Obsessão na Infancia – palestra 29.8.18
OBSESSÃO NA INFANCIA
Estudo CELC – 29/8/18 Danielle
INTRODUÇÃO
Os casos de transtornos de comportamento na infância, segundo informações das autoridades de Saúde, cresceram consideravelmente nas ultimas décadas.
Embora haja um esforço na tentativa de identificar tais distúrbios e tratá-los, a ciência, ainda puramente materialista, está longe de penetrar as causas profundas que os originam.
Estados depressivos, de pânico, de agressividade, de ansiedade, suicidas, entre outros estados doentios identificados pela medicina, podem ser o indicio de uma doença silenciosa, e muito perigosa devido à falta de conhecimento que a acompanha: A Obsessão.
Afirma o Espirito Manoel Philomeno de Miranda em seu livro Tormentos da Obsessão: “A obsessão é pandemia que permanece quase ignorada embora sua virulência para a qual, na sua terrível irrupção, ainda não cogitaram os homens de providenciar vacinas preventivas ou terapias curadoras. Tão antiga e remota quanto a própria existência terrestre por decorrência das afinidades perturbadoras entre os homens.”
Deparando-nos com a fragilidade infantil, é difícil aceitar que este ser pequenino e indefeso, possa ser alvo de perseguições espirituais, algumas bem cruéis.
Até mesmo no meio Espirita, ainda encontramos aqueles que julgam a criança alguém extremamente amparado, rodeado pelo seu protetor e pelos bons Espiritos, permanecendo longe do assédio das más influencias.
Mas a Doutrina Espirita, pela literatura e prática mediúnica mostra outra situação. Somente ela é capaz de nos auxilia a compreender essa doença moral, ensinando-nos como trata-la e erradica-la, afirmando em cada ensinamento que a misericórdia divina não diferencia seus filhos.
- A CRIANÇA NA VISÃO
Todos os Espiritos foram criados por Deus simples e ignorantes, mas dotados de todas as condições para se desenvolverem e alcançarem a perfeição.
Para tal desenvolvimento eles devem se unir a matéria através da encarnação.
Mas os Espiritos não aprendem tudo o que necessitam em uma única existência (LE 192), e por isso retornam inúmeras vezes a vida (reencarnação), continuando a marcha evolutiva do ponto que parou na existência anterior.
Elucida Allan Kardec na questão 166 de O livro dos Espirito:
166 – A Alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de se depurar?
- Submetendo-se à prova de uma nova existência.
166a – Como ela realiza essa nova existência? Pela sua transformação como Espirito?
- Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita da prova da vida corpórea.
166b- A Alma tem muitas existências corpóreas?
- Sim, todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram. Esse é o
A criança não é apenas o resultado da união de um espermatozoide e de um óvulo. Acima disso, ele é um Espirito multimilenar que retorna ao cenário terreno com nova proposta de vida, e que traz em seu inconsciente, o acervo de conhecimentos e conquistas anteriores, que assomam durante as experiências terrenas na forma de aptidões, tendências, preferencias, limitações, bloqueios, traumas, que constituem todo cabedal de facilidades e dificuldades em todas suas áreas de atuação.
Na questão 379 de O Livro dos Espiritos, questiona novamente Allan Kardec:
- O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
— Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.
As crianças são os Espiritos que Deus envia à novas existência demonstrando Sua misericórdia.
Como tudo é sábio na obra da criação, nesta fase, o Espirito é realmente criança, e passa por uma espécie de sono, onde suas ideias encontram-se em estado latente, e não as recobra, senão pouco a pouco, com o desenvolvimento do seu organismo.
Torna-se com isso mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudá-lo em seu adiantamento. É então que se pode reformar seu caráter e reprimir suas más tendências. (LE385).
Em outro aspecto, essa aparente inocência envergada pela infância, desperta simpatia e cuidados nos pais e/ou responsáveis, auxiliando-os também na tarefa que necessitam cumprir junto ao espirito que reencarna.
Cada nova encarnação é oportunidade para o Espirito continuar sua marcha evolutiva, expiando suas faltas do passado, realizando novas provas e aperfeiçoando-se.
1.1 NOVA EXISTENCIA
A Terra é um planeta de expiação e provas, e conforme Kardec no Livro Obras Postumas, sua população total – Espiritos encarnados e desencarnados – divide-se em 25% de Espiritos bons, 25% de Espiritos francamente maus e 50% de Espiritos classificados de neutros e que fazem o mal mais por fraqueza do que por vontade.
