Perdão e Libertação – palestra 30.06.21
PERDÃO E LIBERTAÇÃO
Estudo CELC 30.6.21 – Ellen
I – DA INTRODUÇÃO
“Perdoar significa não acumular rancor, mágoa, ódio” (Livro: “Esperança e Vida”, Autores Espirituais diversos, psicografia de Chico Xavier / Carlos A. Baccelli, Cap. 17: “O perdão liberta”, do Espírito Odilon Fernandes).
“Perdoarás, reconhecendo que poderias estar no lugar dele” (Livro: HOJE, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Cap. 13: “Perdoarás”).
“O perdão é o único antibiótico mental suscetível de extinguir as infecções do ressentimento no organismo do mundo”. (Livro: MÃOS UNIDAS, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 37 – A ESTRANHA CRISE).
Pela “realidade da lei de sintonia, pela qual sabemos que o ímã de atração das nossas companhias está no campo de nossa própria alma, não será lícito esquecer que o trabalho de nossa libertação e reequilíbrio depende positivamente de nós”. (Livro: ENCONTRO MARCADO, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 36: Libertação Espiritual).
“Perdão pode ser comparado à luz que o ofendido acende no caminho do ofensor. Por isso mesmo, perdoar, em qualquer situação, será sempre colaborar na vitória do amor, em apoio de nossa própria libertação para a vida imperecível”. (Livro: AULAS DA VIDA, de Autoria de Espíritos diversos, psicografada por Chico Xavier, Capítulo 16: “VANTAGENS DO PERDÃO”, autoria de Emmanuel).
II.- DO PERDÃO COMO FORMA DE SE PRATICAR A CARIDADE
Mateus 5: 23-24: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.”
Emmanuel (Livro PÃO NOSSO, Capítulo 120: “Conciliação”, psicografia Chico Xavier) nos ensina que a palavra do Senhor — “concilia-te”, equivale a dizer “faze de tua parte”. Ou seja, corrige quanto for possível, relativamente aos erros do passado, movimenta-te no sentido de revelar a boa vontade perseverante. Insiste na bondade e na compreensão.
Mateus 6:12: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
E, como é que nós nos dirigimos ao senhor e dizemos perdoai as nossas dividas assim como perdoarmos aos nossos devedores, se não temos disposição de perdoar os nossos devedores? Mas, pedimos a Deus que só nos perdoe na medida em que perdoamos os outros. Sendo que Jesus falou: “a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27).
Então (conforme nos ensina o ESE, Capítulo 10, item: 6), quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não é somente objetivando apaziguar as discórdias no curso da nossa atual existência; é, principalmente, para que elas se não perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, diz ele, enquanto não houverdes pago até o último centavo, isto é, enquanto não houverdes satisfeito completamente a justiça de Deus.
A palavra perdoar decorre de 2 (dois) termos latinos: “per” e “donare”.
“Donare”: é “doar”.
“Per”: é um prefixo que indica “além de”.
“Perdonare” ou perdoar é dar além, é fazer algo mais. É justamente o que Jesus nos ensinou no “SERMÃO DA MONTANHA” ao falar em Lucas 6:29-31:
“Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses. E dá a qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também.”
Quando Cristo nos diz: quando alguém te bater numa face, dá também a outra, está dizendo para darmos além (“perdonare”). E quando Cristo diz: “aquele que te pedir caminhar mil passos com ele, caminha mais mil” (Mateus, 5:41), é para darmos além, isto é, perdoar. “Aquele que te pedir a capa dá também a túnica” (Lucas 6:29), ou seja, perdoe.
ESE, Cap. 12, item 7: … Por essas palavras, Jesus não proibiu a defesa, mas condenou a vingança. Dizendo-nos que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que é mais glorioso para ele ser ofendido do que ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado, do que enganar, ser arruinado do que arruinar os outros.
Aliás, o perdão é uma das formas de fazer a caridade, conforme nos ensina o Livro dos Espíritos na questão 886:
“886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O Espírito Simeão, no Cap. 10, item 14, do ESE, sobre perdão nos ensinou: “Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. (…) Cuidai, portanto, de eliminar todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo”.
Paulo, o Apóstolo, no Cap. 10, item 15, do ESE, sobre perdão nos ensinou: “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência?”
Por isto Jesus nos disse para que antes de irmos ao templo levar a nossa oferenda, que nos reconciliássemos com os nossos adversários, pois:
“… se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam.
E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E, se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.
Amai, pois, a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso”.
Lucas, 6:32-36.
III. – DO PERDÃO AOS OUTROS PARA QUE OS NOSSOS PECADOS SEJAM PERDOADOS
“… Para se dirigirem a Deus, só existe uma senda – a caridade. Mas não há caridade sem esquecimento das ofensas e das injúrias, não há caridade com ódio no coração e sem perdão” – ESE, Cap. 14, item 9: A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família.
O livro PAI NOSSO, Autoria Espiritual de Meimei, psicografado por Chico Xavier, no Capítulo, 26: “PERDOA AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES”, pág. 36, nos ensina que:
Quando pronunciamos as palavras “perdoa as nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, não apenas estamos à espera do beneficio para o nosso coração e para a nossa consciência, mas estamos igualmente assumindo o compromisso de desculpar os que nos ofendem.
Todos possuímos a tendência de observar com evasivas (desculpas) os grandes defeitos que existem em nós, reprovando, entretanto, sem exame, pequeninas faltas alheias.
Por isso mesmo Jesus, em nos ensinando a orar, recomendou-nos esquecer qualquer mágoa que alguém nos tenha causado. Se não oferecermos repouso à mente do próximo, como poderemos aguardar o descanso para os nossos pensamentos?
