Reconciliar com os inimigos – palestras 23.02.22
RECONCILIAR COM OS INIMIGOS
CELC 23.02.22 – João
Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais colocado em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil. (S. MATEUS, cap. V, vv. 25 e 26.)
O EVANGELHO POR EMMANUEL
(comentários ao Evangelho Segundo Mateus) pg. 121
Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o assédio da ignorância e da imperfeição humana. Assim, quando amigos se transformam em adversários, procuremos lidar com as zombarias de que somos objeto, sem queixar-nos. Mesmo à frente daqueles que nos golpeiam conscientemente, impondo-nos embaraços e desilusões, desculpemos renovando os pensamentos na direção dos objetivos superiores que pretendemos alcançar.
E ainda que agressões e ofensas nos firam o recesso d’alma, sugerindo acerto de conta, façamos o possível para não passar recibo nas afrontas que nos sejam endereçadas, agindo sem reclamar, sem revolta e sem lastimar, permanecendo em silêncio, aguardando, porque Deus e o tempo tudo esclarecem restabelecendo a verdade. Por isso é importante interpretarmos nossos opositores como irmãos de caminhada, pois a adversidade é lição para a vida, e adversários são mestres que nos proporcionam treinamento no bem, operando sempre por fiscais dos nossos atos.
Lembremos que nem o próprio Cristo escapou de semelhantes percalços e, mesmo assim, ninguém conseguiu tirar a Sua paz. Deste modo podemos entender, segundo os preceitos do Mestre, que reconciliar-se com os oponentes é reconhecer-lhes, acima de tudo, o direito de opinião, harmonizando-nos com todos os que nos perseguem e caluniam, anotando suas qualidades e desejando, sinceramente, que triunfem nas tarefas cuja execução reprovam. Entendemos, então, que, quando o Mestre nos recomenda reconciliarmos o mais cedo possível com o nosso adversário, fica claro que não devemos apenas evitar as discórdias da vida presente, mas, também, evitar que elas se perpetuem nas existências futuras.
Portanto, é imprescindível mudarmos a forma de olhar esses irmãos, aprendendo a distinguir, nas reprimendas e nas críticas que nos dirigem, aquilo que nos seja útil e construtivo, prosseguindo no caminho que a vida nos situou, recordando que os antídotos para o veneno da injúria são a paz do silêncio e o socorro da prece.
Jesus jamais nos induziu ao revide, mas incentivou-nos a orar por todos os desafetos, fazendo-nos entender que eles já carregam consigo bastante sofrimento. Em razão disso, JESUS ensinou: “Amai os vossos inimigos; bendizei os que vos maldizem; orai por aqueles que vos perseguem e caluniam; perdoai setenta vezes sete vezes e ofertai amor aos que vos odeiam”. (Mateus, 5:44.)
Assim, diante da ofensa de um companheiro, não nos entreguemos a reações descabidas, refletindo nas ocasiões em que teríamos igualmente ferido os semelhantes, auxiliando também aquele que se faz instrumento de nossa dor, através do esquecimento de todo o mal, a fim de que ele se restaure.
É importante nos lembrarmos da inutilidade das lamentações, das irritações e das mágoas, pois a primeira enfraquece o otimismo, gerando desconfiança e perturbação; a segunda abate as forças da alma, trazendo exaustão prematura, e, a terceira, anula a esperança, arrasando possibilidade de trabalho. Para as desavenças, maledicências e ressentimentos que surgem nas nossas relações, usemos a palavra que dulcifica e acalma para o bem de todos, procedendo sempre com bondade, perdão, paciência e serenidade.
Em vista disso, é importante não conservarmos aversões e desamor na alma, perdoando incondicionalmente, recordando que também trazemos conosco imperfeições e fraquezas. “Pai, perdoa-lhes porque, ainda, não sabem o que fazem”, pediu Jesus, deixando os ofensores nas inibições próprias a cada um, sustentando em Si a luz do amor que dissolve toda sombra.
O Mestre não nos impele tão somente a beneficiar os que nos ferem, mas igualmente a proteger a harmonia mental do grupo em que fomos chamados a atuar e servir, imunizando os companheiros do contágio do pesar e do queixume, sustentando a tranquilidade e a confiança de todos.
