Curso para “Doutrinadores”
Coordenação de Ação Mediúnica – MED
GRUPO DA FRATERNIDADE LEOPOLDO MACHADO – GFLM
UNIDADE I – A DOUTRINA E O DOUTRINADOR
Pag.
I.1 – A Mediunidade 2
I.2 – Reunião Mediúnica – Equipes/Tipos 4
I.3 – O Fenômeno Mediúnico Intuitivo 12
I.4 – Necessidade de Doutrinação 14
I.5 – Concentração/Prontidão para Ouvir 15
I.6 – Relacionamento Médium/Doutrinador 19
UNIDADE II – OS COMUNICANTES
II.1 – Escala Espírita/Tipos de Comunicantes 21
II.2 – A Natureza dos Espíritos 33
UNIDADE III – PRÁTICA DA DOUTRINAÇÃO
III.1 – Influências do Médium e da Mediunidade 37
III.2 – As Fases da Comunicação Mediúnica 38
III.3 – Fases da Doutrinação 40
UNIDADE IV – TÉCNICAS COMPLEMENTARES
IV.1 – A Prece 57
IV.2 – O Passe 60
IV.3 – O Choque Anímico 65
IV.4 – A Regressão de Memória 67
IV.5 – Hipnose 70
UNIDADE V – PROBLEMAS E SOLUÇÕES
V.1 – Contradições e Mistificações 74
V.2 – Animismo 75
V.3 – Os Recém-Desencarnados 78
V.4 – Informação para a Morte 79
V.5 – Comunicações Incompletas e Imperfeitas 80
V.6 – O Obsessor 81
V.7 – Médiuns Iniciantes 83
V.8 – Médiuns de Desdobramento 86
V.9 – Doutrinador e Consultas 86
V.10 – Doutrinador e Vaidade 86
CURSO PARA “DOUTRINADORES”
UNIDADE I – A DOUTRINA E O DOUTRINADOR
I.1 A MEDIUNIDADE
É natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, porque também somos Espíritos, embora estejamos encarnados.
Pelos sentidos físicos e órgãos motores, tomamos contato com o mundo corpóreo e sobre ele agimos. Pelos órgãos e faculdades espirituais mantemos contato constante com o mundo espiritual, sobre o qual também atuamos.
Todas as pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos. A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos, etc.
Mas, há pessoas em que o intercâmbio é ostensivo. Nelas, os fenômenos são marcantes, acentuados, bem característicos( psicofonia, psicografia, efeitos físicos, etc.), ficando evidente uma outra individualidade, a do Espírito comunicante. A essas pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.
Médium é uma palavra neutra, de origem latina; quer dizer medianeiro, que está no meio. De fato, o médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual, podendo ser o intérprete para o Espírito desencarnado.
Mediunidade é a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o espiritual. (Faculdade: capacidade que pode ou não ser usada).
Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de sofrimento, perturbação, desequilíbrio. Firmou-se até um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra perturbada, deve ter mediunidade.
Entretanto, a mediunidade não é doença, nem leva à perturbação, pois é uma faculdade natural. Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas, é por sua falta de equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque está sob a ação de maus Espíritos.
Não se deve colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações. Primeiro, é preciso ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de passes, vibrações e esclarecimentos doutrinários. Deve-se recomendar, também, a visita ao médico, porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o tratamento será feito pela medicina.
Para o desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.
Sinais Precursores
A mediunidade fica bem caracterizada, quando:
– há vidência ou audição no plano fluídico;
– se dá o transe psicofônico(mediunidade falante) ou psicográfico (mediunidade escrevente);
– há produção de efeitos físicos onde a pessoa se encontre.
Mas, nem sempre é fácil e rápido de distinguir as manifestações mediúnicas, quando, em seu início, das perturbações fisiopsíquicas.
Eis alguns sinais que se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a pessoa tem facilidade para a percepção de fluído, para o desdobramento(que favorece o transe) ou que está sob a atuação de Espíritos:
– sensação de “presenças” invisíveis;
– sono profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis;
– sensações ou idéias estranhas, mudanças repentinas de humor, crises de choro;
– “ballonement” (sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o corpo, como resultado de desdobramento perispiritual;
– adormecimento ou formigamento nos braços e pernas;
– arrepios de frio, tremores, calor, palpitações.(1)
Referência Bibliográfica
(1) Curso de Iniciação ao Espiritismo – Cap. Mediunidade e seu
Desenvolvimento – Editora e Gráfica do Lar/ABC do Interior.
I.2 – REUNIÃO MEDIÚNICA – EQUIPES/TIPOS
Já foi dito em “O Livro dos Espíritos”(1) que o homem se desenvolve através do contato social e que no isolamento se embrutece e estiola. A mediunidade sendo como que um sentido do homem é natural que se manifeste no meio social a espraiar-se entre as criaturas de modo a cumprir o papel transformador que lhe compete.
Porque nem todos somos capazes de nos interessar, ao mesmo tempo por muitos assuntos, é natural que os que pela mediunidade se interessam, reúnam-se, identifiquem-se em programas específicos de trabalho que constituem objetivos dos Centros Espíritas e mais particularmente dos grupos mediúnicos. É a vivência do ensino de Jesus: “quando duas ou mais pessoas estiverem presentes em meu nome eu estarei entre elas”.
A importância das reuniões mediúnicas, que têm como meta última a regeneração moral da Humanidade, no que se confunde com os objetivos da própria Doutrina Espírita, está a exigir equipes cada vez mais adestradas e conscientes. E isto se dará efetivamente quando todos:
· Possuírem um único desejo: o de se instruírem e melhorarem;
· Compreenderem os objetivos e aderirem aos mesmos, ou seja:
perfeita comunhão de vistas e de sentimentos;
· Se capacitarem, continuamente, para o desempenho da função que executam;
· Se pautarem exclusivamente nos seus papéis enquanto outros não lhe forem confiados;
· Cooperarem reciprocamente uns com os outros;
· Se estimarem como verdadeiros irmãos;
· Se manterem permanentemente motivados e sintonizados com o comando superior que emana da espiritualidade.
Não esquecer que “uma reunião é um ser coletivo cujas propriedades são as de seus membros e formam como que um feixe”(2).
Basicamente, as funções existentes numa reunião mediúnica, conforme a feição atual do movimento espírita, são:
MÉDIUM – Intérprete dos Espíritos e instrumento de que se utilizam para se manifestarem aos homens;
DOUTRINADOR – Terapeuta do esclarecimento e da consolação; pessoa que atende os Espíritos, que se comunicam;
DIRIGENTE – O coordenador do grupo; a pessoa que dirige as reuniões e que, não raro, também atende os Espíritos;
ASSISTENTE – Trata-se do auxiliar. Pessoa que participa da reunião na condição de fornecedor de energias vitais e pensamentos elevados, o que, aliás, é obrigação de todos. Muitas vezes entre os assistentes se revelam preciosas mediunidades a cultivar, seja para o exercício da psicofonia, psicografia, vidência, etc, seja para o trabalho de doutrinação.
Caberia colocar-se a função de passista. Todavia o passe se integra tão intimamente com a doutrinação que normalmente é aplicado pelos doutrinadores e dirigentes.
A nossa abordagem sobre as funcões se centrará nos seguintes aspectos:
· – O porquê da função na vida de cada um;
· – As qualidades requeridas;
· – As atribuições
O DIRIGENTE E O DOUTRINADOR
No final desta parte apresentamos resumos de textos de obras de reconhecido valor que nos mostram as qualidades requeridas para o exercício das funções Dirigente e Doutrinador. É bom deixar claro que todas as pessoas que compõem o grupo, sejam dirigentes, doutrinadores, médiuns ou assistentes têm o compromisso de trabalharem pelo próprio crescimento moral e pelo desenvolvimento das qualidades afetivas, porque somente assim atrairemos os Bons Espíritos às nossas reuniões. Ao colocarmos o rol de qualidades que devem possuir esses companheiros encarregados da doutrinação, de modo algum estamos colocando-os à parte como seres superiores aos demais, nem afirmando(por decreto) que eles são ou devem ser as pessoas mais evoluídas da Equipe. Quantas vezes na discrição de um trabalho silencioso de assistente e na regularidade de uma expressão mediúnica discreta não estará escondido uma alma de escol. Aliás, uma equipe mediúnica para cumprir eficientemente o seu papel, deve abstrair-se dessas avaliações personalistas, das competições silenciosas ou não, permitindo, assim, que cresça a fraternidade e o sentido irrestrito da cooperação.
Vejamos o dirigente e os doutrinadores como companheiros que, por necessidades evolutivas, não raro de natureza provacional, estão investidos de tais responsabilidades no presente momento.
As mesmas obras consultadas, permite-nos alinhar as seguintes atribuições para o dirigente:
· – Oração inicial e final;
· – O comando da palavra;
· – Apelos à cooperação mental, sempre que necessário;
· – Solicitar instruções dos mentores;
· – Controlar as situações mais difíceis;
· – Escolher os doutrinadores que lhe auxiliarão;
· – Orientação geral ao grupo;
· – Analisar, com o grupo, as passividades;
· – Promover o estudo;
· – Participar das atividades do Centro e estimular todos para esta
participação.
QUALIDADES REQUERIDAS PARA O DIRIGENTE E OS DOUTRINADORES DESOBSESSÃO (André Luiz)
CP. 13 – DIRIGENTE
O dirigente das tarefas de desobsessão não pode esquecer que a Espiritualidade Superior espera dele o apoio fundamental da obra.
Direção e discernimento.
Bondade e energia.
Certo, não se lhe exigirão qualidades superiores à do homem comum; no entanto, o orientador da assistência aos desencarnados sofredores precisa compreender que as suas funções diante dos médiuns e freqüentadores do grupo, são semelhantes às de um pai de família, no instituto doméstico.
Autoridade fundamentada no exemplo;
Hábito de estudo e oração;
Dignidade e respeito para com todos;
Afeição sem privilégios;
Brandura e firmeza;
Sinceridade e entendimento.
NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE
CP. 3 – EQUIPAGEM MEDIÚNICA
– Conheçamos a nossa equipagem mediúnica—disse o orientador. E, detendo-se ao pé do companheiro encarnado que regia os trabalhos, apresentou:
– Este é o nosso irmão Raul Silva, que dirige o núcleo com sincera devoção à fraternidade. Correto no desempenho dos seus deveres e ardoroso na fé, consegue equilibrar o grupo na onda de compreensão e boa-vontade que lhe é característica. Pelo amor com que se desincumbe da tarefa, é instrumento fiel dos benfeitores desencarnados, que lhe identificam na mente um espelho cristalino, retratando-lhes as
instruções.
SESSÕES PRÁTICAS E DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO (Aurélio A. valente)
A escolha do dirigente dos trabalhos deve recair naquele que reunir três condições essenciais: elevação moral, preparo intelectual e conhecimento da Doutrina.
A elevação moral é atributo indispensável ao presidente; sem ela, impossível lhe será impor-se aos Espíritos, pois que estes, lendo-lhe os pensamentos impuros, não lhe reconhecerão qualquer ascendente.
O preparo intelectual que preconizamos não é a cultura profunda, não é a vastidão do saber, aureolado por um diploma, porém, um conhecimento prático dos homens, uma inteligência desenvolvida na análise das coisas, uma forte dose de bom senso.
DIÁLOGO COM AS SOMBRAS
Em suma, o doutrinador não pode deixar de dispor de cinco qualidades, ou aptidões básicas:
· – Formação doutrinária muito sólida, com apoio insubstituível nos livros da Codificação Kardequiana;
· – Familiaridade com o Evangelho de Jesus;
· – Autoridade Moral;
· – Fé;
· – Amor.
As demais são desejáveis, importantes também, mas não tão críticas:
· – Paciência;
· – Sensibilidade;
· – Tato;
· – Energia;
· – Vigilância;
· – Humildade;
· – Destemor;
· – Prudência .
OBSESSÃO / DESOBSESSÃO
O Dirigente
A figura que dirige é de muita importância para todo o grupo. Deve ser uma pessoa que conheça profundamente a Doutrina Espírita e, mais que isto, que viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral imprescindível aos labores dessa ordem. Esta autoridade é fator primacial, pois uma reunião dirigida por quem não a possui será, evidentemente, ambiente propício aos Espíritos perturbadores. Diz-nos Kardec que a verdadeira superioridade é a moral e é esta que os Espíritos realmente respeitam. É ela que irá infundir nos integrantes da equipe a certeza de uma direção segura e equilibrada.
O dirigente precisa ser, pois, alguém em quem o grupo confie, uma pessoa que represente para os encarnados a diretriz espiritual, aquela que na realidade sustenta e orienta tudo o que ocorre. Ele é o representante da direção existente na Espiritualidade, o pólo catalizador da confiança e da boa-vontade de todos.
Ao dirigente cabe ainda a tarefa de conscientizar a equipe quanto à necessidade do seu entrosamento com o Centro Espírita onde trabalha, para que o grupo não fique apartado das atividades da Casa. É de bom alvitre que a equipe seja integrada ao Centro onde funciona.
O dirigente deve preparar um companheiro para auxiliá-lo e substituí-lo em seus impedimentos.
Algumas das qualidades indispensáveis ao dirigente: autoridade fundamentada no exemplo; conhecimento do Espiritismo; fé; facilidade de se expressar; amor à tarefa e ao próximo; hábito de estudo e oração; delicadeza; calma; firmeza; precisão.
Os Médiuns
O Espírito João Cleofas(3) afirma que “a mediunidade com Jesus é uma porta de esperança no labirinto das aflições”. E poderíamos acrescentar que, o médium é a chave que abre esta porta.
Vejamos alguns sábios conselhos de Allan Kardec(4):
“Santa é a missão que desempenha os médiuns, rasgar os horizontes da vida eterna. . . Como intérpretes dos ensinos dos Espíritos têm que desempenhar importante papel na transformação moral que se opera. . .
Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato religiosamente o desempenha. . .”
“O médium que compreender o seu dever longe de se orgulhar de uma faculdade que não lhe pertence visto que lhe pode ser retirada, atribui a Deus as coisas boas que obtém. . .”
Estes conceitos de Kardec(5) reforçam o ascendente moral que deve prevalecer, sempre, no exercício mediúnico, e remete-nos à uma reflexão acurada sobre as qualidades de caráter predominantes nos Bons Médiuns, conforme ele mesmo classificou: médiuns sérios, modestos, devotados e seguros.
Alguns autores têm procurado elucidar a razão de algumas pessoas possuírem maior aptidão do que outras para a mediunidade.
No dizer de André Luiz(6) “a aptidão mediúnica provém de um pronunciamento do campo magnético de certas pessoas, situadas temporariamente em regime de “descompensação vibratória” seja de teor purgativo ou de elevada situação. . .” Seria uma projeção do perispírito para fora do corpo carnal(7) daí André Luiz ter afirmado
que “mentes integralmente afinadas com a esfera física possuem campo magnético reduzido”.
Que o teor das experiências de vidas anteriores concorrem para o surgimento da mediunidade confirma o Espírito Odilon Fernandes (8) ao dizer: “Existem pessoas que, seja pelo débito cármico, seja pelo seu merecimento, trazem a mediunidade a flor da pele”… Elas tiveram um tipo de vida que lhes possibilitou o progresso nesse sentido.
Aprenderam a exercitar a mente, viveram de forma solitária, foram vampirizados por entidades espirituais que lhe precipitaram as forças psíquicas”.
Refletindo sobre esse caráter provacional de grande número de médiuns, Herminio Miranda (9) escreveu: “A mediunidade longe de ser uma marca de nossa grandeza espiritual, é, ao contrário, o indício de renitentes imperfeições. Representa uma capacidade concedida para abreviar o resgate de faltas passadas… O médium não é um ser aureolado pelo dom divino, mas depositário desse dom, que lhe é concedido em confiança para uso adequado”.
É como se a Lei Divina, colocasse na própria dor decorrente de nossas quedas, o princípio qualitativo, automático, regularizador da nossa evolução. Assim, a mediunidade de provas de hoje poderá ser a mediunidade-missão do amanhã. O instrumento insipiente (forças vibratórias frágeis) desta encarnação poderá vir a ser o instrumento afinado do futuro.
OS ASSISTENTES
Os assistentes quando conscientes do papel que desempenham fazem-se “dínamos de vibrações amorosas” no dizer de Hermínio Miranda(10).
Ouçamos o que nos ensina o Espírito Odilon Fernandes(11). “Os médiuns de sustentação são aqueles que se especializam no sentido de manterem o bom padrão vibratório da reunião, através da prece silenciosa e dos pensamentos fraternos que emitem. . . Têm uma importância muito maior do que comumente se pensa”.
As instruções seguintes são de André Luiz(12):
“Os assistentes mantenham harmoniosa união de pensamentos, oferecendo base às afirmativas do dirigente ou doutrinador”.
“Dispensem simpatia e solidariedade para com os comunicantes como se fossem parentes queridos”.
“Não perpassem em suas mentes idéias de censura ou crueldade, ironia ou escândalo”.
E Hermínio Miranda(13) completa esse quadro de instruções com uma advertência das mais importantes:
“Os assistentes não devem se envolver mentalmente na conversa a ponto de interferir no difícil diálogo entre o doutrinador e o Espírito”.
A leitura dos capítulos 7 e 11 de “Nos Domínios da Mediunidade” e 17 de “Missionários da Luz” nos ensejará compreender a gama de providências e recursos que se podem movimentar numa reunião mediúnica com as energias oferecidas pelos que dela participam, ou seja:
– Reproduzir através do “condensador ectoplásmico” as imagens fluídicas projetadas pela mente dos Espíritos comunicantes, para análise dos Mentores e do Doutrinador;
– Tornar visíveis aos Espíritos sofredores os Mentores e Espíritos familiares em serviço de ajuda;
– Composição de idéias-formas e quadros transitórios para serem mostrados aos Espíritos sofredores com finalidades educativas ou coercitivas;
– Compor vestimentas de médiuns em desdobramento.
A EQUIPE ESPIRITUAL
A parte da seção mediúnica que se desdobra no plano físico nem de leve se equipara à complexidade dos labores que se dão no plano espiritual.
Hermínio Miranda(14) afirma que “o trabalho que nos trazem (os mentores) obedece a planejamentos cuidadosos, cuja vastidão e seriedade nem podemos alcançar para entender. . . embora portem-se com “discrição e seriedade, interferindo o mínimo possível”.
Somente a observação atenta no decorrer dos anos permite-nos avaliar parcialmente a importância da presença desses benfeitores queridos.
São algumas de suas atribuições:
– Escolha dos Espíritos que se comunicarão em função das possibilidades da equipe de encarnados;
– Preparação do ambiente(assepsia, defesas, etc);
– Preparação dos médiuns e doutrinadores para a reunião;
– Instruções diretas ao Grupo(manifestações);
– Manipulação de recursos vitais( ectoplasma);
– Acoplagem mediúnica e sustentação do processo da comunicação(Guias
dos Médiuns);
– Concentração magnética de Espíritos desarvorados;
– Participação direta no serviço da doutrinação;
– Ampliação da voz dos doutrinadores e Espíritos Bons em serviço para as regiões sombrias do Mundo Espiritual.
TIPOS DE REUNIÕES
Kardec classificou em frívolas e instrutivas(15) de acordo com o grau de conscientização das pessoas que delas participam, e experimentais, aquelas voltadas para a pesquisa dos fenômenos de efeito físico.
Como nosso propósito é tratar apenas das reuniões instrutivas sérias, poderíamos dizer que as mesmas, no Brasil foram se ajustando determinados projetos de trabalho ganhando características particulares e designações próprias, ou seja:
REUNIÕES DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA
São as reuniões para onde convergem os médiuns principiantes, que em convivência com alguns médiuns mais experientes se educam. Costumam- se fazer aprendizado teórico concomitante ao prático, dividindo-se o tempo entre o estudo e a prática ou exercício.
REUNIÕES DE DESOBSESSÃO
Especializadas no atendimento de casos de obsessão. Somente médiuns adestrados participam destas reuniões. Pode-se trabalhar de forma direcionada para atender determinadas pessoas encarnadas que reclamam o socorro do grupo, pode-se trabalhar em desobsessão exclusiva dos trabalhadores da Casa, ou pode-se operar os casos espontâneos programados pelos Espíritos Superiores.
REUNIÕES DE PRONTO SOCORRO ESPIRITUAL
É uma reunião espontânea em que se atende os Espíritos que são trazidos ao grupo pelos Mentores. Espíritos de qualquer natureza podem ser trazidos, obsessores, sofredores, etc., a depender da programação Espiritual da preparação da equipe. Há instituições que fazem a educação mediúnica em reuniões desta natureza, quando não as têm específicas para tal mister.
REUNIÕES DE FLUIDOTERAPIA
Visam atender especificamente os encarnados, seja com passes ou bioenergia ou através da atuação magnética dos Espíritos.
REUNIÕES EXPERIMENTAIS
Ainda prevalece a percepção de Kardec. Estas reuniões estão voltadas para a obtenção do fenômeno físico e das materializações(inexistentes ou pouco difundidas no tempo de Kardec).
REUNIÕES MISTAS
Destinam-se à exposição doutrinária(no primeiro momento) e ao socorro mediúnico(no segundo) aos Espíritos que possam ser atendidos, conforme o ambiente fluídico da Reunião. Estas reuniões, ao que nos parece, são estágios provisórios de instituições em formação ou situadas em regiões de difícil locomoção, em que as oportunidades não se renovam com facilidade.
BIBLIOGRAFIA:
( 1) O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – FEB
( 2) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – FEB
( 3) Intercâmbio Mediúnico – João Cleofas e Divaldo P. Franco – Leal
( 4) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – FEB
( 5) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – FEB
( 6) Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz e Francisco C. Xavier- FEB
( 7) Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz e Francisco C. Xavier- FEB
( 8) Mediunidade e Doutrina – Odilon Fernandes e Carlos A. Baccelli – IDE
( 9) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
(10) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
(11) Mediunidade e Doutrina – Odilon Fernandes e Carlos Baccelli – IDE
(12) Desobsessão – André Luiz e Francisco C. Xavier – FEB
(13) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
(14) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
(15) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – FEB
I.3 – O FENÔMENO MEDIÚNICO INTUITIVO ASSIMILAÇÃO DE CORRENTES MENTAIS
“A cabeça venerável de Clementino passou a emitir raios fulgurantes, ao mesmo tempo que o cérebro de Silva, sob os dedos do benfeitor se nimbava de luminosidade intensa. . .
O mentor desencarnado levantou a voz comovente, suplicando a Bênção Divina com expressões. . . que Silva transmitiu em voz alta.
Terminada a oração, acerquei-me de Silva. Desejava investigar as impressões que lhe assaltavam o campo físico e observei-lhe então todo o busto sob vigorosa onda de força a eriçar-lhe a pele num fenômeno de doce excitação. . . Essa onda descansava sobre o plexo solar onde se transformava em luminoso estímulo, que se estendia pelos nervos até o cérebro, do qual se derramava pela boca, em forma de palavras. . .
– Vimos aqui, o fenômeno da assimilação de correntes mentais:
comparemos a organização de Silva a um aparelho receptor. A emissão mental de Clementino envolve Silva em profusão de raios que alcançam o campo interior primeiramente pelos poros (antenas). Essas impressões apóiam-se nos centros do corpo espiritual(condensadores), atingem os cabos do sistema nervoso(bobinas de indução), reconstituindo-se automaticamente no cérebro, onde possuímos centenas de centros motores, ligados uns aos outros e em cujos fulcros dinâmicos se processam as ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas através do pensamento e da palavra, considerando a boca por valioso alto-falante”. (Nos Domínios da Mediunidade – Cap. 5).
PSICOGRAFIA INTUITIVA
“Atua o Espírito sobre a alma do médium com a qual se identifica. A alma do médium sob esse impulso dirige a mão e esta dirige o lápis”.
“O papel da alma(do médium) não é o de inteira passividade; o médium tem consciência do que escreve. . . É o que se chama médium intuitivo. . . (Livro dos Médiuns – Cap. XV).
O DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO DOS DOUTRINADORES
Já vimos no estudo feito por André Luiz intitulado “Assimilação de Correntes Mentais” (Nos Domínios da Mediunidade Cap. 5), como se processa a intuição, que é a mediunidade dos doutrinadores e dirigentes.
Já vimos o conceito evolucionista da mediunidade, colocado pelo Espírito Odilon Fernandes, segundo o qual a mediunidade, “caminha para o campo da intuição pura”.
Dessa forma, quando o cérebro está rico de idéias adquiridas pelo estudo e pela experiência, o psicossoma harmonizado por uma serena confiança além de vitalizado por energias decorrentes de pensamentos elevados e ideais superiores, é suficiente o toque sutil da inspiração para que o intercâmbio se expresse com qualidade no trabalho de doutrinação.
Em termos práticos, diríamos que um dos sinais que caracteriza aquele assistente de mediúnica com o potencial para a doutrinação é uma certa lucidez que lhe aparece e lhe vai permitindo familiarizar-se com os problemas revelados pelos comunicantes, à medida que acompanham o trabalho dos doutrinadores em exercício. É como se lhe brotassem na mente, simultaneamente a fala do doutrinador, as necessidades e os problemas dos comunicantes.
