Francisco de Assis, palestra 25.09.24
FRANCISCO DE ASSIS
CELC – 25.09.24 – Jane
(Quem fala, por quem fala e o que fala – Estudo baseado no livro Francisco de Assis de Miramez e João Nunes Maia)
Se somos espíritas aceitamos a reencarnação e então sabemos que Francisco já viveu em outras épocas , quem foi então esse espírito de tamanha moral e amor?
20 E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?
21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? 24 Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. (Jo 14:16-27 só João fala do Consolador Prometido)
Salmo – Capítulo 35 e 69
35.13 Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram de pano de saco, eu afligia a minha alma com jejum, e em oração me reclinava sobre o peito.
69.11 Pus um pano de saco por vestes, e me tornei um objeto de escárnio para eles. O servo querido cap. 19: Certa época, conversando com os discípulos, anunciando a Sua ida para as regiões de luz junto ao Pai, João manifestou vontade de acompanhá-lo porque O amava muito, e o Cristo sentenciou: Importa que fiques até que eu volte!
E João regressou novamente, no século doze, na personalidade de Francisco de Assis, para assentar as bases da volta do Mestre. Foi ele quem abalou o mundo com a sua dignidade espiritual, com seu amor sem limites. Foi ele o responsável pelo regresso de grande parte dos religiosos de todo o mundo aos ensinos primitivos do Evangelho.
Em que época retornou?
Francisco de Assis desceu à Terra em meio de enorme e terrível carnificina. A Idade Média fazia do mundo um palco nefando de ódio e de vingança.
(…)Aqui nos referimos às Cruzadas e, principalmente, àquelas em que sucumbiram mais de quatrocentas mil crianças, Espíritos esses que, mesmos em corpos de inocentes, eram velhos devedores perante as leis divinas e que, levados pelas trevas, foram passados a fio de espada.
(…)Foram as Cruzadas o embalo execrável das trevas, como advento da Inquisição, e João Evangelista, como vigilante da Espiritualidade Maior, regressou como Francisco de Assis, com a missão sagrada de aliviar, por misericórdia, o fardo pesado que estava sendo imposto pelas Cruzadas aos ombros dos homens. (Cap. 2. Espírito Miramez.)
A Idade Medieval (A Caminho da Luz cap. XVII)
Os mensageiros de Jesus em todo o século VI, de conformidade com as deliberações efetuadas no plano invisível, aparecem grandes vultos de sabedoria e bondade, contrastando a vaidade orgulhosa dos bispos católicos, que em vez de herdarem os tesouros de humildade e amor do Crucificado, reclamaram para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores. Os chefes eclesiásticos, guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza e da simplicidade apostólicas, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu reino ainda deste mundo.
(…)Todavia, nesse pantanal de ambições floresciam, igualmente, os lírios da misericórdia de Jesus, em sublimadas realizações de sacrifício e bondade. Espíritos heróicos e missionários… Apesar dos numerosos desvios da Igreja romana, que esquecera os princípios cristãos tão logo que chamada aos gabinetes da política do mundo, nunca o Catolicismo foi de todo abandonado pelas potências do bem, no mundo espiritual. Advertências inúmeras lhe foram enviadas em todos os tempos da sua vida histórica, pela misericórdia do Cristo,… A Igreja não poderia tolerar outra doutrina que não a sua, feita de orgulho e mal disfarçada ambição. Qualquer lembrança verdadeira e sincera, do seu divino Fundador, era tomada como heresia abominável e suscetível das mais severas punições…
FRANCISCO DE ASSIS (Cap. XVIII) – A Caminho da Luz
Os apelos do Alto continuaram a solicitar a atenção da Igreja romana em todas as direções. As chamadas “heresias” brotavam por toda parte onde houvesse consciências livres e corações sinceros, mas as autoridades do Catolicismo nunca se mostraram dispostas a receber semelhantes exortações. Havia terminado, em 1229, a guerra contra os hereges, cujos embates atravessaram o espaço de vinte anos, quando alguns chefes da Igreja consideraram a oportunidade da fundação do tribunal da penitência,… Mascarar-se-ia o cometimento com o pretexto da necessidade de unificação religiosa, mas a realidade é que a instituição desejava dilatar o seu vasto domínio sobre as consciências.
Todavia, se a Inquisição preocupou longamente as autoridades da Igreja, antes da sua fundação, o negro projeto preocupava igualmente o Espaço, onde se aprestaram providências e medidas de renovação educativa. Por isso, um dos maiores apóstolos de Jesus desceu à carne com o nome de Francisco de Assis. Seu grande e luminoso espírito resplandeceu próximo de Roma, nas regiões da Úmbria desolada. Sua atividade reformista verificou-se sem os atritos próprios da palavra, porque o seu sacerdócio foi o exemplo na pobreza e na mais absoluta humildade. A Igreja, todavia, não entendeu que a lição lhe dizia respeito e, ainda uma vez, não aceitou as dádivas de Jesus.
RESUMO/ Histórico
Filho de Pedro Bernardone e Dona Maria Picallini, Francisco nasceu em 1182, na cidade de Assis (Itália). Seu pai era um rico e próspero comerciante de tecidos, que constantemente viajava para a França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias. Foi batizado na antiga catedral de São Rufino (2) com o nome de João (Giovanni), conforme a escolha de sua mãe. Mas quando Pedro Bernardone voltou de uma viagem, resolveu trocar o nome do filho para Francisco. Pedro Bernardone, alto comerciante de Assis, não saberia que um astro, por misericórdia de Deus, viria habitar em seu lar, talvez lhe trazendo aparentes contrariedades, pois a sua missão diferia completamente da de um comerciante, cujo raciocínio era somente a barganha das coisas materiais, para que estas se multiplicassem. Seu futuro filho traria outra missão frente ao mundo conturbado e materialista, condenado e suspeito. (Miramez)
(…)O espírito João Evangelista escolhera aquele lar para renascer, não por causa do luxo, mas por estar ali um conjunto de almas que lhe tinham sido caras em épocas recuadas da história.
Pedro Bernardone, certa noite, teve um sonho que ficou gravado com absoluta nitidez em sua consciência. Em estado sonambúlico e com ajuda espiritual, regrediu no tempo e no espaço, e relembrou sua reencarnação em Éfeso, na época em que João Evangelista mudara de nome para Francisco (obs.frase adaptada). Pedro Bemardone era um dos leprosos curados por Pai Francisco, e, eternamente agradecido, tomou-o por um deus ingressado na carne para salvação dos homens.
