho para surgir o homem novo.
Baleia: Podem ser as tentações da matéria.
“A tentação é o fio de forças vivas a irradiar-se de nós” (nos domínios da mediunidade). As vezes achamos que a tentação é algo que vem de fora, mas pode ser algo que se irradia de nós. Comportamentos e atitudes nossos. O Contato com a nossa sombra com aquilo que trazemos de ruim dentro de nós. A cada um será dado conforme as suas obras.
Baleia: Umbral – André Luiz é socorrido no Umbral através da Prece / Oração e é atendido por Clarêncio no Nosso Lar.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações. Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz. Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude continuariam a correr para o oceano. O peixinho pensou, pensou… e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles. (despertei, estou feliz com a minha melhora, com o que aprendi e quero despertar os outros também, auxiliar)
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? Não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações? Não hesitou. Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta. Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar. Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia. Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, nos mesmos ninhos lodacentos, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis. (disputas por coisas ruins, coisas desprezíveis, se contentam com pouca coisa).
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele. Ridiculizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse. O benfeitor desprezado, esclareceu, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranquilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada. (mudança, reforma íntima, acostumados com o mal)
Assim que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção. Ninguém acreditou nele. Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquela história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente. O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até à grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante: – “Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! Não nos perturbes o bem-estar… (não quer vencer a si mesmo, sair dos maus hábitos)
Nosso lago é o centro do Universo… Ninguém possui vida igual à nossa!… Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo. Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. (dificuldades, pode ser uma doença difícil, a perda da vida boa, falta de conhecimento espiritual). As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama…
– Evolução se faz sozinho, tem o auxílio, mas o caminho a trilhar é de cada um.
CAPÍTULO 1: OUVINDO ELUCIDAÇÕES
– Palestra do ministro Flácus que fala sobre as zonas purgatoriais governadas por Espíritos perversos e demostra a constante interação entre eles e as mentes encarnadas.
André Luiz assiste a palestra para se preparar para visitar as sombras, descer ao abismo a fim de aprender e também auxiliar.
No Livro Obreiros da Vida Eterna (4º. livro da série) André Luiz não pode descer aos abismos, porque ainda não estava preparado. Faz esse curso no Livro Libertação.
No Livro Cidades no Além, de Chico Xavier e Heigorinha Cunha, pelos Espíritos André Luiz e Lucius, capítulo 4:
OBS: os médiuns foram levados em desdobramentos até a cidade de nosso lar e voltaram e escreveram sobre a cidade. Ela sob orientação do Espírito Lucius em desdobramento observou e quando voltou desenhou a cidade.
“A primeira esfera comporta o Umbral Grosso, mais materializado, de regiões purgatoriais mais dolorosas e de cujas organizações comunitárias conquanto estejam tão próximas, temos poucas notícias.
A segunda esfera obriga o Umbral mais ameno, onde os Espíritos do Bem localizam com mais amplitude, sua assistência, e onde estão situadas as “moradias”.
A terceira esfera a rigor ainda faz parte do Umbral, pois, sendo de transição, abriga Espíritos necessitados de reencarnação. Nessa terceira esfera se localiza a cidade “Nosso Lar”, num ponto situado sobre a cidade do Rio de Janeiro e com uma altura que não podemos definir, mas que se encontra na ionosfera, periferia do Umbral.
As esferas espirituais se distinguem por vibrações distintas, que se apuram a medida que se afastam do núcleo.
André Luiz quando descreve a segunda e a terceira esferas, percebemos que, em ambas, há chão firme, sólido, terra fértil que se cobre de vegetação. Se assim é fácil perceber que, para seus habitantes, nós estamos vivendo no interior da Terra.
Os Espíritos que estão acima podem transitar pelas esferas que lhe estão abaixo, mas os Espíritos que estão nas Esferas inferiores não podem, sozinhos, passar para as esferas superiores.
[…] Interessados na palavra fluente e primorosa do orador, seguíamos o curso das elucidações com justificável expectação de aluno que não deseja perder um til do ensinamento, observando que a serenidade e atenção transpareciam no rosto de todos os aprendizes, considerando-se que todos, no recinto, éramos candidatos ao serviço de socorro aos irmãos ignorantes, atormentados nas sombras…”
*As Armas Utilizadas para o Trabalho nas Trevas
“Os superiores que se disponham a trabalhar em benefício dos inferiores, em ação persistente e substancial, não lhes podem utilizar as armas, sob pena de se precipitarem no baixo nível deles. A severidade pertence ao que instrui, mas o amor é o companheiro daquele que serve”.
– Não só a disciplina, mas também a orientação e o esclarecimento, porque esclarecer também é amar).
* A Força Mental
“O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a eletricidade, com a diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda, no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da primeira, que nos preside a todos os atos da vida”.
– A mente gera, cria, edifica – cada um é o que pensa. A renovação só se dá de dentro para fora controlado pela mente doente.
