Moral Estranha de Jesus -Palestra 4.2016
Moral Estranha de Jesus
Fernando CELC 27/04/2016
No estudo dessa noite falaremos sobre a moral estranha. Este tema esta no capítulo 23 do Livro Evangelho Segundo Espiritismos. Nesse capitulo Alan Kardec reúne diversos trecho do evangelho que a principio contradiz os ensinamentos de Jesus (amor, caridade,…).
No livro dos Espíritos nas questões 629 a 631 traz uma definição de moral:
629 – Que definição se pode dar da moral?
“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”
630 – Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
631 – Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro.”
621 – Onde está escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
E no Livro Evolução para Terceiro Milênio Parte 4 Capítulo 8 Item 22 traz um complementos “Moral é um sistema de princípios e regras que objetivam orientar o uso da liberdade pessoal por meio da distinção entre o bem e o mal, de modo que a conduta não dê origem a perturbações que venham a ser causas de sofrimentos futuros. Trata, portanto do relacionamento de pessoa consigo mesmo e dela com os semelhantes, ensinando a evitar conflitos internos (consigo mesma) e Externos (com os outros).”
619 – A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem sua lei?
“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.”
A justiça das diversas encarnações do homem é uma consequência deste princípio, pois que, em cada nova existência, sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se numa só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o se instruírem? (171-222)
Lembrando também que Jesus disse que Mateus capítulo 13 “quem ter olhos de ver e olhos de ouvir”, portanto muitos não conseguem compreender as palavras e os ensinamentos de Jesus, pois ainda as coisas materiais tomam conta do seu espírito. (melhorar)
Esses conjuntos de princípios que acabaram sendo interpretado de forma errada ou pelas traduções ou pelas condições de que escreveu. LE 59
Lembrando que no Livro dos Espíritos:
625 – Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhe falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens
Allan Kardec nesse capitulo divide o estudo nos seguintes trechos:
– Quem não odeia seu pai e sua mãe.
– Abandonar pai, mãe e filhos.
– Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos.
– Não vim trazer a paz, mas a divisão.
Lembrando que no site do centro Leocadio (http://centroeleocadiocorreia.com.br/) tem uma relação de trechos que também são considerados moral estranha segundo os estudos do centro.
QUEM NÃO ODIAR SEU PAI E SUA MÃE
1. Havia uma grande multidão acompanhando Jesus, e, voltando para eles, lhes disse: Se alguém vier a mim e não odiar a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e, até mesmo, sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Assim, todo aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo, e todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo. (Lucas, 14:25 a 27, 33)
2. Aquele que ama mais seu pai ou sua mãe do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama mais a seu filho ou à sua filha do que a mim, não é digno de mim. (Mateus, 10:37)
3 Certas palavras, aliás, muito raras, fazem um contraste tão estranho na linguagem atribuída ao Cristo que, instintivamente, repelimos o seu sentido literal sem que a perfeição de sua doutrina nada sofra com isso. Escritas após sua morte, uma vez que nenhum Evangelho foi escrito enquanto vivia, podemos supor que, nesses casos, a ideia principal do seu pensamento não foi bem traduzida ou, o que não é menos provável, que o sentido original tenha sofrido alguma alteração ao passar pela tradução de uma língua para outra. Basta que um erro tenha sido cometido uma só vez para que fosse repetido pelos copistas, como se vê, com frequência, nos fatos históricos.
A palavra odiar, nesta frase do evangelista Lucas: Se alguém vier a mim e não odiar seu pai e sua mãe, está nesse caso. Ninguém pode ter a ideia de atribuí-la a Jesus. Seria inútil discuti-la e, pior ainda seria procurar justificá-la. Seria preciso saber inicialmente se Ele a pronunciou e, em caso afirmativo, saber se, na língua em que falava, essa palavra tinha o mesmo significado que na nossa. Noutra passagem do evangelista João: Aquele que odeia sua vida neste mundo, conserva-a para a vida eterna, é claro que ela não traduz a ideia que lhe atribuímos.
A língua hebraica era pobre e tinha muitas palavras com diversas significações. É o que acontece, por exemplo, n’A Gênese: a palavra que indica as fases da criação serve, também, para expressar um período de tempo qualquer e, ainda, o período diurno, de que derivou sua tradução para a palavra dia e a crença de que o mundo fora feito em seis dias. Também ocorre o mesmo com a palavra que designava um camelo e um cabo, pois os cabos eram feitos de pêlo de camelo, e que foi traduzida por camelo na alegoria do buraco da agulha. (Veja nesta obra Cap. 16:2.) (1)
É preciso, além de tudo, considerar os costumes e o caráter dos povos que influem na natureza particular das línguas. Sem esse conhecimento, o sentido verdadeiro das palavras nos escapa e, de uma língua para a outra, a mesma palavra tem um significado de maior ou menor energia. Pode ser uma injúria ou uma blasfêmia em uma e ter um sentido insignificante em outra, conforme a ideia que se queira exprimir. Numa mesma língua, ocorre também que o sentido de certas palavras se altera com o passar dos séculos, e é por isso que uma tradução rigorosamente ao pé da letra nem sempre revela perfeitamente o pensamento original para manter a exatidão é preciso, às vezes, empregar não as palavras correspondentes à tradução, mas, sim, palavras que sejam equivalentes ou semelhantes.
Estas observações encontram uma aplicação especial na interpretação das Sagradas Escrituras e nos Evangelhos em particular. Se não considerarmos o meio em que Jesus vivia, ficaremos sujeitos a enganos sobre o sentido de certas expressões e de certos fatos, em virtude do hábito de as entendermos de acordo com os nossos pontos de vista atuais. A palavra odiar, empregada neste caso, não pode ser entendida com a sua significação moderna, visto que seria contrária à essência dos ensinamentos de Jesus. (Veja nesta obra Cap. 14:5 e seguintes.)
(1) Non odit em latim, Kaï ou miseï em grego, não quer dizer odiar, mas amar menos. O que o verbo grego miseï exprime, o verbo hebreu, que Jesus deve ter empregado, o exprime melhor; ele não significa simplesmente odiar, mas amar menos, não amar tanto quanto, não amar igual a outro. No dialeto siríaco, que dizem ter sido o mais usado por Jesus, essa significação é ainda mais acentuada. Foi nesse sentido que foi empregado na Gênese (Cap. 29:30 e 31): “E Jacó amou Raquel mais do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era “odiada…” É evidente que o verdadeiro sentido é menos amada; e é assim que se deve traduzir. Em muitas outras passagens hebraicas e, principalmente, siríacas (idioma aramaico), o mesmo verbo é empregado no sentido de não amar tanto quanto a um outro, e seria um contra-senso traduzi-la por odiar, que tem um outro significado bem determinado. O texto do evangelista Mateus resolve, aliás, toda a dificuldade. (Nota de M. Pezzani.)
Mateus 10
Portanto no sentido da frase dita por Jesus odiar entende-se amar menos. Em no blog Cotidiano (http://michelladiello.blogspot.com.br/2010/07/estranha-moral.html) eu achei um artigo de Michella Dielloo que diz: “devemos deixar de lado todo e qualquer apego excessivo de nossas paixões para com aqueles com quem convivemos, compreendendo que somos todos irmãos em Cristo, filhos de um único Criador e que fomos todos criados com igualdade de oportunidades.”
No livro Vivendo o Evangelho Item 273 – OPORTUNISMO.
Amor, E perdão.
Caridade, E brandura.
Fé, E esperança.
Firmeza, E convicção.
Tolerância, E misericórdia.
