Renúncia – palestra 28.10.20
Renúncia
CELC – Plinio – 28.10.20
Mateus 10:37-39
Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim achá-la-á.
Explicação do livro Boa Nova (Humberto de Campos e Chico Xavier): Capitulo: 12 Amor e Renúncia.
… No dia desses novos ensinamentos, terminados os labores evangélicos, Pedro humildemente interpelou o Senhor, na penumbra de suas expressões indecisas:
Mestre, como conciliar estas palavras tão duras, com as vossas anteriores observações, relativamente aos laços sagrados entre os que se estimam?!
Sem deixar transparecer nenhuma surpresa, Jesus esclareceu:
Simão, a minha palavra não determina que o homem quebre os elos santos de sua vida; antes exalta os que tiverem a verdadeira fé para colocar o poder de Deus acima de todas as coisas e de todos os seres da criação infinita…
O Evangelho, continuou o Mestre, estando o apóstolo a ouvi-lo atentamente não pode condenar os laços de família, mas coloca acima deles o laço indestrutível da paternidade de Deus. O Reino do Céu no coração deve ser o tema central de nossa vida. Tudo mais é acessório. Já pensaste, Pedro, no supremo sacrifício de renunciar? Todos os homens sabem conservar, são raros os que sabem privar-se.
Entretanto, Pedro, ninguém se edificará, sem conhecer essa virtude de saber renunciar com alegria, em obediência à vontade de Deus, no momento oportuno, compreendendo a sublimidade de seus desígnios.
E.T.M. Carlos T. Rizzini. Capitulo IV – Item 19. Moléstias Mentais.
… o altruísmo não é renúncia, limitação, mas expansão dos poderes humanos em várias direções;
1 De que maneira a renúncia se manifesta na vida do Espírito encarnado?
Quando ele se arrepende sinceramente e toma ciência de sua inferioridade, de seus erros enfim de sua fragilidade espiritual.
Kardec no livro Céu e o Inferno, no capítulo do Código Penal da Vida Futura, nos elucida, bom artigo 16:
16°) O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento. Mas ele apenas não basta, sendo necessárias ainda a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas consequências.
Livro dos Espíritos:
Questão 990. O arrependimento se dá no estado corporal ou no estado espiritual?
“No estado espiritual; mas, também pode ocorrer no estado corporal, quando bem compreendeis a diferença entre o bem e o mal.”
- Qual a conseqüência do arrependimento no estado espiritual?
“Desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas.” (332-975)
- Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal?
“Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se.”
Aí está a necessidade de se arrepender já nesta existência. Começamos no trabalho de auxílio aos necessitados de toda ordem, nos engajamos nos estudos e nos trabalhos doutrinários, já preparando nossa casa mental para as dificuldades que irão surgir.
No livro O Consolador – Chico Xavier e Emmanuel- nos assevera o benfeitor:
- 336 — O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por determinadas provas?
— A oportunidade de resgatar a culpa, já constitui, em si mesma, um ato de misericórdia divina e daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz maravilhosa da vida.
Estendendo, todavia, a questão à generalidade das provas, devemos concluir ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados”, traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito.
2 O que é renunciar?
Na definição dos dicionários, é abrir mão de alguma coisa.
Então podemos ter a renúncia de duas maneiras. Nesse estudo, trataremos a Renúncia, no sentido religioso/filosófico.
1º. Você renúncia a doutrina para ficar com as coisas materiais.
São as pessoas desprovidas de espiritualidade, que só buscam as ilusões da vida e se comprazem com isso. Achando que a vida só tem essa existência. Não abrem mão do conforto, da futilidade, da facilidade e das coisas efêmeras.
2º. Você renúncia as coisas materiais, para seguir na doutrina.
Exatamente ao contrário da anterior. Abre-se mão do exterior, em toda sua nuance, para se dedicar exclusivamente às coisas espirituais.
Para elucidar melhor essa questão, vamos nos reportar ao livro Há 2000 anos, psicografia de Chico Xavier pelo Espírito de Emmanuel.
1º Caso.
Públio Lentulus, abriu mão de uma vida com o Cristo, para continuar vivendo nas futilidades do império romano e suas ilusões.