Não confundir este fato com a intromissão mental no diálogo, o que, em hipótese alguma, deve ser praticado.
Chegado o seu momento de atuar(e quase sempre é um compromisso reencarnatório previamente assumido), começa um longo trabalho de aprender com cada experiência, inclusive com as próprias falhas e insuficiências. O hábito de analisar-se e analisar cada atendimento que faz, vai-lhe permitindo avançar mais rápido.
I.4 – NECESSIDADE DA DOUTRINAÇÃO
Os Espíritos ao desencarnarem carregam consigo suas virtudes e seus defeitos, continuando, na vida espiritual, a serem o que eram quando encarnados, pois que a morte não tem o condão de transformar a criatura naquilo que ela não é.
Assim, a grande maioria dos homens, morrendo para a vida física, adentram o mundo espiritual marcados pelos seus vícios e condicionamentos materiais.
As religiões tradicionais, cheias de fórmulas e de misticismo, calcadas na intenção de assustar para converter, em vez de esclarecer para iluminar, iludem o Espírito que não encontra no além aquilo que esperava. As idéias falsas sobre o céu e inferno e as de repouso para esperar o julgamento final o decepcionam frente à realidade do mundo espiritual, fundamentada na existência da lei de causa e efeito.
REALIDADE
Foi num transporte coletivo, em manhã de sol, que Renato Silveira lia lentamente a mensagem “A afabilidade e a doçura”, do capítulo IX, de O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Leitura muito agradável, dando margem a demoradas reflexões. Estava tão empolgado, que nem dava conta do que ocorria ao seu redor.
Na movimentação normal dos passageiros, senhora em estado interessante, aproxima-se, permanecendo de pé, apoiada ao balaustre, junto a Renato.
Ele, porém, concentrado na página, continuava quase imóvel. E, se olhava para os lados, o fazia ligeiramente, porque não pretendia perder o ensejo de aproveitar o máximo daquela edificante lição.
A respeitável mulher reconhecia-o, contudo, mantinha-se discreta e silenciosa.
Trinta minutos transcorreram, enquanto o ônibus avançava pelas vias tortuosas da linha.
Aproximando-se de determinado ponto, o doutrinador Renato, ergueu-se, segurando o Evangelho com uma mão, puxou a campainha com a outra, e só então reconheceu-se diante de uma iniciante da Doutrina Espírita e admiradora da palavra que ele, Silveira, sabia usar em belas explanações no centro que ambos frequentavam.
Com ligeiros cumprimentos, Renato afastou-se, mas agora levava um peso na consciência:
“Meu Deus, por que eu não cedi o lugar àquela irmã ; em circunstância tão delicada?
Tenho que lhe pedir perdão, senão jamais poderei falar do Evangelho diante dos seus olhos!” Cuidado! Não perca as oportunidades de exercer o bem, mesmo sob pretexto de estar concentrado no bem.
Hilário Silva
Cada um se mostra tal como é, não havendo possibilidade de engodo pela hipocrisia e pela falsa aparência. A ressonância vibratória marcada no perispírito é traduzida pela aura psíquica de cada um, que reflete a sua condição espiritual e também o chamado peso específico que se fundamenta na elevação dos pensamentos, sentimentos e atos da criatura.
Os que se encontram em posição de perturbação por falta de esclarecimento adequado, ou por renitência normal, ignorantes que são da lei do amor, necessitam ser orientados, para que em se modificando mentalmente, melhorem de situação espiritual. Por estarem ainda cheios de condicionamentos materiais repelem a ação mais direta dos orientadores desencarnados, necessitando, destarte, um contato com os espíritos ainda mergulhados nos fluídos densos da matéria, ou seja, os encarnados, o que acontece no fenômeno mediúnico.
Os desencarnados falam a eles, mas não os atingem. Porém, em contato com um médium, pelo fato das vibrações serem mais similares, há possibilidade de entendimento. Daí a doutrinação avisa a modificação da forma de pensar e de agir aos Espíritos buscando sua melhora, ensinando-lhes o caminho do bem e do perdão, despertando-os para a necessidade da renovação espiritual, ajudando-os a descobrir o Evangelho de Jesus para sua inteira libertação. Assim, a doutrinação dos Espíritos desencarnados é de grande importância para apressar ainda mais o progresso do mundo espiritual, com resultados benéficos no mundo dos encarnados.
BIBLIOGRAFIA:
PÃO NOSSO – Emmanuel e Francisco C. Xavier – Cap. 177 – FEB
I.5 – CONCENTRAÇÃO/PRONTIDÃO PARA OUVIR CONCENTRAÇÃO
Concentração é o ato pelo qual fechamos as portas da mente ao exterior e, ativamente, procuramos atingir determinado objetivo.
Muito importante no trabalho mediúnico, é ela que permite a formação da chamada “corrente” fluídica e a sustenta no decorrer da reunião.
PARA UMA BOA CONCENTRAÇÃO
Constantemente:
Cultivar bons hábitos, leituras e diversões sadias(evitar leituras, filmes ou programas de televisão de teor negativo, isto é, fúteis, imorais, deprimentes), procurar tudo que favoreça a elevação da mente, exercitar os bons sentimentos.
No dia da reunião:
Desde o levantar, pela manhã, usar a prece; ter em mente o trabalho espiritual de que irá participar mais tarde e a importância desse compromisso; evitar emoções violentas, atritos, contrariedades e discussões que levam à exaltação de ânimo(para tanto exercitar a paciência e a humildade); fugir ao que pode levar à tensão, procurar manter o equilíbrio físico e espiritual.
Alimentar-se frugalmente, para não sobrecarregar o físico. Não tomar bebida alcoólica nem fumar.
Na hora da reunião:
1. – Quanto ao físico:
Estar higienizado e vestido com sobriedade(roupas e calçados que não apertem), sem perfumes fortes(para não perturbar aos outros).
Sentar-se em posição cômoda, sem contrair músculos, e respirar calmamente. (O objetivo é facilitar o bem-estar físico, nunca, porém, o desalinho de atitudes, o relaxamento das boas maneiras).
Evitar mexer-se muito, bocejar ou fazer movimentos e ruídos que incomodem os demais participantes.
2. – Quanto ao psíquico:
a) – Abstrair-se dos estímulos exteriores(sons, luz, movimentos);
b) – Serenizar o íntimo, esquecendo preocupações pessoais;
c) – Sentir-se fraterno e solidário com os demais participantes;
d) – Focalizar os objetivos da reunião:
· pensar na importância e responsabilidade do ato de voluntariamente ativar o intercâmbio mediúnico.
· lembrar que o objetivo da sessão é aprender e servir, socorrer e socorrer-se, dentro das leis divinas.
e) – Orar e buscar sintonia com os Espíritos Superiores.
FORMANDO A CORRENTE
Com a concentração, pouco a pouco, se acalmam as inquietudes e agitações e passam a ser liberados fluídos e energias positivos, que as mentes de encarnados e desencarnados, em união, trabalham e conduzem num único sentido.
Quando a conjugação atinge o nível necessário, estabelece-se a ligação entre o Céu e a Terra, num sublime fluxo de forças fluídicas. O intercâmbio mediúnico se faz, então, ensejando a encarnados e desencarnados o conforto e o esclarecimento, o despertar e a renovação, o dar e o receber.
A esse processo de ligação espiritual é que popularmente se chama “formar a corrente”. Ela não depende de formas, rituais, vestes especiais ou lugares determinados. Somente quando ela se faz é que a reunião em verdade foi “aberta”, pois somente então se inicia a comunhão harmoniosa entre os dois planos.
Quem estiver em concentração, oração e doação, tornar-se-á um elo vivo na corrente espiritual formada. Quem se alhear, refratário e improdutivo, dela não participará, ainda que fisicamente se encontre no recinto e até à mesa mediúnica.
MANTENDO A VIBRAÇÃO
“Aberta” a reunião, o ambiente fluídico precisará ser mantido, sustentado em todo o decorrer do trabalho.
Para tanto, cada participante deve:
· cuidar de estar sempre concentrado nos objetivos da reunião;
· orar e doar vibrações, quer em favor dos companheiros do grupo, quer em apoio ao trabalho dos bons espíritos, quer em socorro a entidades espirituais necessitadas.
Um bom meio é:
· mentalizar as criaturas ligadas à reunião, encarnadas ou desencarnadas, endereçando-lhes pensamentos bons e envolvendo-as em sentimentos fraternos;
· ficar meditando em tudo que é bom e digno diante de Deus(caridade, fé, esperança, alegria, resignação, etc) e procurar emanar forças fluídicas benéficas, que os bons espíritos utilizarão em benefício geral.
Concentrar-se e manter a vibração normalmente não cansa, porque produz um estado de alma elevado, no qual recebemos permuta de fluídos superiores pelos que emitimos; e podemos ir variando o tema de nossas vibrações.
Se sentirmos cansaço é porque alguma falha está havendo em nosso modo de concentrar e vibrar(estamos tensos, aflitos, etc) ou então o ambiente estará sofrendo grandes interferências contrárias. *(1)
PRONTIDÃO PARA OUVIR
“A natureza deu-nos dois ouvidos, dois olhos e uma língua, observa Zenão, velho filósofo grego, para que pudéssemos ouvir e ver mais do que falar”.
E um filósofo chinês fez a seguinte colocação: “O bom ouvinte colhe, enquanto aquele que fala semeia”. Seja como for, até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à capacidade de ouvir. A ênfase exagerada dirigida à habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a subestimar a importância da capacidade de ouvir, em suas atividades diárias de comunicação.
Um renomado psicólogo disse que deveríamos olhar para cada pessoa como se a mesma tivesse um cartaz pendurado em redor do pescoço, onde 19 se lê: “Quero sentir-me importante”. Sim, todos querem sentir-se importantes. Ninguém gosta de ser tratado como menos importante. E todos querem ainda que esta importância seja reconhecida. A própria experiência nos ensina que as pessoas, ao serem tratadas como tais, sentem-se felizes e procuram realizar e produzir mais. E quem se observa escutado, sente-se gratificado.
Durante cinco anos, o departamento de instrução para adultos, das Escolas Públicas de Minneápolis, ofereceu diversos cursos com o objetivo de melhorar a maneira de falar e um para melhorar a maneira de escutar, de ser um bom ouvinte. Os primeiros estavam sempre cheios, tal era a procura. O segundo não chegou a funcionar por falta de candidatos. Todos desejavam aprender a falar, mas ninguém queria aprender a ouvir.
O ouvir é algo muito mais complicado do que o processo físico da audição, ou de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquanto que o ouvir implica num processo intelectual e emocional que integra dados físicos, emocionais e intelectuais na busca de significados e de compreensão. O ouvir eficaz ocorre quando o receptor é capaz de discernir e compreender o significado da mensagem do emissor. O objetivo da comunicação só assim é atingido.
Levantamento recente indica que, em média, a pessoa emprega: 9% do tempo, escrevendo; 16% do tempo, lendo; 30% do tempo, falando; 45% do tempo, escutando. Ouve-se quatro ou cinco vezes mais depressa do que se fala. As pessoas falam provavelmente à razão de 90 a 120 palavras por minuto e ouvem à razão de 450 a 600 palavras por segundo. Quer dizer, há um tempo diferencial entre a velocidade do pensamento para poder pensar, refletir sobre o conteúdo e buscar o seu significado.
Autores há que oferecem diversos princípios para aprimorar as habilidades essenciais para saber ouvir:
1 – Procure ter um objetivo ao ouvir;
2 – Suspenda qualquer julgamento inicial;
3 – Procure focalizar o interlocutor, resistindo a toda espécie de distrações;
4 – Procure repetir aquilo que o interlocutor está dizendo;
5 – Espere antes de responder;
6 – Procure recolocar com palavras próprias o conteúdo e o sentimento do interlocutor;
7 – Procure atingir os pontos centrais do que ouve através das palavras;
8 – Use o tempo diferencial para pensar e responder.
BIBLIOGRAFIA:
*(1) Estudos Sobre Mediunidade – 2º Fascículo – Editora do LAR – Campinas
I.6 – RELACIONAMENTO MÉDIUM/DOUTRINADOR
Para que o trabalho se desenvolva com segurança e eficácia, esse relacionamento precisa ser impecável. Tentemos explicar o que significa, no caso, esse adjetivo algo pomposo. Além do seu sentido etimológico — incapaz de pecar, não sujeito a pecar – impecável quer dizer perfeito, correto, sem mácula ou defeito.
Médium e doutrinador devem estimar-se e respeitar-se. Estima sem servilismo e sem fanatismo; respeito sem temores e sem reservas íntimas. Quando o relacionamento médium-doutrinador é imperfeito ou sofre abalos mais sérios, põe-se em risco a qualidade do trabalho mediúnico. A razão é simples e óbvia: ao incorporar-se, o espírito manifestante vem trabalhar com os elementos ou instrumental que encontra no médium. Se existe alí alguma reserva com relação ao doutrinador, ou pior ainda, alguma hostilidade mais declarada, é claro que a sua tarefa negativa será bastante facilitada, da mesma forma que um médium mais culto fornece melhores recursos para uma manifestação de teor mais erudito ou um médium de temperamento mais violento oferece condições mais propícias a manifestações violentas.
Pela mesma razão, se existe entre médium e doutrinador um vínculo mais forte de afeição, o espírito agressivo fica algo contido, e ainda que agrida o doutrinador com palavras ou gestos, não consegue fazer tudo quanto desejava. Muitos são os que se queixam disso, durante suas manifestações, exatamente porque não logram dar vazão aos seus impulsos e intenções, porque as vibrações afetivas entre médium e doutrinador arrefecem inevitavelmente tais impulsos.
É preciso ainda considerar que se o médium realiza esse trabalho de impregnação fluídica no perispírito do manifestante, este também traz uma carga, às vezes, pesada e agressiva que atua energicamente sobre o perispírito do médium, havendo, portanto, certa “contaminação” mútua, para a qual o médium deve atentar com toda a sua vigilância, pois, do contrário, o espírito o dominaria e faria com ele o que bem desejasse, como lamentavelmente acontece com frequência. Essa contaminação, embora transitória, é demonstrada, sem sombra alguma de dúvida, nas reações preliminares e posteriores do médium, ou seja, quando ainda se acha consciente no corpo e depois que o reassume. Com frequência, nossos médiuns declaram que, ao sentirem a aproximação do espírito manifestante, experimentaram tal ou qual sensação: força, ódio, tristeza, angústia ou amor, paz, serenidade. Da mesma forma, os resíduos vibratórios que permanecem na intimidade do perispírito do médium, após a desincorporação, são bastante conhecidos, sendo necessário, quase sempre, quando são desagradáveis e agressivos, dispersá-los por meio de passes, a fim de que o médium se recomponha.
Quando, ao contrário, se trata de um espírito pacificado e bondoso, o 21 médium, desperta, como costumo dizer, “em estado de graça”, feliz, harmonizado, comovido, às vezes, até às lágrimas.
Diálogo com as Sombras – H. Correa de Miranda – FEB – Extrato.
A NOVA ERA
Disse Jesus que muitos seriam chamados e poucos os escolhidos. Não se trata de nenhuma afirmação elitista. Os poucos não serão poucos por qualquer privilégio concedido por Deus aos seus eleitos. Poucos serão porque poucos responderão ao apelo com a consciência plena de suas responsabilidades.
De fato, o Espiritismo é o último chamado que ecoa neste fim de milênio, convocando os Espíritos encarnados e desencarnados a assumirem a construção de um mundo melhor, reflexo de um homem melhor.
Mas, é natural que muitos dos que receberam o apelo estejam confusos e atordoados, perdidos, muitas vezes, no emaranhado de caminhos que se apresentam como alternativas desencontradas de evolução.
É compreensível que o chamado para responsabilidades conscientes, para a busca, para a busca sincera da Espiritualidade, assuste as almas acostumadas à atitude passiva de ovelhas no rebanho das religiões institucionalizadas.
Mas, vós que fazeis parte daqueles que pretendem atender sinceramente ao apelo do Alto, não deveis desanimar ante os espinhos da senda. Porque espíritos afins, almas engajadas nesse processo de redenção da Humanidade aparecerão do Oriente e do Ocidente, dos quatro cantos da Terra, mesmo das falanges não diretamente ligadas a Kardec, mas nem por isso deserdadas por Jesus.
A Nova Era já é uma realidade que se delineia no horizonte e felizes os que já fazem coro com as vozes espirituais que a proclamam! E ai daqueles que se opõem à sua solidificação, porque esses serão levados de roldão, na correnteza das imigrações planetárias ou serão obrigados ao despertar sob o guante do sofrimento.
E o remédio lhes será amargo. Não porque Deus puna vingativamente a rebeldia dos filhos, mas porque eles ficarão nostálgicos e melancólicos, por sua própria vontade, proscritos, embora temporariamente, do Reino de Deus que finalmente será, sim, deste mundo!. . .
LEOPOLDO MACHADO
Página recebida pela médium paulista Dora Incontri, na noite de 21 de novembro de 1987, ao final da reunião mediúnica do Grupo Samaritano: TEATRO ESPÍRITA LEOPOLDO MACHADO, da Cidade do Salvador-Bahia. Na ocasião, realizava-se, nesta Capital o Iº Encontro de Mulheres Espíritas da Bahia, promoção da Bahia, promoção do TELMA.
UNIDADE II – OS COMUNICANTES
II.1 – ESCALA ESPÍRITA/TIPOS DE COMUNICANTES
Podemos dizer que, praticamente, todos os Espíritos podem se comunicar através da mediunidade. Como já vimos, depende muito das semelhanças vibratórias entre o pensamento do Espírito e o do Médium.
Espíritos nos extremos da escala evolutiva(muito primitivo ou muito evoluído), têm mais dificuldades de comunicação. Foi por essa razão que Kardec, em “O Livro dos Espíritos”(1) ao se referir aos Espíritos Puros, a ordem mais elevada de sua classificação, afirmou: “Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens”.
Isto porque muito difícil é criarmos ambiente para que esses Espíritos chegem até nós e dispormos de médiuns suficientemente adestrados e moralmente preparados para tal mister.
A referida classificação de Kardec é essencialmente genérica e está voltada para a definição da condição evolutiva dos Espíritos. Vejâmola, em linhas gerais:
TERCEIRA ORDEM – ESPÍRITOS IMPERFEITOS
Engloba os Espíritos propensos ao mal: ignorantes(do ponto de vista espiritual) já que alguns podem se revelar bastante inteligentes.
Predominância da matéria sobre o Espírito do que resulta em acentuar de paixões. Compreende as classes dos Espíritos Impuros(10ª classe), levianos(9ª), pseudo-sábios(8ª), Espíritos Neutros(7ª), batedores e perturbadores(6ª). Caracterizando um abrandamento progressivo dos instintos inferiores de classe para classe até chegar-se à segunda ordem.
SEGUNDA ORDEM – BONS ESPÍRITOS
O ingresso nesta ordem assinala o momento evolutivo do despertar da consciência, em que passa a preponderar sobre a matéria o Espírito.
São características dessa ordem o desejo do Bem, a compreensão de Deus. Compõem-na Espíritos Benévolos(5ª classe), Espíritos Sábios(4ª), Espíritos de Sabedoria(3ª) e Espíritos Superiores(2ª), em todos estes já despertou a sensibilidade para a alegria de construir o Bem e trabalhar pelo progresso, embora tenham ainda que passar por provas para chegarem à perfeição dos Espíritos da Primeira Ordem.
PRIMEIRA ORDEM – ESPÍRITOS PUROS
São os redimidos, os que após percorrerem todos os graus da escala se despojaram de todas as impurezas da matéria. . . gozando de inalterável felicidade, como anotou o Codificador.
O conhecimento desta classificação é de grande importância para doutrinadores e dirigentes de reuniões, ajudando-os a adequar o diálogo à posição evolutiva de cada Espírito e a perceber estas posições pelas características de caráter predominantes.
Quão importante saber, por exemplo, que há mais treva no Espírito que sopra discórdia, que conspira contra o Bem (10ª classe) do que no irrefletido, zombeteiro(9ª classe); compreender que a pseudosabedoria( 8ª classe) é uma posição mais prejudicial à vida do que a neutralidade(7ª classe), que há uma sutileza entre os Espíritos sábios(4ª classe) e os Espíritos de sabedoria(3ª classe), estes últimos sendo mais evoluídos por aliarem a capacidade intelectual a um mais aprofundado senso moral.
Em a obra “Céu e Inferno”(2), Kardec aprofunda a sonda da investigação para detalhar o fato, trazer situações particulares que propiciem a compreensão ampla dos estágios espirituais através dos exemplos que faz desfilar de Espíritos felizes, de condições medianas, sofredores, criminosos, arrependidos e Espíritos endurecidos, mostrando sobretudo as influências da vida e da morte no ressurgir deles na erraticidade. Os diálogos têm um componente muito forte de pesquisa carregados de inquirições o que ecoa absolutamente necessário ao trabalho do mestre lionês de radiografar os panoramas íntimos das almas a fim de estruturar o corpo da Codificação. Não faltava porém, para esses comunicantes a consolação auferida do ambiente saturado de vibrações. Os estudos dos casos ali anotados são de superior importância para os grupos mediúnicos, principalmente para dirigentes e doutrinadores que neles encontrarão diagnósticos precisos e informes seguros sobre problemas e situações com que se depararão em suas tarefas mediúnicas. Suely Caldas(3) relaciona para nós os tipos de Espíritos que normalmente são trazidos às reuniões de desobsessão e porque não dizer às reuniões de um modo geral. Ela, praticamente, sem o dizer, separa Espíritos em dois grandes grupos:
os que sofrem e os que fazem sofrer; os primeiros expondo suas feridas para receber o bálsamo da Reunião e os outros conspirando contra a reunião, por possuírem o sofrimento maior da ignorância e da rebeldia. Senão, vejamos:
ESPÍRITOS QUE SOFREM
· Espíritos que não conseguem falar;
· Espíritos que desconhecem a própria situação;
· Suicidas;
· Alcoólatras e Toxicômanos;
· Sofredores;
· Dementados;
· Amedrontados.
ESPÍRITOS QUE FAZEM SOFRER
· Os que desejam tomar o tempo da reunião;
· Espíritos irônicos;
· Espíritos desafiantes;
· Espíritos descrentes;
· Espíritos auxiliares de obsessores;
· Espíritos mistificadores;
· Inimigos do Espiritismo;
· Espíritos galhofeiros;
· Espíritos ligados à magia.
As nuances do sofrimento humano são infinitas e se fossem contemplar a todos os dramas a relação dos tipos de Espíritos sofredores, não teria fim, desde os que apresentam lesões orgânicas a nível de perispírito até os que as têm psicológicas como os arrependidos, sem reação, revoltados, inadaptados a vida espiritual. Para cada um dos tipos de Espíritos, Suely Caldas apresenta orientações sucintas de como doutrinar. Embora saibamos que não existe um caso igual ao outro, esses modelos servem-nos de parâmetro a partir dos quais iremos acrescentando as nossas próprias experiências.
Vejamos, agora esses tipos:
TIPOS DE ESPÍRITOS COMUNICANTES
Esta classificação se baseia no modo como os Espíritos se apresentam nas reuniões de desobsessão e refere-se apenas aos Espíritos obsessores e necessitados.
Ao incluí-la neste livro, nosso intuito é oferecer nossa contribuição aos que se dedicam ao ministério desobsessivo, sobretudo os que estão iniciando, para que tenham uma visão geral, embora bem simples, dos principais tipos de Espíritos que se comunicam nestas sessões especializadas, e também, em linhas gerais, focalizar a abordagem que o esclarecedor pode adotar.
Importa ainda mencionar que alguns desses tipos de entidades aqui relacionadas comparecem também nas reuniões de educação e desenvolvimento mediúnico(sendo mais comuns nestas), desde que estejam os médiuns em condições e que haja necessidade dessas manifestações.
ESPÍRITOS QUE NÃO CONSEGUEM FALAR
São bastante comuns as manifestações de entidades que não conseguem falar. Essa dificuldade pode ser resultante de problemas mentais que interferem no centro da fala, como também em virtude do ódio em que se consomem, que, de certa maneira, oblitera a capacidade de “(. . .) Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta.
Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido.
De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da natureza, como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem”.
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 100)
transmitir o que pensam e sentem(46). Em outros casos, pode ser um reflexo de doenças de que eram portadores antes da desencarnação e que persistem no além-túmulo, por algum tempo, de acordo com o estado de cada uma. Finalmente, existem aqueles que não querem falar para não deixar transparecer o que pensam, representando essa atitude uma defesa contra o trabalho que pressentem(ou sabem) estar sendo feito junto deles. Neste último caso, o médium pode conseguir traduzir as suas intenções, paulatinamente.
Não há necessidade de tentar insistentemente que falem, forçando-os com perguntas, pois nem sempre isso é o melhor para eles. O doutrinador deve procurar sentir, captar os sentimentos que trazem.