Sacrifício, E solidariedade.
Abnegação, E devotamento.
Compaixão, E entendimento.
Humildade, E benevolência.
Renúncia, E indulgência.
Obediência, E resignação.
Dever, E fidelidade.
Tudo isso Jesus exemplificou e deixou bem claro em seus ensinamentos.
Portanto, aparentes contradições nos textos do Evangelho não têm maior significado, a não ser aos oportunistas que usam uma ou outra imprecisão de linguagem, para colocar em dúvida as lições evangélicas e, assim, fugir do compromisso com a própria consciência no esforço da renovação íntima.
ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS
4. Todo aquele que por amor ao meu nome deixar sua casa, seus irmãos, irmãs, pai e mãe, mulher, filhos e suas terras, receberá o cêntuplo e terá como herança a vida eterna. (Mateus, 19:29)
5. Então Pedro lhe disse: Quanto a nós, vede que deixamos tudo e vos seguimos. Jesus lhes disse: Eu vos digo, em verdade, que não há ninguém, que tenha deixado pelo reino de Deus sua casa, pai e mãe, irmãos, mulher e seus filhos, que não receba deste mundo muito mais, e, no século futuro, a vida eterna. (Lucas, 18:28 a 30)
6. Um outro lhe disse: Senhor, eu a vós seguirei, mas permiti-me ir primeiro dispor do que tenho em minha casa. Jesus lhe respondeu: Todo aquele que, tendo a mão no arado, olhar para trás, não é digno do reino de Deus. (Lucas, 9:61 e 62)
Alan Kardec comenta: “Sem discutir as palavras, é preciso procurar aqui o pensamento, que era evidentemente este: Os interesses da vida futura estão acima de todos os interesses e de todas as considerações humanas, porque está de acordo com a essência da doutrina de Jesus, enquanto a ideia de renúncia à família seria sua negação”
Não temos, aliás, sob nossos olhos a aplicação destes ensinamentos no sacrifício dos interesses e das afeições da família pela Pátria? Condena-se um filho por deixar seu pai, mãe, irmãos, mulher e seus filhos para marchar em defesa de seu país? Não lhe é dado, ao contrário, um grande mérito por deixar as doçuras do lar, o calor das amizades, para cumprir um dever? Há, pois, deveres que se sobrepõem a outros. A lei não diz da obrigação da filha deixar seus pais e seguir seu esposo? O mundo está repleto de casos em que as separações mais dolorosas são necessárias; mas as afeições nem por isso se rompem; o afastamento não diminui nem o respeito, nem a dedicação que se deve aos pais, nem a ternura para com os filhos.
115 – Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.”
Madre Tereza – “No final é você e Deus”
Vê-se, portanto, que, até mesmo tomadas ao pé da letra, salvo a palavra odiar, aquelas expressões não seriam a negação do mandamento que determina honrar pai e mãe, nem do sentimento de ternura fraternal e, com mais forte razão ainda, se as analisarmos quanto ao seu espírito. Elas tinham por objetivo mostrar, de forma propositadamente exagerada, o quanto era importante para o homem o dever de ocupar-se da vida futura, considerando que elas deviam ser menos chocantes para um povo e uma época em que, por força das circunstâncias, os laços de família tinham menos força do que numa civilização moralmente mais avançada. Esses laços, muito fracos nos povos primitivos, se fortificam com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso moral. As separações são necessárias ao progresso, tanto nas famílias quanto nas raças, pois elas se degeneram se não há cruzamentos, se não se mesclam umas com as outras. É uma lei da Natureza, que tanto interessa ao progresso moral quanto ao progresso físico.
Lembrando que a Lei de progresso são uma das leis morais que esta no Livro dos Espíritos de Allan Kardec que explica o progresso moral e intelectual nas questões 779 e 780
779 – A força para progredir, haure-a o homem em si mesmo, ou o progresso é apenas fruto de um ensinamento?
“O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contacto social.”
780 – O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.” (192-365)
a) Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
b) Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais instruídos os mais pervertidos também?
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.” (365-751)
As coisas estão encaradas aqui somente sob o ponto de vista terreno. O Espiritismo faz com que as vejamos de maneira mais elevada, ao nos mostrar que os verdadeiros laços de afeição são os do Espírito e não os do corpo; que esses laços não se rompem nem com a separação, nem mesmo com a morte do corpo; que eles se fortificam na vida espiritual pela purificação do Espírito, verdade consoladora que nos dá uma grande força para suportar as contrariedades da vida. (Veja nesta obra Caps. 4:18; e 14:8.)
Livro Evangelho Segundo Espiritismo – Capitulo 4 Item 18 – Os laços de família fortalecidos pela reencarnação e quebrados pela unicidade da existência.
18 – Os laços de família não são destruídos pela reencarnação, como pensam certas pessoas. Pelo contrário, são fortalecidos e reapertados. O princípio oposto é que os destrói.
Os Espíritos formam, no espaço, grupos ou famílias, unidos pela afeição, pela simpatia e a semelhança de inclinações. Esses Espíritos, felizes de estarem juntos, procuram-se. A encarnação só os separa momentaneamente, pois que, uma vez retornando a erraticidade, eles se reencontram, como amigos na volta de uma viagem. Muitas vezes eles seguem juntos na encarnação, reunindo-se numa mesma família ou num mesmo círculo, e trabalham juntos para o seu progresso comum. Se uns estão encarnados e outros não, continuarão unidos pelo pensamento. Os que estão livres velam pelos que estão cativos, os mais adiantados procurando fazer progredir os retardatários. Após cada existência terão dado mais um passo na senda da perfeição.
Cada vez menos apegados à matéria, seu afeto é mais vivo, por isso mesmo que mais purificado, não perturbado pelo egoísmo nem obscurecido pelas paixões. Assim, eles poderiam percorrer um número ilimitado de existências corporais, sem que nenhum acidente perturbe sua afeição comum.
Estenda-se bem que se trata aqui da verdadeira afeição espiritual, de alma para alma, a única que sobrevive à destruição do corpo, pois os seres que se unem na Terra apenas pelos sentidos, não têm nenhum motivo para se preocuparem no mundo dos Espíritos. Só são duráveis as afeições espirituais. As afeições carnais extinguem-se com a causa que as provocou; ora, essa causa deixa de existir no mundo dos Espíritos, enquanto a alma sempre existe. Quanto às pessoas que se unem somente por interesse, nada são realmente uma para outra: a morte as separa na Terra e no Céu.
Livro Evangelho Segundo Espiritismo – Capitulo 14 Item 8 – Parentesco Corporal e Espiritual
8 – Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.
Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova. Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos, enquanto dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências. (Ver cap. IV, nº 13)
Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos: “Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, a minha família pelos laços espirituais, pois “quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
A hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de São Marcos, desde que, segundo este, eles se propunham a apoderar-se dele, sob o pretexto de que perdera o juízo. Avisado de que haviam chegado, e conhecendo o sentimento deles a seu respeito, era natural que dissesse, referindo-se aos discípulos, em sentido espiritual: “Eis os meus verdadeiros irmãos”. Sua mãe os acompanhava, e Jesus generalizou o ensino, o que absolutamente não implica que ele pretendesse que sua mãe segundo o sangue nada lhe fosse segundo o Espírito, só merecendo a sua indiferença. Sua conduta, em outras circunstâncias, provou suficientemente o contrário.
Consolador 175 e 176
175 – O instituto da família é organizado no plano espiritual, antes de projetar-se na Terra?
-O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras; todavia, ai acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro.
