Evangelização Infantil, palestra 24.04.19
EVANGELIZAÇÃO INFANTIL
CELC 24.04.19 – Fernando
Porque escolhi esse tema? (relevância)
A escolha do tema se deve ao fato de eu participar de evangelização infantil e começar a entender da importância de iniciar as crianças ao evangelho.
1 – IMPORTÂNCIA
1.1 – O que é Evangelizar?
Segundo José Passini no artigo Importância da Evangelização1: “Nas várias religiões cristãs, o termo evangelizar define o entendimento e a aplicação dos ensinamentos contidos no Novo Testamento de modo particular. No Espiritismo, essa particularidade se revela na ênfase que é dada à vivência, à exemplificação dos ensinamentos de Jesus e dos Apóstolos, não só nos momentos de prática religiosa, mas em todas as situações de sua vida.”
Evangelho Segundo Espiritismo capítulo 1-9 – O Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime: a moral evangélico-cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, e criar entre todos os homens uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que deve transformar a Terra, e dela fazer uma morada para os Espíritos superiores àqueles que a habitam hoje. É a lei do progresso, à qual a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da qual Deus se serve para fazer avançar a Humanidade.
No site Passatempo espírita artigo – A Evangelização Infanto-juvenil Espírita – Material para Capacitação de Evangelizadores
O objetivo da evangelização da infância é: “Dar recursos certos, justos, verdadeiros e definitivos ao espírito recém-encarnado, evitando desde o início que seu subconsciente arquive idéias erradas sobre a vida e a morte e o futuro do espírito que evolui na matéria enganosa”. Evangelizar a infância é preparar o ser humano para enfrentar todos os momentos e adversidades da vida, nos postulados do Evangelho, numa verdadeira e profunda imitação do Cristo Redentor
1.2 – Educar
A evangelização passa por um processo da educação espiritual.
Conduta Espírita capitulo 42 – Perante a instrução
Em todas as circunstâncias, lembrar-se de que o Espiritismo expressa, antes de tudo, obra de educação, integrando a alma humana nos padrões do Divino Mestre.
Cultura atendida, progresso mais fácil.
LE questão 917 “A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral.”
LE 917 “O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, os usos e as relações sociais.”
Depois da morte. Cap. LIV. Léon Denis
É através da educação que as gerações se transformam e se aperfeiçoam. Para se ter uma sociedade nova é preciso homens novos. Por isso, a educação, desde a infância, é de uma importância capital.
Não basta ensinar à criança os elementos da Ciência. Tão essencial quanto saber ler, escrever, calcular, é ensinar a governar-se, a conduzir-se como ser racional e consciente; é entrar na vida, armado não apenas para a luta material, mas sobretudo para a luta moral. Ora, é com isso que menos se ocupa. Presta-se mais atenção em desenvolver as faculdades e os lados brilhantes da criança, não, porém, suas virtudes. Na escola, como na família, negligencia-se muito em esclarecê-la sobre seus deveres e sobre seu destino. Assim, desprovida de princípios elevados, ignorando o objetivo da vida, no dia em que entra na vida pública, entrega-se a todas as armadilhas, a todos os arrastamentos da paixão, num meio sensual e corrompido.
Mesmo no ensino secundário, aplica-se em atulhar o cérebro dos estudantes com um amontoado indigesto de noções e fatos, de datas e de nomes, o todo em detrimento do ensino moral. A moral da escola, desprovida de sanção efetiva, sem objetivo de ordem universal, não passa de uma moral estéril, incapaz de reformar a sociedade.
Pueril, também, é a educação dada pelos estabelecimentos religiosos, onde a criança torna-se presa do fanatismo e da superstição e só adquire ideias falsas sobre a vida presente e a do Além.
Uma boa educação moral, raramente, é obra de um mestre. Para despertar na criança as primeiras aspirações pelo bem, para corrigir um caráter difícil é preciso ter, ao mesmo tempo, perseverança, firmeza, uma ternura da qual só o coração de um pai ou de uma mãe é suscetível. Se os pais não conseguem corrigir seus filhos, como aquele que conduz muitas crianças poderia fazê-lo?
Essa tarefa não é tão difícil como se poderia imaginar. Ela não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, se estiverem compenetrados do objetivo e das consequências da educação. É preciso lembrar sempre de uma coisa, é que esses espíritos vieram até nós para que os ajudemos a vencer seus defeitos e os preparemos para os deveres da vida. Aceitamos com o casamento a missão de dirigi-los; cumpramo-la com amor, mas um amor isento de fraqueza, pois a afeição desmedida está cheia de perigos. Estudemos, desde o berço, as tendências trazidas pela criança das existências anteriores, apliquemo-nos a desenvolver as boas, a sufocar as más. Não devemos dar-lhes muitas alegrias, para que, habituados desde cedo à desilusão, essas almas jovens compreendam que a vida terrestre é árdua, que não se deve contar senão consigo mesmo, com seu trabalho, única coisa que proporciona a independência e a dignidade. Não tentemos desviar deles a ação das leis eternas. Há pedras no caminho de cada um de nós; só a sabedoria nos ensina a evitá-las.
