Tempo Histórico
Tempo Histórico
A contagem das épocas ou eras da História varia segundo o parâmetro de cada civilização. Desde a Antiguidade, os povos adotam diferentes sistemas para a contagem do tempo anual (calendário) e, posteriormente, para o início de sua própria história (era). Hoje o calendário cristão é predominante, mas ainda subsistem os calendários hebreu, chinês e muçulmano.
Primeiro calendário – Surge no Egito Antigo em cerca de 3.000 a.C. Considera as fases da Lua e divide o ano em 12 meses de 29 ou 30 dias.
Calendário juliano – É criado por ordem de Júlio César. Resulta da reforma do calendário romano, que tem 304 dias e 10 meses, baseado no egípcio. Estabelece o ano solar de 356,25 dias e o ano civil de 356 dias, com um bissexto de 366 dias a cada quatro anos. São retirados dois dias de fevereiro e acrescidos aos meses de julho e agosto, porque têm nome de imperadores.
Calendário gregoriano – É um ajuste no calendário juliano, que acumulava uma diferença de dez dias. É ordenado em 1582 pelo papa Gregório XIII e determina a eliminação de três anos bissextos a cada 400 anos para evitar defasagens.
Calendário hebreu – O ano 1 da era judaica corresponde a 3.761 a.C. Em setembro de 1995 começa o ano 5756 dos judeus. Seu calendário é lunissolar (considera o Sol e a Lua), com ano médio de 356,246 dias e meses de 29 ou 30 dias.
Calendário chinês – É lunissolar e comporta dois ciclos: um de 12 anos (de 354 ou 355 dias, ou 12 meses lunares) e um de sete anos (com anos de 383 ou 384 dias, ou 13 meses). Os anos do primeiro ciclo têm nomes de animais: rato, boi, tigre, lebre, dragão, serpente, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco.
Calendário muçulmano – Estabelece como ano 1 a data da fuga (hégira) de Maomé de Meca para Medina e corresponde ao ano 622 da era cristã. O calendário é lunar, tendo um ano médio de 354,37 dias e meses de 29 e 30 dias.
Calendário cristão – É proposto em 525 pelo historiador grego Dionísio, o Menor, para pôr fim à desordem dos diversos sistemas de contagem cronológica então empregados. Calculando a data da Páscoa cristã, Dionísio toma o nascimento de Jesus Cristo como ano 1 do século I, tendo por base o calendário juliano. Os períodos e acontecimentos anteriores a isso passam a ser datados com a sigla a.C. (antes de Cristo) e contados de trás para diante.
Era cristã – O calendário cristão é adotado no ocidente a partir do século VI. No século X a era cristã é oficializada pela Igreja Romana e introduzida na Igreja bizantina. No final do século XIX, quando a contagem cronológica da História pelo sistema de Dionísio já está difundida e uniformizada pelo mundo, descobre-se um erro de cálculo. Cristo nasce, segundo a moderna historiografia, no ano 4 a.C.
Pré-história
Começa há 3,5 milhões de anos, quando surgem os macacos hominídeos, antecessores do homem moderno. Está dividida nos períodos: Paleolítico (de 3,5 milhões a.C. a 10.000 a.C.), Mesolítico (de 10.000 a.C. a 8.000 a.C.) e Neolítico (de 8.000 a.C. a 4.000 a.C). A domesticação de animais, o surgimento da agricultura, a utilização dos metais e a descoberta da escrita marcam o fim dessa fase.
Evolução dos hominídeos – Os restos de hominídeos mais antigos são os do Australopithecus afarensis, de cerca de 3 milhões de anos, encontrados em Afar (Etiópia) em 1925. A evolução do afarensis resulta em pelo menos duas outras linhagens: o Australopithecus africanus e os Paranthropus boisel e robustus. Os Paranthropus não deixam vestígios de evolução. O Australopithecus africanus evolui para o Homo erectus ou Pitecanthropus, há cerca de 2 milhões de anos.
Homo erectus – É o primeiro a usar objetos de osso e pedra como ferramentas e como arma, a empregar o fogo e, provavelmente, a falar. Evolui, há 700 mil anos, para o Homo neanderthalensis (o homem de Neanderthal) e, há 500 mil anos, para o Homo sapiens, do qual descende o homem atual. A evolução histórica dos hominídeos até o Homo sapiens não ocorre de forma linear. Agrupamentos inteiros do gênero Homo desaparecem em conseqüência de variações climáticas, condições geográficas e outros fenômenos naturais.
