A maior aventura psíquica-William Crookes
A maior aventura psíquica, em nível da Ciência, de que se tem notícia – William Crookes “A existência da alma, que era apresentada como um dogma de fé por todas as religiões e que a filosofia nos mostrava por palavras, é hoje, graças ao Espiritismo, uma verdade científica. […] A prova científica da existência da alma e da sua comunicação conosco é o legado mais brilhante que o presente século [XIX] vai deixar ao vindouro.”* Assinalou-se, no mês de abril passado, mais um aniversário da desencarnação, do eminente sábio Sir William Crookes, ocorrida em Londres, a 4 de abril de 1919, no número 7 do Kesington Park Gardens. Nascido a 17 de junho de 1832, em Londres, no Regent Street, foi o primeiro cientista inglês, de alto gabarito, que, com surpreendente desassombro, em face do intransigente preconceito da ortodoxia do establishment científico dominante na época, e, com severas precauções, investigou, por três anos, o notável fenômeno de materialização do Espírito Katie King, como registra a literatura espírita, concluindo, ante a evidência dos fatos, com esta memorável profissão de fé raciocinada: – “O Espiritismo está cientificamente demonstrado e seria covardia moral negar-lhe o meu testemunho”. Para apresentação desse nome venerando, autêntico missionário da Ciência (veja A Gênese, cap. I, item 6), lembremos o testemunho do insigne e insuspeito doutor José Lapponi, clínico, professor de Antropologia, escritor e protomédico de dois papas (Leão XIII e Pio X) que, em estudo médico–crítico, publicado sob o título de Hipnotismo e Espiritismo, 5. ed. FEB, p. 138-139, desfazendo as agressões com que pretendiam nodoar a reputação científica de Crookes, declara, do alto de sua cátedra, com corajosa imparcialidade: […] físico respeitado em qualquer parte da Terra; que, aos 20 anos de idade, já havia publicado importantes trabalhos sobre a luz polarizada; que, mais tarde, produziu importantes trabalhos sobre os espectros luminosos dos corpos celestes; que inventou o fotômetro de polarização e o microspetroscópio; que escreveu trabalhos de Química bastante apreciados; que é autor de um Tratado de Análise Química, ora tornado clássico; que fez importantes pesquisas em Astronomia; que contribuiu grandemente para os progressos da fotografia celeste […] que foi enviado pelo Governo inglês a Oran, para estudar, com outros doutos, o eclipse solar; que é versado em Medicina, em Higiene Pública e em Ciências Naturais […] que descobriu um processo de amalgamação metálica por meio do sódio, hoje largamente aplicado […] para a extração do ouro; que descobriu um novo corpo metálico, o Tálio; que, finalmente, fez conhecer o estado radiante da matéria, o qual permitiu a famosa descoberta dos raios Röentgen, tão útil para a fotografia a que se chamou fotografia do invisível. Um homem de tão alto intelecto e de tão vasto saber; homem que passou a vida a indagar, com a máxima severidade, os mais árduos segredos da Natureza, quis examinar os fenômenos espiritistas e submetê-los à severa crítica das ciências experimentais. Nas suas pesquisas foi secundado por outros dois físicos de valor, William Huggins e Ed.W. Cox. Por meio de aparelhos de precisão e de registradores automáticos, ele examinou escrupulosamente, até nas mais insignificantes particularidades, os fenômenos produzidos sob seus olhos. Experimentou, repetidas vezes, em pleno dia, em aposentos escolhidos por ele e bem iluminados, ou pela luz solar, ou por luz elétrica, ou à luz fosfórica. […] Pois bem: estudados os fenômenos espiritistas, por entre tantas precauções e com o maior cepticismo científico, teve ele, honestamente, de repetir quanto antes já dissera Alfredo Russel Wallace: “Adquiri a prova certa da realidade dos fenômenos espiritistas”. Charles Richet, Prêmio Nobel de Fisiologia, em conferência pronunciada na Faculdade de Medicina de Paris, em 24 de junho de 1925, com sua inconteste e respeitável autoridade, perante severo auditório, classificando William Crookes, textualmente, como “um dos maiores sábios do nosso tempo e de todos os tempos”, assim se referiu às suas célebres experiências e à sua obra científica (Ciência Metapsíquica dos Fatos à Doutrina, de Carlos Imbassahy, edições Mundo Espírita, 1949, p. 15 a 40): Para começar, as [experiências] de Crookes. Estas são de granito. […] Se tiverdes alguma curiosidade e alguns vagares, eu vos aconselharia que lêsseis com cuidado a pormenorizada exposição das experiências de Crookes, e ficaríeis convencidos da realidade dos fatos, a menos que vos resigneis a encarar Crookes como um imbecil, o