(…) Pedro Bernardone não se esquecia de Pai Francisco depois deste sonho… No entanto, o nome de seu benfeitor ficara gravado no coração, com o maior respeito. E sempre dizia de si para consigo:
– Se porventura alguém vier a me chamar de pai, este alguém se chamará Francisco.( Miramez)
(…)O calendário marcava 26 de setembro de 1182. O dia amanhecera mostrando límpido céu azul e o sol concedia seus raios nascentes, em diáfana claridade. (…) Nascia Francisco, como Jesus, na pureza da natureza e na companhia singela dos animais. (…)E Maria Picallini recebeu o seu filho das mãos de Jarla. (…) E falou com a maior ternura que uma mãe feliz possa expressar:
– O nome dele é JOÃO…
Quando seu filho nasceu, Pedro Bernardone estava viajando, em função de seu entusiasmo, que não se arrefecia, diante do ouro que já possuía. Ao saber da notícia, explodiu de contentamento, já com velhos cálculos envernizados para o destino do seu filho. Queria educá-lo, mas acima da educação, instruí-lo acerca da economia. Fazê-lo nobre, mas que a sua nobreza fosse assegurada pelo ouro, para não se desfazer.
(…)O afoito comerciante ia-se virando nos calcanhares, quando a voz branda de Pica se fez ouvir:
– Pedro querido, quero participar-te o nome do nosso filho, e sentiria a maior satisfação se aprovasses o que escolhi! Tive vários sonhos com ele, antes de seu nascimento, e o seu nome era João.
(…)Pedro, inquieto, corou na mesma hora, dizendo:
– Não posso concordar que o nosso filho se chame João!… Não me peça o impossível!… Tenho um compromisso moral, de muito tempo, que de certa maneira está ligado a sonho.
A mulher do rico comerciante, tristonha, silenciou, sem dar uma palavra. Jarla tentou interferir, mas Pedro a interrompeu:
– Obedece aos meus direitos de pai da criança!… Não me peças o impossível. Já firmei na consciência esse nome, e ele, este bravo guerreiro se chamará FRANCISCO.
Francisco, nos primeiros anos, obedecia mais ao comando mental de sua mãe, que era uma cristã fervorosa, mas dos sete aos quatorze anos, a mente do pai passou a intervir mais, dividindo as influências. (…)Encantava-se com os pássaros, e admirava os peixes e as árvores. Logo cedeu aos convites de seus colegas da mesma idade, e se fez um grande seresteiro nas ruas de Assis. A sua fama fê-lo visitar outras cidades vizinhas, para cantarolar nas ruas, no silêncio das madrugadas. (…)A bebida, que não lhe tomava os sentimentos, era simples complemento da alegria. As conversações que travava com os seus colegas eram de alto teor, tanto que todos o adoravam, e quando Francisco não aparecia, tornava-se noite para todos os seus companheiros, fugindo-lhes a alegria. O campo era o lugar mais apreciado por ele, onde gostava de fazer excursões a cavalo, nos dias de folga. Contava histórias que lhe vinham à mente e alegrava-se em ouvi-las dos que faziam o mesmo. Ser livre era o ideal do seu coração.
(…) Francisco ganhara, há anos atrás, um Evangelho. E tanto se afeiçoara a ele, que dele não se separava nem para dormir.
Francisco tivera oportunidade de conhecer, junto ao pai, cidades e países onde o roubo e a mentira eram frequentes para obter vantagens comerciais. Pedro sonhava fazê-lo homem de negócios e de fortuna. Aparentemente, ainda tolerava alguma coisa, mas, no íntimo, não suportava a ganância dos homens pela riqueza e poder, inclusive o seu próprio pai. Percebendo a desigualdade social e o sofrimento do povo, Francisco começou a tratar os empregados e servos com alegria e bondade, dando-lhes algumas coisas e não permitindo castigos. Além disso, não dava atenção, como antes, ao comércio e às ordens de seu pai, causando um grande desentendimento entre eles, o que levou a sofrer agressões físicas do pai, que o colocou no porão por 3 dias, sem comida, apenas sua mãe às escondidas lhe socorreu e o soltou. Então, sentindo-se !maltratado em casa e não vendo outra saída, resolveu sair de casa.
Francisco em oração à Deus desabafa: Pai Celestial!… Sinto que nasci para alguma coisa, nesta Terra abençoada. Sou como ave solitária, que o cansaço fez descer nesta região. A cidade de Assis acolheu-me com carinho e nesta mansão desfruto do luxo; o ouro convida-me extravagâncias, que meu coração desaprova, intentando convencer-me de que o meu caminho é diferente, e que devo fazer alguma coisa em favor dos surdos e cegos que andam comigo…
“Pai de todas as coisas!… Que devo fazer? Onde devo pisar? Que devo comer? Qual deve ser a minha maior preocupação? Alivia, meu Deus, esta guerra que eclodiu na minha frágil mente. Eu quero a paz! …”
(…)Francisco estava inundado de luz! (…) Era o encontro do Mestre com o discípulo. O jovem escutava com serenidade, dentro de si: Francisco!… Sê dócil, meu filho, aos teus irmãos!… Ajuda-os sem os violentar, e compreende, sem exagero, que o trabalho é demorado. (…) A Igreja precisa do teu trabalho, da tua vivência e do teu sacrifício, não para reformá-la de uma só vez, mas para fazê-los com continuados exemplos e a ajuda de milhares de trabalhadores….
Francisco alistou-se como soldado e resolveu lutar na guerra de Assis contra Perúsia, mas foi capturado e permaneceu preso, por cerca de um ano (2). Durante este período, conheceu Shaolin, era um dos 200 discípulos que desceram à Terra com Francisco com a sagrada missão de ajudar a sustentar os preceitos do Cristo… Shaolin tinha o talento de uma memória fantástica. E se tornaram grandes amigos.