Regiões de origem da espécie humana – Há pelo menos duas teorias sobre o local onde surgem os antepassados do homem. A primeira sustenta, com base na descoberta do afarensis, que a origem é a África, de onde teria começado a se espalhar pelo mundo há 200 mil anos. A segunda apóia-se nos achados de restos do Homo erectus em Java, Indonésia (1,8 milhão de anos), e do Homo sapiens em Jinniushan, China (200 mil anos), e diz que a evolução de uma espécie ocorre em diferentes regiões da Terra, em momentos nem sempre coincidentes.
Vinda para a América – Até os anos 80 do século XX, a hipótese mais aceitável sobre a chegada do homem à América é a das migrações da Sibéria para o Alasca. Os homens teriam passado por uma ponte natural no estreito de Bering, criada pela última glaciação, há 12 mil anos. Restos de hominídeos de 8 mil anos são encontrados em Clovis, Novo México, EUA.
BRASIL
São Raimundo Nonato – Restos de fogueira e outros indícios, com datação de 48 mil anos, encontrados pela equipe da arqueóloga brasileira Niéde Guidon no Estado do Piauí, em São Raimundo Nonato, colocam em xeque as teorias correntes.
PALEOLÍTICO
Também conhecido como Idade da Pedra Lascada, é o período mais longo e antigo da História. Estende-se de 3,5 milhões de anos a.C. a 10.000 a.C. Os diferentes grupos hominídeos vivem em pequenos bandos, alimentam-se de caça, pesca e coleta de frutos. Abrigam-se em cavernas. Desenvolvem muito lentamente a linguagem oral e a fabricação de instrumentos de osso e pedra, com os quais caçam, guerreiam e realizam entalhes nas paredes. Em diferentes momentos, aprendem a utilizar e produzir fogo.
MESOLÍTICO
Entre os anos 10.000 e 8.000 a.C., o domínio sobre o fogo, aliado à domesticação de animais, ao cultivo das plantas e à fabricação de instrumentos mais avançados, incluindo a cerâmica, promove a sedentarização dos grupos de hominídeos. Surge a divisão do trabalho, baseada principalmente no sexo.
NEOLÍTICO
O desenvolvimento da agricultura e o início da metalurgia, entre os anos 8.000 e 4.000 a.C., constituem os aspectos principais da chamada revolução neolítica. Nesse período, também conhecido como Idade da Pedra Polida, os homens agrupam-se em povoados e aumenta a divisão do trabalho, que permite a produção de excedentes e a realização de intercâmbio com outras comunidades.
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Impérios medievais
Império árabe
Surge com a fundação do islamismo, por Maomé, e a unificação das tribos árabes no século VII.
Arábia pré-islâmica – Os povos árabes são de origem semita e vivem na região compreendida entre o mar Vermelho e o golfo Pérsico, onde predominam os desertos. Constroem cidades como Meca e Iazrib (futura Medina) e desenvolvem intenso comércio terrestre e marítimo, principalmente pelo mar Vermelho. Possuem uma língua comum mas vivem dispersos em tribos de diferentes etnias. Cada tribo venera divindades próprias, reunidas na Caaba, santuário pagão de Meca, que se torna centro de mercadores e peregrinos.
Hégira – Exílio de Maomé em Medina, após sua fuga de Meca em 622. Maomé elabora uma nova doutrina religiosa, o islamismo, que tem Deus (Alá, em árabe) como o criador e juiz que determina o destino dos homens. Os habitantes de Meca protestam e perseguem Maomé, temendo a decadência das antigas crenças religiosas que haviam feito de Meca um grande centro comercial. Em 630 Maomé regressa a Meca, suprime a idolatria pagã e transforma o santuário de Caaba no centro da religião islâmica.
Unificação da Arábia – Em 632, ano da morte de Maomé, somente o Hedjaz (oeste da atual Arábia Saudita ) é muçulmano. Divergências em torno da doutrina religiosa e do modo de escolha dos sucessores do profeta dividem os muçulmanos.
