Os Três Reinos – palestra 26.02.20
OS TRÊS REINOS
Estudo – CELC – 26.02.20 – Joao P.
- INTRODUÇÃO
Concebeu-se dividir a natureza em: seres orgânicos e seres inorgânicos; reino mineral, reino vegetal, reino animal e reino hominal.
Que subsídios a Doutrina Espírita oferece-nos para enfrentarmos esta questão? O capítulo XI do Livro dos Espíritos, que trata dos três reinos, oferece-nos alguns ensinamentos bastante importantes.
De acordo com os pressupostos espíritas, Deus criou os Espíritos – simples e ignorantes, com a determinação de se tornarem perfeitos.
Assim, o progresso do Espírito é sempre compulsório: podemos estacionar por algum tempo, mas os reveses da vida nos impulsionarão para o desenvolvimento ulterior.
Ainda que haja controvérsias, diz-se que o princípio inteligente celeste estagia nesses reinos, começando no mineral e indo até o hominal, extraindo de cada um deles os subsídios necessários para a sua evolução. É por isso que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo ao arcanjo.
Questão 540 do Livro dos Espíritos: Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?
– Uns, sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!
Para José Herculano Pires, no livro “Mediunidade (Vida e Comunicação)”, 4ª Edição, Capítulo XI, página 93 “A Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da criação dos Seres (do grego: onto é Ser; logia é estudo, ciência) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal. Léon Denis a definiu numa sequência poética e naturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem. Entre cada uma dessas fases existe uma zona intermediária, como se pode verificar nos estudos científicos. Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução é apresentada como um processo dialético de interação entre esses dois elementos primordiais, o espírito e a matéria. Cada fase da evolução, definida num dos reinos da Natureza, caracteriza-se por condições próprias, como resultantes do desenvolvimento de potencialidades dos reinos anteriores. Só nas zonas intermediárias, que marcam a passagem de uma fase para a outra, existe misturas das características anteriores com as posteriores. Por exemplo: entre o reino vegetal e o reino animal, há a zona dos vegetais carnívoros; entre o reino animal e o reino hominal, a zona dos antropoides, No reino mineral, dividido do vegetal por espécies indefinidas em que se destacam os vegetais-minerais, as investigações científicas descobriram a geração espontânea dos vírus nas estruturas cristalinas. A teoria da evolução se confirma na pesquisa científica por dados evidentes e significativos. Os vírus se situam na encruzilhada dos reinos mineral, vegetal e animal, como uma espécie de ensaio para os desenvolvimentos futuros.” (1984, p. 93)”
Vamos encontrar na “A Gênese” cap.X, item 3, a colocação de Allan Kardec: “a formação dos primeiros seres vivos pode ser deduzida, por analogia, da mesma lei segundo a qual foram formados, e formam-se todos os dias, os corpos inorgânicos”.
À medida que nos aprofundamos nas leis da natureza, vemos seu mecanismo, que à primeira vista parece tão complicado, simplificar-se e confundir-se na grande lei de unidade que preside a todas as obras da criação. Compreenderemos isto melhor quando tomarmos conhecimento da formação dos corpos inorgânicos, que é seu primeiro passo.
Em “O Consolador” de Francisco Candido Xavier, questão 79: “Como interpretar nosso parentesco com os animais?
– Considerando que eles igualmente possuem diante do tempo, um porvir de fecundas realizações, através de numerosas experiências chegarão, um dia, ao chamado reino hominal, como, por nossa vez, alcançaremos, no escoar dos milênios, a situação de angelitude. A escala do progresso é sublime e infinita. No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade. Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores gradativos da evolução e ergamos em nosso íntimo o santuário eterno da fraternidade universal.”
Questão 585 do Livro dos Espíritos: Que pensais da divisão da Natureza em três reinos, ou ainda em duas classes: os seres orgânicos e os seres inorgânicos? Alguns fazem da espécie humana um quarto reino. Qual dessas divisões é a preferível?
– Todas são boas: isso depende do ponto de vista. Encarados sob o aspecto material, não há senão seres orgânicos e seres inorgânicos; do ponto de vista moral, há, evidentemente, quatro graus.
Comentário de Kardec: Esses quatro graus têm, com efeito, caracteres bem definidos; embora pareçam confundir-se os seus limites. A matéria inerte, que constitui o reino mineral, não possui mais do que uma força mecânica; as plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade; os animais, compostos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm também uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade; o homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial ilimitada(l) que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra-materiais e o conhecimento de Deus.