– Ele cita exemplos de vários conquistadores, políticos, figuras que marcaram a nossa história pelos seus feitos como o estadista Péricles, o conquistador Alexandre, Augusto, o Divino, Constantino, O Grande, o ditador Napoleão, e entre outros que realizaram algo de bom, de progresso até mesmo material, mas não souberam lidar com a questão do ódio, das guerras, de exterminar o próximo, os conflitos e a dominação e destruição do outro. Incentivaram somente as conquistas materiais e culturais, mas não ensinaram, orientaram o pensamento humano em busca do Alto, diferente de Jesus Cristo que nos trouxe o sublime roteiro para a verdadeira mudança, a verdadeira renovação do pensamento, ensinando, praticando e se doando aos ensinamentos que nos direcionam para a vida eterna.
“O Espírito humano lida com a razão há 40 mil anos. Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava os companheiros a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potencias, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil”.
“Diante de milhões de sóis que que existem no Universo, a Terra, o nosso planeta e todas as esferas de substâncias ultra física que a circundam, pode ser considerada como uma laranja minúscula perante o Himalaia e nós não passamos de bactérias perante os Espíritos superiores e que somos micróbios que sonham com o crescimento próprio para a eternidade”.
– A evolução se dá do cristal até o homem e deste até o anjo e a ligação se dá sempre com quem está próximo: o vegetal se vale do mineral para se sustentar e evoluir, os animais do vegetal na obra do aprimoramento e os homens se socorrem de uns e outros para crescerem mentalmente e prosseguir adiante… e o amor de Deus alcança a todos, como o sol que abraça os sábios e os vermes.
“Permanecemos diante de um mundo civilizado na superfície, que reclama não só a presença daqueles que ensinam o bem, mas principalmente daqueles que o praticam”.
*O que André Luiz e Equipe vão encontrar?
“A rigor, portanto, não temos círculos infernais, de acordo com os figurinos da antiga teologia, onde mostram indefinidamente gênios satânicos de todas as épocas e, sim, esferas obscuras em que se agregam consciências embotadas na ignorância, cristalizadas no ócio reprovável ou confundidas no eclipse temporário da razão. Desesperadas e insubmissas, criam zonas de tormentos reparadores. Semelhantes criaturas, no entanto, não se regeneram a força de palavras. Necessitam de amparo eficiente que lhes modifiquem o padrão vibratório, elevando-lhes o modo de sentir e pensar”.
– Acontece conosco também.
*Quem são os Espíritos que para lá vão?
[…] “Homens e mulheres incapacitados de prosseguir além do túmulo, a caminho do Céu que não souberam conquistar, os filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral, disputando, entre si, a dominação da Terra (muitos dominaram na Terra e querem dominar no Céu). Conservam, igualmente, quanto ocorre a nós mesmos, largos e valiosos patrimônios intelectuais e, anjos descaídos da Ciência, buscam, acima de tudo, a perversão dos processos divinos que orientam a evolução planetária”. (baixeza moral, corresponde tudo de princípios, de belo, de bom).
“Mentes cristalizadas na rebeldia (endurecidos), tentam solapar, em vão a Sabedoria Eterna, criando quistos de vida inferior, na organização terrestres, entrincheiradas nas paixões escuras que lhes vergastam as consciências. Conhecem inumeráveis recursos de perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar. Escravizam o serviço benéfico da reencarnação em grandes setores expiatórios e dispõem de agentes da discórdia contra todas a manifestações dos sublimes propósitos que o Senhor nos traçou as ações.”
Intrometem-se nas nossas reencarnações e dos que são iguais e vão reencarnar. São os políticos, religiosos, eclesiásticos, cientistas que tem a vaidade, a ânsia pelo poder e querem dominar a Terra, acham que o planeta é só deles por não conhecerem algo melhor. São contra a evolução, a reencarnação.
“O inferno, por isso mesmo, é um problema de direção espiritual. Satã é a inteligência perversa; o mal é desperdício do tempo ou o emprego da energia em sentido contrário aos propósitos do Senhor. O sofrimento é a reparação ou ensinamento renovados”.
“As almas decaídas, contudo, quaisquer que sejam, não constituem uma raça espiritual sentenciada irremediavelmente ao satanismo, integrando, tão somente, a coletividade das criaturas humanas desencarnadas, em posição e absoluta insensatez. Misturam-se à multidão terrestre, exercem atuação singular sobre numerosos lares e administrações e o interesse fundamental das mais poderosas inteligências, dentre elas, é a conservação do mundo ofuscado e distraído, à força da ignorância defendida e do egoísmo recalcado, adiantando-se o Reino de Deus, entre os homens, indefinidamente…”
“Os homens encarnados, de maneira geral, permanecem cercados pelas escuras e degradantes irradiações de entidades imperfeitas e indecisas, quanto eles próprios, criaturas que lhes são invisíveis ao olhar, mas que lhes partilham a residência”. (física e mental).
O Consolador: Q. 135: “O homem confiando em si mesmo, mais do que em Deus, transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias a Lei de Deus, efetuando, desse modo, uma intervenção indébita na harmonia divina. Eis o mal”.
