Pedagogia Espírita – palestra 27.09.2023
PEDAGOGIA ESPÍRITA
CELC – 27.09.23 – Jane
“Os preceptores da Humanidade têm, pois, um dever imediato a cumprir. É o de repor o Espiritualismo na base da educação, trabalhando para refazer o homem interior e a saúde moral.” Léon Denis
Pedagogia é a ciência que tem como objeto de estudo a educação, o processo de ensino e a aprendizagem. Wikipédia
É pela Educação, sustenta Kardec, que podemos reformar o homem e o mundo. A Religião é encarada como uma forma especial de Educação, aplicada em todos os tempos no sentido de arrancar o homem da animalidade e conduzi-lo à humanização, pelo desenvolvimento progressivo de sua perfectibilidade possível, levando-o à espiritualidade. EX: Emmanuel reencarnado
“Educação é um ato de amor pelo qual uma consciência formada procura elevar uma consciência em formação”; Herculano Pires nos apresenta esse pensamento de René Hubert, que exemplificava a necessidade e possibilidade do auxílio aos educandos na utilização dos vínculos do amor tecidos através dos séculos, utilizando a estimulação da Doutrina Espírita. Bastava a compreensão da importância da Reencarnação para entendermos a necessidade da divulgação da Pedagogia Espírita. A educação tradicional, fruto de uma sociedade “baseada no lucro”, não consegue promover a transcendência, o domínio das paixões, a superação da animalidade, a incapacidade de ser feliz e auxiliar o outro a conseguir a felicidade. (Heloísa Ferraz Pires, introdução do livro)
O termo foi criado por J. Herculano Pires, dentro da herança que nos identifica, Eurípedes, Anália, Tomás Novelino, Herculano, Ney Lobo.
Vamos estudar 2 aspectos de uma só definição:
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A pedagogia espírita como resgate do espiritismo, como foi proposto por Allan Kardec, com seu caráter científico, filosófico e moral/espiritual, entendendo-se que a educação é a meta existencial do ser humano, enquanto ser social, político, biológico e espiritual. A educação Familial ou individual.
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A pedagogia espírita como nova visão teórica e nova proposta prática de educação, na linha da herança de Comenius, Rousseau e Pestalozzi. Mas a pedagogia espírita tem a especificidade de trabalhar o aspecto espiritual do ser humano, encarando-o como um ser reencarnado, sujeito autônomo, que constrói a sua própria evolução aqui.
Princípios da Pedagogia Espírita:
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Amor
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Liberdade
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Igualdade com singularidade
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Naturalidade
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Educação ativa
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Educação integral
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Uma prática em construção
A educação depende do conhecimento menor ou maior que o educador possua de si mesmo. Porque conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo do conhecimento do ser humano. A Humanidade é uma só. O ser humano, em todas as épocas e em toda parte, foi sempre o mesmo. Sua constituição física, sua estrutura psicológica, sua consciência são iguais em todos os seres humanos. Essa igualdade fundamental e essencial é o que caracteriza o homem. As diferenças temperamentais, culturais, de tipologia psicológica, de raça ou nacionalidade, de cor ou tamanho são apenas acidentais. Por isso mesmo a Educação é universal e seus objetivos são os mesmos em todas as épocas e em todas as latitudes da Terra. (P. Espírita)
Essa padronização, que devia simplificar a educação, na verdade a complica, porque por baixo do aspecto padronizador surgem as diferenciações individuais e grupais. Cada indivíduo é único, diferente de todos os demais… O tipo psicológico de cada ser humano é único. O mistério do ser, que aturde os educadores, chama-se personalidade. Cada ser humano é uma pessoa. E o é desde o nascimento, pois já nasce formada com sua complicada estrutura que vai apenas desenvolver-se no crescimento e na relação social. É difícil para o educador dominar todas essas variações e orientá-las. Educar, como se vê, é decifrar o enigma do ser em geral e de cada ser em particular, de cada educando… (P. Espírita)
Consolador Q. 108 – Onde a base mais elevada para os métodos de educação?
-As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida, constituem a base de toda a educação no sagrado instituto da família.