Como filhos de Deus e irmãos em humanidade que somos, procuremos compreender que toda e qualquer inimizade, quando alimentada, é contrária a Lei de Amor, trazendo atribulação de consciência. O Pai é sábio em Suas leis, permitindo que passemos por fases de carência que acabem por favorecer tais aproximações, as quais devem ser aproveitadas de forma hábil e consciente com a utilização, se preciso for, do auxílio de terceiros A paz, o concurso fraterno e o contentamento em fazer o melhor que pudermos são obras morais que pedem serviço edificante. Acima de tudo, recordemos que, perdoando, a bênção de Deus consegue descer até as lutas da alma, e, assim, a alma consegue elevar-se para a bênção de Deus.
Recolhamos os dons divinos da claridade evangélica: amar e perdoar, construindo o bem e a paz, esposando ostensivamente a vida cristã, no estudo da teoria e no esforço de sua aplicação. Se possuímos a luz da claridade, por que não lhe seguir a rota de luz?
FILOSOFIA ESPÍRITA – VOLUME V
DITADO PELO ESPÍRITO MIRAMEZ = João Nunes Maia
L.E 212 = Há dois Espíritos, ou, por outra, duas almas, nas crianças cujos corpos nascem ligados, tendo comuns alguns órgãos?
“Sim, mas a semelhança entre elas é tal que faz vos pareçam, em muitos casos, uma só.”
Questão LE 212 comentada por Miramez
Raros são os casos em que dois Espíritos tomam corpos com órgãos comuns. Eles nascem ligados pela força da justiça divina, que tudo faz para a paz das criaturas e usa de todos os meios para a devida reconciliação. Um dos meios é esse em referência, dos Espíritos nascerem em corpos ligados, que os obriga a respirarem juntos, a comerem juntos, a descansarem juntos e a terem, por vezes, as mesmas ideias. O corpo, nesse caso, é mais do que uma prisão; ele inspira ideias de renovação e, ainda, a assistência dos pais ajuda esses Espíritos, pelo carinho que não falta, a sentirem a bondade de Deus mesmo no arrocho das provas.
No caso mencionado pode haver afinidades de sentimentos, tanto do passado quanto do presente, porém, nem sempre é assim. Podem ser Espíritos inimigos, a quem os braços da carne faz esquecer as faltas, sendo que o perdão é como que a chave que abre as portas da prisão biológica. Vejamos o que diz Jesus:
“Deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e, então, voltando, faz a tua oferta.” (Mateus, 5:24).
Os Espíritos, no mundo espiritual, quando arrependidos do mal que fizeram, oferecem tudo a Deus para se livrarem das agressões resultantes desse mal a outrem. Deixar a oferta no altar do coração e ir primeiro reconciliar com o irmão em caminho do despertamento, nesse caso, é trilhar o caminho da carne, da família, enfim da humanidade, e depois voltar e fazer a oferta com a consciência pura, sem que ela possa acusar o Espírito.
Em muitos casos, o mundo dos encarnados é palco de encontros aparentemente indesejados, mas, que no fundo, são bênçãos de Deus que se libertam, dando início à felicidade.
Isso tudo é força da justiça divina, operando em favor dos que sofrem e choram as reações das ações praticadas.
Compete a cada criatura descobrir as suas possibilidades de moralização, e fazer, a todos os momentos, cirurgias morais, tornando-se operários de Jesus na casa de Deus. Se a solução dos problemas se encontra dentro de nós mesmos, necessário se faz que não desertemos desses processos, porque é dentro das lutas que alcançamos a paz.
Se não deseja viver com o inimigo frente a frente, em corpos ligados, reconcilie-se com ele enquanto se encontra no mesmo roteiro. Jesus recomendou que orássemos para os nossos adversários e caluniadores. Se o mal não merece discussões, ampliemos as possibilidades do bem, deixando que o amor cresça em nossos corações a irradiar para todas as criaturas sem distinção. A justiça de Deus não erra o caminho, e ela somente veste a roupagem da misericórdia quando entregamos as nossas mãos à caridade que sempre salva. O fora da caridade não há salvação, do apóstolo Paulo em Espírito, é uma verdade das verdades anunciadas pelo Evangelho, pois a caridade é a luz que nos guia a todos, por ser filha dileta do amor.