[…] Estejamos convencidos de que se o diamante é lapidado pelo diamante, o mau só pode ser corrigido pelo mau. Funciona a justiça, através da injustiça aparente, até que o amor nasça e redima os que se condenaram a longas e dolorosas sentenças diante da Boa Lei”.
– Deus “utiliza” o mal como justiça – eu mesmo sou punido naquilo que pequei.
Termina a palestra dizendo que sem esforço pessoal no bem a obra regenerativa será adiada indefinidamente – porque necessita da nossa contribuição fraternal.
CAPÍTULO 2: A PALETRA DO INSTRUTOR
Palestra do instrutor Gúbio que vai acompanhar a expedição. Gúbio fala a Elói e André Luiz. Elucida que essas regiões infernais se refugiam filhos da revolta que cultivam a culpa na consciência.
Gúbio vem falar que:
[…] “Para muitas criaturas, é difícil compreender a arregimentação inteligente dos espíritos perversos. Essas organizações inteligentes são formadas por Espíritos que não conhecem região mais elevada que a esfera carnal, a que ainda se ajustam por laços vigorosos. Organizam verdadeiras cidades em que se refugiam falanges compactas de almas que fogem, envergonhadas de si mesmas, ante quaisquer manifestações da divina luz. Filhos da revolta e da treva aí se aglomeram, buscando preservar-se e escorando-se, aos milhares, uns aos outros…
(facções)
“Tais colônias perturbadoras devem ter começado com as primeiras inteligências terrestres entregues à insubmissão e à indisciplina. […] O objetivo essencial de tais exércitos sombrios é a conservação do primitivismo mental da criatura humana a fim de que o Planeta permaneça, tanto quanto possível, sob seu julgo tirânico.
André Luiz pergunta indignado:
“– Com que fim, essas legiões retardadas se mancomunam, além da morte, se despidas da vestimenta grosseira de carne devem saber, mais que nunca, que se empenham em combates inúteis?
Por que motivo se aglomeram, assim, através de ajuntamentos desprezíveis e diabólicos? Fácil de entender-se a jornada evolutiva do homem, depois do sepulcro, mas o estacionamento deliberado na crueldade e no ódio, além da morte, dá pra confundir a mente de qualquer…
R: Gúbio: “O orientador sorriu, maneiroso, e considerou: Por que razão nós mesmos antes de acordar a consciência para a revelação divina, nos precipitávamos nas linhas inferiores, todos os dias, contrariando espetacularmente a Lei?
[…] “Se desenterrarmos o pretérito, meu caro, encontraremos lamentáveis reminiscências… Não nos compete parar ou desanimar”.
[…] “Nossa mente é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores, com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual, fruto sublime da evolução, pode ser comparado aos polos de um aparelho magneto-elétrico. O espírito encarnado sofre a influenciação inferior, através das regiões em que situam o sexo e o estomago, e recebe os estímulos superiores, ainda mesmo procedente das almas não sublimadas, através do coração e do cérebro”.
– A mente é como um centro psíquico de atração e repulsão, e que por meio dela podemos, com uso da vontade, atrair ou afastar as enfermidades.
[…] “Educação para a eternidade não se circunscreve a ilustração superficial de que um homem comum se reveste, sentando, por alguns anos, num banco de universidade – é obra de paciência nos séculos”.
[…] “Para quem anestesiou as faculdades no prazer fugitivo, a separação da carne geralmente constitui acesso a doloroso estágio na incompreensão. E considerando a maioria das criaturas humanas persegue as sensações do corpo físico, a colheita de personalidades desequilibradas é sempre inquietante, conservando quase inalteradas as fileiras escuras dos insensatos cultivadores da satisfação egoística a qualquer preço. Loucos perigosos, por voluntários, dirigidos por inteligências soberanas, especializadas em dominação, constituem hordas terríveis que, a bem dizer, vigiam as saídas das esferas inferiores em todas as direções”.
[…] Personalidades vulgares apegam-se a salvaguarda de recursos exteriores e neles centralizam os sentimentos mais nobres, perdendo-se a fantasias inúteis. […] Após perderem abençoados anos no campo didático da esfera carnal, erram aflitas, exânimes e revoltadas, ajustando-se ao primeiro grupo de entidades viciosas que lhes garantam continuidade de aventura em fictícios prazeres. Formam associações enormes e compactas, com base nas emanações da Crosta do Mundo, onde milhões de homens e mulheres lhes sustentam as exigências mais baixas: fazem vida coletiva provisória à força de sugarem as energias dos irmãos encarnados, qual se fossem extensa colônia de criminosos, vivendo a expensas de generoso rebanho bovino. […] A criatura humana não se eximirá da responsabilidade. Se o perseguidor do invisível aos olhos terrestre erige agrupamentos para culto sistemático da revolta e do egoísmo, o homem encarnado, senhor de valiosos patrimônios de conhecimento santificante, garante-lhe a obra nefasta pela fuga constante as obrigações divinas. […] Atravessem séculos assim, jungidos um ao outro, presos a lamentáveis ilusões com extremas perturbações para si mesmos. Há milhões de almas humanas que se não afastaram, ainda, da Crosta Terrestre, há mais de dez mil anos. Morrem no corpo denso e renascem nele, qual acontece as árvores que brotam sempre profundamente arraigadas no solo. Recapitulam individual e coletivamente, lições multimilenárias, sem atinarem com os dons celestiais de que são herdeiras, afastadas deliberadamente do santuário de si mesas, no terreno movediço da egolatria inconsequente, agitando-se, de quando em quando, em guerras arrasadoras que atingem os dois planos, no impulso mal dirigido de libertação, através de crises inomináveis de fúria e sofrimento. Destroem, então, o que construíram laboriosamente e modificam processos de vida exterior transferindo-se de civilização (exílio – segunda morte).