E se a família está sem base moral, como educar?
109 –O período infantil é o mais importante para a tarefa educativa? -O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar. Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas. Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e , atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.
Como ajustar os fins superiores da Educação às exigências de uma civilização baseada no lucro? A falta de uma solução para esse ajustamento é a origem da crise universal da Educação em nosso tempo. Não obstante, a solução poderia ser encontrada na aplicação de processos vocacionais. Nenhum tipo de educação coletiva pode ser eficiente se não estiver em condições de observar e orientar as tendências vocacionais. O desenvolvimento da Era Cósmica, apenas iniciada com as conquistas atuais da Astronáutica, traz novos e graves problemas ao campo educacional (Celular). Toda a Terra está sendo afetada pela nova concepção do homem e da sua posição no Cosmos… A Educação da Era Cósmica começa a nascer e os educadores começam a perceber que precisam renovar os processos educacionais… a Educação Espírita se entrosa naturalmente nas aspirações e nos objetivos da Pedagogia contemporânea.
“A missão do Espiritismo não é esclarecer alguns indivíduos em meio às multidões, mas, esclarecer as multidões, alargar o conhecimento humano, colocar os homens diante da realidade integral da vida para regenerá-los… O Espiritismo não será a religião do futuro mas o futuro das religiões.
A descoberta do Espírito
… Kardec afirmaria em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de acordo com a sua orientação anterior de pedagogo: “A educação é a chave do progresso moral”. Encarando o problema da evolução do mundo Kardec adverte em sua obra fundamental: “O Espírito só pode avançar gradualmente.
A importância da Educação Espírita ressalta deste trecho: “Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível na infância às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação”. (pergunta 383). A Educação Espírita aparece em Kardec também no seu aspecto transcendente. Não é apenas a educação do homem pelo homem. É também a educação ministrada pelos Espíritos Superiores. Que bela visão desse processo educativo ele nos oferece neste trecho: “A verdadeira Doutrina Espírita está no ensino dos Espíritos. Os conhecimentos que esse ensino encerra são demasiado sérios para ser adquiridos sem um estudo profundo e continuado, feito no silêncio e no recolhimento.”
A Pedagogia propriamente dita só aparece depois do desenvolvimento da Educação. Porque a Pedagogia é o estudo, a pesquisa, a reflexão sobre o processo educacional. Assim, cada novo sistema educacional surge e se desenvolve sob a pressão das necessidades culturais, amparado por uma orientação pedagógica estranha. A Educação Cristã se desenvolveu em meio da cultura clássica greco romana, mas sob a influência pedagógica da Educação Judaica. As culturas grega, romana e judaica geraram historicamente a nova cultura cristã. Assim, a Educação Clássica e a Educação Judaica foram as fontes naturais de que surgiu a Educação Cristã. (Grifo nosso)
Quando falamos em pedagogia nos vem a palavra educação e educação lembra criança.
E A QUEM MELHOR DESPERTAR SENÃO AS CRIANÇAS?
Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. (Mateus 19:14)
Consolador 110 –Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?
-A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. (PESTALOZZI)
É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem. Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os homens, em lares cristãos, para a nova era da Humanidade.
Consolador 112 –Como renovar os processos de educação para a melhoria do mundo?
-As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos pedagógicos, com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a psicologia infantil, mas a escola educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é o Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo.
A Educação Cristã
Os princípios da pedagogia espírita se encontram presentes na tradição filosófico-pedagógica ocidental, desde Sócrates, que buscava extrair a luz espiritual de dentro do educando, convocando-o a construir por si mesmo a sua perfeição moral e seu conhecimento do mundo e de si. Liberdade, emancipação do homem e da criança, relação amorosa entre educador e educando, e que teve como representante máximo a figura de Jesus.