Cada Espirito reencarnará atendendo aos impositivos de sua própria condição e necessidade.
Multidões renascem diariamente, estampando no físico e mental, os desequilibrios gerados pelos abusos cometidos, e nunca estão sozinhos. São acompanhados no plano espiritual, por aqueles que lhes sofreram os prejuízos.
Como diz o benfeitor Espiritual Emmanuel, todo berço de agora, retrata o ontem que passou.” (Pensamento e vida).
A reencarnação é o maior investimento da vida ao Espirito em processo evolutivo, o qual, sem ela padeceria de hipertrofia de valores intelecto-morais pela falta de ensejo de convivência, afirma Manoel Philomeno.
Seu planejamento baseia-se na faltas que o Espirito cometeu no passado e nos aprendizados que tem a realizar.(LE 264)
Considerando as informações acima citadas, a reencarnação ocorre de forma bem distinta para todos os Espíritos, e respeitando é claro, a infinitas peculiaridades de cada individualidade, utilizamos os três tipos gerais de reencarnação, classificados pelo autor Carlos Toledo Rizzini, em seu livro Evolução para o Terceiro Milênio:
- Reencarnação livre: É condição de Espiritos redimidos perante à Lei de Deus ou muito próximos a redenção e que possuem grande liberdade de escolha, pois já compreenderam os mecanismos divinos da evolução.
Renascem na carne geralmente com tarefas elevadas e movidos pelo amor, cumprindo seu trabalho de aperfeiçoamento e de auxilio aos mais necessitados.
- Reencarnação proposta: É modalidade que compreende os Espiritos em condições de discernir sobre si, embora não programem sozinhos suas encarnações
Entidades mais elevadas estudam seu méritos e deméritos e programam em seguida os principais acontecimentos da próxima existência. O reencarnante pode discutir certas questões, propor novos aprendizados, mas tudo obedecendo sua condição evolutiva.
Conforme o Mentor Espiritual Alexandre, essa modalidade alcança a maioria dos Espiritos do orbe terrestre, visto que, abrange aqueles que não são altamente bons, nem conscientemente maus.
Antes de voltar a esfera física, o reencarnante passa por longos anos de preparo, para adquirir certo reajustamento emocional, o que não lhe concede certeza de vitória nas novas empreitadas.
- Reencarnação compulsória: É aquela que colhe o Espirito sem prévia concordância dele e até sem seu
Acolhe os Espiritos cujo o grau de perturbação é tamanho que o impede de uma análise lucida da situação ou aqueles que as faltas são tão graves que anulam a liberdade de escolha.
Por determinação divina, entidades evoluídas, interessadas na melhora e reequilíbrio do Espirito devedor, realizam elas mesmas o planejamento da nova encarnação do irmão infeliz.
Diz o Espirito Manoel Philomeno de Miranda, no livro Nas Fronteiras da Loucura: “Quando não funcionem os estímulos para o progresso e o Espírito deseje postergá-lo, imposições da própria Lei jungem-no ao processo de crescimento, mediante as expiações lenificadoras que o depuram, cooperando para a eliminação das sedimentadas mazelas que o martirizam…”
A cada um será dado segundo suas obras já orientou Jesus, e mesmo diante de tanto auxilio para seguir o plano de evolução, poucos são os Espiritos que a aproveitam e finalizam suas encarnações como completistas.
Demonstrando-se negligentes e com pouca vontade, as reencarnações de espiritos imperfeitos apresentam altos índices de fracassos, como explica o livro Os Mensageiros, agravando o quadro de suas responsabilidades e determinando as expiações como terapêutica indispensável.
- OBSESSÃO NA INFANCIA
Conforme Allan Kardec, a obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo, perseguindo-o, influenciando-o com sua ação perniciosa, dominando-lhe os pensamentos e a vontade. Assim como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada como prova ou expiação. (Obras Postumas). É o espinho na carne que mencionou Paulo de Tarso.
Essa perseguição, como ensina a Doutrina Espirita, possui suas causas nas relações sociais doentes, quando o homem transgrediu a orientação evangélica de “amar ao próximo”.
Esclarece o Espirito Manoel Philomeno de Miranda no Livro nos Bastidores da Obsessão: “…Em toda obsessão, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes que facultam a alienação: os débitos morais a resgatar. Ao encontrar sua vítima, ele sente o espicaçar do remorso e abre as comportas do pensamento aos comunicados que logo advirão, sem que se possa prever quando terminará a obsessão, que pode alongar-se mesmo depois da morte. Daí a importância dos esforços que o enfermo deve fazer para renovar-se intimamente, visto que sua libertação depende muito dele mesmo.”