Será justo conservar todo o pão, em nossa casa, deixando a fome aniquilar a residência do vizinho? A paz é também alimento da alma, e, se desejamos tranquilidade para nós, não nos esqueçamos do entendimento e da harmonia que devemos aos demais.
Quando pedirmos a tolerância do Pai Celeste em nosso favor, lembremo-nos também de ajudar aos outros com a nossa tolerância. Auxiliemos sempre.
Se o Senhor pode suportar-nos e perdoar-nos, concedendo-nos constantemente novas e abençoadas oportunidades de retificação, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão e o amor, em benefício dos que nos cercam.
O livro ALMAS EM DESFILE, de Autoria Espiritual de Hilário Silva, na 2ª Parte, no Capítulo 16: NÃO PERDOAR, psicografado por Chico Xavier, nos consta a seguinte ocorrência:
Bezerra de Menezes, já devotado à Doutrina Espírita, almoçava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiuva, o grande republicano, e o assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a interessar-se.
Em meio da conversa, aproxima-se um serviçal e comunica ao dono da casa:
— Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial.
Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspão, que, por pouco, não lhe atingiu a cabeça, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo.
— Manda-o entrar — ordenou o político.
— Doutor — roga o moço preso, em lágrimas —, perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos… Compadeça-se! Não tinha qualquer má intenção… Se o senhor me processar, que será de mim? Sua desculpa me livrará! Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não incomodarei o senhor…
O notável político, zeloso da própria tranquilidade, respondeu:
— De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudência, não ficará sem punição.
Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou, à procura de resposta indireta:
— Bezerra, eu não perdoo, definitivamente não perdoo…
Chamado nominalmente à questão, o amigo (Dr. Bezerra) exclamou desapontado:
— Ah! você não perdoa!
Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou, irritado:
— Não perdoo erro. E você acha que estou fora do meu direito?
O Dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:
— Meu amigo, você tem plenamente o direito de não perdoar, contanto que você não erre…
A observação penetrou Quintino como um raio.
O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe caía em bagas (em gotas), tornou à cor natural, e, após refletir alguns momentos, disse ao policial:
— Solte o homem. O caso está liquidado.
E para o moço que mostrava profundo agradecimento:
— Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa.
Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversação no ponto em que haviam ficado.
IV – DOS EFEITOS DO PERDÃO
“Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; — mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados.” – Mateus, 6:14-15.
Para explicar esta passagem do Evangelho (Mateus 6:14-15: “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas também vosso Pai Celestial vos perdoará a vós…”) pegamos um trecho do livro AULAS DA VIDA, de Autoria de Espíritos diversos, psicografada por Chico Xavier, que no Capítulo 16: “VANTAGENS DO PERDÃO”, ditado por Emmanuel, nos ensina que:
“Quando Jesus nos exortou ao perdão não nos induzia exclusivamente ao aprimoramento moral, mas também ao reconforto íntimo, a fim de que possamos trabalhar e servir, livremente, na construção da própria felicidade.
Registremos alguns dos efeitos imediatos do perdão nas ocorrências da vida prática.
– Através dele, ser-nos-á possível promover a extinção do mal, interpretando-se o mal por fruto de ignorância ou manifestação de enfermidade da mente;
– Impediremos a formação de inimigos que poderiam surgir e aborrecer-nos indefinidamente, alentados por nossa aspereza ou intolerância;
– Liberar-nos-emos de qualquer perturbação no tocante a ressentimento;
– Imunizaremos o campo sentimental dos entes queridos contra emoções, ideias, palavras ou atitudes suscetíveis de marginalizá-los, por nossa causa, nos despenhadeiros da culpa;(…)
– Impeliremos o agressor a refletir seriamente na impropriedade da violência;
– Adquiriremos a simpatia de quantos nos observem, levando-os a admitir a existência da fraternidade, em cujo poder dizemos acreditar.
Quantos perdoem golpes e injúrias, agravos e perseguições apagam incêndios de ódio ou extinguem focos de delinquência no próprio nascedouro, amparando legiões de criaturas contra o desequilíbrio e resguardando a si mesmos contra a influência das trevas.
O livro PAI NOSSO, Autoria Espiritual de Meimei, psicografado por Chico Xavier, no Capítulo, 27: “O PERDÃO JUSTO”, pág. 37, nos conta que:
Em certa cidade europeia, um homem ignorante, considerado malfeitor, foi condenado à morte na forca. O juiz fora severo no julgamento. Afirmava que o infeliz era grande criminoso e que só a pena última podia solucionar-lhe a situação.
Alguns dias antes do enforcamento, o magistrado veio ao cárcere, em companhia de um filho, jovem alegre e de bom coração que, em se aproximando de velho soldado, pôs-se a examinar-lhe a arma de fogo.
Sem que o rapaz pudesse refletir no perigo do objeto que revirava nas mãos, um tiro escapou, rápido, e, com espanto de todos, a bala, em disparada, alojou-se num dos braços do condenado à morte, que observava a cena, tranquilamente da grade.
Banhado em sangue, foi socorrido pelo juiz e pelos circunstantes e, porque a palavra do magistrado fosse dura e cruel para o filho irrefletido, o prisioneiro lembrou os ensinamentos de Jesus, ajoelhou-se aos pés do visitante ilustre e suplicou-lhe desculpas para o moço em lágrimas, afirmando que o jovem não tivera a mínima intenção de magoá-lo.