¨O mesmo juiz respeitável levantou-se, no ambiente sublimado de luzes espirituais, exclamando:
– Públio Lentulus, porque desprezaste o minuto glorioso, com o qual poderias ter comprado a hora interminável e radiosa da tua redenção na eternidade?
Estiveste, esta noite, entre dois caminhos – o do servo de Jesus e o do servo do mundo. No primeiro, o jugo seria suave e o fardo leve; mas, escolheste o segundo, no qual não existe amor bastante para lavar toda a iniquidade… Prepara-te, pois, para trilhá-lo com destemor, porque preferiste o caminho mais escabroso, em que faltam as flores da humildade, para atenuar o rigor dos espinhos venenosos!…
Sofrerás muito, porque nessa estrada o jugo é inflexível e o fardo pesadíssimo; mas agiste com liberdade de consciência, no jogo amplo das circunstâncias de tua vida… Conduzido a uma oportunidade maravilhosa, perseveraste no propósito de percorrer a via amarga e dolorosa das provações mais ríspidas e mais agudas.
Não te condenamos, para tão somente lamentar o endurecimento do teu espírito em face da verdade e da luz! Retempera todas as fibras do teu “eu”, pois enorme há de ser, doravante, a tua luta!…
2º Caso.
Lívia se sacrificou pela filha (Flávia), e pelo marido, até a morte. Sofrendo traições, desprezo, humilhações, mas encontrou forças em Jesus, para seguir sua jornada evolutiva, que culminou com sua morte na arena dos leões, sob os olhos estarrecidos de Públio Lentulus, tardiamente arrependido.
– Filha, deixa que chorem os teus olhos as imperfeições da alma que o Nosso Pai destinou para gêmea da tua!… Não esperes deste mundo mais que lágrimas e padecimentos, porque é na dor que os corações se lucificam para o céu… Um momento chegará em que te sentirás no cume
das aflições, mas não duvides da minha misericórdia, porque no momento oportuno, quando todos te desprezarem, eu te chamarei ao meu reino de divinas esperanças, onde poderás aguardar teu esposo, no curso incessante dos séculos!…
- RENÚNCIA – Livro F. Xavier e Emmanuel.
Nesse romance, Emmanuel, exalta o grandioso senso de renúncia, de um Espirito evoluído, que não mais necessitava retornar às vias carnais, mas o fez por Amor.
Veja o que diz o benfeitor nas primeiras páginas do livro:
“Quem é o viajor que vai seguindo na direção das Faixas Negras?
— É Alcione, que se propôs novo trabalho entre os espíritos encarnados na Terra.
— Que dizes? — indagou tomado de espanto
— Alcione beberá novamente o cálice amargo de tamanha renúncia?
— São os sacrifícios do amor, meu filho! —respondeu o preposto do Cristo, evidenciando compreensão e serenidade. Só o amor poderia compeli-la a permanecer ausente do nosso Amado Lar.
Alcione, nos mostra a verdadeira renúncia espiritual. Na trama participam Cirillo Davenport, a mãe de Alcione, Madalena Vilamil —, Susana Duchesne, sua prima, Antero de Oviedo Vilamil, primo de Madalena, reencarnado após o suicídio como Robbie.
Mensagem de Francisco de Assis.
A única renuncia destrutiva, por vazia e inútil, é aquela que nos marca por almas ociosas e enfermiças, quando fugimos à luta.
- RENÚNCIA DE MARIA DE MAGDALA.
Emmanuel, no livro Caminho Verdade e Vida, capítulo 92, nos assevera que a renúncia de Maria de Magdala, foi a maior dentre os vultos da Boa Nova:¨ Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém fez tanta violência a si mesmo, para seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. Nem mesmo “morta” nas sensações que operam a paralisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel até ao fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa¨.
Para elucidarmos melhor e com mais clareza, a renúncia dessa fiel seguidora de Jesus, recorreremos ao livro Boa Nova, capítulo 20:
… Depois que lhe ouvira a palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam agora um tédio mortal ao espírito sensível.
