Loucura – palestra 25.03.20
LOUCURA
Tarcila L. Costa – CELC -25/03/20
- Cérebro – mente – espírito – glândula pineal
- As diferentes ideias do que pode ser loucura (material/espiritual)
- Causas e Tipos de manifestação de loucura
- Prevenção
1- Cérebro – mente – espírito – glândula pineal
Para falarmos sobre LOUCURA, em primeiro lugar, precisamos fazer uma distinção básica entre CÉREBRO e MENTE. Cérebro é a parte material, o equipamento, o hardware. Mente é aquilo que produz o pensamento, interconectando os estímulos provocados ao cérebro. Junto a isso ainda temos a perspectiva espiritual, que associa ao cérebro e a mente, a individualidade do espírito, sua bagagem, sua personalidade, seu períspirito com toda sua memória.
Glândula pineal
Missionários da luz
No livro Missionários da Luz temos uma boa descrição do papel da glândula pineal.
‘’A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos.”
“ Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento da alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.
“…a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras.
2- As diferentes ideias do que pode ser loucura (material/espiritual)
No mundo material o conceito de loucura é associado à pessoa que não consegue se adequar ao que a sociedade considera normal, aceitável, de acordo com as normas de convivência estabelecidas.
Para Carlos Toledo Rizzini (Evolução para o Terceiro Milênio)“O critério mais aceito de sanidade mental é o comportamento, por ser um reflexo visível das condições interiores. Daí considerar-se normal o indivíduo que possua capacidade de ajustamento a todas as circunstâncias da vida; atua sem alarde observando a norma do seu grupo social. É o sujeito “ponderado” ou “equilibrado”; não ri demais, não chora à toa, não protesta “energicamente” diante do que lhe desagrada, não tem “sede de justiça” e cumpre leis e regulamentos de boa vontade.”
Mas será esse o conceito de loucura para o espiritismo? No livro O Consolador encontramos algumas questões que podem nos auxiliar nesse entendimento.
O CONSOLADOR
51 –A loucura é sempre uma prova?
-O desequilíbrio mental é sempre uma provação difícil e dolorosa. Essa realidade, contudo, podendo representar o resgate de uma dívida do pretérito escabroso e desconhecido pode, igualmente, constituir uma resultante da imprevidência de hoje, no presente que passa, fazendo necessária, acima de todas as exortações, aquela que recomenda a oração e a vigilância.
52 –A alucinação é fenômeno do cérebro ou do espírito?
-A alucinação é sempre um fenômeno intrinsecamente espiritual, mas pode nascer de perturbações estritamente orgânicas, que se façam reflexas no aparelho sensorial, viciando o instrumento dos sentidos, por onde o espírito se manifesta.
395 – Pode a obsessão transformar-se em loucura?
-Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das
provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se
voluntariamente ao assédio das forças nocivas que o cercam, preferindo esse gênero
de experiências.
Também no Livro dos Espíritos, encontramos algumas respostas entre as questões 371-378:
IDIOTISMO, LOUCURA
- Tem algum fundamento o pretender-se que a alma dos cretinos e dos idiotas é de natureza inferior?
“Nenhum. Eles trazem almas humanas, não raro mais inteligentes do que supondes, mas que sofrem da insuficiência dos meios de que dispõem para se comunicar, da mesma forma que o mudo sofre da impossibilidade de falar.”
Aqui precisamos entender a referência, a nomenclatura como cretino e idiota, como utilizada na época de Kardec, referindo-se àqueles que possuem o cérebro afetado de alguma forma. Ou seja, com a questão material do indivíduo, envolvida (o que nos indica também, o abuso de alguma forma, em encarnações passadas, registrando no períspirito a informação do abuso e alterando a constituição material do cérebro)
- Que objetivo visa a Providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os idiotas?
“Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”
- a) — Não há, pois, fundamento para dizer-se que os órgãos nada influem sobre as faculdades?