Não confiem seus filhos a outros, a não ser que sejam a isso obrigados. A educação não deve ser mercenária. Que importa a uma babá que uma criança fale ou ande antes de outra? Ela não tem nem o orgulho, nem o amor maternos. Mas que alegria para a mãe nos primeiros passos do seu querubim! Nenhuma fadiga, nenhuma dor a detém. Ela ama! Façam pela alma dos seus filhos o mesmo. Tenham mais solicitude ainda pela sua alma do que pelo seu corpo. Este consumir-se-á, em breve, e será lançado a uma sepultura, enquanto que a alma imortal, resplandecendo pelos cuidados com que foi cercada, pelos méritos adquiridos, pelos progressos realizados, viverá através dos tempos para abençoá-los e amá-los.
A educação, baseada numa concepção exata da vida, mudaria a face do mundo. Suponhamos cada família iniciada nas crenças espiritualistas sancionadas pelos fatos, incutindo-as nos filhos, ao mesmo tempo em que a escola neutra lhes ensinaria os princípios da Ciência e as maravilhas do Universo; em breve, uma rápida transformação social produzir-se-ia sob a ação dessa dupla corrente.
Todas as chagas morais decorrem da má educação. Reformá-la, colocá-la sobre novas bases teria para a Humanidade consequências incalculáveis. Instruamos a juventude, esclareçamos sua inteligência; mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinemo-lhe a despojar-se de suas imperfeições. Lembremo-nos de que a Ciência por excelência consiste em melhorar.
Evangelho Segundo espiritismo – 16. Assim o será com os adeptos do Espiritismo, uma vez que a sua doutrina, não sendo outra senão o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, é a eles também que se dirigem as palavras do Cristo. Semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual; lá, colherão os frutos de sua coragem ou de sua fraqueza.
”Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas do espírito eterno” (Benedita Fernandes. Dicionário da Alma. Psicografado por Chico Xavier).
“Espíritas! Amai-vos, este é o primeiro ensinamento, instruí-vos este o segundo” (Espírito de Verdade. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 6. Item 5).
Conduta espírita capítulo 21
Em toda a divulgação, certame ou empreendimento doutrinário, não esquecer a posição singular da educação da infância na Seara do Espiritismo, criando seções e programas dedicados à criança em particular.
Sem boa semente, não há boa colheita.
No site Passatempo espírita artigo – A Evangelização Infantojuvenil Espírita – Material para Capacitação de Evangelizadores
– Quem instrui, oferece meios para que a mente alargue a compreensão das coisas e entenda a vida. Quem educa, cria os valores éticos culturais para uma vivência nobre e ditosa. Quem evangeliza, liberta para a vida feliz. A criança evangelizada, torna-se jovem digno, transformando-se em cidadão do amor, com expressiva bagagem de luz para toda a vida, mesmo que se transitando em trevas exteriores.
– O homem será o que da sua infância se faça. A criança incompreendida, resulta no jovem revoltado e este assume a posição de homem traumatizado, violento. A criança desdenhada, ressurge no adolescente inseguro, que modela a personalidade do adulto infeliz. A criança é sementeira que aguarda, o jovem é campo fecundado, o adulto é a seara em produção. Conforme a qualidade da semente teremos a colheita.
Revista o Médiun recebido pelo Chico Xavier – Qual é o valor espiritual de uma Escola Espírita de Evangelização (E.E.E.) em instituição espírita?
Dr. Bezerra de Menezes responde: — “Filhos, Jesus nos abençoe. Vinculemos propósitos e tarefas às raízes kardequianas que nos presidem esforços e manifestações. Da importância de uma Escola Espírita de Evangelização para crianças falaram, positivamente, os instrutores de Allan Kardec, em lhes respondendo à questão 383, de “O Livro dos Espíritos”, quando assim se expressaram, em torno do estado de infância: “Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.” Meditemos no assunto que foi objeto da melhor atenção do Codificador, nas primeiras horas da Doutrina Espírita.
2 – A EVANGELIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL
2.1 – Crianças
”Eduque a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).
Livro dos Espíritos 383 – Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância?
– O Espírito se encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados da sua educação.
