Deus na visão espírita – Palestra 5/2016
Deus na visão espírita
Palestra CELC 25.05.16 – Flavio
Depois da Morte – Léon Denis, Cap. 09 Segunda Parte:
Acima dos problemas da vida e do destino levanta-se a questão de Deus.
Se estudamos as leis da Natureza, se procuramos o princípio das verdades morais que a consciência nos revela, se pesquisamos a beleza ideal em que se inspiram todas as artes, em toda parte e sempre, acima e no fundo de tudo, encontramos a idéia de um Ser superior, de um Ser necessário e perfeito, fonte eterna do Bem, do Belo e do Verdadeiro, em que se identificam a Lei, a Justiça e a suprema Razão.
O mundo físico ou moral é governado por leis, e essas leis, estabelecidas segundo um plano, denotam uma inteligência profunda das coisas por elas regidas. Não procedem de uma causa cega: o caos e o acaso não saberiam produzir a ordem e a harmonia. Também não emanam dos homens, pois que, seres passageiros, limitados no tempo e no espaço, não poderiam criar leis permanentes e universais. Para explicá-las logicamente, cumpre remontar ao Ser gerador de todas as coisas. Não se poderia conceber a inteligência sem personificá-la em um ser, mas esse ser não vem adaptar-se à cadeia dos seres. Éo Pai de todos e a própria origem da vida.
Quanto a não se cogitar do estudo da causa primária, como inútil e incognoscível, conforme a expressão dos positivistas, perguntaremos se a um espírito sério é realmente possível comprazer-se na ignorância das leis que regulam as condições da sua existência. A indagação de Deus Impõe-se, pois que ela é o estudo da grande Alma, do princípio da vida que anima o Universo e reflete-se em cada um de nós. Tudo se torna secundário quando se trata do princípio das coisas. A idéia de Deus é Inseparável da idéia da Lei, principalmente da Lei moral, e, sem o conhecimento desta, nenhuma sociedade pode viver ou desenvolver-se. A crença em um ideal superior de justiça fortifica a consciência e sustenta o homem em suas provações. É a consolação, a esperança daqueles que sofrem, o supremo refúgio dos aflitos, dos abandonados. Como uma aurora, ela ilumina com seus brandos raios a alma dos desgraçados.
A GÊNESE – CAP. 01, ITEM 37
37. – Tirai ao homem o espírito livre, independente, sobrevivente à matéria, e fareis dele uma máquina organizada, sem objetivo, sem responsabilidade, sem outro freio que o da lei civil, e próprio para ser explorado como um animal inteligente. Não esperando nada depois da morte, nada o detém para aumentar os prazeres do presente; se sofre, não tem em perspectiva senão o desespero e o nada por refúgio. Com a certeza do futuro, a de encontrar aqueles a quem amou, o medo de rever aqueles a quem ofendeu, todas as suas idéias mudam. O Espiritismo, não fizesse senão tirar o homem da dúvida com respeito à vida futura, teria feito mais pelo seu adiantamento moral do que todas as leis disciplinares que o freiam algumas vezes, mas não o transformam.
EVSE – CAP. 05 ITEM 16
16. A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio; ocasionam a covardia moral. Quando homens de ciência, apoiados na autoridade do seu saber, se esforçam por provar aos que os ouvem ou lêem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão de fato levando-os a deduzir que, se são desgraçados, coisa melhor não lhes resta senão se matarem? Que lhes poderiam dizer para desviá-los dessa consequência? Que compensação lhes podem oferecer? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se deve concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única perspectiva, mais vale buscá-lo imediatamente e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.
A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a idéia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se constituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda responsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida, muda o aspecto da vida. O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para lá do túmulo, mas em condições muito diversas; donde a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; donde, em suma, a coragem moral.
A GÊNESE – CAP. 04 ITEM 14
14. – Dessas divergências, relativas ao futuro do homem nasceram a dúvida e a incredulidade. Todavia, a incredulidade deixa um vazio penoso; o homem encara com ansiedade o desconhecido onde, cedo ou tarde, deverá entrar fatalmente; a idéia do nada gela-o; a sua consciência lhe diz que, além do presente, há para ele alguma coisa; mas, o quê? Sua razão desenvolvida não lhe permite mais aceitar as histórias que embalaram a sua infância, tomar a alegoria pela realidade. Qual é o sentido dessa alegoria? A ciência rasgou um canto do véu, mas não lhe revelou o que mais importa saber. Ele interroga em vão, ninguém lhe responde de maneira peremptória e própria para acalmar as suas apreensões; por toda parte encontra a afirmação se chocando contra a negação, sem provas mais positivas, de uma parte e da outra; daí a incerteza, e a incerteza, sobre as coisas da vida futura, faz com que o homem se arroje, com um certo frenesi, sobre as coisas da vida material.
A GÊNESE – CAP. 11, ITEM 03.
3. – Não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, criando seres inteligentes e sensíveis, para destiná-los ao nada, depois de alguns dias de sofrimentos sem compensações, repassando sua visão dessa sucessão indefinida de seres que nascem sem o ter pedido, pensam um instante para não conhecerem senão a dor, e se extinguem para sempre depois de uma existência efêmera.
Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seriam, da parte de Deus, uma crueldade sem objetivo. Eis porque o materialismo e o ateísmo são os corolários um do outro; negando a causa, não podem admitir o efeito; negando o efeito, não podem admitir a causa. O materialismo, portanto, é consequente consigo mesmo, se não o é com a razão.
EVSE – CAP. 07 itens 01 e 02
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, v. 3.)
2. A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos.
Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção. Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação as sentenças que proferem.
Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à idéia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os faria descer do pedestal onde se contemplam. Dai o só terem sorrisos de mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão grande cópia, que não podem crer em coisas, segundo pensam, boas apenas para gente simples, tendo por pobres de espírito os que as tomam a sério.
Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse mundo invisível de que escarnecem. E lá que os olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se lhe submeteu às leis, nem os aquinhoar em partes iguais.
EVSE – CAP. 07 ITEM 13. (MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA)
13. Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a idéia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.
A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tomam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. – Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)
CARTAS E CRÔNICAS – CAP. 36
Conta-nos Humberto de Campos, que estava reunida uma assembleia de iminentes intelectuais com o intuito de estudar o fenômeno das materializações, num total de 12 pessoas entre homens e mulheres de respeitável condição social e adornados de copiosa bagagem intelectual. Falavam sobre ciência, literatura e mediunidade. Quando chegou o horário da reunião, foi feita a abertura por meio de uma prece recheada de palavras garbosas e pirotecnias gramaticais.
Uma centena de trabalhadores espirituais se esforça, sofre e sua para materializar uma entidade que se expõe ao trato direto com os observadores por mais de uma hora, que ao término dos trabalhos relaciona vasta colheita de dúvidas venenosas.
Ao fim dos trabalhos, a equipe de desencarnados encaminha dois mendigos famintos e doentes à porta da casa onde se realizava o intento, implorando por socorro, mas ninguém toma a iniciativa de oferecer ajuda ou uma palavra de conforto que fosse.
A conclusão do autor resume-se no comentário de um amigo que diz:
De que adianta se reunirem para estudos espirituais com a cabeça repleta de ideias luminosas e ao mesmo tempo tanto gelo no coração?
LE 958 a 964 e 969:
NADA. VIDA FUTURA.
958 – Por que o homem tem, instintivamente, horror ao nada?
– Porque o nada não existe.
959 – De onde vem ao homem o sentimento instintivo da vida futura?
– Já o dissemos: antes de sua encarnação, o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu em seu estado espiritual. (393).
Em todos os tempos o homem se preocupou com o seu futuro de além-túmulo, e isso é muito natural. Qualquer importância que ele ligue à vida presente, não o pode impedir de considerar quanto ela é curta, e, sobretudo, precária, visto que pode ser cortada a cada instante e ele não está jamais seguro do dia de amanhã. Que se torna depois do instante fatal? A questão é grave, porque não cogita mais de alguns anos, mas da eternidade. Aquele que deve passar longos anos num país estrangeiro se inquieta com a posição que aí terá; como, pois, não nos preocuparíamos com a que teremos deixando este mundo, visto que é para sempre?
A idéia do nada tem alguma coisa que repugna à razão. O homem mais negligente durante sua vida, chegado o momento supremo, se pergunta o que vai tornar-se, e involuntariamente espera.
Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contra-senso. O sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo de todos os homens. Deus não o colocou aí em vão.
A vida futura implica a conservação de nossa individualidade depois da morte. Que nos importaria, com efeito, sobreviver ao nosso corpo se nossa essência moral deveria se perder no oceano do infinito? As consequências para nós seriam as mesmas que o nada.
INTUIÇÃO DE PENAS E GOZOS FUTUROS.
961 – No momento da morte, qual é o sentimento que domina a maioria dos homens: a dúvida, o medo ou a esperança?
– A dúvida para os céticos endurecidos, o medo para os culpados e a esperança para os homens de bem.
962 – Por que há céticos visto que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais?
– Há menos do que se julga. Muitos se fazem Espíritos fortes durante sua vida por orgulho, mas, no momento da morte, não são tão fanfarrões.
964 – Deus tem necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou nos punir, e a maioria desses atos não são insignificantes para ele?
– Deus tem suas leis que regulam todas as vossas ações; se as violais é vossa falta. Sem dúvida, quando um homem comete um excesso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer, por exemplo: foste guloso e vou te punir. Mas ele traçou um limite; as doenças e, freqüentemente, a morte, são a consequência dos excessos: eis a punição. Ela é o resultado da infração à lei. Assim em tudo.
Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus. Não há nenhuma, por mais insignificante que nos pareça, que não possa ser-lhe uma violação. Se suportamos as consequências dessa violação não devemos imputá-la senão a nós mesmos que nos fazemos, assim, os próprios artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura.
969 – O que é preciso entender quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores?