O juiz notou a profunda sinceridade da rogativa e, em silêncio, passou a reparar que o condenado era portador de nobre coração e de inexprimível bondade. No dia imediato, promoveu medidas para a revisão do processo que lhe dizia respeito e, em pouco tempo, a pena de morte era comutada para somente alguns meses de prisão.
Perdoando ao rapaz que o ferira, o prisioneiro encontrou o perdão justo para as suas faltas, conseguindo, desse modo, recomeçar a vida, em bases mais sólidas de paz, confiança, trabalho e alegria.
V– DAS CONSEQUÊNCIAS DO NÃO PERDÃO (QUANDO NÃO PERDOAMOS)
O CONSOLADOR, 337. — “Concilia-te depressa com o teu adversário.” (Mateus 5:25) — Essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
— Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no coração
ESE, CAP.10. item 15, Paulo, o Apóstolo: “O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas, o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade.”
ESE, CAP.10. item 6, nos diz que: Na prática do perdão, e na do bem em geral, não há somente um efeito moral, há também um efeito material.
A morte, como sabemos, não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem, muita vezes com seu ódio, no além-túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor (…).
O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições.
Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão.
O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, a que provavelmente deram motivo por sua conduta.
Deus o permite para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando.
Importa, pois, do ponto de vista da tranquilidade futura, que cada um repare, quanto antes, os agravos que haja causado ao seu próximo, que perdoe aos seus inimigos, a fim de que, antes que a morte lhe chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda causa profunda de animosidade posterior.
Por essa forma, de um inimigo obstinado neste mundo se pode fazer um amigo no outro; pelo menos o que assim procede coloca o bom direito do seu lado e Deus não deixa que aquele que perdoou ser alvo de vingança.
No tocante à falta de perdão e consequente obsessão que se perpetua em várias existências, citamos um caso narrado por André Luiz, psicografado pelo Chico Xavier no livro “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”, no Capítulo 10, Págs. 85/94, a saber:
Uma moça casada que juntamente com seu marido, foram no Centro buscar ajuda. No Centro ela começou a falar o que seu obsessor dizia, tratando-se de simbiose em desespero. O Instrutor Áulus explicou que o obsessor foi seu pai adotivo, em existência anterior, e que por não aceitar seu noivado e iminente casamento com o homem (que na existência atual é também o seu marido), tudo fez para demovê-la de tal pretensão. O pai acreditava que o pretendente queria apenas seu dinheiro (eis que era um viúvo rico e apenas tinha a moça como filha adotiva). Por perceber que tudo era em vão, o pai adotivo decidiu deserdá-la. O noivo descobriu isto e induziu a filha a matar o pai, através de pequenas doses de veneno diariamente. A moça, no anseio de desfrutar prazeres, matou o pai em duas semanas. Não foi feliz, tendo sido reduzida a miséria moral e física, pois o esposo logo se mostrou um libertino e jogador inveterado. E, também, sofreu a perseguição do pai.
Ela reencarnou e pelo mapa de provas estava programado que ela e o marido se casariam novamente, e o pai viria depois, como filho do casal. O pai a influenciava à distância, de forma que durante toda a infância e puberdade a moça sofria desequilíbrios ocultos, como insatisfação e melancolia, e passava por vários tratamentos médicos e até cirurgia na tireoide, tudo sem êxito. Até que conheceu o rapaz e se casou.
Logo ficou grávida, e ao sentir-lhe a aproximação foi tomada de medo e repulsa, provocando aborto, com violência. Foi o que propiciou a mais ampla influência do obsessor na vida conjugal e ela passou a ter inúmeras crises histéricas e ter repulsa do marido até ficar realmente demente e ser internada em casa de saúde, sofrendo com tratamento de eletrochoque, sem melhora alguma. Quando então, o marido decidiu levá-la ao Centro Espírita. No atendimento feito a ela, o obsessor foi retirado, mas caberá à moça buscar a renovação mental, a aquisição de conhecimento, para que, pouco a pouco, possam – ela o obsessor – aprenderem a perdoar e desatarem as amarras da obsessão.
No livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, Carlos Toledo Rizzini, Parte II, Capítulo 5, DESEQUILÍBRIOS (ENFERMIDADES), item 19: Moléstias Mentais, alínea “b”: Consequências, subitem: EMERSÃO DE LEMBRANÇAS DO PASSADO, pág. 188, nos explica que:
Outra forma de distúrbio psíquico provém da emersão (trazer à tona) de recordações do passado, tornando o indivíduo fortemente desarranjado. Lembranças arquivadas alcançam percepção consciente em forma de imagens. A situação, pouco difundida, é particularmente observada em velhos, pois o desgaste natural favorecido pelo tempo e pelas lutas enfraquece a matéria e afrouxa os laços que unem espírito e corpo, facilitando a exteriorização de recordações.
Um exemplo é o do senhor de 80 anos, bondoso e tranquilo, que residia com um dos filhos casados e a nora (a Lei reúne agora os que outrora se enlearam voluntariamente nas cadeias do mal).
Um dia, sem mais nem menos, começou a esconder-se no quarto, trancando-se e a recusar os alimentos. A outro filho, que o visitava, confidenciou que o casal queria matá-lo para ficar com o dinheiro dele (que era pouco), pelo que lhe envenenavam a comida. Durante algum tempo as coisas ficaram assim, o velho só comendo fora ou da mão do outro filho. Certo dia chamou a polícia e pediu garantias de vida, acusando o casal de tentativa de envenenamento.
