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Centro Espírita Leocádio Corrêia > Artigos > BIBLIOTECA VIRTUAL > Artigos da Revista Espírita - França 1858/1869 > A Chave do Céu

A Chave do Céu

celcArtigos da Revista Espírita - França 1858/186928 de dezembro de 2011 Leave a comment0

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.

A CHAVE DO CÉU.

REVISTA ESPIRITA, AGOSTO, 1865

 

(Sociedade de Montreuil-sur-Mer, 5 de janeiro de 1865.)

Quando se considera que tudo vem de Deus e retorna a Deus, é impossível não perceber, na generalidade das criações divinas, o laço que as religa entre elas e as sujeita a um trabalho de comum adiantamento, ao mesmo tempo que de um trabalho de adiantamento particular; como também não se pode desconhecer que a lei de solidariedade que disso resulta, não nos obriga a sacrifícios gratuitos de todas as espécies uns para com os outros. Há a anotar, aliás, que Deus nos mostrou em tudo uma primeira aplicação por ele mesmo dos princípios primordiais que estabeleceu. Assim, pela solidariedade, se encontra esse princípio expresso na sensibilidade da qual fomos dotados, possibilidade que nos leva a compartilhar os males de outrem, a tomá-los em piedade e aliviá-los.

Isto não é tudo; os profetas e o divino Messias Jesus nos deram o exemplo de uma segunda aplicação do princípio de solidariedade, primeiro em consagrando por cerimônias simbólicas, e mais freqüentemente pela autoridade de seus ensinos, o amor do homem para o homem; depois em proclamando como um dever necessário e rigoroso a prática da caridade, que é a expressão da solidariedade. A caridade é o ato de nossa submissão à lei de Deus; é o sinal de nossa grandeza moral; é a chave do céu. Também é da caridade que quero vos falar. Não a considerarei senão sob um único lado: o lado material, e a razão disto é simples: é o lado que agrada menos ao homem.

Não mais os cristãos do que os Espíritas, ninguém negou o princípio, ou melhor, a lei da solidariedade; mas procurou-se eludir-lhe as conseqüências, e para isso se evocaram mil pretextos. Deles citarei alguns.

As coisas do espírito ou do coração, disseram, tendo um preço infinitamente superior ao das coisas materiais, segue-se que consolar a aflição, ou por boas palavras ou por sábios conselhos, vale também infinitamente mais do que consolá-la por socorros materiais. Seguramente, senhores, tendes razão se a aflição da qual falais tem uma causa moral, se ela toma sua razão numa ferida do coração; mas se é a fome, se é o frio, se é doença, se, em uma palavra, foram as causas materiais que a provocaram, vossas doces palavras bastarão para dulcificá-las? vossos bons conselhos, vossas sábias opiniões chegarão a curá-la? Permiti-me disto duvidar. Se Deus, em vos colocando sobre a Terra, tivesse se omitido em prover à alimentação de vosso corpo, disto teríeis encontrado equivalente nos socorros espirituais que vos concede? Mas Deus não é o homem, Deus é a sabedoria eterna e a bondade infinita; ele vos impôs um corpo de lama, mas proveu as necessidades desse corpo fertilizando vossos campos e fecundando os tesouros da terra; aos recursos espirituais que se dirigem à vossa alma, juntou os recursos materiais que vosso corpo reclamava. Desde então, e porque o egoísmo talvez tivesse despojado o pobre de sua parte na herança terrestre, de que direito vos creríeis quites para com ele? Porque a justiça humana riscou-lhe o nome do número dos usufrutuários dos bens temporais, por que a vossa caridade não encontraria uma justiça mais equitativa a lhe dar?

Um ilustre pensador deste século não temeu assim se expressar em sua memorável profissão de fé: “Cada abelha tem direito à porção de mel necessária à sua subsistência, e se, entre os homens, há a quem falte desse necessário, é que a justiça e a caridade desapareceram do meio deles.” Toda excessiva que possa vos parecer esta linguagem, por isso não contém menos uma grande verdade, verdade inacessível talvez ao entendimento de muitos dentre vós, mas evidente para nós, Espíritos que, mais atingidos pelos efeitos porque os abarcamos em seu conjunto, vemos também as causas que os produzem.

Ah! disse aquele, ninguém mais do que eu geme sob as penas e as privações cruéis do verdadeiro pobre, cujo trabalho, insuficiente para a manutenção de sua família, não lhe leva, em troca de suas fadigas, nem a alegria de nutrir os seus, nem a esperança de deixá-los felizes; mas eu me faria um caso de consciência encorajar, por cegas liberalidades, a preguiça ou a má conduta em farrapos. De resto, tenho a caridade como indispensável à salvação do homem; somente a impossibilidade de descobrir as necessidades reais, entre tantas necessidades simuladas, justifica, isto me parece, minha abstenção.

