O Julgo Suave e o Fardo Leve, palestra 25.10.23
O jugo suave e o fardo leve
CELC – 25.10.23 – Fernando
Introdução
A passagem na bíblia que fala sobre o jugo leve está em Mateus 11:28-30:
“28 – Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 – Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. 30 – Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”
No evangelho segundo espiritismo Kardec trata do assunto no Capítulo 6, item 1 e 2:
Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente dúvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei.
Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por ele ensinada; seu jugo é a observância dessa lei; mas, esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 1, item 10.
Autoridade de Jesus
Sob a autoridade moral do Cristo, o ser humano é guiado na sua busca pela conquista da felicidade plena. Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 1, item 09
O Cristo foi o iniciador da mais pura, dá mais sublime moral, da moral evangélico- cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer ente os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam.
Como Governador do Planeta, Jesus detém a plena autoridade para suprir a Humanidade de recursos favoráveis à sua redenção espiritual. É uma autoridade que se manifesta de forma branda e pacífica, sem violência de qualquer espécie. Fundamenta-se na Lei de Amor que, por sua vez, reflete as leis sábias do Criador. A autoridade e a sabedoria de Jesus são legítimas, oriundas de Deus. Seu Evangelho é o maior código de moralidade existente, ensinando como colocar em prática a Lei de Deus, Lei que Jesus “[…] veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa Lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base de sua doutrina.” (1)
Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na sua divina missão de Educador de almas que imprime o selo do amor e da sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que, em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou” (Jo 13.13).
“Mas o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina.” (2)
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. […] Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus, 11.25,26,28-30.
Por esse ensino direto, Jesus nos faz ver a importância do seu Evangelho como rota segura da conquista da felicidade verdadeira. Esclarece Emmanuel:
Apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo é suave e todo fardo é leve. (12)
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt 11.25,26).
As lições do Evangelho têm caráter atemporal: orientaram o discípulo à época em que o Cristo esteve no Plano físico (“naquele tempo”), orientam no presente e orientação nos dias futuros. Independentemente do nosso estágio evolutivo, importa considerar que Jesus continua conosco, sempre solícito, disposto a nos ensinar como edificar o reino dos céus, em nós mesmos.
Livro dos Espíritos
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? = Vede Jesus
A.K.: Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Precisamos urgentemente começar a refletir mais os ensinamentos deixados há mais de 2.000 anos por Nosso Senhor Jesus Cristo. JOÃO 14:6 “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida.”
Desenvolvimento.
Fé no futuro “Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens”
No estudo da Revista Internacional Espírita O JUGO SUAVE E O FARDO LEVE – F. ALTAMIR DA CUNHA ABRIL DE 2017
Não raro encontramos pessoas que falam a respeito da dificuldade que sentem para o entendimento desta passagem evangélica. Não compreendem o que sejam o fardo leve e o jugo suave. A verdade é que o desconhecimento a respeito da vida futura, da justiça e da misericórdia de Deus, que não põe fardo pesado em ombro fraco, nem tampouco condena sem remissão. A justiça divina oportuniza sempre a reparação dos erros e a suavização da culpa através de uma nova encarnação.
O que comumente acontece e que faz alguns imaginarem o fardo muito pesado e a lei severa é o sobrepeso que eles mesmos acrescentam através da revolta ou de novas transgressões. A ignorância a respeito dos mecanismos da lei de evolução, que vincula o livre-arbítrio à responsabilidade do autor da ação, provoca sempre neste a falsa ideia de que Deus castiga e é culpado por todas as mazelas que aconteçam em sua vida.
O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 3. Allan Kardec:
Quando sofremos uma aflição, se procurarmos sua causa, encontraremos sempre a nossa própria imprudência, nossa imprevidência, ou alguma ação anterior. Nesses casos, como se vê, temos de atribuí-la a nós mesmos. Se a causa de uma infelicidade não depende absolutamente de nenhuma de nossas ações, trata-se de uma prova para a existência atual, ou de uma expiação da falta cometida em existência anterior e, neste caso, pela natureza da expiação podemos conhecer a natureza da falta, desde que somos sempre punidos naquilo em que pecamos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 30. Allan Kardec).
As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. ().
O Evangelho Segundo o Espiritismo:
Que remédio, pois, recomendar àqueles que estão atacados de obsessões cruéis e de males cruciantes? Um só é infalível: a fé, o olhar para o céu. Se no acesso dos vossos mais cruéis sofrimentos, a vossa voz cantar ao Senhor, o anjo à vossa cabeceira, de sua mão vos mostrará o sinal de salvação e o lugar que deveis ocupar um dia… É a fé o remédio certo do sofrimento; ela mostra sempre os horizontes do infinito, diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente. Não nos pergunteis mais, pois, qual remédio é preciso empregar para curar tal úlcera ou tal chaga, tal tentação ou tal prova; recordai que aquele que crê é forte pelo remédio da fé, e aquele que duvida um segundo da sua eficácia, é logo punido, porque experimenta no mesmo instante as pungentes angústias da aflição.