… Propunha-se a amar, como Jesus amava, sentir
com os seus sentimentos sublimes. Se necessário, saberia renunciar a tudo.
…- Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao Vosso encontro!… Tendes a clarividência do céu e podeis adivinhar como tenho vivido! Sou uma filha do pecado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor!… Minha existência, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargurada…
… Ouvi o Vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas; mas, será que Deus me aceitaria?
Acaso, poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno? Onde, então, o amor de Nosso Pai? Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém, as flores são as esperanças em Deus.
… – No entanto, Senhor, tenho amado e tenho sede de amor!…
– Sim – redarguiu Jesus -, tua sede é real, O mundo viciou todas as fontes de redenção e é imprescindível compreenda que em suas sendas a virtude tem de marchar por uma porta muito estreita.
… O que verdadeiramente ama, porém, conhece a renúncia suprema a todos os bens do mundo e vive feliz, na sua senda de trabalhos para o difícil acesso às luzes da redenção.
Só o amor que renuncia sabe caminhar para a vida suprema…
– Só o amor pelo sacrifício poderá saciar a sede do coração?
Jesus teve um gesto afirmativo e continuou:
– Somente o sacrifício contém o divino mistério da vida. Viver bem é saber imolar-se.
… Na tua condição de mulher, já pensaste no que seria o mundo sem as mães exterminadas no silêncio e no sacrifício.
– Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe!…
Então, atraindo-a brandamente a si, o Mestre acrescentou:
– E qual das mães será maior aos olhos de Deus?
A que se devotou somente aos filhos de sua carne, ou a que se consagrou, pelo espírito, aos filhos das outras mães?
– Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes!… Acolherei como filhas as minhas irmãs no sofrimento procurarei os infortunados para aliviar-lhes as feridas do coração, estarei com aleijados e leprosos…
Quanto ao futuro, com o infinito de suas perspectivas, é necessário que cada um tome sua cruz, em busca da porta estreita da redenção, colocando acima de tudo a fidelidade a Deus e, em segundo lugar, a perfeita confiança em si mesmo.
– Vai, Maria!… Sacrifica-te e ama sempre. Longo é o caminho, difícil a jornada, estreita a porta; mas, a fé remove os obstáculos… Nada temas: é preciso crer somente!
… Humilde e sozinha, resistiu a todas as propostas condenáveis que a solicitavam para uma nova queda de sentimentos.
Certo dia, um grupo de leprosos vieram a Dalmanuta. Procediam da lduméia aqueles infelizes, cansados e tristes, em supremo abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas todas as portas se lhes fechavam. Maria foi ter com eles e, sentindo-se isolada, com amplo direito de empregar a sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras de Jesus, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho…
… Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que somente sabiam viver os que sabiam imolar-se
… Em dado instante, observou-se que seu peito não mais arfava. Maria, no entanto, experimentava consoladora sensação de alívio. Sentia-se sob as árvores de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam nos ramos próximos e as ondas sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e o semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como antigamente:
– Senhor!..
Jesus recolheu-a brandamente nos braços e murmurou:
– Maria, já passaste a porta estreita!… Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!
III. Renúncia de Paulo de Tarso.
Paulo de Tarso, foi uma das maiores renúncias entre os encarnados.
Após o seu magnifico encontro com o Cristo na estrada de Damasco, o homem de Tarso, mudou totalmente de vida, passou a se dedicar intensamente à doutrina de Jesus, elevando-a a sublimidade de missão.
A exemplo de Jesus, foi achincalhado, maltratado, açoitado, encarcerado e por fim executado, antes porém do golpe fatal, tornou-se um apaixonado seguidor e trabalhador da Seara de Jesus, chegando a afirmar: 1 Corintios:15:9e10: Porque sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.
Mas pela graça de Deus sou o que sou, e a Sua graça comigo não foi vã, antes trabalhei mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
Elegemos o romance Paulo e Estevão, para ilustrarmos algumas passagens do apóstolo dos gentios, na sua peregrinação na Seara do Mestre.
- Paulo na estrada de Damasco.
… Bem montado, evidenciando o aprumo de um homem habituado aos prazeres do esporte, Saulo ia à frente, em atitude dominadora.