Mas Inseparáveis, partiram para a luta, mas a Providência Divina convocou-os para outro tipo de guerra. Em acirrada batalha, Francisco foi encurralado pelos inimigos; Shaolin avançou em sua defesa, e caiu igualmente no cerco, sendo ambos aprisionados. Foram atados a uma árvore, até que cessasse o combate, após o que foram levados como presos valiosos. Suas vestes denunciaram que eram nobres…
Na prisão coletiva, Francisco e Shaolin compreenderam que libertar Assis do jugo romano não era a tarefa mais importante. Talvez fosse pior tirá-la do poder de Roma e entregá-la aos feudos, pois a política feudal, na mão de muitos senhores, dividia Assis e a pressão sobre os escravos seria mais cerrada e eles iriam sofrer mais o arrocho das leis dos poderosos contra os mais fracos. Os barões, os condes, a burguesia, enfim, os latifundiários, se expandiriam por todo o território italiano e quebrariam a harmonia nacional. O clero romano manipulava a posse dos títulos de nobreza e os vendia, à sua conveniência, no mercado nacional, a peso de muito ouro. O império temia a influência dos sacerdotes e os deixava livres em determinadas áreas de comando.
(…) No entanto, o maltrato a que não estava acostumado fê-lo definhar; perdera quase por completo o sono e o único ruído que emitia era a tosse, que incomodava os outros prisioneiros. Shaolin emagrecera também, mas como era dado a exercícios de respiração, sustentava-se pelo ar que conseguia respirar, e, quanto ao oxigênio viciado da prisão, isto não era problema, pois ele o atraía, como a outros elementos da natureza que, quando convocados, se associam por atração da mente adestrada. E ainda o repartia com o amigo e com os outros companheiros de prisão…
Francisco regressou à casa desfeito e combalido. Os bacilos de Koch, que não eram conhecidos naquela época, invadiram-lhe os tecidos pulmonares, numa guerra interna, na qual iriam se destruir mutuamente. Apesar disso, seu regresso foi motivo de alegria para todos, menos para Pedro, que jamais esperara que seu filho voltasse derrotado como um nada, na soma dos valores da família…
Em prisão conversavam profundamente sobre o evangelho do Cristo, com a ajuda da memória de Shaolin, e pretendiam seguí-lo. Entretanto, ao ser libertado, por estar muito doente, e após recuperar-se em casa, retomou a vida militar. Ele se alistou às Cruzadas, guerra religiosa entre os católicos e muçulmanos para a conquista de Jerusalém, a terra santa. Francisco acreditava que havia tido uma intuição divina e pensava consigo: “Pois até se crianças estavam se alistando, abandonando seus pais para servirem cegamente a Deus à causa da Igreja. Por que ele, um rapaz, não faria o mesmo?”
Mas antes de partir para a guerra, estava inquieto e preocupado com o que deveria fazer. Lembrou-se da violência que sofreu quando foi preso e que os homens não respeitavam os seres humanos. Começou a meditar sobre as guerras religiosas que já duravam há muitos anos. E pensava:” E por quê? Por causa de um sepulcro vazio…Jesus disse que Deus deveria ser adorado em Espírito e Verdade… Por que depois de mais de mil anos iriam os homens lutar, matar em nome d’Aquele que somente pregou a Paz e o Trabalho, o Perdão e o Amor? “E concluiu: “Era realmente uma guerra de interesses, baseada em cabeças doentes, que desconheciam o valor da verdadeira felicidade.”
Diante disso, lembrou-se fortemente do Evangelho, senão de Jesus, e pediu a Deus, no íntimo d’alma, para lhe clarear o caminho. Entrou em ligeiro sono e ouviu uma voz, que lhe dizia três vezes: – Francisco!… Constrói a minha Igreja!… Auxilia a Igreja, que está enfraquecendo, porque a verdade está sendo distorcida… Reforma a minha igreja, ajuda-a a reconsiderar o que fez, tomando outros caminhos melhores, mais justos e mais brandos. E quando quiseres a minha companhia, sabes onde estou? Escuta!… Estou ao lado dos estropiados, famintos, sofredores, desabrigados…Estou ao lado dos que ajudam por Amor… Mas de repente, a voz, antes meiga e dominante, viva e presente em todo o corpo de Francisco, se desfez no como por encanto. Deslumbrado com o ocorrido, ele voltou a si, e com a mente renovada, resolveu voltar para casa.
A partir daí tomou uma decisão definitiva sobre sua vida. Apesar de seu pai estar ausente e ser contrário ao seu comportamento, disse aos seus familiares que não queria mais os bens materiais da sua família e nem herança de nome, ficaria com o simples Francisco, e se os céus o permitissem, o sobrenome seria Assis. Agradeceu à todos com muita alegria, e assim, saiu da casa de seus pais. Logo depois, guiado pela voz que havia ouvido, começou a recontruir a pequena igreja da localidade, de nome São Damião. Ele saia pedindo de porta em porta, não mais como nobre, porém, como homem comum, ajuda para reconstruir a pequena igreja. E assim, surgiram os seus primeiros discípulos. Ao saber disso o pai se enfureceu e o tomou por louco, acorrentando-o no porão. Alguns dias depois sua mãe, por compaixão, livrou-o das correntes.
Com o desejo de fundar uma nova ordem, mesmo sem ser padre, pois pertencia à religião pelo coração, partiu para Roma a fim de obter a aprovação do papa Inocêncio III. Entretanto, como aquele bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seriam recebidos pelo poderoso papa, revestido de ouro e prata? As vestes de Francisco de Assis, como de seus companheiros, eram feitas de sacos já usados, com cordões presos na cintura, trançados pelas suas próprias mãos. No entanto, Francisco orava e confiava. E assim, dentro dessa simplicidade, chegaram ao Vaticano. A princípio, o Papa não quis recebê-los, mesmo após ter enviado uma carta, explicando os seus objetivos.
(…) Na carta Francisco de Assis deixa claro que já compreendia e respeitava os direitos humanos e espirituais das criaturas, e encontrava no Amor Universal a verdadeira religião. Concentrou as suas atividades no ideal do desprendimento.
(…)Na noite em que fora lida a carta de Francisco no Vaticano, em reunião com os cardeais, o ambiente ficara pesado diante das discussões… No entanto, o papa, que fora mais comedido, (…) pôde conciliar o sono e dormir com certa tranquilidade. Inocêncio III, depois de instantes de sono, ouviu, mais ou menos consciente, alguém do mundo espiritual que o convidava para um passeio e ele saiu do corpo físico com certa facilidade. (…) No ambiente de oração, notou que estava sendo guiado por alguém, e que uma nuvem esbranquiçada se foi formando ao seu lado.
(…) Era um Espírito que fora papa no ano de 142… Era o irmão Telésforo… que o orienta a ouvir Francisco e fala sobre sua autoridade espiritual, um enviado pelo Cristo. O Papa acreditou ter falado com o próprio Jesus e manda chamar Francisco que já estava a caminho de volta para Assis.
