Centro Espírita Leocádio Corrêia

Evangelização, Cura e Desobsessão

  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato
  • Início
  • O Centro
  • Horários
  • Biblioteca Virtual
  • Palestras
  • Artigos
    • Lista de Artigos
    • Ver Categorias
  • Links
    • Kardec
    • Revista Espírita
    • Biografias
    • Rádio
  • Contato

Artigo

Centro Espírita Leocádio Corrêia > Artigos > BIBLIOTECA VIRTUAL > Filósofos/Ciêntistas/Precursores do Evangelho > O Moço Rico – águia de asas partidas

O Moço Rico – águia de asas partidas

celcFilósofos/Ciêntistas/Precursores do Evangelho4 de agosto de 2014 Leave a comment0

Ele era um jovem abastado. Herdara dos pais um palácio que se erguia na colina de Acra. Seus servos o amavam e serviam com lealdade, atendendo-lhe todos os desejos.

Habituara-se a dormir em seu leito de ébano e marfim, onde se permitia devaneios e dava vazão a muito sonhos.
E quantos sonhos tinha! Amava as corridas de bigas, quadrigas, ansiava pela ovação do povo, que o conduzia quase ao êxtase.

Via-se, por entre a multidão, recebendo flores aos pés e seu nome aclamado repetidas vezes.

Possuía taças de rica ornamentação, nas quais bebia os vinhos gregos e latinos, louros e rubros como as auroras.

Tinha arcas abarrotadas de pedras raras, diamantes, rubis, safiras e pérolas sem conta.

Era detentor de rebanhos e de muitas vinhas. Em Betânia, possuía outro palácio, onde costumava receber amigos para festas.

Cuidava do corpo com massagens de óleos e ungüentos raros. Vestia-se com tecidos de linho leve. Nele, tudo respirava juventude, beleza e glória.

Entretanto, embora parecesse nada lhe faltar, sentia sede de paz. Vazio estava o coração.

Vez ou outra, a melancolia o abraçava. É como se depois das vitórias, dos banquetes e das honrarias, o mármore, o marfim, as jóias, tudo lhe soasse frio, gélido.

Ansiava pela paz. Como conquistá-la? Onde buscá-la?

Naquele cair de tarde, quase noite, em que os raios de luar já dançavam sobre a Terra, o príncipe procurou o Rabi. Jesus acabara de abençoar as crianças, quando o moço rico se aproxima.

O Encontro singular lembrava um eclipse solar ao nascer do sol. O vale prostra-se aos pés da imponente montanha e cheio de ansiedade, indaga:

– Bom mestre, que bem devo praticar para alcançar a vida eterna?

E o diálogo deve ter prosseguido mais ou menos assim:

– Por que me chamas bom? Bom somente o Pai o é. À tua pergunta, respondo: cumpre os mandamentos, isto é, não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe.

– Tudo isso tenho observado em minha mocidade. No entanto, sinto que não me basta. Surdas inquietações me atormentam. Labaredas de ansiedade me consomem. Faltava-me algo!

– Então – propõe-lhe a Luz – vende tudo quanto tens, reparte-o entre os pobres. Vem, e segue-me!

A proposta o penetrou como um punhal afiado. Onde já ouvira aquela voz? Não lhe parecia desconhecida. E aquele olhar que o fitava, cujos olhos mais pareciam duas estrelas engastadas na face pálida que o fitavam?! Que doce magnetismo!

A ordem, a meiguice daquele homem ecoava em seu espírito. Ele era uma águia que desejava alcançar as alturas. E o Rabi lhe dizia como utilizar as asas para voar mais alto.

O rapaz ficou mudo por alguns instantes. Suas mãos frias, revestiam-se de suor. Os lábios pareciam selados.
Por fim, vencendo a própria resistência, murmurou:

– Senhor, deixa antes que eu vá competir em Cesaréia. Disputarei os jogos… Colherei os louros da vitória para Israel. Voltarei depois…

– Não posso esperar, foi a resposta. Hoje é o momento para ti. Esta é a hora. Nem amanhã, nem mais tarde.
Agora, o jovem parece conseguir desembaraçar as idéias e explica, num jorro de palavras:

– Adquiri recentemente aos partas quatro cavalos soberbos, brancos, velozes como dardos. Paguei uma fortuna por eles, o preço de uma casa, setecentos denários! Conduzirão minha quadriga no circo, nos próximos dias, em Cesaréia. Guardo a certeza que serei vencedor, porque também contratei escravos que me adestraram. Mestre, compreendes o que é tudo isto? Não temo dar o que tenho: dinheiro, ouro, gemas, propriedades, títulos.

A voz do Divino Pastor o interrompe:

– Dá-me a ti próprio e eu te oferecerei a ventura sem limite.

– Eu quero, mas…

Pela sua mente em turbilhão, passaram as cenas das glórias que conquistaria. Os amigos confiavam nele. Tantos esperavam a sua vitória. Israel seria honrada com seu triunfo.

Sim, ele podia renunciar aos bens de família, mas ao tesouro da juventude, às riquezas da vaidade atendida, os caprichos sustentados…? Seria necessário renunciar a tudo?

A águia desejava voar, mas as asas estavam quebradas…

Recorda-se o jovem que os amigos o esperam na cidade, para um banquete previamente agendado. Num estremecimento, se ergue:

– Não posso! murmura. Não posso agora. Perdoa-me.

