Bem-aventurados os que tem os Olhos Fechados, palestra 30.04.25
Bem-aventurados os que tem os Olhos Fechados
CELC -30.04.25 – Solange
Um dia antes da reunião já fiquei ansiosa mas abri o evangelho e saiu o capitulo 8 “Bem aventurados aqueles que tem puro o coração” na instrução dos espíritos – itens 20 e 21 “Bem-aventurados os que tem fechados os olhos”, disse vai ser esse o tema, enviei não me recordo se foi Emerson ou Geisa. Fiquei pensando por onde começar e fora ansiedade. Depois que acalmei vi que a minha espiração seria para falar o que buscamos através do Evangelho de Jesus quando ele nos ensina as “Bem-aventuranças” no sermão da montanha. Que na época creio que alguns ou muitos até hoje não O compreendeu. Na Bíblia no capítulo 14 de João versículo 15, Jesus diz aos apóstolos “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos” essa passagem está também no do Ev Seg, Espiritismo capitulo 6 item 3. No item 4 está assim “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, mas de que forma se achar feliz sofrendo não sabendo por que se sofre? O espiritismo mostra-lhe a causa nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia seu passado; mostra-lhe o objetivo naquilo em que os sofrimentos são como crises salutares que conduzem à cura e são a depuração que assegura a felicidade nas existências futuras. ..
O espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a dúvida pungente não mais se abate sobre sua alma; fazendo-o ver do alto, a importância das vicissitudes terrestres se perder no vasto e esplêndido horizonte que ele descortina, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até o fim do caminho. …Com isso o espiritismo realiza o que Jesus disse do consolador prometido: os conhecimentos das coisas que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e o porquê está na terra.
Este capítulo do estudo de hoje Bem-aventurados os que têm fechados os olhos esse item é muito interessante, mas ele teve outro proposito para mim abriu uma nova janela o que fazer para ser Bem-aventurado, o que Jesus sentiu ali na multidão que o seguia e junto com seus apóstolos Ele conhecia a capacidade e condição de entendimentos de todos ali, qual é verdadeira instrução ali oferecida para todos.
Sendo assim Kardec coloca no Evangelho Segundo Espiritismo capítulos que estão em Mateus e Lucas sobre os Bem-Aventurados. Eles são o capitulo 5 Bem-aventurados os aflitos, capitulo 7 Bem-aventurados os pobres de espirito, capitulo 8 Bem-aventurados os que têm puro o coração, Capitulo 9 Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos, capitulo 10 Bem-aventurados os que são misericordiosos, e na Bíblia estão no evangelho de Mateus no capitulo 5, versículos do 3 ao 11e Lucas capitulo 6, versículos do 20 ao 22.
Em Mateus no capitulo 4-23 a 25, está escrito assim: E percorria Jesus toda a Galileia, ensinado nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.
5:1 diz: E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: Dos Bem-aventurados.
Então busquei o significado da palavra “Bem-aventurados”, achei três significados são eles:
A palavra “Bem-aventurados” deriva do termo grego Makárioi, que pode ser traduzido como “feliz”, “bendito”, “recebedor privilegiado do favor divino” ou “quão abençoado” podemos ser..
E na bíblia, “bem-aventurados” significa abençoados, felizes, ou que recebem a bênção divina. É uma expressão que se refere a uma alegria profunda da alma.
Pela igreja, ser bem-aventurado é ser santo beatificado ou ter alcançado a graça celestial.
Então posso dizer que sendo recebedor privilegiado do favor divino, receber a benção divina e alcançando a graça celestial, assim cumpro os deveres que me foi confiado, quando solicitei a reparação dos erros ao reencarnar. Mas como ainda somos espíritos inferiores em aprendizado temos dificuldades para o cumprimento dos nossos deveres.
No livro Vivendo o Evangelho Volume 1, este livro tem os comentários do Evangelho Segundo Espiritismo no título Bem-Aventurados aqueles que tem puro coração, diz assim – A pureza de coração não se adquire de uma hora para outra, acompanha a evolução espiritual na viajem dos séculos e resulta do aperfeiçoamento íntimo. Contudo, nada impede que comece agora.
Para alcançar o reino dos céus, o homem tem abandonar a crença orgulhosa de que é o rei da Criação e assumir definitivamente a condição de filho de Deus. E Deus é um pai de justiça. (sua lei será cumprida).
Coloquei uma imagem muito bonita aqui no estudo, que encontrei de pintor francês chamado James Tissot, mostra Jesus pregando evangelho que seria a passagem das bem-aventuranças. Creio que deveríamos estar ali ouvindo, mas não sei se todos entendiam seus ensinamentos.
Na bíblia sagrada, Jesus ensinou as bem-aventuranças no Sermão da Montanha, no Monte das Oliveiras. As bem-aventuranças são características espirituais que ajudam a entender as bênçãos de Deus e o que significa ser um seguidor de Jesus.
