Saúde Mental e Mediunidade
“A arte de ouvir é também a ciência de ajudar.” (Joanna de Ângelis)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS E PSICÓTICAS NÃO PATOLÓGICAS E TRANSTORNOS MENTAIS
Este artigo científico também é interessante, pois faz a distinção entre a mediunidade enquanto algo natural que não se traduz em efeitos patológicos e o transtorno mental.
Diagnóstico diferencial entre experiências espirituais e psicóticas não patológicas e transtornos mentais: uma contribuição de estudos latino-americanos para o CID-11
Moreira-Almeida A, Cardeña E
Rev. Bras. Psiquiatria. 2011, 33 (suppl.1): s21-s28 – http://www.scielo.br/pdf/rbp/v33s1/04.pdf
Resumo
Objetivo: Contribuir para a validade da Classificação Internacional de Doenças-11ª edição no diagnóstico diferencial entre experiências espirituais/ anômalas e transtornos mentais revisando artigos de pesquisa sobre o tema em psiquiatria e psicologia envolvendo populações latino-americanas e/ou produzidos por pesquisadores latino-americanos.
Método: Pesquisa em bases de dados (PubMed, PsycINFO, Scopus, and SciELO) por meio de palavras chave (possessão, transe, experiência religiosa, experiência espiritual, Latin*, Brazil) em busca de artigos com dados psicológicos e psiquiátricos originais em experiências espirituais. Também foram analisadas as referências dos artigos selecionados e autores na área foram contactados em busca de dados e referências adicionais.
Resultados: Há evidências consistentes que experiências psicóticas e anômalas são frequentes na população geral e que em sua maioria não estão relacionadas a transtornos psicóticos. Frequentemente, experiências espirituais envolvem experiências dissociativas e psicóticas de caráter não patológico. Embora as experiências espirituais não estejam habitualmente relacionadas a transtornos mentais, elas podem causar sofrimento transitório e são frequentemente relatadas por pacientes psicóticos.
Conclusão: Propomos algumas características que sugerem a natureza não patológica de uma dada experiência espiritual: ausência de sofrimento, de prejuízo funcional ou ocupacional, compatibilidade com o contexto cultural do paciente, aceitação da experiência por outros, ausência de comorbidades psiquiátricas, controle sobre a experiência e crescimento pessoal ao longo do tempo.
CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (OMS) INCLUI INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS
Ouvir vozes e ver Espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida…
Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade.
A obsessão, em uma acepção espírita, corresponde à influência perturbadora de um Espírito sobre uma pessoa. Esse processo é causado somente quando existem ligações psíquicas entre a pessoa e o Espírito desencarnado.
Esta união se estabelece como consequência de pensamentos, sentimentos ou interesses em comum entre ambos, ou seja, sempre que há sintonia mental.
Embora este processo possa ser interrompido desde que a pessoa modifique sua atitude íntima e psíquica para melhor, a obsessão tende a trazer perturbações diversas que variam de pequena a grave intensidade.
Quem sofre a influência prejudicial de um Espírito e percebe de forma consciente o que lhe ocorre, seja pelas imagens mentais perturbadoras que surgem em sua mente ou pela mediunidade ostensiva que lhe permite ouvir, ver ou sentir o que o lhe transmite Espírito, tende a ser confundido com um esquizofrênico.
Este fato ocorre mesmo que a pessoa possua adequação de atitudes perante o meio sócio cultural e familiar, trabalho produtivo, interação e vínculo afetivo com seus semelhantes e clara organização e coerência do pensamento.
Freqüentemente, as pessoas que sofrem obsessão conseguem melhoras expressivas ou mesmo a cura (quando modificam seu estado mental) com a terapêutica espírita.
Convém ressaltar que a chamada “terapêutica espírita” não substitui o tratamento médico e especializado quando existe algum tipo de transtorno mental, atuando apenas como um auxílio complementar.
Contudo, vem esclarecer que nem sempre a possibilidade de ver e ouvir além dos sentidos físicos evidencia um transtorno mental.
Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a disciplina de Medicina e Espiritualidade na USP:
A obsessão espiritual como doença_da_alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.
Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual.
Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado_de_transe, que é um item do CID – Código Internacional de Doenças – que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.
O CID-10, item F.44.3 – define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.
Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.
Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos – nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.
Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.
O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria – DSM IV – alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.
Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de “psicóticos” por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).
Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.
* Para acessar o CID-10 visite o site: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm
Categoria: CID-10 Inclui Influencia dos espíritos
FONTE: https://saudementaleespiritismo.wordpress.com/category/cid-10-inclui-influencia-dos-espiritos/
Classificação Internacional de Doenças (CID-11) é debatida em evento na Unifesp
Encontro para revisão do código reuniu pesquisadores nacionais e internacionais
Por José Luiz Guerra
Docentes e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se reuniram no último dia 1º de fevereiro, no anfiteatro Leitão da Cunha, para uma discussão formal do CID-11 (Classificação Internacional de Doenças – décima primeira revisão). No Brasil, a instituição é a responsável pelos trabalhos de pesquisa e análise do código.
Na abertura dos trabalhos, o professor titular do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e coordenador dos trabalhos no Brasil, Jair Mari, agradeceu a presença dos pesquisadores nacionais e internacionais presentes na discussão. “É um prazer enorme recebê-los para discutirmos o CID-11”. Mari também agradeceu o apoio da universidade e das agências de fomento, que viabilizaram a realização do encontro.
A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, falou sobre o destaque internacional das diversas linhas de pesquisas da universidade nas áreas de Psiquiatria e Neurociências, que foram o foco das discussões do evento. “Este é um encontro de extrema importância para a Unifesp, pois reunimos vários de nossos pesquisadores, docentes e estudantes para discutir o CID-11”. Entre outros temas, Soraya falou também sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), que está analisando as ossadas encontradas em uma vala clandestina no Cemitério de Perus e que também poderá colaborar, futuramente, com a identificação de pessoas desaparecidas.
Emília Sato, diretora da Escola Paulista de Medicina (EPM/ Unifesp), parabenizou os organizadores do encontro e ressaltou a importância de que mais puderam ter contato com o tema, uma vez que a reunião foi aberta ao público. Médica reumatologista, Emília disse ainda que muitas doenças podem interferir psicologicamente. “Sabemos que doenças como o Lupus afetam também o psicológico do indivíduo e essas desordens devem ser compreendidas”, disse ela.
Por fim, o coordenador dos estudos internacionais do CID-11 e membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Geoffrey Reed, falou sobre as experiências das discussões acerca do CID-11 em outros países como México e China e ressaltou a importância de discutir o tema no Brasil. “Agradeço ao professor Jair Mari pela oportunidade de mais uma vez podermos discutir a classificação das doenças”, finalizou.
O encontro contou ainda com mesas de discussões sobre desordens mentais relacionadas a transtornos alimentares, autismo e condições relacionadas à saúde sexual, entre outros temas.
A primeira edição do CID foi aprovada em 1893 e, desde então, vem sendo periodicamente revisada. A última, a décima revisão (CID-10), foi aprovada em 1989. Desde então, foram estabelecidos mecanismos para atualizar a CID-10, o que não ocorria antes. A publicação do CID-11 está prevista para 2017.
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