“Nunca dissemos que os órgãos não têm influência. Têm-na muito grande sobre a manifestação das faculdades, mas não são eles a origem destas. Aqui está a diferença.
Um músico excelente, com um instrumento defeituoso, não dará a ouvir boa música, o que não fará que deixe de ser bom músico.”
Importa se distinga o estado normal do estado patológico. No primeiro, o moral vence os obstáculos que a matéria lhe opõe.
Há, porém, casos em que a matéria oferece tal resistência que as manifestações anímicas ficam obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e de loucura. São casos patológicos e, não gozando nesse estado a alma de toda a sua liberdade, a própria lei humana a isenta da responsabilidade de seus atos.
- Qual será o mérito da existência de seres que, como os cretinos e os idiotas, não podendo fazer o bem nem o mal, se acham incapacitados de progredir?
“É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário.”
- a) — Pode assim o corpo de um idiota conter um Espírito que tenha animado um homem de gênio em precedente existência?
“Certo. O gênio se torna por vezes um flagelo, quando dele abusa o homem.”
A superioridade moral nem sempre guarda proporção com a superioridade intelectual e os grandes gênios podem ter muito que expiar. Daí, freqüentemente, lhes resulta uma existência inferior à que tiveram e uma causa de sofrimentos. Os embaraços que o Espírito encontra para suas manifestações se lhe assemelham às algemas que tolhem os movimentos a um homem vigoroso. Pode dizer-se que os cretinos e os idiotas são estropiados do cérebro, como o coxo o é das pernas e dos olhos o cego.
- Na condição de Espírito livre, tem o idiota consciência do seu estado mental?
“Freqüentemente tem. Compreende que as cadeias que lhe obstam ao vôo são prova e expiação.”
- Qual, na loucura, a situação do Espírito?
“O Espírito, quando em liberdade, recebe diretamente suas impressões e diretamente exerce sua ação sobre a matéria. Encarnado, porém, ele se encontra em condições muito diversas e na contingência de só o fazer com o auxílio de órgãos especiais. Altere-se uma parte ou o conjunto de tais órgãos e eis que se lhe interrompem, no que destes dependam, a ação ou as impressões. Se perde os olhos, fica cego; se o ouvido, torna-se surdo, etc. Imagina agora que
seja o órgão, que preside às manifestações da inteligência, o atacado ou modificado, parcial ou inteiramente, e fácil te será compreender que, só tendo o Espírito a seu serviço órgãos
incompletos ou alterados, uma perturbação resultará de que ele, por si mesmo e no seu foro íntimo, tem perfeita consciência, mas cujo curso não lhe está nas mãos deter.”
No livro No Mundo Maior (André Luiz/ Chico Xavier) encontramos um capítulo destinado a esclarecer a estrutura de funcionamento de nossa mente em conjunto com nosso cérebro. Ao mesmo tempo, indica algumas causas de nossos desajustes.
NO MUNDO MAIOR
A CASA MENTAL
“é-nos imprescindível compreender a perversidade como loucura, a revolta como ignorância e o desespero como enfermidade.”
Os três andares
No sistema nervoso, temos o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes; figuremo-lo como sendo o porão da individualidade, onde arquivamos todas as experiências e registramos os menores fatos da vida. Na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos o cérebro desenvolvido, consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do nosso modo de ser.
Nos planos dos lobos frontais, silenciosos ainda para a investigação científica do mundo, jazem materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre de nosso organismo divino em evolução.
‘Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro.”
Sobre a atuação de um obsessor sobre um encarnado o capítulo ainda traz:
‘Ambos trazem o cérebro intoxicado, sintonizando-se absolutamente um com o outro. Espiritualmente, rolaram do terceiro andar, onde situamos as concepções superiores, e, entregando-se ao relaxamento da vontade, deixaram de acolher-se no segundo andar, sede do esforço próprio, perdendo valiosa oportunidade de reerguer-se; caíram, destarte, na esfera dos impulsos instintivos, onde se arquivam todas as experiências da animalidade anterior.