A Educação Cristã se realizou, nos primeiros tempos, direta e pessoalmente. Os educadores foram: o próprio Jesus — o Mestre por excelência — os apóstolos, os evangelistas e, em geral, os discípulos do Cristo. Era então uma educação sem escolas, como aconteceu com a budista, a judaica, e em geral com todas as religiões em seus primeiros tempos…
Toda educação começa sempre pelo ato de educar, que se passa necessariamente entre duas ou mais pessoas. Jesus iniciou a Educação Cristã ao ensinar pessoalmente os fundamentos da nova doutrina ao povo. (Herculano/P.Espírita)
A Pedagogia de Jesus
Com Jesus o objetivo da vida humana não é mais a conquista do céu pela violência, mas a implantação do Reino de Deus na Terra. As riquezas e o poder não são coisas desejáveis e invejáveis, mas fascinações perigosas que podem levar a criatura humana à perdição. As crianças não são desprezíveis, mas as preferidas de Deus, e para nos tornarmos dignos d’Ele temos de nos fazer crianças.
Não se consegue a salvação pela obediência à lei e pelos rituais do culto (as obras da lei), mas pelo aperfeiçoamento do espírito, pela purificação do coração, pela educação integral da criatura. Por isso é preciso nascer de novo — não em forma simbólica, mas naquele sentido que Nicodemos não podia compreender: nascer da água e do espírito (a água era o símbolo da matéria, do poder fecundante e gerador), nascer para se redimir,… dos seus próprios erros,…
A educação não era mais o ajustamento do ser aos moldes ditados pelos rabinos do Templo, a imposição de fora para dentro da moral farisaica, mas o despertar das criaturas para Deus através dos estímulos da palavra e do exemplo.
A salvação pela graça não era um privilégio de alguns, mas o direito de todos. Jesus ensinava e exemplificava e seus discípulos faziam o mesmo. Chamava as crianças a si para abençoá-las e despertar-lhes, com palavras de amor, os sentimentos mais puros. Nem os apóstolos entenderam aquela atitude estranha: um rabi cheio da sabedoria da Torá perder tempo com as crianças ao invés de ensinar coisas graves aos homens. Mas Jesus lhes disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos Céus”. Cada criatura humana é para ele um educando, um aluno… (Herculano/P. Espírita)
Vejamos este expressivo trecho de Francisco Arroyo em sua HISTÓRIA GERAL DA PEDAGOGIA: “Jesus possui todas as qualidades do educador perfeito. Os recursos pedagógicos de que se serve conduzem o educando, com feliz e profunda alegria, à verdade essencial dos seus ensinos. Por isso pôde sacudir e despertar a consciência adormecida do seu próprio povo, asfixiado sob o peso excessivo da lei mosaica e da política imperialista da época”. “Os ensinos de Jesus são sempre adaptados aos ouvintes. Ele pronuncia as suas palavras de forma compreensível para todos, sempre nas ocasiões mais oportunas. Recorre frequentemente às imagens e parábolas, dando maior plasticidade às suas ideias”. E sabia quando devia retornar uma pergunta com outra, movia a reflexão no educando.
“A Pedagogia do Mestre é também gradual. Não cai jamais em precipitações que possam fazer malograr o aprendizado. Semeia e espera que as sementes germinem e frutifiquem: Tenho ainda muito a vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”.
Educação Espírita
As primeiras referências à Educação Espírita foram feitas por Kardec na Revista Espírita, revelando o aparecimento de um novo tipo de Educação Familial na França, em Paris. Escreveu Kardec, na REVUE Fevereiro de 1864, um artigo sobre o que observara numa família parisiense em que as crianças recebiam educação moral baseada no Espiritismo. Suas palavras finais nos provam o seu entusiasmo pelo que pôde então observar: “Ele (o Espiritismo) já prova a sua eficácia pela maneira mais racional por que são educadas as crianças numa família verdadeiramente espírita”- Herculano.
Mais diretamente, porém, a pedagogia espírita remonta a três grandes precursores, Jan Amos Comenius (1592-1670), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Kardec, era discípulo de Pestalozzi, que recebeu influências de Rousseau e Comenius. Esta descendência histórica nos faz encontrar o fio condutor que desemboca no espiritismo e, portanto, na pedagogia espírita.