– muitos desses grupos já foram descaídos de outros mundo e vieram para a Terra e serão enviados para outros mais inferiores – Grupo a qual Gregório faz parte – ordem dos Dragões.
CAPÍTULO 3: ENTENDIMENTO
Esse capítulo vem revelar o objetivo da missão de Gúbio que é resgatar Margarida do chefe Gregório. Ele descreve o local como uma colônia purgatorial de vasta expressão, onde se observará que os encarnados não tem a verdadeira noção de que os casos de desarmonia na Terra repercutem na esfera espiritual, já que os dois planos da vida estão intimamente ligados por laços de amor e ódio, de simpatia e repulsa.
[…] “A enferma, a cuja assistência fomos admitidos, está por exemplo em vosso passado espiritual… (pergunta André)
– sim – confirmou Gúbio, humilde – , mas não fui designado para servir no caso de Margarida, a doente que nos compele à breve expedição do momento, apenas porque houvesse sido minha filha em eras recuadas. […] em virtude do enigma de obsessão que nos propomos resolver, somos levados a buscar todas as personalidades que compõem o quando de serviço. Perseguidores e perseguidos entrelaçam-se, em cada processo de auxílio, em grande expressão numérica.
[…] o homem terrestre, mormente nos dias tormentosos costuma ver somente o “seu lado”, mas, acima da justiça comum, propriamente considerada, outros tribunais mais altos funcionam. Em razão disso, todos os casos de desarmonia espiritual na Terra movem aqui extensa rede de servidores que passam a tratá-los sem inclinações pessoais em bases do amor que Jesus exemplificou […]
*Não se trata caso pessoal, mas busca todos os envolvidos. Na justiça divina não há preferência. O auxilio será justo para todos. Da mesma forma que o aperfeiçoamento do mundo compete a todos.
[…] A essa altura instrutiva conversação, chegamos a gracioso templo. Nesse doce recanto consagrado à materialização de entidades sublimes, a luz suave da noite calma como se fazia mais bela. As vibrações constantes das preces, aí emitidas por vários séculos, tinham criado em torno da edificação prodigioso clima de encantamento.
Soube, de imediato, que outro grupo, constituído aliás, por duas irmãs, ali se achava com o objetivo de receber instruções de serviço para esferas mais baixas.
Em seguida, a saudações ligeiras e cordiais, foi composto o conjunto de oração.
Doadores de energia radiante, médiuns de materialização em nosso plano, se alinhavam, não longe, em número de vinte. E logo após a prece, formosa e espontânea, pronunciada pelo responsável mais altamente categorizado na instituição, eis que a tribuna domestica se ilumina. Esbranquiçada nuvem de substância leitosa-brilhante adensa-se em derredor e, pouco a pouco, desse bloco de neve translucida, emerge a figura viva e respeitável de veneranda mulher. Indivisível serenidade caracteriza-lhe o olhar simpático e o porte de madona antiga, repentinamente trazida à nossa frente. Cumprimenta-nos com um gesto de benção, como que nos endereçando, a todos, os raios da luz esmeraldinha que em forma de auréola lhe exornam a cabeça.
Mesmo no plano espiritual devido a condição do espírito que iria se materializar eles necessitam de um grupo para materialização. O corpo espiritual vai se fundindo com o espírito – mais diáfano, mais luz.
Duas das pessoas que eram do outro grupo eram filhas desse Espírito que havia acabado de se materializar.
Elas vão em auxilio do pai que está mergulhado nas sombras e há seis anos elas estavam buscando resgatá-lo, que cometeu um crime para dar uma vida melhor para as filhas que não sabiam desse crime.
Toda a conversa e orientação da mãe junto as filhas que ela vai reencarnar e ter como filhos os algozes do pai e as filhas tb.
[…] Ainda não voltara a mim mesmo da salutar divagação, quando outro lenço de alva substância, coroada de tons dourados, se fez visível no alto. Em breves instantes, revestida de luz, outra mensageira surgia na tribuna. Dos olhos irradiava doce magnetismo santificante. Trajava um peplo estruturado em fina gaze azul-radiosa e desceu, ereta e digna, fitando-nos suavemente, a procura de alguém com interesse particular. O instrutor ergueu-se, reverente, e caminhou na direção dela, qual discípulo submisso.
– Materialização de Matilde.