Ambos detestam a vida, odeiam-se reciprocamente, desesperam- se, asilam ideias de tormento, de aflição, de vingança. Em suma, estão loucos, embora o mundo lhes não vislumbre o supremo
desequilíbrio, que se verifica no íntimo da organização perispiritual.”
Remorso: região intermediária
o princípio espiritual, desde o obscuro momento da criação, caminha sem detença para frente. Afastou-se do leito oceânico, atingiu a superfície das águas protetoras, moveu-se em direção à lama das margens, debateu-se no charco, chegou à terra firme, experimentou na floresta copioso material de formas representativas, ergueu-se do solo, contemplou os céus e, depois de longos milênios, durante os quais aprendeu a procriar, alimentar-se, escolher, lembrar e sentir, conquistou a inteligência… Viajou do simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão. Nessa penosa romagem, inúmeros milênios decorreram sobre nós. Estamos, em todas as épocas,
abandonando esferas inferiores, a fim de escalar as superiores. O cérebro é o órgão sagrado de manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana.”
Este capítulo nos mostra que vivemos transitando entre os três andares da casa. Hora estamos com o foco no porão, vivenciando nossos instintos primitivos, apegados ao egoísmo, centrados em nós mesmos, hora estamos no presente, realizando nossos esforços para progredir. Outras vezes ainda, nos inclinamos para o vislumbre das noções superiores. É natural que assim seja, na nossa condição moral. Porém, o estacionamento em algum desses degraus pode nos levar ao desequilíbrio. Se permanecermos presos aos nossos instintos, estaremos focados naquilo que temos de menos evoluído em nos. Se permanecermos apenas no presente, não sentiremos o impulso para adiante. Não vislumbraremos a melhoria, não nos impulsionaremos para o melhor, permanecendo estacionados. O que de alguma forma contraria nossa natureza espiritual. O mesmo se pode dizer da ideia de permanecer apenas no impulso para o futuro, para nossas melhorias. Isso nos tiraria do presente, nos deslocaria da vida atual, também alimentando em nós a falta de humildade e de resignação diante de nossas circunstâncias.
3- Causas e Tipos de manifestação de loucura
Há diferentes tipos daquilo a que chamamos loucura, seja materialmente falando ou espiritualmente. Carlos Toledo Rizzini nos apresenta uma classificação, sobre as quais posteriormente podemos conversar sobre suas causas, segundo a doutrina.
Evolução para o terceiro milênio – Carlos Toledo Rizzini
cap. 5. 19. – Moléstias mentais
a) Causas
1 – o homem perfeitamente normal é uma raridade. Concordam psicólogos e psiquiatras em que não há fronteiras nítidas entre os estados normais e mórbidos quanto à mente.
Para os psicanalistas, sentir-se infeliz e ser desesperado são condições patológicas; para os mentores espirituais, perversidade é loucura, revolta é ignorância, desespero é enfermidade e crime é doença (André Luiz). Afirmam os primeiros: “Que todos nós apresentamos sintomas neuróticos é observação corriqueira”. Isto é verdade: sempre há um ou mais setores necessitando de acerto na personalidade humana… Por isso, existe a encarnação na Terra.
Mentalmente perturbado, para a psiquiatria, é aquele que não consegue responder às exigências da sua comunidade e que se relaciona mal com os semelhantes.
Este último ponto tem recebido grande destaque. A prova crítica da saúde mental é muito geralmente tida como a capacidade de estabelecer relações satisfatórias com outras pessoas. Viver no isolamento emocional, ainda estando numa multidão, é difícil e para muitos impossíveis. Além disso, o relacionamento adequado liga-se a estas importantes faculdades:
1) autoconfiança, liberdade para usar os próprios poderes;
2) realizar trabalho produtivo;
3) capacidade de suportar ansiedade e acontecimentos que a gerem.
