Paciência, a Ciência da Paz – palestra 31.03.21
PACIÊNCIA, A CIÊNCIA DA PAZ
CELC – 31.03.21 – Ananda
Conforme diz Emmanuel no cap. 6 do livro Rumo Certo: “Entendendo-se a paciência, à maneira de ciência da paz, não procures a paz, a distância, de vez que ela reside em ti mesmo. A paz, no entanto, baseia-se na lei da troca que mantém o equilíbrio do Universo, através do binômio: dar e receber. ”
A palavra ciência (do latim scientia), refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos, e a palavra paz (do latim Pax) é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações e agitação. Então podemos concluir que para se ter paciência é preciso dominar, conhecer, saber e ter praticado muito a calma e a tranquilidade.
Vejam que isso é o que Paulo diz à Romanos no cap 5,3-4 “ E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, / E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. ”
O contrário do que se pensa não é? Achamos, (ou achávamos) que precisamos ter paciência para poder ter paz, não viver em conflito, não ficar agitado, e manter a calma, como se paciência fosse uma atitude que escolhemos ter ou não em determinados momentos, e não algo que devemos realmente conquistar ao longo de nossa caminhada eterna através de nosso esforço diante das experiências que as várias existências nos proporcionam.
Voltando ao trecho de Emmanuel, podemos concluir que, quando estamos em desacordo com a Lei da troca (dar e receber), não temos paz, logo não temos paciência! Vejamos o que ele nos diz também no livro O Consolador, questão 254: Que é a paciência e como adquiri-la?
R: “ A verdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma que realizou muito amor em si mesma, para dá-lo a outrem, na exemplificação.
Esse amor é a expressão fraternal que considera todas as criaturas como irmãs, em quaisquer circunstâncias, sem desdenhar a energia para esclarecer a incompreensão, quando isso se torne indispensável.
É com a iluminação espiritual do nosso íntimo que adquirimos esses valores sagrados da tolerância esclarecida. E, para que nos edifiquemos nessa claridade divina, faz-se mister educar a vontade, curando enfermidades psíquicas seculares que nos acompanham através das vidas sucessivas, quais sejam as de abandonarmos o esforço próprio, de adotarmos a indiferença e de nos queixarmos das forças exteriores, quando o mal reside em nós mesmos.
Para levarmos a efeito uma edificação tão sublime, necessitamos começar pela disciplina de nós mesmos e pela continência dos nossos impulsos, considerando a liberdade do mundo interior, de onde o homem deve dominar as correntes da sua vida.
O adágio popular considera que “o hábito faz a segunda natureza” e nós devemos aprender que a disciplina antecede a espontaneidade, dentro da qual pode a alma atingir, mais facilmente, o desiderato da sua redenção”.
E então, através do entendimento do verdadeiro significado da paciência, podemos seguir para o objetivo principal desse estudo, que é despertar e direcionar adequadamente a busca pela tão sonhada paciência! Afinal, quem não quer ser uma pessoa paciente? Quem não quer ter calma?
Vamos relacionar e desenvolver nos próximos itens, as condutas necessárias, à luz do Espiritismo, para praticarmos e alcançarmos a paciência.
Paz/Cumprimento do dever
Em João 14:27 Jesus diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. ”
Qual é a paz que Cristo nos deixou? E qual seria essa que o mundo nos dá?
Uma delas é aquela paz exterior, que resulta da ausência de conflitos, momentos que a vida vai bem tanto nas questões de saúde, de família quanto na vida profissional e afetiva. Essa é a “paz” em que geralmente, nos perturbamos e desequilibramos, porque distantes da luta que nos mantêm focados, alertas e despertos, caímos numa paralisia da alma, com quedas morais e esquecimento dos deveres, pois muitas vezes, só buscamos nos atentar para as questões espirituais quando a experiência mais difícil bate à porta. Ou seja, não é uma paz que acompanha a serenidade e a tranquilidade interior. Não pode ser a paz que Cristo nos deixou. Lembremos dos versículos 9 e 10 de Paulo na segunda carta aos Coríntios: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.”
Pensemos nos discípulos de Jesus, ou nas almas mais iluminadas que passaram pela Terra, eles tiveram essa paz? Que equivocadamente nós almejamos, muitas vezes, com a ausência de tribulações? Não, são espíritos que tiveram as lutas mais acerbas do mundo, porém eles eram detentores da paz interior, pois estavam cumprindo seus deveres, edificaram suas casas na rocha, como disse Jesus em Mateus 7,24-28 no final do Sermão do Monte: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina.”
No livro Calma, psicografado por Chico Xavier, no Cap 8, Emmanuel nos orienta: “A paz em nós não resulta de circunstâncias externas e sim da nossa tranquilidade de consciência no dever cumprido e é preciso anotar que o dever cumprido é fruto da compreensão. Compreender significa, na essência, desculpar as pessoas que nos cercam, nas oposições que nos façam e esquecer as ocorrências que nos mostrem adversas, a fim de que nos mantenhamos fiéis à tarefa que se nos indica… A paz em nós — repitamos — nasce da compreensão em serviço e a compreensão em serviço é mantida pela tolerância para com os erros alheios e até pela autoaceitação dos nossos próprios erros, de modo a sabermos corrigi-los sem tumulto e perda de tempo. Em suma, enquanto não soubermos perdoar, não seremos livres para submeter-nos à prática do bem, segundo as Leis de Deus.”
Quando nos preocupamos com o que o outro fez ou deixou de fazer pra mim, tiramos nossa atenção do foco principal, que é o cumprimento do dever, daquilo que temos que fazer para colaborar com a sociedade, com a minha família, ou seja, a parte que me cabe na obra da criação divina. Conforme nos explicam os espíritos na questão 132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
A.K.: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dEle. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.”
Vejam como o cumprimento do dever é importante, vamos falar um pouquinho mais sobre isso, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XVII, item 7: “O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e não do dever que as profissões impõem.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa ele? Onde termina? O dever principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós.
Deus criou todos os homens iguais para a dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue em sã consciência o mal que pode fazer. Com relação ao bem, infinitamente vário nas suas expressões, não é o mesmo o critério. A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer que todos os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal, alegando ignorância de seus efeitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. É a um tempo juiz e escravo em causa própria.
O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos. – Lázaro. (Paris, 1863.)
Dessa forma, fica fácil percebermos qual a paz que Jesus nos deixou não é? É a paz que propõe trabalho ativo e continuado para o bem; é a que ensina o cumprimento dos deveres como parte da autodisciplina; é a que sabe tirar proveito das dificuldades materiais e sociais, sem a elas acomodar-se lutando com firmeza para vencer as provas.
A paz que vem de Jesus é inconfundível, é a que permite enfrentar todos os testemunhos, sem propostas de fuga, mas com o entendimento necessário de que as Leis Divinas são justas, que temos e sofremos as situações que precisamos para o nosso aperfeiçoamento.
Dando a sua paz aos discípulos, Jesus lhes dava a consciência do dever cumprido, a força da fé, a ventura da esperança.
Finalizamos acerca da paz com o cap.105 do livro Vinha de Luz (Emmanuel):
Paz do mundo e paz do Cristo
“A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” — JESUS (João, 14.27)
É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz do Cristo.