É nas dificuldades provadas em comum, nas dores e nas experiências recebidas na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em expressões regeneradas e santificadas.
Purificadas as afeições, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.
176 – As famílias espirituais no plano invisível são agrupadas em falanges e aumentam ou diminuem, como se verifica na Terra?
-Os núcleos familiares do Além se agrupam, igualmente, em falanges, continuando aí a obra de iluminação e de redenção de alguns componentes dos grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da sabedoria.
De maneira natural, todos esses núcleos se dilatam, à medida que se aproximam da compreensão do Onipotente, até alcançarem o luminoso plano de unificação divina, com as aquisições eternas e inalienáveis do Infinito.
Emmanuel comenta sobre essa passagem no livro Fonte Viva Capitulo 58 – Discípulos
“E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” – Jesus. (Lucas, 14:27.)
Os círculos cristãos de todos os matizes permanecem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus, com inexcedível entusiasmo verbal, como se a ligação legítima com o Mestre estivesse circunscrita a problema de palavras.
Na realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.
A vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesmo, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira.
E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes evangélicas.
Imprescindível se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte.
Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos.
Árvores tortas não projetam imagens irrepreensíveis.
Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos.
Aprendizes existem que levam consigo o madeiro das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à revolta através do endurecimento e da fuga.
Outros aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem feitas, mas não carregam a cruz que lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.
Dever e renovação.
Serviço e aprimoramento.
Ação e progresso.
Responsabilidade e crescimento espiritual.
Aceitação dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.
Somente depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o Divino Mestre.
Um outro ponto de vista do trecho que Jesus diz:“todo aquele ele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo, e todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:27 e 33)
Livro Caminho Verdade e Vida 154 – RENUNCIAR
“E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna.” — Jesus (MATEUS, capítulo 19, versículo 29.)
Neste versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade, proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No entanto, é necessário esclarecer como renunciar.
Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de seu nome.
A primeira vista, o alvitre divino parece contra senso.
Como olvidar os sagrados deveres da existência, se o Cristo veio até nós para santificá-los?
Os discípulos precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos mais antigos.
Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro, esquecendo obrigações superiores e inadiáveis.
Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.
Aos companheiros que o abandonaram aparece, glorioso, na ressurreição. Não obstante as hesitações dos amigos, divide com eles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das criaturas.
Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu.
Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos, ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso, não encontras compreensão no lar? os amigos e irmãos são indiferentes e rudes?
Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a vida eterna.
Livro O ESPÍRITO DA VERDADE 59 Renúncia
Cap. XXIII – Item 5
Se teus pais não procuram a intimidade do Cristo, renuncia à felicidade de vê-los comungar contigo o divino banquete da Boa Nova, e ajuda teus pais.
Se teus filhos permanecem distantes do Evangelho, renuncia ao contentamento de sentir-lhes o coração com o teu coração na senda redentora, e ajuda teus filhos.
Se teus amigos não conseguem, ainda, perceber o amor de Jesus, renuncia à ventura de guardá-los no calor de tua alma, ante o Sol da Verdade, e ajuda teus amigos.
Renúncia com Jesus não quer dizer deserção. Expressa devotamento maior.
Nele mesmo, o Senhor, vamos encontrar o sublime exemplo.
Esquecido de muitos e por muitos relegado às agonias da negação, nem por isso se afastou dos companheiros que lhe deram as angústias do amor não amado.
Ressurgindo da cruz, Ele, que atravessara sozinho os pesadelos da ingratidão e as torturas da morte, volta ao convívio deles e lhes diz confiante:
– ”Eis que estarei convosco, até o fim dos séculos.” (Emmanuel)
Acolher, aconselhar e esclarecer.
Livro Boa Nova capítulo 12 – AMOR E RENÚNCIA
O manto da noite caía de leve sobre a paisagem de Cafarnaum e Jesus, depois de uma das grandes assembleias populares do lago, se recolhia à casa de Pedro em companhia do apóstolo. Com a sua palavra divina havia tecido luminosos comentários em torno dos mandamentos de Moisés; Simão, no entanto, ia pensativo como se guardasse uma dúvida no coração.
Inquirido com bondade pelo Mestre, o apóstolo esclareceu:
-Senhor, em face dos vossos ensinamentos, como deveremos interpretar a vossa primeira manifestação, transformando a água em vinho, nas bodas de Caná? Não se tratava de uma festa mundana? O vinho não iria cooperar para o desenvolvimento da embriaguez e da gula?
Jesus compreendeu o alcance da interpelação e sorriu.
Simão disse ele —, conheces a alegria de servir a um amigo?
Pedro não respondeu, pelo que o Mestre continuou:
As bodas de Caná foram um símbolo da nossa união na Terra. O vinho, ali, foi bem o da alegria com que desejo selar a existência do Reino de Deus nos corações. Estou com os meus amigos e amo-os a todos. Os afetos dalma, Simão, são laços misteriosos que nos conduzem a Deus. Saibamos santificar a nossa afeição, proporcionando aos nossos amigos o máximo da alegria; seja o nosso coração uma sala iluminada onde eles se sintam tranquilos e ditosos. Tenhamos sempre júbilos novos que os reconfortem, nunca contaminemos a fonte de sua simpatia com a sombra dos pesares! As mais belas horas da vida são as que empregamos em amá-los, enriquecendo-lhes as satisfações íntimas.
Contudo, Simão Pedro, manifestando a estranheza que aquelas advertências lhe causavam, interpelou ainda o Mestre, com certa timidez:
– E como deveremos proceder quando os amigos não nos entendam, ou quando nos retribuam com ingratidão?
Jesus pôs nele o olhar lúcido e respondeu:
Pedro, o amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o seu ponto de apoio, como o ato de dar é a essência de sua vida. A capacidade de sentir grandes afeições já é em si mesma um tesouro. A compreensão de um amigo deve ser para nós a maior recompensa. Todavia, quando a luz do entendimento tardar no espírito daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a sagrada compreensão de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. Ainda que todos os nossos amigos do mundo se convertessem, um dia, em nossos adversários, ou mesmo em nossos algozes, jamais nos poderiam privar da alegria infinita de lhes haver dado alguma coisa!…
E com o olhar absorto na paisagem crepuscular, onde vibravam sutis harmonias, Jesus ponderou, profeticamente:
O vinho de Caná poderá, um dia, transformar-se no vinagre da amargura; contudo, sentirei, mesmo assim, júbilo em sorvê-lo, por minha dedicação aos que vim buscar para o amor do Todo-Poderoso.
Simão Pedro, ante a argumentação consoladora e amiga do Mestre, dissipou as suas derradeiras dúvidas, enquanto a noite se apoderava do ambiente, ocultando o conjunto das coisas no seu leque imenso de sombras.
*
Muito tempo ainda não decorrera sobre essa conversação, quando o Mestre, em seus ensinos, deixou perceber que todos os homens, que não estivessem decididos a colocar o Reino de Deus acima de pais, mães e irmãos terrestres, não podiam ser seus discípulos.
No dia desses novos ensinamentos, terminados os labores evangélicos, o mesmo apóstolo interpelou o Senhor, na penumbra de suas expressões indecisas:
-Mestre, como conciliar estas palavras tão duras com as vossas anteriores observações, relativamente aos laços sagrados entre os que se estimam?!
Sem deixar transparecer nenhuma surpresa, Jesus esclareceu:
-Simão, a minha palavra não determina que o homem quebre os elos santos de sua vida; antes exalta os que tiverem a verdadeira fé para colocar o poder de Deus acima de todas as coisas e de todos os seres da criação infinita. Não constitui o amor dos pais uma lembrança da bondade permanente de Deus? Não representa o afeto dos filhos um suave perfume do coração?! Tenho dado aos meus discípulos o título de amigos, por ser o maior de todos.