Fé no futuro
No estudo da Revista Internacional Espírita O JUGO SUAVE E O FARDO LEVE – F. ALTAMIR DA CUNHA ABRIL DE 2017
… o desconhecimento a respeito da vida futura, da justiça e da misericórdia de Deus, que não põe fardo pesado em ombro fraco, nem tampouco condena sem remissão. A justiça divina oportuniza sempre a reparação dos erros e a suavização da culpa através de uma nova encarnação.
O que comumente acontece e que faz alguns imaginarem o fardo muito pesado e a lei severa é o sobrepeso que eles mesmos acrescentam através da revolta ou de novas transgressões. A ignorância a respeito dos mecanismos da lei de evolução, que vincula o livre-arbítrio à responsabilidade do autor da ação, provoca sempre neste a falsa ideia de que Deus castiga e é culpado por todas as mazelas que aconteçam em sua vida.
Jesus não é exigente, nem tampouco apresenta proposta impraticável, fora do alcance de quem quer que o procure com o sincero desejo de mudança e renúncia às ilusões da vida. Ao mudar e renunciar aos sobrepesos desnecessários, sem dúvida o alívio se fará.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 item 3
JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra não podem ocorrer senão na vida futura; sem a certeza do futuro, essas máximas seriam um contrassenso, bem mais, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. É, diz-se, para ter mais mérito. Mas, então, pergunta-se, por que uns sofrem mais do que os outros? Por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição? Por que para uns nada dá certo, enquanto que para outros tudo parece sorrir? Mas o que se compreende menos ainda é ver os bens e os males tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; ver os homens virtuosos sofrerem ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e levar à paciência, mas não explica essas anomalias que parecem desmentir a justiça de Deus.
Livro dos espíritos – JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO.
171 – Sobre o que está baseado o dogma da reencarnação?
– Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois, repetimos sempre: Um bom pai deixa sempre aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento. Não lhe diz a razão que seria injusto privar para sempre, da felicidade eterna, todos aqueles cujo progresso não dependeu deles mesmos? Não são todos os homens filhos de Deus? Somente entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.
Todos os Espíritos tendem à perfeição e Deus lhes fornece os meios pelas provas da vida corpórea; mas, em sua justiça, lhes faculta realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a equidade, nem com a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu progresso, independentemente da sua vontade, no próprio meio onde foram colocados. Se o destino do homem está irrevogavelmente fixado após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança, e não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, isto é, aquela que admite para o homem várias existências sucessivas, é a única que responde à ideia que fazemos da justiça de Deus em relação aos homens colocados em uma condição moral inferior, a única que nos explica o futuro e fundamenta nossas esperanças, pois que nos oferece o meio de resgatar nossos erros através de novas provas. A razão indica essa doutrina e os Espíritos no-la ensinam.
O homem, consciente da sua inferioridade, tem, na doutrina da reencarnação, uma esperança consoladora. Se acredita na justiça de Deus, não pode esperar, por toda a eternidade, estar em pé de igualdade com aqueles que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e que ele poderá superá-la por meio de novos esforços, o sustenta e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim do seu caminho, não lamenta ter adquirido muito tarde uma experiência que não pode mais aproveitar? Essa experiência tardia não ficará perdida; ele a aproveitará numa nova existência
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 item 3
JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES.
Entretanto, desde que se admita Deus, não se pode concebê-lo sem perfeições infinitas; ele deve ser todo poder, todo justiça, todo bondade, sem o que não seria Deus. Se Deus é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho, nem com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que cada um deve compenetrar-se bem. Deus colocou os homens sobre o caminho dessa causa pelos ensinamentos de Jesus e, hoje, julgando-os bastante maduros para compreendê-la, a revelou inteiramente pelo Espiritismo, quer dizer, pela voz dos Espíritos
Sofrimento e aflições – “Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente dúvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei.”
O planeta Terra é classificada como um mundo de provia e expiação onde o mal predomina.
¾ dos habitantes não cumprem as provas
No livro dos espíritos TERCEIRA ORDEM – ESPÍRITOS IMPERFEITOS.
101 – Caracteres gerais. – Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que lhes são consequências.
Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Não são todos essencialmente maus; em alguns há mais de irreflexão, de inconsequência e de malícia, do que verdadeira maldade. Uns não fazem o bem, nem o mal, porém, só pelo fato de não fazerem o bem, denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram oportunidade de fazê-lo. Eles podem aliar a maldade e a malícia à inteligência, mas qualquer que seja seu desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e seus sentimentos mais ou menos inferiores.