No livro Encontros no templo de Emmanuel pergunta 42 – É possível a renovação do mundo em que habitamos, além da reforma interior de cada um para o bem, sem darmos à criança de hoje o embasamento evangélico?
“Sem a renovação espiritual da criatura para o bem, jamais chegaríamos ao nível superior que nos compete alcançar. Ajudar a criança, amparando-lhe o desenvolvimento, sob a luz do Cristo, é cooperar na construção da reforma santificante da humanidade, na direção do mundo redimido de amanhã.” (Emmanuel, Encontros no Tempo, 5. ed., perg. 42)2
O livro dos espíritos, pergunta 385 “A infância tem, ainda, uma outra utilidade: os Espíritos não entram na vida corporal senão para se aperfeiçoar, se melhorar; a fraqueza da pouca idade os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que os devem fazer progredir. É quando se pode reformar seu caráter e reprimir-lhes as más inclinações;”
Lembrando que quando reencarnamos não temos lembranças do passado como diz na questão 392 do L. E.
392 – Por que o Espírito encarnado perde a lembrança do seu passado?
– O homem não pode nem deve tudo saber; Deus o quer assim em sua sabedoria. Sem o véu que lhe cobre certas coisas, ficaria deslumbrado, como aquele que passa, sem transição, da obscuridade à luz. Pelo esquecimento do passado, ele é mais ele mesmo.
Por que na infância?
No livro Consolador 109 – O período infantil é o mais importante para a tarefa educativa?–
O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos.
Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornandose mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornamse mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.
Sinal Verde capítulo 14 – Ante os Pequeninos
A criança é uma edificação espiritual dos responsáveis por ela.
Não existe criança – nem uma só – que não solicite amor e auxílio, educação e entendimento.
Cada pequenino, conquanto seja, via de regra, um espírito adulto, traz o cérebro extremamente sensível pelo fato de estar reiniciando o trabalho da reencarnação, tornando-se, por isso mesmo, um observador rigorista de tudo o que você fala ou faz.
A mente infantil dar-nos-á de volta, no futuro, tudo aquilo que lhe dermos agora.
Toda criança é um mundo espiritual em construção ou reconstrução, solicitando material digno a fim de consolidar-se.
Ajude os meninos de hoje a pensar com acerto, dialogando com eles, dentro das normas do respeito e sinceridade que você espera dos outros em relação a você.
A criança é um capítulo especial no livro do seu dia-a-dia.
Não tente transfigurar seus filhinhos em bibelôs, apaixonadamente guardados, porque são eles espíritos eternos, como acontece a nós, e chegará o dia em que despedaçarão perante você mesmo quaisquer amarras de ilusão.
Se você encontra algum pirralho de maneiras desabridas ou de formação inconveniente, não estabeleça censura, reconhecendo que o serviço de reeducação dele, na essência, pertence aos pais ou aos responsáveis e não a você.
Se veio a sofrer algum prejuízo em casa, por depredações de pequeninos travessos, esqueça isso, refletindo no amor e na consideração que você deve aos adultos que respondem por eles.
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 8
4. Uma vez que o Espírito da criança já viveu, por que não se mostra ele, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança tem necessidade de cuidados delicados, que só a ternura materna pode lhe dar, e essa ternura cresce com a fraqueza e a ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo, e precisaria que assim fosse para cativar a sua solicitude; ela não teria para com ele o mesmo desprendimento se, ao invés da graça ingênua, encontrasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as idéias de um adulto, e ainda menos se conhecesse o seu passado.
Seria preciso, aliás, que a atividade do princípio inteligente fosse proporcional à fraqueza do corpo que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, assim como se vê entre as crianças muito precoces. É por isso que, desde a proximidade da encarnação, entrando o Espírito em perturbação, perde pouco a pouco a consciência de si mesmo; ele, durante um certo período, permanece numa espécie de sono durante o qual todas as suas faculdades se conservam em estado latente. Esse estado transitório é necessário para dar ao Espírito um novo ponto de partida, e fazê-lo esquecer, em sua nova existência terrestre, as coisas que poderiam entravá-la. Seu passado, entretanto, reage sobre ele, que renasce para a vida maior, mais forte moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos; de onde se pode dizer que, durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, porque as idéias que formam o fundo do seu caráter estão ainda adormecidas. Durante o tempo em que seus instintos dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa imposta aos pais.
O Espírito reveste, pois, por um tempo, a túnica da inocência, e Jesus está com a verdade quando, malgrado a anterioridade da alma, toma a criança por emblema da pureza e da simplicidade.
Ler Livro Práticas pedagógicas do Evangelho capítulo 3
2.2 – Adolescentes
No site Passatempo espírita – Dora Incontri. Cap XII – O Educando na Adolescência.