[…] “- Irmão Gúbio, agradeço-te o concurso dadivoso. Creio haver chegado, efetivamente, o instante de aceitar-te a ajuda fraterna, em favor da libertação de meu infortunado Gregório. Espero, há séculos, pela renovação e penitência dele. Impressionado pelos imensos concursos do poder, no passado distante, cometeu hediondos crimes da inteligência. Internado em perigosa organização de transviados morais, especializou-se, depois da morte, em oprimir ignorantes e infelizes. Pelo endurecimento do coração, conquistou a confiança de gênios cruéis, desempenhando presentemente a detestável função de grande sacerdote em mistérios ocultos. Chefia condenável falange de centenas de outros espíritos desditosos, cristalizados no mal, e que lhe obedecem com deplorável cegueira e quase absoluta fidelidade. […] há cinquenta anos, já consigo aproximar-me dele mentalmente. Recalcitrante e duro, a princípio, Gregório agora experimenta algum tédio, o que constitui uma benção nos corações infiéis ao Senhor. Já lhe surpreendo no espírito rudimentos de necessária transformação. Ainda não chora sob o guante do arrependimento benéfico e parece-me longe do remorso salvador; entretanto, já duvida da vitória do mal e abriga interrogações na mente envilecida. Não é tão severo no comando dos espíritos desventurados que lhe seguem as determinações e o colapso de sua resistência não me parece remoto”.
[…] “Irmão Gúbio – Na pauta do julgamento humano comum, meu filho espiritual será talvez um monstro… para mim, contudo, é a joia primorosa do coração ansioso e enternecido. Penso nele qual se houvera perdido a pérola mais linda num mar de lama e tremo de alegria ao considerar que vou reencontrá-lo. Não é paixão doentia que vibra em minhas palavras. É o amor que acendeu em nós, desde o princípio”.
[…] Gúbio: “Nobre Matilde! Estamos prontos. Dita ordens! Por mais que fizéssemos por tua alegria, nosso esforço seria pobre e pequenino, diante dos sacrifícios em que te empenhas por todos nós.
Num sorriso triste, prosseguiu a respeitável senhora: (descerra o mapa de provas que ele vai ter que passar)
[…] “Descerei, dentro em breve anos, para o torvelinho de lutas carnais, a fim de esperar Gregório em existência de resgate difícil e doloroso. Educá-lo-ei sob os princípios superiores que regem a vida. Crescerá sob minha inspiração imediata e receberá a prova perigosa e aflitiva da riqueza material. É de nosso plano que ele acolha, no curso do tempo, em labor gradativo, a extensa legião de servidores viciados que hoje o seguem e a ele obedecem, a fim de encaminhá-los, tanto os possivelmente encarnados quanto os desencarnados, através do carreiro de santificação pela disciplina benéfica em construtivo suor. Padecerá calunias e vilipêndios. Será muita vez humilhado à face dos homens. Triunfará nos bens efêmeros e nas honrarias mentirosas. Receberá no desdobramento da tarefa salvadora, tentações de toda espécie que lhe serão desfechadas pela colônia de ignorância, perversidade e delinquência a que atualmente se filia, e conhecerá depois de experiências inquietantes, a deserção dos amigos, o abandono, a miséria, a enfermidade, a velhice e a solidão”.
[…] “Atenderás Margarida que te foi filha amantíssima e que a Gregório ainda se encontra imantada por teias escuras do passado e colaborarás com o meu devotamento materno para que a na alma dele se converta a sublevação em humildade e a frieza em calor. Encontrando-o veste a capa do servo prestimoso e fala-lhe em meu nome. Sob o gelo que lhe cristaliza os sentimentos, descansa, inapagada, a chama do amor que nos une para sempre”.
[…] “Sei quanto te custa a incursão nos domínios da dor, porque só aquele que sabe amar e suportar consegue triunfo nas consciências que se degradam no mal; entretanto, meu amigo, os dons divinos descem sobre nós, dentro de justas condicionais. O Senhor nos enriquece para que enriqueçamos a distribuição a outrem, dá-nos alguma coisa para ensaiarmos a distribuição de benefícios que Lhe pertencem, ajuda-nos a fim de que auxiliemos, por nossa vez, os mais necessitados. Mais recolhe quem mais semeia”…
[…] Matilde: “Ao terminares a fase essencial de tua missão, nos dias próximos, sobre o que serei notificada por nossos mensageiros, irei ao teu encontro nos “campos de saída” (limites entre as esferas inferiores e superiores). Então, quem sabe? É provável se verifique o encontro pessoal que almejo há muito tempo, porquanto Gregório virá possivelmente em tua companhia, até a um ponto em que de alguma sorte a manifestação da luz será possibilitada ante as trevas”.
CAPÍTULO 4: NUMA CIDADE ESTRANHA
Gúbio fala da necessidade de novos cooperadores especializados no socorro das trevas.