L.E Q.887. Jesus também disse: Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
- “Certo, ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se procura tomar vingança
L.E Q 764. Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Estas palavras não consagram a pena de talião e, assim, a morte dada ao assassino não constitui uma aplicação dessa pena?
- “Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a Justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Não vos disse Ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houverdes perdoado, compreendei-o bem?”
L.E Q. 661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?
“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.”
O sacrifício mais agradável a Deus
Se, portanto, quando apresentardes vossa oferenda ao altar, vos lembrardes de que o vosso irmão tem algo contra vós — deixai a vossa dádiva junto ao altar e ide antes, reconciliar-vos com o vosso irmão; depois, então voltai para oferecer vossa oferta. (Mateus, 5:23 e 24.).
Quando diz: “Ide reconciliar-vos com o vosso irmão, antes de depordes a vossa oferenda no altar”, Jesus ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o que o homem faz do seu próprio ressentimento; que antes de se apresentar para ser por Ele perdoado, precisa o homem haver perdoado e reparado o agravo que tenha feito a algum de seus irmãos.
Só então a sua oferenda será bem-aceita, porque virá de um coração expungido de todo e qualquer pensamento mau. Ele explicou o ensinamento, porque os judeus ofereciam sacrifícios de coisas materiais, e suas palavras deviam estar de acordo com os costumes em vigor naquela época.
O cristão não oferece dons materiais, pois que espiritualizou o sacrifício. Com isso, o ensinamento ganha ainda mais força. Ele oferece sua alma a Deus e essa alma tem de ser purificada.
Entrando no templo do Senhor, deve ele deixar fora todo sentimento de ódio e de animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão. Só então os anjos levarão sua prece aos pés do Eterno. Eis aí o que ensina Jesus por estas palavras: “Deixai a vossa oferenda junto do altar e ide primeiro reconciliar-vos com o vosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor.”
AGRESSORES E NÓS
Do Livro: Rumo Certo
Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Pág. 22
Quase sempre categorizamos aqueles que nos ferem por inimigos intoleráveis; entretanto, o Divino Mestre, que tomamos por guia, determina venhamos a perdoar-lhes setenta vezes sete. Por outro lado, as ciências psicológicas da atualidade terrestre nos recomendam que é preciso desinibir o coração, escoimando-o de quaisquer ressentimentos, e estabelecer o equilíbrio das potencias mentais, a fim de que a paz interior se nos expresse por harmonia e saúde. Como, porém, executar semelhante feito? Compreendendo-se que o entendimento não é fruto de meras afirmativas labiais, reconhecemos que o perdão verdadeiro exige operações profundas nas estruturas da consciência. * * * Se a injúria nos visita o cotidiano, pensemos em nossos opositores na condição de filhos de Deus, tanto quanto nós e, situando-nos no lugar deles, analisemos o que estimaríamos receber de melhor das Leis Divinas se estivéssemos em análogas circunstâncias.
À luz do novo entendimento que nos repontará dos recessos da alma, observaremos que muito dificilmente estaremos sem alguma parcela de culpa nas ocorrências desagradáveis de que nos cremos vítimas.
Recordaremos, em silêncio, os nossos próprios impulsos infelizes, as sugestões delituosas, as pequenas acusações indébitas, e as diminutas desconsiderações que arremessamos sobre determinados companheiros, até que eles, sem maior resistência, diante de nossas mesmas provocações, caem na posição de adversários perante nós. Efetuado o autoexame, não mais nos permitiremos qualquer censura e sim proclamaremos no coração a urgente necessidade de amparo da Misericórdia Divina, em favor deles e a nosso próprio benefício. Então, à frente de qualquer agressor, não mais diremos no singular: “eu te perdoo”, e sim reconheceremos a profunda significação das palavras de Jesus na oração dominical, ensinando-nos a pedir a Deus desculpas para as nossas próprias falhas, antes de as rogar para os nossos ofensores, e repetiremos com todas as forças do coração: “Perdoai senhor, as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores”.
O argueiro e a trave no olho
Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: — Deixa-me tirar um argueiro do teu olho —, vós que tendes no vosso uma trave? Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (Mateus, 7:3 a 5.).
Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente.