– É uma alegoria que pinta a inteligência que eles têm das perfeições de Deus, porque vêem e o compreendem, mas que não é preciso mais prender à letra como muitas outras. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, quer dizer, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não creias que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação durante a eternidade, pois isso seria uma felicidade estúpida e monótona. Seria mais a do egoísta, uma vez que sua existência seria uma inutilidade sem termo. Eles não têm mais as tribulações da existência corporal: já é um gozo. Aliás, como dissemos, eles conhecem e sabem todas as coisas e aproveitam a inteligência que adquiriram para ajudar o progresso dos outros Espíritos. É sua ocupação e, ao mesmo tempo, um prazer.
A GÊNESE – CAP. 01, ITENS 08 E 23.
8. – Todas as religiões tiveram os seus reveladores, e embora estivessem longe de haver conhecido toda a verdade, tiveram a sua razão de ser providencial; porque eram apropriados ao tempo e ao meio onde viviam, ao gênio particular dos povos aos quais falavam, e aos quais eram relativamente superiores. Malgrado os erros de suas doutrinas, não deixaram de agitar os espíritos, e, por isso mesmo, semeado os germens do progresso que, mais tarde, deveriam desabrochar, ou desabrocharão um dia ao sol do Cristianismo. É, pois, erradamente que se lhes lança anátemas em nome da ortodoxia, porque um dia virá no qual todas essas crenças, tão diferentes pela forma, mas que repousam, em realidade, sobre um mesmo princípio fundamental: – Deus e a imortalidade da alma – se fundirão em uma grande e vasta unidade, quando a razão houver triunfado sobre os preconceitos.
23. – A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de que ela é a fonte primeira, a pedra angular de toda a sua doutrina, é o ponto de vista, todo novo, sob o qual fez considerar a Divindade. Não é mais o Deus terrível, ciumento, vingativo, de Moisés, o Deus impiedoso que rega a terra com sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio de povos, sem excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, que castiga aqueles que poupam as vítimas; não é mais o Deus injusto que pune todo um povo pela falta de seu chefe, que se vinga do culpado sobre a pessoa do inocente, que castiga as crianças pela falta de seu pai; mas um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansuetude e de misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido, e dá a cada um segundo as suas obras; não é mais o Deus de um único povo privilegiado, o Deus dos exércitos presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos, mas o Pai comum do gênero humano, que estende a sua proteção sobre todos os filhos e os chama a todos para si; não é mais o Deus que recompensa e pune apenas pelos bens da Terra, que faz consistir a glória e a felicidade na servidão dos povos rivais e na multiplicidade da descendência, mas que diz aos homens: “A vossa verdadeira pátria não é este mundo, ela está no reino celeste: será aí que os humildes de coração serão elevados e que os orgulhosos serão rebaixados.” Não é mais o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena pagar olho por olho, dente por dente, mas o Deus de misericórdia que diz: “Perdoai as ofensas, se quereis que vos seja perdoado; fazei o bem em troca do mal; não façais a outrem o que não quereis que vos façam.” Não é mais o Deus mesquinho e meticuloso que impõe, sob as mais rigorosas penas, a maneira pela qual quer ser adorado, que se ofende com a inobservância de uma fórmula; mas o Deus grande que considera o pensamento e não se honra com a forma. Este não é mais, enfim, o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.
LE 1:
DEUS E O INFINITO.
1 – Que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
Reflexões:
Porque Kardec inicia o livro dos espíritos perguntando que é Deus? Por que ele não perguntou quem é Deus? Porque ele não começou com a pergunta: existe vida após a morte? Ou como ele começa no livro dos médiuns: Há espíritos? Por que ele não perguntou: Existe reencarnação?
A GÊNESE – CAP. 02, ITENS 01,02,03, 05 e 06.
EXISTÊNCIA DE DEUS
1. – Sendo Deus a causa primeira de todas as coisas, o ponto de partida de tudo, o eixo sobre o qual repousa o edifício da criação, é o ponto que importa considerar antes de tudo.
2. – É princípio elementar que se julgue uma causa por seus efeitos, mesmo quando não se vê a causa.
Se um pássaro, cortando o ar, é atingido por um chumbo mortal, julga-se que um hábil atirador o feriu, embora não se veja o atirador. Não é, pois, sempre necessário ter visto uma coisa para saber que ela existe. Em tudo, é observando-se os efeitos que se chega ao conhecimento das causas.
3. – Um outro princípio também elementar, passado ao estado de axioma, por força de verdade, é que todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente.
Se se perguntasse qual é o construtor de tal engenhoso mecanismo, o que se pensaria daquele que respondesse que se fez por si mesmo? Quando se vê uma obra-prima, obra de arte ou de indústria, diz-se que isso deve ser o produto de um homem de gênio, porque uma alta inteligência deve ter presidido a sua concepção; não obstante, julga-se que um homem deveu fazê-la, porque se sabe que a coisa não está acima da capacidade humana, mas não ocorrerá a ninguém dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, e ainda menos que seja o trabalho de um animal ou o produto do acaso.
5. – Pois bem! lançando os olhos ao redor de si, sobre as obras da Natureza, observando a previdência, a sabedoria, a harmonia que presidem a tudo, reconhece-se que não há nenhuma delas que não sobrepasse o mais alto alcance da inteligência humana.