“[…] Após a travessia de várias regiões, “em descida”, com escalas por diversos postos e instituições socorristas, penetramos vasto domínio das sombras. A claridade solar era diferenciada. Fumo cinzento cobria o céu em toda a sua extensão. A volitação fácil se fazia impossível. A vegetação exibia aspecto sinistro e angustiado. Os galhos das árvores quase secos, davam ideia de braços erguidos em súplicas dolorosas. Aves agoureiras, de grande tamanho, de uma espécie que poderá ser situada entre os corvídeos, semelhantes a pequenos monstros alados espiando as presas ocultas.
Gemidos tipicamente humanos eram pronunciados em todos tons. Gúbio esclarece que o local lembrava a “selva obscura” a que Dante Alighieri – A Divina Comédia.
De quando em quando, grupos hostis de entidades espirituais em desequilíbrio nos defrontavam, seguindo adiante indiferentes, incapazes de registrar-nos a presença. Falavam em alta voz, em português degradado, inteligível, evidenciando pelas gargalhadas deploráveis condições de ignorância, usavam trajes bisonhos e apetrechos de lutar e ferir.
Avançamos mais profundamente, mas o ambiente passou a sufocar-nos. Repousamos. Gúbio nos esclareceu: – “Nossas organizações perispirítica, a maneira de escafandro estruturado em material absorvente, por ato deliberado de nossa vontade, não deve reagir contra as baixas vibrações deste plano. Estamos na posição de homens que, por amor, descessem a operar num imenso lago de lodo; para socorrer eficientemente os que se adaptaram a ele, são compelidos a cobrir-se com as substâncias do charco, sofrendo-lhes, com paciência e coragem a influenciação deprimente.
[…] Não estamos em cavernas infernais, mas atingimos grande império de inteligências perversas e atrasadas, anexo aos círculos da Crosta, onde os homens terrestres lhes sofrem permanente a influenciação.
Chegou para nós o momento de pequeno testemunho. Muita capacidade de renuncia é indispensável, a fim de alcançarmos nossos fins. Podemos perder (falhar na missão) por falta de paciência ou por escassez de vocação para o sacrifício.
[…] “Aceitamos o encargo dessa hora, não para justiçar e sim para educar e servir”
Passamos a inalar as substâncias espessas que pairavam ao redor, como se o ar fosse constituído de fluidos viscosos. Elói estirou-se, ofegante, e não obstante experimentar, por minha vez, asfixiante opressão, busquei padronizar atitudes pela conduta do Instrutor que tolerava a metamorfose, silencioso e palidíssimo.
– E há governo estabelecido num reino estranho e sinistro como este?
– Como não, esclareceu Gúbio, atenciosamente. Qual ocorre na esfera carnal, a direção, neste domínio, é concedida pelos Poderes Superiores, a titulo precário. Na atualidade esse grande empório permanece dirigido por um sátrapa de inqualificável impiedade, que aliciou para si próprio o pomposo titulo de Grande Juiz, assistido por assessores políticos e religiosos, tão frios e perversos quanto ele mesmo. Grande aristocracia de gênios implacáveis aqui se alinha, senhoreando milhares de mentes preguiçosas, delinquentes e enfermiças…
– E por que permite Deus semelhante absurdo?
– Pelas mesmas razoes educativas através das quais não aniquila uma nação humana quando, desvairada pela sede de dominação, desencadeia guerras cruentas e destruidoras, mas entrega à expiação dos próprios crimes, ao infortúnio de si mesma, para que aprenda a integrar-se na ordem eterna que preside a vida universal.
– Significa então que os gênios malditos, os demônios de todos os tempos…
– Somos nós mesmos – completou o Instrutor -, quando nos desviamos, impenitentes da Lei. Já perambulamos por estes sítios sombrios e inquietantes, mas os choques biológicos do renascimento e da desencarnação, mais ou menos recentes, não te permitem a reminiscências completas do passado. Comigo, porém, a situação é diversa.
– Música exótica se fazia ouvir e Gúbio rogou-nos prudência e humildade.
De ora em diante, o único recurso de que dispomos a fim de mobilizar nossas reservas mentais superiores, em nossas necessidades de reabastecimento psíquico é a prece. Qualquer precipitação pode arrojar-nos a estados primitivistas, lançando-nos em nível inferior semelhante ao dos espíritos infelizes que desejamos auxiliar. Tenhamos calma e energia, doçura e resistência, de animo voltado para o Cristo.
Em minutos breves, penetramos vastíssima aglomeração de vielas, reunindo casario decadente e sórdido. Éramos observados com atitude agressiva por transeuntes de miserável aspecto. Mutilados as centenas, aleijados de todos os matizes, entidades visceralmente desequilibradas, oferecia-nos paisagens de arrepiar.
Porque tão extensa comunidade de sofredores?
Paciente o orientador não se fez demorado na resposta: – milhões de pessoas, depois da morte encontram perigosos inimigos no medo e na vergonha de si mesmas. Nada se perde no circulo de nossas ações, palavras e pensamentos. O espírito em qualquer parte se move no centro das criações que desenvolveu. Defeitos escuros e qualidades louváveis envolvem-no onde se encontre.
André Luiz interfere: “mas não há recursos de soerguer semelhantes comunidades?