Caridade orgulhosa é um contrassenso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exaltaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.
BUSQUEMOS O MELHOR
Livro Fonte Viva – 113 Francisco Cândido Xavier – Pág. 215
Por que reparas o argueiro no olho do teu irmão?
Jesus (Mateus, 7:3).
A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da Ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo habito de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações.
Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.
Aproveitemos o irmão de boa vontade, na plantação do bem, olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida.
Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?
E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio, através da incessante renovação.
Não julgueis, para não serdes julgados. Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado
Não julgueis, a fim de não serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros. (Mateus, 7:1 e 2.) 12.
Então, os escribas e os fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério e, pondo-a de pé no meio do povo, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; ora, Moisés, pela lei, ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isso a tua opinião?” — Diziam isto para o tentarem e terem de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, entrou a escrever na terra com o dedo. Como continuassem a interrogá-lo, Ele se levantou e disse: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.” — Em seguida, abaixando-se de novo, continuou a escrever no chão. Quanto aos que o interrogavam, esses, ouvindo-o falar daquele modo, se retiraram, um após outro, afastando-se primeiro os velhos.
Ficou, pois, Jesus a sós com a mulher, colocada no meio da praça. Então, levantando-se, perguntou-lhe Jesus: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” — Ela respondeu: “Não, Senhor.” — Disse-lhe Jesus: “Também Eu não te condenarei. Vai-te e de futuro não tornes a pecar.” (João, 8:3 a 11.) 13.
“Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado”, disse Jesus. Essa sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de imputar a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.
A repreensão lançada à conduta de outrem pode obedecer a dois aspectos: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos se criticam. Não tem escusa nunca este último propósito, porquanto, no caso, então, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser louvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque um bem deverá daí resultar, e porque, a não ser assim, jamais, na sociedade, se reprimiria o mal. Não cumpre, aliás, ao homem auxiliar o progresso do seu semelhante? Importa, pois, não se tome em sentido absoluto este princípio: “Não julgueis se não quiserdes ser julgados”, porquanto a letra mata e o espírito vivifica.
Não é possível que Jesus haja proibido se censurar o mal, uma vez que Ele próprio nos deu o exemplo, tendo-o feito, até, em termos enérgicos. O que quis significar é que a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que censura. Tornar-se alguém culpado daquilo que condena em outrem é abdicar dessa autoridade, é privar-se do direito de repressão.
A consciência íntima, ademais, nega respeito e submissão voluntária àquele que, investido de um poder qualquer, viola as leis e os princípios de cuja aplicação lhe cabe o encargo. Aos olhos de Deus, uma única autoridade legítima existe: a que se apoia no exemplo que dá do bem. É o que, igualmente, ressalta das palavras de Jesus.
LIVRO CELEIRO DE BÊNÇÃOS
CAP.28 “ANTE OFENSAS” = Joanna de Angelis/Divaldo P. Franco
….. Não dês guarida a ofensas, nem te faças igual ao ofensor. Se alguém te perturba e revidas, és semelhante a ele. Se te ferem e não revidas, estás melhor situado do que ele. Se te ofendem e perdoas, esquecendo a ofensa, enquanto aquele cai, levanta-te e marcha, situando-te em clima de paz superior ao dele. Se, todavia, após perdoares e esqueceres, resolveres ajudar o teu ofensor, terás logrado a plenitude daquilo que almejas, desde que ele, embora sem o saber, é instrumento da vida para advertir-te no instante necessário, acusando-te de erros cometidos, ou que poderias, ou poderás cometer, colocando-te em alerta, contra ti mesmo, em considerando que os adversários mais severos estão sempre no homem, em forma de inferioridade e paixões, e não fora dele como se supõe.
Ninguém mais atacado, desdenhado, ofendido escarnecido do que Jesus… Entretanto, sem débito de qualquer natureza, permaneceu destemido ante os perseguidores gratuitos, testemunhando que os legítimos valores são as qualidades íntimas e que a realeza verdadeira é inerente àquele que superou óbices e problemas, planando em harmonia íntima, acima de quaisquer circunstâncias.