Os seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados e o pouco que sabem se confunde com as ideias e os preconceitos da vida corpórea. Não podem nos dar senão noções falsas e incompletas, porém, o observador atento encontra, frequentemente, em suas comunicações, mesmo imperfeitas, a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.
O seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo Espírito que, em suas comunicações, revela um mau pensamento, pode ser classificado na terceira ordem. Por conseguinte, todo mau pensamento que nos é sugerido, provém de um Espírito dessa ordem.
Veem a felicidade dos bons e isso, para eles, é um tormento incessante, porque experimentam todas as angústias que a inveja e o ciúme podem produzir.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal e essa impressão, frequentemente, é mais penosa que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males que suportaram e pelos que fizeram os outros suportarem e, como sofrem por longo tempo, creem sofrer sempre: Deus, para os punir, quer que eles creiam assim.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – bem-aventurado aos aflitos
CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES
4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se assim se quer, têm duas fontes bem diferentes que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente, outras fora dela.
Remontando à fonte dos males terrestres, se reconhecerá que muitos são a consequência natural do caráter e da conduta daqueles que os suportam.
Quantos homens tombam por suas próprias faltas! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por má conduta e por não terem limitado seus desejos!
Quantas uniões infelizes porque são de interesse calculado ou de vaidade, com as quais o coração nada tem!
Quantas dissensões e querelas funestas se teria podido evitar com mais moderação e menos suscetibilidade.
Quantos males e enfermidades são a consequência da intemperança e dos excessos de todos os gêneros!
Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade que secam o coração; depois, mais tarde, recolhendo o que semearam, se espantam e se afligem pela sua falta de respeito e ingratidão.
Que todos aqueles que são atingidos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem progressivamente à fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais frequentemente, não podem dizer: Se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal coisa eu não estaria em tal situação.
A quem, pois, culpar de todas as suas aflições senão a si mesmo? O homem é, assim, num grande número de casos, o artífice dos seus próprios infortúnios; mas, ao invés de o reconhecer, ele acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a chance desfavorável, sua má estrela, enquanto que sua má estrela está na sua incúria.
Os males dessa natureza formam, seguramente, um notável contingente nas vicissitudes da vida; o homem os evitará quando trabalhar para seu aprimoramento moral, tanto quanto para o seu aprimoramento intelectual.
5. A lei humana alcança certas faltas e as pune; o condenado pode, pois, dizer-se que suporta a consequência do que fez; mas a lei não alcança e não pode alcançar todas as faltas; ela atinge, mais especialmente, aquelas que prejudicam a sociedade, e não aquelas que não prejudicam senão aqueles que as cometem. Mas Deus quer o progresso de todas as suas criaturas; por isso, ele não deixa impune nenhum desvio do caminho reto; não há uma só falta, por pequena que seja, uma só infração à sua lei, que não tenha consequências forçadas e inevitáveis mais ou menos tristes; de onde se segue que, nas pequenas, como nas grandes coisas, o homem é sempre punido pelo que pecou. Os sofrimentos que lhe são a consequência, são para ele uma advertência de que errou; eles lhe dão a experiência fazendo-o sentir a diferença entre o bem e o mal, e a necessidade de se melhorar para evitar, no futuro, o que lhe foi uma fonte de desgostos; sem isso, não teria nenhum motivo para se emendar, e, confiando na impunidade, retardaria seu adiantamento e, por conseguinte, sua felicidade futura.
Mas a experiência, algumas vezes, vem um pouco tarde; quando a vida foi dissipada e perturbada, as forças desgastadas, e quando o mal não tem mais remédio, então, o homem se põe a dizer: Se no início da vida eu soubesse o que sei agora, quantas faltas teria evitado; se fosse recomeçar, eu faria tudo de outro modo; mas não há mais tempo! Como o obreiro preguiçoso, diz: Eu perdi minha jornada, ele também se diz:
Eu perdi minha vida; mas da mesma forma que para o obreiro o Sol se ergue no dia seguinte e uma nova jornada começa, permitindo-lhe reparar o tempo perdido, para ele também, depois da noite do túmulo, brilhará o sol de uma nova vida, na qual poderá aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.
CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES
6. Mas, se há males dos quais o homem é a causa primeira nesta vida, há outros, pelo menos na aparência, que lhe são completamente estranhos, e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal é, por exemplo, a perda de seres queridos e a de arrimos de família; tais são, ainda, os acidentes que nenhuma providência poderia impedir; os reveses de fortuna que frustram todas as medidas de prudência; os flagelos naturais e as enfermidades de nascimento, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes os meios de ganhar sua vida pelo trabalho, como as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc.
… em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora, a causa precedendo sempre o efeito, uma vez que não está na vida atual, deve ser anterior a ela, quer dizer, pertencer a uma existência precedente. Por outro lado, Deus não podendo punir pelo bem que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos punidos, é porque fizemos o mal; se não fizemos o mal nesta vida, o fizemos numa outra. É uma alternativa da qual é impossível escapar, e na qual a lógica diz de que lado está a justiça de Deus.