que seria mais imbecil ainda. (p. 33.) E continua Richet: Crookes viu, em plena luz, mesas e cadeiras se deslocarem, flores aparecerem e se moverem, um acordeão passar sobre sua cabeça e tocar, ruídos retumbantes se produzirem sem contato, e isto tudo em franca claridade, diante de sábios honestos e experimentados, em um laboratório de Química. Crookes viu Florence Cook [a médium] desdobrar-se em um fantasma, observou, com o auxílio de uma lâmpada de fósforo, em seu próprio laboratório, e por muitas vezes, o fantasma de Katie King, conversando com Florence Cook. Como se explica que esses fatos não tenham sido admitidos, e que se tenha inventado, para explicá-los, toda a sorte de inépcias caluniosas? Certo é porque os homens – e os sábios, talvez, ainda mais que todos – têm medo das coisas novas. Assim, quando Crookes lhes trouxe provas formidáveis, riram-se. E eu também, ah! eu ri como os outros. Mas hoje, [penitencia-se Richet] depois de ter visto o que vi, reconheço, enfim,muito dificilmente, muito laboriosamente, que Crookes tinha razão […]. (p. 33-34.) Crookes com o Espírito Katie King materializado, e a médium de ectoplasmia (Florence Cook) O doutor Paul Gibier, Diretor do Instituto Bacteriológico (Instituto Pasteur) de Nova York; ex-Interno dos Hospitais de Paris; ex-Assistente de Patologia Comparada do Museu Histórico Natural de Paris;Membro da Academia de Ciências de Nova York e da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, e Cavaleiro da Legião de Honra da França, em seu livro O Espiritismo (Faquirismo Ocidental), 5. ed. FEB, p. 158, pronunciando-se sobre o assombroso trabalho de Crookes, escreveu: […] Até aqui, vimos escritores, poetas e filósofos, sem autoridade em matéria científica, opinando em favor dos fenômenos espiritualistas: isso, como se diz, não traz conseqüências. Seja, mas eis que um fato grave se produziu: um dos primeiros sábios do mundo, um experimentador, cujas obras suportam sem desvantagem comparação com as de Dumas,Wurtz, Berthelot, Frémy, pronunciou- se de modo mais afirmativo, baseado em provas experimentais em apoio dessas coisas tenebrosas que se supunham sepultadas na noite da Idade Média. Que devemos concluir? Por que ousou dar como certos os fatos […] será forçoso que o Sr. Crookes seja um louco ou um impostor? […] Será acaso um impostor que tenha querido zombar do público? Mas, com que interesse? […] Pelo contrário, não ignorava que qualquer fraude – se fraude tivesse havido – seria prontamente descoberta, então! Então seria a vergonha, seria a ruína, seria o desastre, o desabamento de uma vida honrosa de homem honesto e de sábio. […] No fim de uma vida tão bem preenchida, tornada gloriosa por tantas descobertas, uma só das quais bastaria para imortalizar um homem, ele desceria de seu pedestal para revolver-se miseravelmente na lama? […] Não, não seria possível! – concluiu Gibier. Como se vê, Crookes não é um homem comum, capaz de se ver liquidado na voragem do tempo ou obscurecido pela insensatez de todos os tempos. O seu exemplo e a sua obra imortal são um farol, uma página aberta à civilização, descortinando uma realidade, um espetáculo da grandeza divina. Enquanto o homem não houver comprometido as conquistas vivas da civilização, a memória desse sábio, desse benfeitor da Humanidade será lembrada como um dos propulsores do progresso. Não obstante, quando anunciou, depois de anos de observações, que fora vencido pelas evidências dos fatos, a Real Sociedade de Ciências de Londres, de que fora presidente, se voltou contra ele, e o secretário dessa instituição, Stokes (protótipo da mentalidade retrógrada da época), negou-se a aceitar o convite, que lhe fez Crookes, para presenciar os fatos, pois era daqueles piores cegos, que mesmo que visse não acreditaria. A publicação dos trabalhos de Crookes, em 1874, produziu tal reação que, por pouco, a insensatez não o eliminou da referida Sociedade, não fosse a autoridade do sábio e a necessidade de justificarem a medida, demonstrando estarem erradas as suas categóricas declarações quanto à realidade das materializações do Espírito Katie King, testemunhadas por vultos eminentes do cenário científico da época. A verdade, porém, não deixará de ser verdade, por força alguma, muito menos pela esdrúxula negação dos que nada entendem, ou não querem entender, ou desaparelhados de recursos interiores para a rota de elevação. *Fatos espíritas,William Crookes. Tradução de Oscar d’Argonnel (pseudônimo de Carlos Gardone Ramos segundo a revista Reformador de abril de 1979, p. 141), “Prefácio”, Ed. FEB. Reformador setembro 2007 – NEY DA SILVA PINHEIRO