No seu discurso das bem-aventuranças, Jesus abençoou vários tipos de pessoas:
os pobres em espírito
os que choram
os humildes
os que têm fome e sede de justiça
os misericordiosos
os puros de coração
os pacificadores
os perseguidos por causa da justiça
Com essas bênçãos, Jesus inverteu muitos valores deste mundo, que dão mais importância à força, ao poder e ao sucesso. Jesus mostrou que as verdadeiras bênçãos, que são eternas, pertencem àqueles que são dedicados às coisas de Deus.
Posso dizer que não é fácil seguir Jesus e seus ensinamento no contexto geral do seu evangelho.
Temos dificuldade para entender, mas foi nos dado a inteligência como está na questão 115 do Livro dos espíritos, somo espíritos simples e ignorantes, mas devemos procurar esse entendimento, quanto as parábolas de Jesus.
Quero falar aqui também dos 10 leprosos, que Jesus curou e apenas 1 voltou para agradecer.
Está em Lucas 17: 11 a 19 – E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galileia. E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; E levantaram a voz dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz: E caiu-se aos seus pés, com rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? (os curados)E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai, a tua fé te salvou. Esse que seria o samaritano sentiu a importância da gratidão e da fé. E os outros 9 não sentiram a mesma coisa.
Na época de Jesus, a lepra (hanseníase) era considerada uma doença impura que impedia os leprosos de participar da vida religiosa e social. A apresentação aos sacerdotes era uma prática religiosa que certificava a cura e o retorno à pureza espiritual. Jesus, ao mandar os leprosos apresentarem-se aos sacerdotes, estava dando-lhes a possibilidade de serem reintegrados na sociedade, pois a sua cura significava a possibilidade de voltar a participar da vida comum. A apresentação aos sacerdotes era, portanto, um ato de obediência à lei e um reconhecimento da autoridade religiosa da época. Este ato de obediência destaca um aspecto crucial da fé.
A cura, por si só, não era suficiente para que os leprosos voltassem a participar da vida social. A apresentação aos sacerdotes era necessária para que a sua condição de impuros fosse alterada e pudessem retornar à comunidade. Seria uma comprovação da cura.
Então no ensinamento que traz para nós Kardec no Evangelho com essa Instrução dos espíritos neste capitulo 8 itens 20 e 21, onde é relatada uma comunicação dada por um Espirito Superior Cura D’Ars em 1863, com relação uma pessoa cega, e na nota que é o item 21, – o item está assim: Quando uma aflição não é consequência dos atos da vida presente, deve-se-lhe buscar a causa numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da Justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja sempre em correlação com a falta. Na questão 390 no O consolador diz: “ninguém vale na terra senão pela expressão da misericórdia divina que o acompanha” (é a justiça divina sendo cumprida). Se, por sua bondade, lançou um véu sobre os nossos atos passados, por outro lado nos aponta o caminho, dizendo: “Quem matou à espada, pela espada perecerá”, palavras que se podem traduzir assim: “A criatura é sempre punida por aquilo em que pecou. ” Se, portanto, alguém sofre o tormento da perda da vista, é que esta lhe foi causa de queda. Talvez tenha sido também causa de que outro perdesse a vista; de que alguém haja perdido a vista em consequência do excesso de trabalho que aquele lhe impôs, ou de maus-tratos, de falta de cuidados etc. Nesse caso, passa ele pela pena de talião. É possível que ele próprio, tomado de arrependimento, haja escolhido essa expiação, aplicando a si estas palavras de Jesus: “Se o teu olho for motivo de escândalo, arranca-o.” No consolador na questão na questão 390 está assim “Ninguém vale na Terra, senão pela expressão da misericórdia divina que o acompanha e a sabedoria do plano superior conhece minuciosamente as necessidades e méritos de cada um. Ele sendo espirito superior ele sabia o porquê ela veio com cegueira.
No livro Vivendo Evangelho número 105 diz assim. Há muita gente que enxerga a provação, mas não vê a oportunidade de ajudar. A privação da vista é prova dolorosa, cujas raízes remontam ao passado. Contudo, a pior cegueira é aquela que impede a visão da caridade, porque você enxerga o próximo em desvantagem e não vê o bem que lhe pode fazer.
Número 106 diz – A dor que te aflige agora, sem causa na existência atual, é a reencarnação cobrando os débitos que deixaste para trás, em outras vidas. É o desvio do passado, exigindo o resgate necessário apesar da lisura (clareza) do presente. Na questão 975 Livro dos Espíritos diz: o espírito sofre por todo o mal que fez ou do qual foi a causa voluntária, por todo o bem que teria podido fazer e não fez, e por todo mal que resulta do bem que ele não fez. Devemos com isso fazer sempre o bem.
No livro dos Espíritos capítulo 6 “Vida Espírita”, Escolha das Provas na questão 258, Kardec pergunta aos espíritos – Quando na erraticidade, e antes de tomar uma nova existência corporal (reencarnar), o Espírito tem consciência e a previsão das coisas que lhe acontecerão durante a vida?
Resposta; Ele mesmo escolhe o gênero de provas que quer sofrer e é nisso que consiste seu livre arbítrio. Não é, pois, Deus que lhe impõe as atribulações da vida como castigo?