Procuremos o que há de universal e o que há de individual, o que há de social e o que há de natural nesse período da vida humana – puberdade e adolescência – buscando definir como a criatura poderá vivenciá-lo de forma equilibrada e útil ao cumprimento de suas tarefas na existência presente.
Caminho Verdade e Vida 151 MOCIDADE
“Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 2, versículo 22.)
Quase sempre os que se dirigem à mocidade lhe atribuem tamanhos poderes que os jovens terminam em franca desorientação, enganados e distraídos. Costuma-se esperar deles a salvaguarda de tudo. Concordamos com as suas vastas possibilidades, mas não podemos esquecer que essa fase da existência terrestre é a que apresenta maior número de necessidades no capítulo da direção. O moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha dos esforços que lhe precederam as atividades. Em tudo, dependerá de seus antecessores. A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para viagem importante. A infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao porto. Todas as fases requisitam as lições dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com o êxito desejável. É indispensável amparar convenientemente a mentalidade juvenil e que ninguém lhe ofereça perspectivas de domínio ilusório. Nem sempre os desejos dos mais moços constituem o índice da segurança no futuro. A mocidade poderá fazer muito, mas que siga, em tudo, “a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”.
No site Passatempo espírita – Dora Incontri. Cap XII – O Educando na Adolescência
A PERSONALIDADE EMERGENTE
O fato essencial da adolescência é o gradual despertar psíquico do Espírito encarnado, condicionado pelo desenvolvimento biológico. Corporalmente, o adolescente está se tornando adulto, e espiritualmente está começando a mostrar seu eu profundo. A alma encarnada está em vias de tomar posse definitiva de seu aparelhamento biológico, de sua razão plena, de sua existência presente. Está saindo da tutela alheia para assumir a responsabilidade da própria vida.
Não se pode negar que essa é uma fase mais difícil que a infância, pela aparição de conflitos internos do Espírito encarnado. Juntamente com a personalidade emergente do passado, surgem às vezes vagas lembranças, anseios indefiniveis, que nada mais são do que um eco das existências passadas. Dúvidas existenciais, impulsos diversos e repentinos, melancolia ou revolta podem ser reflexos de outras vidas, que vêm à tona, com o avanço da idade e por isso devem ser trabalhados com cuidado e amor. Analisemos algumas características predominantes desta fase:
– Desejo de liberdade;
– Despertar da sexualidade;
– Carência afetiva;
– Rebeldia e reivindicações;
– Autenticidade;
– Hipersensibilidade;
– Atração pelo grupo.
3 – EVANGELIZADOR
“Evangelizador! És um trabalhador do Cristo, e o Senhor muito espera de vós. Avancemos sem vacilar, estudando a própria Doutrina e nos aperfeiçoando na arte de educar, procurando compreender, sentir e agir dentro dos princípios do Evangelho de Jesus, que a Doutrina Espírita resgata em seu verdadeiro sentido e profundidade.” (Walter Oliveira Alves, em Prática Pedagógica na Evangelização)
Livro Pedagogia Espírita de J. Herculano Pires
Num texto falando sobre a didática de Kardec
Vejamos como Kardec descreveu o método do professor discípulo de Pestalozzi: “Toma a criança ao sair das mãos da Natureza para acompanhála em seu desenvolvimento. Considera como se desenvolvem as suas ideias, estuda as suas necessidades e as suas faculdades. Depois de numerosas observações estabelece um método que consiste essencialmente em aproveitar as faculdades que a criança recebeu da Natureza, a fim de proporcionar-lhe um raciocínio sadio e acostumá-la a pôr em ordem as suas ideias. O professor procura desenvolver na criança o espírito de observação e a memória, porque a criança nasce observadora e o seu espírito de curiosidade e de análise precisa apenas de uma ajuda mínima. Basta ao professor ser ao mesmo tempo amável e severo”.
Kardec resume os seis princípios fundamentais do sistema pestalozziano, que empregava em suas obras didáticas e empregará a seguir no ensino espírita:
1) Cultivar o espírito natural de observação do educando, chamando-lhe a atenção para os objetos que o rodeiam.
2) Cultivar-lhe a inteligência, seguindo a marcha que possibilite ao aluno descobrir as regras por si próprio.
3) Partir sempre do conhecimento para o desconhecido, do simples para o composto.
4) Evitar toda atitude mecânica, fazendo o aluno compreender o alvo e a razão de tudo o que faz.
5) Fazê-lo apalpar com os dedos e com a vista todas as realidades.
6) Confiar à memória somente aquilo que já foi captado pela inteligência.