6. – A isto, alguns opõem o seguinte raciocínio:
A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo atesta a inteligência e o saber do relojoeiro. Quando o relógio vos dá, no momento próprio, a informação de que tendes necessidade, jamais veio ao pensamento de alguém dizer: Eis um relógio bem inteligente.
Ocorre o mesmo com o mecanismo do Universo; Deus não se mostra, mas se afirma pelas suas obras.
LE 4 a 10:
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS.
4 – Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá.
Para crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e adiantar que o nada pôde fazer alguma coisa.
5 – Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo que todos os homens carregam em si mesmos da existência de Deus?
– Que Deus existe; porque de onde lhe viria esse sentimento se ele não repousasse sobre nada? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.
8 – Que pensar da opinião que atribui a formação primeira a uma combinação fortuita da matéria, isto é, ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode olhar o acaso como um ser inteligente? Aliás, que é o acaso? Nada.
A harmonia que regula as atividades do Universo revela combinações e fins determinados e, por isso mesmo, revela a força inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência. Um acaso inteligente não seria mais o acaso.
9 – Onde se vê, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz isto: pela obra se reconhece o artífice. Pois bem! olhai a obra e procurai o artífice. É o orgulho que engendra a incredulidade. O homem orgulhoso não vê nada acima dele e é por isso que ele se chama de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!
Julga-se o poder de uma inteligência pelas sua obras; nenhum ser humano não podendo criar o que produz a Natureza, a causa primeira, pois, é uma inteligência superior à Humanidade.
Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, essa inteligência tem, ela mesma, uma causa, e quanto mais o que ela realiza é grande, mais a causa primeira deve ser grande. Esta inteligência é a causa primeira de todas as coisas, qualquer que seja o nome sob o qual o homem a designe.
10 – O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
– Não; é um sentido que lhe falta.
A GÊNESE – CAP. 02, ITEM 12
12. Deus não tem forma apreciável pelos nossos sentidos; sem isto, seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, não conhecendo senão a si mesmo, se toma por termo de comparação de tudo o que não compreende. Essas imagens onde se representa Deus sob a figura de um velho de longas barbas, coberto com um manto, são ridículas; têm o inconveniente de rebaixarem o Ser supremo às mesquinhas proporções da Humanidade; daí a emprestar-lhe as paixões da Humanidade, e dele fazer um Deus colérico e ciumento, não há senão um passo.
LE 11
11 – Um dia será dado ao homem compreender o mistério da Divindade?
– Quando seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, estiver próximo dele, então, ele o verá e o compreenderá.
A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde, freqüentemente, com a criatura, da qual lhe atribui as imperfeições. Mas, à medida que o senso moral se desenvolve nele, seu pensamento penetra melhor o fundo das coisas, e dele faz uma idéia mais justa e mais conforme a sã razão, embora sempre incompleta.
ATRIBUTOS DA DIVINDADE
LE 13
Deus é eterno; se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou teria sido criado, ele mesmo, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
A Gênese – Cap. 06 item 13. – Se compreendemos bem a relação, ou antes a oposição, da eternidade com o tempo, se estamos familiarizados com essa idéia, de que o tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias, ao passo que a eternidade é essencialmente una, imóvel e permanente, e que não é suscetível de nenhuma medida sob o ponto de vista da duração, compreendamos, que, para ela, não há começo e nem fim.
É imutável; se estivesse sujeito às mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
É imaterial; quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, de outro modo ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único; se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder no ordenamento do Universo.
É todo-poderoso; porque é único. Se não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto ele; não teria feito todas as coisas, e as que não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.
A GÊNESE – CAP. 02, ITEM 37
37. – Sob qual aparência Deus se apresenta àqueles que se fizeram dignos desse favor? Será sob uma forma qualquer? Igual a uma figura humana, ou igual a um foco resplandecente de luz? Eis o que a linguagem humana é impotente para descrever, porque não existe, para nós, nenhum ponto de comparação que, dele, possa dar uma idéia; somos iguais a cegos a quem se procuraria, em vão, fazer compreender a luz do Sol. Nosso vocabulário está limitado às nossas necessidades e ao círculo das nossas idéias; o dos selvagens não poderia pintar as maravilhas da civilização; o dos povos mais civilizados é muito pobre para descrever os esplendores dos céus; a nossa inteligência muito limitada para compreendê-los, e a nossa visão, muito fraca, por eles seria ofuscada.
CARTAS E CRÔNICAS – CAP. 17
Dois jovens lenhadores recusavam sistematicamente aceitar avisos e predições de adivinhos, fossem eles quem fossem. Um dia ao adentrarem a floresta para cortar lenha, encontraram um velho médium que disse ver em torno deles uma multidão de espíritos maléficos desejosos de lhes provocar a morte.
Os jovens riram da advertência e seguiram em frente e após algum tempo de caminhada encontraram um pobre mendigo que veio lhes pedir algum recurso para aliviar a fome e eles não traziam nada consigo, senão um único pedaço de pão que seria seu sustento na jornada daquele dia, todavia não hesitaram em dividi-lo com o homem que ali mesmo, suplicou a Deus lhes retribuísse a beneficência.