A calma do plano inferior pode não passar de estacionamento.
A serenidade das esferas mais altas significa trabalho divino, a caminho da Luz Imortal.
O mundo consegue proporcionar muitos acordos e arranjos nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao espírito a paz verdadeira.
Nos círculos da carne, a paz das nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos abastados inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se revoltam, no quadro de lutas necessárias, é a manifestação do desespero doentio; a dos ociosos sistemáticos, é a fuga ao trabalho; a dos arbitrários, é a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos, é o aplauso da ignorância; a dos vingativos, é a destruição dos adversários; a dos maus, é a vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes, é a exploração inferior; a dos que se agarram às sensações de baixo teor, é a viciação dos sentidos; a dos comilões é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no coração.
Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito bem.
Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo, aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada, portas a dentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do coração. ”
O Evangelho terá que florescer nos corações de cada um, para que assim se estabeleça a paz no mundo.
TRIBULAÇÕES/COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA
Faz-se mister compreendermos a importância das tribulações em nossa existência e no exercício para a conquista da paciência, de acordo com o que nos foi citado na introdução, quando Paulo diz à Romanos no cap 5,3-4: “ E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, / E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. ”
Mas por que precisamos passar por essas tribulações? Por que as tribulações de um, parecem ser mais brandas que a de outro? Tudo isso fica muito claro quando abordamos vários itens do Cap V do Evangelho Segundo o Espiritismo de título “Bem-aventurados os aflitos”. Esse capítulo, é um dos que mais me chamam a atenção, pois é exatamente através do entendimento que a doutrina nos dá acerca desse assunto, que passamos a compreender tudo aquilo que não nos era explicado, e por conta disso tínhamos tanta dificuldade em aceitar certas situações, ocorrências e imposições da vida.
Mas antes disso, gostaria de citar a questão 258 do Livro dos Espíritos: “Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?
- Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.
a)- Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?
- Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.”
O capítulo V do Evangelho se inicia com algumas citações bíblicas:
“Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. – Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. – Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, 5:4, 6 e 10.)
Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. – Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. – Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, 6:20 e 21.)
Mas, ai de vós, ricos! que tendes no mundo a vossa consolação. – Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. – Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, 6:24 e 25.)
E então os Espíritos comentam com muita sabedoria, a Justiça das Aflições no item 3:
“Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contrassenso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.
Falando em causa, devemos nos lembrar então da Lei de Causa e Efeito, como nos recorda Carlos Toledo Rizzini no Livro Evolução para o Terceiro Milênio Parte II, Cap 4, Item 15, subitem 2 e 3:
- “No mundo físico, semelhante doutrina foi formulada sob o nome de 3ª lei de Newton, na Mecânica, que declara: “toda força impulsionada numa dada direção origina outra força, de igual intensidade, mas de
sentido contrário”. Costuma ser designada como lei de ação e reação e governa também relações espirituais. Ora, pensamento, vontade e atos são forças que lançamos, as quais devem dar origem a forças em sentido contrário, isto é, ao choque de retorno. Este recairá sobre aquele que gerou a perturbação no ambiente com sua atuação desatinada, ou virão de volta alegria e paz. Se bem partiu dele. André Luiz (Ação e Reação) enuncia tal princípio assim: “Toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores”.
Jesus faz várias referências à Lei de causa e efeito no código evangélico, acentuando a importância dela para a redenção do espírito humano. Afirma o Mestre: “Não julgueis para não serdes julgados” (Mt. 7.1); “Com a medida com que medirdes sereis medidos” (Mt. 7.2); “Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Mt. 26:52); “Se perdoamos as ofensas recebidas, Deus igualmente perdoará nossos pecados” (Mt. 6: 14-15). Em suma: “E o que quereis que vos façam os homens, isso mesmo fazei vós a eles” (Lc 6:31). São várias formulações equivalentes.
Ao pensar e agir, portanto, o homem liberta forças e fica sujeito ao retorno delas, nesta ou noutra vida; provará o fel ou o mel que fez outro beber… Todavia, a aplicação da lei no nível espiritual é relativa porque a mesma vontade pode, noutra ocasião, agir em sentido contrário e atenuar o choque mediante a libertação de novas forças agora positivas. Não temos o poder de extinguir os efeitos da volta sobre nós, mas podemos modificá-los se mudarmos de rumo, se atuarmos noutra direção com esse intuito.
- Sem o conhecimento da reencarnação, teríamos uma noção completamente nula das relações de causa e efeito. É ela que permite encadear as ações de uma vida para outra, fazendo que sofra o indivíduo o que fez outro sofrer antes. Tal é à base da justiça divina, do equilíbrio e do progresso espiritual. Logo, ação e reação, além de importante lei física, é relevante lei moral – rege as relações inter-humanas e ensina ao Espírito como atuar e progredir. Regula ainda o livre arbítrio; a liberdade existe antes de agirmos; após o lançamento do ato, ficamos sujeitos às consequências. Mas, é bom notar, ela admite certa elasticidade ou tolerância. Pra progredir, foi permitido ao espírito humano voltar a Lei e promover a desordem ao redor dos seus próprios passos de modo a conhecer as consequências do erro e a afastar-se dele. Deus impôs, portanto, que durante certo tempo, lhe fosse possível abusar e errar para aprender, pagando o preço do sofrimento. Assim, as Leis da vida Superior cedem até certo ponto e, atingindo o limite, começam a empurrar o sujeito de volta a situação de equilíbrio; desta maneira, a evolução produz um ser consciente do bem e do mal, e não um autômato. É a dor o fator que traz o homem de volta ao regaço divino, depois que se desviou do rumo traçado pela Lei.
Vimos que somos produtos de nossos esforços, secundados pelo amparo de cima. Nossas vidas são misturas de alegrias e sofrimentos em proporções muitíssimo variadas. “A cada um, segundo suas obras”
proclamou o Cristo. É, ainda, o mesmo princípio. Quem foi insaciável provará a miséria; quem muito cuidou de si, passará solidão; quem violou, será violado; se alguém perdeu um braço por nossa causa, perderemos um braço também, se caluniamos, lidaremos com a calúnia. Se expressa Ubaldi a respeito, declarando que a cada abuso corresponde uma carência inversa; por isso tantos sofrem falta de coisas tão abundantes. Diz ele que todas as deficiências morais (crime, vício, pobreza, imbecilidade, predisposições mórbidas, etc.) são
carências derivadas de abusos antigos. “O panorama da Terra parece poder-se resumir nestas duas palavras: abuso e carência”. E qual será a causa disto? O que move o abuso, origem das privações? É o
egoísmo é o estado mental que leva o ser humano a todas as desgraças. O abuso sacia, porém gera a fraqueza e promove a doença. Mas, a Lei de Deus oferece oportunidade de redenção para todos, corrigindo o destino infeliz e preparando um futuro feliz.
Creio que dessa forma, podemos compreender de onde advém nossas aflições, que podem ser de causas anteriores (vidas anteriores a essa) ou atuais (decorrentes dessa vida mesmo) e que não devemos comparar as aflições de um e de outrem, pois cada um tem a bagagem de sua trajetória e a condição necessária para resgatar seus débitos, que depende da evolução espiritual de cada um.