O homem, pois, não é sempre punido, ou completamente punido na sua existência presente, mas não escapa jamais às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando seu passado. A infelicidade que, à primeira vista, parece imerecida tem, pois, sua razão de ser, e aquele que sofre pode sempre dizer: “Perdoai-me, Senhor, porque pequei.”
7. Os sofrimentos por causas anteriores são, frequentemente, como os das faltas atuais, a consequência natural da falta cometida; quer dizer, por uma justiça distributiva rigorosa, o homem suporta o que fez os outros suportarem; se foi duro e desumano, ele poderá ser, a seu turno, tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em uma condição humilhante; se foi avarento, egoísta, ou se fez mau uso da sua fortuna, poderá ser privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com os próprios filhos, etc.
Assim se explicam, pela pluralidade das existências, e pela destinação da Terra como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a repartição da felicidade e da infelicidade entre os bons e os maus neste mundo. Essa anomalia não existe em aparência senão porque considerada sob o ponto de vista presente; mas se se eleva, pelo pensamento, de maneira a abranger uma série de existências, ver-se-á que cada um recebe a parte que merece, sem prejuízo da que lhe é dada no mundo dos Espíritos, e que a justiça de Deus jamais é interrompida.
O homem não deve jamais perder de vista que está sobre um mundo inferior, onde não é mantido senão pelas suas imperfeições. A cada vicissitude, deve dizer-se que se pertencesse a um mundo mais elevado, isso não ocorreria, e que depende dele não mais retornar a este mundo, trabalhando pelo seu aperfeiçoamento.
Bem e mal sofrer.
18 – Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, que deles é o reino dos céus”, não se referia àqueles que sofrem em geral, porque todos aqueles que estão neste mundo sofrem, estejam sobre o trono ou sobre a palha; mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desencorajamento é uma falta; Deus vos recusa consolações porque vos falta coragem. A prece é um sustentáculo para a alma, porém, ela não basta: é preciso que esteja apoiada sobre uma fé viva na bondade de Deus. Frequentemente, ele vos disse que não colocava fardos pesados em ombros fracos; o fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem; maior será a recompensa quanto a aflição não seja penosa; mas essa recompensa é preciso merecê-la, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
O militar que não é enviado ao campo de batalha não fica contente, porque o repouso da retaguarda no acampamento não lhe proporciona promoção; sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enfraqueceria e a vossa alma se entorpeceria. Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo da batalha, mas as amarguras da vida, onde é preciso, algumas vezes, mais coragem do que num combate sangrento, porque aquele que ficaria firme diante do inimigo, se dobrará sob o constrangimento de uma pena moral. O homem não é recompensado por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva louros e um lugar glorioso. Quando vos atinge um motivo de inquietação ou de contrariedade, esforçai-vos por superá-lo, e quando chegardes a dominar os ímpetos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei-vos com justa satisfação: “Eu fui o mais forte.”
Bem-aventurados os aflitos pode, pois, ser traduzido assim: bem-aventurados aqueles que têm oportunidades de provarem sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão em cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra, e depois do trabalho virá o repouso. (LACORDAIRE, Havre, 1863).
O MAL E O REMÉDIO
19. Vossa Terra é, pois, um lugar de alegria, um paraíso de delícias? A voz do profeta não ressoa mais aos vossos ouvidos? Ele não apregoou que haveria pranto e ranger de dentes para aqueles que nascessem nesse vale de dores? Vós que viestes aí viver, esperai pois lágrimas cruciantes e penas amargas, e mais as vossas dores sejam agudas e profundas, olhai o céu e bendizei o Senhor por ter querido vos experimentar!… Ó homens! Não reconhecereis, pois, o poder do vosso mestre senão quando ele tiver curado as chagas do vosso corpo e coroado os vossos dias de beatitude e de alegria? Não reconhecereis, pois, seu amor senão quando ele vos tiver adornado o vosso corpo com todas as glórias, e lhe tiver restituído seu brilho e sua brancura? Imitai aquele que vos foi dado como exemplo; chegado ao último degrau da abjeção e da miséria, estendido sobre o lixo, disse a Deus: “Senhor, conheci todas as alegrias da opulência e me reduzistes à miséria mais profunda; obrigado, obrigado meu Deus, por querer bem experimentar vosso servo!” Até quando vossos olhares se deterão nos horizontes marcados pela morte? Quando vossa alma desejará, enfim, se soltar além dos limites de um túmulo? Mas se devêsseis chorar e sofrer toda uma vida, que seria isso ao lado da eternidade de glória reservada àquele que tiver suportado a prova com fé, amor e resignação? Procurai, pois, consolações aos vossos males no futuro que Deus vos prepara, e a causa deles no passado; e vós, que sofreis mais, considerai-vos os bem-aventurados da Terra.