Logo, saúde mental é a capacidade de:
1) viver produtivamente, desenvolvendo as potencialidades do espírito;
2) travar relações humanas significativas. Daí promana o ajustamento supramencionado. Relações humanas satisfatórias ou adequadas são aquelas em que a pessoa pensa, decide e sente por si mesma, não temendo ser dominada nem pretendendo dominar ou isolar-se. Não deseja ser igual aos outros, não se conduz pela imitação e não exige que os demais sejam iguais a ela.
A única atitude que permite alcançar um relacionamento assim correto é a de solidariedade e cooperação com todos, na medida do possível; daí a importância do serviço prestado ao próximo, tão destacada pelos guias do Alto, para a cura das tendências doentias do Espírito.
2 – Nem sempre o afastamento de um padrão de conduta estabelecido pela sociedade significa desajustamento. Poderá a pessoa guiar-se por princípios diferentes dos habituais, os quais, embora superiores fazem-na parecer estranha mal ajustada.
3 – Diante do supra-exposto, sintomas anômalos, desvios maiores ou menores da normalidade, ocorrem em quase todos os espíritos encarnados. É altamente relevante para o esforço curativo a compreensão das causas reais, que jazem no espírito imortal e são; geral e específica.
A CAUSA GERAL DE QUALQUER PERTURBAÇÃO PSÍQUICA RESIDE NA DESOBEDIÊNCIA CONSTANTE ÀS DETERMINAÇÕES DA LEI DE DEUS.
Ora, poucos se conformam com essas decisões legais e o mais frequente é haver revolta com esquecimento dos deveres atribuídos, em favor de uma vida plena de baixas satisfações, sob o comando de impulsos sem controle. E assim, passam-se várias existências, com abandono sistemático das obrigações impostas pela Lei. A resultante acumulação de deslizes, erros, crimes, tarefas não cumpridas, etc. vão aos poucos minando a resistência do espírito, à qual se associa à situação de espíritos dedicados ao mal ou desejosos de vingança (obsessão).
EM SÍNTESE, UNS ESTÃO REBELADOS CONTRA A VIDA, O MUNDO E DEUS; OUTROS ESTÃO DESANIMADOS ANTES OS OBSTÁCULOS A REMOVER DO PRÓPRIO CAMINHO. UM DIA ECLODEM OS VARIADOS SINTOMAS NEURÓTICOS OU PSICÓTICOS, CONFORME A INTENSIDADE DA PERTURBAÇÃO ÍNTIMA.
Em conclusão, esclarece André Luiz, “o doente da esfera psíquica é alguém que se entregou persistentemente ao desânimo, não cumprindo os deveres e tarefas prescritos ou não querendo suportar as provações salutares, ou à revolta, pretendendo agir em contrário ao que lhe cumpria realizar”.
4 – A essa causa geral, que se acumula segundo o tempo passa, soma-se uma causa específica representada pelas imperfeições afetivas do espírito humano. Toda pessoa enfermiça, e ainda a maior parte das “normais”, apresenta a tríade afetiva característica dos estados anômalos da mente.
O egoísmo é à base dos sentimentos desequilibrantes da alma; a ele, porém, estão sempre associados o orgulho e a hostilidade. Egoísmo é o excessivo apego ao próprio bem, sem considerar o dos outros; o egoísta só se ocupa com suas conveniências e vantagens, ignorando que outros também possam tê-las.
A mente concentrada nos interesses e desejos pessoais está, portanto, limitada, em todas as direções. Por outro lado, o orgulho é o desejo de parecer superior ao que é querer ser mais do que os outros, é uma inflação da personalidade sem consistência. A hostilidade está sempre presente, sob a forma de múltiplas atitudes e impulsos contrários ao próximo, desde um leve ressentimento até o ódio e a fúria.
b) Consequências. pag.186
1 – Das mencionadas causas, em diferentes intensidades, resultam desequilíbrios mentais muitos variados, conforme a experiência anterior do espírito e as dívidas específicas que acumulou em torno de si. Segue-se um apanhado, uma vista d’olhos global, a respeito das classes de moléstias mentais e respectivos mecanismos de eclosão.