Expansão árabe – Começa em 634, por meio de pregações e da Guerra Santa (jihad), que difunde o islamismo ao Iêmen, Barein, Omã, Síria, Pérsia, Palestina e Egito. Em 711, os árabes lutam contra Bizâncio e invadem a península Ibérica. A tentativa de conquistar Constantinopla fracassa e, em 732, os árabes são derrotados pelos francos. Em Bagdá, a dinastia dos Omíadas é destronada por tropas persas, que assumem momentaneamente a hegemonia do islamismo. A desagregação do império prossegue, com o surgimento de dinastias independentes. A partir do século VIII tribos turcas incorporam-se aos exércitos árabes. Em 962 surge a primeira dinastia turca num território muçulmano, a dos Gaznaves, no Afeganistão. Essa ascensão é decisiva para a formação do futuro Império Turco-Otomano.
Civilização muçulmana – Após as conquistas, em contato com os povos vencidos, criam uma nova civilização, denominada muçulmana, formada de elementos gregos, persas, egípcios, bizantinos, ibéricos, hindus, sírios e hebreus. Os centros do império árabe, como Bagdá e Cairo, passam por um grande desenvolvimento cultural, que tem por base a fusão do saber oriental com o helenismo. Os árabes impulsionam a medicina, astrono, matemática, química, técnicas agrícolas, navegação, arquitetura e engenharia. Difundem na Europa as obras de Aristóteles e dos gregos antigos e criam uma ciência própria que vai influir no desenvolvimento científico do Ocidente.
Império turco-otomano
A partir de 1055, os turcos assumem a direção política do mundo muçulmano. Com a dinastia otomana, é adotado o título de sultão para o monarca. Os territórios ocupados são divididos em feudos militares, administrados por governadores ou paxás. Durante os séculos XI e XII, atacam o Império Bizantino, mas fracassam em virtude da desagregação feudal. Somente no final do século XIII os príncipes feudais são submetidos à monarquia unificada de Uthman, também conhecido como Osman. Tem início a expansão turco-otomana.
Expansão otomana – Osman I assume o califado em 1281 e consolida o domínio turco sobre a Ásia Menor. Em 1354 seu filho Orjan estabelece o primeiro território turco na Europa. Sob o governo de Murad, os turcos derrotam reinos cristãos, estendem seu domínio até o Danúbio e ocupam a Bósnia, Bulgária, Valáquia e Grécia. Perdem a hegemonia na Ásia Menor ao serem derrotados pelos mongóis, em 1402, mas retomam a expansão em 1413 e conquistam Constantinopla em 1453. A antiga capital do Império Romano do Oriente é transformada em capital do Império Turco-Otomano, com o nome de Istambul. A expansão otomana continua até 1571, já na Idade Moderna. O Império estende-se por grande parte da Europa, Ásia Menor, Mesopotâmia, Síria, Palestina, Egito, Arábia e norte da África.
Índia
Desde 647 encontra-se fragmentada em principados feudais independentes. A produção agrícola e pecuária concentra-se nos feudos, enquanto o artesanato e o comércio se desenvolvem nas cidades. A sociedade permanece dividida em castas, ressurgem as tradições brâmanes e o budismo sofre perseguições. Templos, monastérios e manuscritos budistas são destruídos por hinduístas e muçulmanos.
Domínio árabe e invasão mongol – A partir de 712 os árabes entram no território e se expandem pelos vales dos rios Indo e Ganges. Entre 1221 e 1296, o sultanato turco-árabe de Déli rechaça a primeira invasão mongol e se estende por toda a Índia. A partir de 1340 aumenta a resistência hindu, com a fundação do reino indiano de Vijaianagar, no Industão, que se converte em núcleo da resistência indiana ao domínio islâmico. Em 1398 e 1399 os mongóis destroem Déli, acelerando o colapso do sultanato turco-árabe e a transformação da Índia num mosaico de pequenos Estados feudais de religião islâmica e hinduísta, que não se mesclam.
China
A fragmentação da China em reinos feudais autônomos ocorre entre os séculos III e IV, como conseqüência das invasões das tribos hunas e turcas ao norte.