Foi preciso interná-lo em sanatório – onde logo se normalizou de reminiscências emergentes, oriundas de um passado no qual o que temia agora sucedera então. Cumpre atentar para o fato de que voltam ao consciente também as emoções e sensações outrora experimentadas, pelo que o doente se comporta como se estivesse vivendo realmente o fato; não percebe, em vista do descontrole mental, que ele já sucedeu há muito tempo.
Também parte das alucinações dos doentes mentais é explicável por esse mecanismo.
O sujeito revê frequentemente cenas que viveu antes, infelizes, e sofre deveras. É o caso do homem que, após vender pequeno terreno, vivia chorando e acusando-se de “tirar o pão da boca dos filhos”, o que fizera em vida anterior.
Nesses casos, os sintomas psicopáticos originam-se de lembranças gravadas no perispírito e que se manifestam agora pelo desgaste natural do organismo, libertando o espírito parcialmente dos liames físicos; enquanto há forças e saúde, vai tudo bem na matéria…
Outro exemplo de emersão do passado, por falta de perdão, é o que nos foi apresentado por André Luiz, no livro “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”, psicografado pelo Chico Xavier, no Capítulo 22, Págs. 209/216, a saber:
Uma Senhora foi buscar auxílio na Casa Espírita, porque para a família, para os médicos psiquiatras era como se ela tivesse uma personalidade diferente, era uma candidata ao eletrochoque. Mas, na realidade ela fixou suas forças emotivas no sofrimento, no rancor, no ódio decorrentes da crueldade praticada por seu obsessor em existência passada, gerando uma cristalização mental tão forte, que superou o choque biológico do renascimento no corpo físico, prosseguindo quase que intacta.
De forma que, quando o mesmo se aproximou dela, ela passou a comportar-se como se estivesse ainda no passado. A senhora pensa que exterioriza uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma. Raul Silva, dirigente da Casa Espírita, orou com esta senhora, a oração dominical rogando a ela que perdoasse os inimigos e, em lágrimas, a “enferma desligou-se das impressões que a imobilizavam no pretérito, tornando à posição normal”.
VI – DO CONTRÁRIO DO PERDÃO: A VINGANÇA, O RESSENTIMENTO
O ESE, no Cap. 12, item 9, nos ensina que a vingança é um dos últimos resíduos dos costumes bárbaros. A vingança é um índice seguro do atraso dos homens que a ela se entregam, e dos Espíritos que ainda podem inspirá-la. A vingança é contrária ao preceito do Cristo: “perdoai aos vossos inimigos”; de forma que aquele que se recusa a perdoar, não somente não é espírita, como também não é cristão.
LE, 887. “Disse Jesus também: Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário as nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?”
“- Sem dúvida, não se pode ter pelos inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus quis dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. Por este meio nos tornamos superiores a eles; pela vingança, colocamo-nos abaixo deles.”
Consolador. 340. — Perdão e esquecimento devem significar a mesma coisa?
— Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o Espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância.
Aliás, a própria lei da reencarnação nos ensina que só o esquecimento do passado pode preparar a alvorada da redenção.
O Livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, Carlos Toledo Rizzini, Parte II, Capítulo 5, DESEQUILÍBRIOS (ENFERMIDADES), item 20: Obsessão, alínea “e”: Modalidades, subitem 8º: “Vingança”, pág. 235, nos explica que:
VINGANÇA: O desforço pessoal – “fazer justiça pelas próprias mãos” – é a grande causa de obsessão e da pior espécie. Aquele que foi vítima aparentemente frágil e indefesa, uma vez posta em liberdade pela morte do corpo físico, na maioria dos casos empreende severa perseguição contra o antigo carrasco. Pode durar mais de uma vida, criando uma cadeia de erros. Os próprios “justiceiros” sofrem muito com a situação e o encarniçamento contra o seu inimigo não lhe traz a alegria que esperava colher.
O livro CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA, de Autoria de Irmão X (Humberto de Campos), psicografada por Chico Xavier, Capítulo 23: “Eles viverão”, nos ensina que:
Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros (guardas) do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante (caluniador).
Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o sol causticante (ardente).
Avançando ao pé do grande templo, na mesma praça enorme em que Estêvão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.
Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido (desprezado).
Declaram-no embusteiro (impostor), malfeitor e ladrão.
Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.
— “À morte! à morte!…”
Centenas de vozes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.
O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.
Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.
Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe (confortar-lhe) o pranto.
De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.
Por que a tempestade? Por que a infâmia (calúnia) soez (desprezível, vil)? O pobre amigo morto era justo e leal…
Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.
Como desejaria ouvir o Mestre agora!… que diria Jesus do terrível sucesso?!…
Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.
É o mesmo companheiro de semblante divino.
Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:
— Senhor! Somos todos contados entre os vermes do mundo!… porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune… A calúnia feroz espia-nos o passo…
E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos:
— Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…
— Senhor! — retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido — não renego o madeiro, mas clamo contra os maus… Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? Que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?
E Jesus respondeu, sereno, como outrora:
— Jamais amaldiçoes… Joreb vai viver…
— E Amenab, Senhor? Que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?
— Esqueçamo-lo em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente…
E Joachim Ben Mad? Não foi ele, talvez, o inspirador do crime? O carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?
— Foge de condenar, Joachim vai viver…
— E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?
— Olvidemos Amós, porque Amós vai viver…
— E Herodes, o rei vil, que nos condena à morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?
Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente:
— Repito-te, outra vez, que quem fere, ante a lei será também ferido… (“Então Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que tomam a espada, morrerão à espada” – Mateus 26:52)
A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida…
Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos.
Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação…
O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz…
O livro “NO MUNDO MAIOR”, de ANDRÉ LUIZ, psicografia de CHICO XAVIER, CAPÍTULO 4: “ESTUDANDO O CÉREBRO”, nos conta que a Equipe de Calderaro (que é um Assistente Espiritual especialista em psiquiatria e que faz atendimentos na Terra) vai a um hospital terrestre, levando André Luiz, para socorrer um homem enfermo e ao mesmo tempo estudar o cérebro doentio dele e da entidade que o obsidia.
É narrado o caso do Pedro (encarnado internado), que há vinte anos, aproximadamente, pôs fim ao corpo físico do amigo Camilo.
Pedro era empregado de Camilo num comércio de quinquilharias desde a infância e ao atingir a maioridade exigiu de Camilo os direitos trabalhistas desse período.
Camilo negou-se a fazer acordos pelo período passado, dizendo que o tinha na conta de um filho, com quem ele teve gastos na infância e juventude, mas que dali em diante lhe propiciaria vantajosa e substancial posição.
Pedro não aceitou e começou rudes trocas de ofensas culminando no assassinato de Camilo.
Camilo, desencarnado, começou a ideia de vingança do seu assassino, passando, severamente, a segui-lo. Pedro passou a viver com um grande remorso, apesar de cuidar bem dos familiares.
Atualmente, Pedro se encontra internado num hospital, tendo Camilo como companhia numa obsessão violenta que lhe deixa o cérebro desequilibrado. Numa espécie de obsessão mútua.
Calderaro explica: “Temos aqui dois amigos de mente fixada na região dos instintos primários.
O encarnado, depois de reiteradas vibrações no campo de pensamento, em fuga da recordação e do remorso, arruinou os centros motores, desorganizando também o sistema endócrino e perturbando os órgãos vitais.
O desencarnado converteu todas as energias em alimento da ideia de vingança, acolhendo-se ao ódio em que se mantém foragido da razão e do altruísmo.
Outra seria a situação de ambos se houvessem esquecido a queda, reerguendo-se pelo trabalho construtivo e pelo entendimento fraternal, no santuário do perdão legítimo.”
Calderaro explica, também, que: “Jesus tinha sobradas razões recomendando-nos o amor aos inimigos e a oração pelos que nos perseguem e caluniam. Não é isto mera virtude, senão PRINCÍPIO CIENTÍFICO DE LIBERTAÇÃO DO SER, DE PROGRESSO DA ALMA, DE AMPLITUDE ESPIRITUAL: no pensamento residem as causas.
Época virá, em que o amor, a fraternidade e a compreensão, definindo estados do espírito, serão tão importantes para a mente encarnada quanto o pão, a água, o remédio; é questão de tempo.”
VII. – DA LIBERTAÇÃO
“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.” – Lucas 6:37.
“Tudo que ligardes na terra será ligado no céu e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. – Mateus 18:18
Ou seja, se eu perdoar, mas o outro não, eu desligarei. Deus vai desligar os fluidos, vai libertar . No ESE, Cap. X, item 6: “Deus não consente que aquele que perdoou sofra qualquer vingança.”
Jesus através da PARÁBOLA DO CREDOR INCOMPASSIVO (Mateus, 18.23-35), nos fala sobre o perdão e a libertação.
“Por isso, o reino dos céus pode comparar-se a certo rei que quis fazer contas com os seus servos. E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo:
Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe:
Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.”
Nesta parábola, o devedor devia uma imensa quantia (dez mil talentos) e sendo ameaçado de ser vendido, juntamente com sua mulher, filhos, e todos os seus bens, para pagamento da dívida, ele pediu uma moratória. E o rei perdoou a dívida e não o vendeu, e o deixou livre.
Esse rei demonstrou possuir sentimentos nobres como misericórdia, tolerância, generosidade, ao perceber as dificuldades do endividado.
É o que Jesus nos ensina em Mateus 7:12: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”
Porém, assim não agiu o servo devedor, porque ao encontrar um conservo, que lhe devia uma quantia bem inferior (cem dinheiros), para reaver o seu dinheiro, o mandou para prisão. Sabendo disso o rei mandou que o entregassem aos seus algozes, até que pagasse tudo o que devia.
Ou seja, quando eu perdoo, eu me liberto. Quando eu não perdoo, eu fico sob o jugo dos meus inimigos, até eu me libertar pela reparação, pelo reequilíbrio. Quanta dor e dificuldade eu sofro hoje simplesmente porque eu não perdoei aos outros ou a mim mesmo.
LE, 661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?
“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, porque os atos valem mais que as palavras.”
– É IMPORTANTE PERDOAR PARA NÃO SOFRERMOS NO CORPO FÍSICO A DOR QUE SENTIMOS NO PASSADO.
VIII. – DO AUTOPERDÃO
LE, 764. Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Essas palavras não consagram a pena de talião e, assim, a morte dada ao assassino não constitui uma aplicação dessa pena?
“Tomai cuidado! Tendes-vos enganado a respeito dessas palavras, como acerca de muitas outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Mas não vos disse ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houverdes perdoado? Compreendei-o bem.
Ezequiel 33:11: “Juro por mim mesmo, diz o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, mas desejo que o ímpio se converta, que deixe o mau caminho e que viva”
Allan Kardec no livro O Céu e o Inferno, 1ª Parte, Cap. VII: As penas Futuras Segundo o Espiritismo”, item: “CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA”, ensina que o arrependimento, embora seja o primeiro passo, não basta. É preciso ajuntar ao arrependimento a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, pois, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
16º) O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento.
O arrependimento suaviza as dores da expiação, dando esperança e preparando as vias da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo a causa; o perdão seria uma graça e não uma anulação.