Geralmente não é difícil apreendê-los. Os que sofrem ou os que se recalcam no ódio deixam transparecer o estado em que se encontram. De qualquer forma são sumamente necessitados do nosso amor e atenção. O doutrinador deve dizer-lhes palavras de reconforto, aguardando que respondam espontaneamente. Muitos conseguem conversar ao cabo de alguns minutos, outros não resistem e acabam aceitando o diálogo, cabendo ao doutrinador atendê-los de acordo com a problemática que apresentam.
Os que têm problema de mudez, por exemplo, conseguirão através de gestos demonstrá-lo. Ciente disso, o doutrinador pode ir aos poucos conscientizando-o de que esse problema pode ser resolvido, que era uma consequência de deficiência do corpo físico, mas que no estado atual ele poderá superar, se confiar em Jesus, se quiser com bastante fé, etc. Nesse momento, o passe e a prece ajudam muito.
Em qualquer circunstância deve-se deixar que tudo ocorra com naturalidade, sem querer forçar a reação por parte dos que se comunicam.
(46) Já recebemos entidades com tanto ódio que pareciam sufocadas, tendo por isto
dificuldade de falar, e algumas outras que choravam de ódio.
ESPÍRITOS QUE DESCONHECEM A PRÓPRIA SITUAÇÃO
Não têm consciência de que estão no plano espiritual. Não sabem que morreram e sentem-se imantados aos locais onde viveram ou onde está o centro de seus interesses.
Uns são mais fáceis de serem conscientizados e o doutrinador, sentindo essa possibilidade, encaminhará o diálogo para isso. Outros, porém, trazem a idéia fixa em certas ocorrências da vida física e torna-se mais difícil a tarefa de aclarar-lhes a situação. Certos Espíritos não têm condições de serem informados sobre a própria morte, apresentando um total despreparo para a verdade. Essa explicação será feita com tato, dosando-se a verdade conforme o caso.
Deve-se procurar infundir-lhes a confiança em Deus e noções de que a vida se processa em vários estágios, que ninguém morre(a prova disso é ele estar ali falando) e que a vida verdadeira é a espiritual.
ESPÍRITOS SUICIDAS
São seres que sofrem intensamente. Quando se comunicam apresentam um sofrimento tão atroz, que comove a todos. Às vezes, estão enlouquecidos pelas alucinações que padecem, em virtude da repetição da cena em que destruíram o próprio corpo, pelas dores superlativas daí advindas e ao chegarem à reunião estão no ponto máximo da agonia e do cansaço.
Cabe ao doutrinador socorrê-los, aliviando-lhes os sofrimentos através do passe.
Não necessitam tanto de doutrinação, quanto de consolo. Estão buscando uma pausa para os seus aflitivos padecimentos. A vibração amorosa dos presentes, os eflúvios balsamizantes do Alto atuarão como brando anestésico, aliviando-os, e muitos adormecem, para serem levado em seguida pelos trabalhadores espirituais.
ESPÍRITOS ALCOÓLATRAS E TOXICÔMANOS
Quase sempre se apresentam pedindo, suplicando ou exigindo que lhes dêem aquilo de que tanto sentem falta. Sofrem muito e das súplicas podem chegar a crises terríveis, delírios em que se debatem e que os desequilibram totalmente. Sentem-se cercados por sombras, perseguidos por bichos, monstros que lhes infundem pavor, enquanto sofrem as agonias da falta do álcool ou do tóxico.
De nada adiantará ao doutrinador tentar convencê-los das inconveniências dos vícios e da importância da temperança, do equilíbrio. Não estão em condições de entender e aceitar tais tipos de conselhos. Deve-se tentar falar-lhes a respeito de Jesus, de que nEle é que encontramos forças para resistir. De que somente com Jesus seremos capazes de vencer os condicionamentos ao vício.
Se, entretanto, estiverem em delírios, o passe é o meio de aliviálos.
ESPÍRITOS QUE DESEJAM TOMAR O TEMPO DA REUNIÃO
Vêem com a idéia preconcebida de ocupar o tempo dos trabalhos e assim perturbarem o seu desenrolar.
Usam muito a técnica de acusar os participantes, os espíritas em geral, ou comentam sobre as comunicações anteriores, zombando dos problemas apresentados. Tentam alongar a conversa, têm resposta para tudo.
Observando o seu intento, o doutrinador não deve debater com eles, tentando provar a excelência do Espiritismo, dos propósitos da reunião e dos espíritas, mas sim levá-los a pensar em si mesmos. Procurar convencê-los de que enquanto analisam, criticam ou perseguem outras pessoas, esquecem-se de si mesmo, de buscar a sua felicidade e paz interior.
Quase nunca são esclarecidos de uma só vez. Voltam mais vezes.
ESPÍRITOS IRÔNICOS
São difíceis para o diálogo. E, geralmente, sendo muito inteligentes, usam a ironia como agressão. Ferem o doutrinador e os participantes com os comentários mais irônicos e contundentes. Ironizam os espíritas, acusando-os de usarem máscara; de se fingirem de santos; de artifícios dos quais, dizem, utilizam para catequizar os incautos; de usar magia, hipnotismo, etc.
Alguns revelam que seguem os participantes da reunião para vigiar-lhes os passos e que ninguém faz nada do que prega.
Em hipótese alguma deve-se ficar agastado ou melindrado com isso. É, aliás, o que almejam. Pelo contrário, devemos aceitar as críticas ferinas, inclusive porque apresentam grande fundo de verdade. Essa aceitação é a melhor resposta. A humildade sincera, verdadeira, nascida da compreensão de que em realidade somos ainda muito imperfeitos.
Tentar defender-se, mostrar que os espíritas trabalham muito, que naquele Centro se produz muito, é absolutamente ineficaz. Será até demonstração de vaidade de nossa parte, visto que temos ciência de nossa indigência espiritual e do pouco que produzimos e progredimos.
E eles sabem disto.
Aceitando as acusações e sentindo, acima de tudo, o quanto existe de razão no que falam, eles aos poucos se desarmarão. Simultaneamente ir conscientizando-os do verdadeiro estado em que se encontram; da profunda solidão em que vivem, afastados dos seus afetos mais caros;
que, em realidade, são profundamente infelizes — eis alguns dos pontos que podem ser abordados.
Tais entidades voltam mais vezes, pois esse esclarecimento demanda tempo.
ESPÍRITOS DESAFIANTES
Vêm desafiar-nos. Julgam-se fortes, invulneráveis e utilizam-se desse recurso para amedrontar. Ameaçam os presentes com as mais variadas perseguições e desafiam-nos a que prossigamos interferindo em seus planos.
Cabe ao doutrinador ir encaminhando o diálogo, atento a alguma observação que o comunicante fizer e que sirva como base para atingir-lhe o ponto sensível. Todos nós temos os nossos pontos vulneráveis — aquelas feridas que ocultamos cuidadosamente, envolvendo-as na couraça do orgulho, da vaidade, do egoísmo, da indiferença.
Em geral, os obsessores, no decorrer da comunicação, acabam resvalando e deixando entrever os pontos suscetíveis que tanto escondem. Aparentam fortaleza, mas, como todos, são indigentes de amor e de paz. Quase sempre estão separados de seus afetos mais caros, seja por nível evolutivo, seja por terem sido feridos por eles.
O doutrinador recorrerá à energia equilibrada — dosada no amor –, serena e segura, quando sentir necessidade.
Espíritos desse padrão vibratório quase sempre têm que se comunicar mais vezes. O que se observa é que a cada semana eles se apresentam menos seguros, menos firmes e fortes que na anterior. Até que se atinge o momento do despertar da consciência.
ESPÍRITOS DESCRENTES
Apresentam-se insensíveis a qualquer sentimento. Descrêem de tudo e de todos. Dizem-se frios, céticos, ateus.
No entanto, o doutrinador terá um argumento favorável, fazendo-os sentir que apesar de tudo continuam vivos e que se comunicam através da mediunidade. Também poderá abordar outro aspecto, que é o de dizer que entende essa indiferença, pois que ela é resultante dos sofrimentos e desilusões que o atormentam. Que, em realidade, essa descrença não o conduzirá a nada de bom, e sim a maiores dissabores e a uma solidão insuportável.
O doutrinador deve deixar de lado toda argumentação que vise a provar a existência de Deus, pois qualquer tentativa nesse sentido não atingirá o objetivo. Eles estão armados contra essa doutrinação e é esta justamente a que esperam encontrar. Primeiro, deve-se tentar despertá-los para a realidade da vida, que palpita dentro deles, e da sofrida posição em que se colocam, por vontade própria. Ao se conscientizarem do sofrimento em que jazem, da angústia que continuadamente tentam disfarçar, da distância que os separa dos seres amados, por si mesmos recorrerão a Deus. Inclusive, o doutrinador deve falar-lhes que somente o Pai pode oferecer-lhes o remédio e a cura para seus males.
ESPÍRITOS DEMENTADOS
Não têm consciência de coisa alguma. O que falam não apresenta lógica. Quase todos são portadores de monoideísmo, idéia fixa em determinada ocorrência, razão por que não ouvem, nem entendem o que se lhes fala.
Devem ser socorridos com passes. Em alguns casos, o Espírito parece despertar de um longo sono e passa a ouvir a voz que lhe fala. São os que trazem problemas menos graves.
ESPÍRITOS AMEDRONTADOS
Dizem-se perseguidos e tentam desesperadamente se esconder de seus perseguidores. Mostram-se aflitos e com muito medo.
É necessário infundir-lhes confiança, demonstrando que ali naquele recinto estão a salvo de qualquer ataque, desde que também se coloquem sob a proteção de Jesus.
São vítimas de obsessões, sendo dominados e perseguidos por entidades mais fortes mentalmente, com as quais se comprometeram. Muitos deles são empregados pelos obsessores para atormentar outras vítimas.
Obrigados a obedecer, não são propriamente cúmplices, mas também vítimas.
ESPÍRITOS QUE AUXILIAM OS OBSESSORES
São bastante comuns nas reuniões. Às vezes, dizem abertamente o que fazem e que têm um chefe. Em outros casos, tentam esconder as suas atividades e muitos chegam a afirmar que o chefe não quer que digam nada. Também costumam dizer que foram trazidos à força ou que não sabem como vieram parar ali.
É preciso dizer-lhes que ninguém é chefe de ninguém. Que o nosso único “chefe” é Jesus. Mostrar-lhes também o mal que estão praticando e do qual advirão sérias consequências para eles mesmos. É de bom alvitre mencionar que o chefe no qual tanto acreditam em verdade não lhes deseja bem-estar e alegrias, visto que não permite que sigam seu caminho ao encontro de amigos verdadeiros e entes queridos. (47).
(47) Quando mencionamos os entes queridos do comunicante, isto não significa forçar a comunicação de um deles. Inclusive deve-se evitar fazê-lo, pois isto deve ser natural e cabe aos Mentores resolverem. É comum que se diga ao obsessor:
“Lembre-se de sua mãe”. Deve-se evitar isto, pois a resposta poderá ser: “Por quê?
ela não prestava” ou “era pior que eu”, etc. Daí o cuidado.
ESPÍRITOS VINGATIVOS
São aqueles obsessores que, por vingança, se vinculam a determinadas criaturas. Muitos declaram abertamente seus planos, enquanto que outros se negam a comentar suas ações ou o que desejam. Costumam apresentar-se enraivecidos, acusando os participantes de estarem criando obstáculos aos seus planos. Falam do passado, do quanto sofreram nas mãos dos que hoje são as vítimas. Nesses casos, o doutrinador deve procurar demonstrar-lhes o quanto estão se prejudicando, o quanto o ódio e a vingança os tornam infelizes; que, embora o neguem, no fundo, prosseguem sofrendo, já que não encontram um momento de paz; que o ódio consome aquele que o cultiva. É importante levá-los a refletir sobre si mesmos, para que verifiquem o estado em que se encontram. A maioria se julga forte e invencível, mas confessam estar sendo tolhidos pelos trabalhos da reunião, o que os enfurece. Diante desse argumento, o doutrinador deve enfatizar que a força que tentam demonstrar se dilui ante o poder do Amor que dimana de Jesus.
Conforme o caso, os resultados se apresentam de imediato. O obsessor, conquistado pelo envolvimento fluídico do grupo e pela lógica do doutrinador, sente-se enfraquecido e termina por confessar-se arrependido. Em outros casos, a entidade se retira enraivecida, retornando para novas comunicações, nas semanas seguintes. Quando voltam, identificam-se ou são percebidos pelos participantes ante a tônica que imprimirem à conversação.
ESPÍRITOS MISTIFICADORES
São os que procuram encobrir as suas reais intenções, tomando, às vezes, nomes ilustres ou ares de importância. Chegam aconselhando, tentanto aparentar que são amigos ou mentores. Usam de muita sutileza e podem até propor modificações no andamento dos trabalhos. Mistificadores existem que se comunicam aparentando, por exemplo, ser um sofredor, um necessitado, com a finalidade de desviar o rítmo das tarefas e de ocupar o tempo.
O médium experiente e vigilante e o grupo afinizado os identificarão.
Mas não se pode dispensar toda a vigilância e discernimento.
Numa reunião bem orientada, se se comunica um mistificador, nem sempre significa que haja desequilíbrio, desorganização ou invigilância. As comunicações desse tipo são permitidas pelos
Mentores, para avaliar a capacidade do grupo e porque sabem o rendimento da equipe, e que o mistificador terá possibilidades de ser ali beneficiado.
O médium que recebe a entidade detém condições de sentir as suas vibrações. Mesmo que o grupo não perceba, o médium sabe e, posteriormente, após os trabalhos, no instante da avaliação, tem ensejo de declarar o que sentiu e quais eram as reais intenções do comunicante. Ressalte-se, contudo, que, quando o grupo é bem homogêneo, todos ou alguns participantes perceberão o fato.
ESPÍRITOS OBSESSORES INIMIGOS DO ESPIRITISMO
São, geralmente, irmãos de outros credos religiosos. Alguns agem imbuídos de boa fé, acreditando que estão certos. Muitos, todavia, o fazem absolutamente cônscios de que estão errados, pelo simples prazer de provocar discórdia. Dizem-se defensores do Cristo, da pureza dos seus ensinamentos. Não admitem que os espíritas sigam Jesus.
O doutrinador deve evitar as explanações sobre religião. De nada adiantará tentar convencê-los de que o Espiritismo é a Terceira Revelação, o Consolador Prometido. É este o caminho menos indicado.
Deve-se evitar comparações entre religiões. A conversação deve girar em torno dos ensinamentos de Jesus. Comparar-se o que o Mestre ensinou e as atitudes dos que se dizem seus legítimos seguidores. São muito difíceis de ser convencidos. São cultos e cristalizados em seus pontos de vista.
ESPÍRITOS GALHOFEIROS, ZOMBETEIROS
Apresentam-se tentando perturbar o ambiente, seja fazendo comentários jocosos, seja dizendo palavras e frases engraçadas, com a intenção de baixar o padrão vibratório dos presentes. Alguns chegam rindo; um riso que prolongam a fim de tomar tempo; exasperar e irritar os presentes, ou também levá-los a rir.
É preciso muita paciência com eles e o grupo deve manter elevado o teor dos pensamentos e vibrações. Deve-se procurar o diálogo no sentido de torná-los conscientes da inutilidade dessa atitude e de que em verdade, o riso encobre, não raro, o medo, a solidão e o desassossego.
ESPÍRITOS LIGADOS A TRABALHOS DE MAGIA, TERREIRO, ETC
Vez por outra surgem na sessão entidades ligadas aos trabalhos de magia, despachos, etc. Podem estar vinculados a algum nome, a algum caso que esteja sendo tratado pela equipe. Uns reclamam da interferência havida; outros propõem trabalhos mais “pesados” para resolver os assuntos; vários reclamam de estar ali e dizem não saber como foram parar naquele ambiente, pedindo inclusive muitos objetos empregados em reuniões que tais.
O doutrinador irá observar a característica apresentada, fazendo a abordagem correspondente.
ESPÍRITOS SOFREDORES
São os que apresentam ainda os sofrimentos da desencarnação ou do mal que os vitimou. Se morreram em desastre, sentem, por exemplo, as aflições daqueles instantes. Sofrem muito e há necessidade de alivia-los através da prece e do passe. A maioria adormece e é levada pelos trabalhadores espirituais É de bom alvitre que façamos observações, registros e apontamentos, a fim de aprendermos melhor com cada atendimento. É quando refletiremos sobre as dificuldades, as falhas que cometemos e também fixaremos a experiência boa de que fomos instrumentos pela via da intuição.
Uma providência indispensável na doutrinação é procurarmos sentir em que posição evolutiva se encontra o sofredor, ou seja, enquadrá-lo na classificação de “O Livro dos Espíritos”. É necessário ver além do sofrimento, para sentir pela reação do Espírito onde ele se encontra do ponto de vista evolutivo, a fim de podermos atendê-lo convenientemente.
Acrescentamos as seguintes observações colhidas aqui e ali, nas experimentações práticas a respeito das presenças amigas em nossas reuniões:
· Mentores do Trabalho Mediúnico e Benfeitores Espirituais Quando se comunicam por psicofonia, normalmente o fazem no princípio ou no final para nos trazer instruções. Não costumam, se comunicar( psicofonia) enquanto sofredores estão incorporados, por ser necessário que todos nós os escutemos. Pode acontecer, o que é raro, participarem da Doutrinação.
· Espíritos em Recuperação Vêm por anuência dos Mentores para, através da constatação dos
benefícios auferidos com a reunião, nos estimularem.
· Familiares Não é comum a comunicação, a menos que estejam em tratamento; quando estão, são atendidos como os demais. Quando já recuperados ou em recuperação podem assumir o papel de cooperadores e como tal trazerem mensagens de estímulos.
Um outro autor que se reporta aos tipos de Espíritos que se comunicam é Hermínio de Miranda(4). O seu é um trabalho de fôlego. Ele se detém no aprofundamento do perfil psicológico das Entidades que se vinculam às organizações infelizes do Mundo Espiritual voltadas para o esforço de disseminar o terror e a ignorância como meios de perpetuarem as estruturas de dominação à frente das quais se colocaram. São os Espíritos que na Terra se fascinaram pelo poder e o exerceram inescrupulosamente, os quais, de retorno ao Mundo Espiritual reassumem velhos compromissos com a maldade e o crime, a opressão de consciências.
São os Dirigentes das Organizações voltadas para o Mal, os Planejadores, Juristas, Religiosos(sem religião), Intelectuais, Obsessores, Vingadores e Magos, todos eles desfilando as suas terríveis contradições a espera de que o amor regenere as suas almas arrebentando a couraça de fluídos pesados que bloqueiam a penetração da luz até o âmago de suas consciências, onde dormita a realidade do Espírito imortal e eterno. Adverte-nos Hermínio que a apreensão aos grupos, muitas vezes é o único meio de que dispõem os Mentores para trazê-los à doutrinação, já que nem sempre é possível outras motivações nessas almas, senão o rancor e o ódio. Primeiro vêm suas vítimas, amedrontadas e batidas, libertadas dessas regiões de sombras pelos Espíritos Superiores. Logo depois, vêm eles, na tentativa de resgatar da influência superior aquele que dominaram por muito tempo e se não conseguem, tentarem destruir as lâmpadas e os postes que são os trabalhadores da mediunidade e as reuniões mediúnicas sérias.
Nem todos os grupos estão preparados para lidar com estes Espíritos, bem o sabemos, enrijecendo fibras no trabalho e na doação. E os Espíritos Superiores sabem o que cada grupo pode fazer e vão naturalmente fazendo novas expressões de trabalho e de participação à proporção que os seus membros se fortalecem e se conscientizam de que “a reunião é um ser coletivo” e seus membros formam um feixe que deve ser o quanto possível resistente e vibrátil.
BIBLIOGRAFIA:
(1) – O Livro dos Espíritos – Parte 2ª – Cap. 1 – Questões 100 a 113
(2) – O Céu e o Inferno – Parte 2ª – Cap. II à VIII
(3) – Obsessão e Desobsessão – Parte 3ª – Cap. 12
(4) – Diálogo com as Sombras – M. C. Miranda – Ítem 2 – FEB
Notícias do Cristo
Ariston S. Teles
DEUS
Era noite. O Cristo, ladeado pelos discípulos, oferecia a todos as claridades sublimes de sua Doutrina.
Aproveitando ligeira pausa, João, um tanto preocupado com questões teológicas pergunta:
— Senhor, que é Deus?
O Mestre, calmo e sereno, volve o olhar às estrelas lucilantes, reflete intensamente as harmonias do Céu e, deixando-se banhar em divinas lágrimas, dirige o mesmo olhar ao apóstolo, sem dizer palavra.
Naquele exato momento João e os demais companheiros do Messias sentiram a indizível presença de Deus na expressão amorosa e doce do Excelso Amigo.
Emmanuel
II.2 – A NATUREZA DOS ESPÍRITOS A NATUREZA DOS ESPÍRITOS
“Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, o mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre bons e maus Espíritos. Pode ser-nos indiferente a individualidade deles; suas qualidades, nunca”. ( Item 262)
É preciso distinguir como os Espíritos são, para podermos tratar com eles. Conforme o caso, advertir, esclarecer, confortar; ou, então, pedir ajuda e receber instruções.
COMO AVALIAR A NATUREZA DE UM ESPÍRITO?
“Apreciam-se os Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas ações. Estas se traduzem pelos sentimentos que eles inspiram e pelos conselhos que dão. Admitindo que os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem, de um bom Espírito não pode provir o que tenda para o mal”.
“Pelos frutos os conhecereis”, ensinava Jesus.
“Não há outro critério senão o bom senso, para se aquilatar do valor dos Espíritos. Absurda será qualquer fórmula que eles próprios dêem para esse efeito e não poderá provir de Espíritos Superiores”.
O bom senso não poderá se enganar, se analisarmos o caráter dos Espíritos com cuidado e, principalmente, sob o ponto de vista moral. “Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro, que cada um saiba julgar-se a si mesmo”. (Com retidão de juízo e não por suas idéias, sistemas e preferências).
NAS COMUNICAÇÕES INSTRUTIVAS
Quando o Espírito comunicante quer nos instruir e orientar, é necessário, mais do que nunca:
1) analisar sua mensagem, comportamento e linguagem, para avaliar a sua natureza(saber se é um bom ou mau espírito);
2) dialogar com ele, pedindo explicações para esclarecermos pontos para nós obscuros;
3) e devemos rejeitar tudo que não nos parecer aproveitável, benéfico, lógico e de bom senso. “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea”. ( Erasto, Cap. 20, ítem 230, “O Livro dos Médiuns”).
Não poderemos permitir que o Espírito use um nome querido e venerado(tais como Jesus, Kardec, Bezerra de Menezes) se não se mostrar à altura da identidade assumida.
Se usar de nomes famosos ou históricos, também é preciso avaliar se o que diz e faz está de acordo com o nome sob o qual se apresenta.
Mas não basta que um Espírito tenha sido, na Terra, um grande homem para que, no mundo espiritual, se ache de posse da soberana ciência;
pode estar, ainda, sob o império dos preconceitos da vida corpórea.
Não constituem sinal de superioridade os conhecimentos de que alguns Espíritos se enfeitam, se não acompanhados de pureza de sentimentos morais.
GUIAS E PROTETORES
São os que amparam e orientam médiuns ou Centros.
Nem sempre são Espíritos Superiores(os da 2ª classe, que “em si mesmos reúnem a sabedoria e a bondade” e “sua superioridade os torna mais aptos do que outros a darem noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber”).
Boa parte deles são apenas Espíritos Benévolos(os da 5ª classe, em que a bondade é qualidade dominante, pois lhes apraz prestar serviços aos homens e protegê-los, mas limitados são os seus conhecimentos).
Muitos pretensos guias e protetores, “espíritos de luz”, nem benévolos são e dominam pessoas e comunidades que buscam na mediunidade apenas interesses imediatistas. Estes pertencem à categoria dos Espíritos Imperfeitos, na classe de pseudo-sábios ou na dos neutros.
Pseudo-sábios – Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém crêem saber mais do que realmente sabem. Na linguagem e conceitos, fazem mistura de algumas verdades com erros grosseiros, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não se puderam despir.
Neutros — Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal, não ultrapassaram a condição comum da Humanidade, tanto no moral quanto na inteligência.
A FILTRAGEM DA MANIFESTAÇÃO
Ao avaliar a produção de um espírito através da mediunidade, é preciso lembrar que médium e meio sempre exercem influência na manifestação do espírito. Assim, convém levar em conta:
1) as condições do ambiente da reunião e as qualidades do médium que serviu de intermediário;
2) qual o clima mental do médium na oportunidade da comunicação(nem sempre o médium consegue a melhor sintonia com o espírito).
(Ítem 186, Cap. XVI, 2ª Parte, de “O Livro dos Médiuns”).
PALAVRÓRIO
Jaime Damaceno devia estar conduzindo no seu veículo utilitário nada menos que dez pessoas, sendo a metade gente de sua própria família. Os outros eram passageiros normais.
A viagem compreendia o percurso Anápolis/Brasília.