Primeiras dinastias – Em 580, a dinastia Sui unifica diferentes reinos. Em 618 é substituída pela dinastia Tang, que traz um período de florescimento cultural. A poesia lírica ganha vulto (quase 50 mil poemas de 2.200 autores) e em 725 é fundada a Academia Han-lin. O budismo, que começa na China em 500, influi na literatura, pintura e escultura. A partir das derrotas frente aos árabes em 751, começa o declínio do reino unificado e a desintegração da dinastia Tang, em 907, substituída pela dinastia Sung. Nesse período, o desenvolvimento econômico e cultural é impulsionado, com a invenção da pólvora, dos foguetes e da arte de imprimir. O confucionismo transforma-se em doutrina moral e política oficial, contribuindo para a unificação cultural do país. A língua chinesa é normatizada pelo escolástico Chu-hi.
Domínio mongol – Entre 1211 e 1215 tem início o domínio mongol, com invasão do reino Chin por Gengis Khan. Reorganiza o império, dividindo-o em 12 províncias, e procura manter o desenvolvimento econômico alcançado pelo reino Sung.
Dinastia Ming – A resistência ao domínio mongol intensifica-se por meio de sociedades secretas de caráter nacional e rebeliões camponesas, que conseguem derrubar a dinastia Yuan mongol em 1368. A dinastia Ming, que a substitui, realiza uma política expansionista, incorporando a Manchúria, a Indochina e a Mongólia ao reino chinês entre 1403 e 1424. A decadência Ming acelera-se com a chegada dos europeus em 1516 e acaba em 1644 com a invasão manchu.
Império romano do oriente
Após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, a sede do Império Romano do Oriente, Constantinopla (atual Istambul, na Turquia ), tem seu nome mudado para Bizâncio, e o domínio passa a ser conhecido como Império Bizantino.
Reinado de Justiniano – A partir de 527, o imperador Justiniano estabelece a paz com os persas para empregar suas forças na reconquista da parte ocidental do império. Ocupa o norte da África, derrotando os vândalos, apossa-se da Itália, submetendo os lombardos, e toma o sul da Espanha aos visigodos. Em 532 Justiniano instaura o absolutismo.
Flávio Pedro Sabácio Justiniano (482-565), o mais importante monarca de Bizâncio, nasce em família pobre. Adotado pelo tio Justino, ex-guarda analfabeto que chega a ser imperador, recebe aprimorada educação, estudando direito, retórica e teologia. Ambicioso e autoritário, dedica-se à reconquista do império. É chamado pelos súditos de “imperador que nunca dorme”. Para recuperar o antigo Império Romano, realiza grandes obras administrativas e estimula a indústria, o comércio e as artes. Vive no luxo e esplendor e seu palácio é foco de intrigas e corrupção. Faz a revisão e codificação do Direito Romano no Corpus Juris Civilis ou Código Justiniano. Casa-se com Teodora, ex-atriz e filha de um tratador de ursos, que tem papel importante em seu governo.
Expansão bizantina – Apesar de abandonar grande parte da Itália, ocupada pelos lombardos em 568, Bizâncio estabelece governos provinciais para reforçar a defesa do império. A partir de 610, adota a língua grega como idioma oficial e divide o território da Ásia Menor em distritos militares, sob o comando de generais (estrategos). Em 628, Bizâncio derrota os persas. Constantinopla é novamente assediada, entre 674 e 678, pelo nascente Império Árabe.
Cultura bizantina – Famosa pelos trabalhos com seda, principalmente em Constantinopla, a cultura bizantina sofre grande influência dos persas. Destaca-se na produção de mosaicos e na arquitetura de igrejas, onde combina elementos orientais e romanos. A cidade de Ravena, no nordeste da Itália, torna-se a segunda sede do império.
A questão iconoclasta – Conhecida também como guerra das imagens, começa durante a dinastia síria iniciada em 717. Os veneradores de imagens as consideram símbolo e mediação do divino. Apoiados pelo papa Gregório III, opõem-se violentamente à iconoclastia, ou proibição de imagens nas igrejas (salvo a de Cristo), decretada em 726 pelo imperador Leão III. Em 730 é decretada a pena de morte para quem venerasse imagens.
Leão III, o Isauro (675-741), imperador da dinastia síria entre 717 e 741, rechaça as tentativas árabes de tomar Constantinopla e reorganiza a administração. Influenciado pelas seitas iconoclastas orientais, pelo judaísmo e pelo islamismo, proíbe a veneração das imagens nas igrejas.