Emmanuel, no Livro “Caminhos da Luz”, psicografado por Francisco Candido Xavier, Capítulo II sobre a Vida Organizada, nos descreve a evolução em alguns tópicos que passaremos a analisar:
1.1 OS PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA
Dizíamos que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe terreno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos seres vivos.
Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminoides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos oceanos.
Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das águas, onde encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento que a terra firme não possuía ainda em proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegetações; esses seres rudimentares somente revelam um sentido – o do tato, que deu origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos superiores.
1.2 A ELABORAÇÃO PACIENTE DAS FORMAS
Decorrido muito tempo, eis que as amebas primitivas se associam para a vida celular em comum, formando-se as colônias de infusórios, de polipeiros, em obediência aos planos da construção definitiva do porvir, emanados do mundo espiritual onde todo o progresso da Terra tem a sua gênese.
Os reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profundidades oceânicas. Não existem formas definidas nem expressão individual nessas sociedades de infusórios; mas, desses conjuntos singulares, formam-se ensaios de vida que já apresentam caracteres e rudimentos dos organismos superiores.
Milhares de anos foram precisos aos operários de Jesus, nos serviços da elaboração paciente das formas. A princípio, coordenam os elementos da nutrição e da conservação da existência. O coração e os brônquios são conquistados e, após eles, formam-se os pródromos celulares do sistema nervoso e dos órgãos da procriação, que se aperfeiçoam, definindo-se nos seres.
1.3 AS FORMAS INTERMEDIÁRIAS DA NATUREZA
A atmosfera está ainda saturada de umidade e vapores, e a terra sólida está coberta de lodo e pântanos inimagináveis.
Todavia, as derradeiras convulsões interiores do orbe localizam os calores centrais do planeta, restringindo a zona das influências telúricas necessárias à manutenção da vida animal. Esses fenômenos geológicos estabelecem os contornos geográficos do globo, delineando os continentes e fixando a posição dos oceanos, surgindo, desse modo, as grandes extensões de terra firme, aptas a receber as sementes prolíficas da vida. Os primeiros crustáceos terrestres são um prolongamento dos crustáceos marinhos. Seguindo-lhes as pegadas, aparecem os batráquios, que trocam as águas pelas regiões lodosas e firmes. Nessa fase evolutiva do planeta, todo o globo se veste de vegetação luxuriante, prodigiosa, de cujas florestas opulentas e desmesuradas as minas carboníferas dos tempos modernos são os petrificados vestígios.
- REINO MINERAL
Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta, (o “protoplasma”, na expressão de Emmanuel), dando início à vida no orbe, o princípio inteligente encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de auto fixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico.
Allan Kardec escreve pouco sobre esse reino. Diz-nos que ele é constituído de matéria inerte, e não possui mais do que uma força mecânica. Os minerais não têm vitalidade e nem movimentos próprios, sendo formado apenas pela agregação da matéria. São os chamados seres inorgânicos da natureza. A pedra, por exemplo, não apresenta sinal de vida. Pode-se dizer que o característico básico dessa fase é a atração, presenciado claramente no fenômeno do magnetismo.
Como fase inicial, o Princípio Inteligente estaria, como sempre, em sua específica e superior dimensão, a influenciar as organizações atômico-moleculares do reino mineral. Seria como um eixo energético “intrometido” no âmago dos átomos e moléculas, convidando-os à união. O eixo energético, como Princípio Inteligente, com suas vibrações, criaria o campo de agregação refletido nas forças de atração e coesão, a determinar a concentração das energias e respectiva condensação nos átomos e arrumações moleculares. Do simples fenômeno químico até as manifestações humanas, existe o Princípio-Unificador ou Espiritual regendo e orientando; claro que sob apresentações variáveis, abastecendo-se e ampliando-se à medida que a escala evolutiva avança.
Na intermediação com o reino vegetal, que lhe vem a seguir, investigações científicas descobriram a geração espontânea dos vírus nas estruturas cristalinas. Os vírus se situam na encruzilhada dos reinos mineral, vegetal e animal, como uma espécie de ensaio para ordenações futuras.