O Evangelho – continuou o Mestre, estando o apóstolo a ouvi-lo atentamente – não pode condenar os laços de família, mas coloca acima deles o laço indestrutível da paternidade de Deus. O Reino do Céu no coração deve ser o tema central de nossa vida. Tudo mais é acessório. A família, no mundo, está igualmente subordinada aos imperativos dessa edificação. Já pensaste, Pedro, no supremo sacrifício de renunciar? Todos os homens sabem conservar, são raros os que sabem privar-se. Na construção do Reino de Deus, chega um instante de separação, que é necessário se saiba suportar com sincero desprendimento. E essa separação não é apenas a que se verifica pela morte do corpo, muitas vezes proveitosa e providencial, mas também a das posições estimáveis no mundo, a da família terrestre, a do viver nas paisagens queridas, ou, então, a de uma alma bem-amada que preferiu ficar, a distância, entre as flores venenosas de um dia!…
Ah! Simão, quão poucos sabem partir, por algum tempo, do lar tranquilo, ou dos braços adorados de uma afeição, por amor ao reino que é o tabernáculo da vida eterna! Quão poucos saberão suportar a calúnia, o apodo, a indiferença, por desejarem permanecer dentro de suas criações individuais, cerrando ouvidos à advertência do céu para que se afastem tranquilamente!… Como são raros os que sabem ceder e partir em silêncio, por amor ao reino, esperando o instante em que Deus se pronuncia! Entretanto, Pedro, ninguém se edificará, sem conhecer essa virtude de saber renunciar com alegria, em obediência à vontade de Deus, no momento oportuno, compreendendo a sublimidade de seus desígnios. Por essa razão, os discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as determinações de Deus os conduzam, porque a edificação do Reino do Céu no coração dos homens deve constituir a preocupação primeira, a aspiração mais nobre da alma, as esperanças centrais do espírito!…
Ainda não havia anoitecido. Jesus, porém, deu por concluídas as suas explicações, enquanto as mãos calosas do apóstolo passavam, de leve, sobre os olhos úmidos.
Necessidade de renunciar a nós mesmo. (orgulho, egoísmo, vaidades, …)
Reforma Intima
Apego aos entes queridos e que acabamos nos atrapalhado nas nossas obrigações.
No livro Vivendo o Evangelho Item 277 –
AMOR E APEGO
“Não interprete apego como amor.”
Amor liberta. Apego oprime.
Amor edifica. Apego rebaixa.
Amor convive. Apego controla.
Amor acalma. Apego aflinge.
Amor espera. Apego impõe.
Amor escuta. Apego ignora.
Amor pacifica. Amor inquieta
Amor renuncia. Apego ordena.
Amor encoraja. Apego intimida
Amor valoriza. Apego deprecia.
Amor esclarece. Apego confunde.
Amor se dedica. Apego se serve.
O Evangelho é escola de amor e se você tem a intenção de seguir Jesus é melhor que abandone o apego e aprenda a amar.
DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR SEUS MORTOS
7. Ele disse a um outro: Segui-me. Ele lhe respondeu: Senhor, permiti que eu vá primeiro enterrar meu pai. Jesus lhe respondeu: Deixai os mortos enterrar seus mortos; mas, quanto a vós, ide anunciar o reino de Deus. (Lucas, 9:59 e 60)
8 O que podem significar estas palavras: Deixai os mortos enterrar seus mortos?As considerações anteriores já nos mostraram, antes de tudo, que, na ocasião em que foram pronunciadas, não podiam ser uma censura àquele que considerava um dever de piedade filial enterrar o corpo de seu pai. Portanto, elas contêm um significado mais profundo, que só um conhecimento mais completo da vida espiritual pode fazer compreender.
A vida espiritual é, de fato, a verdadeira vida, é a vida do Espírito. Sua existência terrena é apenas transitória e passageira, espécie de morte, se a compararmos ao esplendor e a atividade da vida espiritual. O corpo é apenas uma vestimenta grosseira que reveste temporariamente o Espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba terrena e da qual fica feliz em se libertar. O respeito que se tem pelos mortos não se refere à matéria, mas, sim, à lembrança, ao Espírito ausente. É semelhante àquele que se tem pelos objetos que lhe pertenceram, que tocou, e os que lhe querem bem os guardam como objetos de estima. Era isso o que aquele homem não podia compreender por si mesmo, e Jesus o ensina dizendo: Não vos inquieteis com o corpo, preocupai-vos antes com o Espírito; ide ensinar o reino de Deus; ide dizer aos homens que sua pátria não está na Terra e sim no Céu, pois é lá que está a verdadeira vida.
Na reunião de desenvolvimento mediúnico nos estudos falamos sobre esse trecho do evangelho e o mentor deixou uma mensagem comentando.
Mensagem do mentor “Deixar os mortos enterrar os seus mortos é um ensinamento que tem muitas fases, mas a que damos destaque fazendo referencia a passagem evangélica estudamos aqui que o mestre conhecia o móvel do coração de todos que o rodeavam. Jamais o mestre que ensinou uma doutrina de amor proibiria um pai ou uma mãe ou um filho que tem amor pelos seus de enterrar um ente querido de participar de um velório de uma pessoa amada. Naquele exato instante em que narra a passagem evangélica Jesus conhecendo o que se passava no coração do jovem que foi chamado, pois a lei mosaica determinava que o filho que não comparecesse no enterro de seu pai perderia o direito a herança e Jesus sabendo que o que movia aquele jovem era apenas receber a sua parte da herança lhe fez o convite já sabendo de ante mão que ele não aceitaria porque o que movia seu coração era o materialismo era o interesse e não afeição pelo seu pai. Então fica mais essa reflexão que não são nossos hábitos que são julgados em primeiro momento e sim o que passa em nossos corações e sim o que nos move a nossa real intenção.”
Nesse trecho lembramos também do trecho de jovem rico Mateus 16-24….
E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer, para alcançar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: Por que me chamas bom? Bom só Deus o é. Porém, se tu queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Ele lhe perguntou: Quais? E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio; não adulterarás; não cometerás furto; não dirás falso testemunho; Honra a teu pai e a tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo. O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda? Jesus lhe respondeu: Quer-se ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens. E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no Reino dos Céus. Ainda vos digo mais: que mais fácil é passar um camelo(1) pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no Reino dos Céus. (Mateus, XIX: 16-24 – Lucas, XVII: 18-25 – Marcos, X: 17-25).
No livro Evangelho segundo Espiritismo capitulo 16 item 14 – Desprendimento dos Bens Terrenos (LACORDAIRE Constantina, Argélia, 1863)
14 – Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer-vos meu humilde auxílio, para ajudar-vos a marchar corajosamente na via de aperfeiçoamento em que entrastes. Somos devedores uns dos outros, e somente por uma união sincera e fraternal, entre os Espíritos e os encarnados, a regeneração será possível.
Vosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual. Em virtude desse desejo de aquisição, destruís as vossas faculdades afetivas, voltando-as inteiramente para as coisas materiais. Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem manchas? Quando os vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto? Compreendo que um homem que conquistou a fortuna, por um trabalho constante e honrado, experimente por isso uma satisfação, aliás muito justa. Mas, desta satisfação muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há uma distância, igual e que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude,que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem humilhação.