Depois seguiram sua rotina e voltaram ao vilarejo onde residiam, sem que lhes ocorresse o menor contratempo lhes maculasse a alegria. Um homem que observou o momento em que os jovens receberam o aviso do vidente, foi questionar o mesmo do porque os dois rapazes terem voltado para casa mais felizes do que nunca. O médium por sua vez foi ao encontro deles e percebeu que não restava mais nenhum obsessor perto dos jovens e pediu para examinar o fardo de lenha que traziam quando encontrou uma serpente cortada ao meio, confirmando que a morte os tinha rondado e concluiu:
“Que se pode fazer se a lei de Deus se deixa influenciar por um pedaço de pão?”
AS VIDAS DE CHICO XAVIER
Conta o autor que na época em que Chico ainda residia em Pedro Leopoldo e realizava reuniões de cura e desobsessão, seu irmão José Xavier costumava atender as pessoas que passavam, muitas vezes, o dia todo esperando pelo início dos atendimentos, conversava, oferecia água e até mesmo abria as portas de sua própria casa para as pessoas que necessitavam ir ao banheiro. Certo dia ele teve um mal súbito e ficou inconsciente numa cama, Chico veio ao seu encontro e ao iniciar suas orações pelo seu irmão, percebeu a presença de Emmanuel ao seu lado que lhe comunicou que espíritos da mais alta esfera discutiam sobre a situação do enfermo e depois de algum tempo Chico vê o espírito de seu irmão se desprender do corpo e ir embora com os referidos espíritos. Ao questionar Emmanuel, este lhe revela que constava nos registros cármicos de seu irmão que ele precisava ficar por 11 anos em um hospício e que voltaria do coma totalmente desequilibrado, mas que pelos serviços prestados com desinteresse ao próximo, ele iria partir direto e a desencarnação lhe seria uma benção da misericórdia divina.
A GÊNESE – CAP. 02, ITENS 20, 24, 26, 27 E 31.
A PROVIDÊNCIA
20. – A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Deus está por toda a parte e tudo vê, tudo preside, mesmo às menores coisas; é nisso que consiste a ação providencial.
“Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode se imiscuir em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Tal é a questão que o incrédulo se coloca, donde conclui que, em admitindo a existência de Deus, sua ação não deve se estender senão sobre as leis gerais do Universo; que o Universo funciona de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais cada criatura está submetida em sua esfera de atividade, sem que seja necessário o concurso incessante da Providência.”
24. – Que ocorra assim, ou não, com o pensamento de Deus, quer dizer, que ele atue diretamente ou por intermédio de um fluido, para facilidade de nossa inteligência, represente-mo-lo sob a forma concreta de um fluido inteligente, preenchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; ora, em virtude do princípio de que as partes de um todo são da mesma natureza, e têm as mesmas propriedades do todo, cada átomo desse fluido, se pode exprimir-se assim, possuindo o pensamento, quer dizer, os atributos essenciais da Divindade, e esse fluido estando por toda a parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; não há um ser, por ínfimo que se o suponha, que, dele não esteja de algum modo saturado. Estamos, assim, constantemente em presença da Divindade; não há uma única das nossas ações, que possamos subtrair ao seu olhar; o nosso pensamento está em contato com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê nas mais profundas dobras do nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo.
Para estender sua solicitude sobre todas as criaturas, Deus não tem, pois, necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade; as nossas preces, para serem ouvidas por ele, não têm necessidade de cortarem o espaço, nem de serem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele. Os nossos pensamentos são iguais aos sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente.
26. – Temos, incessantemente, sob os olhos, um exemplo que pode nos dar uma idéia do modo pelo qual a ação de Deus pode se exercer sobre as partes mais íntimas de todos os seres, e, por conseguinte, como as impressões, as mais sutis, da nossa alma, chegam a ele. Foi tirada de uma instrução dada por um Espírito a esse respeito.
27. – “O homem é um pequeno mundo cujo diretor é o Espírito, e no qual o princípio dirigido é o corpo. Nesse universo, o corpo representará uma criação da qual o Espírito seria Deus. (Compreendeis que não se pode ver aqui senão uma questão de analogia, e não de identidade.) Os membros desse corpo, os diferentes órgãos que o compõem, seus músculos, seus nervos, suas articulações, são igualmente individualidades materiais, se se pode dizer assim, localizadas em um lugar especial do corpo; se bem que o número dessas partes constitutivas, de natureza tão variadas e tão diferentes, seja considerável, entretanto, ninguém duvida que não possa se produzir um movimento, que uma impressão qualquer possa ocorrer em um lugar particular, sem que o Espírito disso tenha consciência. Há sensações diversas em vários lugares simultâneos? O Espírito as sente todas, discerne-as, analisa-as, assinala, para cada uma, a sua causa e o seu lugar de ação, por intermédio do fluido perispiritual.
“Um fenômeno análogo ocorre entre a criação e Deus. Deus está por toda a parte na Natureza, do mesmo modo que o Espírito está por toda a parte no corpo; todos os elementos da criação estão em relação constante com ele, do mesmo modo que todas as células do corpo humano estão em contato imediato com o ser espiritual; não há, pois, nenhuma razão para que fenômenos da mesma ordem não se produzam da mesma forma, num e noutro caso.