Jaime, fervoroso seguidor da Doutrina Espírita, aproveitava o ensejo para fazer comentários combativos ao uso do tabaco. E, percebendo que talvez nenhum dos ocupantes da kombi tivesse coragem de refutar, fez-se mais vibrante:
– O homem que fuma não passa de escravo. O tabagismo só traz prejuízo. Imaginem que o fumante, além de ter o organismo danificado, assume despesas desnecessárias e ainda sofre o incômodo de conduzir sempre nos bolsos pacotes sem qualquer importância para o espírito.
E arrematou com ênfase:
– Os famosos maços de cigarro e caixas de fósforos de que muita gente não se afasta, são uma prova incontestável de cegueira espiritual. São coisas que não deveriam existir.
A noite já dominava os espaços, quando o carro apresenta defeito na máquina, sendo imediatamente estacionado no acostamento.
O motorista desce, abre o capô e tenta resolver o problema. Depois de algum tempo, descobre o defeito, porém, na escuridão tudo se torna difícil.
Contudo, Jaime, retornando apressadamente à cabine, diz aos passageiros:
– Encontrei a causa do enguiço, mas no escuro nada posso fazer. Alguém entre os senhores conduz fósforo?
Foi quando um homem, acomodado no banco trazeiro, respondeu de pronto:
– Sim! eu tenho fósforo. Aliás, o senhor sabe que todo “escravo” do cigarro carrega essa coisa “inútil”. . .
Jaime Damaceno, fingindo não entender a sátira, pegou o fósforo, fez luz no lugar próprio e resolveu o problema.
Nem tudo que é prejudicial é prejudicial em tudo. O bem pode surgir até mesmo das coisas mais condenáveis.
Hilário Silva
DIFERENÇA NAS ATITUDES DOS BONS E DOS MAUS ESPÍRITOS
Livro consultado:
“O Livro dos Médiuns” Cap. XXIV, 2ª parte – Allan Kardec
Só dizem o que sabe; calam-se ou confessam a sua ignorância sobre o que não sabem.
Se conveniente, fazem que coisas futuras sejam pressentidas mas nunca determinam datas.
Nunca ordenam; não se impõem, aconselham; se não escutados, retiram-se.
Não lisonjeiam; aprovam o bem feito mas sempre com reservas.
Desprezam em tudo as puerilidades da forma.
São escrupulosos no aconselhar atitudes; quando o fazem, objetivam sempre um fim sério e eminentimente útil. Só prescrevem o bem e o que é perfeitamente racional e dentro das leis da natureza.
Guardam reserva sobre assuntos que possam trazer comprometimento. Repugna-lhes desvendar o mal. Procuram atenuar o erro e pregam a indulgência.
Atuam com calma e doçura sobre o médium.
Falam de tudo com desassombro, sem se preocuparem com a verdade.
Os levianos, com facilidade, predizem o futuro; precisam fatos materiais que não temos como verificar, apontam época determinada para um acontecimento.
São imperiosos; dão ordens, querem ser obedecidos; não se afastam por nada.
Exclusivistas e absolutos; pretendem ter o privilégio da verdade. Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, pois seriam desmascarados.
Prodigalizam exagerados elogios, estimulam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a que desejam dominar.
Ligam importância às particularidades mesquinhas, incompatíveis com idéias verdadeiramente elevadas. Fazem prescrições meticulosas.
Dão conselhos pérfidos, aconselham atitudes más, tolas, improdutivas, irracionais, fora do bom senso e das leis naturais.
Gostam de por o mal em evidência; exageram-no e, com insinuações pérfidas, semeiam a intriga e a discórdia.
Tanto os maus como os simplesmente imperfeitos ao agirem sobre o médium provocam às vezes movimentos bruscos e intermitentes, agitação febril e convulsiva.
Para se impor à credulidade e desviar os homens da verdade:
¾ Adotam nomes singulares e ridículos e nomes extramamente venerados.
¾ Usam, alternativamente, de sofismas, sarcarmos e injúrias e, até de demonstração material do poder oculto de que dispõem. Excitam a desconfiança e a animosidade contra os que lhes são antipáticos e, especialmente, contra os que lhes podem desmascarar as imposturas.
OS BONS OS MAUS
UNIDADE III – PRÁTICA DA DOUTRINAÇÃO
III.1 – INFLUÊNCIAS DO MÉDIUM E DA MEDIUNIDADE
Já é sabido que cada manifestação é diferente. Nunca sabemos, ao certo, as intenções do Espírito que se aproxima, que problemas nos traz, quais são suas características, qual a razão de sua presença entre nós. Além do mais, a própria mediunidade não é um instrumento de precisão, como um microscópio ou um relógio, que funcione, repetidamente, de maneira previsível e controlável. O médium é um ser humano ultra-sensível, de psicologia complexa, incumbido de transmitir o pensamento de um desencarnado, mas está muito longe de ser mero aparelho mecânico de comunicação, como um telefone ou um rádio, muito embora se fale em sintonia e em vibrações, quando a ele nos referimos. Suas faculdades sofrem influências várias, do ambiente, do seu estado de saúde, da sua problemática íntima, da sua fé ou ausência dela, do seu interesse no trabalho, que pode flutuar, da sua capacidade de concentração, da sua confiança nos companheiros que o cercam e, especialmente, no dirigente do grupo e, obviamente, dos Espíritos manifestantes. E mesmo estes, que são também seres humanos — não nos esqueçamos disto — variam suas apresentações, de uma para outra manifestação, segundo suas próprias disposições.
Por outro lado, é preciso considerar, também, que há diferentes formas de mediunidade: de incorporação, ou psicofônica, de vidência, clariaudiência, psicografia, assim como há médiuns que conservam sua consciência durante a manifestação, e médiuns que passam ao que se convencionou chamar de estado “ insconsciente”.
Devo abrir um parêntese, para reiterar uma antiga opinião: de minha parte, julgo inadequada a expressão “mediunidade inconsciente”. O Espírito do médium não está em estado de inconsciência, simplesmente porque se afastou do seu corpo físico, para cedê-lo ao manifestante.
O máximo que se pode dizer é que a consciência não está presente no corpo físico, ou, melhor ainda, não se manifesta através do corpo material, temporariamente ocupado ou manipulado por entidade estranha à sua economia. Se o médium mergulhasse, em Espírito, no estado de inconsciência, o manifestante assumiria posse total do seu organismo e faria com ele o que bem entendesse. Ao escrever isso, não estou esquecido do fato de que há manifestações violentas, e muito livres, durante as quais os Espíritos incorporados movimentam o instrumento mediúnico aparentemente à sua vontade, fazendo-o gritar, dar murros, levantar-se, derrubar móveis, rasgar livros e cadernos, e promover distúrbios semelhantes.
O grupo deve estar, assim, perfeitamente preparado para inúmeras formas de manifestação. Elas são imprevisíveis e inesperadas.
Vejamos com Allan Kardec o papel do médium na comunicação: (L. M. – Cap. XIX, ítem 223 – LAKE)
7. O Espírito do médium influi nas comunicações de outros Espíritos que ele deve transmitir?
– Sim, pois se não há afinidade entre eles, o Espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias idéais e às suas tendências. Mas não exerce influência sobre os Espíritos comunicantes. É apenas um mau intérprete.
10. Parece resultar dessas explicações que o Espírito do médium não é jamais completamente passivo?
– Ele é passivo quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito comunicante, mas nunca se anula por completo. Seu concurso é indispensável como intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.
III.2 – AS FASES DA COMUNICAÇÃO MEDIÚNICA
O conjunto fenomênico envolve algumas fases que julgamos de utilidade destacar, dentre muitos fatos acessórios que influenciam no resultado final: a Consumação da Comunicação. São elas:
ATRAÇÃO, APROXIMAÇÃO E ENVOLVIMENTO.
ATRAÇÃO – quando o desejo coloca o comunicante e o médium em condições harmônicas. Quando isto ocorre, o comunicante é atraído, não importando onde se encontre, para a linha de força( frequência) correspondente, existente no campo de possibilidades Mento-Magnéticas
do Médium(Fig. 1).
– Poderia nos dizer como se dá a ATRAÇÃO?
– Nos Universos existe uma poderosa força que a grande maioria dos homens insiste em ignorar: o PENSAMENTO. Ele é a força maravilhosa responsável por tudo quanto existe. Tal o ser pensante, tal a obra. Entretanto, para que o pensamento como força geratriz de algum cometimento possa ser acionado, é necessário o uso da alavanca do DESEJO, que é representado pela AÇÃO. O pensamento sem o desejo da Ação, se transforma apenas em sonho. Dito isto, completemos: a atração se dá, quando o pensamento é acionado pelo desejo da comunicação de ambos os participantes do fenômeno, médium e espírito.
APROXIMAÇÃO – com a presença do comunicante nas proximidades do campo de possibilidades do médium, onde suas primeiras emoções já se fazem sentir, de maneira pouco perceptível, mas reais.
ENVOLVIMENTO – é quando completa-se o fenômeno. As linhas energéticas harmônicas do comunicante e do campo de possibilidades do médium se encontram, proporcionando a evidenciação do fenômeno de forma indiscutível, assumindo o comunicante o comando relativo das ações variando de influência mental ao domínio total do físico e quase total da mente, guardando o médium, entretanto, o domínio das últimas decisões. (Fig. 2)
FIG.1 – POSSIBILIDADE DE COMUNICAÇÃO
A Campo do médium B – Campo de vibração dos comunicantes – – – – Faixas harmônicas. Comunicação possível 2 – Comunicação relativamente possível 22 – Comunicação impossível 14,5 – Comunicação decorrente do esforço
A – ATRAÇÃO
B – APROXIMAÇÃO
C – ENVOLVIMENTO
1 – Influência Mental
2 – Influência Mental e Física
3 – Domínio Parcial da Mente e do Físico
4 – Domínio total do físico e quase total da mente.
C FIG. 2
Segundo Léon Denis, as vibrações do invólucro fluídico do médium vibra com maior intensidade no estado de transe (Ex. de 1000 para 1500) e se o Espírito, livre no espaço (Ex. 2000 para 1500), os dois organismos ( perispiritual) vibram então simpaticamente e o ditado do Espírito será percebido e transmitido pelo médium em transe…(3) Mais adiante falaremos de casos em que não se dão as três fases de maneira harmonizada e suas conseqüências.
Acompanhemos a opinião do Espírito Erasmo quanto às sensações do Médium no início das Comunicações:
– Como o médium pode aperceber-se que se inicia o processo de incorporação?
– É muito grande a gama de variações, entretanto, o mais comum é a sensação da aproximação de alguém, seguido de fluídos, cuja emanação os médiuns sentem em intensidade diferente, de acordo com suas possibilidades. Sensação de calor ou frio em algumas partes do corpo, principalmente as extremidades, cuja sensação algumas vezes vai se estendendo a todo o corpo. Depois o médium vai sentindo o bloqueio gradativo de seus pensamentos, numa mistura que se processa com pensamentos alheios e logo no estágio imediato, o médium percebe que os pensamentos alheios vão se tornando mais intensos que os seus, indo esse processo até a tomada total do campo mental. Sentem a seguir uma espécie de sopro quente ou frio, tal seja o caso, em um dos ouvidos ou em ambos, como se uma corrente de ar se introduzisse pelos mesmos; uma espécie de corrente elétrica percorre todo o seu corpo, quando se consuma a posse do aparelhamento mediúnico. O espírito toma posse do corpo, ou da mente, ou ainda, do corpo e da mente, e inicia a fase da comunicação.(2)
III.3 – FASES DA DOUTRINAÇÃO
A) – ABERTURA
Às vezes, o Espírito começa logo a falar, ou a esbravejar, mas, usualmente, ele precisa de alguns segundos para apossar-se dos controles psíquicos do médium, e não consegue falar senão depois de se ter acomodado bem à organização do seu instrumento. O doutrinador deve aproveitar esses momentos para uma palavra de boas-vindas, saudando-o com atenção, carinho e respeito. Em alguns casos o Espírito somente consegue expressar-se a muito custo, em virtude de seu estado de perturbação, de indignação, ou por estar com deformações perispirituais que o inibem. De outras vezes, usando de ardis, ou preparando ciladas, mantém-se em silêncio, para que o doutrinador se esgote, na tentativa de descobrir suas motivações, a fim de tentar ajudá-lo, com o que ele se diverte bastante.
Em certas ocasiões, vem ele revestido de um manto de mansidão e tranquila segurança. Diz palavras doces, assegura-nos suas boas intenções, dá-nos conselhos.
Há os que fingem dores que não sentem, ou mutilações que não possuem, como cegueira ou falta da língua. Visam, com esses artifícios, a distrair nossa atenção do ponto focal de sua problemática, ou simplesmente entregam-se ao prazer irresponsável de enganar, mistificar, defraudar, ou então, como alguns me dizem, às vezes, de esgotar o médium incumbido de dar-lhes passes. Riem-se muito dos nossos enganos.
Qualquer que seja a abertura da comunicação, o doutrinador deve esperar, com paciência, depois de receber o companheiro com uma saudação sinceramente cortês e respeitosa. Seja quem for que compareça diante de nós, é um Espírito desajustado, que precisa de socorro. Alguns bem mais desarmonizados do que outros, mas todos necessitados — e desejosos — de uma palavra de compreensão e carinho, por mais que reajam à nossa aproximação. Os primeiros momentos de um contato mediúnico são muito críticos. Ainda não sabemos a que vem o Espírito, que angústias traz no coração, que intenções, que esperanças e recursos, que possibilidades e conhecimentos. Estará ligado a alguém que estamos tentando ajudar?
Tem problemas pessoais com algum membro do grupo? Luta por uma causa?
Ignora seu estado, ou tem consciência do que se passa com ele? É culto, inteligente, ou se apresenta ainda inexperiente e incapaz de um diálogo mais sofisticado?
Uma coisa é certa: não devemos subestimá-lo. Pode, de início, revelar clamorosa ignorância, e entrar, depois, na posse de todo o acervo cultural de que dispõe. Dificilmente o Espírito é bastante primário para ser classificado, sumariamente, como ignorante. Nossa experiência acumulada é muito mais ampla do que suspeitamos.
Assim, a primeira regra do diálogo, com os nossos irmãos em crise, é esta: paciência e tolerância. Toda conversa, com eles, é um permanente exercício dessas duas virtudes. As primeiras palavras são de importância vital; são, às vezes, decisivas, e podem constituir a diferença entre uma oportunidade de pacificação ou a alienação do companheiro por mais um tempo, indeterminado, em que ele continuará a buscar alhures o que não encontrou em nós: compreensão para os seus problemas e suas angústias. Muita coisa vai depender, no desenrolar do trabalho, da maneira pela qual recebemos os nossos irmãos em crise. Nunca é demais lembrar e insistir: eles precisam de nós, justamente porque não conseguem sair sozinhos das suas dificuldades, das suas perplexidades, dos seus sofismas, da sua auto-hipnose. Mas nós, por igual, precisamos deles, porque nos trazem lições, porque nos ajudam na prática da lei suprema da solidariedade que a seu turno, nos libertará também.
Além disso, não podemos despachá-los, mal enunciaram as primeiras palavras, quando nem sequer sabemos ainda de suas motivações e de suas dores. Não esperemos, jamais, uma expressão inicial sensata e equilibrada, amorosa e tranquila, da parte daqueles que se acham
desarmonizados. Se assim fosse, não precisariam de nós: já teriam encontrado seus próprios caminhos. Esperemos, isto sim, uma eloqüente manifestação de revolta, rancor, desespero, aflição, desencanto, ou perplexidade, segundo a natureza dos problemas que os abrasam.
Contemos com mistificações e ardis, com falsidades e subterfúgios, com ódio e agressividade, com ignorância e má-fé; em suma, com a dor do Espírito aturdido pelo impasse que criou dentro de si mesmo. É claro que o primeiro impulso de hostilidade, de um Espírito assim, tem de ser contra nós, que o fustigamos, tentando obrigá-lo a mover-se.
Ele está parado no tempo e no espaço, preso à sua problemática, empenhado numa tarefa que julga do maior relevo e importância; e aparece um grupo, como o nosso, para tentar arrancá-lo daquilo que constitui o seu mundo, a sua razão de ser. Não é ele quem nos incomoda e fustiga; somos nós que o agravamos, com a inadmissível tentativa de fazê-lo desistir dos seus propósitos.(3)
B) – O DIÁLOGO
É preciso deixá-los falar, pois do contrário, não podemos ajudá-los.
É necessário conhecer a sua história, suas motivações e suas razões.
E ainda que relutem, demorem e usem de mil e um artifícios, eles acabam revelando a razão de sua presença no grupo. O longo trato com eles nos ensina que têm um hábito peculiar de “pensar alto”. Isto se deve a um mecanismo psicológico irresistível, do qual muitas vezes eles nem tomam conhecimento, e no qual, mesmo os mais hábeis e ardilosos deixam-se envolver. É que o médium lhes capta o pensamento, e não a palavra falada. Se o médium se limitasse a transmitir-lhes a palavra, mesmo assim, eles acabariam por revelar as suas verdadeiras posições, embora pudessem sonegar a verdade por maior espaço de tempo; mas é do próprio dispositivo mediúnico converter, em palavras e gestos, aquilo que o Espírito elabora na sua mente. Eles não conseguirão, por muito tempo, ocultar as verdadeiras causas da sua dor e a razão da sua presença, pois é isso, precisamente, que os traz a nós. Essas causas estão de tal forma gravadas nos seus Espíritos, que constituem o centro, o núcleo, em torno do qual gira toda a personalidade e agrupam-se os problemas mais críticos e mais urgentes. Se conseguirmos desfazer aquele núcleo, que funciona como verdadeiro centro de aglutinação, a personalidade reagrupa-se em novos equilíbrios redentores. Insistimos, pois, em afirmar que o
médium traduz, em palavras, o que ele sente no Espírito manifestante:
suas emoções, seu temperamento, seus problemas, suas desarmonias, ao mesmo tempo em que lhe reproduz os gestos, e a voz alteia-se ou sussurra, reflete ódio ou desprezo, ironia ou amargor, perplexidade ou aflição. Se assim não fosse, teríamos que falar com cada Espírito na sua própria língua, ou seja, na língua que ele falou por último, na sua mais recente encarnação, e todo médium precisaria ser xenoglóssico.
À medida que ele se desenrola, estejamos atentos, mantenhamo-nos compreensivos e discretos. É uma tentativa de entendimento, não uma discussão, uma contenda, uma disputa. O que interessa, neste momento, não é “ganhar a briga”, mas estudar com empatia(novamente a palavra mágica) o drama que aflige o companheiro. Não importa que ele leve a melhor no debate, que nos agrida, ameace e procure intimidarnos. Frequentemente ocorre ser ele muito mais treinado, em pelejas dessas categoria, do que o doutrinador. Foi tribuno, orador, escritor, pensador, teólogo; enfrentou grandes debatedores, argumentou em causas importantes, adquiriu cultura e aprendeu a manejar a palavra, como poucos. Leva nítida vantagem sobre o
doutrinador que, por mais bem preparado que seja, está contido pelos dispositivos da encarnação e, na maioria das vezes, ignorante de fatos importantes, que o Espírito conhece e manipula com inteligência e acuidade. Seria, pois, ingênua e perigosa imprudência tentar superá-lo numa discussão. Não se esqueça, por outro lado, de que não pode deixar o Espírito falando sozinho, a não ser em condições muito especiais, que a intuição do doutrinador deverá indicar. O Espírito precisa ser atendido com interesse, muito mais que com simples urbanidade. Não apenas se encontra na condição de visita, por assim dizer, pois veio até a nossa casa, como ele ficará ainda mais irritado, e difícil, se o recebemos com fria e polida cortesia, ou,
pior ainda, quando nos deixamos envolver pela sua agressividade e respondemos com idêntica hostilidade, que o aliena cada vez mais.
Estejamos certos de encontrar sempre, da parte deles, o desejo de nos arrastar à discussão azeda e violenta. É o clima que convém aos seus propósitos.
Calma, paciência, tolerância. Não altere a voz, não se deixe irritar, não reaja da maneira que ele espera, pois assim não conseguirá ajuda-lo.
Resista, mas resista mesmo, ao impulso de “responder-lhe à altura”, mesmo que tenha o argumento que parece decisivo.
De vez em quando, se ele insistir em falar em altos brados, faça-o compreender, em voz baixa e tranquila, que não é preciso gritar. Que a gente somente grita quando não tem razão. Ele acabará por convencer-se da justeza dessa observação. Se o doutrinador cai na tolice de gritar-lhe de volta, o clima torna-se insustentável e a situação difícil de ser contornada. Procure dirigir a conversação para o terreno pessoal, certo de que o Espírito está negaceando, precisamente para evitar cair nesse campo, que sabe ser o mais “perigoso”, por ser o único revelador do núcleo interior de sua problemática. Mas, não o force. Espere o momento oportuno. Aguarde pacientemente. Siga-o na conversa, sem aumentar sua irritação, sem atritar-se com ele. Não é importante superá-lo na troca de idéias.
Você não está ali para provar que é mais inteligente do que ele, nem mais culto, ou eticamente melhor do que ele; você está ali para ajudá-lo, compreendê-lo e serví-lo. Não há razão alguma para pensar que você é um Espírito redimido, e ele um réprobro enredado nos seus crimes. (1)
É certo, ainda, que, durante esse diálogo difícil — em que, tantas vezes, o doutrinador tem de aceitar o papel de um pobre, infeliz, débil mental, covarde, hipócrita, medroso –, haverá mistificações, propostas, bravatas, ameaças, ironias, tentativas de intimidação.
Mantenhamos o equilíbrio, atentos, porém, ao fato de que humildade não quer dizer submissão e aceitação sem exame de tudo quanto nos diz o Espírito manifestante, pois ele se encontra diante de nós exatamente para que tentemos convencê-lo de seus enganos, fantasias e deformações filosóficas, teológicas e psicológicas. É a sensibilidade do doutrinador que vai indicar em que ponto e em que momento interferir.
Enquanto esse momento não chega — e geralmente ele não ocorre, mesmo, na fase inicial do diálogo — esperemos com paciência, atentos às informações que o Espírito nos fornece, dado que é com elas que vamos montando o quadro que nos mostrará o perfil psicológico do comunicante. Atenção com os pormenores que pareçam irrelevantes: uma referência passageira, o tom de voz, uma lembrança fugaz, uma observação aparentemente sem importância. Tudo serve para compor o quadro. Lembremo-nos de que o perfil que procuramos é importante, é essencial ao entendimento da personalidade daquele irmão. Embora dificilmente admita, ele precisa da nossa ajuda. Se o mencionarmos, porém, ele replicará com toda a veemência, que de forma alguma precisa de nós. Está muito bem como está. Não poucos serão os que, ao contrário, nos farão propostas e nos dirão as mais estranhas bravatas.(1)
B.1 – AS AMEAÇAS
É comum ouvirmos:
“Vamos tomar pro vidências enérgicas”;
“Vamos botar fogo nesta casa”;
“Vou falar com o chefe”;
“Vou fazer uma petição para a destruição de todos aqui”;
“Como você quer morrer?”;
“Tenho ordens do chefe para acabar com você”;
“Eu lhe conheço não é de agora e sei como l he atingir”;
“Vigiai e orai disse Jesus… para não cairdes em tentação, pois o Espírito está pronto mas a carne é fraca”. (Marcos l4:38)
Os seres desencarnados inferiores que nos vigiam, nos espionam e nos assediam, sabem disso, tão bem ou melhor do que nós, e, enquanto puderem, hão de reter-nos na retaguarda, pelo menos, como disse um amigo espiritual muito querido, para engrossar as fileiras dos que estão parados.
Mesmo com toda a vigilância, e em prece, continuamos vulneráveis. E “eles” sabem disso: quando o esquecemos, eles nos lembram:
– Você pensa que é invulnerável?
Quem poderá responder que é? E as nossas mazelas, os erros ainda não resgatados, as culpas ainda não cobradas, as infâmias ainda não desfeitas? Contudo, temos que prosseguir o trabalho de resgate, a despeito dos espinhos das rosas, das ameaças e, logicamente, de um ou outro desengano maior. É preciso estarmos, no entanto, bem certos de que, em nenhuma hipótese, sofreremos senão naquilo em que ofendemos a Lei, e jamais em decorrência do trabalho de desobsessão, em si mesmo.
Seria profundamente injusta a Lei, se assim não fosse. Então, vamos ser punidos porque estamos procurando, exatamente, praticar a Lei universal do amor fraterno e da solidariedade que nos recomenda o Cristo?
Não aceitaremos a intimidação, mas não a devolveremos com uma palavra ou um gesto de desafio ou de provocação. É necessário não intimidar-se diante da bravata, mas sem cometer o engano de ridicularizá-la. Há uma diferença considerável em ser intimorato e ser temérario. Nossa bagagem de erros ainda a resgatar não nos permite usar o manto da invulnerabilidade, mas não deve deter os nossos passos na ajuda ao irmão que sofre. Mesmo que ele nos fira, com a peçonha de seu rancor inconsciente, quando lhe estendermos a mão, para ajudá-lo a levantarse, ele nos será muito grato se o conseguirmos e, no fundo, bem no fundo de si mesmo, ele, mais do que ninguém, deseja e espera que nós consigamos salvá-lo, pois que, por si mesmo, com seus próprios recursos, ele não o conseguiu ainda. E, afinal de contas, se os espinhos nos ferirem, aqui e ali, também estaremos nos libertando das nossas próprias culpas.