No estado de desencarnados, quando planáveis no espaço, escolhestes vossa prova, porque vos acreditastes bastante fortes para suportá-la; por que reclamar nessa hora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, era para sustentar a luta da tentação e vencê-la. Vós que pedistes lutar de corpo e alma contra o mal moral e físico, é porque sabíeis que quanto mais a prova seria dura, tanto mais a vitória seria gloriosa, e que se dela saísseis triunfantes, devesse vossa carne ser lançada sobre um monturo, em sua morte, ela deixaria escapar uma alma brilhante de brancura e tornada pura pelo batismo da expiação e do sofrimento.
O Senhor marcou com seu selo todos aqueles que creem nele. Cristo vos disse que com a fé transportam-se as montanhas, e eu vos digo que aquele que sofre e tiver a fé por sustentáculo, será colocado sob sua égide e não sofrerá mais; os momentos das mais fortes dores serão para ele as primeiras notas de alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal forma de seu corpo que, enquanto este se contorcer sob as convulsões, ela planará nas regiões celestes cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
Felizes aqueles que sofrem e que choram! que suas almas se alegrem porque serão abençoadas por Deus. (SANTO AGOSTINHO, Paris, 186
Livro ORAI E VIGIAI do Irmão José
RESIGNAÇÃO INCONVENIENTE
Existe um tipo de resignação inconveniente – a passividade de quem se compraz na prova.
São muitos os que, a pretexto de aceitação, se acomodam na situação que lhes proporcione prazer.
Referimo-nos aos que não lutam para se melhorar, porque se habituaram a usufruir do carma.
São os que se queixam do peso do fardo aos ombros, mas estimam carregá-lo, para terem do que se queixar.
São os que aprenderam a chantagear emocionalmente os outros, exibindo as suas feridas.
São, ainda, os que, ante a fatalidade da prova, se sentem desobrigados de qualquer esforço de auto superação.
Viciando o espírito, semelhantes companheiros demorarão longo tempo para se libertarem do que tiverem interesse em cultivar.
Mas se é verdade que o Senhor permitiu que os sofrimentos nos assaltassem, não é menos verdade que também nos proporciona a Esperança, com que aguardamos dias melhores. A Esperança é a estrela que norteia as nossas mais belas aspirações; é a estrela que ilumina a noite tenebrosa da vida, e nos faz vislumbrar a estância de salvamento. (Parábolas e ensinos de Jesus. As Bem-aventuranças. Um trecho do sermão do monte. Cairbar Schutel).
Pão Nosso – 130 – Onde estão?
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” – Jesus. (Mateus, 11:29.)
Dirigiu-se Jesus à multidão dos aflitos e desalentados proclamando o divino propósito de aliviá-los.
– “Vinde a mim! – clamou o Mestre – tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração!”
Seu apelo amoroso vibra no mundo, através de todos os séculos do Cristianismo.
Compacta é a turba de desesperados e oprimidos da Terra, não obstante o amorável convite.
É que o Mestre no “Vinde a mim!” espera naturalmente que as almas inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divino. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas desesperações e nem todos os tristes querem fugir à sombra para o encontro com a luz.
A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas.
Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, hão de ouvi-lo, no silêncio do santuário interior, concitando-lhes o espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior.
Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus-Cristo?
Para esses foram pronunciadas as santas palavras “Vinde a mim!”, reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável.
Condições:
Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por ele ensinada; seu jugo é a observância dessa lei;
No estudo da Revista Internacional Espírita O JUGO SUAVE E O FARDO LEVE – F. ALTAMIR DA CUNHA ABRIL DE 2017
Jesus não é exigente, nem tampouco apresenta proposta impraticável, fora do alcance de quem quer que o procure com o sincero desejo de mudança e renúncia às ilusões da vida. Ao mudar e renunciar aos sobrepesos desnecessários, sem dúvida o alívio se fará.
São inúmeros os que comprovaram o poder maravilhoso do Mestre Jesus em aliviar e libertar da ignorância, despertando a compreensão a respeito da leveza de seu fardo e suavidade de seu jugo. Maria de Magdala, sofrida e sobrecarregada pelas ilusões de uma vida de luxúria e prazer, libertou-se; Zaqueu, embora a riqueza material de que era possuidor, tinha o coração vazio das riquezas espirituais, libertou-se do fardo pesado do egoísmo, aprendeu a compartilhar sua riqueza material e tornou-se rico espiritualmente; Saulo de Tarso, orgulhoso defensor e expoente intelectual do farisaísmo, perseguiu e autorizou a execução de muitos seguidores de Jesus, mas quando o encontrou no caminho de Damasco, libertou-se do fardo do orgulho e propôs-se a servi-lo: “Senhor que queres que eu faça?”; Dimas, cognominado o bom ladrão, contagiado pelas vibrações transcendentes do Mestre, apesar das dores atrozes da crucificação, sentiu o lampejo divino em sua consciência e despertou certeza da vida espiritual, pedindo ao Mestre que dele lembrasse quando estivesse no reino dos céus. O arrependimento e a esperança com relação à vida futura aliviou-o do fardo da culpa.