Em um estudo da pesquisadora da NASA Lelia Coyne, a mesma afirma que a vida na Terra teria começado nos estratos de fina argila primitiva.
Para Lelia Coyne a argila, ante a análise microscópica, mostra que os cristais de sua organização muito se assemelham a de certas estruturas vivas: eles se autoduplicam, aceleram as reações químicas e servem de catalisadores. Os primeiros seres vivos, surgidos dos minerais apresentavam-se ainda cristalizáveis, como os vírus. Em seguida surgem os primeiros seres unicelulares realmente livres, que se multiplicam na temperatura tépida dos oceanos: as amebas e as bactérias primitivas. Os seres iniciais se moviam ao longo das águas onde encontrariam o oxigênio necessário a vida. Quando ocorre a morte, a estrutura biológica se desintegra, e cada mônada espiritual retorna em outro corpo e vai adquirindo todas as propriedades biológicas fundamentais, como movimento e reprodução. Passam-se os séculos a mônada espiritual estagia em outras formas; contínuas metamorfoses se sucedem e séculos incontáveis se passam na nossa história. A vida na água nos leva aos peixes que se transformam em anfíbios. Posteriormente os répteis, as aves dentadas e os mamíferos. Mamíferos quadrúpedes e depois bípedes.
Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído.
- REINO VEGETAL
André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, no capítulo Evolução e Corpo Espiritual, diz que após adquirir a capacidade de aglutinar os diversos elementos da matéria em sua peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai iniciar outra etapa de sua longa carreira evolutiva. Identifica-se com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e, sucedendo-as, com as algas pluricelulares. O princípio inteligente passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior (irritabilidade) e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca (sensação) – conquistas do princípio espiritual em seu percurso pelo reino vegetal.
As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Elas não pensam, não têm mais do que a vida orgânica. Podem ser afetadas por ações sobre a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor.
Como não pensam, não podem ter vontade, e não têm consciência de si mesma; nada mais possuem que um instinto natural e cego. O próprio instinto de conservação é puramente mecânico.
Formação das algas:
Sustentado pelos recursos da vida que na bactéria e na célula se constituem do líquido protoplásmico, o princípio inteligente nutre-se agora na clorofila, que revela um átomo de magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se alimentará no reino animal. O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras, quase invisíveis, com as suas caudas flexuosas, circulando no corpo das águas, vestidas em membranas celulósicas, e mantendo-se à custa de resíduos minerais, dotadas de extrema motilidade e sensibilidade, como formas monocelulares em que a mônada já evoluída se ergue a estágio superior. Todavia, são plantas ainda e que até hoje persistem na Terra, como filtros de evolução primária dos princípios inteligentes em constante expansão, mas plantas superevolvidas nos domínios da sensação e do instinto embrionário, guardando o magnésio da clorofila como atestado da espécie. Sucedendo-as, por ordem, emergem as algas verdes de feição pluricelular, com novo núcleo a salientar-se, inaugurando a reprodução sexuada e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera de luta, provocando metamorfoses contínuas, que perdurarão, no decurso das eras, em dinamismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir.
O característico básico dessa fase é a sensação.
Questão 586 do Livro dos Espíritos: As plantas têm consciência de sua existência?
— Não. Elas não pensam; não têm mais do que a vida orgânica.
Questão 587 do Livro dos Espíritos: As plantas têm sensações; sofrem, quando mutiladas?
— As plantas recebem as impressões físicas da ação sobre a matéria, mas não têm percepções, por conseguinte, não têm a sensação de dor.
Questão 588 do Livro dos Espíritos: A força que atrai as plantas, umas para as outras, é independente da sua vontade?
— Sim, pois elas não pensam. É uma força mecânica da matéria que age na matéria: elas não poderiam opor-se.
Na intermediação com o reino hominal, que lhe vem a seguir, existe a zona dos vegetais carnívoros.
Questão 589 do Livro dos Espíritos: Certas plantas, como a sensitiva e a dionéia, por exemplo, têm movimentos que acusam uma grande sensibilidade e em alguns casos uma espécie de vontade, como a última, cujos lóbulos apanham a mosca que vem pousar sobre ela para sugar-lhe o suco, e à qual ela parece haver preparado uma armadilha para matar. Essas plantas são dotadas da faculdade de pensar? Têm uma vontade e formam uma classe intermediária entre a natureza vegetal e a animal? Constituem uma transição de uma para a outra?