E continua na mesma obra: “…A etiologia das obsessões é complexa e profunda, pois que se origina nos processos morais lamentáveis, em que ambos os comparsas da aflição dementante se deixaram consumir pelas vibrações degenerescentes da criminalidade que passou, invariavelmente, ignorada da coletividade onde viveram como protagonistas do drama ou da tragicomédia em que se consumiram. Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Lei inexorável da Divina Justiça, que estabelece esteja o verdugo jugulado à vítima, pouco importando o tempo e a indumentária que os distancia ou caracteriza, tem início o comércio mental, às vezes aos primeiros dias da concepção fetal, para crescer em comunhão acérrima no dia-a- dia da caminhada carnal, quando não precede à própria concepção…”.
Sobre a problemática, instrui o mentor espiritual no Livro Sexo e Obsessão: “A obsessão na infância muitas vezes é continuidade da ocorrência procedente da Erraticidade. Sem impedir o processo da reencarnação, essa influência perniciosa acompanha o período infantil de desenvolvimento, gerando graves dificuldades no relacionamento entre filhos e pais, alunos e professores, e na vida social saudável entre coleguinhas. Irritação, agressividade, indiferença emocional, perversidade, obtusão de raciocínio, enfermidades físicas e distúrbios psicológicos fazem parte das síndromes perturbadoras da infância, que têm suas nascentes na interferência de Espíritos perversos uns, traiçoeiros outros, vingativos todos eles.
“… Pequeninos seres que se nos apresentam torturados, inquietos, padecentes de enfermidades impossíveis de serem diagnosticadas, cujo choro aflito ou nervoso nos condói e impele à prece imediata em seu benefício, são muita vez obsidiados de berço. Outros se apresentam sumamente irrequietos, irritados desde que abrem os olhos para o mundo carnal. Ao crescer, apresentar-se-ão como crianças-problema, que a Psicologia em vão procura entender e explicar.
São crianças que já nascem aprisionadas — aves implumes em gaiolas sombrias —, trazendo nos olhos as visões dos panoramas apavorantes que tanto as inquietam. São reminiscências de vidas anteriores ou recordações de tormentos que sofreram ou fizeram sofrer no plano extrafísico, antes de serem encaminhadas para um novo corpo. Conquanto a nova existência terrestre se apresente difícil e dolorosa, ela é, sem qualquer dúvida, bem mais suportável que os sofrimentos que padeciam antes de reencarnar.
O novo corpo atenua bastante as torturas que sofriam, torturas estas que tinham as suas nascentes em sua própria consciência que o remorso calcinava. Ou no ódio e revolta em que se consumiam. E as bênçãos de oportunidades com que a reencarnação lhes favorece poderão ser a tão almejada redenção para essas almas conturbadas. A Misericórdia Divina oferecerá a tais seres instantes de refazimento, que lhes chegarão por vias indiretas e, sobretudo, reiterados chamamentos para que se redimam do passado, através da resignação, da paciência e da humildade.” (Obsessão e Desobsessão).
Complementando o estudo, adicionamos a explicação do Orientador Espiritual Anacleto:
“…- Sofrerão algum tipo de obsessão, face aos desatinos praticados, especialmente o marquês de Sade?
- Razões não faltarão para que ele experimente a colheita psíquica da sementeira de monstruosidades que deixou pelo caminho. Por essa razão, renascerá nos tormentos da demência, vivenciando também contínua obsessão provocada por alguns inimigos muito próximos e dos quais não poderá fugir. Essa luta, que travará em espírito, afligi- lo-á demasiadamente, de forma que, ao libertar-se, ao concluir a prova, poderá curar- se das aberrações que se lhe encontram fixadas no ser por largo período e das suas conseqüências degenerativas, aprendendo retidão e equilíbrio. Ser-lhe-á o ferro em brasa para o cautério da alma aberta em feridas morais ”
( E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. 2 Coríntios 12:7-10)
A obsessão na infância não é ocorrência da atualidade. Encontramos algumas passagens no Novo Testamento que fazem menção ao assunto:
Mar 9:20-21 E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância.
Mat 15:22 – E eis que uma mulher cananéia, natural daquelas regiões, veio a Ele, clamando: “Senhor! Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente tomada pelo demônio”
Embora naquela época já se tratava da obsessão como gênese de variados transtornos de comportamentos e doenças, esse agente externo ainda hoje é ignorado pela maioria dos responsáveis. Ignorância esta que incentiva o estado perturbado da criança e a conduz a fase adulta de muitos conflitos.