Nada acontece sem a permissão de Deus, pois é Ele que estabelece todas as leis que regem o Universo. Perguntai, portanto, por que Ele fez esta lei ao invés da outra. Ao dar ao Espirito a liberdade de escolha, lhe deixa toda responsabilidade de seus atos e de suas consequências; nada entrava seu futuro; o caminho do bem, assim como o do mal, lhe é acessível. Mas se sucumbe, lhe resta uma consolação, que é a de que nada está acabado para ele e que Deus, em sua bondade, o deixa livre para recomeçar aquilo que fez de errado….
No Consolador ainda na questão 253 –A virtude é concessão de Deus, ou é aquisição da criatura? Resposta:-A dor, a luta e a experiência constituem uma oportunidade sagrada concedida por Deus às suas criaturas, em todos os tempos; todavia, a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.
Como então nos reformar intimamente, a reforma intima tão mencionada na doutrina espírita, que também não é fácil, porque muda a nossa rotina, não colocar empecilho quanto ao ajudar o próximo, disciplina e muito mais atribuições que devemos tomar, nas nossas vidas, para que no final sintamos que valeu a pena essa reforma tão importante. No Livro dos Espíritos questão 661 diz assim na resposta: “aquele que pede a Deus o perdão de suas faltas não obtém senão mudando de conduta”, buscando a reforma intima.
Voltando agora item 20 e Nas instruções dos espíritos diz assim “Bem aventurados os que tem fechados os olhos.”
O documento descreve uma reunião espírita em 1863 na qual um espírito, o Cura de Ars, é evocado para falar sobre uma menina cega. Ele explica que não pode curá-la, pois sua cegueira é uma expiação de erros do passado, necessária para seu crescimento espiritual.
Diz assim: “Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá ido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! Que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira.(aqui o espirito comunicante sabe que ele é instrumento para que fale a verdade) Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais sendo aquele que é Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei (voltar) sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste”. Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes.
Em recompensa da vossa abnegação. Contudo, uma vez que aqui me acho, numa assembleia (seria reunião mediúnica) onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os que são privados da vista deveriam considerar-se os bem-aventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancássemos o vosso olho se fosse mal, e que mais valeria lança-lo ao fogo do que deixar se tornasse causa da vossa condenação. Ah! Quantos há no mundo que um dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! Sim, como são felizes os que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha benção”.Vianney, cura d’Ars (Paris 1863).
Como ficou patenteado, a criança, embora estivesse amparada, não encontrou a solução para o seu problema. E, por que a Cura de Ars não curou aquela criança?
Reflexão: Podemos imaginar: Ele não fez a cura porque não tinha poder para curá-la. Ele não quis curá-la. Embora tivesse poder de cura, ele não pode curá-la. Ora Vianney, durante a sua existência na terra, vivenciou o Evangelho de Jesus. Trabalhava nas hostes do catolicismo, e era um exemplo da vivência cristã.
Vianney era um desses espíritos generosos, que vêm a terra unicamente para trabalhar em favor do semelhante. Durante a sua existência no nosso orbe, naturalmente amparado por benfeitores espirituais, realizou inúmeras curas, inclusive a cura de alguns cegos. Ora, se enquanto encarnado ele havia desenvolvido essa potencialidade capas de efetuar uma cura, desencarnado também poderia fazê-lo, pois o espírito não perde as suas qualidades. Então, nós podemos descartar a possibilidade de Vianney não ter poder para realizar aquela cura. Basta estudarmos um pouco a vida do Cura de Ars para sabermos que se trata de um espírito generoso, fraternal, que se sensibilizava com o sofrimento alheio, e capaz mesmo de se sacrificar pra ajudar o semelhante. Por certo, ele queria sim curar aquela criança.
Já vimos que Vianney tinha poder para fazer a cura; ele também queria curar a menina. Porém, ele não pode efetuar essa cura, embora se sensibilizasse com o sofrimento da criança. O cura de Ars, provavelmente, percebeu que as leis magnânimas do Criador havia, instituído para aquele espírito aquela expiação necessária. Pois, era necessário que a criança vivenciasse aquela dor, ou seja, a cegueira. Naturalmente, quando o benfeitor olhou para aquela menina não viu, como os companheiros do grupo, só o presente. Ele identificou o passado, observou o presente, e vislumbrou o futuro. Ao ver o passado, compreendeu onde estava a causa do sofrimento presente, onde aquele espírito havia se equivocado. E, agora no presente, ele estava vivenciando a expiação necessária. E, vislumbrando o futuro, compreendeu a justiça de Deus, entendendo que se aquele espírito vivenciasse essa expiação necessária sairia da Terra vitorioso, quite com seus equívocos do passado. Por esse motivo Vianney não pode interferir, em respeito e obediência aos códigos superiores da vida.
No Evangelho Segundo Espiritismo, encontramos no capítulo5 item 19, Instruções dos Espíritos, Santo agostinho falando sobre O Mal e o Remédio, quando ele diz: “Será a Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Esperai, pois, todos vós que aí viveis, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas sejam as vossas dores, volvei o olhar para o céu e bendizei do Senhor por ter querido experimentar-vos”.