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) foi um pedagogo Suíço, de orientação religiosa protestante e se considerava um cristão sem defender uma religião específica. Seu pensamento enfatizava a manifestação da divindade através do ser humano e da caridade, que ele praticou principalmente em favor dos pobres. Por isso Pestalozzi não foi um iluminista típico, por sua forte tendência religiosa. Foi influenciado pelo movimento naturalista após a leitura da obra Emílio, do filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau.
Sua 1ª experiência pedagógica aconteceu em 1774, na Fazenda Neuhof cuja experiência durou até 1780. Todavia, “sua falta de habilidade na administração do negócio e ao mesmo tempo escola profissional levou-o à falência […] Pestalozzi perde a fazenda… Em uma proposta que unia educação e trabalho para crianças pobres, a intenção de Pestalozzi “era formar um grande lar, onde as crianças órfãs e mendigas pudessem ter uma formação moral e profissionalizante. A relação estabelecida com os alunos deveria ser como a de pai e filhos: Baseada no amor e na fé no potencial adormecido das crianças” (FREITAS; PEREIRA; CALHEIROS JÚNIOR, 2013, p. 70)
Quando Pestalozzi já tinha mais de 50 anos, ao ser chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stanz que acabou sendo uma de suas experiências pedagógicas mais produtivas “As lutas pela independência e a presença de tropas francesas intervencionistas de Napoleão Bonaparte na Suíça deixaram muitas crianças que vagavam sem pais, sem casa e sem comida em torno do Lago de Lucerna” (BRETTAS, 2018, p. 418). Mais duas experiências se seguiram: em Burgdorf (SIQUEIRA, 2012, p. 71-79) e Yverdon (SIQUEIRA, 2012, p. 80-84). Obrigado a abandonar o projeto com as crianças órfãs de Stanz, Pestalozzi obteve permissão do exército francês para manter uma escola em Burgdorf, onde permaneceu trabalhando entre 1800 e 1804: “O Instituto de Burgdorf abriu suas portas em janeiro de 1801 e, desde o início, demonstrou grandes progressos, sendo que isso se devia, à grande devoção de Pestalozzi e Krüssi [seu amigo e grande colaborador]” (SIQUEIRA, 2012, p. 72).
Já em Yverdon se dedicou por vinte anos (1805 a 1825) ao seu trabalho, dando aulas para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores. “No Instituto de Iverdon, Pestalozzi reuniu educadores de várias partes… Yverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da época. Dentre seus discípulos talvez o mais famoso seja Denizard Rivail (mais conhecido como Allan Kardec) além de Friedrich Fröbel e Madame de Staël.
O Instituto Yverdon funcionava em regime de internato e com espírito de família, aplicando-se em sua plenitude o método pestalozziano. Em Yverdon não havia a mesma rigidez disciplinar dos internatos e eram proibidos qualquer espécie de castigo corporal. Os alunos corriam e brincavam e os portões do instituto estavam sempre abertos. Os estudos alternavam-se com trabalhos manuais, jogos, excursões, educação física.
O funcionamento do Instituto era revolucionário para os padrões da época: portões sempre abertos, liberdade para os alunos, dez horas de aula por dia, salas de trabalho, trabalhos manuais, aulas de ginástica e natação ao ar livre, pesquisas de botânica e biologia junto à natureza, utilização da música e dos alunos mais adiantados como submestres e aos domingos, numa assembléia geral, era feita uma avaliação dos trabalhos desenvolvidos na semana, não havia castigos nem recompensas. Pestalozzi não queria a emulação nem o medo. Só admitia a disciplina do dever, da afeição, e do amor (FREITAS; PEREIRA; CALHEIROS JÚNIOR, 2013, p. 73-74).
https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/pestalozzi/ Alexsandro Melo Medeiros
Pestalozzi foi o idealizador do denominado Método Intuitivo, segundo o qual deveriam estar norteadas as práticas pedagógicas. O Método Intuitivo inicia-se através das percepções sensoriais, incluindo olhar, tocar, ouvir, comparar e analisar. Por meio da observação e da investigação, estimulam-se os processos cognitivos e a mobilização dos recursos mentais do educando na busca da compreensão do fenômeno observado integralmente.