Francisco expõe suas ideias referentes … “Nós, primeiramente, partimos para o desprendimento das coisas materiais, sufocando em nossas almas o egoísmo. Não que os bens terrenos em si ofendam, mas porque os homens ainda não aprenderam a usá-los, mesmo aqueles que dirigem os povos. (…)Queremos viver na pobreza, uma pobreza digna do que todos os enfermos, velhos e crianças, queremos manter a vida e a defendê-la onde ela surgir por misericórdia de Deus. (…)Nós, Santo Pastor, estamos idealizando, e já começamos a viver dentro de uma sociedade onde ninguém é dono de nada, e todos têm com o que viver. (…) Não devo e não posso vestir capa e túnica, enquanto o meu irmão do caminho anda nu. Não podemos possuir grandes extensões de terras, enquanto muitas famílias não tiverem onde trabalhar e viver! (…) A decisão da nossa comunidade espiritual é viver puramente as normas traçadas pelo Divino Mestre de todos nós”… (Grifo nosso)
O Papa reconheceu que suas ideias alinhavam-se perfeitamente com os conceitos de Cristo, embora a Igreja não esteja seguindo estes princípios.
Irmão Francisco!… Tudo isso que ouvimos dos seus guardados mentais é muito bonito, alinham-se perfeitamente com os conceitos de Jesus Cristo, não resta dúvida. Porém, são regras impraticáveis para a falange de obreiros que sustentam o mundo católico consubstanciado em Roma.(…) Prepara, meu filho, as regras que queres. Envia para nós, que darei veredito e ficarás livre, mas sempre com a nossa vigilância e a nossa proteção.
Na saída da cidade Francisco reencontra Shaolin, cantando na rua vai ao seu encontro e Shaolin volta com ele como irmão e companheiro, agora Frei Luiz.
A cada dia que se passava, aumentava o número de discípulos, integrando-se a ordem dos franciscanos grandes nomes, desde que obedecessem às regras estabelecidas. Uma das seguidoras, que se tornou grande amiga de Francisco, foi a irmã Clara…
(…)Foi na Igreja de São Rufino o primeiro encontro espiritual de Clara com Francisco. Ele, naquela noite memorável, se dispusera a falar aos irmãos de Assis.
(…) Francisco, vivendo na mesma cidade em que nasceu essa moça encantadora, a conhecia desde menina, pois também era de família abastada. Porém, o empuxo espiritual destes dois seres somente se deu, quando ele falava no templo de São Rufino.
Clara!… Minha filha, somos nascidos nesta Terra acolhedora e bendita. Talvez tenhamos nos encontrado muitas vezes, sem que o coração manifestasse os nossos ideais. Mas, agora, crescemos, e nossas almas falam da realidade que a vida espera de nós. Renunciarei a tudo, para que tudo possa me servir de escola, a ensinar-me as primeiras letras da vida, em Deus e em Cristo. (…)Depois de longas conversações, os dois se despediram, inflamados de alegria espiritual, e Francisco partiu cantando hosanas ao Senhor por mais vitória de Cristo nos caminhos do mundo.
(…) os dois viveram entrelaçados num grande amor espiritual (amor puro), pois tinham o mesmo ideal. O plano maior de Francisco e seus cooperadores era trazer o Evangelho de Jesus à vivência das criaturas. Era compreender e escolher o Bem sem ostentação.
A figura pequena e franzina de Francisco de Assis carregava consigo bagagem espiritual que deslumbrava Céus e Terra. Veio viver o Cristo, para que Ele despertasse os corações dos homens.
Francisco de Assis é o mesmo João Evangelista em época e roupagem diferentes, o mesmo Espírito de Luz, com a mesma missão sublimada de Amor, em nome de Deus e do Cristo, com a sagrada missão de reintegrar a Igreja Católica Apostólica Romana nos caminhos da humanidade e da renúncia, de fazer com que o Evangelho se esplendesse em meio à petrificação, na qual o orgulho e o poder temporal eram reconhecidos como verdadeiros senhores. Ele foi como uma carta do Mestre em um envelope de corpo, endereçada aos homens de boa vontade que fossem capazes de lê-la.
Francisco veio suscitar nos cristãos, em primeira linha, nas autoridades eclesiásticas, o Perdão, a Concórdia, a Humildade, a Fé, a Caridade, o Desprendimento e a Obediência, porquanto a prática, aliada à teoria.
(…) O nome e a fama de Francisco medravam em todas as províncias e nas consciências dos homens… Era amado em todos os reinos da natureza: os peixes ouviam suas pregações pela sensibilidade que lhes é própria, as aves cantavam hinos de louvor e assistiam às suas dissertações evangélicas, sem nos esquecermos da conversação do lobo bravio em cordeiro inofensivo.
Francisco de Assis e o Lobo
Certa feita, estando Francisco de Assis em peregrinação pela cidade de Gubbio, ao norte de Assis, soube que a população daquela região estava em desassossego, pois ali morava, nas encostas de determinados penhascos, um lobo feroz, que já tinha devorado vários animais, e mesmo algumas crianças. O lobo era remanescente de uma alcateia, da qual ficara afastado por doença, fazendo morada de uma caverna que encontrara, alimentando-se de animais que por ali passavam, atacando igualmente seres humanos descuidados.
Tantos foram os prejuízos verificados e o pânico espalhado pela região, que a população foi ao seu encontro, para que ele abençoasse aquele lobo, e rogasse a Deus que o fizesse desaparecer, para que a paz se restabelecesse. As mães aflitas imploravam a Pai Francisco que tivesse piedade e as ajudasse, prometendo-lhe fazer qualquer penitência, desde que se livrassem do perigoso animal.
Francisco orou a Deus antes de ir ao encontro do lobo…E no intervalo em que reinava o silêncio, Francisco, à espera de resposta ouviu no fundo d’alma um cântico a lhe responder o que deveria ser feito
Francisco, ouve-me!… O lobo tem o direito de ficar onde quer que seja, arriscando também a sua vida. Para onde devemos mandá-lo? Ele tem necessidade de algo que existe entre os homens. Esses não procuram melhoria no bem-estar e no convívio com irmãos da mesma e de outras raças? E, pois, um direito que assiste a quem vive, a qualquer criatura nascida de e por Deus. Como expulsar e sacrificar um animal, somente para satisfazer pessoas, algumas sem piedade até para com os próprios semelhantes? O egoísmo dos homens é que os faz sofrer, não simples animais, que pedem socorro, com os recursos que possuem.