E o remédio para o espirito é exatamente a própria dor que ele está enfrentando. É muito importante nós refletirmos sobre isso, porque, muitas vezes, nós chegamos à Casa Espírita, levados por alguém ou levados pela dor, em condições de sofrimento semelhantes à dessa menina da narrativa, e, por certo, os Benfeitores Espirituais irão nos ajudar. Mas, em se tratando da solução do nosso problema, da cura efetiva de nosso mal, nem sempre é possível que os Espíritos intercedam a nosso favor, isso porque, existem causas anteriores para o nosso padecimento atual, e esse sofrimento que nós enfrentamos é nossa necessidade, é o nosso remédio para o nosso próprio crescimento espiritual. Deus, que é infinitamente bom e justo, jamais permite uma doença ou qualquer dificuldade se elas não tivessem um objetivo salutar para o espírito.
Agora, por que Vianney disse que são bem-aventurados os que não podem enxergar? Para nós entendermos essas palavras do Cura de Ars, precisamos compreender que existem dois tipos de cegueira: a cegueira física e a cegueira espiritual. Com relação à cegueira física, narram alguns evangelistas que, certa vez Jesus, acompanhado por seus discípulos, e passando pelo tanque de Siloé, avistou um homem que era cego, e um dos discípulos, alertando o Mestre, disse que aquele homem era cego de nascença, e perguntou quem havia pecado, ele ou seus pais para que ele nascesse assim, e o Cristo respondeu que nem ele nem seus pais. Ele nasceu assim para dar testemunho do Reino dos Céus Jesus deixou os discípulos e caminhou na direção daquele homem cego.
Cuspiu na terra, e com a saliva fez uma espécie de pasta e aplicou nos olhos daquele homem, e mandou-o se lavar no tanque. Então, ele lavou os olhos e, a partir daquele momento, estava curado. Então, aquelas pessoas que o conheciam de vista, como cego, perguntaram-lhe: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: Aquele homem chamado jesus ungiu-me os olhos e disse: Vai a Siloé e lava-te; então fui, lavei-me e fiquei vendo. Com relação à cegueira espiritual, vamos acompanhar um jovem doutor da lei: ele segue com uma pequena comitiva em direção a Damasco. O seu propósito é prender um ancião, de nome Ananias, seguidor de um carpinteiro chamado Jesus. Mas, quando ele está se aproximando da cidade, um fato inusitado acontece. Uma luz esplendorosa brilha no céu.
Saulo de Tarso cai de joelhos na areia e percebe que aquela luz magnifica começa a tomar forma. É o Mestre Jesus que estava vindo ao eu encontro. E o Rabi da Galileia faz apenas uma pergunta: Saulo! Saulo! Por que me persegues? Naquele instante, vislumbrado aquele homem vestido de luz, e, diante daquela indagação, Saulo compreendeu que estava errado, estava numa profunda escuridão. Aquele ser de luz era o Messias que havia de vir. Então ele também pergunta: Senhor, o que queres que eu faça? Jesus vai ao encontro daquele homem no tanque de Siloé e o cura da cegueira física: e, igualmente vai ao encontro daquele doutor da Lei e o cura da cegueira espiritual. Agora já podemos entender porque Viannei disse que são bem-aventurados os que têm os olhos fechados.
Porque a cegueira física do presente é a remissão do espírito. A Doutrina Espírita é uma doutrina de profundidade. Não é uma doutrina de superfície. Ela não promete curas espetaculares. O Espiritismo nos convida a ter fé raciocinada, a confiar na mensagem de Jesus.
A Doutrina Espírita, através de Allan Kardec e dos espíritos, resgata e aprofunda esses ensinamentos de Jesus, colocando-os no contexto da lei de causa e efeito e do desenvolvimento espiritual.
Para a Doutrina Espírita, as bem-aventuranças não são meras declarações de felicidade, mas sim um guia para a prática da vida e para a evolução espiritual.
A Doutrina Espírita incentiva a aplicação das bem-aventuranças no dia a dia, através da prática da caridade, do estudo, do trabalho e da busca constante pela evolução moral.
As Bem-Aventuranças não se limitam a esperanças e consolações futuras, mas representam uma realidade que se refletirá no íntimo de cada um tão logo nos identifiquemos com a humildade, a mansidão, a misericórdia, a brandura, a bondade, etc. A verdadeira Bem-Aventurança é a integração do Espírito com o Criador.
Às oito bem-aventuranças, que constituem verdadeiramente a plataforma do Reino de Deus e mostram a própria alma de Jesus, Ele acrescentou duas alegorias que são o fecho de ouro dessa primeira e sublime parte do Sermão da Montanha: “Vós sois o sal da Terra” e “Vós sois a luz do mundo” – Mat 5:13 e 5:14. E concluindo no 5:16 diz assim: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
O que realmente acontece é que de posse dos ensinamentos da Doutrina Espírita com as verdades fundamentais que ela sustenta podemos entender a mente do Cristo – um Espírito de ordem Superior que encarnou na Terra na condição de missionário enviado pelos mais altos planos que dirigem a obra de Deus. Isso pode ser explicado da seguinte forma:
Quando Jesus encarnou na Terra, sendo um espírito de envergadura superior, detinha conhecimentos muito avançados, especialmente se comparados com os conhecimentos que os homens da antiguidade possuíam.