No entanto, se são muitos os que obtiveram alívio encontrando ou seguindo Jesus, também são muitos os que o encontraram e continuaram atormentados pelo fardo das ilusões e alimentados pela falsa desculpa de que está sendo feita a vontade de Deus. Jesus é o divino médico das almas; quando um médico prescreve certo remédio amargo, porém, salutar, e o enfermo rejeita, continuará sofrendo, pondo em risco sua vida. De forma semelhante, encontrar Jesus e não seguir seus ensinamentos, continuar escravizado às ilusões do mundo material é tornar mais pesado o fardo das provações e concluir equivocadamente sobre a severidade das leis divinas.
Judas foi o exemplo maior de quem conviveu com o Mestre, todavia, optou pela ganância e sede de poder, tornando seu fardo mais pesado. Cumpriu-se o que o Mestre prognosticara um dia, conforme se encontra no livro Boa Nova Cap. Humberto de Campos/ Chico Xavier: “Ali mesmo, pretextando a necessidade de incentivar os movimentos iniciais da grande causa, o filho de Iscariotes fez a primeira coleta entre os discípulos. Todas as possibilidades eram mínimas, mas alguns pobres denários foram recolhidos com interesse. O Mestre observava a execução daquela primeira providência, com um sorriso cheio de apreensões, enquanto Judas guardava cuidadosamente o fruto modesto de sua lembrança material. Em seguida, apresentando a Jesus a bolsa minúscula, que se perdia nas dobras de sua túnica, exclamou, satisfeito: Senhor, a bolsa é pequenina, mas constitui o primeiro passo para que se possa realizar alguma coisa… Jesus fitou-o serenamente e retrucou em tom profético: Sim, Judas, a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus que nunca sucumbas ao seu peso!”.
Yvonne A. Pereira. À luz do consolador – item: Convite ao estudo.
“O jugo a que Jesus se reporta é justamente a sua Doutrina, o conhecimento e a prática das regras de bem-viver, expostos no Sermão da Montanha e na Revelação Espírita; é a prática do Amor, os deveres da Caridade, a consciência dos princípios das leis eternas e sua observância possível, divulgadas no alto do Sinai.”
Aula 73 do site passatempo espirita:
O jugo de Jesus é a humildade, a fraternidade, o perdão, o amor, a resignação, a calma, a paciência e a confiança em Deus; é a paz e a bondade; é a certeza de uma vida eterna, vivida em perene alegria no seio de nosso Pai celestial; é o doce descanso de nossas almas, que pela fé e pelas boas obras, subirão aos planos divinos.
E o jugo da terra é o ódio e a vingança; o desespero e a revolta; a descrença, o egoísmo, o orgulho, a ambição e a concupiscência. O jugo terreno prende em séculos de sofrimentos expiatórios os que não se esforçarem por se livrarem dele. Demonstrando-nos a realidade da vida além-túmulo e ensinando-nos e concitando-nos a praticar os preceitos de Jesus, o Espiritismo é uma poderosa força, que muito nos ajudará a libertarmo-nos do jugo terreno e fará com que facilmente aceitemos o suave e leve jugo de Jesus. (O Evangelho dos Humildes. Cap. 11. O jugo de Jesus. Eliseu Rigonatti)
Dever
“mas, esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.”
No Evangelho segundo o Espiritismo no Capítulo 17 Sede Perfeitos – 7 – O Dever diz:
O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida: encontra-se desde os menores detalhes, assim como nos mais elevados atos. Refiro-me apenas ao dever moral e não ao dever que as profissões impõem.
Na ordem dos sentimentos o dever é muito difícil de ser cumprido, pois se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhos e suas derrotas não estão sujeitas à repressão. O dever íntimo do homem é governado pelo seu livre arbítrio, este aguilhão da consciência, guardião da integridade interior, o adverte e o sustenta, mas permanece, muitas vezes, impotente perante os enganos da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem, mas, como este dever pode ser determinado? Onde ele começa? Onde termina? O dever começa precisamente no ponto onde ameaçais a felicidade ou a tranquilidade de vosso próximo, e termina no limite em que não desejaríeis vê-lo transposto em relação a vós mesmos.
Consolador
362 – Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos espiritistas?
-Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.
Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo, porque antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si mesmo, no cumprimento de suas obrigações.
No Livro Evolução para o Terceiro Milénio Parte IV capitulo 6
Urge a renovação íntima, a Presença Divina, a adesão aos ensinos do Cristo, a pratica do estudo e do serviço útil (caridade), a oração e na meditação – a vida interior em nível superior com um ideal de elevação a planos mais altos.