A regra, portanto, é esta: não ridicularizar a bravata, nem desafiar a ameaça, não responder à ironia com a mofa: não se intimidar, mas não ser imprudente.(1)
B.2 – PROPOSTAS E ACOMODAÇÕES
A proposta pode ser um simples negócio. Estão acostumados a tais ajustes e transações. Acham que tudo tem seu preço e dispõem-se sempre a pagar o preço combinado por aquilo que lhes interessa. Se podem comprar nossa desistência, por exemplo, não hesitarão em propor uma barganha:
– Está bem. O que você deseja para parar com isso?
“Parar com isso” é deixá-los fazer o que entendem, encerrar as atividades do grupo ou dedicar-se a outros afazeres mais inócuos e menos prejudiciais aos seus interesses. Concordarão, por exemplo, em deixar de atormentar alguém, a que particularmente estejamos dedicados, ou em liberar outros, que mantêm prisioneiros no mundo espiritual. Ou então nos oferecem coisas mais terra-a-terra, como dinheiro, posição, prazeres.
De outras vezes a proposição é mais sutil. Começam com elogios, exaltando nossas fabulosas “virtudes”:
– Você não sabe a força que tem! Poderia arrastar multidões, dominar mentes…
A um desses respondi que não sabia, ainda, como dominar a minha… E ele, imperturbável:
– Sabe, sim. Você sabe… Por que não fazemos um acordo?
Duas observações básicas é preciso ainda fazer, sobre tais propostas e acomodações: a primeira, é mais do que óbvia, ou seja, as concessões que nos oferecem têm elevado preço, por mais inocentes que se apresentem, à primeira vista. Além do mais, nada impede que desfaçam o trato, a qualquer tempo, quando não mais interessar-lhes o nosso concurso ou caducar a razão pela qual se valeram da nossa ingenuidade infantil. A cobrança virá, então, sobre aquele que concordou com o trato e que, de suposto aliado, passa à vítima inerme de sua própria tolice. A segunda observação é a de que, quando os nossos irmãos atormentados propõem semelhantes transações, com a finalidade de nos levarem a abandonar o trabalho, deixar de ajudar alguém, ou fazer, enfim, qualquer concessão, é porque estão começando a sentir-se algo perplexos, ante a resistência inesperada à sua vontade. Eles não estão habituados a fazer acordos para obter o que podem conseguir pela imposição e pela intimidação, ou pelo terror.
Tenhamos, porém, o bom senso de não procurar tirar partido da situação, imatura e precipitadamente. A prudência continua a ser a melhor conselheira. Além disso, não podemos permitir-nos utilizar, jamais, métodos semelhantes aos seus. Eles compreenderão nossos escrúpulos e nosso jogo aberto e acabarão respeitando-nos por isso, estejam ou não convencidos ante a nossa argumentação. Se a uma proposta, por mais infantil que seja, da parte deles, tentarmos “virar a mesa”, estaremos sintonizando-nos com o mesmo diapasão ético
com que eles nos experimentam e, com isso, irá por terra a precária ascendência moral que porventura tenhamos alcançado sobre eles. Não podemos, jamais, esquecer-nos de que são pobres irmãos desorientados, desesperados, dispostos a tudo, mas que necessitam de nós. Buscam aflitivamente alguém que não possam corromper com suas propostas, alguém que prove ser pelo menos um pouco melhor do que a média humana, com a qual estão acostumados a lidar. Não alimentemos a ilusão de demonstrar-lhes que, diante de nós, são simples vermes infestados de culpas, voltados à maldade intrínseca, e nós, seres redimidos, que condescendemos em estender-lhes a mão salvadora que, depois, iremos desinfetar. Absolutamente. É bem possível que sejam mais atilados psicólogos do que nós, mais experimentados do que nós, nessas duvidosas transações. Encaram suas tarefas deploráveis como complexas partidas de xadrez, nas quais têm, às vezes, que sacrificar uma dama, ou um bispo valioso, para dar o xeque ao rei. São metódicos, dispõem de amplos e minuciosos planejamentos. Não os subestimemos jamais, que as consequências serão funestas para nós.
Escarnecer de suas propostas, porque sentimos que estão fracos e algo perplexos, pode ser desastroso, e, além do mais, é desumano. São irmãos doentes, que precisam de ajuda e compreensão, e não de que os confirmemos nas suas práticas, retrucando aos seus processos ardilosos com ardis de idêntico teor.
Em situações como esta, costumo ter uma resposta padronizada. Não recuso a proposta, e nem a aceito. Confesso-me simplesmente incapaz de decidir, o que é estritamente verdadeiro. Usualmente, digo qualquer coisa assim:
– Não tenho autoridade para tratar com você. Procure um dos nossos companheiros espirituais, aí no mundo de vocês. O que ele resolver, está bem para mim.
A posição do doutrinador tem que continuar firme, paciente, tranquila, e até mesmo respeitosa, a não ser para aqueles que também estejam em desequilíbrio. É preciso respeitá-la. A criatura que está diante de nós, incorporada ao médium, encontra-se desatinada, necessitada de compreensão e de amparo. Merece nosso respeito. Seria profundamente desumano negacear com ela, tentando ludibriá-la com os mesmos recursos com que, no seu desespero, tentou enganar-nos. Que ela tente, isso é compreensível; mas que nós, também, experimentemos a mesma arma, é inadmissível. (1)
B.3 – DESVIO DE ATENÇÃO
Alguns Espíritos são bem mais artificiosos. Usam da ironia, fogem às perguntas, respondendo-nos com outras perguntas ou com sutis evasivas, que nada dizem. É comum tentarem envolver o grupo todo na conversa. Várias artimanhas são empregadas para esse fim. Dirigem perguntas aos demais circunstantes; dizem gracejos, para provocarem o riso; tentam captar a atenção por meio de gestos e toques, nos braços ou nas mãos dos que lhes ficam mais próximos; ensaiam a indução hipnótica ou o passe magnético. Muita atenção com estes artifícios.
Eles trazem em si uma sutileza perigosa e envolvente, pois constituem uma técnica de penetrar o psiquismo alheio.
B.4 – DUPLICIDADE DE DOUTRINADORES
Há casos em que o Espírito faz comentário ou gesto engraçado o que provoca riso da parte de algum componente da equipe encarnada. Com esta correspondência, o Espírito sente-se à vontade para prosseguir, muitas vezes até agradecendo o apoio dos componentes do grupo(embora o grupo como um todo não o esteja apoiando, mas certamente favorecendo-o involuntariamente). Assim fortalecido declara que não sairá ou entabula diálogo com o outro membro(ou doutrinador), a fim de desmoralizar aquele que o está atendendo.
Há, pois, excelentes razões para manter como regra, de raríssimas exceções, o princípio de deixar que apenas o doutrinador fale com o manifestante. É através daquele que atuam os Espíritos orientadores, que ficariam com seu esforço dispersado se tivessem que dar atenção e atuar, via intuição, sobre todos os componentes do grupo incumbidos ou autorizados a falar com o Espírito.
Às vezes, os circunstantes encarnados, não bem afinados afetivamente com o doutrinador, podem introduzir perigosos fatores de desagregação no grupo, se persistirem em acompanhar mentalmente a doutrinação, com um senso crítico imprudente, imaginando o que diriam em tais circunstâncias. Os Espíritos manifestantes têm, frequentemente, condições de captar-lhes o pensamento e, se o fizerem, certamente tirarão partido da discrepância, mesmo que ela fique imanifesta. Por isso, tanto se insiste na importância da fraternidade, entendimento e compreensão entre todos os componentes do grupo encarnado. Não que o doutrinador seja infalível, perfeito, nem que esteja sempre certo e com a razão; mas ele precisará do apoio e da compreensão de seus companheiros, ainda que tenha falhado; e, com frequência, ele falha mesmo, porque o terreno em que pisamos, no trato com esses irmãos desarvorados, é difícil, imprevisível e traiçoeiro.(1)
Vale salientar que caberá sempre ao Dirigente a tarefa de recomendar outro doutrinador para dar apoio ou mesmo substituir evangelicamente aquele que está dialogando.
B.5 – FIXAÇÕES MENTAIS
Quais são as fixações do Espírito? Todo processo obsessivo tem o seu núcleo: traição, vingança, espoliação, desamor. É, quase sempre, um caso pessoal, de conotações essencialmente humanas, com problemas suscitados no relacionamento. Dificilmente um Espírito obsidia outro apenas porque discorda dele em questões filosóficas ou religiosas, embora isto também seja possível, em casos extremos de fanatismo apaixonado.
Deixemo-lo falar, mas não tudo quanto queira, senão ficará andando em círculo, à volta de sua idéia central. Neste caso, continuará a repetir incessantemente a mesma cantilena trágica: a vingança, o ódio, a impossibilidade do perdão, o desejo de fazer a vítima arrastar-se no chão, como um louco varrido, e coisas semelhantes. O doutrinador precisa ter bastante habilidade para mudar o rumo de seu pensamento. Terá que fazê-lo, não obstante, com muita sutileza, arriscando, aqui e ali, uma pergunta mais pessoal, falando-lhe de uma passagem evangélica, que se aplique particularmente ao seu caso – e sempre haverá uma ou mais, que se adaptam perfeitamente às circunstâncias. Deixe-o falar, porém. Se grita e esbraveja, procure apaziguá-lo. Não se esquecer de que, por mais errado que esteja, no seu ódio irracional, ele está convencido dos seus direitos e, até mesmo, da cobertura divina. Muitos são os que invocam os dispositivos da Lei Maior, para exercerem suas vinganças e perseguições. Além do mais – dizem, se podem fazer aquilo, é que Deus o permite. Ele não tem poderes para fazê-lo cessar tudo? Por que não exerce tais poderes?
Atenção, pois, para essas idéias fixas. Por mais voltas que dê o Espírito, mesmo com a intenção consciente de ocultar sua motivação, ele não conseguirá isso por muito tempo.
No entanto, é preciso ajudá-lo a quebrar o terrível círculo vicioso em que se debate. Veja bem: ajudá-lo a quebrar, não quebrar, arranca-lo à força. Ele tem que sair com seu próprio esforço. Ajudar a fazer não é o mesmo que fazer, pelos outros, aquilo que lhes compete realizar.
Por outro lado, a fixação é, às vezes, tão pronunciada e tão absorvente, que o Espírito não tem condições, sequer, de ouvir o doutrinador, ou, pelo menos, não reage de maneira inteligível ao que este lhe diz. Isto não significa que o doutrinador deve calar-se; continue a falar-lhe, que as palavras irão insensivelmente se depositando nele, e mesmo que ele pareça não ouvir — e isso ocorre, mesmo, em certos casos — seu próprio espírito sente as vibrações fraternas que sustentam as palavras. Se é que o doutrinador realmente sente o que fala ou, melhor ainda, fala o que de fato sente.
Aguarde-se, pois, o momento de ajudá-lo a sair um pouco de si mesmo. Tem que haver, na sua memória, outras lembranças, outros sentimentos e até mesmo outras angústias, além daquela que constitui o núcleo da sua problemática. (1)
B.6 – PERGUNTAS AO COMUNICANTE
Coloque, de vez em quando, uma pergunta diferente, procurando atraí-lo para outras áreas da sua memória. Como, por exemplo: teve filhos?
Que fazia para viver? Crê em Deus? Onde viveu? Quando aconteceu o drama? Tem notícias de amigos e parentes daquela época? É claro, porém, que essas perguntas não devem ser desfechadas numaespécie de bombardeio ou de interrogatório. Ninguém gosta de submeter-se a devassas íntimas. Com frequência, os manifestantes reagem, perguntando se estão sendo forçados a processos inquisitoriais. Ou, simplesmente, se recusam a responder. Ou dão respostas evasivas. Ou. . . respondem.
Nem sempre estarão prontos para nos ajudarem a ajudá-los, logo nos primeiros contatos. O processo pode alongar-se por muito tempo, até que adquiram confiança em nós e nas nossas intenções.
O objetivo das perguntas não é, obviamente, o de satisfazer a uma curiosidade malsã e, por isso, devem limitar-se a conduzir a conversação, fornecendo-lhe pontos de apoio, sobre os quais ela possa expandir-se, a fim de afastar o pensamento do comunicante, ainda que temporariamente, do núcleo central que o bloqueia e o impede até mesmo de buscar a saída daquele círculo de fogo e lágrimas em que se encerrou inadvertidamente. Não nos esqueçamos, porém, de que espontaneamente ele não sairá, não porque não queira, mas porque não sabe. Sua vingança é a própria razão de ser de sua vida; como vai entregá-la a alguém — a um desconhecido bisbilhoteiro, como o doutrinador — a troco de uma realidade penosa, que é aquele momento patético em que ele descobre que a causa da sua dor está em si mesmo, e não na pessoa que ele persegue e odeia?(1)
B.7 – CACOETES/MUTILAÇÕES/DEFORMAÇÕES
Hermínio Miranda expõe na sua magnífica obra “Diálogo com as Sombras” algumas situações:
Em uma oportunidade, tivemos também um caso, intensamente dramático, de um pobre sofredor, guilhotinado na França, durante a Revolução.
Desde então — segundo apuramos em seguida — trazia a cabeça “destacada do corpo”, na mão direita, segura pelos cabelos. O diálogo inicial foi difícil, pois convicto de que estava sem cabeça, ele não tinha condições de falar. A custo, porém, o fui convencendo de que podia falar através do médium. Vivia apavorado ante a idéia de perder de vista a cabeça e nunca mais recuperá-la. Enquanto a tivesse ali, à mão, mesmo decepada, alimentava a esperança de “repô-la” no lugar.
Isto foi possível fazer, com a graça de Deus. Oramos e lhe demos passes. Subitamente, ele sentiu que a cabeça voltara à sua posição correta. Louco de alegria, ele apalpava-se e só sabia repetir:
– Ela está aqui! Ela está aqui!. . . E conferia, com a ponta dos dedos, toda a anatomia facial e craniana:
os olhos, o nariz, a boca, as orelhas. Estava tudo lá. E dizia:
– Posso falar! Estou falando!
Queria saber quem fizera o “milagre” de “colar” a cabeça novamente no lugar próprio. Quanto ao que lhe acontecera, não acreditava que Deus o tivesse feito, para castigá-lo, pois Deus não permitiria que um homem andasse sem cabeça por tanto tempo. Levo-o cautelosamente para uma introspecção, tentando fazer que ele encontre em si mesmo a razão do seu espantoso sofrimento. Explico-lhe que vivemos muitas existências. Em alguma de suas vidas anteriores ele encontraria a explicação. “Provavelmente”, digo-lhe, “você andou também cortando a cabeça de alguém”. É verdade, isso. Ele se lembra, agora, que eram infiéis a Jeová e, depois de condenados, ele os executava. Reviu até a fila de espera. . .
Outro sentia, ainda, a dor aguda de uma lança que o penetrara há séculos, quando terminou uma existência de inconcebíveis desatinos.
Continuava preso ao local onde exercera um poder discricionário, a ouvir os comentários de visitantes e turistas sobre suas próprias atrocidades.
Outro companheiro desorientado conservava feia cicatriz sobre o olho direito, porque ela lhe dava uma aparência terrível, que atemorizava aqueles a quem ele queria perseguir e afligir. (1)
B.8 – COMUNICAÇÕES “SIMULTÂNEAS” PELO MESMO MÉDIUM
Vamos recorrer ao Espírito Erasmo, mais uma vez:
– Já verificamos nos trabalhos de assistência, a tomada no campo do mesmo médium, de vários espíritos necessitados de ajuda, pelo grupo assistencial, em tempo relativamente curto. Como é possível?
– Realmente é o que ocorre. O grupo assistencial se serve da oportunidade da excitação mediúnica, para assistir a todos os necessitados que se encontrem em condições de serem atendidos.
Exemplifiquemos. No grupo de trabalho mediúnico, existem os médiuns A, B e C, excitados, respectivamente, nas faixas vibratórias 1, 2 e 3. O grupo assistencial tomará a todos os espíritos que se encontrem na faixa vibratória de intensidade “1” e os precipitará por intermédio do campo do médium “A”; os que se encontram na faixa vibratória “2”, serão tomados por intermédio do médium “B”; os que estiverem na faixa “3”, serão assistidos por intermédio do médium “C” e assim sucessivamente. Tudo se verifica com extrema rapidez para a referência de tempo dos encarnados.
– Pode ocorrer que, enquanto o doutrinador se entregue ao seu trabalho de doutrinação, mais de um espírito passe pela faculdade mediúnica?
– Ocorre com mais frequência do que pode se supor. O espírito só é retido na faculdade mediúnica para ouvir a fala do doutrinador, quando isso é útil e necessário à edificação do mesmo.
– Se podem passar pela faculdade mediúnica vários espíritos, enquanto o doutrinador se entrega ao seu trabalho, concluímos ser inútil a sua participação no ato. Que se pode dizer?
– Já dissemos e o repetimos, que nada resulta inútil na criação.
Mesmo que seja uma única palavra que venha o espírito a ouvir, um simples pensamento ou mesmo a influência da presença do doutrinador, deixará seus traços de utilidade no campo de apreensão do espírito.
Algumas vezes, basta ao espírito, apenas o impacto da presença do campo físico para trazê-lo à realidade. É conveniente acentuar que, também não existem vantagens em doutrinações quilométricas, discursos grandiloquentes ou outros expedientes que prolonguem a estada do espírito na faculdade pois que, nenhum doutrinador conseguirá muda as tendências de um espírito endurecido, na parcela de tempo de uma reunião ou mesmo, em alguns casos, na parcela de tempo de uma vida terrena. Assim resultam negativas, as longas dissertações a um espírito endurecido, o que se consegue algumas vezes é extenuar o médium utilizado.(4)
B.9 – LINGUAGEM ENÉRGICA
Sem dúvida alguma, a tônica do nosso diálogo com os irmãos desnorteados é a paciência, apoiada na compreensão e na tolerância.
Nada de precipitações e ansiedades. Bastam as ansiedades do irmão que nos visita e, se pretendemos minorá-las, temos que contrapor, às suas aflições, a nossa tranquilidade. Se o companheiro é agressivo e violento, o esforço deve ser redobrado, da nossa parte, em não nos deixarmos envolver pela sua “faixa”. A voz precisa continuar calma, em tom afável, sem precisar ser melosa; mas é imprescindível que seja sustentada pela mais absoluta sinceridade e por um legítimo sentimento de amor fraterno, sem pieguice.
Isto não exclui, por certo, a necessidade, às vezes, de uma palavra mais enérgica; mas, o momento de dizê-la tem que ser buscado com extrema sensibilidade, tato e oportunidade. E, se for necessário dizê-la, é preciso que a voz não se altere a ponto de soar violenta, autoritária ou rude. A energia não está no tom de voz, mas naquilo que dizemos.
Em casos excepcionais, sob condições especiais, mentores espirituais, presentes, incorporam-se em outros médiuns, para doutrinar o Espírito manifestado. É comum, nestes casos, falarem com inusitada energia e firmeza, e, no entanto, sem o menor traço de rancor, de impaciência, de agressividade. Um desses companheiros amados, certa vez disse um “Basta!”, com incontestável autoridade, ao Espírito que deblaterava com arrogância e impertinência.
O problema da palavra enérgica é, pois, extremamente delicado. Se pronunciada antes da hora, no momento inoportuno, pode acarretar inconvenientes e perigos incontornáveis, pois que não podemos esquecer-nos de que os Espíritos desarvorados empenham-se, com extraordinário vigor e habilidade, em arrastar-nos para a altercação e o conflito, clima em que se sentem muito mais à vontade do que o doutrinador. Se este “topar a briga”, estará arriscando-se a sérias e imprevisíveis dificuldades. Não pode, por outro lado, revelar-se temeroso e intimidado. Esse meio-termo, entre destemor e intrepidez, é a marca que distingue um doutrinador razoável de um incapaz, pois os bons mesmo são raríssimos. E aquele que se julga um bom doutrinador está a caminho de sua própria perda, pois começa a ficar vaidoso. Os próprios Espíritos desequilibrados encarregam-se de demonstrar que não há doutrinadores impecáveis. Muitas vezes envolvem, enganam e mistificam. Se o doutrinador julga-se invulnerável e infalível, está perdido: é melhor passar suas atribuições a outro que, embora não tão qualificado intelectualmente, tenha melhor condição, se conseguir manter-se ao mesmo tempo firme e
humilde.
A interferência enérgica é, pois, uma questão de oportunidade; precisa ser decidida à vista da psicologia do próprio Espírito manifestante, e da maneira sugerida pela intuição do momento. Nunca deve ir à agressividade, à irritação, à cólera, e jamais ao desafio.
Qualquer um de nós redobra suas energias, quando desafiado. É humano, é incontestavelmente humano, esse impulso. Quando alguém põe em dúvida um, que seja, dos nossos mais modestos atributos, tratamos logo de provar que, ao contrário, é naquilo que somos bons.
Ademais, seria desastroso recuar, intimidado, depois de uma observação mais enérgica. O Espírito perturbado tiraria disto o melhor partido possível, para os seus fins. Uma das muitas armas que manipulam, com extrema habilidade, é a do ridículo. Se cairmos na tolice de dizer-lhes algo que não podemos sustentar, ou em que transpareça uma pequena pitada de cinismo, de hipocrisia ou de prepotência, estaremos em apuros muito sérios.(1)
B.10 – TEMPO DE DOUTRINAÇÃO
Não há regras fixas. Apenas para efeito de conciliação de tempo e recursos da equipe. Ouçamos o Espírito Odilon Fernandes:(5) Sendo cada Espírito um mundo por si, a doutrinação deve ser conduzida naturalmente, não excedendo do prazo de dez minutos, para não cansar o médium e tomar o lugar de outra entidade que precise externar-se. Esse tempo é reduzido de forma significativa nas Reuniões de Desobsessão.
O médium doutrinador não deve esperar que o Espírito modifique o seu modo de pensar num diálogo rápido. A sua função básica é fornecer a ela um novo acervo de idéias para as suas conclusões pessoais. Jamais se esqueça que o Espírito é apenas uma pessoa desencarnada.
B.11 – FORÇA FÍSICA
Voltemos a consultar Erasmo quanto à questão.(6) – Nos casos de comunicações violentas, onde o Espírito, tomando posse do corpo do médium, manifesta a intenção de agredir, correr, etc., será conveniente a contenção física do mesmo pelos demais componentes do grupo?
– A força física situada na terceira dimensão, tem muito pouco ou nenhuma influência sobre um ser que se encontra pulsando na quarta dimensão. A força que pode atuar sobre o mesmo, é a energia do pensamento. Assim, o desejo de servir emanado de um grupo harmônico e pacífico, além de neutralizar a impetuosidade nociva do Espírito pouco evoluído, oferece condições para a aproximação dos mensageiros assistenciais. A irritação e o uso da violência para conter a violência, apenas provoca uma soma de energias negativas e cria dificuldades para a assistência espiritual. Em tais casos, deve o grupo permanecer em oração, calmo e confiante na assistência que nunca falta aos grupamentos sérios.
– Por que provoca uma soma de energias negativas, como foi dito acima?
No mundo da mente, os contrários se repelem e se anulam e os iguais se atraem e se somam.
Obedecendo a essa lei, quando o grupo, para anular a violência faz uso da mesma, o Espírito ao invés de ver anulada a sua energia maléfica, vampiriza a energia idêntica emanada do grupamento e sente crescer a sua capacidade de violência, numa soma de energias negativas, obediente à lei referida.
B.12 – DIFICULDADE DE SE EXPRESSAR EM NOSSA LÍNGUA
Já tivemos várias experiências de dificuldades de expressão, por parte do comunicante, na nossa língua. Eis algumas delas:
a) O Espírito encontra “material”(palavras, conceitos) na mente do médium compatível com a língua que habitualmente usava: Médium conhece Inglês e o Espírito ter vivido na Inglaterra ou saber a língua.
b) Espírito e médium terem experimentado encarnação passada juntos. Há no “material” do médium registros que lhe facultem passar a mensagem do comunicante em língua que atualmente não conheça.
c) O Espírito por mecanismo de “negação” mental não aceita falar em nossa língua, e demore muito tempo nesta insistência. Comum em entidades ligadas a cultos africanos ou índios cuja experiência passada junto ao “homem branco” os tenha colocado em situações de humilhação, dor, derrota, etc.
Em todos os casos, exercer pacientemente a Doutrinação, sem “obrigar” ao Espírito a se “enquadrar” à nossa língua.
Eis o que nos diz Kardec:
“Como já dissemos, os Espíritos não têm necessidade de vestir os seus pensamentos com palavras. Eles os percebem e os transmitem naturalmente entre si. Os seres encarnados, pelo contrário, só podem comunicar-se pelo pensamento traduzido em palavras. Enquanto a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, enfim, vos são necessários para a percepção, mesmo mental, nenhuma forma visível ou tangível é necessária para nós – Erasto e Timóteo.