É preciso reconhecer, porém, que no transcorrer desses milênios a Humanidade da Terra, evoluiu um tanto na área do conhecimento
A Doutrina Espírita relativamente recente, na sua divulgação expõe conceitos de vanguarda, abordando assuntos de uma forma clara e didática, tais como: a reencarnação, as vidas sucessivas, a evolução dos seres e dos mundos, o períspirito e suas propriedades, as leis que regem a tudo e a todos no Universo, etc.
O conhecimento dessas verdades possibilita um melhor entendimento daquilo o que o Cristo disse e fez em época tão remota.
No Livro dos Espíritos questão 625 o espírito diz a Kardec a respeito de Jesus, um espírito de hierarquia superior que encarnou no planeta Terra.
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.
Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava
Jesus sendo um espirito superior e quando abriu mão dos mundos angélicos dos quais faz parte, para encarnar na densidade de um mundo pouco evoluído, realizando a generosa missão de impulsionar o conhecimento humano, abrindo um horizonte novo para toda a Humanidade.
No entanto, devido a dureza dos nossos corações e a estupidez de nosso raciocínio, não conseguimos reconhecer a luz que brilhava no raciocínio do Cristo.
A mais de dois mil anos, para que as pessoas aprendessem minimamente seus ensinos, ele se utilizava de vários recursos, aproveitando todas as oportunidades que lhe fossem oferecidas:
Ele dialogava com seus seguidores mais diretos, ou com o povo em geral, ou ainda com seus adversários.
Em várias oportunidades falou a grandes multidões, discursando mais extensamente, ministrando ensinamentos mais completos e aprofundados.
O mais conhecido dos seus discursos é o Sermão da Montanha, onde ele expõe resumidamente todos os ensinamentos espirituais que tinha como objetivo ministrar.
Este Sermão representa realmente uma iniciação às coisas espirituais, de tal forma que até os que não são cristãos reconhecem a sua importância, chegando-se a dizer que se as obras que a Humanidade possui sobre espiritualidade fossem todas destruídas, e restasse apenas esse sermão, os homens teriam o suficiente para instruir-se espiritualmente.
O Sermão da Montanha é narrado por dois dos evangelistas – Mateus e Lucas.
No seu início estão As Bem-Aventuranças, que à primeira vista são apresentadas por Mateus em número de sete, de uma forma mais extensa, e quatro por Lucas, de uma forma mais reduzida.
Antes de nos aprofundarmos no que dizem os dois evangelistas é preciso nos lembrar que há uma distinção entre a individualidade do espírito e a sua personalidade:
A individualidade do espírito é tudo aquilo que faz parte dele, lhe é inerente e permanece com ele, na sua trajetória composta de inúmeras etapas que se sucedem no tempo e no espaço.
Observando mais profundamente as Bem-aventuranças percebemos que Mateus e Lucas abordam de maneira distinta o assunto, não só na forma de expor, mas também no seu conteúdo.
Isso é muito natural tendo-se em vista que:
Mateus o evangelista, não é outro senão Levi, um dos primeiros discípulos a seguir Jesus, e que depois foi elevado à categoria de apóstolo.
Desta forma Levi, ou Mateus, conviveu mais ou menos três anos com Jesus, foi ouvinte de suas palavras ao vivo, testemunha ocular de seus atos, participante dos momentos mais íntimos do Mestre com os apóstolos, quando ensinamentos mais profundos e transcendentes eram expostos.
Certamente devido ao grande amor devotado a seu Mestre, Levi tinha muito bem gravadas em seu coração as palavras e o exato sentido que Jesus dera a elas, no momento em escreveu o seu evangelho.
Lucas – Não foi contemporâneo de Jesus, não foi seu discípulo.
Foi sim, seguidor de Paulo de Tarso a quem acompanhou em muitas de suas viagens.
Ao escrever seu evangelho, Lucas se utilizou de três elementos:
Os escritos sobre os atos e ditos de Jesus que circulavam pelas comunidades cristãs.
A pregação de Paulo, que ele acompanhou de perto.
E, homem culto que era, acrescentou o que pesquisou junto às testemunhas oculares, que entrevistou sobre passagens da vida de Jesus.
Podemos concluir então que o entendimento de cada um dos dois evangelistas sobre o pensamento de Jesus era diverso, o que pode ser constatado na sequência do trecho de As Bem-Aventuranças.
Lucas demonstrando não haver penetrado exatamente no sentido que Jesus estava dando ao ensinamento, apresenta-nos quatro Bem-Aventuranças e quatro condenações em paralelo, visando unicamente à personalidade humana, ou seja, a condição de seres espirituais encarnados, falando das consequências de seus atos nas sucessões das experiências terrenas.
1.) Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus.
Mas ai de vós, ricos porque já tendes a vossa consolação 6:24
2.) Bem-aventurados vós que agora tendes fome porque sereis fartos.
Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! 6:25
3.) Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis.