“Um membro se agita: o Espírito o sente; uma criatura pensa: Deus o sabe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão postos em vibração: o Espírito sente cada manifestação, distingue-as e as localiza. As diferentes criações, as diferentes criaturas se agitam, pensam, agem diversamente, e Deus sabe tudo o que se passa, assinala a cada um o que lhe é particular.
“Pode-se disso deduzir, igualmente, a solidariedade da matéria e da inteligência, a solidariedade de todos os seres, de um mundo, entre si, a de todos os mundos, enfim, a das criações e do Criador.” (Quinemant, Sociedade de Paris, 1867).
31. – Uma vez que Deus está por toda parte, por que não o vemos? Vê-lo-emos em deixando a Terra? Tais são as perguntas que se colocam diariamente.
A primeira é fácil de se resolver; nossos órgãos materiais têm percepções limitadas que os tornam impróprios à visão de certas coisas, mesmo materiais. Assim é que certos fluidos escapam totalmente à nossa visão e aos nossos instrumentos de análise, e, todavia, não duvidamos de sua existência. Vemos os efeitos da peste, e não vemos o fluido que a transporta; vemos os corpos se moverem sob a influência da força da gravidade, e não vemos essa força.
LE 60 – (INTRODUÇÃO) SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS.
Os seres orgânicos são aqueles que têm, em si mesmos, uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Eles nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São dotados de órgãos especiais para realizarem os diferentes atos da vida e que são apropriados às suas necessidades de conservação. Compreendem os homens, os animais e as plantas. Os seres inorgânicos são todos aqueles que não têm vitalidade, nem movimento próprio e não se formam senão pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.
LE 540
540 – Os Espíritos que exercem uma ação sobre os fenômenos da Natureza agem com conhecimento de causa, em virtude do seu livre arbítrio ou por um impulso instintivo ou irrefletido?
– Alguns sim, outros não. Eu faço uma comparação: imagina essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem surgir do mar as ilhas e os arquipélagos; crês que nisso não há um fim providencial e que uma certa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Esses não são mais que animais da última ordem que cumprem essas coisas para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Muito bem! Da mesma forma os Espíritos, os mais atrasados, são úteis ao conjunto. Enquanto ensaiam para a vida e antes de terem a plena consciência dos seus atos e seu livre arbítrio, agem sobre certos fenômenos dos quais são agentes inconscientes; eles executam primeiro; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material. Mais tarde, ainda, poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto.
55 – Todos os globos que circulam no espaço são habitados?
– Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência, em bondade e perfeição. Todavia, há homens que se crêem muito fortes, que imaginam que somente seu pequeno globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que Deus criou o Universo só para eles.
Deus povoou os mundos de seres vivos, concorrendo todos ao objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos estão limitados ao único ponto que habitamos no Universo, seria pôr em dúvida a sabedoria de Deus, que não fez nada inútil; ele deve ter determinado para esses mundos um fim mais sério que o de recrear nossa visão. Nada, aliás, nem na posição, no volume, na constituição física da Terra, não pode razoavelmente fazer supor que só ela tenha o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes.
LE 80, 83e 85:
80 – A criação dos Espíritos é permanente, ou só ocorreu na origem dos tempos?
– É permanente; quer dizer, Deus não cessou jamais de criar.
83 – Os Espíritos têm fim? Compreende-se que o princípio de onde eles emanam seja eterno, mas o que perguntamos é se sua individualidade tem um termo e se, num tempo dado, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e não retorna à massa donde saiu, como ocorre com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo, possa não ter fim.
– Existem coisas que não compreendeis porque a vossa inteligência é limitada e isso não é razão para que as rejeiteis. A criança não compreende tudo o que seu pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende.
Dissemos que a existência do Espírito não tem fim; é tudo o que podemos dizer, por enquanto.
85 – Na ordem das coisas, qual dos dois é o principal, o mundo dos Espíritos ou o mundo corpóreo?
– O mundo espírita; ele preexiste e sobrevive a tudo.
LE – QUESTÕES 17 E 244
17 – É dado ao homem conhecer o princípio das coisas?
– Não. Deus não permite que tudo seja revelado ao homem , neste mundo.
244 – Os Espíritos vêem a Deus?
– Só os Espíritos superiores o vêem e o compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e o adivinham.
OBREIROS DA VIDA ETERNA – CAP. 03
Pertence Asclépios a comunidades redimidas do Plano dos Imortais, nas regiões mais elevadas da zona espiritual da Terra. Vive muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação da vida. Já perdeu todo contacto direto com a Crosta Terrestre e só poderia fazer-se sentir, por lá, através de enviados e missionários de grande poder.
Asclépios relaciona-se entre abnegados mentores da Humanidade Terrestre, partilha da soberana elevação da coletividade a que pertence, mas, efetivamente, é ainda entidade do nosso Planeta, funcionando, embora, em círculos mais altos de vida. Compete-nos peregrinar muito tempo, no campo evolutivo, para lhe atingirmos as pegadas; no entanto, acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso orbe, junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam, ansiosos, o instante deserem convocados às divinas assembleias que regem o nosso sistema solar. Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a formar, um dia, na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáctico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo que a nossa Via-Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é somente um detalhe da Criação Divina, uma nesga do Universo!
