A Honradez de uma criança
“A grandeza de um país se afere pelo caráter de seu povo, de sua integridade, dignidade e honestidade”
Um senhor de idade sentado à tarde, na sacada de sua casa, viu aproximar-se um garotinho de rosto arroxeado pelo frio, de pés descalços e vermelhos e a roupa totalmente em farrapos.
– Senhor, por favor, compre-me uns fósforos, a caixa custa só um real.
– Mas eu não preciso de nenhuma caixa de fósforos, pois eu não fumo, replicou o senhor.
Para me ver livre, escreve o velho senhor, contando sua história, assentei em comprar-lhe uma caixa, mas quando ia pagar, vi que não tinha dinheiro trocado.
Disse-lhe então: “Não tenho agora, dinheiro trocado, mas para poder compensar, amanhã compro duas caixas”.
– Oh, compre-as hoje, sim? Eu vou trocar o dinheiro, porque tenho fome, e preciso comprar mantimentos.
Dei-lhe dez reais e ele desapareceu correndo. Esperei por um momento, mas o garoto não voltou.
Já noite fechada, vieram avisar-me que um menino desejava falar-me. Mandei-o entrar e vi um garoto bem menor que o outro a quem tinha dado dez reais.
– É o senhor que comprou fósforos do Zezinho ?
– Sou eu mesmo!
– Então aqui tem quatro moedas de um real. O Zezinho não pode vir; está muito mal; um carro atropelou-o e passou-lhe por cima. Perdeu o boné, as caixas de fósforos e o resto do dinheiro; tem as pernas partidas e parece que não escapa. Só pôde entregar-lhe estas moedas. Não é o valor exato, daquilo que lhe devia, mas foi tudo que lhe restou.
Dizendo isso, o garotinho colocou o dinheiro sobre a mesa e irrompeu em soluços.
Dei-lhe então de comer e sai com ele para ir ver o garoto que me vendeu a caixa de fósforos. Verifiquei que os dois pobres meninos viviam com uma velha, sempre embriagada. Os pais haviam falecido.
Vi um quadro de sofrimento. Sobre um catre no meio de farrapos, em uma noite gélida de inverno sem fogo para aquecê-lo, o pobre Zezinho jazia sobre um monte de aparos de madeira; reconheceu-me imediatamente e disse:
Perdão, senhor, mas não pude voltar!”, e depois continuou: “Sei que vou morrer! E agora, meu pobre irmão. Quem cuidará deste meu irmãozinho, quando eu deixar este mundo? Que será de ti, meu irmão?…”.
Ergui o pobre menino em meus braços e prometi-lhe que tomaria conta de seu irmão. Compreendeu, e ainda teve força bastante para me fitar, como se almejasse agradecer-me; mas apagou-se-lhe a luz dos seus olhos azuis e úmidos e foi repousar do seio de Deus.
A fortaleza do caráter se forma basicamente através de três coisas: força de vontade, personalidade e domínio de si mesmo. É uma fortificação humana, mesmo numa criança. É um exemplo que enobrece e avigora, modelando a humanidade, afastando-a das garras alongadas da corrupção.
A força do caráter, da consciência moral e da probidade, trazendo o facho reluzente da quietude do espírito e perene alegria de viver.
São os sentimentos nobres que aferidos pelo caráter de um povo, enriquecem o acervo moral de uma comunidade, que tem carência desses padrões nobres de comportamento, para o fortalecimento e progresso de uma nação que quer se tornar grande. Progresso e grandeza no amor, na paz, na conduta, na compreensão, na operosidade, na fraternidade e no amplo calor humano da solidariedade.
É indispensável evitar o escuro tenebroso do vendaval da vida ímproba e desolada, onde alguma enfermidade esconde de nós a luz e nos arrefece o ânimo de viver honradamente com a fronte erguida, anteparando o nosso viver sob a noite de muitas estrelas nos embebedando com a música suave e o encanto da doçura das bênçãos de Deus.
Madre Tereza de Calcutá, freira albanesa, fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, sobre honestidade, disse:
“A honestidade e a fraqueza o tornam vulnerável. Seja honesto, mesmo assim!”.
Iracy Vieira Catalano, Presidente do Lions Clube de Bauru Centro