- MECANISMOS DA OBSESSÃO INFANTIL
“O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições.”
(ALLAN KARDEC — O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo 10, ítem 6.)
Todos nós somos médiuns, ou seja, todos sentimos em menor ou maior intensidade a influência dos Espiritos, e com as crianças não é diferente, ao contrário, visto que, até os sete anos a reencarnação não está concretizada e o Espirito que reencarnou ainda não está totalmente ligado à matéria.
Expiando as transgressões do passado, o Espirito que renasce enfrenta desde seu retorno a ação obsessora daqueles que o perseguem, seja através da visão constante, da indução mental a distância, do envolvimento fluídico pernicioso.
Na fase infantil, recuperando-se pouco a pouco do estado de perturbação que as reencarnação provoca, a criança não identifica com clareza as cobranças, mas a culpa e as sensações do mal provocado que a acompanha, fazem-na aceitar a má influencia, ocorrendo com os pequenos o mesmo que ocorre com o adulto.
Descreve o Espirito Manoel Philomeno de Miranda, ação obsessiva sobre as crianças: “…De início, esses adversários desencarnados acompanham a criança e se apresentam espiritualmente no momento do parcial desprendimento pelo sono, fazendo-a recordar os crimes, ante o que recua para o corpo sob pesadelos terríveis, aos gritos e tremores, que irão instalando as fixações doentias através das quais as futuras agressões se tornam obsessões cruéis.
Embora o cérebro infantil não registre os fatos evocados espírito a espírito, distúrbios nervosos se instalam, abalando os equipamentos delicados da usina mental, favorecendo o campo a fim de que se instalem processos de alucinação, de vampirismo, de subjugação…
Nesse período, ocorrem as incorporações que, além de danosas ao psiquismo infantil, também abalam a estrutura orgânica, facultando campo à instalação de diversas enfermidades.
A criança obsidiada apresenta comportamento doentio, incontrolável, variando desde os estados depressivos e de inapetência aos de agressividade e violência, mordendo, golpeando, arrebentando tudo e tentando autodestruir-se.
A sanha do adversário, ao invés de ser aplacada ante o sofrimento do seu antigo inimigo, mais aumenta, sentindo-se dominador na situação vexatória.”
No livro Dramas da Obsessão, o Espirito Dr. Bezerra, narra a história de Leonel, exemplo de obsessão ocorrida desde o berço:
“As anormalidades morais e psíquicas surgiram na vida de Leonel desde a infância. Durante esse período, em que, geralmente, a criança é graciosa e gentil, passiva às disciplinas educativas, a dita personagem mostrava-se avessa aos próprios carinhos maternos, preferindo rebelar-se contra toda e qualquer modalidade de correção imposta pelos pais, e também pelos mestres, na Escola que frequentava, e repelindo conselhos e advertências que visavam a orientá-la para bons princípios. Demorara a instruir-se nas escolas onde tentava o curso primário, queixando-se de constantes depressões, e frequentemente tornando-se presa de violentas dores de cabeça, que o arrastavam a crises de desesperos impróprias de uma criança. Dificilmente concordava em ingerir as drogas receitadas pelo médico da família, o qual se abalava, às vezes altas horas da noite, solicitado por alguém da família, que o procurava cheio de aflição. Em presença deste, negava-se a deixar-se auscultar, embora sofresse. E, colérico e vermelho, como se uma apoplexia estivesse iminente, os olhos injetados de sangue, pela violência das dores de cabeça, que sofria, não só entrava a insultar o médico, expulsando-o de casa, como se metia debaixo das camas, dos sofás e das mesas, desfeito em choro histérico ou presa de gargalhadas suspeitas, e, tanta força empregava contra os citados móveis, debaixo dos quais se metia, que os levantava às costas e virava-os, não raro, de pernas para o ar, escandalizando os familiares e também o médico, que habitualmente aconselhava a seus pais doses de chineladas alternadas com a medicamentação por ele próprio receitada, pois que em tudo aquilo, no seu modo de entender, existia também alta percentagem de má educação e rebeldia, que estavam a requisitar severa e imediata correção. De outras vezes, verdadeiramente possesso pelas entidades trevosas do Invisível, quebrava os consolos e aparadores de sua mãe e as porcelanas existentes nos armários onde se guardava a louça da casa, quebrava espelhos, vidraças, e tais eram os desatinos que sobrevinham dentro do lar, daí derivados, que, desesperado, seu pai saía para a rua, às vezes a horas adiantadas da noite, receoso de esbordoá-lo e matá-lo sob a cólera por que se sentia invadir, enquanto sua mãe caía com ataques nervosos de suma gravidade, após o que, ele próprio, caía em prostração surpreendente, abatido e sonolento, para avançar pela noite a dentro, presa de pesadelos terríveis, durante os quais se sentia envolvido em chamas, no centro de uma fogueira imensa, ou encarcerado em prisões infectas, torturado por azorragues e mil outras impressões que a custo se dissipavam. “ (Dramas da Obsessão – Cap 7).