Cisma do Oriente – É resultado da debilitação do Império Bizantino e do fortalecimento do papado romano após sua aliança com os francos, que atinge seu ápice com a coroação de Carlos Magno. O abandono da obediência da Igreja Bizantina a Roma, em 867, coincide com uma nova tentativa de expansão de Bizâncio, que reforça o absolutismo imperial, consolida a influência grega e intensifica a difusão do monarquismo e do misticismo, em contraposição às reformas do papa Leão IX. A Igreja oriental rompe com a ocidental, passando a denominar-se Igreja Ortodoxa, em 1054.
Queda de Constantinopla – Por causa das guerras externas e civis e das Cruzadas, Bizâncio continua se enfraquecendo. Em 1203 Constantinopla é tomada pela Cruzada e sofre o maior saque de relíquias e objetos de arte que a história da Idade Média registra. O Império Bizantino é repartido entre os príncipes feudais, originando os diversos Estados monárquicos. Sob assédio constante dos turcos desde 1422, Constantinopla cai em 1453 e marca o fim do Império Romano do Oriente.
Referências bibliográficas
- CANTU, Cesare. História universal. São Paulo: Ed. das Américas, 1967-1968.
- AQUINO, Rubim Santos Leão de, et al. História das sociedades: das sociedades modernas as sociedades atuais. 18.ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, (1989?).
- POMER, Leon; PINSKY, Jaime. O surgimento das nações. 3.ed. Campinas: UNICAMP, 1987.
- GRIMBERG, Carl; SVANSTROM, Ragnar. História universal. Lisboa: Europa-América, 1940.
- WELLS, H. G. História universal. 7.ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1968.
- ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre Jou, 1968.
- CORVISIER, André. História moderna. 3.ed. São Paulo: DIFEL, 1983.
- TOYNBEE, Arnold J. Estudos de História contemporânea. São Paulo: Nacional, 1967.
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Formação dos Reinos Bárbaros
Decorre do aumento populacional, do crescimento econômico e da pressão territorial e militar dos povos bárbaros. Os bárbaros germanos realizam um prolongado processo de invasões e guerras pelos territórios do Império Romano, que se divide em vários reinos.
Reinos romano-germânicos
A partir do século V, os anglos e os saxões desembarcam nas ilhas britânicas, expulsando os celtas que lá viviam. Suevos e visigodos instalam-se na península Ibérica, borguinhões ocupam a Gália, ostrogodos migram para a península Itálica e os vândalos assentam-se no norte da África. Os francos avançam primeiro sobre os borguinhões, gauleses e visigodos, na Gália e na península Ibérica e, depois, atacam os lombardos ou longobardos na península Itálica.
Francos – Vivem na planície norte do Reno até o século IV. No século seguinte, com a eliminação dos pequenos reinados existentes, unificam-se sob o reinado de Clóvis.
Dinastia merovíngia – Iniciada por Meroveu, em 482. Na sua expansão inicial, elimina os restos do domínio romano ocidental com sua vitória sobre os gauleses. Em 496 triunfam sobre os alamanos e, em 497, convertem-se ao cristianismo, o que facilita a consolidação de suas conquistas e a posterior expansão sobre os borguinhões, visigodos e ostrogodos. Clóvis forma um reino em que se fundem francos e gauleses. Em 561 começam os conflitos internos entre a monarquia unitária e a nobreza, resultando na formação de três reinos distintos. Em 613 Clotário II consegue a adesão da nobreza para reunificar o reino, mas a monarquia se enfraquece e acelera o declínio do poder merovíngio.
Dinastia carolíngia – Em 751, Pepino, o Breve, destrona Childerico III, o último rei merovíngio, e consolida a dinastia carolíngia. Pepino, o Breve, atendendo apelo do papa, derrota os lombardos na península Itálica e coloca Roma sob sua proteção. Após novas campanhas vitoriosas, obriga o rei lombardo a devolver os territórios romanos conquistados. Entrega-os então ao papa para que constituam, junto com o ducado de Roma, o Estado Pontifício. Em 768 Pepino divide o reino entre seus dois filhos, mas a morte prematura de Carloman II deixa o reino em mãos de Carlos Magno.
Carlos Magno (747-814), primogênito de Pepino, o Breve, rei dos francos e imperador do ocidente. Famoso por sua altura (1,92 m) e habilidade política. Aprende a ler aos 32 anos. Durante os 46 anos de seu reinado, promove grande desenvolvimento cultural e realiza mais de 50 guerras, para expandir o cristianismo e Constantino impor sua hegemonia no ocidente. Recebe o título de maior soberano da Europa Medieval. No natal de 800 é coroado imperador do ocidente pelo papa Leão III, que diz “A Carlos Magno, coroado por Deus, vida e vitória”. É canonizado em 1165. Após sua morte, o império fragmenta-se.