E a partir da compreensão da justiça que há nas aflições/tribulações que a vida nos impõe, passamos a aceitar com resignação aquilo que não podemos mudar, pois fazem parte da colheita de nosso plantio inadequado de outrora. Sendo assim, compreendemos a misericórdia de Deus ao nos colocar essas provas e expiações tão necessárias para nosso aprendizado, e evolução. Assim, passamos a enxergar nossos desafetos e a presença de nossos “inimigos” como grande oportunidade de resgate e de agir de uma forma diferente de quando éramos ainda mais ignorantes do que ainda somos hoje.
PRATICA DA CARIDADE
Foi dito, no primeiro parágrafo deste estudo, que a paciência é fruto da Lei de Dar e Receber, então não podemos deixar de falar da Caridade, que é uma das Leis que permeia o Espiritismo, e para isso, primeiramente precisamos compreender o verdadeiro sentido dessa palavra, e no livro Evolução para o Terceiro Milênio, Parte IV, Cap 8, Item 25, no quarto parágrafo do Subitem 4, o autor diz: “O amor no sentido evangélico costuma ser identificado como caridade, que, por sua vez, geralmente entende-se como “dar esmola”. É muito mais do que isso. Caridade, na língua latina, significava: alta dos preços, carestia, estima, amor. Esta acepção manteve-se; é o amor de Deus ao próximo, baseado na fraternidade que une todos os homens como filhos de Deus. Logo, é o mesmo que benevolência e beneficência. É, pois, como quer a moral cristã, o sentimento que deve inspirar todos os gestos do relacionamento com o próximo, levando à solidariedade e cooperação.
André Luiz, define caridade como o Amor em ação, de fato, amor é sentimento e caridade é prática, amor é interior, a caridade exterior, o amor é invisível, a caridade visível. Somente a caridade revela o amor, mas dizer que ama não revela caridade. Lembramos assim da epístola de Tiago 2,14-18: “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem, porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: “Você tem fé; eu tenho obras”. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.
Não podemos nos esquecer da passagem de S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e 13: “Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; – ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. – E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.
A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; – não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade”
No cap.94 do livro Palavras de vida eterna, Emmanuel fala um pouco sobre essa passagem bíblica:
Beneficência e paciência
“A caridade é paciente e benigna…” — PAULO (I Coríntios, 13.4)
Beneficência, sim, para com todos:
Prato dividido.
Veste aos nus.
Remédio aos doentes.
Asilo aos que vagueiam sem teto.
Proteção à criança desamparada.
Auxílio ao ancião em desvalimento.
Socorro às viúvas.
Refúgio aos indigentes.
Consolo aos tristes.
Esperança aos que choram.
Entretanto, é preciso estender a bondade igualmente noutros setores:
Compreensão em família.
Trabalho sem queixa.
Cooperação sem atrito.
Pagamento sem choro.
Atenção a quem fale, ainda mesmo sem qualquer propósito edificante.
Respeito aos problemas dos outros.
Serenidade nas horas difíceis.
Silêncio às provocações.
Tolerância para com as ideias alheias.
Gentileza na rua.
A beneficência pode efetuar prodígios, levantando a generosidade e conquistando a gratidão; contudo, em nome da caridade, toda beneficência, para completar-se, não pode viver sem a paciência.”
E, claro que não poderíamos deixar de nos reportar à questão 886 do Livro dos Espíritos: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
R: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
A.K: O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.
Benevolência: A benevolência vai além da beneficência, como nos explica a questão 643 do livro dos espíritos: “Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o bem?
Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer o bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser beneficente, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso possa ser necessário.”
Indulgencia: Lembramos do item 16 do cap X de O Evangelho segundo o Espiritismo: “A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados. Quando criticais, que consequência se há de tirar das vossas palavras? A de que não tereis feito o que reprovais, visto que, estais a censurar; que valeis mais do que o culpado. Ó homens! Quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?”
Perdão das ofensas: Também no Evangelho segundo o Espiritismo, cap X item 15: “Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdôo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdôo” e acrescentam: “mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida. Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não, o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências…Não olvides que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, bem mais que pelas palavras.
São tantas as virtudes, por que escolher apenas essas três para compor a mais importante de todas as virtudes para o Espiritismo?
Sua importância se evidencia quando lembramos o lema proposto por Kardec: “Fora da caridade não há salvação”. Nenhum Espírito atingirá o estado de Espírito Puro, ou estado de salvação, sem a prática da caridade.
Lembremos outra máxima de Kardec, presente no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XI, item 4: “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo.”
Assim, como elucida um texto retirado do site Kardec.blog.br:
“Se a caridade resume todos os deveres do homem para com o próximo, devemos encontrar uma forma abrangente de representação das faculdades humanas e de seu uso em qualquer contexto de interação social. Se for possível sintetizar todas as faculdades que são empregadas pelo homem na sua vida de relação com o próximo, talvez possamos resumir todos os deveres humanos em alguns poucos que sejam suficientes para uma vida moral plena.
Vários filósofos, na história da filosofia, propuseram formas de representar as faculdades humana em apenas algumas poucas que seriam suficientes para uma visão abrangente e completa do homem como um ser que tem uma vida interior e uma capacidade de interagir como o mundo fora dele.
Podemos pensar o homem a partir dessas duas dimensões: o seu mundo interior e sua abertura para o mundo ou universo que o contém.
Seu mundo interior é a expressão de sua vida mental consciente, de sua capacidade de interagir consigo mesmo, por meios de seus pensamentos.
Sua abertura para o que existe fora de seu mundo mental é a expressão de sua capacidade de perceber e modificar o que existe fora e independente de seus próprios pensamentos, de interagir com o que se encontra fora de sua consciência, com a realidade que o cerca.
Essa abertura ou janela para o exterior permite uma interação de dupla direção ou sentido: do mundo para o homem e do homem para o mundo. Percebo ou sinto o mundo fora de mim e sou por ele modificado. Sou capaz de agir e modifico o mundo fora de mim.
A partir dessas duas dimensões, temos três possíveis formas de interação: a do homem consigo mesmo; a do homem com o mundo fora dele, sendo alterado por esse mundo fora dele; e a do homem com o mundo fora dele, modificando o mundo que o cerca.
Essas três possíveis formas de interação do homem com o mundo que o cerca permitem analisá-lo como um indivíduo essencialmente constituído de três faculdades irredutíveis entre si: a faculdade de pensar, a de sentir e a de querer. (René Descartes, em seu livro Paixões da Alma apresenta essas três faculdades da alma)
Ordinariamente, a referência a essas três faculdades é feita utilizando as expressões razão, sentimento e vontade. (Descartes utiliza as expressões ‘pensamento’, ‘percepção’ e ‘vontade’)
O pensar e o querer são as faculdades ativas do homem, o sentir é a faculdade passiva. Nesse sentido, podemos dizer que o pensar e o querer partem do homem, dependem diretamente de sua vontade. O sentir acontece nele, não depende de sua vontade. A passividade da faculdade sentir é uma decorrência do fato de que o homem simplesmente se percebe “sentindo”.