17º) O arrependimento pode ocorrer em todo lugar e a qualquer tempo; se for tardio, o culpado sofre por mais longo tempo.
A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente, seja, após a morte, na vida espiritual, seja numa nova existência corpórea, até que os traços da falta sejam apagados.
A reparação consiste em fazer bem àquele a quem se fez mal. Quem não repara suas faltas nesta vida, por impotência ou má vontade, encontrar-se-á, numa existência ulterior, em contato com as mesmas pessoas que tiveram queixas dele, e em condições escolhidas por ele mesmo, de maneira a poder provar-lhes sua dedicação, e fazer-lhes tanto bem quanto lhes fez mal.
Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efetivo; neste caso, a reparação se realiza: fazendo o que se devia fazer e que não se fez, cumprindo os deveres que foram negligenciados ou ignorados, as missões nas quais se falhou; praticando o bem contrário ao que se fez de mal: isto é, sendo humilde se foi orgulhoso, terno se foi duro, caridoso se foi egoísta, benevolente se foi malevolente, laborioso se foi preguiçoso, útil se foi inútil, temperante se foi dissoluto, um bom exemplo se deu mau exemplo, etc. É assim que o Espírito progride tirando proveito de seu passado.
O Consolador, 336. — O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por determinadas provas?
— A oportunidade de resgatar a culpa já constitui, em si mesma, um ato de misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz maravilhosa da vida. Estendendo, todavia, a questão à generalidade das provas, devemos concluir ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados” (1ª Carta Pedro, Cap. 4, versículo 8), traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito.
IX – DO AUTOPERDÃO CONQUISTADO POR JUDAS ISCARIOTES
Na BÍBLIA SAGRADA no Evangelho de MATEUS, no Capítulo 27, versículos 1-5, é narrado o suicídio de Judas:
“E, chegando a manhã, todos os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o matarem. E maniatando-o (atando as mãos, prendendo-o), o levaram e entregaram ao presidente Pôncio Pilatos.
Então, Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos.
Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo.
E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.”
Consumado o gesto da traição Judas não suportou o arrependimento e se suicidou, consumando outra falta. Porque se libertou do corpo físico, mas não de suas angústias, pois, conforme dito acima, três são as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências: arrependimento, expiação e reparação.
No livro “BOA NOVA“, de HUMBERTO DE CAMPOS, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 24, intitulado “A ILUSÃO DO DISCÍPULO” é narrado o porquê de Judas ter traído Jesus, e o seu suicídio.
Judas pensava que Jesus era demasiado simples e bom para quebrar o jugo tirânico que pesava sobre Israel, a fim de abolir a escravidão que oprimia o povo judaico (que se intitulava de povo eleito de Deus).
Judas via que as pregações evangélicas de Jesus eram feitas entre as pessoas mais ignorantes e no seu entender desclassificadas (leprosos e cegos, pobres e ignorantes), e Judas pensava que as reivindicações do povo judeu exigiam um condutor enérgico e altivo, e que contasse com o apoio dos prepostos de César ou das autoridades administrativas de Jerusalém que governavam na época.
Judas esquecia-se de não há ninguém mais poderoso do que Deus, de quem Jesus era o Enviado divino; bem como, de que Jesus dizia que seu reino não era deste mundo; e que o maior na comunidade será sempre aquele que se fizer o menor de todos.
Judas, então, decidiu entregar Jesus aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.
Judas foi recebido pelo Sinédrio (Tribunal dos antigos judeus, em Jerusalém), onde lhe foram hipotecadas as mais relevantes promessas, e apesar de satisfeito com a sua mesquinha gratificação e desvairado no seu espírito ambicioso, Judas amava Jesus e esperava ansiosamente o instante do triunfo para lhe dar a alegria da vitória cristã, através das manobras políticas do mundo.
Todavia, Jesus foi conduzido à cruz da ignomínia (vergonha pública), sob vilipêndios (desrespeitos) e flagelações.
Judas observando os acontecimentos, que lhe contrariavam as mais íntimas suposições, se dirigiu a Caifás (sumo sacerdote), reclamando o cumprimento de suas promessas, os sacerdotes, porém, ouvindo-lhe as palavras tardias, sorriram com sarcasmo (ironia, zombaria). Debalde recorreu às suas prestigiosas relações de amizade: teve de reconhecer a falibilidade das promessas humanas. Atormentado e aflito buscou os companheiros de fé. Encontrou-os vencidos e descobriu em cada olhar a mesma reprovação silenciosa e dolorida.
De longe, Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário.
Atroz remorso lhe pungia a Consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e amortecidos. Apesar da vaidade que o perdera, ele amava intensamente o Messias. Em breves instantes, o céu da cidade impiedosa se cobriu de nuvens escuras. O mau discípulo, com um oceano de dor na Consciência peregrinou em derredor do casario maldito, acalentando o propósito de desertar do mundo, numa Suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida. E suicidou-se.
OBSERVAÇÃO: O Livro CORAÇÃO E VIDA, psicografado por Chico Xavier, de autoria espiritual de MARIA DOLORES, no Cap.14: “AMOR E PERDÃO”, nos conta que Judas, depois de assistir as cenas do Calvário, levado por tremendo remorso, cometeu o suicídio. Sendo que Jesus, após a sua crucificação, foi ao encontro do espírito enlouquecido de Judas, permanecendo três dias ao seu lado até que ele adormecesse. Só depois desse gesto de amor e de perdão é que Jesus apareceu a Maria Madalena – como nos narra a Bíblia Sagrada em João, 20:14).