Em dado instante, todavia, quando mal despertara das angustiosas cogitações, sente-se envolvido por luzes diferentes da tonalidade solar. Tem a impressão de que o ar se fende como uma cortina, sob pressão invisível e poderosa. Intimamente, considera-se presa de inesperada vertigem após o esforço mental, persistente e doloroso. Quer voltar-se, pedir o socorro dos companheiros, mas não os vê, apesar da possibilidade de suplicar o auxílio.
— Jacob!… Demétrio!… Socorram-me!… — grita desesperadamente.
Mas a confusão dos sentidos lhe tira a noção de equilíbrio e tomba do animal, ao desamparo, sobre a areia ardente. A visão, no entanto, parece dilatar-se ao infinito. Outra luz lhe banha os olhos deslumbrados, e no caminho, que a atmosfera rasgada lhe desvenda, vê surgir a figura de um homem de majestática beleza, dando-lhe a impressão de que descia do céu ao seu encontro. Sua túnica era feita de pontos luminosos, os cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma divina tristeza.
O doutor de Tarso contemplava-o com espanto profundo, e foi quando, numa inflexão de voz inesquecível, o desconhecido se fez ouvir:
— Saulo!… Saulo!… por que me persegues?
Enquanto os companheiros cercavam o jovem genuflexo, sem nada ouvirem nem verem, não obstante haverem percebido, a princípio, uma grande luz no alto, Saulo interrogava em voz trêmula e receosa:
— Quem sois vós, Senhor?
Aureolado de uma luz balsâmica e num tom de inconcebível doçura, o Senhor respondeu:
— Eu sou Jesus!…
20 Foi quando notou que Jesus se aproximava e, contemplando-o carinhosamente, o Mestre tocou-lhe os ombros com ternura dizendo com inflexão paternal:
— Não recalcitres contra os aguilhões!…
Certo, o Salvador apiedara-se do seu coração leal e sincero, consagrado ao serviço da Lei, e descera da sua glória estendendo-lhe as mãos divinas. Ele, Saulo, era a ovelha perdida no resvaladouro das teorias escaldantes e destruidoras. Jesus era o Pastor amigo, que se dignava fechar os olhos para os espinheiros ingratos, a fim de salvá-lo carinhosamente.
Ali mesmo, no santuário augusto do espírito, fez o protesto de entregar-se a Jesus para sempre…
… Doravante, porém, entregar-se-ia ao Cristo, como simples escravo do seu amor. Banhado em pranto, como nunca lhe acontecera na vida, fez, ali mesmo, sob o olhar assombrado dos companheiros e ao calor escaldante do meio-dia, a sua primeira profissão de fé.
— Senhor, que quereis que eu faça?
… com a profunda sinceridade que lhe caracterizava as mínimas ações, só queria saber que Deus havia mudado de resolução a seu respeito. Ser-lhe-ia fiel até ao fim.
- Encontro com Estevão e Abigail (em desdobramento).
101 Mal não havia despertado desse deslumbramento, quando se sentiu presa de novas surpresas com a aproximação de alguém que pisava de leve, acercando-se de mansinho. Mais alguns instantes, viu Estêvão e Abigail à sua frente, jovens e formosos, envergando vestes tão brilhantes e tão alvas que mais se assemelhavam a peplos de neve translúcida.
Incapaz de traduzir as sagradas comoções de sua alma, Saulo de Tarso ajoelhou-se e começou a chorar.
Os dois irmãos, que voltavam a encorajá-lo, aproximaram-se com generoso sorriso.
— Levanta-te, Saulo! — disse Estêvão com profunda bondade.
— Que é isso? Choras? — perguntou Abigail em tom blandicioso. — Estarias desalentado quando a tarefa apenas começa?