— Tudo é transição na Natureza, pelo fato mesmo de que nada é semelhante, e, no entanto, tudo se liga. As plantas não pensam e por conseguinte não têm vontade. A ostra que se abre e todos os zoófitos não têm pensamento: nada mais possuem que um instinto natural e cego.
Comentário de Kardec: O organismo humano nos fornece exemplos de movimentos analógicos, sem a participação da vontade, como as funções digestivas e circulatórias. O piloro se fecha ao contato de certos corpos para negar-lhes passagem. O mesmo deve acontecer com a sensitiva, nu qual os movimentos não implicam absolutamente a necessidade de uma percepção, e menos ainda de uma vontade.
Questão 590 do Livro dos Espíritos: Não há nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação que o leva a procurar aquilo que lhes pode ser útil e a fugir ao que lhes pode prejudicar?
— Há, se o quiserdes, uma espécie de instinto; isso depende da extensão que se atribua a essa palavra; mas é puramente mecânico. Quando, nas reações químicas, vedes dois corpos se unirem, é que eles se afinam, quer dizer que há afinidades entre eles; mas não chamais a isso de instinto.
Questão 591 do Livro dos Espíritos: Nos mundos superiores as plantas são, com os outros seres, de natureza mais perfeita?
— Tudo é mais perfeito; mas as plantas são sempre plantas, como os animais são sempre animais e os homens sempre homens.
Dos Artrópodos aos dromatérios e anfítrios (Livro Evolução em Dois Mundos, cap 3):
Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a que nos referimos, nos domínios dos artrópodos, de exoesqueleto quitinoso, cujo sangue diferenciado acusa um átomo de cobre em sua estrutura molecular, para, em seguida, surpreendê-la, guindada à condição de crisálida da consciência, no reino dos animais superiores, em cujo sangue detém a hemoglobina por pigmento básico, demonstrando o parentesco inalienável das individuações do espírito, nas mutações da forma que atende ao progresso incessante da Criação Divina.
Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período pré-câmbrico aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites e cistídeos aos cefalópodes, foraminíferos e radiolários dos terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu espongiários e celenterados da era paleozoica, esboçando a estrutura esquelética.
Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos ganoides e teleósteos, arquegonossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis teromorfos. Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e anfitérios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as conquistas do instinto e da inteligência. (pág. 31-34).
Kardec em “A Gênese” cap.X, item 24, coloca que “entre o reino vegetal e o reino animal não há delimitação nitidamente traçada. Nos extremos dos dois reinos estão os zoófitos ou animais-plantas cujo nome indica que possuem algo de um e de outro reino; é o traço de união. Como os animais, as plantas nascem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como eles, para viverem têm necessidade de luz, de calor, e de água”. No mesmo cap.X – gênese orgânica, itens 26 e 27- prossegue Kardec: “no ponto de vista corpóreo o Homem pertence a classe dos mamíferos dos quais só se distingue na forma exterior. Quanto ao mais possui a mesma composição química que todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções, nutrição idêntica de respiração, de secreção, de reprodução”.
- REINO ANIMAL
Assinala-se o ingresso da “energia pensante” no reino animal. O princípio inteligente vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso, o elemento espiritual estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da autopreservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão.
Os animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade. Mas eles não agem só por instinto. Além do instinto, não poderia negar a certos animais a prática de certos atos combinados, que denotam a vontade de agir num sentido determinado e de acordo com as circunstâncias. Há neles, portanto, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas necessidades físicas e prover à conservação. Não há entre eles nenhuma criação,
nenhum melhoramento; qualquer que seja a arte que admiremos em seus trabalhos, aquilo que faziam antigamente é o mesmo que fazem hoje.
Questão 593 do Livro dos Espíritos: Poder-se-á dizer que os animais só não agem senão por instinto?