Diante de quadros como o de Leonel, a ignorância sobre as causas profundas, resultam em tratamentos equivocados, e muitas vezes sem efeitos. Nesta história, ignorando a ação obsessiva e sem se importar com questões de ordem moral, Leonel comete suicídio, e um pouco mais tarde, sua filha comete o mesmo crime contra sua vida.
Em análise a uma situação similar, o orientador espiritual Anacleto esclarece: “…A pequenina, como podemos observar, é uma obsessa. No lar é tida como recalcitrante e teimosa, não obstante os castigos físicos que lhe aplicam os pais desinformados e confusos, por não entenderem o que ocorre com a filha que esperaram com imenso carinho e os decepciona. Consultado um psicólogo, o mesmo anotara distúrbios de comportamento, que vem tentando solucionar, sem penetrar na causa dos mesmos, que lhe escapam por falta de conhecimento dessa parasitose espiritual. No curso em que o processo vem recebendo atendimento, dar-se-á que, no futuro, essa criança seja candidata a terapias muito violentas e inócuas em grande parte, em razão das mesmas alcançarem somente os efeitos, não erradicando a causa central. Os fármacos ou neurolépticos conseguem, muitas vezes, auxiliar os neurônios na execução das sinapses, bloqueando as interferências espirituais, porém por pouco tempo.” (Sexo e Obsessão).
Importa considerar que são quase infinitas as nuances dos processos obsessivos, e que o espirito reencarnado não está apenas vinculado aqueles que o atormentam pelos débitos graves do passado. Há aqueles que estabelecem o vínculo por preferência própria em manter a sintonia com entidades que lhe são afins. Dai a afirmativa de que “cada individualidade renasce em ligação com os centros de vida invisível dos quais procede e continuará, de modo geral, a ser instrumento do conjunto em que mantém suas concepções e pensamentos habituais. “(Emmanuel, Roteiro).
A intensidade do assedio obsessivo, depende do planejamento traçado para o Espirito que reencarna.
Há na Doutrina relatos de Espirito, que embora comprometidos com a Lei Divina, tiveram existências de refazimento, seja para reestabelecer as forças para dar continuidade às reparações, seja para que o não se comprometa além do compromissos já assumidos.
O primeiro caso trata-se de uma observação feita pela autora Yvonne Pereira do Amaral, no livro Dramas da obsessão, sobre um dos Espiritos participantes no caso tema do livro:
“O nome Peri encobre individualidade espiritual Indígena, que não desejamos identificar, já reencarnada. Sua existência nas matas brasileiras traduz estágio de repouso e esconderijo necessária para se furtar às continuadas perseguições obsessoras que, como antigo chefe de tribos árabes guerreiras, adquirira com as atrocidades praticadas…”
O segundo caso, é sobre a reencarnação de Sabino, descrita no Livro Ação e Reação. “…Segundo é fácil de concluir, ante a perquirição da ciência terrestre vulgar, Sabino será o idiota paralítico, surdo e mudo de nascença… Para nós, no entanto, é um prisioneiro ainda perigoso, engaiolado nos ossos físicos, de cuja tessitura, por agora, não tem qualquer noção, tal o egoísmo que ainda lhe turva a alma, em processo de incontrolável hipertrofia…” “…até que se amadureça em espírito para a renovação necessária, guarda a mente trabalhando em circuito fechado, isto é, pensa constantemente para si mesmo, incapaz da permuta de vibrações com os semelhantes, exceção feita com Poliana, de quem se fez satélite mudo e expectante, como parasita em fronde seivosa. Sabino é um problema de débito estacionário, porque jaz em processo de hibernação espiritual, compulsoriamente enquistado no próprio íntimo, a benefício da comunidade de Espíritos desencarnados e encarnados, porquanto tão expressivos se lhe destacam os gravames de ordem material e moral que a sua presença consciente, na Terra ou no Espaço, provocaria perturbações e tumultos de conseqüências imprevisíveis.”