6-qual caminho a seguir? O caminho da transformação interna é único, mas admite várias formulações humanas. Bastaria, por exemplo, dizer: seja bom e cumpra seus deveres. Surge logo,porem, o problema: como fazer isso? Disse o mestre da humanidade: “eu sou o caminho, a verdade e a vida” – é pelo estudo e pratica dos ensinamentos morais contidos no Evangelho que se poderá ser bom e cumprir os deveres. Por mais que se examine essa questão e se confrontem preceitos e lições, outros mais gerais e simples, embora tão profundos, não se encontram em parte alguma. Além disso, a experiência provou que eles são válidos e funcionais, hoje que se dispõe de numerosos elementos comprobatórios.
A outra maneira consistente de formular a orientação para a renovação espiritual consiste em afirmar que tudo se resume na luta pela aquisição do amor, absolutamente indispensável à vida normal do homem sadio. As dificuldades têm inicio logo que se pergunta: “o que é amor?” A resposta só será dada no fim deste volume, mas se praticarmos a cordialidade, tratando os outros com urbanidade; a solidariedade, sentindo participar das dores e necessidades alheias; e a cooperação, trabalhando para o bem comum – estaremos revelando possuir amor e isso basta para dar cumprimento à Lei e evoluir no plano material. Contudo, o ser inteligente (ou Espírito, segundo Kardec) precisa compreender o que se passa nele e saber o que faz. É necessário justificar-se perante si mesmo e a vida, ser consciente e responsável.
No livro O Consolador:
337 – “Concilia-te depressa com o teu adversário” – Essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
-Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui numa chaga viva para quanto o conservam no coração.
PÃO NOSSO CAP.81 = EMMANUEL/CHICO = (NO PARAÍSO)
“E respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” — Lucas 23:43
À primeira vista, parece que Jesus se inclinou para o chamado bom ladrão, através da simpatia particular.
Mas, não é assim. O Mestre, nessa lição do Calvário, renovou a definição de paraíso.
Noutra passagem, Ele mesmo asseverou que o Reino Divino não surge com aparências exteriores. Inicia-se, desenvolve-se e consolida-se, em resplendores eternos, no imo do coração.
Naquela hora de sacrifício culminante, o bom ladrão rendeu-se incondicionalmente a Jesus Cristo. O leitor do Evangelho não se informa, com respeito aos porfiados trabalhos e às responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros, de modo a cimentar a união com o Salvador, todavia, convence-se de que daquele momento em diante o ex-malfeitor penetrará o Céu.
O símbolo é formoso e profundo e dá idéia da infinita extensão da Divina Misericórdia.
Podemos apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo é suave e todo fardo é leve. Chegado a essa altura, o Espírito endividado não permanecerá em falsa atitude beatífica, reconhecendo, acima de tudo, que, com Jesus, o sofrimento é retificação e as cruzes são claridades imortais.
Eis o motivo pelo qual o bom ladrão, naquela mesma hora; ingressou nas excelsitudes do paraíso.
PÃO NOSSO – CAP. 103 = CRUZ E DISCIPLINA
“E constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.” Marcos 15:21
Muitos estudiosos do Cristianismo combatem as recordações da cruz, alegando que as reminiscências do Calvário constituem indébita cultura de sofrimento.
Asseveram negativa a lembrança do Mestre, nas horas da crucificação, entre malfeitores vulgares. Somos, porém, daqueles que preferem encarar todos os dias do Cristo por gloriosas jornadas e todos os seus minutos por divinas parcelas de seu ministério sagrado, ante as necessidades da alma humana.
Cada hora da presença dele, entre as criaturas, reveste-se de beleza particular e o instante do madeiro afrontoso está repleto de majestade simbólica.
Vários discípulos tecem comentários extensos, em derredor da cruz do Senhor, e costumam examinar com particularidades teóricas os madeiros imaginários que trazem consigo.
Entretanto, somente haverá tomado a cruz de redenção que lhe compete, aquele que já alcançou o poder de negar a si mesmo, de modo a seguir nos passos do Divino Mestre.
Muita gente confunde disciplina com iluminação espiritual. Apenas depois de havermos concordado com o jugo suave de Jesus Cristo, podemos alçar aos ombros a cruz que nos dotará de asas espirituais para a vida eterna.
Contra os argumentos, quase sempre ociosos, dos que ainda não compreenderam a sublimidade da cruz, vejamos o exemplo do Cireneu, nos momentos culminantes do Salvador. A cruz do Cristo foi a mais bela do mundo, no entanto, o homem que o ajuda não o faz por vontade própria, e, sim, atendendo a requisição irresistível. E, ainda hoje, a maioria dos homens aceita as obrigações inerentes ao próprio dever, porque a isso é constrangida.