Podemos caracterizar a atividade e a passividade dessas faculdades pelas expressões ‘exercer uma ação’ e ‘receber uma ação’. Quando o homem pensa, ou quer, exerce uma ação, quando sente, recebe uma ação.
Por meio da razão, o homem raciocina, argumenta, representa, imagina, idealiza, calcula, julga, etc. A ciência, a matemática e a filosofia são seus frutos mais importantes.
Pela vontade, o homem age, decide, realiza, executa uma ação, transformando o mundo e a sociedade continuamente.
Nesse reino da vontade, o homem encontra o dever. O dever é a obrigação moral do homem para consigo e para com o seu semelhante. Com ele, deparamos-nos nas mais diversas situações da vida, desde as mais íntimas, aos atos mais elevados. Como suas mais importantes realizações, temos a ética, a moral, o direito e a política.
Com o sentir, o homem percebe e recebe as impressões do mundo à sua volta e as do seu próprio mundo interior. As sensações físicas, as emoções ou sentimentos são algumas das formas de ser desta faculdade notável. Dela nascem as artes e a estética, a música e a poesia.
Associados a essas três faculdades, temos os mais importantes valores da cultura humana: a verdade, a beleza e a bondade.
As ciências e a filosofia investigam a verdade. A estética e as artes cultuam a beleza. A ética e a política visam ao bem. A história da nossa cultua reflete uma incansável busca desses valores.
No relacionamento do homem com o seu próximo, entram em cena essas três faculdades.
Por intermédio da vontade, o homem age, pratica uma ação para com o seu semelhante.
Por meio da razão, o homem avalia, julga ou analisa o caráter ou a conduta do seu próximo.
Pelo sentimento, o homem recebe a ação do seu próximo.
As leis morais são prescrições na primeira pessoa. Estabelecem como eu devo proceder para com o próximo, que é a ordem do dever moral. E não ao contrário, como o próximo deve agir para comigo.
Ao agir, como deve ser a minha ação para com o próximo? A caridade responde: com benevolência.
Ao pensar, julgando ou avaliando o próximo, como devo proceder? A caridade responde: com indulgência.
Ao sentir, como devo receber a ação do próximo? A caridade responde: com perdão.
Essas três faculdades, representadas pelas três questões anteriores, de regulamentação moral da conduta do homem no seu relacionamento com o próximo, devem ser consideradas se pretendemos estabelecer todos os deveres do homem para com o seu semelhante.
AUTO ILUMINAÇÃO/ CONTINÊNCIA DOS IMPULSOS
Como foi dito na introdução, na questão 254 do Consolador, Emmanuel nos diz da importância da auto iluminação para a conquista da tolerância esclarecida, e do esforço próprio em dominar nossos impulsos; mas que para isso é mais que necessário a disciplina.
Mas o que significa iluminar-se? Não encontrei melhor maneira para explicar que a de transcrever as questões 225,228 e 230 do livro Consolador:
- — Como entender a salvação da alma e como consegui-la?
— Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo, temos de traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesma, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no Infinito.
Considerando esse aspecto real do problema de “salvação da alma”, somos compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.
Jesus é o Modelo Supremo.
O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os Planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do Espírito.
No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: — “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” Se vos cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: — “Ninguém pode ir ao Pai senão por mim.” E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-Lo sempre no imo dalma: — “Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus passos.”
- — A auto iluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência na Terra?
— Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos outros.
No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.
- — Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?
— Esse esforço individual deve começar com o auto domínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões.
Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santificantes — água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram no mundo.
Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na sagrada iluminação da vida.
E como dominar nossos impulsos, como disciplinar nossos sentimentos e exterminar nossas paixões? Diz-se que é necessário a tolerância esclarecida!
Vamos compreender primeiramente de onde vem esses impulsos? Em Evolução para o Terceiro Milênio, Parte II, cap 5, item 18, encontramos uma boa explicação:
…“As forças que dão origem às nossas atitudes e condutas levando-nos à ação são de natureza emotiva e correspondem às usuais palavras: desejo, necessidade, ânsia, anelo e paixão, conforme vários matizes e intensidades. Porém, o nome técnico para designá-las é impulso. Tais forças de consciência delas, e apresentam dois aspectos dignos de atenção. O primeiro é o fato de um impulso impedido de alcançar a consciência (isto é, reprimido) continuar a agir ativamente em estado inconsciente, oculto na sombra. Por isso, podemos estar aborrecidos, deprimidos, ressentidos, apreensivos, etc. sem conhecer a razão; podemos tomar decisões ignorando os motivos que nos induziram a elas: interesses, convicções e simpatias, e. gr., podem emanar de forças desconhecidas da consciência. O segundo aspecto é que os impulsos permanecem inconscientes porque temos interesse em mantê-los assim, em não tomar ciência consciente deles, com o objetivo de defender intenções, posições e vantagens; uma tentativa para revelá-los encontraria resistência de nossa parte porque poriam em perigo tais interesses. Em virtude desses dois princípios, somos os responsáveis pela nossa vida mental e conduta decorrente dela.
Assim, nossas ações são determinadas por uma variedade de impulsos inconscientes, que se associam a necessidades e desejos dos quais temos consciência. Muitas vezes não temos noção clara do motivo pelo qual agimos de certa maneira. Um menino volta da escola e vai parando em todas as vitrines de padaria, sem perceber que é a fome que as torna tão atraentes; o impulso põe em destaque o objeto importante. Um rapaz aguarda uma jovem em certo local e confunde outra que passa com ela, dirigindo-lhe a palavra; a ansiedade gerada pela espera altera a percepção.
Denomina-se impulso ao estado de excitação do sistema nervoso central que surge em resposta a um estímulo interno ou externo, o qual poderá ser uma pessoa, cena, conversa palavra, insulto, bebida, etc. ou até mesmo um fragmento inapercebido de qualquer acontecimento banal em que estejamos metidos. Esse estado de tensão mental originado por forças inconscientes aparece posto isso, na área consciente, quando certos conteúdo do inconsciente são agitados por quaisquer estímulos. Inúmeras vezes não sabemos a que coisa o inconsciente reagiu tão fortemente a ponto de criar um impulso, que será sentido em forma de súbita emoção ou comando imperioso. Um impulso pode ser grosseiramente comparado com algo que cresce dentro da pessoa e aumenta a pressão ou a uma bola de soprar que, retida entre as duas mãos, vai sendo insuflada aos poucos.
A referida excitação central (impulso ou tensão) desencadeia uma atividade motora cuja finalidade é diminuir ou eliminar o estado tensional. A sensação de alívio decorrente dessa atividade chama-se de cessação ou gratificação do impulso. A atividade gratificadora é orientada pelo consciente (nas pessoas que se controlam); embora este esteja, no momento, sob o império do comando inconsciente, tal fato permite que a resposta ao estímulo seja influenciada pela experiência anterior e pelo raciocínio, a não ser que este sofra um completo embotamento momentâneo. Isto tem a vantagem de tornar os impulsos modificáveis ao invés de serrem padrões fixos de reação (como o são os instintos animais), que fariam do homem simples autômato sem responsabilidade.