– Não é justo seja arrebatado por imposição a regiões superiores que ele mesmo por enquanto não sabe desejar e até que resolva atirar-se ao empreendimento da própria ascensão, vai sendo aproveitado pelas leis universais no que possa ser útil a Obra Divina. A minhoca enquanto é minhoca, é compelida a trabalhar o solo; o peixe enquanto é peixe, não viverá fora d´água.
Alguns transeuntes repulsivos ombreavam conosco e Gúbio considerou prudente silenciar. […] Notei que a ociosidade era ali a nota dominante. E porque em geral tanta ociosidade nesse plano? Vampirização.
– Quase todas as almas humanas, situadas nestas furnas sugam as energias dos encarnados e lhes vampirizam a vida, qual se fosse lampreias insaciáveis no oceano do oxigênio terrestre.
*Lampreia: peixe primitivo com boca em forma de ventosa que suga o sangue e tecido dos outros peixes. Ele chama de furto psíquico – ou seja, são alimentados pela matéria mental fornecidas pelos encarnados. Por isso defendem no mundo a inércia e combatem a santificação do homem (melhora moral), pois isso sustenta o “furto psíquico”.
Subimos dificilmente a rua íngreme e em pequeno planalto que nos descortinou aos olhos espantadiços a paisagem alterou-se. Palácios estranhos surgiam imponentes, revestidos de claridade abraseada, semelhante a aureola do aço incandescente.
Praças bem cuidadas cheias de povo ostentavam carros soberbos puxados por escravos e animais. O aspecto devia a nosso ver identificar-se como das grandes cidades do Oriente. Liteiras e carruagens transportavam personalidade humanas trajadas de modo surpreendente em que o escarlate exercia domínio acentuado.
Chegaram a um edifício onde são recebidos por um guarda com feições felinas, com todas as maneiras de um policial desrespeitoso e são guiados até um casarão e Gregório os recebe nada hospitaleiramente, fitou em Gúbio os olhos desconfiados e interrogou:
– Vieram da Crosta, há muito tempo? – Sim e temos necessidade de auxílio.
– Já foram examinados? – Não
– E quem os enviou? – Certa mensageira de nome Matilde.
O anfitrião estremeceu e disse: não sei quem seja, todavia podem entrar. Tenho serviços nos ministérios e não posso ouvi-los agora. Amanhã serão levados para os setores de seleção antes de admitidos ao meu serviço.
CAPÍTULO 5: OPERAÇÕES SELETIVAS
[…] O esquisito palácio guardava a forma de enorme hexágono e apresentava aspecto desagradável de uma casa incendiada.
Passam por uma triagem e são observados por quatro guardas da residência de Gregório. Entram num local onde há dezenas de entidades em deploráveis condições.
[…] Moços e velhos, homens e mulheres, aí se misturavam em relativo silêncio. Alguns gemiam e choravam. Reparei que a multidão se constituía, em sua quase totalidade, de almas doentes. Muitos padeciam desequilíbrios mentais visíveis. O medo controlava os mais desesperados.
Alguns servidores da casa, em trajes característicos, separavam, por grupos vários, as pessoas desencarnadas que entrariam, naquele momento, em seleção para julgamento oportuno.
Participam de uma cerimônia semanal dos juízes implacáveis que ali residem.
[…] Gúbio vem dizer que a operação seletiva realiza-se com base nas irradiações de cada um. Os guardas que vemos em trabalho de escolha, compondo grupos diversos, são técnicos especializados na identificação de males numerosos, através das cores que caracterizam o halo dos Espíritos ignorantes, perversos e desequilibrados.
Dividem os espíritos para que os juízes possam aplicar a sentença.
[…] a maioria das almas asiladas neste sítio vieram ter aqui, obedecendo a forças de atração. Incapazes de perceber a presença dos benfeitores espirituais que militam entre os homens encarnados, em vista do baixo teor vibratório em que se precipitaram, através de delitos praticados, da ociosidade impenitente ou da deliberada cristalização no erro, não encontraram senão o manto de sombras em que se envolveram e, desvairadas, sozinhas, procuraram as criaturas desencarnadas que com elas se afinam, agregando-se naturalmente a este imenso cortiço.
São relatados 4 casos onde eles aplicaram a sentença.
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Mulher que mata os filhos e o marido.
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Um intelectual – escritor
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Criador de enfermidades (mentiroso) para não trabalhar – consegue uma boa aposentadoria e usufrui por 40 anos
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Diz ser dona de casa, mas que usou as energias de mulher para coisas ruins.
[…] Alguns minutos decorreram, desagradáveis e pesados, quando absorvente vozerio se fez ouvido: – Os magistrados! os magistrados! Lugar! lugar para os sacerdotes da justiça!
Toda uma cerimônia onde os juízes como na Roma antiga chegam para o julgamento. Tambores rufam, os juízes e os lictores vestidos de forma característica, descem do trono e quando termina o ruído, um dos julgadores se levanta e dirige-se a massa:
– “Nem lágrimas, nem lamentos. “Nem sentença condenatória, nem absolvição gratuita.