Que a fortuna provenha da vossa família, ou que a tenhais ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que jamais deveis esquecer: é que tudo vem de Deus, e tudo a Deus retorna. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso corpo: a morte despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários. Não vos enganeis sobre isto. Deus vos emprestou e tereis que restituir, mas ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, reverta para aqueles que não possuem o necessário.
Um dos vossos amigos vos empresta uma soma. Por menos honesto que sejais, tereis o escrúpulo de pagá-la, e lhe ficareis agradecido. Pois bem: eis a posição de todo homem rico! Deus é o amigo celeste que lhe emprestou a riqueza, não lhe pedindo mais do que o amor e o reconhecimento, mas exigindo, por sua vez, que o rico dê aos pobres, que são também seus filhos, tanto quanto ele.
O bem que deus vos confiou excita em vossos corações uma ardente e desvairada cobiça. Já refletistes, quando vos apegais loucamente a uma fortuna perecível, e tão passageira como vós mesmos, que um dia tereis de prestar contas ao Senhor daquilo que Ele vos concedeu? Esquecei que, pela riqueza, fostes investidos na sagrada condição de ministros da caridade na Terra, para serdes os seus dispensadores inteligentes? O que sereis, pois, quando usais somente em vosso proveito o que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário dos vossos deveres? A morte inflexível, inexorável, virá rasgar o véu sob o qual vos escondeis, forçando-vos a prestar contas ao amigo que vos favoreceu, e que nesse momento reveste aos vossos olhos a toga de juiz.
É em vão que procurais iludir-vos na vida terrena, cobrindo com o nome de virtude o que frequentemente é apenas egoísmo. É em vão que chamais economia e previdência aquilo que é simples cupidez e avareza, ou generosidade o que não passa de prodigalidade a vosso proveito. Um pai de família, por exemplo, deixando de fazer a caridade, economizará, amontoará ouro sobre ouro, e tudo isso, diz ele, para deixar a seus filhos o máximo de bens possível, evitando-lhes a queda na miséria. É bastante justo e bem paternal, convenhamos, e não se pode censurá-lo. Mas será sempre esse o único objetivo que o orienta? Não é antes, e o mais das vezes, uma desculpa para a própria consciência, a fim de justificar aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo o seu apego pessoal aos bens terrenos? Não obstante, admito que o amor paterno seja o seu único móvel: será esse um motivo para fazê-lo esquecer dos seus irmãos perante Deus? Quando ele mesmo já vive no supérfluo, deixará os seus filhos na miséria, simplesmente por deixar-lhes um pouco menos desse supérfluo? Com isso, não estará lhes dando uma lição de egoísmo, que lhes endurecerá o coração? Não será asfixiar neles o amor do próximo? Pais e mães, estais num grande erro, se acreditais que com isso aumentais o afeto de vossos filhos por vós: ensinando-lhes a ser egoísta para com os outros, ensinai-lhes a sê-lo para vós mesmos.
Quando um homem trabalhou bastante, e com o suor do seu rosto acumulou bens, costuma dizer que o dinheiro ganho a gente sabe quanto custou: nada é mais verdadeiro. Pois bem: que esse homem, confessando conhecer todo o valor do dinheiro, faça a caridade segundo as suas posses, e terá mais mérito do que outro que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, se esse homem que recorda suas penas, seus esforços, se fizer egoísta, duro para com os pobres, será muito mais culpado que os outros. Porque, quanto mais conhecemos por nós mesmos as dores ocultas da miséria, mais devemos interessar-nos pelo socorro aos outros.
Infelizmente, o homem de posse carrega sempre consigo outro sentimento, tão forte como o apego à fortuna: é o orgulho. Não é raro ver-se o novo rico aturdir o infeliz que lhe pede assistência, com a história dos seus trabalhos e das suas habilidades, em vez de ajudá-lo, e terminar por dizer: “Faça como eu fiz!” Segundo ele, a bondade de Deus não influiu em nada na sua fortuna; somente a ele cabe o mérito. Seu orgulho põe-lhe uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos. Não compreende que, com toda a sua inteligência e sua capacidade, Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.
Desperdiçar a fortuna não é desapegar-se dos bens terrenos, é descuido e indiferença. O homem, como depositário dos bens que possui, não tem o direito de dilapidá-los ou de confiscá-los para o seu proveito. A prodigalidade não é generosidade, mas quase sempre uma forma de egoísmo. Aquele que joga ouro a mancheias na satisfação de uma fantasia, não dará um centavo para prestar um auxílio. O desapego dos bens terrenos consiste em considerar a fortuna no seu justo valor em saber servir-se dela para os outros e não apenas para si mesmo, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, em perdê-la sem reclamar, se aprouver a Deus retirá-la. Se, por imprevistos revezes, vos tornardes como Jó, dizei como ele: “Senhor, vós me destes, vós me tirastes; que a Vossa vontade seja feita”. Eis o verdadeiro desprendimento. Sede submissos desde logo, tendo fé naquele que, assim como vos deu e tirou, pode devolver-vos. Resisti corajosamente ao abatimento, ao desespero, que paralisaria as vossas forças. Nunca vos esqueçais, quando Deus vos desferir um golpe, que ao lado da maior prova, ele coloca sempre uma consolação. Mas pensai, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos que os da Terra, e esse pensamento vos ajudará a desprender-vos deles. Quanto menos apreço damos a uma coisa, somos menos sensíveis à sua perda. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança que só vê o momento presente; o que se desprende é como o adulto, que conhece coisas mais importantes, porque compreende estas palavras proféticas do Salvador: meu reino não é deste mundo.
O Senhor não ordena que atiremos fora o que possuímos, para nos tornarmos mendigos voluntários, porque então nos transformaríamos numa carga para a sociedade. Agir dessa maneira seria compreender mal os desprendimentos dos bens terrenos. É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir à responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a dá a quem lhe parece bom para administrá-la em proveito de todos. O rico tem, portanto, uma missão, que pode tornar bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a fortuna, quando Deus vo-la dá, é renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, ao administrá-la com sabedoria. Saber passar sem ela, quando não a temos; saber empregá-la utilmente, quando a recebemos; saber sacrificá-la, quando necessário; isto é agir segundo os desígnios do Senhor. Que diga, portanto, aquele que recebe o que o mundo chama uma boa fortuna: “Meu Deus, enviastes-me um novo encargo; dai-me a força de o desempenhar segundo a vossa santa vontade!”
Eis, meus amigos, o que eu queria ensinar-vos, a respeito do desprendimento dos bens terrenos. Resumirei dizendo: aprendei a contentar-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis o ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que os vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo. Se não sabeis pagar, não tendes o direito de pedir, e lembrai-vos de que dar aos pobres é saldar a dívida contraída para com Deus.
LE 895 – Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o sinal mais característico da imperfeição?
“O interesse pessoal. Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas e às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se patenteia, todos o admiram como se fora um fenômeno.
“O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”
Livro Vivendo o Evangelho 278 – COISAS MORTAS
A ofensa dói, mas com desculpa, acaba.
A agressão fere, mas com perdão termina.
A humilhação deprime, mas com esquecimento, cessa.
A ingratidão decepciona, mas com entendimento, murcha.
A calunia golpeia, mas com tolerância, definha.
O desprezo abate, as com ânimo, desaparece.
A indiferença magoa, mas com paciência, finda
A ironia machuca, mas com bondade, some.
Diante do amor, o mal é coisa morta em si mesma.
Por isso, não se deixe envolver pelos contratempos do caminho e prossiga amando e servindo, na certeza de que imperecível mesmo é o bem que você faz.
NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A DIVISÃO
9. Não penseis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz e, sim, a espada; pois vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora da sogra; e o homem terá como inimigos aqueles de sua casa. (Mateus, 10:34 a 36)
10. Vim lançar o fogo à Terra; e o que mais desejo senão que ele se acenda? Devo ser batizado com um batismo, e quão grande é minha angústia até que ele se cumpra!
Acreditais que vim trazer a paz à Terra? Não, eu vos asseguro, mas, pelo contrário, a divisão; pois, de hoje em diante, se se encontrarem cinco pessoas em uma casa, ficarão umas contra as outras: três contra duas e duas contra três. O pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra. (Lucas, 12:49 a 53)
Livro Caminho, verdade e vida, Cap 104 “A espada simbólica” 104 –
A ESPADA SIMBÓLICA
“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a
espada.” — Jesus. (MATEUS, capítulo 10, versículo 34.)
Inúmeros leitores do Evangelho perturbam-se ante essas afirmativas do Mestre Divino, porquanto o conceito de paz, entre os homens, desde muitos séculos foi visceralmente viciado. Na expressão comum, ter paz significa haver atingido garantias exteriores, dentro das quais possa o corpo vegetar sem cuidados, rodeando-se o homem de servidores, apodrecendo na ociosidade e ausentando-se dos movimentos da vida.
Jesus não poderia endossar tranquilidade desse jaez, e, em contraposição ao falso princípio estabelecido no mundo, trouxe consigo a luta regeneradora, a espada simbólica do conhecimento interior pela revelação divina, a fim de que o homem inicie a batalha do aperfeiçoamento em si mesmo. O Mestre veio instalar o combate da redenção sobre a Terra. Desde o seu ensinamento primeiro, foi formada a frente da batalha sem sangue, destinada à iluminação do caminho humano. E Ele mesmo foi o primeiro a inaugurar o testemunho pelos sacrifícios supremos.
Há quase vinte séculos vive a Terra sob esses impulsos renovadores, e ai daqueles que dormem, estranhos ao processo santificante!
Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugindo à vida e precipitando a morte. No entanto, Jesus é também chamado o Príncipe da Paz.
Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros.
O consolador, itens 304 e 305
304 –Qual o espírito destas letras: – “Não cuideis que vim trazer paz à Terra; não vim
trazer a paz, mas a espada”?
-Todos os símbolos do Evangelho, dado o meio em que desabrocharam, são, quase sempre, fortes e incisivos.
Jesus não vinha trazer ao mundo a palavra de contemporização com as fraquezas do homem, mas a centelha de luz para que a criatura humana se iluminasse para os planos divinos.
E a lição sublime do Cristo, ainda e sempre, pode ser conhecida como a “espada’ renovadora, com a qual deve o homem lutar consigo mesmo, extirpando os velhos inimigos do seu coração, sempre capitaneados pela ignorância e pela vaidade, pelo egoísmo e pelo orgulho”.
305 –A afirmativa do Mestre: – “Porque eu vim pôr em dissensão o filho contra seu pai, a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra” – como deve ser compreendida em espírito e verdade?
-Ainda aqui, temos de considerar a feição antiga do hebraico, com a sua maneira vigorosa de expressão.
Seria absurdo admitir que o Senhor viesse estabelecer a perturbação no sagrado instituto da família humana, nas suas elevadas expressões afetivas, mas, sim, que os seus ensinamentos consoladores seriam o fermento divino das opiniões, estabelecendo os movimentos naturais das idéias renovadoras, fazendo luz no íntimo de cada um, pelo esforço próprio, para felicidade de todos os corações.
11 Será mesmo possível que Jesus, a personificação da doçura e da bondade, aquele que sempre pregou o amor ao próximo, tenha dito: Não vim trazer a paz, e sim a espada; vim separar o filho do pai, o esposo da esposa; vim lançar o fogo à Terra e tenho pressa de que ele se acenda? Estas palavras não estão em flagrante contradição com seu ensinamento? Não é uma blasfêmia atribuir-lhe a linguagem de um conquistador sanguinário e devastador? Não. Não há blasfêmia nem contradição nestas palavras, pois foi exatamente Ele quem as pronunciou, e elas testemunham sua alta sabedoria. Apenas a forma causa estranheza, por não expressar exatamente seu pensamento, o que provocou enganos quanto ao seu verdadeiro sentido. Tomadas ao pé da letra, tenderiam a transformar sua missão, totalmente pacífica, em uma missão de perturbação e discórdias, consequência absurda que o bom-senso descarta, pois Jesus não podia contradizer-se. (Veja nesta obra Cap. 14:6.)
12 Toda ideia nova encontra forçosamente oposição, e não houve uma única que se estabelecesse sem lutas. Nestes casos, a resistência é proporcional à importância dos resultados previstos, pois, quanto maior for a ideia, tanto maior será o número de interesses ameaçados. Se for notoriamente falsa, considerada sem consequências, ninguém se perturbará com ela, e a deixam passar, sabendo que não tem vitalidade. Mas se for verdadeira, se assentada em uma base sólida, se preveem futuro para ela, um secreto pressentimento adverte seus opositores de que ela é um perigo para eles e para a ordem das coisas em cuja manutenção estão interessados. Eis por que se lançam contra ela e contra seus seguidores.
A medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra, assim, na agitação emocional que seu aparecimento provoca, na violência da oposição que ela desperta, na intensidade e persistência da raiva de seus adversários.
13 Jesus vinha proclamar uma doutrina que destruiria pelas bases os abusos nos quais viviam os fariseus, os escribas e os sacerdotes de seu tempo; por isso o fizeram morrer, acreditando que, matando o homem, matariam a ideia, mas a ideia sobreviveu, porque era verdadeira. Cresceu, porque estava nos desígnios de Deus, e, nascida numa pequena vila da Judéia, foi plantar sua bandeira na própria capital do mundo pagão de frente a seus inimigos mais sanguinários, daqueles que tinham o maior interesse em combatê-la, pois aniquilava as crenças seculares a que muitos se apegavam, mais por interesse do que por convicção. Lutas das mais terríveis esperavam aí seus apóstolos; as vítimas foram inumeráveis, mas a ideia cresceu sempre e saiu triunfante porque superava, como verdade, suas antecessoras.
14 É preciso observar que o Cristianismo apareceu quando o paganismo estava em decadência e se debatia contra as luzes da razão. Praticavam-no ainda por formalidade, mas a crença havia desaparecido e apenas o interesse pessoal o sustentava. O interesse é persistente; ele nunca cede à evidência; irrita-se cada vez mais, quanto mais claros e objetivos são os raciocínios que se lhe opõem e que melhor demonstram seu erro. Sabe muito bem que está errado, mas isso não o abala, visto que na sua alma não há verdadeira fé. O que mais o amedronta é a luz que abre os olhos aos cegos. O erro lhe é proveitoso; eis por que se aferra a ele e o defende.
Sócrates também não tinha formulado uma doutrina semelhante, até certo ponto, à do Cristo? Por que ela não prevaleceu naquela época, em meio a um dos povos mais inteligentes da Terra? É porque o tempo ainda não havia chegado; ele semeou em uma terra não preparada; o paganismo não estava suficientemente desgastado.O Cristo recebeu sua missão providencial no tempo determinado. Nem todos os homens de seu tempo estavam à altura das ideias cristãs, mas havia um clima mais favorável para assimilá-las, porque já se começava a sentir o vazio que as crenças vulgares deixavam na alma. Sócrates e Platão haviam aberto o caminho e preparado os Espíritos. (Veja nesta obra, Introdução, parágrafo 4, Sócrates e Platão, precursores da ideia cristã e do Espiritismo.)