Certa quantidade de energia mental está associada aos impulsos. Pode suceder que esta energia se desprenda dos conteúdos do impulso (lembranças e desejos inconscientes) e venha a invadir a consciência, levando o indivíduo à ação para gratificá-lo sem noção do que o está pressionando. Assim, uma nota ou palavra pode redespertar uma emoção na ausência da experiência ligada a ela. Muita gente empalidece e mesmo desmaia ao somente ver sangue.
… Um impulso pode renascer muitas vezes, fazendo que sinta o sujeito o choque emocional sem ter conhecimento consciente da situação desagradável que está representada em sua mente inconsciente. Ocorre, portanto, uma dissociação entre a emoção sentida e as imagens correspondentes. Estas permanecem ignoradas enquanto aquela se liberta, diante do novo fato que serve de estímulo e vem afetar o consciente. Nesse caso, a pessoa, diante de outra ou de algum acontecimento, sente-se invadida por imperioso impulso de agredir, ofender, fugir, tremer, gritar, calar-se, etc. – sem compreender a razão do que está se passando com ela, razão que jaz no inconsciente sob a forma de recordação completa de um evento semelhante (ou equivalente), desta ou mais comumente de outra vida. O que sobe ao consciente, por obra do estímulo, é parte da energia ligada às lembranças, a qual vai desencadear o estado emotivo incompreendido. Mediante o supra-exposto, compreende-se que, conforme as experiências gravadas no espírito, uma pessoa mantenha-se calma diante de situações desagradáveis que envolvam certos indivíduos e fundamente irritada em face de outras sem importância, mas relacionadas com determinadas pessoas. E gr., o pai que não o insulto de um filho zanga-se com o outro porque se atrasou cinco minutos para o jantar. Uns fatos atingem porções sensibilizadas do inconsciente (ou agiram certos conteúdos dele) e outros não encontram ressonância ali.
É hora de cogitarmos da natureza das imagens e emoções que compõem antigas recordações armazenadas em estado inconsciente e que ressurgem quando estimuladas de fora. Inácio Ferreira (Novos Rumos à Medicina) e André Luiz (Evolução em Dois Mundos) falam-nos de “recordações recalcadas no espírito” e de “lembranças armazenadas no perispírito. Ambos corrigem ao pioneiro Freud, acrescentando a reencarnação como fator indispensável a um conhecimento mais profundo do espírito humano; ela é a chave para compreender a origem e a ação dos impulsos do homem civilizado – impulsos que estão no fundo das desordens psíquicas embora ocorram no indivíduo “normal”.
Ferreira lembra que entramos no mundo material impelidos pelas consequências das ações passadas. As lembranças permanecem arquivadas na mente espiritual e revelam-se, a cada momento na vida atual, como impulsos bons ou maus. Um acontecimento idêntico, uma frase ou mesmo uma simples palavra podem constituir o estímulo suficiente para provocar a reativação de uma lembrança até então adormecida no fundo da alma. Diz ele: “Um clarão súbito ilumina o acontecimento e El aflora, como um quadro vivo, produzindo a mesma reação antiga”. Ressurge, portanto, o estado de tensão que constitui o impulso, percebido como emoção de origem desconhecida pela consciência.
Nesses momentos podemos assumir uma de duas atitudes, já que a excitação comanda a atividade corporal: 1) refrear o impulso mau, subindo mais um degrau na evolução; 2) permitir que este nos domine, repetindo a atuação anterior (renovando a experiência passada) e recebendo idênticas consequências, desagradáveis ou dolorosas.
A tentação de suicidar-se é um bom exemplo, sugerido por André Luiz (Ação e Reação). Após uma vida encerrada pelo suicídio e estando devidamente preparado, renasce o espírito trazendo as imagens destrutivas arquivadas no fundo da mente. Em certa idade, surgirá a tentação de matar-se; aquelas recordações reaparecem diante de circunstâncias evocadoras e criam perturbações emocionais. Um impulso auto-anulador invadirá o consciente movendo o indivíduo a repetir o gesto infeliz, do qual só escapará se houver, atualmente, renovado as condições da mente pela aquisição de elementos educativos através do estudo e da prática do bem. Daí afirmar André Luís: “Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio”. De fato, é assim: a tentação é uma situação que estimula um impulso inferior (cf. 20. b); se o sujeito não possui imagens e emoções de situações anteriores não resolvidas, não haverá tentação, porquanto ele será insensível a situações da vida atual.
Em presença de quem nos feriu ou amargurou no passado, é permitido exteriorizar uma reação ante a lembrança emergente, conforme as suas atitudes mencionadas pouco acima: 1) ou o perdão que apaga a energia associada à lembrança, inativando-a para sempre; 2) ou o ódio e a mágoa que a nutrem, fazendo-a renascer a cada estimulação. Diante de quadros do pretérito que fulguram no consciente atual, os nossos impulsos manifestam-se seja impelindo-nos à repetição do erro, seja revelando o poder da fé que transforma e que leva ao esforço produtivo. De duas, uma: 1) ou o impulso retrógrado, que nos mantém presos a situações infelizes e obriga a novas lutas redentoras, nesta ou noutra existência; 2) ou o impulso evolutivo, que liberta a alma para vôos mais altos. Nesses termos é que Ferreira põe a questão, fazendo observar serem esses fugazes segundos, durante os quais reminiscências adormecidas no âmago do ser eclodem em forma de impulsos, capazes de dar origem a múltiplas tragédias ou de aquecer corações amigos.
Cumpre notar que tais elementos psíquicos, envolvendo situações e pessoas de vidas pregressas, são causa de muitas reencarnações. Para isso, a Lei reúne antigos desafetos. Além disso, qualquer impulso inferior, mesmo sem envolver diretamente outros irmãos, precisa ser substituído como condição do progresso espiritual. Serve de exemplo Segismundo, espírito pronto para reencarnar (André Luiz, Missionários da Luz). A despeito de inteiramente votado ao bem, não conseguia se aproximar do futuro pai, Adelino, que outrora fora assassinado por ele. Adelino deixava-se dominar por forte sensação de medo cada vez que Segismundo dele se acercava. Ele não recordava os fatos à forma de ansiedade (medo sem perigo concreto). E, por isso, recusou a aproximação durante bastante tempo.
A obsessão participa da questão em exame como fator ampliador e modificador dos impulsos de uma pessoa. Informa André Luiz que os impulsos são facilmente superexcitados por meio de estímulos constantes produzidos por espíritos desencarnados, cujas emissões mentais são idênticas às do encarnado que perseguem. Esses têm sempre um interesse dominante que eles procuram ampliar, cercando a pessoa de pensamentos desse tipo. Como há sempre resíduos da antiga animalidade, ainda não superados, certas tendências inferiores podem sofrer acentuação assim. Um novo esforço da vontade é necessário para dominar tal situação.
Impulsos podem, finalmente, originar-se de hábitos criados numa vida anterior mal conduzida. Na vida subsequente, o indivíduo apresentará tendência para repetir o hábito (pois os atos que o constituem tornaram-se inconscientes), que, então, ressurge sob a forma de impulso que o persegue tenazmente. Suponhamos como sucede que uma pessoa se acostume a ingerir alcoólicos ou a fumar. Posteriormente renascendo, será defrontada com o impulso de praticar o vício. Por mais que procure o autodomínio, está sempre em perigo de ceder ao impulso, que primeiro foi um “hábito inocente”. Comumente ninguém compreende a origem de tal vício e o sujeito sente-se confuso a respeito, sobretudo quando se trata de alguém sob outros aspectos digno.