A impossibilidade de descobrir as necessidades reais, tal é, meu amigo, vossa justificativa. Vede, no entanto, essa justificativa não será jamais sancionada pela vossa consciência, e disto não quero dar outra prova senão a confissão que me fizestes; porque, do direito que teria o verdadeiro pobre à vossa esmola, – e lhe reconheceis esse direito, – desse direito, digo eu, decorre para vós o dever de procurá-la. Procurá-la vós? A impossibilidade vos detém. Como pois! a caridade não tem limites, ela é infinita, como Deus de quem emana, e não admite nenhuma impossibilidade! Sim, alguma coisa vos detém: é o egoísmo, e Deus, que sonda os corações e os rins, Deus o descobrirá facilmente sob os falaciosos pretextos com os quais o velais. Podeis enganar o mundo, chegareis também a enganar momentaneamente vossa consciência, mais jamais enganareis a Deus. Em cem anos, em mil anos, aparecereis de novo sobre a Terra; nela vivereis, sem dúvida, despojados de vossa opulência presente e cobertos sob o peso da indigência; pois bem! eu vo-lo declaro, recebereis do rico o desdém e a indiferença que, ricos vós mesmos, tereis mostrado outrora para o pobre. Nobreza obriga, diz-se; solidariedade obriga mais ainda. Quem se subtrai à esta lei dela perde todos os benefícios. É porque vós, que tereis guardado o fundo egoísta de vossa natureza, suportareis, ao vosso turno, os desprezos do egoísmo.

Escutai estas afirmações de Rousseau:

“Para mim, disse ele, sei que todos os pobres são meus irmãos e que não posso, sem uma inexcusável dureza, lhes recusar o fraco socorro que me pedem. A maioria são de vagabundos, nisto convenho; mas conheço muito as penas da vida para ignorar por quantas infelicidades o honesto homem pode se encontrar reduzido à sua sorte. E como poderia eu estar seguro de que o desconhecido que vem implorar, em nome de Deus, minha assistência, não é talvez esse honesto homem prestes a perecer de miséria e que minha recusa vai reduzir ao desespero? Quando a esmola que se lhes dá não fosse para eles um socorro real, é pelo menos um testemunho de que se toma parte em suas dificuldades, um abrandamento à dureza da recusa, uma espécie de saudação que se lhes dá.”

É um filho de Gênova, senhores, que fala da sorte; é um filósofo saciado nas fontes secas do século dezoito que teme desconhecer o honesto homem entre os desconhecidos que lhe estendem a mão e que dá a todos. Dar a todos porque todos são seus irmãos: ele o sabe! Disso sabeis menos do que ele, senhores? Não ouso crê-lo.

Mas em que medida deveis dar, ou antes, qual é em vossos bens a parte que vos pertence e a parte que pertence aos pobres? Vossa parte, senhores, é o necessário, nada senão o necessário e ainda não seria preciso que o exagerásseis. Em vão vos prevalece reis de vossa posição, das obrigações que lhe são decorrentes, das obrigações de luxo que ela exige; tudo isto olha ao mundo, e se quiserdes viver para o mundo, não avançareis senão com o mundo, não ireis mais depressa do que o mundo. Em vão ainda, alegareis, para justificar vossos hábitos de fraqueza, um trabalho ao qual não se entrega o pobre, e que, praticado em vossa casa e por vós, vos torna beneficiários de um maior bem-estar; em vão alegareis isto, porque todo homem é ligado ao trabalho, ou por ele, ou pelos outros, porque a incúria de seu vizinho não o absolveria do desamparo em que o tenha abandonado.

De vosso patrimônio, como de vosso trabalho, não vos é permitido retirar senão uma coisa em vosso proveito: o necessário, o resto torna aos pobres. Eis a lei. Que essa lei comporte, em certos casos e em circunstâncias dadas, temperamentos, não o nego, mas diante da luz, diante da verdade, diante da justiça divina, ela não o comporta.

E a família, em que se tornará ela? Estamos quites com ela desde que tenhamos socorrido o que se chama os pobres? Não, evidentemente, senhores, porque, do momento em que reconheceis a necessidade de vos despojar para os pobres, trata-se de fazer uma escolha e estabelecer uma hierarquia. Ora, vossas mulheres e vossos filhos são vossos primeiros pobres; sobre eles, pois, deveis derramar a vossa primeira esmola.

Velai pelo futuro de vossos filhos; sede cuidadosos em lhes preparar dias calmos e tranqüilos no meio desse vale de lágrimas; deixai-lhes mesmo em depósito uma leve herança que lhes permita continuar o bem que tiverdes começado: isto é legítimo. Mas jamais lhes ensineis a viver egoisticamente, e a olhar como seu o que é de todos. Antes e depois deles, os autores de vossos dias, aqueles que vos nutriram e guardaram, aqueles que protegeram vossos primeiros passos e guiaram vossa adolescência, vosso pai e vossa mãe têm direito à vossa solicitude. Depois vêm as almas que Deus vos deu em vossos irmãos segundo a carne; depois vossos amigos de coração; depois todos os pobres, a começar pelos mais miseráveis.

Vós o vedes, eu vos concedo temperamentos, e estabeleci uma hierarquia conforme os instintos de vosso coração. Tende cuidado, no entanto de muito favorecer uns com exclusão dos outros. E pela partilha equitativa de vossos benefícios que mostrareis a vossa sabedoria, e é pela partilha equitativa ainda que cumprireis a lei de Deus com relação aos vossos irmãos, que é a lei de solidariedade.

“A justiça, disse Lamennais, é a vida; a caridade, é também a vida, mas uma mais bela e mais doce vida.”

Sim, a caridade é uma bela e doce vida, é a vida dos santos, é a chave do céu.

LACORDAIRE.

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