Cisão no movimento Espírita?
Infelizmente, é o que nos parece estar, imperceptivelmente, acontecendo.
De um lado, os que sustentam ser o Espiritismo uma doutrina de tríplice aspecto: ciência, filosofia e religião; de outro, os que lhe contestam o vínculo com o Evangelho de Jesus.
Os que trabalham, anonimamente, nas casas espíritas e os que procuram se impor em seus cargos de liderança.
Os que primam pela simplicidade nas tarefas e os que fomentam o elitismo.
Os que lutam com as despesas das obras assistenciais que mantêm e os que promovem reuniões em hotéis de luxo.
Os que se sacrificam pela Causa e por ela se imolam e os que fazem profissionalismo religioso.
Os que agem com transparência de atitudes e os que conspiram nos bastidores.
Os que defendem a liberdade de expressão e de pensamento e os que a censuram e desrespeitam.
Os que são injustamente apedrejados e os bajuladores que emprestam as sua mãos para apedrejar.
Os que se esforçam para serem originais e os que, incorrigivelmente, insistem em plagiá-los.
Os que são rotulados de médiuns fascinados e os fascinados que os rotulam.
Os que não se defendem, em obediência aos preceitos da fraternidade e os que apenas e tão-somente sabem criticá-los, com a intenção de vê-los arrasados.
Os que porfiam, diuturnamente, no combate às suas imperfeições e mazelas e os que se julgam virtuosos, dispensados de qualquer esforço de renovação íntima.
Os que se conservam discretos em cena e os que não querem dividir o palco.
Os que são “cisco” e os que são “estrelas!”
Sim, pelo que enumeramos acima, e muito mais, o Movimento Espírita encontra-se cindido.
Os que, serenos, defendem a reencarnação de Allan Kardec em Chico Xavier e os que, indignados e, por vezes, agressivos, a contestam.
Os que proclamam a unidade da obra de um e de outro e os que intentam diminuir a importância da tarefa missionária do médium mineiro.
Não é de agora, porém, o conflito entre os “místicos” e os “científicos”.
Pior, todavia, é a postura de quem, temendo se expor, nunca desce do muro.
Imaginemos se o Cristo tivesse contemporizado com os escribas e os fariseus… Que seria do Evangelho?
O momento é de tomar partido.
“Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos Céus; e aquele que me renegar diante dos homens, também eu o renegarei diante de meu Pai que está nos Céus.” (Mateus, cap. X, vv. 32 a 33)
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 932, pergunta o Codificador: – “Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?”
R. – “PELA FRAQUEZA DOS BONS; OS MAUS SÃO INTRIGANTES E AUDACIOSOS; OS BONS SÃO TÍMIDOS, ESTES, QUANDO QUISEREM, ASSUMIRÃO A PREPONDERÂNCIA.”
Timidez e tibieza não são humildade.
Como dizia Chico: – “O Senhor nos pede que sejamos bons. Bonzinhos, não… Porque o bonzinho é bobo!”
Juvan de Souza Neto (Jornal da Mediunidade 05/2007)