Giordano Bruno 1548 – 1600
Giordano Bruno
Giordano Bruno (1548-1600), pensador italiano, enfrentou abertamente os credos e dogmas da igreja católica
Giordano Bruno, conhecido também por Nolano ou Bruno de Nola, nasceu em 1548 numa província de Nápoles, Nola, na Itália e foi condenado à fogueira da inquisição em 17 de fevereiro de 1600.
“Esta é aquela filosofia que desperta os sentidos, satisfaz ao espírito, enaltece a inteligência e reconduz o homem à verdadeira felicidade que ele pode ter como homem, e que é relativa a sua natureza, porque o liberta da constante preocupação com os prazeres e do cego sentimento das dores, fazendo–o desfrutar a existência no presente, e temer menos ao esperar o futuro. (…) Mas enquanto consideramos mais profundamente o ser e a substância daquilo que em somos imutáveis, ficaremos cientes de que não existe a morte, não só para nós como também para qualquer substância, enquanto nada diminui substancialmente, mas tudo, deslizando no infinito, muda de aparência” (BRUNO, G. Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos, Epistola preambular).
Vida
Giordano Bruno ingressou no convento dominicano de Nápoles em 1566 onde se doutorou em teologia. Dominicano tal qual São Tomás de Aquino, era filho de João Bruno, um militar italiano e Flaulissa Savolino. Sempre contestador, não tarda a atrair contra si próprio opiniões contrárias e perseguições. Em 1576 abandona o hábito ao ser acusado de heresia por duvidar da Santíssima Trindade.
Defensor do humanismo, corrente filosófica do renascimento (cujo principal representante é Erasmo), Bruno defendia o infinito cósmico e uma nova visão do homem. Embora a filosofia da sua época estivesse baseada nos clássicos antigos, dentre os quais principalmente Aristóteles, Bruno teorizou veementemente contra eles. Sua forma e conteúdo são muito semelhantes a de Platão, escrevendo na forma de diálogos e com a mesma visão.
Nômade por natureza e modo de vida, Bruno baseou sua filosofia apoiado nas suas intuições e vivências fora do comum. Não era um cientista, nem valorizava a matemática, mas era um visionário, considerado místico por muitos.
Idéias
Um dos pontos chaves de sua teoria é a cosmologia, segundo a qual o universo seria infinito, povoado por milhares de sistemas solares, e interligado com outros planetas contendo vida inteligente. Para esta perspectiva bebeu na fonte de Nicolau da Cusa, Copérnico e também de Giovanni Della Porta.
Deus seria a força criadora perfeita que forma o mundo e que seria imanente a ele. Bruno coaduna com os poderes humanos extraordinários, mas enfrentou abertamente a igreja católica ridicularizando os milagres de Cristo e outras tantos dogmas católicos, tais como a virgindade de Maria.
Obras
Ano e título em latim
1582 De umbris idearum
Cantus Circaeus
De compendiosa architectura
Candelaio
1583
Ars reminiscendi
Explicatio triginta sigillorum
Sigillus sigillorum
1584
La Cena de le Ceneri
De la causa, principio, et Uno
De l’infinito universo et Mondi
Spaccio de la Bestia Trionfante
1585
Cabala del cavallo Pegaseo – Asino Cillenico
De gl’ heroici furori
Figuratio Aristotelici Physiciauditus
1586
Dialogi duo de FabriciiMordentis Salernitani
Idiota triumphans 1586
De somni interpretatione conl’ Insomnium.
Centum et viginti articuli denatura et mundo adversusperipateticos
Animadversiones circa lampadem lullianam
Lampas triginta statuarum
1587
Delampade combinatoria Lulliana
De progressu et lampade venatoria logicorum
1588
Oratio valedictoria
Camoeracensis Acrotismus
De specierum scrutinio
Articuli centum et sexagintaadversus huius tempestatismathematicosatque Philosophos
1589
Oratio consolatoria
1591
De triplici minimo et mensura
De monade numero et figura
De innumerabilibus, immenso, et infigurabili
De imaginum, signorum &idearum compositione
De vinculis in genere
1595
Summa terminorum metaphisicorum
1612
Artificium perorandi
Libri physicorum Aristotelisexplanati
De magia – Theses de magia
De magia mathematica
De rerum principiis et elementis et causis
Medicina Lulliana
Morte
O nobre veneziano chamado Giovanni Mocenigo, encontrou Bruno em Frankfurt em 1590 e o convidou para vir a Veneza, sob o pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, em que Bruno era perito. Como Mocenigo quisesse usar as artes da memória com fins comerciais, segundo alguns ou para prejudicar seus concorrentes e inimigos conforme outros, trancou Bruno num quarto e chamou os agentes da Inquisição para levarem-no preso, acusando de heresia. Bruno foi preso no San Castello no dia 26 de maio de 1592.
Por estas opiniões quentes e perigosos para a época que Giornano Bruno foi condenado pela inquisição, tendo passado seus últimos oito anos sofrendo torturas e maus tratos de todos os tipos. No último interrogatório não se submete, mostra força e coragem. Por não abjurar, é condenado à morte na fogueira, mas antes de morrer afronta ainda mais uma vez seus inquisidores. É dito que cuspiu no crucifixo dos os que o mataram. Porém alguns consideram que não o tenha feito e este relato seja para tentar denegrir mais sua imagem.
Ao ser anunciada a sentença, de que seria executado piamente, sem profusão de sangue (que em verdade significava a morte pela fogueira) disse: “Teme mais a Força em pronuciar a sentença do que eu em escutá-la” Significando que a Força – a Igreja Católica saberia do crime contra a humanidade que estaria cometendo criando um mártir do pensamento.
Apesar das freqüentes comparações entre Giornano Bruno e Galileu Galilei, a condenação de Bruno, em 1600, nada teve haver com seu suporte à cosmologia de Copérnico. Na época não havia uma posição Católica oficial acerca do Heliocentrismo e defendê-lo certamente não era considerado uma heresia.
Referências Bibliografia
Reale, G. & Antiseri, D. – História da Filosofia, Volume II, Ed.Paulis, São Paulo, 1990.
Yates, F. A. – Giordano Bruno e a Tradição Hermética, Ed. Cultrix, São Paulo, 1988.
Bossy, John, Giordano Bruno e o Mistério da embaixada, Ediouro, 1993, 272p.
Giuliano Montaldo Giordano Bruno, o filme, com Gian Maria Volontè, 1973, duração 123min.
Bibliografia de Bruno em português
Bruno, Giordano – Acerca do infinito, do universo e dos mundos, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,1984
Giordano Bruno. Página de Filosofia Moderna
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/giordano.htm