Portanto o que criamos para nós mesmos ficará conosco, até que as lutas redentoras consigam renovar-nos mentalmente. Temos as armas e não estamos sós! É preciso gastar tempo e energia para desenvolver
as capacidades humanas e não competir por ambições (posses, posições e prestígio), lançar mão da cordialidade, solidariedade e cooperação para estabelecer uma relação produtiva com o mundo exterior e desempenhar atividades; seguir a regra áurea do Evangelho – só faças aos outros o que queres que te façam eles; orar para atrais auxílio do Alto. A busca é de auto-realização e de relacionamento sadio, baseado na fraternidade pura – não de vitórias de Pirro sobre o mundo e o próximo!
Assim conseguiremos conter impulsos e transformar impulsos. Vita brevis, ars longa; vamos andar depressa.
O Benfeitor Calderaro, em Ação e Reação, falando sobre o cérebro ratifica:
“Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a «residência de nossos impulsos automáticos», simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o «domicílio das conquistas atuais», onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a «casa das noções superiores», indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada.”
Ainda em Ação e Reação o Benfeitor Calderaro nos adverte:
“A criatura estacionária na região dos impulsos perde-se num labirinto de causas e efeitos, desperdiçando tempo e energia.”
RENOVAÇÃO MENTAL/ MEDITAÇÃO/ ORAÇÃO E VIGILANCIA/ PREPARAÇÃO PARA O SONO
– “Não tomeis por modelo este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa mente. (PAULO, Romanos 12, 2)
– “A vontade desequilibrada desregula o foco de nossas possibilidades criadoras. Daí procede a necessidade de regras morais para quem, de fato, se interesse pelas aquisições eternas nos domínios do Espírito. Renúncia, abnegação, continência sexual, disciplina emotiva, não representam meros preceitos de feição religiosa. São providências de teor científico para o enriquecimento efetivo da personalidade. (ANDRÉ LUIZ, Missionários da Luz)
Chico Xavier nos deixou um roteiro para reforma íntima, constando de 20 exercícios:
- Executar alegremente as próprias obrigações. (A nossa felicidade depende da energia que iremos depositar nas coisas e atitudes que tomamos. Todos os nossos deveres e obrigações são importantes, portanto, devemos agir com entusiasmo e gratidão por nossas experiências, que só nos fortalecem e nos torna melhores.)
- Silenciar diante da ofensa. (Quando alguém lhe ofender ou ser injusto com você, não dê o troco. Apenas agradeça. Porque pior do que ser ofendido é ser o ofensor.)
- Esquecer o favor prestado. (Se fizer por algo, para e por alguém, não considere que fez uma grande ação, não se vanglorie. A verdadeira caridade é a manifestação do amor ao próximo genuíno, sem esperar algo em troca ou se envaidecer.)
- Exonerar os amigos de qualquer gentileza para conosco. (Nossos amigos, parentes, colegas ou pessoas próximas, não tem obrigação de agradecer ou retribuir as ações ou serviços que ofertamos. O ato de auxiliar o próximo, de qualquer maneira ou intenção, deve ser uma ação simples e um dever fraternal.)
- Emudecer a nossa agressividade. (A agressividade é uma reação psicológica, que nos envolve por emoções e reações impulsivas, causando brigas e desentendimentos. Se aprendemos a controlar nossas palavras e ações, é possível transformar a cólera em afabilidade e criar uma sintonia de paz ao nosso redor, que transbordará para outras pessoas.)
- Não condenar as opiniões que divergem da nossa. (Cada pessoa tem sua razão para agir ou pensar de forma peculiar. Cada um tem uma história de vida e suas crenças particulares. Condenar ou julgar os nossos semelhantes, damos a oportunidade de também sermos julgados na mesma medida. Ao respeitarmos as pessoas e suas opiniões, convivemos em harmonia com as diferenças e transformamos as relações humanas para a evolução.)
- Abolir qualquer pergunta maliciosa ou desnecessária. (Ao vigiarmos nossos pensamentos, palavras e ações, naturalmente, não nos deixamos envolver por intenções e vibrações maliciosas, passamos a focar na benevolência e criamos uma sintonia de harmonia e reciprocidade.)
- Repetir informações e ensinamentos sem qualquer azedume. (Se dispor a ensinar com dedicação e atenção, sem irritação ou indiferença, quantas vezes forem necessárias. Dedicar-se a transmitir os conhecimentos já adquiridos de forma sincera e atenciosa, proporciona melhor assimilação de quem as recebe e promove a troca de experiências, sempre temos algo a aprender.)
- Treinar a paciência constante. (Considerar que todas as adversidades e dificuldades são relevantes para o nosso aprendizado e a nossa evolução, nos torna mais pacíficos e resilientes. Ao observar com paciência e serenidade cada situação, entendemos o propósito Divino como uma nova oportunidade de promovermos mudanças e crescemos na escala da evolução.)
- Ouvir fraternalmente as mágoas dos companheiros sem biografar nossas dores. (Quando alguém nos procura para desabafar ou apenas compartilhar suas angústias, conceder-lhe a atenção fraterna, sem interrupção ou comentários sobre as nossas dores. Neste momento, ouça com carinho e compreensão, sem julgamentos. Na maioria das vezes, a pessoa só espera ser ouvida ou desabafar suas angustias. Ouvindo com carinho e atenção, aprendemos com as dores dos outros e nos sentimos útil na caridade com o próximo.)
- Buscar sem afetação o meio de ser mais útil. (Como mencionado acima, a vida nos proporciona inúmeras maneiras de sermos úteis. Não desperdicemos as oportunidades com a vaidade e o orgulho, buscando o reconhecimento ou evidências das ações. Faça pelo próximo em silêncio, a fim de não humilhar os que lhes dispensam a confiança.)
- Desculpar sem desculpar-se. (Devemos aprender com os nossos erros, da mesma forma, entender que os outros também erram e que estamos todos em processo de evolução. Aprendemos a desculpar os erros alheios e não nos culparmos pelos nossos próprios equívocos. Compreender os nossos erros para não cometermos novamente e continuar a jornada com mais leveza e fé.)
- Não dizer mal de ninguém. (Realmente, não sabemos tudo, muito menos quais os problemas as pessoas estão atravessando em suas vidas. Cada um dá o que tem de melhor, todos estamos no processo de aprendizagem e que entender que talvez tivéssemos a mesma atitude na mesma situação. Entender que somos Espíritos eternos, com erros e acertos para a evolução e harmonia do universo.)
- Buscar a melhor parte das pessoas que nos comungam a experiência. (Muitos dos defeitos que observamos nos outros é reflexo da nossa própria imperfeição. Treine as suas atitudes e pensamentos para enxergarmos e valorizarmos o lado positivo dos outros, desta forma, manifestamos apenas vibrações harmônicas e positivas.)
- Alegrar-se com a alegria dos outros. (Algumas pessoas têm até medo de compartilhar suas conquistas e alegrias por medo das baixas vibrações de algumas pessoas. Alegrar-se com a felicidade e plenitude do próximo, são gotas de solicitudes que resplandecem no universo.)