Vai, Francisco, conversar com ele, o lobo. Depois de entendê-lo, volta e conversa com os homens, e vê se os entende, o que acho mais difícil. Procura fazer uma aliança entre um e outros, para que o que sobre, não falte a quem tem fome, e que, depois de amansada a fera, não a maltratem, pois quase sempre, depois da paz, surge o abuso. O lobo tem fome, Francisco!…
Irmão Lobo!… Que a paz seja contigo, seja feita a vontade de Deus e não a nossa! Eu sou de paz. Venho pedir-te em nome de Deus e de Jesus, que tenhas um pouco de confiança nos homens, porque nem todos são violentos; muitos são bons e gostam de animais. Podes conviver em paz com eles e comer o mesmo que eles.
Espero que me ouças. Peço-te para ir comigo até eles e lhes pedirei para te atender nas tuas necessidades. Eu também sou um animal; nada tenho aqui para te dar, a não ser o meu carinho, mas prometo que te darei a amizade de todos, naquilo que possam te ofertar. As mães estão chorosas, temendo por seus filhos-Vem comigo, que serás compensado por Deus!
O lobo, essa altura, já estava deitado aos pés de Francisco, roçando seu longo pescoço nas pernas do seu protetor, submetendo-se com confiança. Este ajoelhou-se, pôs-lhe as mãos sobre a atormentada cabeça e agradeceu a Deus pela nova amizade. O futuro nos promete que a cobra viverá em paz com o batráquio, o rato com o gato, o cão com o felino, o cordeiro com o lobo, e que os homens viverão em paz com os próprios homens. Francisco olhou para o lobo e disse com piedade: – Vamos, meu irmão; desçamos juntos, para junto dos homens, pois somos todos filhos de Deus! Francisco seguiu na frente e o lobo o acompanhou com passadas lentas, mas sem perder o seu guia. Ao chegar ao lugarejo, o povo saiu às portas assombrado com o fenômeno. Muitos já conheciam o feroz animal, que naquele momento tornou-se um companheiro manso e obediente, na sombra do santo. Esse assentou-se em um cepo, ao lado de uma casa, e o lobo aproximou-se de seu companheiro, que passava levemente a mão sobre o seu corpo descarnado, falando-lhe com serenidade: – Irmão lobo, este lugar é também teu. Considera-te filho deste abençoado rebanho de ovelhas humanas que irão te tratar como se fosses filho. Nada vai te faltar, nem água, nem comida, nem o carinho de todos os irmãos em Cristo que aqui residem, e para tanto, vamos de casa em casa confirmar o que desejamos. Se, porventura, tivesse de morder alguém aqui, faze isso comigo agora; não deves trair o que combinamos, eu te peço. Jesus Cristo gosta muito de animais, tanto que preferiu nascer em uma estrebaria, a nascer em palácio. Ele poderia escolher o lugar que quisesse, e buscou os animais; isto é uma prova de Amor por eles.
Capítulo 21: Cura Divina
São várias as maneiras pelas quais se processa a cura dos enfermos. Nos casos operados por Jesus e os apóstolos, foram curas instantâneas, nas quais, como por encanto, as enfermidades desapareciam rapidamente.
(…) Há forças desconhecidas que se interpõem às curas imediatas. Não é m repetir que o Evangelho não pode deixar de nos acompanhar em todo esse trabalho. Ele é a força de Deus que faz a cura se eternizar, pois traduz os princípios das leis . Todos os desequilíbrios orgânicos e psíquicos são a não observância dos preceitos divinos. No entanto, ainda existem muitas coisas no campo da cura que os homem não estão preparados para conhecer. … Dentre as curas citadas, existe uma diferente de todas: a que Francisco de Assis usava com maestria, a cura divina. A cura divina é aquela que restabelece o enfermo, de qualquer enfermidade, num piscar de olhos; é a cura instantânea.
toda cura divina nasce de energia sublimada que vem de Deus, passando pelas mãos santas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como está comprovado, as mãos que tocam os enfermos de qualquer natureza e que curam instantaneamente, por trás delas estão as do Mestre dos mestres.Ex: Cura do leposo do hospital de Rivotorto
… Certo dia, Frei Pedro de Catani e Frei Paulo foram visitar os enfermos e conversar com eles, acerca da bondade de Deus e da misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Acontece que um deles, o mais agitado, começou a blasfemar contra Deus, contra Cristo e contra eles mesmos, por estarem somente conversando e ele, cada vez mais doente e relegado ao abandono. Chegou mesmo a dizer:
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E porque essa doença não é em vós! Retrucou Pedro de Catani:
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Foi nosso Pai Francisco que nos mandou vê-los e enviou a bênção para todos que aqui estão.
O leproso, que se chamava Tanalli/Frei Aprigio, ficou mais furioso com o recado de Pai Francisco, dizendo:
Esse Pai Francisco fica de longe nos mandando bênçãos. Dispenso as suas bênçãos… E os freis se esgotaram da paciência e Frei Pedro o mais forte o colocou nas costas e o levaram até Pai Francisco.
Pai Francisco o curou lavando suas feridas com água e pétalas de rosa, beijava-as e os dois choravam juntos, quando viram que suas feridas foram se feichando e suas dores passando. Alguém, apressadamente, lhe trouxe uma veste rota e todos o abraçavam e, deste então, passaram a chamá-lo de Frei Aprígio. Passado muito tempo, pregando o Evangelho nas andanças com Pai Francisco, a quem tinha o mais elevado respeito. Frei Aprígio, no ano de 1250, ainda sentia no seu coração, algo a corrigir. Tinha impulsos de violência, e já havia se empenhado com todos os recursos que aprendera, através, das experiências pessoais e das coisas que Pai Francisco lhe tinha ensinado. Usara o recurso da oração, de maneira a demorar-se horas a fio em preces, mas o animal violento e orgulhoso ainda vivia.
E após uma noite de orações Frei Apridio acorda como o leproso Tanalli, o leproso de Rivotorto, agradecendo a Deus e a Cristo pela bênção da lepra, que o fizera expurgar do imo de sua alma, o orgulho e a violência.