OBSERVAÇÃO: – Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quais se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre o princípio de que o Espírito não se serve das idéias do médium, mas dos materiais necessários para exprimir os seus próprios pensamentos, existentes no cérebro do médium, e de que, quanto mais rico for o cérebro, mais fácil se torna a comunicação.
Quando o Espírito se exprime numa língua familiar ao médium, encontra as palavras já formadas e prontas para traduzir a sua idéia. Se o faz numa língua estrangeira, não dispõe das palavras, mas apenas das letras. É então que o Espírito se vê obrigado a ditar, por assim dizer, letra por letra, exatamente como se quiséssemos fazer escrever em alemão uma pessoa que nada soubesse dessa língua.
Se o médium não souber ler nem escrever, não dispõe nem mesmo das letras em seu cérebro. É então necessários que o Espírito lhe conduza a mão, como se faria a uma criança. Nesse caso há uma dificuldade material ainda maior a ser vencida”. (7)
B.13 – ESPÍRITOS LIGADOS À UMBANDA
Às vezes, também, embora o grupo não realize nenhum trabalho de Umbanda, surgem Espíritos acostumados a essas práticas. Suas primeiras manifestações seguem, quase sempre, a técnica a que estão acostumados. Aguardemos, pacientemente, para saber o que desejam.
Nada de expulsá-los sumariamente. Se os companheiros do mundo espiritual permitiram sua manifestação, num grupo estritamente espírita, orientado pelos ensinamentos de Allan Kardec, haverá alguma razão para isso.(1)
B.14 – OFERENDAS MATERIAIS/OBJETOS/ALIMENTOS
Vejamos a que nos diz o médium J. Raul Teixeira, no livro Diretrizes de Segurança:
“- É justo que, nas reuniões mediúnicas ou fora delas, se façam oferendas materiais, objetos ou alimentos, no intuito de atender aos caprichos ou aplacar as necessidades que os Espíritos denunciem?
RAUL – A ação espírita junto aos irmãos desencarnados deverá acatar, sempre, os objetivos espíritas, que são os da espiritualização das criaturas.
Nossas oferendas aos Espíritos serão, por isso mesmo, a nível vibracional.
Nossas orações, que representam emissões de energias da alma em alta frequência; nossas boas ações diárias, que a eles dedicamos como emissão de carinho e fraternidade, que são, também, fluídos impregnados de nobres qualidades. As Entidades que solicitam ou exigem coisas ou comidas e bebidas, reportando-se a seus gostos ou necessidades, são, indubitavelmente, companheiros desencarnados ainda em grande atraso moral, e os indivíduos que os atendem nessas transações mundanas, passam a se lhes associar, num circuito de interdependência de funestas consequências. A Espíritos ofertamos tão só as coisas do Espírito.”(8)
C) – O FECHAMENTO DA COMUNICAÇÃO
Alguns processos de auxílio podem ser utilizados neste momento.
a) A Prece conjunta com o Comunicante;
b) O Passe calm ante longitudinal;
c) O pedido aos Mentores da Reunião para provocar a retirada do comunicante para tratamentos complementares(Ex. Hospitais, Escolas, Câmaras de repouso, etc.);
d) O agradecimento sincero pela presença do Comunicante esclarecendo-o de que poderá voltar em outras oportunidades;
e) Chamando o médium pelo nome, evitando tocá-lo.
Nestes casos, estaremos diante de desincorporações.
Vejamos o Espírito Erasmo: (9)
– Como se dá o ato da desincorporação?
– Se dá por um procedimento inverso à incorporação. O ato da incorporação exige uma harmonia de frequência vibratória entre o médium e o comunicante. Para que ocorra a desincorporação, basta que a desarmonia vibratória seja provocada, quando os dois participantes do fenômeno não terão condições de permanecer no mesmo campo.
– O que pode provocar a desarmonia vibratória, para que ocorra a desincorporação?
– Sempre o pensamento, acionado pelo desejo de retornar à normalidade. O simples fato de o médium desejar retomar o seu invólucro físico, colocando-se em atitude de calma confiante, é o bastante para afastar-se do campo vibratório do Espírito e livrar-se de sua influência.
– Qual o motivo das convulsões verificadas no ato da incorporação e da desincorporação?
– O exagero, quase sempre corre por conta de uma falta de domínio do médium sobre o seu próprio equipamento. Entretanto, as contrações normais, são decorrência do impacto resultante do encontro das linhas de força do médium e do Espírito.
– O médium pode eliminar as contrações e as reações que se verificam em tais ocasiões?
– Àquelas que se verificam como decorrência de seu próprio animismo, podem e devem ser disciplinadas. As que se originam no comportamento do Espírito comunicante, podem ser minimizadas pela educação mediúnica.
BIBLIOGRAFIA:
01 – Hermínio C. Miranda – Cap. IV – FEB
02 – Pequeno Manual dos Médiuns – Cap. II, IV e V – Erasmo – C.E.I.S.
03 – No Invisível – 1ª Parte – Cap. VIII – As Leis da Comunicação Espírita – Léon Denis – FEB
04 – Pequeno Manual dos Médiuns – Cap. V – Incorporação – Erasmo – C.E.I.S.
05 – Mediunidade e Doutrina – Odilon Fernandes e Carlos Bacceli – Cap. XV – O Grupo Mediúnico
06 – Pequeno Manual dos Médiuns – Cap. V – Incorporação – Erasmo – C.E.I.S.
07 – O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Cap. XIX – Ítem 225 – LAKE
08 – Diretrizes de Segurança – Divaldo Franco/Raul Teixeira – Cap. XI- Perg. 104 – Ed. FRATER
09 – Pequeno Manual dos Médiuns – Cap. V – Incorporação – Erasmo – C.E.I.S.
UNIDADE IV – TÉCNICAS COMPLEMENTARES
IV.1 – A PRECE
A fé e o amor são os dois grandes instrumentos de trabalho do doutrinador.
A fé e o amor causam impactos espantosos em nossos irmãos infelizes.
A força e o poder da fé transmitem-se à prece, enunciada com emoção e sinceridade.
Citando os seus amigos espirituais, Kardec escreve, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. (cap. 28):
“Os Espíritos hão dito sempre: “A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.”
Estes ensinamentos são, na verdade, preciosos, para qualquer tipo de prece, em qualquer oportunidade, mas são de capital importância na prece que formulamos pelo Espírito desajustado que temos diante de nós, incorporado ao médium. Kardec torna isto particularmente claro, quando diz, mais adiante, no mesmo capítulo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
“A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lantejoulas. Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma idéia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo, não passa de ruído. Entretanto, notai com que ar distraído e com que volubilidade elas são ditas, na maioria dos casos. Vêem-se lábios a mover-se; mas, pela expressão da fisionomia, pelo som mesmo da voz, verifica-se que ali apenas há um ato maquinal, puramente exterior, ao qual se conserva indiferente a alma.”
Lembro que os destaques não são meus; estão no original. De transcendental importância, para os trabalhos de desobsessão, é a observação de que a prece “deve fazer refletir”. Muitas vezes, é durante a prece, dita em voz alta pelo doutrinador, ou por alguém por ele indicado no grupo, que o Espírito manifestante faz uma pequena pausa para pensar. A prece o envolve em vibrações pacificadoras, em uma ternura que, talvez há muito não experimenta. Ela deve ser elaborada em torno da própria temática que o companheiro nos tenha revelado, no decorrer do diálogo conosco.
Como tudo o mais que tentamos realizar nos grupos de desobsessão, a prece tem seu momento psicológico ótimo, que varia, necessariamente, de um caso para outro. Em certas ocasiões, é preciso orar ainda no princípio da manifestação, em virtude de o estado de agitação, ou de alienação, do Espírito, não nos permitir colher, antes, um pouco da sua história e da sua motivação. O melhor, no entanto, é esperar um pouco, aguardar esclarecimentos e informações que – nunca é demais recomendar – não devem ser colhidas em interrogatórios e através dos artifícios da bisbilhotice.
No momento propício – e mais uma vez temos que recorrer à intuição e ao senso de oportunidade – convém dirigir-se ao próprio Espírito e propor-lhe a prece. Dificilmente ele recusará, e, ainda que o recuse, devemos fazê-la, mesmo porque, não devemos pedir-lhe permissão para orar, e sim comunicar-lhe que vamos fazê-lo. Basta dizer, por exemplo:
– Vamos orar?
Ou:
– Agora vou fazer uma prece.
Como disse, dificilmente ele se oporá. Poderá, no máximo, dar um muxoxo desinteressado, ou fazer um comentário condescendente:
– Pode orar, se quiser. . .
Curioso, no entanto, que muito raramente eles procuram perturbar a prece. Geralmente ouvem-na em silêncio, senão respeitoso, pelo menos comedido. Alguns, no entanto, insistem em continuar falando, zombando ou ridicularizando. Um deles procurou dramatizar as minhas palavras, tentando reproduzir, em gestos, que acreditava muito cômicos, as imagens contidas no sentido das palavras pronunciadas.
A prece deve ser dita de preferência de pé, ao lado do companheiro manifestado, com as mãos estendidas para ele, como que a concentrar nele as vibrações e as bênçãos que invocamos. Alguns informam depois, ou durante a prece, que se acham “defendidos”, “protegidos” por “couraças” e “capacetes” invioláveis, nos quais – esperam eles – as energias suscitadas pela prece não poderiam penetrar.
Dirija a sua prece a Deus, a Jesus ou a Maria, pedindo ajuda para o companheiro que sofre. Se já dispõe de alguma informação sobre ele, fale especificamente de seu problema, como um intermediário entre ele e os poderes supremos que nos orientam e amparam. Eles se esqueceram, às vezes por séculos, e até milênios, de que esses canais de acesso estão abertos também a eles. Não têm mais vontade, ou interesse, de se dirigirem a Deus. Ou lhes falta coragem, por julgarem-se além de toda recuperação, indígnos e incapazes de projetarem o pensamento a tão elevadas entidades.(1)
EM TORNO DA PRECE
A maioria dos crentes espera encontrar na prece um instrumento de libertação do sofrimento, por processo de superação impossível.
Ora como se alimenta: para viver bem.
Todavia, a prece, diferindo do alimento físico, é estímulo que ajuda o homem a bem viver. Veículo de luz e pão da vida.
Quando a alma consegue manter o estado oracional, não pede: doa-se.
Não roga liberação do sofrimento, pois nele encontra a lição corretiva da vida, regularizando os compromissos nos quais fracassou.
A prece torna-se, então, racional, objetiva. Conduz a alma confiante às nascentes da vida, oferecendo-lhe a força de sustentação para suportar o fardo que deve carregar.
A prece constrói a ponte ou o telefone que faculta a conversação com o Senhor, ao invés de somente proporcionar inspiração para libertar o pedinte do fardo do Senhor.
A oração pode ser comparada à enxada laboriosamente movimentada no solo, onde se vai semear. É necessário saber conduzí-la bem.
Inutilmente rogará o agricultor ao solo que abra seu ventre, para que ali se coloquem sementes produtivas. Também será improfícuo solicitar à Madre Divina que se dilate em bênçãos, sem o laborioso esforço que granjeia o mérito.
Busca, assim, o coração de Jesus — o solo sublime — atingindo-O com a enxada abençoada da tua prece. Movimenta teus esforços, e as sementes do Céu, através dEle, se transformarão, oferecendo-te o pão necessário para uma vida feliz em teu roteiro de lutas.
Ora e suporta as dores.
Ora e aceita as correções necessárias.
Ora e busca haurir forças para continuar.
Orando, chegarás ao Senhor, que te deu, na prece, um meio seguro de comunicação com a Infinita Bondade de Deus, em cujo seio dessedentarás o espírito aflito…
Joanna de Angelis (Divaldo P. Franco, Messe de Amor, pág. 148) Oferta do Centro Espírita “Caminho da Redenção” Rua Jaime Vieira LIMA, 1 – Pau da Lima – Salvador, Bahia
IV. 2 – O PASSE
A técnica do passe magnético, nas sessões de desobsessão, merece algumas observações específicas.
Observamos que os textos aqui reproduzidos referem-se especificamente ao passe curador, aplicado em seres encarnados. Como sabemos, porém, o passe é utilizado também para magnetizar, provocando, nesse caso, o desdobramento do perispírito, e até o acesso à memória integral e consequente conhecimento de vidas anteriores, segundo experiências de Albert de Rochas, reiteradas posteriormente por vários pesquisadores.
Creio que princípios gerais semelhantes a esses aplicam-se também ao estudo do passe, nas sessões de desobsessão. Ele é realmente o recurso válido e potente, no trato dos nossos irmãos desencarnados; sua técnica, não obstante, precisa ser desenvolvida com muita prudência e seriedade.
A primeira norma que poderíamos lembrar é a de que não deve ser aplicado a qualquer momento, indiscriminadamente, e por qualquer motivo. O passe provoca reações variadas no ser humano, encarnado ou desencarnado. Ele pode serenar ou excitar, condensar ou dispersar fluídos, causar bem-estar ou incômodo, curar ou trazer mais dor, provocar crises psíquicas e orgânicas, ou fazê-las cessar, subjugar ou liberar, transmitir vibrações de amor ou de ódio, enfim, construir ou destruir.
Precisamos estar sempre protegidos pela prece e pelas boas intenções, sempre que nos levantamos para dar passes num irmão desencarnado incorporado. Mas, para que dar passes?
Em vários casos ele pode ser aplicado, mas é preciso usá-lo com moderação, para que, ao tentarmos acalmar um Espírito agitado, não o levemos a um estado de sonolência que dificulte a comunicação com ele, justamente do que mais precisamos. Se temos necessidade de dialogar, para ajudá-lo, como vamos entorpecê-lo a ponto de levá-lo ao sono magnético? Às vezes, no entanto, isso é necessário. Já debatemos por algum tempo o seu problema; o que tinha que ser dito, pelo menos por enquanto, foi dito, e ele continua agitado. Neste caso, o passe pode ajudá-lo a serenar-se. De outras vezes, é necessário mesmo adormecê-lo, a fim de que, ao ser retirado pelos mentores, seja recolhido a instituições de repouso, para tratamento
mais adequado, ou trazido na sessão seguinte, em melhores condições de acesso.
O passe ajuda também a desintegrar certos apetrechos que costumam trazer, como “capacetes”, “couraças”, “objetos” imantados, armas, símbolos, vestimentas especiais. Para isto serão passes de dispersão.
Com o passe, podemos mais facilmente alcançar-lhes o centro da emoção, transmitindo-lhes diretamente ao coração as vibrações do nosso afeto, que parecem escorrer como uma descarga elétrica, ao longo dos braços.
passe cura dores que julgam totalmente “físicas”, pois localizam-se muito realisticamente em pontos específicos de seus perispíritos. Com passes – e neste caso precisamos também de um médium que tenha condições de exteriorizar ectoplasma – poderemos reconstituir-lhes lesões mais sérias ou deformações perispirituais.
Com o passe os adormecemos, para provocar fenômenos de regressão de memória ou projeções mentais, com as quais os mentores do grupo compõem os “quadros fluídicos”, tão necessários, às vezes, ao despertamento de Espírito em estado de alienação.
Com o passe podemos também ajudá-los a livrar-se da indução hipnótica alheia, ou própria, isto é, da auto-hipnose.
São mais frequentes as oportunidades em que é preciso adormecer o Espírito, especialmente ao fim da conversa, de modo a serem conduzidos pelos trabalhadores desencarnados.
É também comum o trabalho de “desfazer” vestimentas especiais, dentro das quais se julgam protegidos de nossos fluídos. Certo Espírito, além de capacete e couraça, ligava-se por um fio, segundo nos explicou, ao seu grupo. Cinquenta companheiros seus haviam ficado reunidos, em rigorosa concentração, para sustentá-lo na sua “perigosa” missão junto a nós. O passe pode “desfazer” os fios que ligam Espíritos aos seus redutos. Desta vez, porém as ligações foram mantidas e, no devido tempo, os mentores do grupo utilizaram-se daqueles condutos para levar ao grupo deles uma vigorosíssima carga fluídica, que os desarvorou completamente.
Numa dessas ocasiões, o fio também foi preservado, para que, através dele, se “ retransmitisse”, aos comparsas do Espírito manifestado, as palavras que ele ouvia do doutrinador.
Com mais frequência do que seria de supor-se, somos instruídos a provocar a desintegração de objetos e apetrechos, como no caso daquele que nos trouxe, para fins muito bem definidos, um invisível prato de sangue, que depositou sobre a mesa.
São também constantes os fenômenos de regressão de memória, quase sempre reportando-se a vidas anteriores, nas quais se escondem núcleos de problemas afetivos. O passe ajuda os Espíritos, a despeito deles mesmos, nesses mergulhos providenciais no passado, mas nem sempre necessariamente em vidas anteriores.
Na prática da desobsessão, tenho tido oportunidade de observar as possibilidades e recursos do passe sobre companheiros desencarnados e creio poder contribuir com algumas observações, ainda que preliminares, mas bastante encorajadoras.
Sem dúvida alguma, o passe é recurso válido nos labores mediúnicos, mas deve ser empregado com certas cautelas e com moderação. Nesse campo, definições precisas e definitivas não existem ainda, pelo simples fato de que o ser humano, além de ser uma organização consciente extremamente complexa, é imprevisível. O passe, como todos os demais recursos com que procuramos socorrer os nossos irmãos desencarnados em crise, precisa ser ministrado no momento certo, com a técnica adequada e na extensão necessária. Mas, qual o momento, qual a técnica e qual a extensão, para cada caso? Não podemos ainda –
– e creio que não poderemos fazê-lo tão cedo — escrever normas rígidas para a tecnologia do passe sobre os desencarnados.
No entanto, os amigos espirituais que tão generosamente se colocaram ao nosso lado, para orientar e apoiar o nosso trabalho de doutrinação, têm-nos trazido sempre o estímulo dos seus ensinamentos, e creio que algumas observações já estão mais amadurecidas e em condições de mais aprofundados estudos e desenvolvimento. Nunca é demais lembrar que, neste campo de trabalho, o conhecimento real emerge da experimentação, de um ou outro engano, de falhas e de êxitos, mas que, em hipótese alguma, deveremos enveredar imprudentemente pelas trilhas da fantasia, desligados dos conceitos fundamentais da Doutrina Espírita, tal como codificada por Kardec e suplementada pelos seus continuadores. A teorização somente é válida quando escorada na experiência, mas não devemos esquecer que a recíproca também é legítima, ou seja, a experimentação deve balizar-se dentro daqueles conceitos fundamentais que a Doutrina e a lógica já confirmaram.
Em contraposição a tais processos, a identificarão da mediunidade em potencial e o seu desenvolvimento, em termos de Doutrina Espírita, devem resultar de cuidadoso planejamento, estudo metódico e prática bem orientada, mesmo porque, qualquer trabalho mal orientado, nesta fase, pode criar vícios de difícil erradicação posterior.
Poucos estudos existem, ao que sabemos, sobre o passe aplicado aos seres desencarnados, não apenas para fins curativos de disfunções perispirituais, como para provocar a regressão de memória. Parece, no entanto, lógico inferir que o mecanismo é idêntico ao passe aplicado em seres encarnados. Os ensinamentos de André Luiz permitem-nos concluir assim, quando informam que o passe magnético, apoiado na prece, constitui poderoso fator de reajustamento para os desencarnados cujos perispíritos se acham lesados em decorrência de quedas morais.
Em suma: o passe tem importante lugar no trabalho mediúnico, mas precisa ser utilizado com prudência e sob cuidadosa orientação dos trabalhadores desencarnados. Não deve ser empregado para atordoar o manifestante, exatamente quando precisamos de sua lucidez para
argumentar com ele sobre o seu problema; mas, às vezes, precisa ser aplicado exatamente para serená-lo e prepará-lo para outra ocasião, em que se apresentará mais receptivo. Tenho perfeita consciência das dificuldades que o problema oferece e do embaraço em que me encontro para ser mais específico na formulação de observações concretas e de normas de ação mais definidas. Em assuntos dessa natureza, é melhor confessar a escassez de conhecimentos do que arriscar-se a ditar regras que não estão nitidamente definidas pela experiência. Se posso sugerir alguma coisa, é que exercitem com parcimônia o recurso do passe em Espíritos desencarnados e observem atentamente seus efeitos e possibilidades. Um dia saberemos mais acerca desse precioso instrumento de trabalho, no campo mediúnico.(2)
Vale salientar que os “Toques” ou pressões nos chakras Frontal, Coronário, Solar, Nuca, etc., são práticas desnecessárias, aliás, diga-se de passagem, são geradores de irritação e desconcentração do médium, o qual se vê depois de certos “apertos” com dores locais ou tensões que refletem o estado de desconforto a que são submetidos.
Vejamos três opiniões de Divaldo Franco e Raul Teixeira no seu livro “Diretrizes de Segurança”.(3)
Para a aplicação do passe, o médium deve resfolegar, gemer, estalar os dedos, soprar ruidosamente, dar conselhos?
DIVALDO – Só quando ele estiver cansado é que tal se dará. Todo e qualquer passe, como toda técnica espírita, se caracteriza pela elevação, pelo equilíbrio. Se uma pessoa cortês se esforça para ser gentil, na vida normal, porque, na hora das questões transcendentais, deverão permitir-se desequilíbrios? Se é um labor de paz, não há razão para que ocorram desarmonias ou se dêem conselhos mediúnicos.
Se se trata, porém, de aconselhamento mediúnico, não se justificará que haja o passe. É necessário situar as coisas nos seus devidos lugares. A hora do passe é especial. Se se pretende adentrar em conselhos e orientações, tome-se de um bom livro e leia-se, porque não pode haver melhores diretrizes do que as que estão exaradas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e nas obras subsidiárias da Doutrina Espírita.
78. Na aplicação dos passes, há necessidade de que os médiuns passistas retirem de seus braços, de suas mãos, os adornos, como pulseiras, relógios, anéis? Isto tem alguma implicação magnética, ou é apenas para evitar ruídos e dar-lhes maior liberdade de ação?
DIVALDO – Em nossa forma de ver, a eliminação dos objetos de uso e os adornos não têm uma implicação direta no efeito positivo ou negativo do passe. Porque é mais cômodo e evita o chocalhar dos braceletes, das argolas, das pulseiras, que produzem uma sensação desagradável, devem ser retirados.
80. Muitos que aplicam passes, logo após, sentam-se para recebê-los de outros, a fim de se reabastecerem. Que pensar de tal prática?
RAUL – Tal prática apenas indicam o pouco entendimento que têm as pessoas com relação ao que fazem.
Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente, nos movimentos ritmados das mãos, ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibrações, que nos chegam dos Amigos Espirituais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos nós, a princípio, beneficiados e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez.
Incorre numa situação no mínimo bisonha o fato de que aquele que aplicar o passe por último estaria desfalcado, sem condições de ser atendido por outra pessoa.
Não é demais lembrar que há hábitos já enraizados os quais merecem uma revisão de avaliação e coerência dentro das propostas da FÉ RACIOCINADA e LIBERTAÇÃO DE PRECEITOS E PRECONCEITOS que o Espiritismo nos propõe:
a) – Há doutrinadores que não param de dar passes sucessivos(no médium ou no Espírito comunicante?) enquanto tentam ouvir ou manter um diálogo. Não há necessidade de generalizar. Temos que permitir as fases da Doutrinação — Abertura, Diálogo e Fechamento – buscando deixar para o final o passe longitudinal calmante(caso de Espíritos agitados, agressivos) ou longitudinal excitante(caso de Espíritos dementados ou abatidos energeticamente).
b) – O toque no frontal geralmente com pressões é uma atitude de desconhecimento da estrutura fluídica (energética) dos centros de força a qual DISPENSA a força material. A verdadeira força a influenciar é a MENTAL.
c) – Há médiuns que se condicionaram ao final de cada comunicação virem a ser “tratados” pelos mentores, geralmente Pretos-Velhos, Caboclos, Índios, Ciganos, etc. Nada temos contra estes Espíritos porém, a Educação dos Médiuns viabilizará a confiança e a sintonia com o Mentor Mediúnico quais permitirão as chamadas “limpezas fluídicas” no médium apenas nos casos de estrita necessidade, ficando o médium responsável por adquirir autoconfiança e autodefesa psíquica e aplicá-la na grande maioria das situações. Há vícios que são resultantes da simbiose MÉDIUM-MENTOR-MÉDIUM.
IV. 3 – O CHOQUE ANÍMICO
Se os Espíritos são sofredores, ressentindo-se, portanto, das marcas da desencarnação ou das sequelas das enfermidades que os vitimaram deverão sair aliviados e esperançosos; se são Espíritos que EXPÕEM-SE AO RIDÍCULO AQUELES QUE DESCONHECEM A DOUTRINA Sobre o último ponto de que tratamos em o nosso precedente escrito, é ainda o Mestre quem, no “O Livro dos Médiuns”, elucida a questão do uso abusivo de nomes venerados, por parte de Espíritos mistificadores, ministrando aos experimentadores conselhos e advertências que, infelizmente, são, as mais das vezes, desprezados.