Cérebro defeituoso – Em muitos casos, a ação do pensamento perturbado sobre a matéria sutil do perispírito, que é plástico a ele, determina lesões no corpo espiritual; noutros, as lesões são impostas a este por necessidade de expiação.
Personalidades psicopáticas – inúmeros apresentam personalidades doentias, dotadas de um defeito em um setor, motivo de apresentarem distúrbios do comportamento, tais como; amoralidade, mentira mórbida, inescrupulosidade, agressividade exagerada, perversões sexuais, ciúme e orgulho crônicos, dissipação, fraqueza.
Afecções oriundas de deslize moral atual – o deslize moral -traições, furtos- é capaz de provocar níveis de adoecimento mental. Pode gerar culpa, recalque =mecanismo de defesa que joga coisas para o inconsciente por entrar em choque com exigências contrárias.
Emersão de lembranças do passado – Outra forma de distúrbio psíquico provém da emersão de recordações do passado, tornando o indivíduo fortemente desarranjado. Lembranças arquivadas alcançam percepção consciente em forma de imagens. A situação, pouco difundida, é particularmente observada em velhos, pois o desgaste natural favorecido pelo tempo e pelas lutas enfraquece a matéria e afrouxa os laços que unem espírito e corpo, facilitando a exteriorização de recordações.
Fixação mental – Espíritos e seres encarnados, aos milhões, trazem a mente dominada por idéias fixas, à qual André Luiz se refere fartamente. O psiquiatra espírita, Prof. Pedro de O. Mundim (Anuário Espírita, 1973; 237-241) incluiu-a como causa da doença mental, definindo-a: é a estagnação do espírito em torno de certas situações e sentimentos, algo como uma auto- obsessão. Vejam a jovem imantada a um espelho antigo, conservado em museu, presente que lhe dera o eleito do seu coração, o qual prometera casar-se com ela. Tendo viajado para outras terras, lá ficou ela com a mente presa àquela situação, esperando o rapaz anos a fio (Andre Luiz).
Libertação de estados emocionais inconscientes – Admite-se que tais estados de espírito atuem na condição inconsciente, gerando perturbações neuróticas. Aqui, porém, eles saltam para o consciente, originando afecções de ampla monta.
Comecemos pela ansiedade (angústia, quando intensa). Nos tipos perturbados (mitos dos quais passam por normais) em geral, a ansiedade é tão constante que por si só já é um mal evidente e penoso. Trata-se de uma emoção semelhante ao medo, uma sorte de aflição, mas na ausência de perigo objetivo, que deixa a pessoa como se estivesse desarmada diante de uma ameaça terrível; ela sofre por não poder defender-se frente ao perigo inexistente, embora sinta como se houvesse de fato.
A ansiedade é o estado emocional que forma o substrato das neuroses, donde já se compreende que ser neurótico não é coisas de somenos.
Sentimentos de culpa aparecem mui vulgarmente, acarretando manifesto desequilíbrio emocional nos seus portadores.
E o remorso? É mais um estado emocional perturbado que decorre do prejuízo ao próximo, permanecendo longamente. Consiste no retorno constante à lembrança de quadros maléficos, do mal praticado, fazendo o paciente padecer lentamente porque nem consegue corrigir o erro realizado, nem vislumbrar o fim do sofrimento.
O remorso intenso pode gerar no culpado enfermidade psíquica nesta vida mesmo, como o mencionado ancião que ficou esquizofrênico de tanto remoer a antiga façanha de apropriar-se dos bens dos irmãos.
Alucinação – É a percepção sem objeto; o sujeito vê e ouve o que para ninguém existe. Pode-se dizer, ainda, que é projeção de experiências internas para o mundo externo em forma de imagens perceptíveis; a formação de quejandas imagens se processa na ausência de estímulos exteriores.