“Esta casa não pune, nem recompensa.
“A morte é caminho para a justiça.
“Escusado qualquer recurso à compaixão, entre criminosos.
“Não somos distribuidores de sofrimento, e, sim, mordomos do Governo do Mundo. “Nossa função é a de selecionar delinqüentes, a fim de que as penas lavradas pela vontade de cada um sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos.
“Quem abriu a boca para vilipendiar e ferir, prepare-se a receber, de retorno, as forças tremendas que desencadeou através da palavra envenenada. “Quem abrigou a calúnia, suportará os gênios infelizes aos quais confiou os ouvidos.
“Seguidores do vício e do crime, tremei!
“Condenados por vós mesmos, conservais a mente prisioneira das mais baixas forças da vida, à maneira do batráquio encarcerado no visco do pântano, ao qual se habituou no transcurso dos séculos!. .”
Questiona a Gúbio, como pode?
– O julgador conhece à saciedade as leis magnéticas, nas esferas inferiores, e procura hipnotizar as vítimas em sentido destrutivo, não obstante usar, como vemos, a verdade contundente.
Um pede por misericórdia, outro por perdão e assim segue, ele continua firme ali na magnetização e acusando a todos pelos crimes
1) Incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar, através das mãos, sobre uma pobre mulher que o fixava, estarrecida, ordenou-lhe com voz soturna: – Venha! venha! Confessa!
A mulher pede perdão e diz que matou os 4 filhos inocentes e combinei o assassino do meu esposo, porém o crime é um monstro vivo, persegue-me
Enlouquecida começa a pedir por vinho
Magistrado: – Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas? – A sentença foi lavrada por si mesma! Não passa de uma loba, de uma loba… À medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição do irracional mencionado, notei que a mulher, profundamente influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a cerviz curvou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto. Via-se, patente, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico.
Em voz baixa, procurei recolher o ensinamento de Gúbio, que me esclareceu num cicio: – O remorso é uma bênção, sem dúvida, por levar-nos à corrigenda, mas também é uma brecha, através da qual o credor se insinua, cobrando pagamento
Temos aqui a gênese dos fenômenos de licantropia, inextricáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados. Lembras-te de Nabucodonosor, o rei poderoso, a que se refere a Bíblia? Conta-nos o Livro Sagrado que ele viveu, sentindo-se animal, durante sete anos.
O hipnotismo é tão velho quanto o mundo e é recurso empregado pelos bons e pelos maus, tomando-se por base, acima de tudo, os elementos plásticos do perispírito.
Notando, porém, que a mulher infeliz prosseguia guardando estranhos caracteres no semblante, perguntei: – Esta irmã infortunada permanecerá doravante em tal aviltamento da forma? Finda longa pausa, o instrutor informou, com tristeza: – Ela não passaria por esta humilhação se não a merecesse. Além disso, se se adaptou às energias positivas do juiz cruel, em cujas mãos veio a cair, pode também esforçar-se intimamente, renovar a vida mental para o bem supremo e afeiçoar-se à influenciação de benfeitores que nunca escasseiam na senda redentora. Tudo, André, em casos como este, se resume a problema de sintonia. Onde colocamos o pensamento, aí se nos desenvolverá a própria vida.
2) – Magistrado venerável, por quem sois!… Minha vida transcorreu entre livros, não entre moedas.. A Ciência fascinou-me, os estudos eram meu tema predileto… Pode, assim, o intelectual equiparar-se ao usurário? O dirigente da seleção mostrou reservada piedade no semblante calmo e elucidou, firme: – Clamais debalde, porque desagradável vibração de egoísmo cristalizante vos caracteriza a todos. Que fizestes do tesouro cultural recebido? Vosso “tom vibratório” demonstra avareza sarcástica. O homem que ajunta letras e livros, teorias e valores científicos, sem distribuí-los a benefício dos outros, é irmão infortunado daquele que amontoa moedas e apólices, títulos e objetos preciosos, sem ajudar a ninguém. O mesmo prato lhes serve na balança da vida.
Após os julgamentos:
[…] Ao nosso lado, aplicou o instrumento, em que se salientavam pequeninos espelhos e falou para os auxiliares, definindo-nos a posição: – Entidades neutras.
Fixou-nos com penetrante fulguração de olhar, como se nos surpreendesse, mudo, as intenções mais profundas e passou adiante. Instado por mim, Gúbio esclareceu:
– Não fomos acusados. Ser-nos-á possível o engajamento no serviço desejado.
– Que aparelho vem a ser esse? – indagou Elói, antecipando-me a curiosidade.
– Trata-se de um captador de ondas mentais. A seleção individual exigiria longas horas. As autoridades que dominam nestas regiões preferem a apreciação em grupo, o que se faz possível pelas cores e vibrações do círculo vital que nos rodeia a cada um.
– Porque nos considerou neutros?
– O instrumento não é suscetível de marcar a posição das mentes que já se transferiram para a nossa esfera. É recurso para a identificação de perispíritos desequilibrados e não atinge a zona superior.