— Saulo, não te detenhas no passado! Quem haverá, no mundo, isento de erros?! Só Jesus foi puro!…
. É preciso ser fiel a Deus, Saulo! Ainda que o mundo inteiro se voltasse contra ti, possuirias o tesouro inesgotável do coração fiel. A paz triunfante do Cristo é a da alma laboriosa, que obedece e confia… Não tornes a recalcitrar contra os aguilhoes. Esvazia-te dos pensamentos do mundo. Quando hajas esgotado a derradeira gota da poça dos enganos terrenos, Jesus encherá teu espírito de claridades imortais!…
— Saulo, para certeza da vitória no escabroso caminho, lembra-te de que é preciso dar: Jesus deu ao mundo quanto possuía e, acima de tudo, deu-nos a compreensão intuitiva das nossas fraquezas, para tolerarmos as misérias humanas…
Que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo, perguntou ele em lágrimas.
— Ama! — respondeu Abigail espontaneamente.
Mas, como proceder de modo a enriquecermos na virtude divina? Jesus aconselha o amor aos próprios inimigos. Entretanto, considerava quão difícil devia ser semelhante realização. Penoso testemunhar dedicação, sem o real entendimento dos outros. Como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus-Cristo?
— Trabalha! — esclareceu a noiva amada, sorrindo bondosamente.
Abigail tinha razão. Era necessário realizar a obra de aperfeiçoamento interior. Desejava ardentemente faze-lo. Para isso insulara-se no deserto, por mais de mil dias consecutivos. Todavia, voltando ao ambiente do esforço coletivo, em cooperação com antigos companheiros, acalentava sadias esperanças que se converteram em dolorosas perplexidades. Que providências adotar contra o desânimo destruidor?
— Espera! — disse ela ainda, num gesto de terna solicitude, como quem desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.
Concordava em que se fazia indispensável amar, trabalhar, esperar; entretanto, como agir no âmbito de forças tão heterogêneas? Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens?
Abigail apertou-lhe as mãos com mais ternura, a indicar as despedidas, e acentuou docemente:
— Perdoa!…
Em seguida, seu vulto luminoso pareceu diluir-se como se fosse feito de fragmentos de aurora.
O infinito azul do firmamento não era um abismo em cujo fundo brilhavam estrelas… A seus olhos, o espaço adquiria nova significação; devia estar cheio de expressões de vida, que ao homem comum não era dado compreender. Haveria corpos celestes, como os havia terrestres. A criatura não estava abandonada, em particular, pelos poderes supremos da Criação. A bondade de Deus excedia a toda a inteligência humana.
- Espinho na carne.
Notem, que apesar de Paulo estar sempre no trabalho edificante , não estava livre de receber as interferências de espíritos inferiores. Quando pensava em desanimar, vinha ssempre a advertência, como desta feita na 2ª carta aos Corintios:12:7 a 10.
7 E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. 8 Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. 9 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. 10 Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
- As Cartas.
Em outro momento Paulo estava desconsolado por não poder dar assistência a todas as igrejas que ele fundara. Realmente, não sabia o que fazer, foi quando recebeu a presença do nosso Mestre, para iluminar seus pensamentos.
¨ Sentindo-se incapaz de atender a todas as necessidades ao mesmo tempo, o abnegado discípulo do Evangelho, valendo-se, um dia, do silêncio da noite, quando a igreja se encontrava deserta, rogou a Jesus, com lágrimas nos olhos, não lhe faltasse com os socorros necessários ao cumprimento integral da tarefa.
Terminada a oração, sentiu-se envolvido em branda claridade. Teve a impressão nítida de que recebia a visita do Senhor. Genuflexo, experimentando indizível comoção, ouviu uma advertência serena e carinhosa:
— Não temas — dizia a voz —, prossegue ensinando a verdade e não te cales, porque estou contigo.
O Apóstolo deu curso às lágrimas que lhe fluíam do coração. Aquele cuidado amoroso de Jesus, aquela exortação em resposta ao seu apelo, penetravam-lhe a alma em ondas cariciosas. A alegria do momento dava para compensar todas as dores e padecimentos do caminho. Desejoso de aproveitar a sagrada inspiração do momento que fugia, pensou nas dificuldades para atender às várias igrejas fraternas. Tanto bastou para que a voz dulcíssima continuasse:
— Não te atormentes com as necessidades do serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente, pelos poderes do espírito.
Procurou atinar com o sentido justo da frase, mas teve dificuldade íntima de o conseguir.