Desejos reprimidos e sentimentos de culpa projetam-se como alucinações auditivas que criticam e acusam;
Espírito demente – Em muitos casos, a enfermidade origina-se de transtornos do próprio encarnado. André Luiz faz alusão a compactas multidões de seres desencarnados que considera alienados mentais (ver: No Mundo Maior, Ação e Reação e E a Vida Continua.). Mediante pertinaz adesão à prática do mal, prejudicando os semelhantes, a personalidade entra em regime de perturbação das faculdades mentais, pelos mecanismos acima apontados. O Espírito mesmo é quem está demente. O determinante é espiritual interno.
Obsessão – Apesar de mencionada anteriormente e explanada adiante, convém situá-la no lugar competente. Consiste da influência duradoura e deletéria que espíritos imperfeitos, intencional ou inconscientemente, exercem sobre pessoas que com eles estabelecem sintonia (têm alguma sorte de afinidade). Ao prejudicar alguém, ofender outrem, etc. atraímos, salvo mui raras exceções, vibrações de desespero e desejos de vingança das nossas vítimas. Elas próprias, em desencarnando, e/ou espíritos do astral inferior, possuidores de sentimentos maléficos, entram naturalmente em comunicação conosco, dando em resultado variados desequilíbrios e enfermidades, podendo atingir a faixa da demência manifesta.
Resumindo há três possibilidades: 1) doença mental pura e simples; 2) doença mental mista (a mesma associada à obsessão); 3) doença mental por obsessão (“loucura obsessional”, de Kardec). Por exemplo, acima mencionei a esquizofrenia e esquizofrenia obsessiva (caso do rapaz com “alucinações “desde a infância).
Cap. 5. 19. b. 2 – Neurose é um distúrbio emocional da personalidade que conduz o doente a um estilo de vida desajustado. Ele está sempre em conflito consigo mesmo e com o ambiente. No primeiro caso, porque tendências contraditórias se debatem dentro dele, como a necessidade de afeto e a hostilidade. No segundo, porque ele luta agressivamente contra os fatores externos como se estes constituíssem uma ameaça à sua vida e, ao mesmo tempo, procura recuar diante deles como se julgasse não poder enfrentá-los. Acha o neurótico que deve lutar antes de cooperar em por isso, é fortemente competitivo (ainda que não o pareça).
Servem para caracterizar três tipos básicos de personalidade, respectivamente, complacente, agressiva e indiferente. O homem “normal” contém esses elementos em proporções equilibradas: é amistoso, solidário e cooperativo.
Sintomas orgânicos não aparecem ou surgem em número pequeno; depressão, cansaço, fobias, angustias, palpitações, micção frequente, inibições, etc. 200
4 – No curso da neurose, o raciocínio conserva-se normal. Parece, às vezes, desviado da normalidade porque usa bases falsas; assim, o sujeito pensa que: ninguém gosta dele, ele adora todo o mundo, o mundo é um lugar mau e perigoso, todos são inimigos, etc. Ora, esses juízos são falsos e falseiam os raciocínios enunciados. Na verdade, o mecanismo de pensar está intacto. Existe o sendo da realidade e a vida social é possível.
O neurótico convive conosco no trabalho e dentro do lar.
A classificação das neuroses é variável segundo os autores.
A seguinte é usual e adequada: pag. 206
5. 1. – Neurose de angústia – Caracteriza-se pela presença de uma ansiedade permanente e manifesta, que é um estado emocional mui penoso, algo como uma aflição continuada que deixa a pessoa desorientada, incapacitada.
- Neurose Fóbica – Nesta, a ansiedade localiza-se em algum objeto ou situação, que o indivíduo passa a temer da maneira mais terrível e ilógica; medo de ficar em quarto fechado, de sair à rua, de escuro, de micróbios, etc. Fobias é o nome coletivo desses temores.