O diamante na lama não deixa de manter o valor que lhe é próprio. E a estrela que reflete no lodo mantém o mesmo brilho que possui, quando rutilando na placidez da água cristalina. Não te agastes, portanto, com as ofensas que te cheguem. Se permaneceres íntegro, não te atingirão, porquanto és o que vitalizas e não o resultado das impressões e agressões naturais do roteiro de sublimação.
Segue adiante, haja o que houver considerado ou não, certo de que todo ofendido de hoje resgata as ofensas que ontem praticou. Bem-aventurado, pois, quando ofendido e perseguido, porque o Reino dos Céus te alcançará em breve o espírito
Perdoai, para que Deus vos perdoe.
- Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)
- Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; – mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)
- Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. – Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?” – Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)
- A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.
Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza d’alma conquistará sempre a simpatia das pessoas imparciais.
Perdão das ofensas
Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial te faça, por bem-aventurados os que são misericordiosos. Não está Ele a te perdoar frequentemente? Conta porventura as vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas?
Prestai, pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso amor. Daí, que o Senhor vos restituirá; perdoai, que o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos assenteis à sua direita.
Ide, meus bem-amados, estudai e comentai estas palavras que vos dirijo da parte daquele que, do alto dos esplendores celestes, vos tem sempre sob as suas vistas e prossegue com amor na tarefa ingrata a que deu começo faz dezoito séculos. Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que eles vos perdoem. Se seus atos pessoalmente vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões.
Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras como por atos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. – Simeão. (Bordeaux, 1862.)
Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: “Nunca perdoarei”, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tornardes merecedores da invectiva que lhe lançastes.
Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as consequências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos clementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça.
Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração.
Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdoo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdoo” e acrescentam: “mas não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida.” Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências.
Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. – Paulo, apóstolo. (Lyon,1861.)
SINAL VERDE
CHICO XAVIER (ANDRÉ LUIZ) – CAPÍTULO 7 PARENTES DIFÍCEIS
Aceite os parentes difíceis na base da generosidade e da compreensão, na certeza de que as Leis de Deus não nos enlaçam uns com os outros sem causa justa.
O parente problema é sempre um teste com que se nos examina a evolução espiritual.
Muitas vezes a criatura complicada que se nos agrega à família, traz consigo as marcas de sofrimento ou deficiências que lhe foram impostas por nós mesmos em passadas reencarnações.
Não exija dos familiares diferentes de você um comportamento igual ao seu, porquanto cada um de nós se caracteriza pelas vantagens ou prejuízos que acumulamos na própria alma.
Não tente se descartar dos parentes difíceis com internações desnecessárias em casas de repouso, à custa de dinheiro, porque a desvinculação real virá nos processos da natureza, quando você houver alcançado a quitação dos próprios débitos ante a Vida Maior.
Nas provações e conflitos do lar terrestre, quase sempre, estamos pagando pelo sistema de prestações, certas dívidas contraídas por atacado.
LIVRO LUZ DA ESPERANÇA
Capítulo 9 = JOANNA DE ANGELIS-Divaldo Franco
Inimigos Queridos
São muitos, aqueles que surgem, na condição de inimigos, não obstante queridos: filhos ingratos, que se comprassem em atormentar pais abnegados e sensíveis; companheiros que recebem carinho e os retribuem mediante agressões e azedumes; pais incompreensíveis e exigentes, embora respeitáveis; esposos cruéis, que desconsideram o outro consorte e o crivam de censuras injustificáveis; conhecidos que desfrutam de bondade, e, todavia, são indiferentes ou irreconhecidos.
Encontram-se na mesma rota, como adversários que se beneficiam, sem cessar, e não desperdiçam oportunidade para ferir e malsinar. Não te irrites com eles, vencendo a tentação do revide através dos mesmos abomináveis recursos. Ninguém surge na tua paisagem evolutiva como resultado do acaso, em instância destituída de finalidade.
Estes atuais inimigos, queridos, ressurgem do teu passado espiritual como benção, para que treines paciência e aprimores a capacidade de amar.
Reagem, negativamente, porque ainda têm impressos, nas telas do inconsciente, os males que lhes infligiste. É certo que não têm o direito de cobrar-te as dívidas. Todavia, a fase que estagiam é de desequilíbrio, sentindo-se impelidos aos infelizes desforços a que se entregam. Reencarnaram-se em tua família, ao teu lado ou próximo de ti, a fim de que se reajustem programas e compromissos interrompidos, cada qual se recuperando do próprio erro. Alguns intentam melhorar-se e não o conseguem nos primeiros embates.