Conduta espírita 42 Perante a instrução
Aperfeiçoar os métodos de ministração do ensino doutrinário à mente infantil, buscando nesse particular os recursos didáticos suscetíveis de reafirmarem a seriedade e o critério seguro de aproveitamento na elaboração de programas.
Na academia do Evangelho, todos somos alunos.
Renovar as matérias tratadas nos programas de evangelização, segundo orientações atualizadas.
O Espiritismo progride sempre.
Dedicar atenção constante à melhoria dos processos pedagógicos, no sentido de oferecer aos pequeninos viajores recém-chegados da Espiritualidade a rememoração necessária daquilo que aprenderam e dos compromissos que assumiram antes do processo reencarnatório.
Quem aprende pode ensinar e quem ensina aperfeiçoa o aprendizado.
Dispor o problema da educação com Jesus, acima dos interesses de sociedades e núcleos, unificando, sempre que possível, os trabalhos esparsos, imprimindo maior relevo às obras de evangelização, no preparo essencial do futuro.
A educação da alma é a alma da educação.
“Portanto, ide e ensinai…” Jesus. (MATEUS, capítulo 28, versículo 19.)
No livro Fonte Viva – 116 Ir e ensinar
“Portanto, ide e ensinai…”Jesus(Mateus,28:19)
Estudando a recomendação do Senhor aos discípulos — ide e ensinai —, é justo não olvidar que Jesus veio e ensinou. Veio da Altura Celestial e ensinou o caminho de elevação aos que jaziam atolados na sombra terrestre. Poderia o Cristo haver mandado a lição por emissários fiéis… poderia ter falado brilhantemente esclarecendo como fazer… Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com eles, para mostrarlhes como viver no rumo da perfeição. Para isso, antes de tudo, fezse humilde e simples na Manjedoura, honrou o trabalho e o estudo no lar e, em plena atividade pública, foi o irmão providencial de todos, amparando a cada um, conforme assuas necessidades. Com indiscutível acerto, Jesus é chamado o Divino Mestre. Não porque possuísse uma cátedra de ouro… Não porque fosse o dono da melhor biblioteca do mundo… Não porque simplesmente exaltasse a palavra correta e irrepreensível… Não porque subisse ao trono da superioridade cultural, ditando obrigações para os ouvintes… Mas sim porque alçou o próprio coração ao amor fraterno e, ensinando, converteuse em benfeitor de quantos lhe recolhiam os sublimes ensinamentos. Falounos do Eterno Pai e revelounos, com o seu sacrifício, a justamaneira de buscálo. Se te propões, desse modo, cooperar com o Evangelho, recorda que não basta falar, aconselhar e informar. “Ide e ensinai”, na palavra do Cristo, quer dizer “ide e exemplificai para que os outros aprendam como é preciso fazer.”
No livro A Terra e o semeador na pergunta 101 – Quais as matérias que os espíritos gostariam que fossem estudadas neste Simpósio?
R – Temos ouvido o espírito de Emmanuel há muitos anos com respeito e estes assuntos, e ele admite, sem nenhuma exigência, porque os nossos amigos espirituais não nos violentam em atitude alguma, ele considera que seria muito interessante os professores encarnados na Terra, e que se encontram nessa maravilhosa tarefa de preparação do futuro na mente infantil, ele considera que seria interessantes reuniões deles, selecionando os temas espíritas, dentro da atualização dos nossos processos atuais de
Vivência, para que a criança possa se desenvolver para a vida adulta e experiências que a esperam no dia de amanhã. Nós sempre nos desvelamos em nossas casas, no ensino da bondade, do perdão, das atitudes evangélicas em si, mas precisávamos descobrir um meio de comunicar à criança, algum ensinamento em torno da Lei de Causa e Efeito, mostrando determinados tópicos dos mais expressivos para o mundo infantil, com respeito à reencarnação, o problema da imortalidade da alma. Muitas vezes, encontramos crianças traumatizadas pela perda de irmãos pequeninos, pela perda dos pais, pela perda de amigos, de parentes próximos, e nos esquecemos de que os pequeninos, também, esperam uma palavra de consolo e de esclarecimento, qual uma acontece com os adultos, diante dos processos de desencarnação. E muitas vezes, nós esquecemos de conduzir a criança para este tipo de lição, para este tipo de comentários, com receio de apressar na mente da criança determinados pensamentos com relação à morte do corpo. Precisávamos estudar quais os meios d começar a oferecer à criança, bases para que ele se conheça no mundo em que está vivendo e naquele mundo social em que ela vai viver.