EVSE – CAP. 07 itens 09 E 10.
9. O mesmo se dá hoje com as grandes verdades que o Espiritismo revelou, Alguns incrédulos se admiram de que os Espíritos tão poucos esforços façam para os convencer. A razão está em que estes últimos cuidam preferentemente dos que procuram, de boa fé e com humildade, a luz, do que daqueles que se supõem na posse de toda a luz e imaginam, talvez, que Deus deveria dar-se por muito feliz em atraí-los a si, provando-lhes a sua existência.
O poder de Deus se manifesta nas mais pequeninas coisas, como nas maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, por isso que a derrama em ondas por toda a parte, de tal sorte que só cegos não a vêem. A esses não quer Deus abrir à força os olhos, dado que lhes apraz tê-los fechados. A vez deles chegará, mas é preciso que, antes, sintam as angústias das trevas e reconheçam que é a Divindade e não o acaso quem lhes fere o orgulho. Para vencer a incredulidade, Deus emprega os meios mais convenientes, conforme os indivíduos. Não é à incredulidade que compete prescrever-lhe o que deva fazer, nem lhe cabe dizer: “Se me queres convencer, tens de proceder dessa ou daquela maneira, em tal ocasião e não em tal outra, porque essa ocasião é a que mais me convém.”
Não se espantem, pois, os incrédulos de que nem Deus, nem os Espíritos, que são os executores da sua vontade, se lhes submetam às exigências. Inquiram de si mesmos o que diriam, se o último de seus servidores se lembrasse de lhes prescrever fosse o que fosse. Deus impõe condições e não aceita as que lhe queiram impor. Escuta, bondoso, os que a Ele se dirigem humildemente e não os que se julgam mais do que Ele.
10. Perguntar-se-á: não poderia Deus tocá-los pessoalmente, por meio de manifestações retumbantes, diante das quais se inclinassem os mais obstinados incrédulos? E fora de toda dúvida que o poderia; mas, então, que mérito teriam eles e, ao demais, de que serviria? Não se vêem todos os dias criaturas que não cedem nem à evidência, chegando até a dizer: “Ainda que eu visse, não acreditaria, porque sei que é impossível?” Esses, se se negam assim a reconhecer a verdade, é que ainda não trazem maduro o espírito para compreendê-la, nem o coração para senti-la. O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes, se lhe destrua a causa do mal. Daí vem que, médico hábil, Deus primeiramente corrige o orgulho. Ele não deixa ao abandono aqueles de seus filhos que se acham perdidos, porquanto sabe que cedo ou tarde os olhos se lhes abrirão. Quer, porém, que isso se dê de moto-próprio, quando, vencidos pelos tormentos da incredulidade, eles venham de si mesmos lançar-se-lhe nos braços e pedir-lhe perdão, quais filhos pródigos.
MATEUS 22;34-40
E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:
Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
Livro dos Espíritos Lei de Adoração.
OBJETIVO DA ADORAÇÃO.
649 – Em que consiste a adoração?
– É a elevação do pensamento a Deus. Pela adoração a alma se aproxima dele.
CONSOLADOR – QUESTÃO 345
345 –O preceito evangélico – “se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a outra” – deve ser observado pelo cristão, mesmo quando seja vítima de agressão corporal não provocada?
-O homem terrestre, com as suas taras seculares, tem inventado numerosos recursos humanos para justificar a chamada “legítima defesa”, mas a realidade é que toda a defesa da criatura está em Deus.
EVSE – Cap. 28 item 03
3. PRECE. – I. Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome!
Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o pequenino inseto, até os astros que se movem no espaço, o nome se acha inscrito de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda a parte se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças.
A GÊNESE – CAP. 13, ITENS 15 E 19
DEUS FAZ MILAGRES?
15. Os milagres, não sendo necessários à glorificação de Deus, nada, no Universo, se desvia das leis gerais. Deus não faz milagres, porque sendo as suas leis perfeitas, não tem necessidade de derrogá-las. Se há fatos que não compreendemos, é porque nos faltam ainda os conhecimentos necessários.
O SOBRENATURAL E AS RELIGIÕES
19. – Tomando-se a palavra milagre em sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos, sem cessar, milagres aos nossos olhos; nós os aspiramos no ar e os pisamos sob os nossos passos, porque tudo é milagre na Natureza.