Expõe ele, no lanço a que nos referimos, o caso de um Espírito que assinou com o nome de Bossuet numa comunicação e que, depois, tendo o Espírito de São Luís revelado o embuste, confessou não ser o Espírito do grande bispo francês.
A esse propósito, observou Allan Kardec, em nota que se lê no fim daquele volume, aposta à comunicação XXXIV, no capítulo XXXI “Dissertações Espíritas”:
“Efetivamente a facilidade com que certas pessoas acolhem o que vem do mundo invisível, acobertado por um grande nome, é que anima os Espíritos enganadores.
Todo o cuidado e atenção se devem aplicar em lhes frustrar os ardis. Isto, entretanto, não se consegue senão com o auxílio da experiência adquirida mediante um estudo sério. Por isso mesmo, repetimos incessantemente: Estudai, antes de praticar, pois que esse é o meio único de não adquirirdes a experiência à vossa custa”.
AS SESSÕES PRÁTICAS DO ESPIRITISMO
SPARTACO BANAL
desconhecem a sua condição de desencarnados por estarem confusos e iludidos com uma realidade inesperada, o diálogo e as percepções ambientais que lhes sejam facultadas na reunião prepará-los-ão a fim de que os Amigos Espirituais, parentes desencarnados ou mesmo os doutrinadores lentamente os esclareçam com relação à nova condição de vida. Se, porém, negam a condição de desencarnados pelo fascínio do materialismo, escamoteando a verdade e auto-hipnotizando-se a ponto de passarem a crer na própria ilusão que construíram serão conduzidos através do choque anímico a “ remorrerem”, vivendo de novo o instante da desencarnação. Os amedrontados, perseguidos por outros Espíritos se entregarão confiantes à proteção do grupo. Os dementados e de mentes avassaladas por sevícias e profundas sugestões hipnóticas desfechadas por seus algozes vão a pouco e pouco se libertando. A presença de mistificadores não será habitual ocorrendo tão somente para nossa instrução e objetivando atender o doente no seu mal específico que é o hábito infeliz de burlar. Os ditos obsessores apresentar-se-ão controlados e alguns deles haverão de se sensibilizar ante os exemplos que lhes possam ser passados.
Vemos o exemplo do Espírito Ricardo quando buscava perseguir Julinda. (“Nas Fronteiras da Loucura”) o qual ao ser ajustado ao equipamento mediúnico de Jonas passa pela seguinte situação:(4).
Psiquicamente, o Instrutor despertou, por efeito de indução mental, Ricardo, que estranhou o que se passava. Após olhar em derredor, assustado, o Espírito pareceu sentir-se em desconforto.
Obsidiando Julinda, a sua era uma ação que ele provocava ao próprio falante, enquanto que, imantado a um médium educado psiquicamente, se sentia parcialmente tolhido, com os movimentos limitados e porque utilizando os recursos da mediunidade, recebia, por sua vez, as vibrações do encarnado que, de alguma forma, exercia influência sobre ele.
Ao pensar em desvencilhar-se da incômoda situação, percebeu que acionava o corpo físico de que se utilizava, sem saber como. Pensou em reagir e ouviu a própria voz pelos lábios do médium.
– Que faço aqui? – indagara.
– Visita-nos, por mercê da vontade de Deus – respondeu o doutrinador.
– E onde me encontro? Que se pretende de mim?
– O caro amigo está em casa, em nossa Casa de Oração, onde todos que nos preocupamos uns com os outros, pensando na felicidade geral.
Ricardo encolerizou-se. Tomado pela crueldade que se lhe aninhara n’alma, quis agredir o interlocutor, acionando o médium, mas não o logrou.
Na mediunidade educada, mesmo em estado sonambúlico, o Espírito encarnado exerce vigilância sobre o comunicante, não lhe permitindo exorbitar, desde que o perispírito daquele é o veículo pelo qual o desencarnado se utiliza dos recursos necessários à exteriorização dos sentimentos.
Compreendendo que mais nada poderia ser feito naquela conjuntura e inspirado por Dr. Bezerra que acompanhava a tarefa sob controle, passou a aplicar passes no médium, enquanto o Mentor desprendia Ricardo, que se liberou, partindo na direção de Julinda, sob a força da imantação demorada a que se fixara, não se dando conta de como sequer retornava.
A etapa inicial do nosso trabalho, no problema Julinda-Ricardo, coroa-se de bênçãos.
“Desejávamos produzir um choque anímico em nosso irmão, para colhermos resultados futuros. Que o Senhor abençoe nossos propósitos!”.
IV. 4 – A REGRESSÃO DE MEMÓRIA
Técnica de Regressão: REUNIÃO MEDIÚNICA SÉRIA
Toda e qualquer reunião mediúnica séria, que tem como metas precípuas o intercâmbio saudável da iluminação e conforto, de instrução e socorro, de aprendizagem e ajuda é o resultado natural do esforço empreendido pela equipe dos encarnados em relação aos dirigentes espirituais.
São requisitos imprescindíveis para o êxito de uma reunião mediúnica séria:
a) a afinidade entre os seus participantes;
b) a lealdade de propósitos, voltando o pensamento para os objetivos relevantes;
c) o comportamento edificado no bem;
d) a sinceridade no intercâmbio fraternal entre os membros que a constituem;
e) o desinteresse pelas questões frívolas, imediatistas e vulgares do cotidiano;
f) a vigilância na lucidez durante o transcurso da atividade, porquanto, a mente sonada, a indisposição, o estado interior de modorra constituem uma maneira poderosa de perturbar o fluxo da corrente vibratória do mundo espiritual para a Terra e da Terra para o mundo espiritual.
Precatem-se os participantes das reuniões mediúnicas sérias contra as ciladas contínuas da insensatez, do cansaço, da desmotivação e da rotina para que, nos parcos minutos de intercâmbio espiritual estejam dispostos a uma contribuição valiosa na área psíquica, recebendo em volta a inspiração, a paz e o bem-estar pelo socorro dispensado às Entidades em sofrimento, trazidas a este recinto que se transforma em um ambulatório de atendimento urgente aos carenciados da nossa esfera de ação.
Assim portanto, o êxito de qualquer empreendimento no qual dois grupos se conjugam, a sua realização exitosa dependerá da eficiência e contribuição de ambas as partes, sem o que, o fracasso é o resultado inevitável.
João Cleofas
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, em 25.06.1990, na reunião mediúnica no Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador-BA) Encontro Estadual de Espiritismo, novembro/1990
“Levar o Espírito a recordar-se de fatos do seu passado, de suas últimas e anteriores reencarnações despertando lembranças que jazem adormecidas”.
Os trabalhadores da espiritualidade, agem acordando as reminiscências, nos painéis da mente, seja formando quadros fluídicos que evidenciam sua própria responsabilidade perante os fatos em que se proclamava inocente e vítima.
Na regressão, fatos esquecidos ou aparentemente esquecidos passam a ser conscientes. Quando os fatos retornam à consciência, o Espírito vê com clareza e objetividade, resultando de plena retomada da sua ação/atitude mental diante das próprias escolhas. Quando o Espírito
amadurece, o processo da auto descoberta lhe possibilita enfrentar as suas próprias imperfeições, fazendo esforço para vencer as suas más tendências e inclinações. (5)
Devemos salientar que tal técnica não deve ser confundida com as Terapias de Vidas Passadas aplicadas aos encarnados.
Ouçamos Hermínia Prado Godoy, no Livro “Terapia de Vidas Passadas”, página 131:
“O terapeuta se vale das técnicas de que dispõe para conduzir o cliente ao passado, obtendo dele as informações que trazem o entendimento, a compreensão e explicação que justificam o padrão de vida que vem adotando. Ajuda o cliente a localizar no passado suas decisões básicas de vida, que relação existe com sua vida presente, e promove, através do processo de redecisão, uma mudança atual de comportamento.
O terapeuta-guia, auxilia e dá suporte ao cliente para que elimine ou suavize a interferência de pensamentos, sentimentos, sensações físicas e comportamentos que lhe foram úteis no passado, mas que hoje, no presente, não condizem com sua forma de vida. Sendo assim, o
cliente consegue se liberar do controle que seu passado exerce na sua vida presente.
Quando se trabalha com regressão, entra-se num campo que ainda é muito desconhecido. Não temos ainda um embasamento teórico consistente sobre como funciona a memória do inconsciente, como o consciente se comunica com o inconsciente, como se processa o estado
alterado de consciência e nem como a hiperconsciência se relaciona com o inconsciente.”
Conforme nos ensina Hermínio Miranda, no seu livro “Diálogo com as Sombras”.(6)
“Vários recursos são empregados, pelos mentores espirituais dos grupos de desobsessão, para obter dos companheiros desarvorados o mergulho necessário nas lembranças recalcadas.
Um dos mais comuns é o da projeção dos chamados “quadros fluídicos”.
O Espírito vê, diante de si, incoercivelmente, cenas vivas de seu passado, especialmente aquelas que constituem o núcleo de sua problemática, que precisa ser dispersado, para desatar os laços que o prendem às suas angústias e ao seu alheamento. É evidente que as cenas não são criadas com a substância evanescente da fantasia; a matéria-prima, indispensável a essas montagens, encontra-se nos arquivos perispirituais do ser ali presente. Os técnicos desencarnados limitam-se a manipular, com respeito e dignidade, os recursos necessários para desencadear o processo terapêutico, como o médico que ministra um remédio amargo, justificado pela expectativa da cura de seu doente.
Não temos, ainda, os encarnados, condições e conhecimentos para apreender a essência das técnicas empregadas para a obtenção das projeções. André Luiz deixa-nos entrever tais processos, em “Missionários da Luz”, quando narra o trabalho de doutrinação junto a um ex-sacerdote desencarnado:
“… vários ajudantes de serviço – escreve ele, no capítulo 17 – recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico, o que, embora não fosse novidade, me surpreendeu pelas características diferentes com que o trabalho era levado a efeito”.
– “Esse material — explicou o instrutor – representa vigorosos recursos plásticos, para que os benfeitores de nossa esfera materializem provisoriamente certas imagens ou quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas infelizes”. (Destaques desta transcrição).
CONHECIMENTO SEM AMOR
O mestre, recolhido em meditação, semelhava-se a uma flor de lótus em pleno desabrochar.
Ensinando, o canto da sua voz evocava o cicio da brisa nas folhagens umedecidas pelo sereno da noite.
Os discípulos, à sua volta, entemeciam-se, aprendendo a conquistar o caminho da elevação.
– Vinde comigo – propôs-lhe um dia, o homem santo – e eu vos mostrarei a Lei de Justiça trabalhando as vidas rebeldes.
“Aquele cego recupera, na sombra, o mau uso da visão em outra vida.
Este paralítico educa as pernas que o levaram ao crime noutra existência.
Este imbecil recompõe a mente que explorou e vilipendiou em jornada pretérita.
Os esfaimados, que se entredevoram, nos montes de lixo, ali, buscando detritos para se alimentarem, disciplinam os estômagos viciados pelos excessos, padecendo humilhação, a fim de se recuperarem do orgulho exacerbado em experiências carnais anteriores.
Ante o quadro comovedor, um jovem discípulo, sensibilizado pelo amor que lhe brotava na alma sonhadora, interrogou:
– Não poderíamos fazer algo em favor desses infelizes que, afinal, são nossos irmãos?
– De forma alguma – bradou o homem que sabia. – Eles resgatam e devem sofrer o mal que fizeram. Ajudá-los, seria prejudicar o cumprimento das leis… Deixemo-los e cuidemos de evoluir, em nossa meditação e abandono do mundo…
O séquito prosseguiu, e o tempo venceu o ciclo das horas.
O mestre morreu, e um dia, não obstante houvesse conhecido a técnica da reencarnação, volveu ao proscênio terrestre, sob dificuldades morais e mentais muito severas, como decorrência do egoísmo que lhe minava as fibras da alma e da indiferença pela dor do próximo, que lhe enregelava o sentimento.
Não basta o conhecimento, desde que lhe não siga após a ação benemerente e salvadora.
A fé, portanto, abençoada, morre ou é insuficiente para salvar o homem, caso as mãos da caridade não se distendam em atividade de amor.
IV. 5 – HIPNOSE
Vamos passar a analisar o processo de Hipnose como uma das Terapias de Socorro aos Espíritos; para tal, devemos conhecer o seu mecanismo e utilização.
Todo e qualquer pensamento não é mais que um fenômeno de memória que se resume no despertar ou no reproduzir de uma sensação anteriormente percebida. Existem agregados de imagens visuais, auditivas, táteis, olfativas, gustativas, imagens estas que são ao mesmo tempo sensações e são matérias primárias das operações intelecto-memória-raciocínioimaginação, que são fenômenos psíquicos. Seguem-se que a imaginação e a abstração dominam as manifestações do Espírito. Todo pensamento cria uma série de vibrações, na substância do corpo mental correspondente à natureza do mesmo pensamento. Emitindo uma idéia, passamos a refletir as que se lhe assemelham se corporificando e tomando formas conforme a intensidade do pensamento.
Fenômenos Hipnóticos
1. Hipnotismo Vulgar – ciência de atuar sobre o Espírito; para que a impressão se faça duradoura, faz-se necessário a obediência total ao magnetizador.
2. Sugestão – (ato ou efeito de sugerir), inspiração , estímulo , instigação.
A sugestão é o fator principal da hipnose.
3. Hipnotismo sob o ponto de vista da sensibilidade:
anestesia(insensibilidade) e hipertesia(sensação à distância).
Chamamos deslocamento da sensibilidade.
4. Hipnotismo sob o ponto de vista motor: (letargia – catalepsia – contraturas).
5. Hipnotismo sob o ponto de vista psíquico: considerável obinubilação da consciência e da vontade (bloqueio).
Terapia dos Fenômenos Hipnóticos:
Isto se dá por operação de “circuito fechado” — exteriorizando um rigoroso regime de ação e reação, sobre si mesmo e o outro; isto é SINTONIA e INDUÇÃO — absorção dos agentes mentais e emissão de ondas mentais com todas as pontencialidades criadoras da ideação. E ficam habilitadas as formas-pensamentos que lhe são sugeridas.
Graus de Passividade:
a – Letargia – suspensão das forças vitais(geral);
b – Catalepsia – suspensão das forças vitais(localizada);
c – Sonambulismo – estado de independência e emancipação da alma.
O pensamento exterioriza-se e projeta-se formando imagens e sugestões. Quando benígno, ajusta-se às leis que nos regem criando harmonia/ feclicidade.
Pensamento/Vontade – Pensar/Agir
Fatores do comportamento individual a princípio; e coletivo logo depois em que se reúne por grau de afinidade psíquica e vibram na mesma faixa pensamento, produzindo processos de profunda hipnose, que se despersonalizam e se nutrem reciprocamente.
O Espiritismo oferece princípios de elevação da estrutura moral, facilitando a absorção das idéias superiores capazes de manter uma higiene psíquica/libertadora. As idéias plasmadas e aceitas pelo psiquismo, criam painéis delicados com imagens vitalizadoras. As idéias superiores condicionam a libertação e a regeneração. (6)
COMO RECONHECER QUANDO ALGUÉM ESTÁ OBSIDIADO
Quando alguém está sofrendo obsessão, há alterações de comportamento físico, mental e emocional.
Qualquer pessoa com conhecimento doutrinário espírita e um pouco de treinamento no campo do atendimento a obsidiados, reconhece os sinais dessa alteração. (Percepção de fluídos ou a vidência são bons auxiliares na verificação do estado obsessivo, mas não são meios exclusivos nem infalíveis).
Na obsessão simples, os sinais revelados são tênues, insuficientes para se detectar a influência maléfica, a não ser para quem conheça a pessoa no seu estado normal.
Quando a obsessão se acentua, os sinais de alteração começam a ficar evidentes, tais como:
– Olhar fixo, esgazeado ou fugidio, sem encarar a ninguém;
– tiques e cacoetes nervosos;
– desalinho ou desleixo na aparência pessoal – excentricidade;
– agitação, inquietude, intranquilidade;
– medo e desconfiança injustificados;
– apatia, sonolência, mente dispersiva;
– idéias fixas;
– excessos no falar, no rir; mutismo ou tristeza;
– agressividade gratuita, difícil de conter;
– ataques que levam ao desmaio, rigidez, inconsciência, contorsões, etc.;
– pranto incontrolado sem motivo;
– orgulho, vaidade, ambição ou sexualidade exacerbados.
Na subjugação, quando a pessoa volta ao normal, após uma crise, geralmente se queixa do domínio sofrido e lamenta atos infelizes que praticou.
Na fascinação, os demais notam a fantasia, o fanatismo, a fixidez, o absurdo das idéias, só a pessoa que não.
No Médium, destacaremos os seguintes sinais obsessivos: ( ítem 243 do “Livro dos Médiuns”):
1. Persistência de um Espírito em se comunicar, bem ou mau grado, pela escrita, audição, tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam.
2. Ilusão que, não obstante a inteligência de médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe.
3. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e, sob nomes respeitáveis, dizem coisas falsas e absurdas.
4. Confiança do Médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam.
5. Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis; tomar a mal a crítica das comunicações que recebe.
6. Necessidade incessante e inoportuna de escrever e dar comunicações.
7. Constrangimento qualquer dominando-lhe a vontade. Rumores e desordens ao seu redor, sendo ele de tudo a causa ou o objetivo.
Livro consultado: “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec – Cap. XXIII –
2ª Parte.
As cores das roupas que os médiuns estejam usando, interferem na qualidade do fenômeno mediúnico?
RAUL – Em nada interferem as cores de uso externo do médium na qualidade dos fenômenos mediúnicos. Interagem, isto sim, as cores de dentro, o caráter, o modo de ser e de viver de cada um. (3)
UNIDADE V – PROBLEMAS E SOLUÇÕES
V.1 – CONTRADIÇÕES E MISTIFICAÇÕES
A contradição se dá quando o mesmo Espírito diz ora uma coisa e ora, outra contrária.
Espíritos pouco evoluídos com frequência se contradizem, porque:
1) suas idéias nem sempre são corretas nem firmes;
2) podem estar procurando enganar a quem os ouve e “mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo”.
Entretanto, nas mensagens dos Bons Espíritos eventualmente poderão se notar contradições, porque:
1) o meio-ambiente desfigurou a resposta dada;
2) o meio de comunicação foi insuficiente;
3) falta comparação das coisas espirituais em nosso mundo;
4) o espírito dosou o conhecimento conforme os que o ouviam, evitando ferir certos preconceitos, para poder continuar instruindo o grupo.
Para distinguir entre a contradição culposa ou por ignorância e a simples adaptação de conhecimentos e forma de expressão, é preciso:
estudo cuidadoso e longo das comunicações, aprofundamento das idéias expostas pelos Espíritos.
E se nos falta tempo ou capacidade para uma análise assim? Um meio há de evitar que a idéia contraditória do Espírito nos prejudique: fazer o bem e não o mal, porque o bem é um só.
A mistificação consiste em o Espírito comunicante falsear a verdade, dizer-se o que não é, pretender enganar ao médium e ao grupo.
O meio mais simples de evitá-la: não pedir à prática mediúnica, à relação com os Espíritos, o que ela não nos pode nem deve dar – a transgressão às leis divinas, o atendimento de interesses egoístas e mesquinhos, porque a verdadeira finalidade do intercâmbio mediúnico é
o melhoramento moral da Humanidade.
Ocorrendo a mistificação, o grupo não deve culpar apenas o médium, pois que o meio-ambiente terá concorrido para o engano sofrido. E o médium, se se reconhecer em erro, deve emendar-se para evitar novas mistificações; se for sincero em seu trabalho, não deve se abater pelo acontecido, porque está passando por um teste de humildade e perseverança.
Os espíritos protetores permitem a mistificação como advertência, alerta e ensino aos participantes da reunião e seu dirigente.(7)
Alguns grupos mediúnicos exigem a manifestação dos Mentores Espirituais, para declararem iniciados os trabalhos. É isto necessário?
DIVALDO – Exigir a manifestação do Mentor é inverter a ordem do trabalho. Quem somos nós para exigir alguma coisa dos Mentores?
Quando o trabalho está realmente dirigido, são os Mentores que, espontaneamente, quando convém, se apressam em dar instruções iniciais, objetivando maior aproveitamento da própria experiência mediúnica.
Ocorre que, se condicionar o início do trabalho a incorporações dos chamados Espíritos-Guias, é criar um estado de animismo nos médiuns que, enquanto não ouçam as palavras sacramentais não se sentem inclinados a uma boa receptividade. Isso é criação nossa, não é da Doutrina Espírita. (3)
V.2 – ANIMISMO
Fenômeno Espírita
É o produzido pela ação e manifestação dos espíritos.
Chama-se mediúnico quando o manifestante utiliza um encarnado como seu intermediário.
Fenômeno Anímico
É o produzido pelo próprio espírito do encarnado.
São fenômenos anímicos, entre outros, os que relacionamos a seguir(desde que produzidos sem intervenção de outros espíritos):
1) a transmissão ou percepção de pensamentos e impressões à distância(como na telepatia);
2) a ação sobre a matéria à distância(como a movimentação de objetos sem contato aparente);
3) a produção de formas(como aparições, bicorporeidade, materialização e ideoplastias em geral).
Quanto maior o grau de expansão do perispírito, mais expressivo pode ser o fenômeno anímico, porque o espírito do médium desfruta de maior liberdade em relação ao corpo, retomando o exercício mais pleno de suas faculdades(que o organismo físico vela).
Charles Richet, o criador da Metapsíquica, foi estudioso dos fenômenos anímicos, catalogando-os e dando-lhes denominação especial.
Atualmente, a Parapsicologia também os estuda(como percepção e ação extra-sensorial) e faz a sua classificação dos fenômenos.
ANIMISMO E MEDIUNIDADE
Comunicações de Vivos
Em desdobramento, o espírito encarnado pode influenciar outra pessoa e usá-la como médium, manifestando-se através dela. Será a comunicação de um encarnado e não de um desencarnado.
OBS.: Durante essa manifestação, o corpo do comunicante, perto ou longe, permanecerá em repouso ou êxtase.
Comunicações Anímicas
Em vez de entrar em transe mediúnico, o médium adentra o seu próprio mundo íntimo e dá manifestação. Mas não está sob a influência de outro espírito; fala e age por si mesmo, de si mesmo, ainda que o faça de modo diferente do seu normal. E não se trata de fraude(não finge nem quer enganar).
A manifestação anímica poderá ser:
1) como a de um espírito em sofrimento.
Tendo a mente fixada em situações aflitivas íntimas, desta ou de encarnações passadas(em que ele mesmo se fixou ou entidades adversárias o fixaram), o médium, ao se comunicar animicamente, o fará como um espírito em sofrimento.
Devemos atender essa manifestação com a mesma disposição de ajudar e reequilibrar que temos para com os desencarnados sofredores. (Vide Cap. 22 de “Mecanismos da Mediunidade”, de André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier).
2) como a de um espírito superior ao médium.
Ao se desdobrar, o médium recupera a posse de seus conhecimentos espirituais(que estão esmaecidos pela influência do corpo físico).
Neste caso, suas comunicações anímicas demonstrarão as possibilidades maiores de que ele desfruta na condição de espírito livre, falando melhor e sabendo mais do que normalmente.
Podemos aproveitar essa produção, se ocorrer; mas o médium deve ser orientado e ajudado para que não se vicie nessa produção anímica, se quiser trabalhar como verdadeiro médium(intermediário de outros espíritos).
3) resultado de uma sugestão ou impressão.
O médium anímico que se sugestione pela idéia de ser intérprete de espíritos elevados, no transe tentará produzir falas grandiloquentes e atos grandiosos. Se algum assunto o impressionou ou lhe agrada, pode fixar-se neles, em vez de produzir mediunicamente.
Esse médium deve ser orientado e corrigido, até conseguir evitar o animismo.
Como reconhecer a produção anímica?
Na produção anímica:
1) há repetição dos estados e personalidades apresentados pelo médium(o comunicante é sempre o mesmo: o próprio médium);
2) falta “presença” de espíritos junto ao médium(ele age de si mesmo);
Podemos verificar se uma produção é anímica:
1) fazendo análise das comunicações;
2) usando a percepção fluídica;
3) usando a vidência.
O animismo poderá ser:
1) total(quando tudo procede da alma do médium);
2) parcial(quando o médium mistura parte de seus pensamentos e sentimentos com os do espírito comunicante).
Livros consultados:
Animismo ou Espiritismo? – Ernesto Bozzano – Caps. I a IV
Anismismo e Espiritismo – Alexandre Aksakof – Cap. IV
Estudando a Mediunidade – Martins Peralva – Cap. XXVI
Mecanismo da Mediunidade – André Luiz – Cap. XXIII
Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz – Cap. XXII
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 2 – Cap. VIII
O Livro dos Médiuns – Allan Karde – Parte 2 – Cap. VII
O que pensar do médium que espera tudo do seu Guia e do Guia que faz tudo para o seu médium?