Mas, é assunto dos professores, porque os espíritos amigos dizem sempre que, aqueles que se reencarnam na Terra para determinadas tarefas, não devem ser incomodados com opiniões estranhas a eles mesmos, desde que, se eles receberam estes encargos, é porque eles os merecem, e está na órbita das responsabilidades deles. Os professores espíritas reencarnados têm essa responsabilidade, esse encargo a cumprir, selecionar os assuntos, para fortalecer e amparar a criança diante do futuro.
Conduta espírita capítulo 21 – Eximir-se de prometer às crianças que estudam quaisquer prêmios ou dádivas como recompensa ou “falso” estímulo pelo êxito que venham a atingir no aproveitamento escolar, para não viciar-lhes a mente.
A noção de responsabilidade nos deveres mínimos é o ponto de partida para o cumprimento das grandes obrigações.
4 – NO LAR E OS PAIS
Consolador 110 – Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?
– A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem. Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os homens, em lares cristãos, para a nova era da Humanidade.
Conduta espírita capítulo 21
Os pais espíritas podem e devem matricular os filhos nas escolas de moral espírita cristã, para que os companheiros recém encarnados possam iniciar com segurança a nova experiência terrena. Os pais respondem espiritualmente como cicerones dos que ressurgem no educandário da carne.
Não permitir que as crianças participem de reuniões ou festas que lhes conspurquem os sentimentos e, em nenhuma oportunidade, oferecer-lhes presentes suscetíveis de incentivar-lhes qualquer atitude agressiva ou belicosa tanto em brinquedos quanto em publicações. A criança sofre de maneira profunda a influência do meio.
Livro Consolador
112 – Como renovar os processos de educação para a melhoria do mundo?
–As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos pedagógicos, com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a psicologia infantil, mas a escola educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é o Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo.
113 – Os pais espiritistas devem ministrar a educação doutrinária a seus filhos ou podem deixar de fazêlo invocando as razões de que, em matéria de religião, apreciam mais a plena liberdade dos filhos?
O período infantil, em sua primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas, e os pais espiritistas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação aos filhos, nas grandes revelações da vida. Em nenhuma hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encarada com indiferença. O pretexto de que a criança deve desenvolverse com a máxima noção de liberdade pode dar ensejo a graves perigos. Já se disse, no mundo, que o menino livre é a semente do celerado. A própria reencarnação não constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo? Além disso, os pais espiritistas devem compreender que qualquer indiferença nesse particular pode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao apego do convencionalismo e à ausência de amor à verdade. Deve nutrirse o coração infantil com a crença, com a bondade, com a esperança e com a fé em Deus. Agir contrariamente a essas normas é abrir para o faltoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime. Os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas, sim, para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.
Caminho Verdade e Vida 12 EDUCAÇÃO NO LAR
“Vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 8, versículo 38.)
Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos. Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem ameaçadora. A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozos improdutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou a mulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre, estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na vala comum da inutilidade. Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educação no lar por sucedâneos abstrusos que envenenam a alma. Só um espírito que haja compreendido a paternidade de Deus, acima de tudo, consegue escapar à lei pela qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda quando estes sejam perversos. Ouçamos a palavra do Cristo e, se tendes filhos na Terra, guardai a declaração do Mestre, como advertência.
ESSE cap 14
A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA
9. A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo; revolta sempre os corações honestos; mas a dos filhos com relação aos pais, tem um caráter ainda mais odioso; é sob esse ponto de vista especialmente que vamos encará-la para analisar-lhe as causas e os efeitos. Aqui, como por toda a parte, o Espiritismo veio lançar luz sobre um dos problemas do coração humano.
Quando o Espírito deixa a Terra, carrega consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai para o espaço se aperfeiçoar ou ficar estacionário, até que queira ver a luz. Alguns, pois, partiram carregando consigo ódios poderosos e desejos de vingança insatisfeitos; mas a alguns destes, mais avançados que os outros, é permitido entrever algo da verdade; eles reconhecem os funestos efeitos de suas paixões e, então, tomam boas resoluções; compreendem que para ir a Deus não há senão uma senha: caridade; ora, não há caridade sem esquecimento de ultrajes e de injúrias; não há caridade com ódios no coração e sem perdão.
Então, por um esforço inaudito, olham aqueles que detestaram na Terra, mas ante essa visão, sua animosidade desperta; revoltam-se com a idéia de perdoar, e mais ainda com a de se abdicarem de si mesmos, sobretudo, à de amarem aqueles que talvez lhe destruíram a fortuna, a honra, a família. Entretanto, o coração desses infortunados está abalado; eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários; se a boa resolução vence, pedem a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.