Francisco de Assis foi um destes instrumentos de Jesus, que restabeleceu uma infinidade de corpos de todos os tipos de enfermidade na Terra. Entretanto, a força que afina o instrumento humano, para servir de instrumento divino nas mãos do Mestre é somente uma: o Amor, o mais puro Amor…
As notícias da Ordem dos franciscanos e de suas regras de vida corriam o mundo. Sua fama de homem santo, se espalhava por diversas regiões, porque colocava a mão em nome de Cristo e curava enfermos, consolava os tristes, levantava caídos e matava a fome espiritual dos necessitados. Eis que chegava gente de todos os cantos do país. Mudos, cegos, velhos e estropiados faziam filas intermináveis na porta da velha igreja. Certa vez, vencendo o seu receio de se aproximar dos leprosos e tomado de sublime amor, Francisco beijou o rosto de um deles como se fosse o da sua própria mãe e passando as mãos sobre suas feridas, o curou.
Francisco vai à Cruzada falar com o Sultão a pedido de Inocêncio III
Pai Francisco vai ao encontro novamente de Inocêncio III, Francisco recebeu carta de Inocêncio III, que se encontrava bastante enfermo e que lhe solicitava a presença,…
Como dirigente máximo da Igreja, estou falido e tenho consciência de que não deveria ter feito o que fiz: incentivar uma Cruzada de crianças inocentes, enviando-as para a morte. Sou, verdadeiramente, um genocida. Acordei tarde, mas abri os olhos à Luz.
Gostaria que a saúde me visitasse pelas mãos abençoadas, mas, se este não for o desejo de Nosso Senhor, aceitarei a doença e a morte com alegria.
Chamei-te para te fazer um pedido, e morrerei triste, caso não seja atendido. Quero que tu, Frei Francisco, acompanhe esta Quinta Cruzada, que está sendo formada. Se eu tivesse forças, iria lutar para impedi-la; sei que terás forças para desfazer as atitudes perversas de que estão imbuídas as pessoas que a dirigem…
Queria pedir-te perdão e humilhar-me na tua presença. Embora sabendo não ser digno, queria beijar os teus pés, para que o meu orgulho se abalasse, deixando-me na condição de réprobo sem valor, juntando as migalhas que o teu perdão pudesse me oferecer.
… A cura antes de ir embora do papa:
Francisco sentiu leve estalo em sua cabeça, acompanhado da meiga e suave voz que já conhecia…
Francisco!… Tem piedade dele, Francisco, pois lhe falta a paz; lembra- te do meu Amor para com todas as criaturas…
Francisco ajoelhou-se à beira da luxuosa cama e respondeu com respeito.
Sim, Senhor, faça-se a Tua vontade e não a nossa.
E sentiu uma luz intensa envolver todo o seu corpo e filtrar-se através das suas mãos e projetar-se no corpo de Inocêncio III. Uma brisa suave visitou todo o ambiente e, aos olhos espirituais, Francisco ficara todo iluminado pela projeção feérica do mundo espiritual.
O alto mandatário da Igreja deu um suspiro, chamou por Jesus e Maria, e pediu perdão de suas faltas. Francisco, na condição de transmissor de alta potência energética, orou nestes termos:
“Senhor!… Fazei de mim instrumento da Vossa paz.
Onde haja ódio, consenti que eu semeie Amor!…
Perdão, onde haja injúria; fé, onde haja injúria;
Fé, onde haja dúvida;
Verdade, onde haja mentira;
esperança, onde haja desespero;
luz, onde haja trevas;
União onde haja discórdia;
alegria, onde haja tristeza.
Divino Mestre! Permiti que eu não procure
tanto ser consolado quanto consolar;
ser compreendido quanto compreender;
ser amado quanto amar,
porque é dando que recebemos,
é perdoando, que somos perdoados
e é morrendo que compreendemos a vida eterna.”
Francisco, banhado em lágrimas, olhou ao lado e viu nitidamente o papa Telésforo, ajoelhado, acompanhando a sua prece e também chorando de alegria, por sentir o Cristo em grande profusão de luzes, aproximar-se daquela casa. Francisco olhou para o papa que ressonava, e disse, tomado de energia:
Levanta-te e anda, em nome d’Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida! Inocêncio III acordou assustado, falando:
Eu vi Jesus, agora eu vi Jesus!
E começou a andar pelo quarto, livre das enfermidades e das chagas que já tomavam o seu corpo.
Em pranto, debruçou-se no ombro de Francisco com gratidão e respeito…
E Francisco vai à 5ª Cruzada pessoalmente falar com o Sultão Melek-el-Kamel… Com sua corte de discípulos, partiu de Porciúncula para o porto marítimo de Ancona, onde deveria tomar o navio para o Oriente…. O sultão já tinha mandado cortar o pescoço de vários discípulos de Francisco, para que o povo sentisse a sua força e o seu poder. Era uma guerra obsessiva, movida por Espíritos ignorantes, tanto de um lado quanto do outro.
Francisco consegue chegar até o Sultão e Tesse um diálogo inspirado pelo próprio Maomé que lhe acompanhou espiritualmente.
(…)Pai Francisco lembrou-se do pedido de Inocêncio III, para que fosse a uma das Cruzadas. Fosse qual fosse o seu interesse, ele, Francisco, tinha diretrizes marcadas na própria consciência sobre o que deveria fazer, em consonância com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. (…) A Cruzada não tinha sentido, nem condição de avançar, principalmente naquele momento, em que iria conversar com o Sultão Kamel, e tentar interferir nos seus conceitos sobre o Santo Sepulcro. Infelizmente, o frade do Cristo não foi ouvido e a Cruzada foi totalmente destruída, derrotada e espezinhada. Morreram milhares de criaturas, que derramaram o sangue em troca da defesa do Santo Sepulcro, onde não existiam nem as ideias de Jesus. O sultão já tinha mandado cortar o pescoço de vários discípulos de Francisco, para que o povo sentisse a sua força e o seu poder. (…) Entretanto, Francisco de Assis teve desassombro de ir ao encontro do Sultão Melek-el-Kamel com um dos seus discípulos, pela autoridade que o Amor lhe condena. (…)Durante a longa conversa, o sultão teve, várias vezes, vontade de beijar as mãos de Francisco de Assis, pela sua humildade e seu interesse pela paz da coletividade (Obs.: frase adaptada). (…) Depois que Francisco partiu, o Sultão ficou muito tempo em meditação, examinando o que ouvira daquele homem de Deus. Notou que não doía mais o velho ferimento que tinha debaixo do braço esquerdo e que muito o fazia sofrer. (…) E logo deduziu:
“Foi aquele homem! Ele é um enviado de Alá!”