– Isso é ainda um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência, porém limitada. Além do instinto, não se pode denegar a certos animais atos combinados que denotam uma vontade de agir com sentido determinado e segundo as circunstancias. Há, portanto, neles, uma espécie de inteligência, cujo exercício é mais exclusivamente concentrado sobre os meios de satisfazerem suas necessidades físicas e proverem à sua conservação. Entre eles, nenhuma criação, nenhuma melhora. Qualquer que seja a arte que admiremos em seus trabalhos, aquilo que faziam outrora o fazem hoje, nem melhor, nem pior, segundo formas e proporções constantes e invariáveis. O filhote, isolado dos demais da sua espécie, por causa disso não deixa de construir seu ninho com o mesmo modelo, sem ter recebido ensinamento. Se alguns são suscetíveis de uma certa educação, seu desenvolvimento intelectual, sempre fechado em limites estreitos, é devido à ação do homem sobre uma natureza flexível, porque não tem nenhum progresso que lhe seja próprio. Esse progresso é efêmero e puramente individual, porque o animal, entregue a si mesmo, não tarda a retornar para os limites estreitos traçados pela Natureza.
Questão 595 do Livro dos Espíritos – Os animais têm livre arbítrio?
– Não são simples máquinas, mas sua liberdade de ação é limitada pelas suas necessidades, e não pode ser comparada à do homem. Sendo muito inferiores a este, não têm os mesmos deveres. Sua liberdade é restrita aos atos da vida material. A sua escolha é mecânica, por instinto.
Questão 597 do Livro dos Espíritos: Visto que os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?
– Sim, e que sobrevive ao corpo.
Esse princípio é uma alma semelhante à do homem?
– É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.
No entanto, em muitos animais, especialmente nos animais superiores (macaco, cão, gato, cavalo, burro e o elefante), já se identifica uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observam-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à autopreservação do animal.
André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino hominal.
- REINO HOMINAL
Afirma André Luiz que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
No Livro Evolução em Dois Mundos, André Luiz cita que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. (Cap. 4). Diz ainda que “nas linhas da civilização o reflexo precede o instinto, este à atividade refletida, esta à inteligência, esta, por sua vez, à razão e, finalmente, esta à responsabilidade”.
Com a conquista da razão, aparecem o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga (de dentro para fora).
A característica principal deste reino, como uma síntese de todos os anteriores, é o aparecimento do Pensamento Contínuo, do Livre-Arbítrio e da Responsabilidade Moral.
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino hominal. Ele deverá agora se iniciar na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.
O homem é um ser a parte. O Espírito, encarnando-se no homem, transmite-lhe o princípio intelectual e moral, que o torna superior aos animais. O Espírito ao purificar-se liberta-se pouco a pouco da influência da matéria.
“A Gênese” cap XI, sobre as hipóteses da origem do corpo humano, da semelhança de forma exterior, entre o corpo do homem e do macaco, diz-nos o mestre que alguns fisiologistas, concluíram que o primeiro é apenas uma transformação do segundo… ” sendo essa vestidura mais apropriada as suas necessidades e mais adequada ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal”.
Os Espíritos respondem à Kardec nas questões 607 “a”, e 609 este tópico…
Questão 607 do Livro dos Espíritos: Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
– Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
- a) – Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
– Já não dissemos que todo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.
Questão 609 do Livro dos Espíritos: Uma vez no período da humanidade, conserva o Espírito traços do que era precedentemente, quer dizer: do estado em que se achava no período a que se poderia chamar anti-humano?
– Conforme a distância que medeie entre os dois períodos e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ele conservar vestígios mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porquanto nada se opera na Natureza por brusca transição. Há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres e dos acontecimentos. Aqueles vestígios, porém, se apagam com o desenvolvimento do livre-arbítrio. os primeiros progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los à vontade. Vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire perfeita consciência de si mesmo.
Assim, encontramos as seguintes características dos seres em cada um dos reinos:
- No reino mineral – matéria inerte que só tem em si a força mecânica; atração;
- No reino vegetal – matéria inerte; dotados de vitalidade; sensação;
- No reino animal – matéria inerte, dotados de vitalidade e inteligência instintiva, ou seja, inteligência rudimentar;
- No reino hominal – matéria inerte, dotados de vitalidade, instinto e inteligência especial; livre arbítrio.
- EVOLUÇÃO NO TEMPO (Evolução em Dois Mundos, cap. 3 pág. 26)
É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões em milhões e milhões de anos, pelo qual, com o auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo íntimo, fixando-os na tessitura da própria alma.
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo.
E entendendo-se que a civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a bênção do Cristo, para a responsabilidade somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica.