Enfim, depois de alguns anos de meditações e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara na família daquele que detestou, e pede aos Espíritos encarregados de transmitirem as ordens supremas, para ir cumprir na Terra os destinos desse corpo que vem de se formar.
Qual será, pois, a sua conduta nessa família? Ela dependerá, mais ou menos, da persistência de suas boas resoluções. O contato incessante dos seres que odiou é uma prova terrível, sob a qual sucumbe, às vezes, se sua vontade não é bastante forte. Assim, segundo triunfe a boa ou a má resolução, será amigo ou inimigo daqueles no meio do qual foi chamado a viver. Por aí se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior parece justificar; nada, com efeito, nessa existência, pôde provocar essa antipatia; para compreendê-la é preciso voltar os olhos sobre o passado.
Ó espíritas! compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus; é a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, ajudarão seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro. Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” Se permaneceu atrasado por vossa falta, vosso castigo será o de vê-lo entre os Espíritos sofredores, ao passo que dependia de vós tê-lo feito feliz. Então, vós mesmos, atormentados de remorsos, pedireis para reparar vossa falta; solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ele, na qual o cercareis de cuidados mais esclarecidos, e ele, cheio de reconhecimento, vos cercará de seu amor.
Não rejeiteis, pois, a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que vos paga com ingratidão; não é o acaso que o fez assim e que vo-lo deu. Uma intuição imperfeita do passado se revela e daí julgais se um ou o outro já muito odiou ou foi muito ofendido; que um ou o outro veio para perdoar ou para expiar. Mães, abraçai, pois, o filho que vos causa desgosto, e dizei-vos: Um de nós dois foi culpado. Merecei as alegrias divinas que Deus atribui à maternidade, ensinando a essa criança que ela está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer.
Mas, ah! muitos dentre vós, em lugar de arrancar pela educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm, desenvolvem esses mesmos princípios por uma fraqueza culposa ou por negligência, e, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão de vossos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.
A tarefa não é tão difícil como o poderíeis crer; não exige o saber do mundo, o ignorante como o sábio pode cumpri-la, e o Espiritismo veio facilitá-la, dando a conhecer a causa das imperfeições do coração humano.
Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas; fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que os vê despontar sobre a árvore. Se deixais se desenvolverem o egoísmo e o orgulho, não vos espanteis de ser mais tarde pagos pela ingratidão.
Quando os pais fizeram tudo o que deviam para o adiantamento moral dos filhos, se não se saem bem, não têm censuras a se fazer, e sua consciência pode estar tranqüila; mas ao desgosto muito natural que experimentam do insucesso dos seus esforços, Deus reserva uma grande, uma imensa consolação, pela certeza que não é senão um atraso, e que lhes será dado acabar em outra existência a obra começada nesta, e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, nº 19).
Deus não faz a prova acima das forças daquele que a pede; não permite senão aquelas que podem ser cumpridas; se não se triunfa, não é, pois, a possibilidade que falta, mas a vontade, porque quantos há que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem; a estes estão reservados os prantos e os gemidos em suas existências posteriores; mas admirai a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, em que seu orgulho está enfim domado, e é então que Deus abre seus braços paternais ao filho pródigo que se lhe lança aos pés. As fortes provas, entendei-me bem, são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando são aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e nele, sobretudo,importa não falir murmurando, se não se quer perder-lhe o fruto e ter de recomeçar. Em lugar de vos lamentardes, agradecei a Deus que vos oferece ocasião de vencer para vos dar o prêmio da vitória. Então, quando saídos do turbilhão do mundo terrestre, entrardes no mundo dos Espíritos, nele sereis aclamados como o soldado que sai vitorioso do meio do combate.
De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração; alguém suporta com coragem a miséria e as privações materiais, mas sucumbe ao peso dos desgostos domésticos, esmagado pela ingratidão dos seus. Oh! é uma pungente angústia essa! Mas que pode melhor, nessas circunstâncias, revelar a coragem moral que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se há extrema aflição não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que a sua criatura sofra sempre? Que mais consolador, mais encorajador que esse pensamento de que depende só de si, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é preciso não deter o olhar sobre a Terra e não ver senão uma única existência; é preciso se elevar, planar no infinito do passado e do futuro; então, a grande justiça de Deus se revela ao vosso olhar, e esperais com paciência, porque entendeis o que vos parecia monstruosidades na Terra; as feridas que nela recebeis não vos parecem mais do que arranhões. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem sob sua verdadeira luz; não são mais os laços frágeis da matéria reunindo os membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam e se consolidam em se depurando, em lugar de se romperem pela reencarnação.