Cabe-nos ressaltar que, embora programações como as descritas acima, o Espirito jamais estará isento das responsabilidades de suas ações.
As reencarnações são solidárias entre si e Deus não apressa a expiação. O que não se cumprir em uma existência, se cumprirá em outra, até que o Espirito esteja despejado de toda sua imperfeição.
- – AMBIENTE FAMILIAR
“ E terão por inimigos os de sua própria casa”, disse Jesus.
“… Vinculados os espiritos ao agrupamento familiar pelas necessidades da evolução em reajustamentos recíprocos, no problema da obsessão os que acompanham o paciente estão fortemente ligados ao fator predisponente, caso não tenham sido responsáveis pelo insucesso do passado, agora convocados a cooperação no ajustamento de contas.” Grilhões Partidos.
Como ensina o Espirito Manoel Philomeno de Miranda, o núcleo familiar não é uma ocorrência casual e sim causal, já que a Lei Divina fundamenta-se no critério rígido da justiça, acolhendo todos os envolvidos de uma ação, para sofrerem sua equivalente reação.
Retornando em condição débil, a criança tem necessidade dos pais, não apenas nas questões materiais, mas principalmente nas espirituais.
Aos pais cabem a tarefa de assistir e amparar o filhinho temeroso e desconfiado, necessitado de segurança no novo berço que o acolhe.
Como consta na questão 582 de O Livro dos Espiritos, a paternidade é um dever muito grande, que implica, mais do que o homem pensa, sua responsabilidade para o futuro. Deus coloca a criança sobre a tutela dos pais para que estes a dirijam para o caminho do bem, e sofrerão a pena pela falta de esforço e por todo mal que resultar do não cumprimento dessa tarefa.
Para ajudar os pais, Deus deu a criança uma organização débil e delicada, e o Espirito não consegue manifestar toda sua individualidade, permanecendo nesse período suscetível a todas as impressões, boas ou más.
Estabelecidos os programas cármicos referentes às necessidades de cada ser, as vibrações de simpatia ou animosidade emitidas pelos genitores, reagiram de forma positiva ou negativa conforme sua característica, sobre o Espirito, que, por ser ainda imperfeito, se impregna de tais fluidos, influenciando profundamente seu procedimento no futuro. (Temas da Vida e da Morte)
É no conjunto familiar, que o reencarnante deverá aurir forças para se defender das investidas do mal, e para lutar contra sua própria condição inferior.
A Constancia que o amor oferece e a confiança em Deus, geram uma psicosfera protetora, diluindo as correntes vibratórias destrutivas, e alcançando os antagonistas espirituais.
Mas, geralmente os genitores são tão imperfeitos quanto aqueles que reencarnaram sob sua tutela, e não conseguem auxiliar, infligindo castigos físicos e psicológicos aos pequenos obsediados, agravando-lhes a condições, e determinando outros tantos desequilibrios para o futuro. ( Sexo e Obsessão).
Acabam, pela negligencia dos deveres sagrados de se evangelizarem, criando condições favoráveis a ação maléfica dos perseguidores espirituais, conforme narra Alexandre no Livro Missionários da Luz:
“…Nesses casos, nem sempre a nossa colaboração pode ser perfeita, porquanto são os próprios pais que, menosprezando a grandeza do mandato que lhes foi confiado, abrem as portas de suas potências sagradas aos impiedosos monstros da sombra que lhes perseguem os filhos nascituros.”
“… Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” ESE Cap. 14.
- – AMPARO ESPIRITUAL
Impossível ao nos depararmos com a fragilidade infantil não questionarmos o amparo divino para o ser que reinicia nova trajetória.
Conforme encontramos no capitulo 7 do Livro Céu e Inferno, nenhum Espirito esta desamparado da misericórdia divina quaisquer que sejam sua inferioridade e sua perversidade.
Todos temos um protetor que se liga a nós do nascimento até a morte, e frequentemente até depois dela, as vezes seguindo-nos por várias existências.( LE 492).
Como o recomeço para o Espirito é grave e delicado, circundado por inúmeros fatores que podem interferir no programa traçado, como explica André Luiz, os protetores acompanham com maior vigilância seus tutelados até os 7 anos, quando a reencarnação esta concretizada, podendo então exercer vigilância mais distante.