- Não aborrecer quem trabalha. (Todos temos formas diferentes de fazer as coisas, isso não significa que uma é melhor que a outra. Se na sua forma de ver, tem algum método que é melhor ou mais fácil para realizar o mesmo trabalho, isso pode ser feito de forma gentil e com amor, caso contrário, aproveite a oportunidade pra refletir: ‘porque quero interferir no trabalho do outro?’)
- Ajudar espontaneamente. (Quantas vezes nos são apresentadas oportunidades para ajudar, desde pequenas ações, como pegar um papel esquecido no chão e levar até uma lixeira logo a diante, como a de ajudar alguém com alguma dificuldade. Auxilie o próximo com sentimento de carinho e afabilidade, da mesma forma como quer ser ajudado em suas dificuldades.)
- Respeitar o serviço alheio. (A todo o momento, estamos oferecendo o melhor em nossos afazeres, seja na tarefa doméstica até no ambiente profissional. Valorizar e respeitar os outros na forma de condução de suas tarefas é a melhor forma de sermos respeitados e valorizados.)
- Reduzir os problemas particulares. (As provas fazem parte da vida e servem para nos ajudar a crescer na escala da evolução. Tudo que focamos fica maior, então, se destinarmos mais atenção às soluções dos problemas, veremos que a solução é simples e fácil, tanto é, que consideramos muito mais fácil darmos conselhos aos outros, porque não estamos vivendo os problemas, do que aplicarmos em nossas vidas.)
- Servir de boa mente quando a enfermidade nos fira. (Muitas são as dificuldades que passamos, mas temos que manter equilíbrio mental e emocional para que saibamos superá-las. Quando estamos adoentados, com fome ou cansados, temos que criar uma força interior para seguirmos com o mesmo carinho e atenção aos outros. Esse esforço maior amplia nossa devoção e nos engrandece como ser humano.)
Em Evolução para o Terceiro Milênio, Parte IV,cap 6,item 4, temos: “Três condições são necessárias à auto-educação. O conhecimento de si mesmo adquire-se pelo estudo da natureza humana, segundo os dados fornecidos pelas psicologias analíticas, e por meio do permanente exame de consciência, meditando-se nas próprias ações e motivos para decidir e agir com o intuito de corrigir o que parecer errado. Pode-se mesmo observar as fraquezas e defeitos alheios sem qualquer intenção de criticar já que cada um é responsável por si; vendo os efeitos do errôneo proceder, será mais fácil estudar-se pessoalmente e lutar por corrigir-se. O conhecimento do destino, oferecido pelo Espiritismo, leva, a saber, que a situação futura depende do atual estilo de vida e ajuda a dirigir a ação no sentido do bem geral. O conhecimento das qualidades a desenvolver e dos maus hábitos e obstáculos a remover auxilia a aprimorar-se. Em síntese, o esclarecimento intelectual é basicamente importante para enfrentar os próprios defeitos quando não queremos permanecer na estagnação. E conhecer as próprias imperfeições e fraquezas já é um “progresso admirável”, dizem André Luiz e o Irmão X (Estante da Vida).”
Na questão 919 do Livro dos Espíritos temos a brilhante resposta de Santo Agostinho à pergunta de Kardec:
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
- “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”
- a) — Conhecemos toda a sabedoria desta máxima; porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
- “Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticou durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que fez, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? “ Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.
“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses, nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas. Faça o balanço de seu dia moral, como o comerciante faz o de suas perdas e seus lucros; e eu vos asseguro que a primeira operação será mais proveitosa do que a segunda. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.
“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Ora, que é esse descanso de alguns dias, turvado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta é exatamente a ideia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.” SANTO AGOSTINHO.
Obs Kardec: Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos.
A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que as máximas, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.
No Cap. I do Livro Opinião Espírita psicografado por Chico Xavier, André Luiz comenta sobre essa questão:
“ O dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente melhor. Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima. Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário.
– Testa a paciência própria: – Estás mais calmo, afável e compreensivo?
– Inquire as tuas relações na experiência doméstica: – Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa?
– Investiga as atividades que te competem no templo doutrinário: – Colaboras com mais euforia na seara do Senhor?
– Observa-te nas manifestações perante os amigos: – Trazes o Evangelho mais vivo nas atitudes?
– Reflete em tua capacidade de sacrifício: – Notas em ti mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente?
– Pesquisa o próprio desapego: – Andas um pouco mais livre do anseio de influência e de posses terrestres?
– Usas mais intensamente os pronomes “nós”, “nosso” e “nossa” e menos os determinativos “eu”, “meu” e “minha”?
– Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros?
– Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da alma?
– Dissipaste antigos desafetos e aversões?
– Superastes os lapsos crônicos de desatenção e negligência?
– Estudas mais profundamente a Doutrina que professas?
– Entendes melhor a função da dor?
– Ainda cultivas alguma discreta desavença?
– Auxilias aos necessitados com mais abnegação?
– Tens orado realmente?
– Tuas ideias evoluíram?
– Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança?
– Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as mãos mais abençoadoras?
– Evangelho é alegria no coração: Estás, de fato, mais alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos? Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo!
Sopesa (suspender algo com as mãos para avaliar o peso) a existência hoje, espontaneamente, em regime de paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da dor.
Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida.
Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária.
Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois, quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil…
Nota-se portanto, a importância de nos auto conhecermos, e gostaria de frisar a importância da meditação, como meio pra tal! Hoje existem inúmeros aplicativos de meditação guiada, que podem nos auxiliar para criar o hábito dessa importante prática em nossas vidas.
Na Revista Reformador, de outubro de 1986, pela psicografia do médium Divaldo P. Franco, Joanna de Ângelis nos oferece a seguinte mensagem:
“NECESSIDADE DA MEDITAÇÃO
A meditação é recurso valioso para uma existência sadia e tranquila. Através dela o homem adquire o conhecimento de si mesmo, penetrando na sua realidade íntima e descobrindo inexauríveis recursos que nele jazem inexplorados.
Meditar significa reunir os fragmentos da emoção num todo harmonioso, que elimina as fobias e as ansiedades, liberando os sentimentos que encarceram o indivíduo, impossibilitando-lhe o avanço para o progresso.
As compressões e excitações do mundo agitado e competitivo, bem como as insatisfações e rebeldias íntimas geram um campo de conflito na personalidade que termina por enfermar o indivíduo, que se sente desagregado.
A meditação enseja-lhe a terapia de refazimento, conduzindo-o aos valores realmente legítimos pelos quais deve lutar.
Não se faz necessária uma alienação da sociedade; tampouco a busca de fórmulas ou de práticas místicas; ou a imposição de novos hábitos em substituições dos anteriores, para adquirir-se um estado de paz, decorrente da meditação.
Algumas instruções singelas são úteis para quem deseje renovar as energias, reoxigenar as células da alma e revigorar as disposições otimistas para a ação do progresso espiritual.
A respiração calma, profunda, e em ritmo tranquilo é fator preponderante para o exercício da meditação. Logo após, o relaxamento dos músculos, eliminando os pontos de tensão nos espaços físicos e mentais, mediante a expulsão da ansiedade e da falta de confiança.