Desmembramento do império – Luís I, o Piedoso, sucessor e filho de Carlos Magno, se faz coroar pelo papa Estêvão IV. Disputas e guerras sucessórias envolvem os filhos de Luís I e resultam na divisão do Império Franco. Em 840 os irmãos Luís, o Germânico, e Carlos, o Calvo, unem-se contra Lotário, o primogênito herdeiro. A aliança é reforçada em 842 pelo Juramento de Estrasburgo, o mais antigo documento redigido em alto alemão e francês antigo. A guerra fratricida termina em 843, com o Tratado de Verdun, pelo qual o Império Franco permanece dividido em três reinos. A divisão prolonga-se até 987, quando Hugo Capeto é eleito e coroado rei da França.
Vândalos – Oriundos das regiões entre o rio Oder e o mar Báltico, são empurrados pelos godos, em 406, para a Eslováquia e a Transilvânia. Unidos aos suevos e alemanos, atravessam a Gália e chegam à Hispânia em 409. Em 429, cruzam o estreito de Gibraltar e fundam um reino na Tunísia. Em 442 conquistam a soberania, constituindo o primeiro reino germânico em território romano ocidental. Conhecidos pelas pilhagens e destruições (vandalismo) que realizam em suas incursões, dominam o Mediterrâneo. Em 455 invadem Roma e roubam os tesouros romanos. Em 534 o reino vândalo da África é destruído pelo general bizantino Belisário.
Suevos – Oriundos da região entre os rios Elba e Oder, deslocam-se a partir de 406 para a península Ibérica, com os vândalos, instalando-se na Galícia em 409. São combatidos pelos visigodos, que migram para a Ibéria em aliança com Roma, em 419.
Visigodos – Ou godos ocidentais se instalam inicialmente às margens do mar Báltico. Empreendem a busca de novas terras a partir do século II. Em 376 ocupam territórios na bacia do Danúbio. No final do século IV, realizam incursões de pilhagem nos Balcãs e no Peloponeso. Em 410 os visigodos tomam e saqueiam Roma, migrando depois para a Aquitânia, onde fundam Toulouse, em 419. Expandem-se pela Hispânia para combater os suevos e tentam conquistar a Gália, entrando em choque com os francos a partir de 507.
Borguinhões – São parte dos germanos orientais das margens do Oder e vizinhos dos vândalos. Por volta de 400 migram para uma área entre o Reno e o Maine, onde fundam um reino destruído por tropas auxiliares hunas. Migram para as margens do lago Genebra e reinstalam o reino em 443. Mantêm-se independentes até 534, quando são conquistados pelos francos.
Alamanos – Fazem parte dos germanos do norte que permanecem majoritariamente em seus territórios de origem, na Jutlândia. Uma parte se desloca para uma área entre os rios Reno e Elba, onde seus clãs ou restos de estirpes se fundem com outras etnias, formando a Suábia.
Ostrogodos – São os godos que se deslocam para as regiões orientais da Europa e instalam um reino junto ao mar Negro, por volta do ano 200. Em 375, o reino é destruído pelos hunos. Saqueiam os Balcãs, penetram na península Itálica e vencem as tropas mercenárias germânicas. Em 493, fundam o reino ostrogodo da Itália. Proíbem o casamento entre romanos e ostrogodos, assumem a proteção militar de Roma e desenvolvem uma política de alianças para enfrentar Bizâncio. A guerra contra o Império Bizantino prolonga-se até 552 e marca o fim do reinado ostrogodo.
Lombardos – Também conhecidos como longobardos, migram de suas regiões de origem, na Escandinávia, para as margens do Elba. Fundam seu primeiro reino na região do Danúbio. Aliam-se aos ávaros para invadir a península Itálica e formar seu segundo reino em 568. Entre 572 e 650 conquistam a Pávia. Dividem a soberania da península com o Império Bizantino e criam ducados com autonomia frente à Coroa. Convertidos ao catolicismo, reunificam o reino. Em 751 o rei lombardo Astolfo põe fim ao domínio bizantino na Itália central. Em 773, Carlos Magno conquista o reino e o incorpora ao Império Franco.