Ai de vós que rides, porque gemereis e chorareis 6:25
4.) Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do homem! 6:22
Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão (recompensa) no céu. Era assim que os pais deles trataram os profetas. Ai de vós, quando vos louvarem os homens, assim faziam os pais deles aos falsos profetas. 6:23
Sabemos que as reencarnações proporcionam às criaturas todas as possibilidades de aprendizado em forma de provações, a fim de elas irem aprendendo como se portar diante das mais diversas situações: aquele que em uma encarnação experimentou a prova da riqueza experimentará com certeza a prova da pobreza, assim como aquele que numa experiência foi caluniado e aprendeu com essa situação, na reencarnação terá a oportunidade de provar o que conseguiu aprender.
Essa ideia reencarnacionista parece que foi muito bem compreendida por Lucas – as recompensas ou “castigos” com os quais seremos agraciados nesta mesma Terra, numa etapa posterior, em decorrência dos erros e acertos nas provas da vida.
Lucas nos mostra uma visão personalista, se referindo tão somente àqueles que se apegam a seu eu pequeno e passageiro.
Apresenta como que um consolo aos interesses daqueles que sofrem e que ainda dão exagerado valor: ao que é externo a si mesmos, ao que vem dos outros: o consolo, o elogio, a crítica dos homens, a posse de bens materiais, a tranquilidade emocional, a boa mesa.
Para Lucas nessa passagem, a Justiça Divina premia e pune, dá e tira, numa visão presa ainda ao transitório, muito particular ao nosso momento evolutivo – que não é muito diferente do tempo do evangelista – quando estamos muito apegados á vida material, onde o que importa é estar bem financeiramente, gozar boa saúde, e ter a aprovação dos semelhantes.
Na verdade, no nosso momento evolutivo, todos buscamos ansiosamente as mesmas coisas: por todos os meios materiais – na luta diária, nas nossas conquistas materiais, nas competições etc. ou pelos meios espirituais – nos pedidos feitos nas preces dos seguidores de todas as religiões.
Esses pedidos são geralmente voltados para o nosso aqui e agora.
Esse é o nosso momento e Lucas se refere a ele, abordando a personalidade do Ser Espiritual.
É muito diferente a abordagem de Mateus que transcreve os ensinamentos profundamente espirituais de Jesus, quando o Mestre se refere tão somente à Individualidade do Ser.
Mt. 5: 3/12
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Uma grande variedade de traduções foi dada às palavras de Mateus, quando lemos “os pobres de Espírito”.
Porém a tradução correta do termo grego à primeira Bem-Aventurança é “aquele que caminha humilde a mendigar as coisas espirituais”.
São aquelas criaturas que, embora ainda presas à matéria, compreendem que existe algo mais, e buscam avidamente satisfazer seu aspecto espiritual, que embora esteja ainda oculto em si, já sentem necessidade de buscar.
As satisfações materiais já não lhes bastam, almejam realizações de ordem espiritual.
Embora ainda necessitem trilhar longo percurso, são essas criaturas as mais sérias candidatas ao reino dos céus, ou reino espiritual.
Todo o ensinamento de Jesus visa exatamente a ascensão do ser humano rumo a sua evolução.
Se pensarmos no sentido evolutivo de reino mineral – vegetal – animal – hominal, fica muito claro o que seria o reino espiritual ou angelical, ou o reino dos céus, ou o reino de Deus – a meta a ser atingida. O sentido seria esse:
Bem-aventurado aquele que caminha humilde a mendigar quanto ao espírito, ou seja, aquele que preso ainda à ciranda reencarnatória, pois esse é o seu nível evolutivo, busca espiritualizar-se por todos os meios, procurando encontrar O Espírito, que sente estar oculto no mais íntimo de seu ser.
Seriam os primeiros passos do ser espiritual consciente do seu glorioso destino.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Salientando a mansidão que compreende humildade, paciência e doçura, Jesus acena com uma herança: a Terra. Está apontando para uma meta a ser alcançada.
No Antigo Testamento os profetas já acenavam com essa herança.
“os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância da paz” – Salmo (37:11)
“meus escolhidos herdarão a Terra e meus servos nela habitarão” – Isaias (65:9).
“porque os homens retos habitarão a Terra e os íntegros nela permanecerão; mas os ímpios serão suprimidos da terra e os pérfidos dela serão arrancados” – Provérbios (2:21-22)
A Terra seria o prêmio aos mansos. Mas não seria no sentido do mundo material que a Terra oferece aos homens a que tanto se apegam. As profecias falam em situação de paz, que não existe na Terra em que habitamos.
Seria sim essa mesma Terra transformada em planeta de paz, quando dela forem banidos os agentes causadores de guerras, aqueles que são impulsionados pura e simplesmente por sua veia emocional, que denota a sua condição animal.
Felizes serão, portanto, os mansos, os que vivem mais do que têm de espiritual, não se deixando levar pelas emoções que geram as paixões, os ódios, as invejas, as competições desleais, as brigas, as guerras. Os mansos herdarão a Terra regenerada, ou seja, eles mesmos promoverão a transformação de um mundo de expiações e provas em um mundo de regeneração. Seria uma nova etapa alcançada pela criatura no seu processo evolutivo.
Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
Jesus não se refere ao simplesmente chorar.
Não chamaria de bem-aventurados os que vivem se lamentando e chorando por sentirem autopiedade, buscando com o choro a atenção daqueles que os cercam.