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No livro “CRÔNICAS DE ALÉM TÚMULO“, de HUMBERTO DE CAMPOS, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 5, intitulado “JUDAS ISCARIOTES“, Humberto de Campos buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas (Jerusalém) procurava observar o passado vivo dos lugares santos; e, em Jerusalém, nas margens do Cedrom, não longe do lugar que Jesus esteve com seus discípulos viu um homem sentado numa pedra e que de sua expressão fisionômica irradiava cativante simpatia, era Judas Iscariotes; assim nos conta:
“- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos – Este é Judas.
– Judas?
– Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então, mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho (antigos)…
Aquela figura de homem magnetizava-me. Não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. Meu atrevimento, porém, e a santa humildade do seu coração ligaram-se, para que eu o entrevistasse, procurando ouvi-lo:
– O senhor é de fato o ex-filho de Iscariotes ? – perguntei.
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica. – Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios…
(. . .)
– E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
– Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.
Depois da minha morte trágica, submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, em que imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia (deslealdade) e da traição, deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentindo na fronte o ósculo (beijo) de perdão da minha própria consciência…
– E está hoje meditando nos dias que se foram… – pensei com tristeza.
– Sim… Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas, que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz, entregando a Deus o seu destino… Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe. Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor… Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra… Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência, no tribunal dos suplícios redentores.
“Quanto ao Divino Mestre” – continuou Judas com os seus prantos –, “infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos; Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado…”
– É verdade – concluí –, e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.
Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro, e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Cedrom rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.”
X – DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERDÃO EXTRAÍDAS DO LIVRO O CONSOLADOR, DE EMMANUEL, PSICOGRAFIA CHICO XAVIER
- — Perdoar e não perdoar significa absolver e condenar?
— Nas mais expressivas lições de Jesus, não existem, propriamente, as condenações implícitas ao sofrimento eterno, como quiseram os inventores de um inferno mitológico.
Os ensinos evangélicos referem-se ao perdão ou à sua ausência.
Que se faz ao mau devedor a quem já se tolerou muitas vezes? Não havendo mais solução para as dívidas que se multiplicam, esse homem é obrigado a pagar.
É o que se verifica com as almas humanas, cujos débitos, no tribunal da justiça divina, são resgatados nas reencarnações, de cujo círculo vicioso poderão afastar-se, cedo ou tarde, pelo esforço no trabalho e boa vontade no pagamento.
- — Na lei divina, há perdão sem arrependimento?
— A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as criaturas do Universo ilimitado.
A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito deseja regenerar-se e renovar seus valores íntimos pelo esforço nos trabalhos santificantes.
Eis por que a boa vontade de cada um é sempre o arrependimento que a Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual.
- — Antes de perdoarmos a alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?
— Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas.
- — Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?
— O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige reconhecimento de qualquer natureza.
- — Por que teria Jesus aconselhado perdoar “setenta vezes sete”? (Mateus 18:21-22)
— A Terra é um Plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e aquele que se sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode também errar setenta vezes sete.
- — Em se falando de perdão, poderemos ser esclarecidos quanto à natureza do ódio?
— O ódio pode traduzir-se nas chamadas aversões instintivas, dentro das quais há muito de animalidade, que cada homem alijará de si, com os valores da autoeducação, a fim de que o seu entendimento seja elevado a uma condição superior.
Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. As grandes expressões afetivas convertidas nas paixões desorientadas, sem compreensão legítima do amor sublime, incendeiam-se no íntimo, por vezes, no instante das tempestades morais da vida, deixando atrás de si as expressões amargas do ódio, como carvões que enegrecem a alma.
Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um plano superior de compreensão, de modo a que jamais as energias afetivas se convertam em forças destruidoras do coração.
- — Os Espíritos de nossa convivência, na Terra, e que partem para o Além sem experimentar a luz do perdão, podem sofrer com as nossas opiniões acusatórias, relativamente aos atos de sua vida?
— A entidade desencarnada muito sofre com o juízo ingrato ou precipitado que, a seu respeito, se formula no mundo.
Imaginai-vos recebendo o julgamento de um irmão de humanidade e avaliai como desejaríeis a lembrança daquilo que possuís de bom, a fim de que o mal não prevaleça em vossa estrada, sufocando-vos as melhores esperanças de regeneração.
Em lembrando aquele que vos precedeu no túmulo, tende compaixão dos que erraram e sede fraternos.
Rememorar o bem é dar vida à felicidade. Esquecer o erro é exterminar o mal. Além de tudo, não devemos esquecer de que seremos julgados pela mesma medida com que julgarmos.
XI – DAS CITAÇÕES DIVERSAS NA BÍBLIA SAGRADA SOBRE PERDÃO E LIBERTAÇÃO
Salmos 103:10-12: “Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades. Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões”.
Salmos 130: 3-4: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas, contigo está o perdão, para que sejas temido.”
Isaías 1:18: “Vinde então, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata (cor vermelha viva), eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim (cor vermelha viva), se tornarão como a branca lã “.
Isaías 43:25: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.”
Isaías 55:7: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.”
Mateus 6: 14-15: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.”
Marcos 11:25: “E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.”
Lucas 7:47-48: “Por isso, te digo que os seus muitos lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.”
Atos 3:19: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor.”