15 Infelizmente os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, a maior parte dissimulada por alegorias e figuras de linguagem. Daí nasceram, de imediato, numerosas seitas• que pretendiam ter, com exclusividade, a verdade, e por séculos não puderam entrar em acordo. Esquecendo-se do mais importante dos ensinamentos divinos, aquele sobre o qual Jesus havia feito a pedra angular do seu edifício e a condição expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor ao próximo, essas seitas se amaldiçoaram mutuamente e arremeteram-se umas contra as outras, as mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as no sangue, nas torturas e na chama das fogueiras. Os cristãos, vencedores do paganismo, de perseguidos passaram a perseguidores; foi a ferro e fogo que plantaram a cruz do Cordeiro sem mácula nos dois mundos. É um fato comprovado que as guerras religiosas foram mais cruéis e fizeram mais vítimas do que as guerras políticas; nelas cometeram-se mais atrocidades e barbarismo do que em qualquer outra.
Estaria o erro na doutrina do Cristo? Não, certamente, pois ela condena formalmente toda violência. Disse Ele alguma vez, aos seus discípulos: Ide matar, massacrar, queimar aqueles que não acreditarem como vós? Não. Ele lhes disse exatamente o contrário: Todos os homens são irmãos, e Deus é soberanamente misericordioso; amai vosso próximo; amai vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos perseguem. Ele ainda lhes disse mais: Quem matar pela espada perecerá pela espada. A responsabilidade não está, portanto, na doutrina de Jesus, mas naqueles que a interpretaram falsamente e dela fizeram um instrumento para servir às suas paixões, ignorando estas palavras: Meu reino não é deste mundo.
Jesus, em sua profunda sabedoria, previu o que devia acontecer. Estas coisas eram inevitáveis, pois decorriam da inferioridade da natureza humana, que não podia transformar-se instantaneamente. Foi preciso que o Cristianismo passasse por essa longa e cruel prova de dezoito séculos para mostrar toda sua força, porque, apesar de todo mal cometido em seu nome, dela saiu puro; nunca esteve em questão. A censura sempre recaiu sobre aqueles que dele abusaram e, a cada ato de intolerância, sempre se disse: Se o Cristianismo fosse melhor compreendido e melhor praticado, isso não teria acontecido.
16 Quando Jesus disse: Não acrediteis que vim trazer a paz, e sim a divisão, seu pensamento era este: “Não acrediteis que minha doutrina se estabeleça pacificamente. Ela trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome, porque os homens não terão me compreendido ou não terão querido me compreender. Os irmãos, separados por suas crenças, lançarão a espada uns contra os outros, e a divisão reinará entre os membros de uma mesma família que não tiverem a mesma fé. Vim lançar o fogo à Terra para limpá-la dos erros e dos preconceitos, como se coloca fogo em um campo para destruir as ervas ruins, e tenho pressa de que se acenda para que a purificação seja mais rápida, pois a verdade sairá triunfante desse conflito. À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida. Então, quando o campo estiver preparado, Eu vos enviarei o Consolador, o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas,ou seja, fazer conhecer o verdadeiro sentido de minhas palavras, que os homens mais esclarecidos poderão, enfim, compreender, pondo fim às lutas fratricidas* que dividem os filhos do mesmo Deus. Cansados, enfim, de um combate sem solução, que só acarreta desolação e leva o distúrbio até o seio das famílias, os homens reconhecerão onde estão seus verdadeiros interesses para este mundo e para o outro. Eles verão de que lado estão os amigos e os inimigos de sua tranquilidade. Todos então virão se abrigar sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra de acordo com a verdade e os princípios que vos ensinei.”
17 O Espiritismo vem realizar no tempo determinado as promessas do Cristo. Entretanto, não pode fazê-lo sem antes destruir os erros. Como Jesus, ele encontra o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cobiça, o fanatismo cego que, cercados em suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e erguem obstáculos, entraves e perseguições; eis porque também ele precisa combater. O tempo das lutas e das perseguições sangrentas acabou, porém aquelas que ele terá de enfrentar são todas de ordem moral, e o fim de todas elas se aproxima. As primeiras lutas do Cristianismo duraram séculos. Estas que o Espiritismo enfrentará durarão apenas alguns anos, porque a luz, ao invés de partir de um único foco, surge de todos os pontos do Globo e abrirá mais depressa os olhos aos cegos.
18 As palavras de Jesus devem, portanto, ser entendidas como referentes às discórdias que Ele previa, que sua doutrina iria provocar, aos conflitos momentâneos que surgiriam como consequência, e às lutas que teria de enfrentar antes de firmar-se, tal como aconteceu aos hebreus antes de sua entrada na Terra da Promissão, e não como decorrência de um propósito premeditado de sua parte para semear a desordem e a confusão. O mal viria dos homens e não d’Ele. Era como o médico que veio curar, mas cujos remédios provocam uma crise salutar, removendo os males do doente.
Livro Boa Nova capítulo 15 JOANA DE CUSA
Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores.
Joana possuía verdadeira fé; contudo, não conseguiu forrar-se às amarguras domésticas, porque seu companheiro de lutas não aceitava as claridades do Evangelho. Considerando seus dissabores íntimos, a nobre dama procurou o Messias, numa ocasião em que ele descansava em casa de Simão, e lhe expôs a longa série de suas contrariedades e padecimentos. O esposo não tolerava a doutrina do Mestre. Alto funcionário de Herodes, em perene contacto com os representantes do Império, repartia as suas preferências religiosas, ora com os interesses da comunidade judaica, ora com os deuses romanos, o que lhe permitia viver em tranquilidade fácil e rendosa. Joana confessou ao Mestre os seus temores, suas lutas e desgostos no ambiente doméstico, expondo suas amarguras em face das divergências religiosas existentes entre ela e o companheiro.
Após ouvir-lhe a longa exposição, Jesus lhe ponderou:
– Joana, só há um Deus, que é o Nosso Pai, e só existe uma fé para as nossas relações com o seu amor. Certas manifestações religiosas, no mundo, muitas vezes não passam de vícios populares nos hábitos exteriores. Todos os templos da Terra são de pedra; eu venho, em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens. Entre o sincero discípulo do Evangelho e os erros milenários do mundo, começa a travar-se o combate sem sangue da redenção espiritual. Agradece ao Pai o haver-te julgado digna do bom trabalho, desde agora. Teu esposo não te compreende a alma sensível? Compreender-te-á um dia. É leviano e indiferente? Ama-o, mesmo assim. Não te acharias ligada a ele se não houvesse para isso razão justa. Servindo-o com amorosa dedicação, estarás cumprindo a vontade de Deus. Falas-me de teus receios e de tuas dúvidas. Deves, pelo Evangelho, amá-lo ainda mais. Os sãos não precisam de médico. Além disso, não poderemos colher uvas nos abrolhos, mas podemos amanhar o solo que produziu cardos envenenados, a fim de cultivarmos nele mesmo a videira maravilhosa do amor e da vida.
Joana deixava entrever no brilho suave dos olhos a íntima satisfação que aqueles esclarecimentos lhe causavam; mas, patenteando todo o seu estado dalma, interrogou:
– Mestre, vossa palavra me alivia o espírito atormentado; entretanto, sinto dificuldade extrema para um entendimento recíproco no ambiente do meu lar. Não julgais acertado que lute por impor os vossos princípios? Agindo assim, não estarei reformando o meu esposo para o céu e para o vosso reino?