(…)Francisco de Assis tinha grande interesse em ficar no Oriente, principalmente onde nascera o Mestre Incomparável, mas quando somos instrumentos da Verdade, nunca fazemos o que queremos e, sim, a vontade de Deus. E ouviu a voz meiga e suave, muito sua conhecida:
– Francisco, tu me amas?
– Sabes que Te amo Senhor.
– Então, volta para a Terra em que nasceste!
OBS: Fernando de Bulhões era uma jovem que também foi tocado pela presença de Francisco e se tornou um franciscano chamado Antônio de Lisboa, que depois passou a chamar-se Antônio de Pádua, cidade onde alicerçou sua obra. Todavia, Antônio de Pádua completa a obra do Poverello de Assis, mostrando que Deus não tem privilegiados, tornando-se na verdade, um segundo Francisco de Assis. Ele fala onde deseja e convém, pormétodos variados. EX: Bicorporeidade para defender o pai em Portugal, estando ele pregando na Itália. Antônio de Pádua, na época de Jesus, era rabino virtuoso e muito conhecido como cobrador de impostos, conforme anotação evangélica; referimo-nos a Zaqueu.
(…) No fim de sua vida missionária, Francisco estava muito doente, principalmente dos olhos. (Cap.24)
A enfermidade, cada vez mais, apagava sua visão; era indispensável um tratamento urgente,… Entretanto, um dos seus companheiros fê-lo lembrar, buscando um terapeuta renomado, e esse diagnosticou doença progressiva, que exigia imediata cauterização. Francisco não se opôs… Foram momentos de muito sofrimento, pois seus olhos foram queimados com ferro em brasa e antes de se efetivar o procedimento Francisco orou : “Irmão fogo! … Peço- te em nome de Deus e de Jesus Cristo, para que não me quiemes com toda sua pujança, que reduz todos os corpos! Peço- te um pouco de brandura, em se tratando dos meus olhos… Compadece-te de mim, irmão fogo!”
Pai Francisco no Monte Alverne
O Monte, situado nos Apeninos, banhado pelos rios Arno e Tibre, era envolvido em fluídos superiores e, ali Francisco refazia suas forças… Esse Monte que se encontra na Toscana, parece ter sido preparado pela natureza qual a Ilha de Patmos para receber João Evangelista. O Arcanjo Miguel aparecia a Francisco com frequência, no Monte, para consolá-lo e traçar-lhe as últimas diretrizes, como a de diversos mártires do cristianismo nascente. Ali se escondia o Poverello em uma caverna, como se estivesse em uma mansão. Quando era acompanhado, os Frades Menores ficavam à distância, não que ele exigisse, mas por respeito ao mestre que entra em êxtase ou conversava frente a frente com o mundo espiritual, em diálogos demorados.
Certa feita, cheio de cuidados, Filipe, um dos componentes da Ordem foi às bordas da caverna, onde estava Pai Francisco que, já por quinze dias, sem comer e sem beber, não dava sinal de vida. Os outros dois discípulos ficaram orando com receio de o companheiro interromper o estado de graça do cantor Assis. Filipe foi mudando os passos com a suavidade de um gato e, olhando daqui, olhando dali, adentrou, apreensivo, a caverna, e deparou como maior espetáculo que já tinha visto em toda a sua vida: Pai Francisco ressonava suavemente e uma luz dourada que não denunciava sua procedência, banhava todo seu esquelético corpo , e a sua feição divinizava-se, como se estivesse sorrindo o tempo todo e, o mais interessante, era que o corpo flutuava, tendo, como colchão, o ar que recendia fragrâncias indescritíveis. Pairava acima do solo a uns oitenta centímetros; dos ouvidos e da boca saía um plasma branco-azulado, e desta matéria quintessenciada formava-se uma roupagem que lhe servia de cobertor. E a conversa do mestre ressoava dentro da caverna, como por encanto.
O Monte Alveme foi, por assim dizer, o Calvário do Poverello de Assis. Foi lá que ele teve sua maior emoção espiritual na vida, onde recebeu a graça que tanto desejara: as chagas do Mestre.
… Cristo!… Cristo!… Cristo!… Se for a hora, deixa por misericórdia as flores das Tuas chagas florirem em mim, pobre pecador, que tenta Te seguir e que terá a maior alegria com os vínculos de Esperança. Os estigmas, para Teu servo, Jesus, serão como as portas dos Céus, que nos abriste e que devo conquistar na consciência”.
Estes são fenômenos que transcendem as fracas deduções humanas, por serem força do Espírito, que carecem das coisas espirituais para as devidas explicações. As chagas de Francisco de Assis foram o diploma para o seu coração, no exercício do verdadeiro Amor espiritual.
(…)Quando notou que seu estado piorava cada vez mais, e sentindo que se aproximava o momento de sua despedida para o mundo espiritual, Francisco manifestou vontade de ir embora para Assis, sua terra natal. (…)O seu corpo abrira-se todo em chagas e tinha de ser levado com muito cuidado. Para tanto, fizeram uma maca de madeira, forrada de capim, de modo que ele pudesse viajar com mais conforto. (…)A caminhada foi longa. (…)A sua chegada em Assis comoveu a todos, que acorreram para recebê-lo, como o santo da Terra que era.
(…)O calendário marcava a data de três de outubro de 1226…
Rumaram para o hospital dos hansenianos e quando Frei Masseu anunciou a chegada de Pai Francisco, foi uma grande alegria. (…)Naquele quadro de Amor, dois dos leprosos foram curados pelo toque do santo.
(…)Partiram dali para o Rancho de Luz, coberta improvisada como uma igreja no seio da natureza, dentro da simplicidade e da pobreza que Francisco desejara. (…) Lembrou-se de Clara, visualizou sua figura … Mandou chamá-la, porém ela não pôde comparecer… (…) O Sol começava a apagar-se no poente, quando a alma Francisco de Assis começou a apagar-se no poente da vida física, para esplender fulgurante na eternidade. Os frades, todos de joelhos, cantavam e choravam baixinho, e Francisco ascendeu às alturas. Frei Rogério viu com toda a nitidez Pai Francisco subindo aos Céus refulgindo-se em luzes, ao encontro do Cristo. (Francisco de Assis.Cap. 27. Espírito Miramez. João Nunes Maia)
Francisco de Assis, tendo sido João Evangelista, foi um dos excelsos benfeitores espirituais da Codificação sistematizada por Allan Kardec. Na Revista Espírita de 1863, o apóstolo João enfatiza que “chegou a hora em que o Espiritismo deve rejuvenescer e vivificar a própria essência do Cristianismo”. Assim ele procedeu, quando vivenciou a personalidade firme e resoluta de Francisco de Assis.