Felizes, sim, são os que compreendem sua inferioridade evolutiva e choram ansiosos por conseguir se espiritualizar, embora ainda vinculados ao reino material das sensações e emoções.
Reconhecendo sua condição atual compreendem, e compreender já é o outro passo na sua ascensão. “Conheça-te a ti mesmo” diria o filósofo que compreendeu essa realidade.
Choram porque estão insatisfeitos e sentem dificuldade em desvencilhar-se da grosseria do estágio atual, mesmo que ainda necessitem permanecer ligados a ele.
Neste estágio embora a criatura erre, ela não se sente feliz errando, então ela chora, mas não esmorece em superar essa fase.
Paulo de Tarso reconheceu-se nesse estágio quando disse:
“realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto. Ora se faço o que não quero, eu reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou mais eu que pratico a ação, mas o pecado que habita em mim” – Romanos 7:15/17
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Neste item parece que ocorre uma contradição. Como podem ser louvados os que exigem justiça se mais adiante Jesus fala em bem-aventurados os que têm misericórdia?
É bem-aventurado o faminto de justiça ou o é o misericordioso?
Embora as traduções apontem para o sentido de justiça, o termo grego exprime mais corretamente o sentido de “o reto, o justo, o observador da regra – seria justeza ao invés de justiça”.
Portanto o sentido desse quarto item de As Bem-Aventuranças seria, o de ajustamento, de aperfeiçoamento. Neste ponto a criatura já se encontra um tanto mais intelectualizada, pois é capaz de saber escolher o melhor para si. Ela está ascendendo no plano evolutivo.
O sentido seria “Bem-aventurado os que têm fome de perfeição, pois esses serão saciados”.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Jesus está se referindo a quem se compadece daquele que erra, exatamente porque não enxerga a maldade no erro, vê apenas ignorância e falta de amadurecimento.
A criatura já acendeu um tanto mais e já superou o intelecto e cultiva agora o amor.
A outra asa da evolução já está se completando, ela já enxerga Deus nas suas criaturas e se dedica à Sua obra (de Deus) por amor. A primeira asa é o conhecimento, a segunda é o amor.
Esses herdarão misericórdia do alto, porque eles mesmos distribuíram misericórdia e bênçãos com medida cheia e recalcada a todos, indistintamente, bons ou não, incondicionalmente.
Bem-aventurados os Limpos de coração, porque verão a Deus.
Este item foi interpretado durante muito tempo como pureza no sentido de castidade.
Mas o termo certo é “o que nos fala em limpeza”, no sentido de renúncia, desapego.
Limpeza de coração seria desapego das coisas que reconhecidamente não nos pertencem, pois tudo nos é dado por empréstimo. Tudo pertence a Deus.
Paulo de Tarso já dizia: “Nada trouxemos para este mundo, e nada poderemos dele levar” – 1 Tim. 6:7
Neste passo a criatura já está desapegada não só das coisas materiais, mas até de sua personalidade vivendo mais daquilo que realmente conseguiu amealhar de seu: as qualidades, as virtudes, a pureza. Muita inferioridade já foi superada. Estes que se libertaram até do seu eu pequeno, verão a Deus, pois nesse estado de pureza eles comungam mais livremente com os planos mais elevados, com os espíritos mais evoluídos. Seus sentidos espirituais mais desenvolvidos os possibilitam compreender melhor a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
São os fazedores da paz, pois não apenas conseguiram a paz interior, no entendimento sobre si mesmos, mas conseguem transmitir paz e distribuí-la tão somente com a sua presença, simplesmente com aquilo que são, depois de haverem conquistado: a humildade, a compreensão, a mansuetude, o aperfeiçoamento, a misericórdia, a pureza.
Onde os pacificadores se encontrem, as criaturas se veem envolvidas por suas vibrações amorosas, que transmitem uma intensa e envolvente paz. Estes serão chamados filhos de Deus porque o são realmente, pois com a sua maneira de ser estão sempre perfeitamente integrados com o Criador e Sua magnífica obra. Jesus já dizia de si próprio: “Eu e o Pai somos um”. A criatura nesse estágio mais elevado unifica-se e funde-se em amor com todas as criaturas de Deus.
Tudo indica que Jesus, neste trecho inicial do Sermão da Montanha, está enumerando os passos do caminho da perfeição, que é exatamente o objetivo da sua missão junto à Humanidade deste planeta. É o que ele espera de nós. Cabe a nós se compreendermos, seguir esses passos, e assim estaremos seguindo os passos de Jesus.
Finalizando coloquei uns trechos de uns capítulos dos livros de Chico Xavier : Pão nosso – Justiça divina
Livro “Pão nosso” – Emmanuel-89 – Bem-aventuranças
O problema das bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão líquida, nos bastidores do conhecimento. Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de bênçãos educativas e redentoras. Surge, então, o imperativo de saber aceitá-los.
Esse ou aquele homem serão bem-aventurados por haverem edificado o bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e divina esperança. Mas… e a adesão sincera às sagradas obrigações do título?
O Mestre, na supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se às bem-aventuranças eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos no Plano terrestre, se visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e, quase sempre, ao invés de trabalharem pacificamente, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na desmesurada ambição.
Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu.
Livro Justiça divina Cap 28 Bem AVENTURANÇAS de Chico Xavier ditado pelo espirito Emmanuel – Diz:
Vieram ao mundo em todos os tempos. Seguem-nos ainda hoje. E virão sempre. Por amor, os bem-aventurados, que já conquistaram a Luz Divina, descerão até nós, quais flamas solares que não apenas se retratam nos minaretes da Terra, mas penetram igualmente nas reentrâncias do abismo, aquecendo os vermes anônimos. Chegam, sim, até nós, desculpando-nos as faltas e suprindo nos as fraquezas, a integrar-nos na ciência difícil de corrigir-nos por nós mesmos, sem reclamarem o título de mestres.
Volvem de sublimes regiões, semelhando astros que se apagam na sombra de pesada renúncia, para nos conduzirem o passo, e, envergando a roupagem inferior em que nos achamos, são pais e mães, amigos e servidores, cuja grandeza, muita vez, percebemos somente depois que se distanciam…
Ajudam-nos a carregar o fardo de nossos erros, sem tornarmos irresponsáveis. Alentam-nos a energia sem demitir-nos da obrigação. Sobretudo, jamais nos criticam as deficiências, apesar de nos conhecerem as forças ainda frágeis, e, ainda mesmo quando nos rebolquemos no vício, levantam-nos, caridosos, sem fustigar-nos com o tição da censura. São eles a palavra serena nos torvelinhos do desespero, o refúgio no abandono, o consolo quando a provação nos obriga a marchar sob a chuva das lágrimas, e a certeza do bem, quando o mal parece minar a vida. *
Se choras, reflete neles. Quando te aflijas, não lhes olvides o apoio.
Endereça o pensamento às Alturas e pede-lhes inspiração e socorro, porque, para eles, os bem-aventurados que se elevaram à União Divina, o júbilo maior será sempre esparzir o amor de Deus, que acende estrelas além das trevas e desabotoa rosas entre os espinhos.
Livro Justiça Divina capitulo 20 Missões
Diante da Lei, todas as tarefas do bem são missões de caráter divino.
Atende, pois, de coração alegre, ao dever que te cabe, e, se ninguém na Terra dá conta de teus passos, ignorando-te a presença, nem por isso abandones o trabalho humilde que a vida te confiou, na certeza de que Deus é também o Grande Anônimo, a ensinar-nos, na base de toda a sabedoria e de todo o amor, que o mais alto privilégio é servir e servir.
Livro Justiça Divina Capitulo 22 – Em Oração e serviço
Para isso, não te sintas superior.
Lembra-te, acima de tudo, de que, pelas imperfeições que ainda trazemos, todos somos delinquentes potenciais e de que, se não vigiarmos em oração e serviço, junto das tentações que nos visitam as fraquezas, ainda hoje o lugar dos irmãos caídos pode ser igualmente o nosso.
Livro Justina Divina cap 26 – No campo do Espírito
Afirmas a sincera disposição de buscar a Esfera Superior, entretanto…
Surpreendeste lutas enormes, no próprio lar, onde os mais amados te sonegam entendimento; observaste a queda dos melhores companheiros que te exercitavam na elevação; recebeste a lama da calúnia sobre as mãos limpas; viste amigos queridos dependurarem-te o nome no varal da suspeita; notaste que as tuas mais belas palavras rolaram no gelo da indiferença; recolheste escárnio em troca de amor…
Todos esses problemas, no entanto, são desafios da vida a te pedirem trabalho.
Seja qual seja a dificuldade, não acuses, nem desanimes.
No campo do espírito, a injuria é lodo verbal. Queixa é semente morta. Reclamação é fuga estudada.
Censura é ponta de espinho. Melindre é praga destruidora. Irritação é tempo perdido. Ideal inoperante é água parada. Desalento é ramo seco. Ninguém avança sem movimento. Não há evolução, nem resgate, sem ação. Evolução é suor indispensável. Resgate é suor necessário com o pranto da consciência. Nossas dores respondem, assim, pelas falhas que demonstremos ou pelas culpas que contraímos. A Lei estabelece, porém, que as provas e as penas se reduzam, ou se extingam, sempre que o aprendiz do progresso ou o devedor da justiça se consagre às tarefas do bem, aceitando, espontaneamente, o favor de servir e o privilégio de trabalhar.
Devemos trabalhar, servir e se instruir sempre, para buscarmos as bem-aventuranças.
Referencia:
Evangelho Segundo Espiritismo capitulo
Livro dos Espíritos
Consolador
Vivendo Evangelho I
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bem-aventuranças
https://www.google.com/search?significado
https://pt.slideshare.net/slideshow/bem-aventurados-os-que-temos-olhos-fechados/143783236
Bíblia na tradução de João Ferreira de Almeida
Caminho Verdade e Vida – Chico Xavier
https://allankardec.org.br/as-bem-aventurancas-sermao-da-montanha/
https://bibliadocaminho.com/ocaminho/TX/Pn/Pn89.htm
Livro Pão Nosso – Chico Xavier
Livro Justiça Divina – Chico Xavier