Conhecedor de todas as nossas necessidades, Deus nos concede o que precisamos para ascender, e o que muitas vezes julgamos acontecimentos infelizes, é a ação da justiça divina corrigindo-nos enquanto infratores que somos.
Existem Espiritos que por sua persistência no mal, acarretam para si mesmos a correção Divina, conforme transcrito no trecho abaixo:
“…O nosso querido Leonel necessitava, meus amigos, realmente, da amarga lição que, finalmente, a lei das causas e dos efeitos o levou a experimentar. Desde tempo remoto até a atualidade, ele se vem inspirando em diretrizes corrompidas, arraigado a paixões inferiores, sem boa vontade para a emenda em princípios regeneradores, apesar dos vossos esforços para conduzi-lo à marcha legítima para o Bem, O orgulho incorrigível, os instintos inferiores, a indiferença pelo respeito a Deus e às leis da Vida e da Morte, a permanência intransigente nas ínfimas camadas da moral, as consequências sempre desastrosas daí decorrentes, bradavam por um corretivo mais enérgico, uma punição que, levando-o à dor legítima, dispusesse suas faculdades a atitudes mais sóbrias, permitindo-lhe raciocínios bem de si mesmo. Variados ensejos para o progresso nós lhos vimos concedendo dentro de período milenar. Há menosprezado tudo, conservando-se fiel ao antagonismo com a luz. Vezes várias fizemo-lo reencarnar em ambientes honestos, no seio dos quais lições e exemplos educativos jamais escassearam. A tudo repudiou, desgostando pais, ferindo irmãos, atraiçoando amigos, negando-se ao dever, reincidindo em faltas graves, afastando-se de Deus! Fixado, assim, num círculo que se tornava vicioso, urgia algo em seu socorro através de um corretivo que para sempre lhe sacudisse as forças psíquicas para novos rumos.
Qual o corretivo, porém, a aplicar?.Que punição bastante justa, castigo assaz sábio para, corrigindo-o, não reverter em impiedade por parte da lei que os permitisse?…
De fácil solução seria o problema, aplicado tantas vezes entre os endurecidos no mal, pela mesma lei: —deixá-lo inteiramente entregue ao seu livre arbítrio!
Afastarmo-nos dos seus caminhos, não mais o aconselhando durante o sono corporal e tão-pouco tecendo em torno dos seus passos barreiras que anulassem os múltiplos malefícios com que teimava em barricar a própria evolução moral espiritual.
Deixarmos de interferir nas reencarnações, abandonando-o à própria responsabilidade, sem nossas inspirações e assistência, a fim de que sentindo, finalmente, a solidão interior envolver o seu espírito, ele se humilhasse perante si mesmo e procurasse reencontrar-nos, com boa vontade para a emenda e a conquista do progresso, impulsionado pelos aguilhões da dor.” “…
A história messiânica do Filho Pródigo não poderia ser melhor imaginada, para retratar a marcha da Humanidade, do que o foi por nosso Mestre Jesus Nazareno. Eis, pois, o corretivo supremo da lei: —abandonar os rebeldes e endurecidos a si mesmos, não os assistir sequer com a inspiração, quer no estado terreno quer no espiritual, tal como o pai de família, que deixou partir o filho mais novo, certo de que as duras experiências, consequentes das próprias irreflexões, bem cedo o levariam à emenda dos costumes, à regeneração definitiva.” Dramas da obsessão.
Embora ninguém esteja desamparado pela proteção divina como disse Allan Kardec, a proteção é proporcional a necessidade do aprendizado de cada Espirito.
Citamos abaixo, trecho do livro Sexo e obsessão, que esclarece um pouco mais sobre a questão do amparo divino:
- E não terá ela – voltei a interrogar – a proteção do seu anjo da guarda, que contribua para impossibilitar a obsessão?
- É certo que sim – respondeu, gentil. – Sucede, porém, que os débitos contraídos são muito graves, e a misericórdia divina já vem amparando-a, sendo a reencarnação o melhor instrumento para a sua reparação.
“…O processo, que se desenvolve sob as bênçãos da lei de causa e efeito, culminará quando, certamente, a maternidade trouxer o adversário aos braços da sua antiga inimiga, selando com amor os propósitos para futuros conúbios de felicidade.
Ninguém caminha a sós e, por isso mesmo, na conjuntura aflitiva em que a menina se debate, o seu Espírito protetor muitas vezes impede que seja arrastada pelo seu algoz para as regiões mais infelizes em que se situa, nos períodos do parcial desdobramento pelo sono físico, dificultando-lhe o domínio quase total que teria sobre as suas faculdades mentais e os seus sentimentos de afetividade e de comportamento.”