Efésios 4.32: “Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”
1ª Carta João 4:20: Se alguém afirmar “eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
XII. – DA CONCLUSÃO – DO PERDÃO DAS PEQUENAS OFENSAS PARA QUE CONSIGAMOS PERDOAR AS GRANDES E NOS LIBERTARMOS MUTUAMENTE
O livro ESTUDE E VIVA, de Autoria de Emmanuel e André Luiz, no Capítulo 65: “PERDÃO E NÓS”, ditado por Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, nos ensina que:
(…) A ciência do perdão, (…) começa na compreensão e na bondade, perante os diminutos pesares do mundo íntimo.
Não apenas desculpar todos os prejuízos e desvantagens, insultos e desconsiderações maiores que nos atinjam a pessoa, mas suportar com paciência e esquecer completamente, mesmo nos comentários mais simples, todas as pequeninas injustiças do cotidiano, como sejam:
– a observação maliciosa;
– a referência pejorativa;
– o apelo sem resposta;
– a gentileza recusada;
– o benefício esquecido;
– o gesto áspero;
– a voz agressiva;
– a palavra impensada;
– o sorriso escarnecedor;
– o apontamento irônico;
– a indiscrição comprometedora;
– o conceito deprimente;
– a acusação injusta;
– a exigência descabida;
– a omissão injustificável;
– o comentário maledicente;
– a desfeita inesperada;
– o menosprezo em família;
– a preterição sob qualquer aspecto; o recado impiedoso…
Não nos iludamos em matérias de indulgência. Perdão não é recurso tão somente aplicável nas grandes dores morais, à feição do traje a rigor, unicamente usado em horas de cerimônia.
Todos somos suscetíveis de erro e, por isso mesmo, perdão é serviço de todo instante, mas, assim como o compositor não obtém a sinfonia sem passar pelo solfejo (exercício de leitura cantada das notas musicais de uma partitura), o perdão não existe, de nossa parte, ante os agravos grandes, se não aprendemos a relevar as indelicadezas pequenas.
FONTES:
– BÍBLIA SAGRADA: Salmos: 103:10-12; 130: 3-4. Isaías: 1:18; 43:25; 55:7. Ezequiel: 33:11. Mateus: 5: 23-24, 5:41; 6:12; 6:14-15; 7:12; 12:34; 16:27; 18:18; 18.23-35; 27:1-5. Marcos: 11:25. Lucas: 6:29-37; 7:47-48. Atos: 3:19. Efésios: 4.32. 1ª Carta João: 4:20.
– “LIVRO DOS ESPÍRITOS”, ALLAN KARDEC, questões: 661; 764; 886, 887.
– “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, ALLAN KARDEC, Capítulo 10, itens: 6, 14, 15; Capítulo 12, itens: 7 e 9; Capítulo 14, item 9.
– “O CÉU E O INFERNO”, ALLAN KARDEC, 1ª Parte, Cap. VII: As penas Futuras Segundo o Espiritismo”, item: “CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA”.
– O CONSOLADOR, de Autoria Espiritual de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, questões 332; 333; 334; 335; 336; 337; 338; 339; 340; 341.
– “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”, Autor Espiritual André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 10 “SONAMBULISMO TORTURADO; e Capítulo 22: “EMERSÃO NO PASSADO”.
– EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, Carlos Toledo Rizzini, Parte II, Capítulo 5, DESEQUILÍBRIOS (ENFERMIDADES), item 19: Moléstias Mentais, alínea “b”: Consequências, subitem: EMERSÃO DE LEMBRANÇAS DO PASSADO, pág. 188; e item 20: Obsessão, alínea “e”: Modalidades, subitem 8º: “Vingança”, pág. 235.
– “ESPERANÇA E VIDA”, Autores Espirituais diversos, psicografia de Chico Xavier / Carlos A. Baccelli, Cap. 17: “O perdão liberta”, do Espírito Odilon Fernandes.
– “HOJE”, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Cap. 13: “Perdoarás”.
– “MÃOS UNIDAS”, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 37 – A ESTRANHA CRISE.
– “ENCONTRO MARCADO”, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 36: Libertação Espiritual
– “AULAS DA VIDA”, de Autoria de Espíritos diversos, psicografada por Chico Xavier, Capítulo 16: “VANTAGENS DO PERDÃO”, autoria de Emmanuel.
– “PÃO NOSSO”, Autor Espiritual Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 120: “Conciliação”.
– “PAI NOSSO”, Autora Espiritual Meimei, psicografia de Chico Xavier, Capítulo, 26: “PERDOA AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES” e Capítulo, 27: “O PERDÃO JUSTO”.
– “ALMAS EM DESFILE”, Autoria Espiritual Hilário Silva, na 2ª Parte, Capítulo 16: NÃO PERDOAR, psicografia de Chico Xavier.
– “CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA”, Autoria de Irmão X (Humberto de Campos), psicografia de Chico Xavier, Capítulo 23: “Eles viverão”.
– “NO MUNDO MAIOR”, Autoria de ANDRÉ LUIZ, psicografia de CHICO XAVIER, CAPÍTULO 4: “ESTUDANDO O CÉREBRO”.
– “BOA NOVA”, Autoria de Irmão X (Humberto de Campos), psicografia de Chico Xavier, Capítulo 24: “A ILUSÃO DO DISCÍPULO”.
– “CRÔNICAS DE ALÉM TÚMULO”, Autoria de Irmão X (Humberto de Campos), psicografia de Chico Xavier, Capítulo 5: “JUDAS ISCARIOTES”.
– “CORAÇÃO E VIDA”, Autoria de MARIA DOLORES, psicografado por Chico Xavier, Cap.14: “AMOR E PERDÃO”
– “ESTUDE E VIVA”, Autoria de Emmanuel e André Luiz, no Capítulo 65: “PERDÃO E NÓS”, ditado por Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.