O jugo de Jesus é a humildade, a fraternidade, o perdão, o amor, a resignação, a calma, a paciência e a confiança em Deus; é a paz e a bondade (O Evangelho dos Humildes/Eliseu Rigonati)
Esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade (ESE). E o jugo da terra é o ódio e a vingança; o desespero e a revolta; a descrença, o egoísmo, o orgulho, a ambição…
Certa feita, o pai de Chico Xavier, senhor João Xavier, pergunta ao filho: Chico, como Jesus é conhecido no mundo espiritual? Chico Xavier pensou por alguns instantes e respondeu a seu pai, com carinho e amor: ― Meu pai, Jesus é conhecido no Mundo Espiritual pelo nome de alegria, pois todos que a Ele recorrem, Ele não nega alívio. Quando nós estivermos cansados, em sofrimento, em desânimo, vamos recorrer a Ele. Pois O Cristo há sempre de nos amparar.
Livro: O Evangelho por Emmanuel – No caminho da elevação
Abençoa os conflitos que, tantas vezes, te amarfanharam o coração no carreiro doméstico, sempre que o lar apareça por ninho de problemas e inquietações.
É aí, entre as quatro paredes do reduto familiar, que reencontras a instrumentação do sofrimento reparador
Amigos transfigurados em desafios à paciência
Pais incompreensíveis a te requisitarem entendimento
Filhos convertidos em ásperos inquisidores da alma
Parentes que se revelam por adversários ferrenhos sob o disfarce da consanguinidade
Lutas inesperadas e amargas que dilapidam as melhores forças da existência pelo seu conteúdo de aflição …
Aceita as intimações do calvário doméstico, na feição com que se mostrem, como quem acolhe o remédio indispensável à própria cura.
Desertar será retardar a equação que a contabilidade da vida exigirá sempre, na matemática das causas e dos efeitos.
Nesse sentido, vale recordar que Jesus não afirmou que se alguém desejasse encontrá-lo necessitaria proclamar lhe as virtudes, entretecer-lhe lauréis, homenagear-lhe o nome ou consagrar-se às atitudes de adoração, mas sim, foi peremptório, asseverando que os candidatos à integração com ele precisariam carregar a própria cruz e seguir-lhe os passos, isto é, suportar com serenidade e amor, entendimento e serviço, os deveres de cada dia. Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos entraves e das lágrimas do caminho, sustenta nos ombros, ainda mesmo, desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.
No Evangelho segundo o Espiritismo no Capítulo 17
O HOMEM DE BEM
3. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza. Se interroga a consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa lei; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele; enfim, se fez a outrem tudo o que quereria que se fizesse para com ele.
Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça e em sua sabedoria; sabe que nada ocorre sem sua permissão e se submete, em todas as coisas, à sua vontade.
Tem fé no futuro; por isso, coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O homem, possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça.
E encontra satisfação nos benefícios que derrama, nos serviços que presta, nos felizes que faz, nas lágrimas que seca, nas consolações que dá aos aflitos. Seu primeiro movimento é de pensar nos outros antes de pensar em si, de procurar o interesse dos outros antes do seu próprio. O egoísta, ao contrário, calcula os lucros e as perdas de toda ação generosa.
Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê irmãos em todos os homens. (*)
Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema àqueles que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia; diz a si mesmo que aquele que leva prejuízo a outrem por palavras malévolas, que fere a suscetibilidade de alguém por seu orgulho e seu desdém, que não recua à idéia de causar uma inquietação, uma contrariedade, ainda que leve, quando pode evitá-lo, falta ao dever de amor ao próximo, e não merece a clemência do Senhor.
Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios; porque sabe que lhe será perdoado como ele próprio houver perdoado.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: aquele que está sem pecado lhe atire a primeira pedra.
Não se compraz em procurar os defeitos alheios, nem em colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a poder dizer a si mesmo no dia de amanhã, que há nele alguma coisa de melhor do que na véspera.
Não procura fazer valorizar nem seu espírito, nem seus talentos às expensas de outrem; aproveita, ao contrário, todas as ocasiões para ressaltar as vantagens dos outros.
Não se envaidece nem com a fortuna, nem com as vantagens pessoais, porque sabe que tudo o que lhe foi dado, pode lhe ser retirado.
Usa, mas não abusa, dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito do qual deverá prestar contas, e que o emprego, o mais prejudicial para si mesmo, é de fazê-los servir à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, ele os trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para erguer-lhes o moral e não para os esmagar com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar a sua posição subalterna mais penosa.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9).
O homem de bem, enfim, respeita em seus semelhantes todos os direitos dados pelas leis da Natureza, como gostaria que os seus fossem respeitados.
Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, está no caminho que conduz a todas as outras.
Referencias
As referências estão nos trechos citados.