Dá-lhes novas oportunidades. A vida é uma sucessão de ensejos ditosos, a que deves recorrer para o teu progresso.
Esses inimigos queridos são afetos que distanciaste e agora retornam, magoados, em desajuste, carentes de amor, que deixaste em sofrimento no caminho já percorrido.
Se eles, porém, não mudarem de atitude em relação a ti, prossegue, assim mesmo, confiando no tempo e não deixando abater nunca. Os teus inimigos queridos constituem, nesse momento, desafio ao amor que deverás dispensar-lhes com crescente demonstração de carinho.
SEARA DE ÓDIO
Contos e apólogos. Cap. 11 = Pelo Espírito Irmão X / Chico Xavier
Não! não te quero em meus braços! – dizia a jovem mãe, a quem a Lei do Senhor conferira a doce missão da maternidade, para o filho que lhe desabrochava do seio.
Não me furtarás a beleza! Significas trabalho, renunciação, sofrimento… – Mãe, deixa-me viver!… – Suplicava-lhe a criancinha no santuário da consciência – estamos juntos! Dá-me a bênção do corpo! Devo lutar e regenerar-me. Sorverei contigo a taça de suor e lágrimas, procurando redimir-me… Completar-nos-emos. Dá-me arrimo, dar-te-ei alegria. Serei o rebento de teu amor, tanto quanto serás para mim a árvore de luz, em cujos ramos tecerei o meu ninho de paz e de esperança… – Não, não…
– Não me abandones! – Expulsar-te-ei. – Piedade, mãe! Não vês que procedemos de longe, alma com alma, coração a coração? – Que importa o passado? Vejo em ti tão-somente o intruso, cuja presença não pedi. – Esqueces-te, mãe, de que Deus nos reúne? Não me cerres a porta!… – Sou mulher e sou livre. Sufocar-te-ei antes do berço… – Compadece-te de mim!… – Não posso. Sou mocidade e prazer, és perturbação e obstáculo. – Ajuda-me! – Auxiliar-te seria cortar em minha própria carne. Disputo a minha felicidade e a minha leveza feminil… – Mãe, ampara-me! Procuro o serviço de minha restauração… Dia a dia, renovava-se o diálogo sem palavras, até que, quando a criança tentava vir à luz, disse-lhe a mãezinha cega e infortunada, constrangendo-a a beber o fel da frustração: – Torna à sombra de onde vens! Morre! Morre! – Mãe, mãe! Não me mates! Protege-me! Deixa- -me viver… – Nunca! – Socorre-me! – Não posso. Duramente repelido, caiu o pobre filho nas trevas da revolta e, no anseio desesperado de preservar o corpo tenro, agarrou-se ao coração dela, que destrambelhou, à maneira de um relógio desconcertado… Ambos, então, ao invés de continuarem na graça da vida, precipitaram-se no despenhadeiro da morte.
Desprovidos do invólucro carnal, projetaram-se no Espaço, gritando acusações recíprocas. Achavam-se, porém, imanados um ao outro, pelas cadeias magnéticas de pesados compromissos, arrastando-se por muito tempo, detestando-se e recriminando-se mutuamente… A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio.
Anos e anos desdobraram-se, sombrios e inquietantes, para os dois, até que, um dia, caridoso Espírito de mulher recordou-se deles em preces de carinho e piedade, como a ofertar-lhes o próprio seio.
Ambos responderam, famintos de consolo e renovação, aceitando o generoso abrigo… Envolvidos pela carícia maternal, repousaram enfim. Brando sono pacificou-lhes a mente dolorida. Todavia, quando despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo corpo físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.
Retribuir o mal com o bem
Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (Mateus, 5:43 a 47.)
“Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mateus, 5:20.)
Se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que as amam? Se o bem somente o fizerdes aos que fazem a ti, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida? Se só emprestardes àqueles de quem possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma vantagem? Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus. Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.” (Lucas, 6:32 a 36.)
Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme os casos.
Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contato de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem, e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, apresentando-se ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
Amar os inimigos é, para o incrédulo, um contrassenso, aquele para quem a vida presente é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o repouso e do qual unicamente a morte, pensa ele, o pode livrar. Daí, o desejo de vingar-se. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para satisfazer o seu orgulho perante o mundo. Em certos casos, perdoar-lhe parece mesmo uma fraqueza indigna de si. Se não se vingar, nem por isso deixará de conservar rancor e um secreto desejo de mal para o outro.
Para o crente e, sobretudo, para o espírita, muito diversa é a maneira de ver, porque suas vistas se lançam sobre o passado e sobre o futuro, entre os quais a vida atual não passa de um simples ponto. Sabe ele que, pela mesma destinação da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e perversos; que as maldades com que se defronta fazem parte das provas que lhe cumpre suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe torna menos amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das coisas. Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe servem de instrumento. Se, em vez de se queixar, agradece a Deus o experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá ensejo de demonstrar a sua paciência e a sua resignação.
Esta ideia o dispõe naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso for, tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que no mundo ocupa elevada posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último.
Os inimigos desencarnados
Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mal reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.
Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mal grado, não se mostre sensível ao bom proceder.
Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a Justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.
Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso, as deve receber com resignação e como consequência da natureza inferior do globo terrestre.
Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.
Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que está não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal, e sim também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles.
É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.
A vingança
A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. É, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da Era Cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: “Perdoai aos vossos inimigos”, que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão.
A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Quando é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém, as mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno.
Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições; não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. Em consequência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor, espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que outrora o acolhiam. Fica estupefato quando mãos que se lhe estendiam, agora se recusam a apertar as suas.
Enfim, sente-se aniquilado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam. Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face.
Fora, pois, com esses costumes selvagens! Fora com esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. – Júlio Olivier. (Paris, 1862.)
O ódio
Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tomai sobretudo a peito amar os que vos inspiram indiferença, ódio ou desprezo. O Cristo, que deveis considerar modelo, deu-vos o exemplo desse devotamento. Missionário do amor, Ele amou até dar o sangue e a vida por amor.
Penoso vos é o sacrifício de amardes os que vos ultrajam e perseguem; mas, precisamente, esse sacrifício é que vos torna superiores a eles. Se os odiásseis, como vos odeiam, não valeríeis mais do que eles. Amá-los é a hóstia imácula que ofereceis a Deus na ara dos vossos corações, hóstia de agradável aroma e cujo perfume lhe sobe até o seio.
Se bem a lei de amor mande que cada um ame indistintamente a todos os seus irmãos, ela não couraça o coração contra os maus procederes; esta é, ao contrário, a prova mais angustiosa, e eu o sei bem, porquanto, durante a minha última existência terrena, experimentei essa tortura; mas Deus lá está e pune nesta vida e na outra os que violam a lei de amor. Não esqueçais, meus queridos filhos, que o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distância dele. – Fénelon. (Bordeaux, 1861.)
JESUS E ATUALIDADE
CAP. 2 = Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco
“Não te crucifiques na consciência de culpa, após reconheceres o teu erro. Não te encarceres em sombras, depois de identificares os teus delitos. Não te amargures em demasia, descobrindo-te equivocado. Renasce dos teus escombros e recomeça a recuperação de imediato, evitando futuros retornos expiatórios, injunções excruciantes, situações penosas. Pede perdão e reabilita-te, ante aquele a quem ofendeste e prejudicaste. Se ele te desculpar, será bom para ambos. Porém, se não o fizer, compreende-o e segue adiante, não mais errando. Infelicitado por alguém, perdoa-o e desatrela-te dele, facultando-lhe a paz e vivendo o bem-estar que decorre da ação correta. A reencarnação de que te utilizas é concessão superior, que não podes desperdiçar. Cada momento é valioso para o teu trabalho de sublimação, de desapego, de amor puro. Abrevia os teus renascimentos agindo corretamente e servindo sem cansaço, com alegria, porquanto, para adentrares no Reino dos Céus, que se estende da consciência na direção do infinito, “é necessário nascer de novo “, conforme Ele acentuou.”
Consolador Q. 337. — “Concilia-te depressa com o teu adversário.” ( † ) — Essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
- Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no coração.
Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra
Aprendestes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhe entregueis o manto; e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (Mateus, 5:38 a 42.)
Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas.
Por isso é que a lei de Talião prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: “Retribuí o mal com o bem.” E disse ainda: “Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente.
Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho, quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas consequências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio às agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma Lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança.
Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. É, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho.
Somente a fé na vida futura e na Justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.
CONCLUSÃO
A paciência
A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu. Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.
A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência. A vida é difícil, bem o sei.
Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores.
O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte. Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu Ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)
Pelos nossos inimigos e pelos que nos querem mal
Disse Jesus: Amai os vossos inimigos. Esta máxima é o sublime da caridade cristã; mas, enunciando-a, não pretendeu Jesus preceituar que devamos ter para com os nossos inimigos o carinho que dispensamos aos amigos. Por aquelas palavras, Ele nos recomenda que lhes esqueçamos as ofensas, que lhes perdoemos o mal que nos façam, que lhes paguemos com o bem esse mal.
Além do merecimento que, aos olhos de Deus, resulta de semelhante proceder, Ele equivale a mostrar aos homens o em que consiste a verdadeira superioridade. (Cap. XII, itens 3 e 4.) 47.
Prece. – Meu Deus, perdoo a N… o mal que me fez e o que me quis fazer, como desejo me perdoes e também ele me perdoe as faltas que eu haja cometido. Se o colocaste no meu caminho, como prova para mim, faça-se a tua vontade. Livra-me, ó meu Deus, da ideia de o maldizer e de todo desejo malévolo contra ele. Faze que jamais me alegre com as desgraças que lhe cheguem, nem me desgoste com os bens que lhe poderão ser concedidos, a fim de não macular minha alma por pensamentos indignos de um cristão. Possa a tua bondade, Senhor, estendendo-se sobre ele, induzi-lo a alimentar melhores sentimentos para comigo! Bons Espíritos, inspirai-me o esquecimento do mal e a lembrança do bem. Que nem o ódio, nem o rancor, nem o desejo de lhe retribuir o mal com outro mal me entrem no coração, porquanto o ódio e a vingança só são próprios dos Espíritos maus, encarnados e desencarnados! Pronto esteja eu, ao contrário, a lhe estender mão fraterna, a lhe pagar com o bem o mal e a auxiliá-lo, se estiver ao meu alcance. Desejo, para experimentar a sinceridade do que digo, que ocasião se me apresente de lhe ser útil; mas, sobretudo, ó meu Deus, preserva-me de fazê-lo por orgulho ou ostentação, abatendo-o com uma generosidade humilhante, o que me acarretaria a perda do fruto da minha ação, pois, nesse caso, eu mereceria me fossem aplicadas estas palavras do Cristo: Já recebeste a tua recompensa.
(Cap. XIII, itens 1 e seguintes.)
BIBIOGRAFIA
O Evangelho Por Emmanuel
(Comentários Ao Evangelho Segundo Mateus) Pg. 121
Bíblia
Livro Dos Espíritos – Q. 212, 661, 764, 887
O Consolador – Q. 337
EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO
Capítulo X – Bem-Aventurados Os Que São Misericordiosos.
Itens 7-8: O Sacrifício Mais Agradável A Deus
Item 9: O Argueiro E A Trave No Olho
Item 11: Não Julgueis, Para Não Serdes Julgados.
Capítulo XII – Amai Os Vossos Inimigos
Livro Fonte Viva
Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Pág. 215
Cap. 113 – “Busquemos O Melhor”
Livro Celeiro De Bençãos
Psicografia: Divaldo P. Franco, por Joanna De Angelis
Cap.28 – “Ante as Ofensas”
Livro Rumo Certo
Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Pág. 22
Livro Sinal Verde
Psicografia: Francisco Candido Xavier
Capítulo 7 – “Parentes Difíceis”
Livro Luz Da Esperança
Psicografia: Divaldo Franco, por Joanna De Angelis
Capítulo 9
Livro Contos e Apólogos
Psicografia: Francisco Candido Xavier, pelo irmão X
Capítulo 11 – “Seara do Ódio”
Livro Jesus e Atualidade
Psicografia: Divaldo Franco, por Joanna De Angelis
Capítulo 2
Livro Filosofia Espírita
Ditado pelo Espírito Miramez – Volume V