Francisco de Assis, através da mediunidade de Chico Xavier, deixou a seguinte mensagem, em 17 de agosto de 1951, em Pedro Leopoldo (MG):
“O calvário do Mestre não se constituía tão-somente de secura e aspereza… Do monte pedregoso e triste jorravam fontes de água viva que dessedentaram a alma dos séculos. E as flores que desabrocharam no entendimento do ladrão e na angústia das mulheres de Jerusalém atravessaram o tempo, transformando-se em frutos abençoados de alegria no celeiro das nações.
“Colhe as rosas do caminho no espinheiro dos testemunhos… Entesoura as moedas invisíveis do amor no templo do coração!… Retempera o ânimo varonil, em contato com o rocio divino da gratidão e da bondade!… Entretanto, não te detenhas. Caminha!… É necessário ascender.
“Indispensável o roteiro da elevação, com o sacrifício pessoal por norma de todos os instantes. Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu. Mas erguido, em plena solidão, no madeiro doloroso por devotamento à humanidade, converteu-se em Eterna Ressurreição.
“Não tomes outra diretriz senão a de sempre. Descer, auxiliando, para subir com a exaltação do Senhor. Dar tudo para receber com abundância. Nada pedir para nosso EU exclusivista, a fim de que possamos encontrar o glorioso NÓS da vida imortal. Ser a concórdia para a separação. Ser luz para as sombras, fraternidade para a destruição, ternura para o ódio, humildade para o orgulho, bênção para a maldição…
“Ama sempre. É pela graça do amor que o Mestre persiste conosco, mendigos dos milênios, derramando a claridade sublime do perdão celeste onde criamos o inferno do mal e do sofrimento.”
“Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta. A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.
“O rebanho aflito e atormentado clama por refúgio e segurança. Que será da antiga Jerusalém humana sem o bordão providencial do pastor que espreita os movimentos do céu para a defesa do aprisco?
“É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados. A inteligência sem amor é o gênio infernal que arrasta os povos de agora às correntes escuras e terrificantes do abismo. O cérebro sublimado não encontra socorro no coração embrutecido. A cultura transviada da época em que jornadeamos, relegada à aflição, ameaça todos os serviços da Boa Nova, em seus mais íntimos fundamentos. Pavorosas ruínas fumegarão, por certo, sobre os palácios faustosos da humana grandeza, carente de humildade, e o vento frio da desilusão soprará, de rijo, sobre os castelos mortos da dominação que, desvairada, se exibe, sem cogitar dos interesses imperecíveis e supremos do espírito.
“É imprescindível a ascensão. A luz verdadeira procede do mais alto e só aquele que se instala no plano superior, ainda mesmo coberto de chagas e roído de vermes, pode, com razão, aclarar a senda redentora que as gerações enganadas esqueceram.
“Refaze as energias exauridas e volta ao lar de nossa comunhão e de nossos pensamentos. O trabalhador fiel persevera na luta santificante até o fim. O farol do oceano irado é sempre uma estrela em solidão. Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre que jamais nos faltou.
“Avança… Avancemos…
“Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor, e o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
“Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.
“Não exijamos esclarecimentos. Procuremos servir. Cabe-nos apenas obedecer até que a glória Dele se entronize para sempre na alma flagelada do mundo.
“Segue, pois, o amargurado caminho da paixão pelo bem divino, confiando-te ao suor incessante pela vitória final.
“O Evangelho é o nosso Código Eterno. Jesus é o nosso Mestre Imperecível. Subamos, em companhia Dele, no trilho duro e áspero.
“Agora é ainda a noite que se rasga em trovões e sombras, amedrontando, vergastando, torturando, destruindo…
“Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar.”
Francisco de Assis desencarnou em 3 de outubro de 1226. Em 1979, o Papa João Paulo II proclamou-o Leia mais: https://www.passatempoespirita.com.br/aulas/aula-129-biografia-de-francisco-de-assis/
Fernando Miramez de Olivídeo, filho de casal nobre do norte da Espanha, ainda jovem, aprofundou-se na história dos povos e nações da Terra mostrando grande interesse na descoberta das Américas. Era íntimo de Filipe IV, rei da Espanha e, buscando acompanhar de perto a ação colonialista de Portugal na América, o rei designou-o, com poderes de chefe de Estado, para ser “os ouvidos do rei e boca da Espanha” nas Terras de Santa Cruz.
Em 1649 desce Miramez no litoral norte do Brasil. Em pouco tempo já falava dialetos indígenas e africanos, catequizando e aliviando dores físicas e espirituais dos irmãos humildes e, mais do que tudo, quintessenciando cada vez mais seu já evoluído espírito.
Certo dia, como que ouvindo a voz da própria consciência, fez aquilo que o rico mancebo referido no Evangelho recusou-se a fazer ao ser aconselhado por Jesus a se desfazer de seus bens antes de se gui-o (Mateus,XIX: 16-24; Lucas XVII: 18-25; Marcos X: 25) : Miramez enviou procuração a amigos de sua confiança autorizando-os a dispor dos seus bens e distribuir o resultado entre os carentes e sofredores da Península Ibérica.
E assim passou a viver um estado de consciência tranqüila, única riqueza que acompanha seus portadores pela eternidade a fora. Sua morte ocorreu num quadro de elevada suavidade, com os negros e os índios catequizados formando extensa fila para beijar-lhe as mãos.
Com lágrimas nos olhos, Miramez desprendeu-se do vaso físico e, já fora dele, chorou de felicidade e agradecimento, por ter ingressado pelas portas do amor e da caridade, que lhe foram abertas por Jesus.
Bibliografia:
– Francisco de Assis. Espírito Miramez. João Nunes Maia.
– A Caminho da Luz. Cap. 18. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
– Site: https://franciscanos.org.br/carisma/sao-francisco#1541514996380-410523b4-f9d2. Data da consulta: 19-05-20.
https://www.passatempoespirita.com.br/aulas/aula-129-biografia-de-francisco-de-assis/
https://www.oconsolador.com.br/ano3/128/especial.html