Quer se dar ao povo, aos ignorantes, aos pobres de espírito, uma idéia do poder de Deus? É necessário mostrar-lhes a sabedoria infinita que preside a tudo, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na apropriação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, segundo o meio onde está chamado a viver; é necessário mostrar-lhes a ação de Deus no rebento da erva, na flor que desabrocha, no Sol que a tudo vivifica; é necessário mostrar-lhes a sua bondade na sua solicitude por todas as criaturas, tão ínfimas que sejam, a sua previdência na razão de ser de cada coisa, da qual nenhuma é inútil, do bem que sai sempre do mal aparente e momentâneo. Fazei-os compreender, sobretudo, que o mal real é a obra do homem, e não a de Deus; não procureis amedrontá-los pelo quadro das chamas eternas, nas quais acabam por não acreditar e que lhes fazem duvidar da bondade de Deus; mas encorajai-os pela certeza de poderem se resgatar um dia e reparar o mal que puderam fazer; mostrai-lhes as descobertas da ciência como a revelação das leis divinas, e não como a obra de Satanás; ensinai-os, enfim, a lerem no livro da Natureza, sem cessar aberto diante deles; neste livro inesgotável onde a sabedoria e a bondade do Criador estão inscritas em cada página; então compreenderão que um Ser tão grande, se ocupando de tudo, velando por tudo, prevendo tudo, deve ser soberanamente poderoso. O lavrador ve-lo-á em traçando seus sulcos, e o infortunado o abençoará em suas aflições, porque a si mesmos dirão: Se sou infeliz, foi por minha falta. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos sobretudo, bem melhor do que se cressem em pedras que suam o sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e vertem lágrimas.
A GÊNESE – CAP. 18, ITENS 03 A 05
3. – Do fato de que o movimento progressivo da Humanidade é inevitável, porque está na Natureza, não se segue que Deus esteja indiferente a isso, e que depois de ter estabelecido as leis, tenha entrado na inação, deixando as coisas andarem sozinhas. As suas leis são eternas e imutáveis, sem dúvida, mas porque a sua vontade, ela mesma, é eterna e constante, e que o seu pensamento anima todas as coisas sem interrupção; o seu pensamento, que tudo penetra, é a força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia; que esse pensamento cesse um só instante de agir, e o Universo seria como um relógio sem pêndulo regulador. Deus vela, pois, incessantemente pela execução de suas leis, e os Espíritos que povoam o espaço são os seus ministros encarregados dos detalhes, segundo as atribuições correspondentes ao seu grau de adiantamento.
4. – O Universo é, ao mesmo tempo, um mecanismo incomensurável conduzido por um número não menos incomensurável de inteligências, um imenso governo onde cada ser inteligente tem a sua parte de ação sob o olhar do soberano Senhor, cuja vontade única mantém, por toda a parte, a unidade. Sob o império desse vasto poder regulador tudo se move, tudo funciona numa ordem perfeita; o que nos parecem perturbações são os movimentos parciais ou isolados, que não nos parecem irregulares senão porque a nossa visão é circunscrita. Se pudéssemos abarcar-lhe o conjunto, veríamos que essas irregularidades não são senão aparentes e que elas se harmonizam no todo.
A GÊNESE – CAP. 01, ITEM 20.
20. – Só o fato da possibilidade de comunicar-se com os seres do mundo espiritual tem consequências incalculáveis da mais alta gravidade; é todo um mundo novo que se nos revela, e que tem tanto mais importância quanto atinge a todos os homens, sem exceção. Esse conhecimento não pode deixar de trazer, em se generalizando, uma modificação profunda nos costumes, no caráter, nos hábitos e nas crenças que têm tão grande influência sobre as relações sociais. É toda uma revolução que se opera nas idéias, revolução tanto maior, quanto mais poderosa, quando não está circunscrita a um povo, a uma casta, mas que atinge, simultaneamente, pelo coração, todas as classes, todas as nacionalidades, todos os cultos.
LE 14
14 – Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, o resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
– Se o fora assim, Deus não seria, porque seria o efeito e não a causa; ele não pode ser ao mesmo tempo um e outra.
Deus existe, não o podeis duvidar, é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não podereis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber o que na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado todos esses sistemas; tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçar delas, isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável.
LE – CONCLUSÃO ITEM V
O Espiritismo é forte porque ele se apoia sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra essas penas e essas recompensas como consequências naturais da vida terrena, e que nada, no quadro que ele oferece do futuro, pode ser negado pela mais exigente razão. Vós, cuja doutrina total consiste na negação do futuro, que compensação ofereceis para os sofrimentos deste mundo? Vós vos apoiais sobre a incredulidade, ele se apoia sobre a confiança em Deus. Enquanto ele convida os homens à felicidade à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOÍSMO por consolação. Ele explica tudo, vós não explicais nada. Ele prova pelos fatos e vós não provais nada. Como quereis que se hesite entre as duas doutrinas?
Obs: Nem todas as questões foram citadas na íntegra, por este motivo recomendo consultar as fontes citadas.
BIBLIOGRAFIA:
- O Livro dos Espíritos – Kardec, Allan.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo – Kardec, Allan.
- A Gênese – Kardec, Allan.
- Revista Espírita 1869 – Kardec, Allan.
- Depois da Morte – Denis, Léon.
- O Consolador – Emmanuel / Chico Xavier
- Obreiros da vida eterna – André Luis / Chico Xavier
- Evolução em dois Mundos – André Luis / Chico Xavier
- Cartas e Crônicas – Humberto de Campos / Chico Xavier
- Contos e Apólogos – Humberto de Campos / Chico Xavier
- As vidas de Chico Xavier – Maior, Marcel Souto.