E afastou-se a passos largos. Subindo a encosta, na curva do caminho, ele se deteve. Olhou para trás. Vacilou ainda uma vez.

A figura do Mestre se desenha na paisagem, aos raios do luar. Luz.

Indecisa, a alma do moço parece um pêndulo oscilante. A águia ainda tenta alçar o vôo. O peso do mundo a retém no solo. Ele se decide. Com passos rápidos, quase a correr, desaparece na noite.

Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram o episódio e dizem de como ele se retirou triste e pesaroso. Nem poderia ser diferente: fora-lhe dada a oportunidade de se precipitar no oceano do amor e ele preferira as areias vãs do mundo.

Uma semana depois, preparavam-se as bigas e quadrigas para a importante competição em Cesaréia. As trompas e as fanfarras anunciam as festas públicas. Apostas são feitas sobre as mesas dos cambistas. Os ases, as preferências, as cores.

Tudo fala de triunfo, alegria. Ao sinal convencionado, sob estrondosa ovação, partem os corcéis fogosos, puxando os carros e seus condutores.

Chicotes estalam no ar, mãos firmes nas rédeas, suores, ansiedade. E então, na tarde poeirenta, numa manobra infeliz, a quadriga vira, um corpo tomba e os cavalos, em disparada, despedaçam-no.

A corrida prossegue. O povo elege logo outro para honrar, o vencedor. O moço sente a vida se lhe esvair. O sangue empapa o solo. Os escravos o acodem, retiram-no da pista.

Ele não mais distingue as pessoas. O vozerio da turba parece distante, inalcançável. Uma névoa o envolve. Abandona o corpo estraçalhado, sem vida.

Dois braços amigos o acolhem. Na acústica da alma, ele ainda escuta: Vem e segue-me. Hoje… Não posso esperar.

A águia demoraria um tempo maior para alçar o vôo às alturas que sonhava. Os séculos se dobrariam. O moço rico retornaria muitas vezes ao cenário do mundo até conseguir o seu intento.

Bibliografia:
01. FRANCO, Divaldo Pereira. O mancebo rico. In:___. As primícias do reino. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967.
02. ROHDEN, Huberto. O jovem rico. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. II, pt. 2, cap. 130.
03. SALGADO, Plínio. Motivos do moço rico. In:___. Vida de Jesus. 21. ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1978. cap. 52.

Jornal Mundo Espírita – dezembro/2004

 

Share This Post!

Leave a Reply

Cancelar resposta

Você precisa fazer o login para publicar um comentário.

Tolerância

O Discípulo Anônimo

Pesquisar Assunto

Categorias

Tópicos recentes

  • Glândula Pineal – Epífise – palestra 27.08.25
  • Estudo Sobre A Revista Espírita 1861, palestra 25.06.25
  • Fé Raciocinada, palestra 29.01.25
  • Livre arbítrio e responsabilidade, palestra 26.02.25
  • Bem-aventurados os que tem os Olhos Fechados, palestra 30.04.25

Arquivos

  • agosto 2025
  • julho 2025
  • maio 2025
  • abril 2025
  • dezembro 2024
  • novembro 2024
  • setembro 2024
  • julho 2024
  • junho 2024
  • maio 2024
  • fevereiro 2024
  • janeiro 2024
  • dezembro 2023
  • outubro 2023
  • setembro 2023
  • agosto 2023
  • julho 2023
  • junho 2023
  • maio 2023
  • fevereiro 2023
  • janeiro 2023
  • dezembro 2022
  • outubro 2022
  • agosto 2022
  • julho 2022
  • maio 2022
  • abril 2022
  • março 2022
  • janeiro 2022
  • novembro 2021
  • outubro 2021
  • agosto 2021
  • julho 2021
  • maio 2021
  • abril 2021
  • março 2021
  • janeiro 2021
  • novembro 2020
  • outubro 2020
  • agosto 2020
  • junho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • fevereiro 2020
  • dezembro 2019
  • novembro 2019
  • outubro 2019
  • setembro 2019
  • agosto 2019
  • julho 2019
  • maio 2019
  • março 2019
  • janeiro 2019
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • novembro 2017
  • outubro 2017
  • julho 2017
  • junho 2017
  • maio 2017
  • março 2017
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • abril 2015
  • março 2015
  • fevereiro 2015
  • janeiro 2015
  • dezembro 2014
  • novembro 2014
  • outubro 2014
  • setembro 2014
  • agosto 2014
  • julho 2014
  • junho 2014
  • maio 2014
  • abril 2014
  • fevereiro 2014
  • janeiro 2014
  • dezembro 2013
  • novembro 2013
  • setembro 2013
  • junho 2013
  • maio 2013
  • março 2013
  • fevereiro 2013
  • janeiro 2013
  • dezembro 2012
  • outubro 2012
  • junho 2012
  • abril 2012
  • março 2012
  • fevereiro 2012
  • janeiro 2012
  • dezembro 2011
  • novembro 2011
  • outubro 2011
  • setembro 2011
  • junho 2011
  • maio 2011
  • abril 2011
  • fevereiro 2011
  • janeiro 2011
  • dezembro 2010
  • setembro 2009
  • março 2009
  • fevereiro 2009
  • agosto 2008
  • março 2008
Conhecer o Passado, Trabalhar no Presente e Construir o Futuro
O espiritismo não será a religião do futuro, e sim o futuro das religiões.
Copyright CELC