- TERAPIA DESOBSESSIVA
Quando a humanidade alcançar os conhecimentos espiritas e as sutilezas da obsessão puderem ser identificadas desde os primeiros sintomas, muitos distúrbios infanto-juvenis poderão ser evitados, graças as terapias propostas pela Doutrina Espirita, mas enquanto esse dia não chega, milhares de criaturas passarão a existência buscando por diagnósticos e tratamentos na ciência, que são mais um paliativo para consequências sem erradicar as causas.
Vigilância e amor, disciplina e bondade devem constituir, entre outras diretrizes de convivência com a infância, as melhores terapêuticas de socorro espiritual e moral, sem dispensar contudo, os tratamentos orientados pela Doutrina Espirita:
– PRECE
Na questão 479, pergunta Kardec se a prece é um meio eficaz para curar a obsessão, e respondem os Espiritos que: “A prece é em tudo um poderoso auxílio. Mas não basta que alguém murmure algumas palavras para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que obram, não os que se limitam a pedir. É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.”
Pela prece o homem atrai para si o concurso dos bons Espiritos, que o vem sustentar, auxiliando-o com paciência, coragem e resignação, para que este adquira a força moral necessária para vencer as dificuldades e voltar ao caminho reto.
Imprescindível orar também pelos perseguidores, que, cegos pelo ódio, precisam da luz das boas vibrações geradas pela prece do coração.
- EVANGELIZAÇÃO
Considerando que a matriz de toda obsessão reside no ser, faz-se imprescindível a renovação moral do mesmo para que o tratamento se inicie e possa ter êxito.
Menciona Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo: “ Ás causas físicas se opõem forças físicas; a uma causa moral, tem-se de opor uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria.” Na infancia, destituídos de autodefesa e da condição de trabalharem para a própria melhora, cabe aos pais e/ou responsáveis, a tarefa de direcionar a criança no bem, identificando e corrigindo as más tendências que ela apresente nesse período, e também, introduzindo-a nos conceitos evangélicos deixados por Jesus.
- BIONERGIA
Na obsessão, o obsediado esta envolvido por um fluido pernicioso que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. Para desembaraça-lo desses fluidos, é necessário a aplicação de um fluido salutar. Essa transferência de energia ocorre pela aplicação de passes magnéticos.
Utiliza-se também a água fluida. A água é em sua constituição um elemento simples, passível de adquirir qualidades de natureza sutil ou “ fluídica” à indução do agente. A água fluidificada tem como agente as propriedades que lhe quiseres investir e tem um poder medicamentoso que atua sobre o perispírito e indiretamente contribui para restabelecer o corpo carnal, como ensina Emmanuel no livro Segue-me.
- DESOBSESSÃO
Quando nos deparamos com a obsessão infantil, não devemos olvidar que o processo teve inicio em um processo moral lamentável, no qual o algoz de hoje, foi a prejudicado de ontem.
Ambos litigantes na obsessão carecem de auxilio, visto que todos são enfermos solicitando socorro imediato.
Assim como se orienta a Evangelização para os que renascem, os que perseguem igualmente precisam de esclarecimentos para que possam se libertar da cadeia de sofrimento na qual estão aprisionados.
A doutrina Espirita orienta as evocações particulares com vistas ao esclarecimento e a educação moral do perseguidor, para que este se arrependa e siga sua jornada evolutiva.
BIBLIOGRAFIA
Tormentos da Obsessão O Livro dos Espiritos
A Genese
O Evangelho Segundo o Espiritismo Mediunidade e Obsessão
Obras Postumas Pensamento e Vida Evolução para o 3º Milenio Missionários da Luz
Fronteiras da Loucura
Bastidores da Obsessão Obsessão / Desobsessão
Sexo e Obsessão
2ª Carta aos Corintios (Novo Testamento) Marcos 9:20 a 21
Mateus 15:22 Livro dos Mediuns
Mediunidade: Desafios e Bençãos Dramas da Obsessão
Os Mensageiros
Ação e Reação Grilhões Partidos
Temas da vida e da Morte Segue-me
http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2016/09/aumento-de-tentativas-de- suicidio-entre-criancas-e-adolescentes-reforca-importancia-da-prevencao- 7614104.html
precisamos falar sobre depressão infantil
https://escoladainteligencia.com.br/depressao-infantil-ela-existe-e-esta-aumentando- em-todo-o-mundo/