O Cristo sorriu serenamente e retrucou:
– Quem sentirá mais dificuldade em estender as mãos fraternas, será o que atingiu as margens seguras do conhecimento com o Pai, ou aquele que ainda se debate entre as ondas da ignorância ou da desolação, da inconstância ou da indolência do espírito? Quanto à imposição das ideias – continuou Jesus, acentuando a importância de suas palavras -, por que motivo Deus não impõe a sua verdade e o seu amor aos tiranos da Terra? Por que não fulmina com um raio o conquistador desalmado que espalha a miséria e a destruição, com as forças sinistras da guerra? A sabedoria celeste não extermina as paixões: transforma-as. Aquele que semeou o mundo de cadáveres desperta, às vezes, para Deus, apenas com uma lágrima. O Pai não impõe a reforma a seus filhos: esclarece-os no momento oportuno. Joana, o apostolado do Evangelho é o de colaboração com o céu, nos grandes princípios da redenção. Sê fiel a Deus, amando o teu companheiro do mundo, como se fora teu filho. Não percas tempo em discutir o que não seja razoável. Deus não trava contendas com as suas criaturas e trabalha em silêncio, por toda a Criação. Vai!… Esforça-te também no silêncio e, quando convocada ao esclarecimento, fala o verbo doce ou enérgico da salvação, segundo as circunstâncias! Volta ao lar e ama o teu companheiro como o material divino que o céu colocou em tuas mãos para que talhes uma obra de vida, sabedoria e amor!…
Joana de Cusa experimentava um brando alívio no coração. Enviando a Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras:
– Vai, filha!… Sê fiel!
*
No ano 68, quando as perseguições ao Cristianismo iam intensas, vamos encontrar, num dos espetáculos sucessivos do circo, uma velha discípula do Senhor amarrada ao poste do martírio, ao lado de um homem novo, que era seu filho.
Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
– Abjura!… – exclama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.
A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: – “Repudia a Jesus, minha mãe!… Não vês que nos perdemos?! Abjura!.. . por mim, que sou teu filho!. . Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angústia que lhe retalham o coração.
– Abjura!… Abjura!
Joana ouve aqueles gritos, recordando a existência inteira. O lar risonho e festivo, as horas de ventura, os desgostos domésticos, as emoções maternais, os fracassos do esposo, sua desesperação e sua morte, a viuvez, a desolação e as necessidades mais duras… Em seguida, ante os apelos desesperados do filhinho, recordou que Maria também fora mãe e, vendo o seu Jesus crucificado no madeiro da infâmia, soubera conformar-se com os desígnios divinos. Acima de todas as recordações, como alegria suprema de sua vida, pareceu-lhe ouvir ainda o Mestre, em casa de Pedro, a lhe dizer: – “Vai filha! Sê fiel!” Então, possuída de força sobre-humana, a viúva de Cusa contemplou a primeira vítima ensanguentada e, fixando no jovem um olhar profundo e inexprimível, na sua dor e na sua ternura, exclamou firmemente:
– Cala-te, meu filho! Jesus era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a Deus!
A esse tempo, com os aplausos delirantes do povo, os verdugos lhe incendiavam, em derredor, achas de lenha embebidas em resina inflamável. Em poucos instantes, as labaredas lamberam-lhe o corpo envelhecido. Joana de Cusa contemplou com serenidade a massa de povo que lhe não entendia o sacrifício. Os gemidos de dor lhe morriam abafados no peito opresso. Os algozes da mártir cercaram-lhe de impropérios a fogueira:
– O teu Cristo soube apenas ensinar-te a morrer? – perguntou um dos verdugos.
A velha discípula, concentrando a sua capacidade de resistência, teve ainda forças para murmurar:
– Não apenas a morrer, mas também a vos amar!…
Nesse instante, sentiu que a mão consoladora do Mestre lhe tocava suavemente os ombros, e lhe escutou a voz carinhosa e inesquecível:
tem bom ânimo!… Juana Eu aqui estou!…
Palavras da vida eterna 6 – NO RUMO DO AMANHÃ
“Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” Jesus (Marcos, 8:36.)
Lembra-te de viver, conquistando a glória eterna do Espírito.
Diariamente retiram-se da Terra criaturas cujo passo se imobiliza nos angustiosos tormentos da frustração…
Estendem os braços para o ouro que amontoaram, contudo… esse ouro apenas lhes assegura o mausoléu em que se lhes guardam as cinzas.
Alongam a lembrança para o nome em que se ilustraram nos eventos humanos, todavia… quase sempre a fulguração pessoal de que se viram objeto apenas lhes acorda o coração para a dor do arrependimento tardio.
Contemplam o campo de luta em que desenvolveram transitório domínio, mas… não enxergam senão a poeira da desilusão que lhes soterra os sonhos mortos.
Sim, em verdade, passaram no mundo em carros de triunfo na política, na fortuna, na ciência, na religião, no poder…
No entanto, incapazes do verdadeiro serviço aos semelhantes, enganaram tão somente a si próprios, no culto ao egoísmo e ao orgulho, à intemperança e à vaidade que lhes devastaram a vida.
E despertaram, além da morte, sem recolher-lhe a renovadora luz.
Recorda os que padecem na derrota de si mesmos, depois de se acreditarem vencedores, dos que choram as horas perdidas, e procura, enquanto é hoje, enriquecer o próprio espírito para o amanhã que te aguarda, porque, consoante o ensino do Senhor, nada vale reter por fora o esplendor de todos os impérios do mundo, conservando a treva por dentro do coração.
Livro Vivendo o Evangelho 282 – LUTA ÍNTIMA.
À semelhança do Cristianismo, que floresceu sobre as ruínas da decadência pagã, é certo que Jesus te surge no caminho, quando tuas ilusões já se encontram em agonia.
Desejando o sucesso no mundo, construístes teus ideais na esteira do amor próprio
Conquistastes bens materiais.
Cultivaste o egoísmo.
Alimentaste a vaidade.
Sucumbiste ao orgulho.
Acumulaste autoridade.
Buscaste o prestígio.
Alcançaste o poder.
*
Entretanto, após longa convivência com fantasias e devaneios, descobriste que os sonhos de triunfo e reconhecimento foram-se transformando, pouco a pouco, em pesadelos insuportáveis,
A fortuna não te enxugou o pranto da alma.
O egoísmo te fez insensível ao sofrimento alheio.
A vaidade te tornou antipático entre os companheiros.
O orgulho te afastou dos amigos.
A autoridade te obrigou a atitudes inesperadas.
O prestígio te roubou o sossego íntimo.
O poder te premiou com a solidão.
*
Embora sob a claridade dos holofotes que te exaltam as vitórias sucessivas, sentes nos lábios o gosto amargo da desilusão. Tens a vida repleta de glórias, mas dentro do peito o coração vagueia na escuridão aterradora e vazia.
É nesse momento que, nos horizontes enevoados de tua alma, desponta o sol radioso do Evangelho e Jesus te estende as mãos, suaves e firmes, convidando- te as veredas do bem.
Contudo, apesar do sofrimento que te consome, tens dúvida e dolorosa luta se instala em teu íntimo. Não é fácil sair da avenida larga das facilidades, para entrar na trilha apertada da transformação moral, trocar a paixão possessiva pelo amor que renuncia, substituir a arrogância pela humildade.
Todavia o Mestre Divino acredita em ti. Ampara-te o esforço. Sustenta-te a coragem. Inspira-te a esperança. E, com indescritível ternura, fortalece-te a fé vacilante, falando a teus ouvidos espirituais.
– CONFIA EM MIM; EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.