Entretanto, a voz prosseguia com brandura:
— Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estêvão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo.
- Entrada triunfante de Paulo nos pórticos espirituais de Luz.
… Foi aí que ouviu passos de alguém que se aproximava de leve. Ocorreu-lhe subitamente o dia inesquecível em que fora visitado pelo emissário do Cristo, na pensão de Judas.
— Quem sois? — perguntou como o fizera outrora, naquele lance inolvidável.
— Irmão Paulo… — começou a dizer o recém-chegado.
Mas o Apóstolo dos gentios, identificando aquela voz bem-amada, interrompeu-lhe a palavra, bradando com júbilo inexprimível:
Ananias!… Ananias!…
E caiu de joelhos, em pranto convulsivo.
— Sim, sou eu — disse a veneranda entidade pousando a mão luminosa na sua fronte —, um dia Jesus mandou que te restituísse a visão, para que pudesses conhecer o caminho áspero dos seus discípulos e hoje, Paulo, concedeu-me a dita de abrir-te os olhos para a contemplação da vida eterna. Levanta-te! Já venceste os últimos inimigos, alcançaste a coroa da vida, atingiste novos planos da Redenção!…
O Apóstolo levantou-se afogado em lágrimas de jubilosa gratidão, enquanto Ananias, pousando a destra nos seus olhos apagados, exclamou com carinho:
— Vê, novamente, em nome de Jesus!… Desde a revelação de Damasco, dedicaste os olhos ao serviço do Cristo! Contempla, agora, as belezas da vida eterna, para que possamos partir ao encontro do Mestre amado!…
Lembrando os erros do passado amarguroso, Paulo de Tarso ajoelhou-se e elevou a Jesus fervorosa súplica. Os companheiros remidos recolheram-se em êxtase, enquanto ele, transfigurado, em pranto, procurava exprimir a mensagem de gratidão ao Divino Mestre. Desenhou-se então, na tela do Infinito, um quadro de beleza singular. Como se houvesse rasgado a imensurável umbela azul, surgiu na amplidão do espaço uma senda luminosa e três vultos que se aproximavam radiantes. O Mestre estava no centro, conservando Estêvão à direita e Abigail ao lado do coração. Deslumbrado, arrebatado, o Apóstolo apenas pôde estender os braços, porque a voz lhe fugia no auge da comoção. Lágrimas abundantes perolavam-lhe o rosto também transfigurado. Abigail e Estêvão adiantaram-se. Ela tomou-lhe delicadamente as mãos num assomo de ternura, enquanto Estêvão o abraçava com efusão.
Paulo quis lançar-se nos braços dos dois irmãos de Corinto, beijar-lhes as mãos no seu arroubo de ventura, mas, qual a criança dócil que tudo devesse ao Mestre dedicado e bom, procurou o olhar de Jesus, para sentir-lhe a aprovação.
O Mestre sorriu, indulgente e carinhoso, e falou:
— Sim, Paulo, sê feliz! Vem, agora, a meus braços, pois é da vontade de meu Pai que os verdugos e os mártires se reúnam, para sempre, no meu Reino!…
E assim unidos, ditosos, os fiéis trabalhadores do Evangelho da Redenção seguiram as pegadas do Cristo, em demanda às Esferas da Verdade e da Luz…
IV . FRANCISCO DE ASSIS.
Francisco de Assis, um dos grandes mártires do cristianismo redivivo, foi um dos mais, se não, o que mais se aproximou dos ensinamentos e dos exemplos de Jesus.
Humilde, determinado espiritualizado à luz suprema, deixou ensinamentos e exemplos maravilhosos para a Humanidade.
Aqui algumas passagens sobre o poverello de Assis, como era chamado.
Esses ensinamentos foram extraídos do Livro Liberta-te do Mal, psicografia de Divaldo P Franco, pelo Espírito de Joanna de Angelis.
” Evocando aquela tarde de 4 de outubro de 1226, quando vis preparaveis para o retorno ao Grande Lar, murmurastes para os poucos irmãos que vos cuidavam: Fiz o que me cabia. E após suave pausa entrecortada pela respiração débil, concluintes: Que Cristo vos ensine o que vos cabe.