Os Espíritos que a semelhança dos gostos, a identidade de progresso moral e a afeição levam a se reunirem, formam famílias; esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrestres, se procuram para se agruparem como o fazem no espaço; daí nascem as famílias unidas e homogêneas; e se, em suas peregrinações, estão momentaneamente separados, reencontram-se mais tarde, felizes com os novos progressos. Mas como não devem trabalhar unicamente para si, Deus permite que Espíritos menos avançados venham a se encarnar entre eles para aí haurir conselhos e bons exemplos, no interesse do seu adiantamento; eles causam, por vezes, perturbações, mas aí está a prova, aí está a tarefa. Acolhei-os, pois, como irmãos; vinde em sua ajuda e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará de haver salvo do naufrágio os que, a seu turno, poderão salvá-la de outros. (SANTO AGOSTINHO, Paris, 1862).
121 – O meio ambiente influi no Espírito?
– O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, fazse indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influenciação.
5 – HISTÓRIA DA EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA NO BRASIL
100 anos de Evangelização Espírita na FEB
Apresentação
A Escola Dominical de Doutrina Cristã foi implantada na tarde do dia 14 de junho de 1914, na então Sede da Federação Espírita Brasileira (FEB), Av. Passos, 30, no Rio de Janeiro, à época sob a gestão do presidente Aristides Spínola (1850-1925) e do vice-presidente Pedro Richard (1858-1914).1,2
Na ocasião, foi realizada solenidade singela, que emocionou os que a assistiam, e coube à Ilka Maas, dedicada e fervorosa obreira da Casa de Ismael, a responsabilidade de coordenar esse projeto, ministrando a aula inaugural e sensibilizando os corações de todos os companheiros presentes ao evento.
As vibrações de júbilo pela iniciativa auspiciosa, ocorrida naquela data, a ser comemorada por todo Movimento Espírita brasileiro, foram sentidas pelos participantes, inundando o salão da Federação de suaves eflúvios de paz e regozijo, tendo em vista a alegria de atender, dessa maneira, a uma antiga aspiração da Instituição.2
A importância dessa efe-100 anos de Evangelização Espírita na Federação Espírita Brasileira
Infantil méride para a FEB resultou na coleta de registros históricos dos 100 anos de trabalhos profícuos da Evangelização Espírita Infantojuvenil e da análise sucinta dos itens relacionados, a seguir, com o intuito de prestar sincera homenagem a todos os que contribuíram para esse admirável feito:
1. Precursores
Desde a sua fundação, em 1° de janeiro de 1884, a Federação Espírita Brasileira se preocupou com a formação moral da criança e desenvolveu estudos e debates, além de promover lançamentos sobre o tema de modo a favorecer subsídios para levar adiante essa nobilíssima proposta.
Com esse objetivo, a FEB editou, em 1901, a obra do Espírito Bittencourt Sampaio (1834-1895), De Jesus para as crianças, pelas mãos do médium psicógrafo Frederico Pereira da Silva Júnior (1858-1914).
O sugestivo livro foi recebido com entusiasmo como recurso indispensável para a promissora e futura ação da Evangelização infantil.1
Os espíritas se tornaram entusiastas com a possibilidade de iniciarem experiências desse porte e se empenharam na procura de propostas junto aos companheiros interessados na luta em prol da Evangelização de crianças e, anos mais tarde, dos adolescentes, entre eles: Manoel Vianna de Carvalho (1874-1926), que se tornou idealizador e executor da campanha em favor da criação da Escola de Evangelho para os pequeninos, na Federação Espírita Brasileira e em outras casas espíritas, ocasião em que manteve contato com a notabilíssima educadora espírita Anália Franco (1856-1919) e com o confrade capixaba Jerônymo Ribeiro (1854-1926);3
Antônio Lima (1864-1946), que legou exemplos de perseverança em benefício dessa causa e foi considerado um dos pioneiros do ensino espírita-cristão à criança no Brasil. Durante muitos anos, trabalhou para que a infância fosse evangelizada nas instituições espíritas, proferindo importantes conferências sobre o assunto, escrevendo para Reformador e elaborando livros sobre o tema que, quando publicados, esgotavam-se rapidamente.
Outras produções literárias permitiram a solidificação dessa ideia a exemplo do livro para infância de Léon Denis (1846-1927), Catecismo espírita1 e o resumo didático de conhecimentos complementares da obra de Camille Flammarion (1842-1925) Iniciação astronômica.1
6 – EXPERIÊNCIA PESSOAL
Como comecei.
Preparação dos conteúdos
Lidar com as crianças
7 – REFERÊNCIA
1 – José Passini no artigo Importância da Evangelização http://doutrinaespirita.com.br/?q=node/39
2 — Emmanuel, Encontros no Tempo, 5. ed., perg. 42