Anglo-saxões – Ao deslocar-se para as ilhas britânicas, em 450, fundam sete Estados. Diante da expansão dos normandos, procedentes da Dinamarca, o rei Edgar consegue unificar os reinos anglo-saxões em 959. Mas o reino não resiste à invasão dos dinamarqueses em 1013. Canuto, eleito soberano em 1016, une a Dinamarca e a Inglaterra num só reino, para a formação de um império marítimo nórdico. A dominação normanda acontece sob o comando de Guilherme (William), o Conquistador, em 1066, que vence a batalha de Hastings.
Normandos – Também chamados de vikings, habitam a região nordeste do mar do Norte e as terras ocidentais do mar Báltico. Por volta do ano 900 constituem os reinos da Dinamarca, Noruega e Suécia. No século X iniciam sua expansão rumo às ilhas britânicas, litoral norte dos reinos francos, península Ibérica, Mediterrâneo e territórios dos eslavos e bálticos. Utilizam um novo tipo de embarcação, com mastro a vela, o que permite a navegação em alto-mar e o alcance de longas distâncias. Em 982 chegam à Groenlândia e no ano 1000 atingem uma franja no norte da América (Vinland).
REINOS ESLAVOS
Originários da região da Rússia ocidental, a partir do século VII deslocam-se para oeste, ocupando as regiões abandonadas pelos germanos a leste do rio Elba, e se estendem pelos Balcãs. Dividem-se em três grandes grupos tribais: os orientais (russos, brancos e ucranianos), os ocidentais (poloneses, pomerânios, sorabos, tchecos e eslovacos) e os meridionais (eslovênios, croatas, sérvios e búlgaros).
Reino russo – Resulta da expansão normanda sobre os eslavos orientais, que estabelecem uma rota de comércio com Bizâncio e com a Ásia Menor. Em 882, Oleg, o Sábio, funda o primeiro reino. Entre 978 e 1054, sob a dinastia Ruríkida, ocorre a eslavização dos normandos e a cristianização do reino, sob a influência bizantina.
Reino polonês – Forma-se como reação das tribos poleni à expansão germânica para o leste, em 960. Como forma de evitar a dominação, o novo reino poleni adota imediatamente o cristianismo. Estabelecendo relações amistosas com os germanos, o reino polonês conquista uma posição hegemônica entre os eslavos ocidentais. Em 1241 a Polônia é invadida pelos mongóis, mas em 1320 a unidade é restabelecida com Ladislau, o Breve.
Reino búlgaro – Surge do reino formado pela unificação das hordas hunas e uigures nas estepes russas do mar Negro. Perdura até 679, quando é destruído pela invasão dos cázaros, dividindo-se em dois reinos.
Reinos tártaro-mongóis
Hunos – Povo asiático, originário das estepes mongóis, estabelece um império na região da Turcomênia antes da era cristã. Possuem organizações sociais e políticas de cunho militar. Os khan, ou príncipes, constituem os chefes eleitos. Deslocam-se para a estepe russa meridional e chegam, juntamente com os alamanos, às costas do mar Negro, em 375. Destroem o reino ostrogodo, aniquilam e submetem os povos germânicos. Em 441 Átila converte-se no khan supremo dos hunos, incorpora germanos e romanos aos seus exércitos, avança contra Bizâncio e invade a Gália. Após sua morte, em 453, os hunos são aniquilados pelos germanos.
Magiares – Penetram no ocidente durante o século IX, apoderam-se da região dos Cárpatos e ameaçam o Império Franco. Em 1241 são dominados pelos mongóis.
Mongóis – O processo de unificação das tribos mongóis, situadas nas estepes asiáticas, ocorre no final do século XII. Os mongóis se voltam para o ocidente, avançam até a Polônia e Germânia e dominam os húngaros. Com a expansão imperial, os mongóis se defrontam com sociedades de economia mais complexa. O comércio das caravanas terrestres, que se retrai durante a expansão militar, é reanimado. O intercâmbio entre o ocidente e o oriente, pela Rota da Seda, ganha vulto. É através dela que Marco Polo chega a Pequim em 1278. Depois de se tornar o maior império da Idade Média, entra em declínio na metade do século XIV. Em 1368 são expulsos da China.
Referências bibliográficas
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