- Neurose histérica – Caracteriza-se pela transformação dos fatores psíquicos e afetos inconscientes em sintomas orgânicos; por exemplo, 210 paralisia, surdez, cegueira, etc. histéricas, isto é, sem lesão física dos respectivos órgãos. Histeria, nome habitual.
- Neurose obsessiva – Aqui, sentimentos, ideais ou condutas inevitáveis impõem-se ao sujeito, forçando-o a dar-lhes pasto e levando-o a uma luta inexorável. Idéias fixas e atos rituais (lavar as mãos, arrumar a cama, etc. de certa maneira). É obsessão no sentido psiquiátrico da palavra.
- Neurastenia – É um estado de cansaço crônico com irritabilidade, dores várias pelo corpo e outros distúrbios psicossomáticos. Qualquer esforço parece demasiado, desânimo, etc.
- Hipocondria – É a preocupação mórbida com órgãos e funções do corpo, que o sujeito afirma estarem da pior maneira possível. A menor irregularidade assuma proporções gigantescas, etc.
- Depressão reativa – Estado de profundo abatimento, com pessimismo, tristeza, desinteresse por tudo, falta de apetite, ideais fixas, sentimentos de culpa etc. Surge em consequência de acontecimentos penosos ou graves. Há, também, uma depressão psicótica, semelhante, porém, autônoma.
Neuroses puras são raras. Na prática, o que se observam são combinações de dois ou mais desses tipos, em que os sintomas se entrelaçam.
Essa É A classificação apresentada por Carlos Toledo Rizzini em seu livro Evolução Para o Terceiro Milênio.
Também é importante pensarmos que á medida que estamos ajustados á nossa sociedade não somos considerados loucos por essa mesma sociedade. Porém há espíritos que demonstram que não estão ajustados a fase evolutiva em que nosso planeta se encontra. Espíritos menos evoluídos que as vezes pedem para reencarnarem entre nós e provocam situações negativas. Como casos narrados – na revista espírita ano 186… há o caso de um menino de 12 anos que tranca seus amigos num bau até que esses morram. Recentemente no brasil tivemos um casal que matava pessoas e utilizava a carne da vítima como recheio de empada. Casos que fogem completamente ao que a sociedade de qualquer país possa considerar como aceitável. Assim esse ajuste ao modo de pensar de uma sociedade também pode se estender as questões espirituais. Quando a espiritualidade maior nos indica que a perversidade é uma loucura, estão a nos mostrar o nosso atraso. Pois diante da realidade espiritual, da verdade de Deus, da força do amor, aquele que acredita que o mal e a perversidade são aceitáveis, se distancia da normalidade, ou da sanidade espiritual.
PREVENÇÃO
Evangelho segundo espiritismo cap. 5
O suicídio e a loucura
- A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, a conturbariam.
- O mesmo ocorre com o suicídio. Postos de lado os que se dão em estado de embriaguez e de loucura, aos quais se pode chamar de inconscientes, é incontestável que tem ele sempre por causa um descontentamento, quaisquer que sejam os motivos particulares que se lhe apontem. Ora, aquele que está certo de que só é desventurado por um dia e que melhores serão os dias que hão de vir, enche-se facilmente de paciência. Só se desespera quando nenhum termo divisa para os seus sofrimentos. E que é a vida humana, com relação à eternidade, senão bem menos que um dia? Mas para o que não crê na eternidade e julga que com a vida tudo se acaba, se os infortúnios e as aflições o acabrunham, unicamente na morte vê uma solução para as suas amarguras. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar pelo suicídio as suas misérias.
Novo Testamento – 1ª Carta de Paulo aos Coríntios 17:31
17 Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo.
18 Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.
19 porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos.
20 Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
21 Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação os que crêem.
22 Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria,
23 nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,
24 mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.
25 Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.
26 Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados.
27 Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes;
28 e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são;
29 para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.