Encerrava-se naquele momento, uma parte da saga imcomparável do vosso testemunho de Amor ao Amigo crucificado, crucificado que também estáveis.
Pedradas, humilhações de todo porte, perseguições e zombarias, fome e necessidades, conseguistes transformar em estímulo para a incomum entrega a Deus.
Quantas vezes interrogates: Quanto é demasiado? Ou melhor reflexionando pensastes: Sou eu o proprietário de minhas posses, ou elas me possuem? Selecionastes os recursos para empresa de santificação, utilizando-vos da não posse, como a libertadora da alma.
Intimorato guerreiro do amor, quanta coragem tirinheis. As vossas dores físicas, naqueles dias, despedaçaram o vosso corpo frágil e afligiam a alma veneranda: malária em surtos contínuos com febre e dores estomacais com o baço e o fígado comprometidos não conseguira desanimar-vos. Ao lado dessas aflições vosso corpo foi lentambente transformado em um jardim, no qual passaram a desabrochar as primeiras rosas arroxeadas da hanseníase. Suportáveis tudo com paz, cantando louvores a Deus e os Irmãos da Natureza.
Quando retornastes a querida Assis, já sentia as dores quase insuportáveis da conjuntivite inflamatória, muito comum no Oriente e que atinge ainda hoje milhões de vítimas levando-as a cegueira. Aconselhado por Frei Elias e pelo Cardeal Hugolino que vos amava, aceitastes em vos submeterdes ao tratamento especial contra o tracoma em Rieti, nas mãos do médico que aqueceu dois ferros até tornar brasas vivas e vos chegou, na ignorância presunçosa, atribuíndo-se conhecimentos que não possuía, abrindo na vossa face, duas imensas feridas que chegavam as orelhas. E se quer reclamastes, exclamando, confiante: Oh! Irmão fogo!… Se bondoso comigo nesta hora.
Como se não bastasse, posteriormente, a fim de estancar a purulência dos vossos ouvidos, novamente experimentastes barras de ferro em brasa que os penetraram, sem que exteriorizásseis gemido único…
Com o coração trespassado pelas setas contínuas da ingratidão de muitos que agasalhastes no peito como se fossem cordeiros mansos, embora fossem serpentes venenosas que vos puxaram mil vezes, assim mesmo continuastes amando-os.
Menestrel de Deus!
Neste momento em que a ciência e a tecnologia soberbas falham na tarefa de fazerem felizes os seres humanos, intercedei ao Pai por todos nós que ainda transitamos pela senda libertadora, buscando a perdida alegria que desfrutávamos ao vosso lado, naqueles inolvidáveis dias.
Pai Francisco:
Abençoai-nos mais uma vez.
- Jesus de Nazaré.
Jesus, foi a grande, a maior renúncia de todos que passaram pela Terra, num corpo de carne. Aquele que desceu das Alturas Divinas, aquele que estava ao lado do Criador, veio se juntar aos encarnados na Terra, para nos dar a lição edificante do Amor.
Incorruptível: Atos:13:33ª 37:
33 Como também está escrito no salmo segundo: Meu Filho és tu, hoje te gerei. 34 E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei. 35 Por isso também em outro salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção. 36 Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção. 37 Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção viu.
Guia e modelo da Humanidade: Livro dos Espíritos Q. 625: Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Mesmo que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus: Filipenses:2:5 a 11:
5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Ele veio, e tomou para Si, todas as nossas enfermidades: Isaias:53:1ª12.
53:1 QUEM deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? 2 Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. 3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. 4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. 8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. 9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. 10 Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si. 12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.
Obras utilizadas:
Há dois mil anos. Chico Xavier e Emmanuel.
O Consolador. Chico Xavier e Emmanuel.
Boa Nova. Chico Xavier e Humberto de Campos.
Evolução para o 3º Milênio. Carlos Toledo Rizzini.
Renúncia. Chico Xavier e Emmanuel.
Paulo e Estevão. Chico Xavier e Emmanuel.
Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida.
Liberta-te do mal. Divaldo Franco e Joanna de Angelis.