DIVALDO – Pensar que esse médium não está informado pela Doutrina Espírita. A mediunidade não é uma faculdade de que o Espiritismo se fez proprietário. A mediunidade, sendo uma faculdade do Espírito, expressa na organização somática do homem, é uma função fisiopsicológica.
O Espiritismo possui a metodologia da boa condução da medinidade. Por isso, hà médiuns não-espíritas e espíritas não-médiuns.
O fato de alguém dizer-se médium não significa que esse alguém seja espírita. Quando se espera que os Guias assumam as nossas responsabilidades, nós nos omitimos do processo de crescimento, de evolução. Porque se os Espíritos Superiores devessem equacionar os nossos problemas, seria desnecessária a nossa reencarnação. Isto facultaria a esses Espíritos o progresso e não a nós. Se o professor solucionar todos os problemas dos alunos, estes não adquirirão experiência nem conhecimento para um dia serem livres e lúcidos. A tarefa dos Benfeitores é a de inspirar, guiar, de apontar os caminhos. E a do homem é a de reconquistar a Terra, vencer os empeços, discernir, e de aprimorar-se cada vez mais.
Quando alguém diz que o seu Guia lhe resolve os problemas, esses são Guias que necessitam ser guiados. São Entidades terra-a-terra, mais preocupadas com as soluções materiais, em detrimento das questões relevantes, que são as questões do Espírito.(3)
V.3 – OS RECÉM-DESENCARNADOS
Vejamos a opinião abalizada de José Herculano Pires:
As manifestações de espíritos recém desencarnados ocorrem com frequência nas sessões destinadas ao socorro espiritual. Revelam logo o seu estado de angústia ou confusão, sendo facilmente identificáveis como tal. Muitas vezes são crianças, o que provoca estranheza, pois parecem desamparadas. Quando esses espíritos se queixam de frio, pondo às vezes, o médium a tremer, com mãos geladas, é porque estão ligados mentalmente ao cadáver. Se o doutrinador lhes disser cruamente que morreram ficam mais assustados e confusos. É necessário cortar a ligação negativa, desviando-lhes a atenção para o campo espiritual, fazendo-os pensar em Jesus e pedir o socorro do seu espírito protetor. Trata-se a entidade como se ela estivesse doente e não desencarnada. Muda-se a situação mental e emocional, favorecendo a sua percepção dos espíritos bons que a cercam. Em poucos instantes a própria entidade percebe que já passou pela morte e que está amparada por familiares e espíritos que procuram ajudá-la.
Nos casos de crianças desamparadas que chamam pela mãe o quadro é tocante, emocionando as pessoas sensíveis. Mas, a verdade é que essas crianças estão assistidas. O fato de não perceberem a assistência decorre de motivos diversos: a incapacidade de compreender por si mesmas a situação, a completa ignorância do problema da morte em que foram mantidas ou consequências do passado reencarnatório em que abandonaram as crianças ao léu ou mesmo que as mataram. A reação moral da lei de causa e efeito as obriga a passar pelas mesmas condições a que submeteram outros seres em vida anterior. O doutrinador deve lembrar, nessas ocasiões, que o Mundo Espiritual é perfeitamente organizado e que essas provas de resgate e ensino passam rapidamente. Tratados com amor e compreensão, esses espíritos logo percebem a presença de entidades que na verdade já a socorriam e a levaram à sessão para facilitarem a sua percepção do socorro espiritual. Ninguém fica ao desamparo depois da morte. Essas mesmas situações chocantes representam socorro ao espírito para despertarlhes a piedade que não tiveram em vida.
Quanto às manifestações de crianças que são consideradas como espíritos pertencentes a legiões infantis de socorro e ajuda, o doutrinador não deve deixar-se levar por essa aparência, mas doutrinar o espírito para que ele retome com mais facilidade a sua posição natural de adulto, o que depende apenas de esclarecimento doutrinário. As correntes de crianças que se manifestam nas linhas de Umbanda e outras formas do mediunismo popular são formadas por espíritos que já estão capazes de ser encaminhados como espíritos adultos no plano espiritual. Se lhes dermos atenção, continuarão a manifestar-se dessa maneira, entregando-se a simulações que, embora sem intenções malévolas, prejudicam a sua própria e necessária reintegração na vida espiritual de maneira normal. Esses espíritos, apegados à forma carnal em que morreram(como crianças) entregam-se a fantasias e ilusões que lhes são agradáveis, mas que, ao mesmo tempo, os desviam de suas obrigações de após-morte. O mesmo acontece com espíritos que se manifestam como debilóides ou loucos. Precisam ser chamados à razão, pois entregam-se comodamente a lei de inércia, querendo continuar indefinidamente como eram na sua encarnação já finda. Ocorre o mesmo no caso de espíritos que se manifestam em condições larvares ou animalescas. O doutrinador não pode aceitá-los como se apresentam, pois estão simplesmente tentando fugir às suas responsabilidades através de ardis a que se apegam e com os quais muitas vezes se divertem.
Todos os espíritos, ao passarem pela morte, têm o dever de reintegrar-se na posse da sua consciência e dos seus deveres. Gozando do seu livre arbítrio, apegados a condições que lhes parecem favoráveis para viverem à vontade, entregam-se a ilusões, e não para serem acoados em suas fantasias. Os espíritos que os protegem recorrem ao ambiente mediúnico para que eles possam ser mais facilmente chamados à realidade, graças às condições humanas em que mergulham no fluído mediúnico das sessões.
V.4 – INFORMAÇÃO SOBRE A MORTE
Vejamos Divaldo Franco na questão 62 do seu Livro “Diretrizes de Segurança”:
62. No atendimento a Espíritos sofredores, o doutrinador deve, antes de mais nada, fazer o comunicante conhecer a sua condição espiritual?
DIVALDO – Há que perguntar-se, quem de nós está em condicões de receber uma notícia, a mais importante da vida, como o é a da morte, com a serenidade que seria de esperar?
Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem paciência no realizar. Essa questão de esclarecer o Espírito no primeiro encontro é um ato de invigilância, e, às vezes, de leviandade, porque é muito fácil dizer a alguém que está em perturbação: você já morreu!
É muito difícil escutar-se esta frase e recebê-la serenamente.
Dizer-se a alguém que deixou a família na Terra e foi colhido numa circunstância trágica, que aquilo é a morte, necessita de habilidade e carinho, preparando primeiro o ouvinte, a fim de evitar-lhe choques, ulcerações da alma.
Considerando-se que a terapêutica moderna, principalmente no capítulo das psicoterapias, objetiva sempre libertar o homem de quaisquer traumas e não lhe criar novos, por que, na Vida Espiritual se deverá usar uma metodologia diferente?
A nossa tarefa não é a de dizer verdades, mas, a de consolar porque, dizer simplesmente que o comunicante já desencarnou, os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato com a Entidade, participar da sua dor, consolá-la, e, na oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que já ocorreu o fenômeno da morte, mas, somente quando o Espírito possa receber a notícia com a necessária serenidade, a fim de que disso retire o proveito indispensável à sua paz. Do contrário, será perturbá-lo, prejudicá-lo gravemente, criando embaraços para os Mentores Espirituais.
Como se devem portar os médiuns e os demais membros de um grupo, antes e depois do trabalhos mediúnico?
DIVALDO – Como verdadeiros cristãos.
Manterem a probidade, o respeito a si mesmos e ao seu próximo; ter uma vida, quanto possível sadia, sabendo que o exercício mediúnico não deve ser emparedado nas dimensões de apenas uma hora de relógio, reservada a tal mister. (3)
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar os seus maus pendores”.
V.5 – COMUNICAÇÕES INCOMPLETAS E IMPERFEITAS
Vamos ouvir o Espírito Erasmo: (10)
A incorporação pode ser também classificada em COMPLETA e INCOMPLETA.
Como a denominação mesmo afirma, na incorporação completa, a inteligência comunicante toma conta do equipamento físico, ainda que o mesmo conserve a consciência, de maneira total, bloqueando, pelo envolvimento completo, todos os movimentos físicos e todos os pensamentos e assumindo o comando do corpo e da mente. O Espírito, na incorporação completa, tomará posse do corpo físico do médium e agirá como se fora o seu próprio. Entretanto, o médium, mesmo afastado do corpo temporariamente, não perderá em absoluto o poder de interromper o fenômeno pelo exercício de sua vontade. Ele apenas empresta o seu equipamento físico para a realização do fenômeno, mas não o aliena definitivamente.
A incorporação INCOMPLETA é, como o nome afirma, aquela que se dá de maneira incompleta, isto é, o espírito comunicante não toma posse completa de todo o equipamento físico, por deficiência do próprio médium; por necessidades decorrentes do próprio fenômeno ou por impossibilidade do meio-ambiente. Nesses casos a posse se dá em apenas uma parte do equipamento físico, ou de maneira deficiente e incompleta em todo o complexo corporal do médium.
Podemos ainda enumerar mais a incorporação IMPERFEITA, como aquela que não se completou totalmente e que, mesmo assim, já enseja a comunicação, como nos casos onde se obtém uma comunicação mesclada de interferência anímica.
CHARLATANISMO E EMBUSTE
Charlatães e embusteiros(médiuns ou não) podem simular fenômenos mediúnicos, para explorar a boa fé do público e se auto-promoverem.
As manifestações inteligentes também podem ser limitadas, mas os fenômens que mais se prestam a fraudes são os de efeitos físicos, porque:
1) impressionam mais à vista do que à inteligência;
2) são mais facilmente imitáveis pela prestidigitação;
3) atraem as multidões, oferecendo mais “produtividade financeira”.
Convém estar de sobreaviso com os médiuns que, categoricamente, afirmam poder produzir este ou aquele fenômeno, em dias e horas determinados, ou a qualquer momento, porque os espíritos bons não estão à disposição dos nossos caprichos e nem mesmo os espíritos mistificadores gostam de ser explorados pelos médiuns.
A melhor garantia de veracidade nas comunicações mediúnicas está na moralidade reconhecida dos médiuns, na perseverança de seu trabalho, anos a fio, sem o estímulo de interesse material ou de satisfação do amor próprio.
Livro consultado :
Allan Kardec – “O Livro dos Médiuns”, 2ª Parte, Cap. XIX e XX.
V.6 – O OBSESSOR
Vejamos qual a visão do Espírito Comunicante na situação de “obsessor” em relação à Doutrinação e ao Doutrinador(es). (11)
“Sou chamado obsessor e a palavra é-me aplicada como uma chancela infeliz, definindo-me como um malfeitor, um desalmado, um covarde perseguidor de uma pessoa boa, vítima da minha insânia. . .
Não nego a loucura de que me encontro possuído, nascida de um ódio que me combure, como se eu fora uma fornalha ardente, queimando-me por dentro.
A monoidéia do desforço devora-me e todo eu vivo fixado a este desejo de vingança, alimentando-o, como se ele me propiciasse paz.
Tudo quanto penso se refere aos meus desafetos; minha antiga esposa e meu filho do passado.
É fácil solicitar-se perdão para alguém que fez o mal a outrem.
Quando, porém, esse mal nos é feito, muda-se a paisagem, é diferente a posição para perdoar.
Fala-se muito em Espíritos desencarnados, mas, quase sempre com certa indiferença.
Muitos asseveram crer neles, todavia, não se dão conta que somos seres reais, com emoções, discernimento, inteligência, e não apenas algo concebível só pela imaginação, portanto, coisas fáceis de serem esquecidas ou de poderem ser ludibriadas.
Nós somos gente!
Quando pretendem dialogar conosco, os homens assumem posições falsas, aparentando uma superioridade moral que nem sempre possuem, usando uma verbosidade vazia, na qual não crêem, supondo enganar-nos…
Olvidam que temos um corpo, uma fisiologia, cada um a sua própria psicologia, seu passado e suas tendências…
Porque muitos não nos vêem ou não nos ouvem diretamente, não conseguem entender-nos, adotando uma crença passiva: aceitam-nos, momentaneamente, mas não nos conceituam com a necessária atenção ou o compreensível respeito, que se devem as criaturas todas umas às outras.
Cada Espírito é um feixe de energia individualizada, com suas conquistas inteligentes e suas dívidas infelizes perante a Consciência Divina.
Por que, então, com leviandade, como ocorre no meu caso, taxarem-me de obsessor?
Vêem o infeliz aturdido e sabem que ele me sofre a pertinaz influência com que espero destruí-lo, levando-o ao suicídio, a fim de o aguardar aqui, onde prosseguirei com o meu esforço.
Ninguém cogita das razões que me impelem a esta desdita. Também sou infeliz, porquanto não tenho paz, estou estacionado na meta da vingança em que me degrado.
O criminoso renasce com as marcas do crime, a fim de ressarcir melhor, não se podendo evadir da justiça que o busca, incoercivelmente.
Não sou, desse modo, obsessor; não me sinto como tal.
Obsessores foram-me eles, que me arrancaram do corpo em hediondo conciliábulo, que culminou num homicídio de que não consigo esquecer.
Eu era médico próspero em São Paulo. Fui esposo e pai dedicado. O século estava por começar. Na noite de 31 de dezembro, após as libações e a ceia rica recolhi-me ao leito, cansado.
Meu filho, que contava vinte anos, e minha mulher, que me tinham na conta de avarento, resolveram pôr termo à minha existência. Tomando de um travesseiro de plumas ela me asfixiou, em nosso leito conjugal, enquanto ele me segurava com vigor os braços e o tórax até que a morte se consumasse.
Debati-me como um animal ferido, lutando desesperadamente por ar, sem palavras, com grunhidos lúgubres, enquanto, histéricos, eles riam, gritando:
– Morre, víbora peçonhenta, morre, miserável!. . .
“Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso que cada um, antes de tudo, se julgue a si mesmo”, sentença que corresponde à do Cristo: “Antes de quereres tirar o argueiro do olho do teu irmão, cuida de tirar a trave que está no teu próprio olho.”
O que dizer-se dos médiuns que só recebem Espíritos Mentores e jamais sofredores? Acaso é uma mediunidade mais aprimorada?
RAUL – Pautando-nos no pensamento de Jesus que afirma não serem os sãos que carecem de médicos, e sim os doentes, podemos ver grande incoerência nesse fenômeno questionado.
Há que desconfiar-se, sempre, desses médiuns que só recebem Guias ou Mentores. Na Terra, a mediunidade deverá ser socorrista para que tenha utilidade, de fato.
Médiuns espíritas destacados por suas vivências e realizações doutrinárias, como a saudosa Yvonne Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco e outros tantos, sempre afirmaram e afirmam que o que lhes garantiu sempre a assistência dos Nobres Mentores foi o atendimento aos sofredores, aos infelizes dos dois hemisférios da Vida, ou seja, encarnados e desencarnados.
Os Guias se comunicam, sim, sem que, contudo, impeçam-nos de atender os caídos como nós ou mais que nós. Comunicam-se, exatamente, para nos fortalecer a fé e impulsionar à perseverança no bem. É pelos caminhos da caridade, do serviço do amor prestado aos Espíritos sofredores que a mediunidade e os médiuns se aprimoram. Fora dessa diretriz, os fenômenos, por mais impressionantes, deixam no ar um odor de impostura, de presunção, de exibição vaidosa, alimentado por tormentosa e disfarçada fascinação.
V.7 – MÉDIUNS INICIANTES
Cabe ao Doutrinador dar-lhes atenção específica, zelando para que o mesmo adquira autoconfiança, conseguindo com isso expandir a mente, estabelecendo clima real de “vontade e aceitação” com o que irá produzir comunicações completas e bem permeáveis, ou seja, seguras.
Alguns cuidados recomendados:
a) Evite a todo custo afirmações tipo “É Animismo”, “Você não está bem”, “Você está obsidiado”, etc. Você pode estar inibindo uma grande oportunidade de soerguimento espiritual – a Mediunidade com JESUS.
b) Os médiuns costumam apresentar sinais de APROXIMAÇÃO DO COMUNICANTE sem no entanto ocorrer o ENVOLVIMENTO e COMUNICAÇÃO. Para se aperceber disso, o Doutrinador aguçará sua percepção psíquica(intuição, geralmente) e tratará de estimular com imposição das mãos a certa distância, colocando a mão esquerda atrás da cabeça e a direita na frente durante alguns segundos, a fim de auxiliar o ajuste dos campos do Comunicante e do Médium.
Não forçar, mas apoiar. Caso não ocorra a comunicação, não insistir.
Dá passe dispersivo, para o desligamento do comunicante ou chama outro médium já educado, senta ao lado e pede que se envolva mentalmente com o novato que a equipe espiritual auxiliará na transferência da comunicação para este.
c) É comum, os médiuns iniciantes penderem o corpo para frente, para o lado, tenderem a ir ao chão, etc. Em todos os casos, evitar apenas que o mesmo se fira, amparar sem segurar(maioria dos casos) e conscientizar falando com o Espírito(que o médium geralmente ouvirá) para tomar a posição normal de sentar. É EDUCAÇÃO.
Se tentarmos manter o médium sempre sustentado(como muletas) ele tende a se viciar e não mais confiará em dar comunicações sem os “Anjos da Guarda Encarnados” do seu lado.
Se o médium cai(o que é viável nas comunicações de obsessores) ampara para que não se fira, atende com doutrinação, passes longitudinais ativadores ou calmantes(na dúvida impõe as mãos e ora mentalmente) e depois chama-lhe pelo nome para que haja aprendizado e segurança por parte do médium.
d) Se o médium demonstra medo, o melhor a fazer é procurar a primeira oportunidade de conversar sobre a Mediunidade com JESUS com o mesmo.
Não violentar. Há razões muitas vezes seculares para que o médium receie não propriamente a mediunidade(pois geralmente ele não conhece em detalhes), mas a entrega do seu corpo, da sua pessoa para “outros” usarem. É Prudência Evangélica conscientizar com Amor. Nunca forçar, mas esclarecer e dar opções de trabalho nos quais o médium sirva com alegria o que ajudará sem dúvida para dar confiança ao mesmo num retorno à prática agora com mais autoconfiança.
e) É comum o médium querer saber o que se passou, quem “falou” que disse, etc.
Ao Doutrinador cabe sempre ser DISCRETO sobre o médium e sobre os Espíritos e suas comunicações. Informar Kardec e JESUS. Isso é tudo.
f) Ocorre muitas vezes ao médium, por processo de auto-indução levantar para dar passes (geralmente com grandes gesticulações) sem que o Dirigente o tenha chamado, ou então haver as “COMUNICAÇÕES DO MENTOR” ou o mesmo começar a “VER” o ambiente ou “SENTIR” os males dos outros, etc. . . É prudente não estimular nenhum destes sintomas na fase inicial. Ninguém inicia “PRONTO”.
Deve-se reconduzir o médium à consciência da Educação gradual com maneiras Evangélicas, porém, objetivas.
CONDICIONAMENTOS E VICIAÇÕES NA MANIFESTAÇÃO MEDIÚNICA
Médiuns novatos costumam apresentar condicionamentos e viciações na manifestação mediúnica, porque ainda têm pouco esclarecimento doutrinário. Às vezes, médiuns antigos também os apresentam, porque não foram bem orientados na fase de desenvolvimento de sua faculdade.
Excessos demonstrativos da influenciação Certos médiuns fazem gestos, trejeitos e ruídos vocais excessivos, quando sob a ação dos espíritos.
Por que o médium age assim? É porque:
1) Sente percepções e sensações diferentes com a aproximação do espírito e não sabe como reagir a elas ou como controlá-las;
2) Aprendeu imitando outros médiuns considerados “desenvolvidos” e que assim procediam;
3) Quer demonstrar que não é ele quem está se manifestando e, sim, o espírito;
4) Quer fazer o dirigente notar que está envolvido pelo espírito e em fase de manifestação.
Tudo isso, porém, é desnecessário. Um médium bem esclarecido e experiente não apresenta:
1) movimentos desordenados e insistentes(gestos, trejeitos, tremores, contrações musculares bruscas, pancadas, etc);
2) ruídos vocais importunos e excessivos(assopros, assobios, gemidos, chiados, gagueiras, voz entrecortada e soturna ou gritada, etc.)
De fato, com a aproximação do espírito os seus fluídos se combinam com os do médium, e este pode ter percepções diferentes e sensação de frio, calor, dores, ansiedade, medo.
Entretanto, com a educação mediúnica, o médium não reagirá com espalhafato e controlará suas emoções e atitudes. O fenômeno mediúnico ficará, então, perfeitamente natural, apenas com as características peculiares a cada espírito manifestante.
Como demonstra o médium que está sob a influência espiritual?
Simplesmente dando início à comunicação(se ela for oportuna e dentro do esquema normal da reunião), ou dizendo-o ao dirigentes, que autorizará ou não que dê passividade.
Em conclusão:
Para evitar condicionamentos e viciações como esses, o médium deve:
1) acolher com simpatia as observações do dirigente da reunião;
2) colocar em prática o que já lhe foi ensinado, a orientação doutrinária espirita que já recebeu;
3) guardar respeito íntimo, serenidade e ser sincero em tudo que fizer.
V.8 – MÉDIUM DE DESDOBRAMENTO
Caberá ao Doutrinador ir acompanhando as descrições do médium desdobrado e mantê-lo seguro, confiante no amparo dos mentores desencarnados, sempre dirigindo as possíveis perguntas para o exercício da caridade a exemplo da assistência a doentes(encarnados ou não), auxílio a momentos de desencarne (muitas vezes em grupo), a recém-desencarnados, apoio às caravanas desencarnadas no trato com obsessores, Espíritos dementados, etc.
Haverá casos em que o médium apresenta sinais de receio em prosseguir ou mesmo de iniciar o processo. Nestes casos, orar e acalmar o médium pedindo auxílio do alto para melhor resolver a situação. O amparo se fará com estímulos magnéticos ou com o simples abandono do desdobramento. Voltando o médium para seu estado “natural”.
V.9 – DOUTRINADOR E CONSULTAS
Caberá a todo praticante espírita evitar as “CONSULÊNCIAS” aos Mentores nas reuniões.
Temos que exercer a fé raciocinada.
Os alertas, os conselhos, se tiverem de vir, certamente ocorrerão por amparo dos amigos espirituais que nos assistem por vias as mais diversas.
A prática de aconselhamentos a certos “Mentores” dos médiuns tem causado sérias MISTIFICAÇÕES e FRAUDES, quando não cria a figura do famigerado “MÉDIUM PRINCIPAL” — geralmente a principal vítima dos Espíritos mistificadores.
Orar e Vigiar! Esta é a melhor postura.
V.10 – DOUTRINADOR E VAIDADE
Algumas pessoas se sentem amplamente “realizadas” quando encontram tarefas de Doutrinação. Ótimo quando o fazem com humildade e certeza de que estamos todos aprendendo.
Entretanto, há aqueles que já se sentem “DOUTORES” no assunto e, sem que percebam, caem em rotinas anti-doutrinárias, tais:
a) Não receiam em rapidamente dar o diagnóstico da situação psicológica do Espírito, friamente numa atitude muito mais de presunção que de estudo e observação;
b) Não mais estudam(ou nunca estudaram) as diversas nuances dos processos mediúnicos e da psiquê humana;
c) Costumam se “cansar” rapidamente do diálogo e procuram empurrar a tarefa para outros. É descaridade dupla: com os desencarnados e com os encarnados;
d) Não são voluntários para outras atividades na Casa Espírita, pois já tem muitas “obrigações”. Realmente nesses casos, tolerar o diálogo fraterno é OBRIGAÇÃO, JAMAIS PRAZER e SERVIÇO com o CRISTO!;
e) Costumam conversar com os Espíritos de forma assintosa evidenciando a “distância espiritual” que os separa. Estão mais para pseudo-sábios do que para reais auxiliares da vida;
f) Adoram falar dos casos atendidos como se mestres fossem, mas sob qualquer ameaça dos comunicantes tremem de medo e buscam “amparo” dos Mentores para chegar em casa em Paz e lhes dar “proteção” até a próxima semana;
g) Verdadeiramente, são almas carentes e que precisam evidenciar “poder e mando” em sí para sentirem-se seguros. Estes, na verdade, estão precisando ser Doutrinados e não “estar” como Doutrinadores…
É A VIDA E SUAS RELATIVIDADES.
Bibliografia:
1) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
2) Apostila de Reciclagem S/Passes 1ª Folha – GFLM
3) Diretrizes de Segurança – Divaldo P. Franco/Raul Teixeira – Cap. VII – Ed. Cifrater
4) Nas Fronteiras da Loucura – Manoel P. de Miranda e Divaldo Franco – Cap. 25/26 – LEAL
5) Terapia de Vidas Passadas – Hermínia Prado Godoy
6) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – Cap. IV – FEB
7) Estudos sobre a Mediunidade – Cap. 18 – Editora LAR do ABEC
8) Estudos sobre a Mediunidade – Cap. 18 – Ed. LAR do ABC
9) Obsessão, Passe e Doutrinação – J. Herculano Pires – Págs. 77 à 81 – Edit. Paidéia
10) Pequeno Manual dos Médiuns – Espírito Erasmo – Cap. V – Ed. C.E.I.S.
11) Depois da Vida – Divaldo P. Franco – Cap. 3 – Leal A DOR DO PRÓXIMO TAMBÉM É NOSSA