Em seguida, manter-se sereno, imóvel quanto possível, fixando a mente em algo belo, superior e dinâmico, qual o ideal de felicidade, além dos limites e das impressões objetivas.
Esse esforço torna-se uma valiosa tentativa de compreender a vida, descobrir o significado da existência, da natureza humana e da própria mente.
Por esse processo, há uma identificação entre a criatura e o Criador, compreendendo, então, quem se é, porque e para que se vive.
Não é momento de interrogação do intelecto, o da meditação; é de silencio.
Não se trata de fugir da realidade objetiva; mas de superá-la.
Não se persegue um alvo à frente; antes se harmoniza no todo.
Não se aplicam métodos complexos ou conceitos racionais; porém, anula-se a ação do pensamento para sentir, viver e tornar-se luz.
O indivíduo, na sua totalidade, medita, realiza-se, libera-se da matéria, penetrando na faixa do mundo extrafísico.
Os pensamentos e sentimentos, inicialmente, serão parte da meditação, até o momento em que já não lhe é necessário pensar ou aspirar, mas apenas ser.
HABITUA-TE à meditação, após as fadigas.
Poucos minutos ao dia, reserva-os à meditação, à paz que renova para outros embates.
Terminado o teu refazimento, ora e agradece a Deus a benção da vida, permanecendo disposto para a conquista dos degraus de ascensão que deves galgar com otimismo e vigor.”
E aproveitando o gancho, já podemos nos lembrar da suma importância da oração e vigilância, à que Cristo se refere e também verificamos no livro O consolador: “ Se é justo esperarmos no decurso do nosso roteiro de provações na Terra, por determinadas dores, devemos sempre cultivar a prece?
— A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a distribuição dos benefícios divinos.
Precisais compreender isso, aceitando todas as dores com nobreza de sentimento.
A prece não poderá afastar os dissabores e as lições proveitosas da amargura, constantes do mapa de serviços que cada Espírito deve prestar na sua tarefa terrena, mas deve ser cultivada no íntimo, como a luz que se acende para o caminho tenebroso, ou mantida no coração como o alimento indispensável que se prepara, de modo a satisfazer à necessidade própria, na jornada longa e difícil, porquanto a oração sincera estabelece a vigilância e constitui o maior fator de resistência moral, no centro das provações mais escabrosas e mais rudes.
Lembrando também o que consta no item 7 do Cap XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo: “…O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação…”
Outro fator muito importante para o equilíbrio da mente, corpo e espírito é a preparação para o sono, lembrado que o sono é o momento que nos libertamos do corpo físico: “ Durante o sono, a alma repousa como o corpo? Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos (Questão 401 do Livro dos Espíritos.
Em Evolução para o Terceiro Milênio, Parte II, cap 4, item 11, Subitem C, temos “…O espírito será atraído para regiões e companhias que se harmonizam com os seus desejos e intenções, ou seja, impulsos predominantes. Ali com elas, procurará e achará satisfação adequada ao seu gosto, bem como lições concordes com as intenções manifestadas. Haverá intercâmbio de emoções, aprendizado de doutrinas, acerto de trabalhos, sugestões variadas, etc. pois entrará em contato com espíritos semelhantes a ele. Subirá mais ou se degradará mais, conforme queira. Assim, o lúbrico terá entrevistas eróticas de todos os tipos, o avarento tratará de negócios rendosos usando a astúcia, a esposa queixosa encontrará conselhos contra o marido, e assim por diante. Inimigos entram em luta; amigos reforçam amizades, aprendizes fazem cursos, cooperadores trabalham nos campos prediletos; e vai por aí.”
Eis então a importância de se preparar para dormir, fazer uma boa leitura, tomar um chá calmante, um banho relaxante, procurar não se agitar com notícias ruins, discussões e assuntos que geram ansiedades. Evitar a televisão e o uso de celular, próximo ao horário de dormir se faz muito necessário. Passamos 1/3 de nossas vidas em desdobramento, portanto devemos nos atentar para esse quesito, que pode ser melhor estudado em outras fontes.
Conclusão
A vivência da paciência solicita de você o treino para o autodomínio. Alguns pontos para esse treinamento podem ser considerados:
1.Coloque suas emoções negativas para fora: irritação, cólera, ansiedade, medo.
- Canalize a exteriorização das emoções negativas de forma positiva e construtiva: saia para dar uma volta, arrume uma gaveta ou armário, plante uma árvore, cuide de um vaso de flores ou folhagem, visite um doente, ouça uma música suave.
- Não deixe a cólera crescer:
- lembre-se de que você é um Espírito eterno e imortal e a cada momento tudo se transforma. Por que se agarrar a coisas, situações e pessoas do momento?
- você sabe que a impaciência representa um fator de ameaça à sua saúde: espiritual e física. Não deixe, então, que essa fagulha emocional se transforme em um incêndio avassalador. Claro que você não vai ficar friamente assistindo a erros, enganos e falsidades ou sendo por eles envolvidos. Mas, tenha em mente que a cólera, a irritação, os gritos, os gestos bruscos, as agressões verbais ou físicas nunca resolverão os problemas;
- o que impacientou você pode ser corrigido? Se pode, por que, então, irritar-se ou encolerizar-se?;
- se você se desentendeu com alguma pessoa: no lar, no ambiente de trabalho ou em qualquer grupo social e suas emoções se desequilibraram, é melhor não falar no momento; se possível saia do local, pois estabelecido o debate ao calor da irritação ou da cólera, não chegará a bom resultado.
Primeiro esfrie a cabeça, reequilibre as emoções após, estabeleça dialogo compreensivo e construtivo em busca da solução desejada; - Esforce-se para conseguir autodomínio equilibrado. Controle as emoções negativas, mas você deve exteriorizar e expandir as emoções positivas. Construa, com a educação espiritual, um filtro de emoções que permita a passagem de emoções positivas e retenha as negativas.
- Use a paciência como força ativa na construção do se bem-estar físico e espiritual.
- Organize uma lista das suas emoções negativas: cólera irritação, medo, angústia e, gradativamente, procure diminuí-las.
- Organize um plano especifico para desenvolver as suas boas emoções e sentimentos, incluindo treino para o exercício da paciência em manifestações passivas e ativas.
- Cultive o autodomínio Você ampliará o “estado emocional de perseverança tranquila” para a solução dos seus problemas.
- Exercite a meditação e a oração. Elas são fundamentais para a vivência da paciência
“Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados de filhos de Deus.” Jesus (Mateus, 5:5.)
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.” (Evangelho Segundo o Espiritismo Cap XVII item 4).
Fontes:
– Bíblia Sagrada
– O Consolador – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel
– Evolução para o Terceiro Milênio – Carlos Toledo Rizzini
– O evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
– O livro dos Espíritos – Allan Kardec
– Rumo certo, cap 6 Diante da paz – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel
– Calma – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel
– Palavras de vida eterna – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel
– Vinha de Luz – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel
– Opinião Espírita – Francisco Candido Xavier, pelo espírito André Luiz
– Missionários da Luz – Francisco Candido Xavier, pelo espírito André Luiz