No livro “Limiar do Infinito, Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Pereira Franco afirma: Conduzindo em si mesmo uma anterioridade que se perde nos primevos dos tempos, o princípio espiritual arrola aquisições que o desenvolvem, favorecendo-o na infinita conquista do porvir. Dormindo no reino mineral, transita para o vegetal onde sonha e transmigra para o animal, no qual sente, evoluindo para o hominal, em que pensa e ama, a caminho da angelitude em cuja posição fui a felicidade. (ano 2001, pág. 119-120,).
Em “Conflitos Existenciais”, capítulo 10 – Violência, Joana de Ângelis, pela psicografia de Divaldo P. Franco diz: No processo antropossociopisicológico da evolução, o princípio espiritual adquire experiências, emoções e conhecimento através do trânsito pelos diferentes reinos da Natureza, nos quais desabrocham os recursos divinos que se lhe encontram em germe. Dormindo no mineral, lentamente exteriorizam-se-lhe as energias de aglutinação molecular, ampliando as possibilidades no despertar do vegetal, quando cresce em recursos de sensibilidade, a fim de liberar os instintos no trânsito animal, desabrochando as faculdades da inteligência, da razão, da consciência na fase humana, e avançando para a conquista da intuição que se dá no período angélico. (ano 2005, pág. 115,).
Mais à frente, nessa mesma obra, encontramos: É necessário que haja a morte orgânica, a fim de que ocorram alterações, aperfeiçoamentos. Tem sido por meio do processo nascer, viver, morrer, que as formas se aprimoram através dos milhões de anos, em sucessivas experiências, agasalhando o princípio espiritual que as vem modelando, na busca de melhor estrutura e mais perfeita harmonia. (ano 2005, pág. 229).
O filósofo e poeta árabe Al Rumi escreveu:
“Fui mineral, morri e me tornei planta,
Como planta morri e depois fui animal,
Como animal morri e depois fui homem,
Porque teria eu medo?
Acaso fui rebaixado pela morte?
Vi dois mil homens que eu fui,
Mas nenhum era tão bom quanto sou hoje.
Morrerei ainda como homem
Para elevar-me e estar entre os bem aventurados
Entretanto, mesmo esse estado de anjo terei de deixar”
- CONCLUSÃO
Três reinos e o homem encerra todo o processo de evolução alcançado pelo desenvolvimento do princípio inteligente. O próximo passo é transformar-se no reino angélico, em que estaria livre de todas as influências da matéria.
- GLOSSÁRIO
Antropoides – Grupo de símios catarríneos do Velho Continente, que compreende os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos, bem como algumas espécies fósseis. São desprovidos de cauda e ocasionalmente bípedes. Semelhante ao homem.
Seres inorgânicos – são os que não possuem vitalidade nem movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os minerais, a água, o ar etc.
Seres orgânicos – são os que trazem em si mesmos uma fonte de atividade íntima, que lhes dá vida; nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida e apropriados às necessidades de sua conservação. Compreendem os homens, os animais e as plantas.
Mônada – o princípio básico de toda a realidade, responsável pela formação dos reinos da Natureza, pelo desenvolvimento da vida e de todas as faculdades vitais e anímicas dos seres. (Livro “A agonia das Religiões”, capítulo 7).
Vírus – são microrganismos não celulares, a maioria dos quais muito menores do que bactérias. Reproduzem-se ou replicam-se, unicamente dentro de células vivas, muitas vezes, mas nem sempre, os quais podem ter qualquer outra forma de vida na Terra. (os vírus, em si, podem ser considerados como vivos ou não vivos)
Vitalidade ou princípio vital – é a força inerente aos corpos organizados, que dá movimento e atividade aos seres orgânicos e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.
- BIBLIOGRAFIA
- Allan Kardec – O Livro dos Espíritos
- Allan Kardec – A Gênese
- José Herculano Pires – Mediunidade (Vida e Comunicação), 4ª edição
- José Herculano Pires – A Agonia das Religiões, 1976
- Francisco Candido Xavier – O Consolador, pelo Espírito Emmanuel
- Francisco Candido Xavier – Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4ª edição.
- Francisco Candido Xavier – Caminhos da Luz, pelo Espírito Emmanuel, 22ª edição
- Divaldo Pereira Franco – No Limiar do Infinito, pelo Espírito Joanna de Ângelis, 2001
- Divaldo Pereira Franco – Conflitos Existenciais, pelo Espírito Joanna de Ângelis, 2005
- Site: pensador.com
- Site: espirito.org.br