Pestalozzi defende que o processo de aprendizagem deveria ir “das coisas para as palavras” e não “das palavras para as coisas”, pois compreendia que, se o professor explicasse diretamente os conteúdos, estaria estimulando muito mais a memória de seus alunos em detrimento da capacidade de pensar, raciocinar e de criar novas soluções.
… é possível notar consideráveis paralelos entre os pressupostos da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os ideais de educação defendidos e praticados por Pestalozzi. (Blog Sistema Anglo) por Philippe Spitaleri Kaufmann
Kardec foi o herdeiro desta tradição pedagógica, transfundindo-a para o espiritismo, ao dar-lhe um caráter eminentemente educativo… Com a didática de perguntas e respostas do Livro dos Espíritos. Segundo a filosofia espírita, a existência humana é um projeto educacional, para a eternidade, pois a nossa meta é a perfeição.
Com um novo conceito de ser humano (como projeto inacabado, que deve ele mesmo aperfeiçoar) e um novo conceito de criança (como ser reencarnado, herdeiro de si e dono de potencialidades únicas), Kardec abre um novo rumo à educação do ser…
Essa formulação caberia aos espíritas brasileiros. Podemos considerar dois marcos históricos da constituição da pedagogia espírita no Brasil. O primeiro é a fundação do Colégio Allan Kardec, de Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento (MG), em 1907. A proposta de uma escola de vanguarda, com um educador afetivo, com uma educação livre e ativa, participativa e ética, com desenvolvimento do espírito crítico, científico e de uma profunda espiritualidade – tudo isso mostra claramente a prática da pedagogia espírita no seu primeiro e no seu melhor momento até agora. Contemporânea de Eurípedes, foi a educadora Anália Franco, que fundou várias escolas no estado de São Paulo, apresentando alguns elementos que apareceriam na proposta pedagógica espírita.
O segundo marco é a formulação teórica da pedagogia espírita – com a criação do termo – feita por José Herculano Pires. O jornalista, filósofo e escritor paulista lança no início da década de 70, a revista Educação Espírita, onde escreve vários artigos de grande alcance teórico e prático sobre uma nova educação – a pedagogia espírita. Mais tarde, postumamente, seria publicado o seu livro Pedagogia Espírita, (1985), reunindo todos os seus escritos sobre o assunto.
https://www.pedagogiaespirita.org.br/blank-2
Há consequências práticas que se deduzem dos fundamentos e princípios da pedagogia espírita. Entretanto, não existe, nem poderia existir, um modelo fechado de escola espírita.
A Pedagogia Espírita estabeleceu método de ensino-aprendizagem como toda pedagogia?
Resta-nos afirmar que a Educação Espírita objetiva sobretudo uma forma de Educação integral e contínua, abrangendo ao mesmo tempo todo o complexo da personalidade do educando e todas as faixas etárias em que ela se projeta. Sendo o Espiritismo uma doutrina que abrange, em seus três aspectos fundamentais — a Ciência, a Filosofia e a Religião — todas as facetas do Homem, visando necessariamente à unificação do Conhecimento… (Herculano Pires)
… a Educação Espírita, como a Cristã, apresenta-nos dois aspectos correspondentes às exigências atuais. De um lado há de ser um sistema educacional aplicável ao meio espírita, de outro uma influência educacional remodelando os postulados pedagógicos no sentido geral. (Grifo nosso)
Não podemos pretender que todas as nações se tornem espíritas, o que seria uma utopia e um contrassenso. Por isso não podemos pretender que a Educação Espírita absorva e englobe numa só todas as formas pedagógicas existentes.
A substituição, cada vez mais acentuada, das formas educacionais religiosas pela materialista, inegavelmente dominante em nosso tempo, mostra-nos a necessidade urgente de elaboração da Pedagogia Espírita, única que poderá socorrer o mundo nesta hora de profundas transformações.
Regenerar quer dizer gerar de novo. Regenerar o homem é gerar no homem velho dos nossos tempos o homem novo do Evangelho. Sabemos, como afirmou Kardec, que o Espiritismo é a chave sem a qual não podemos compreender o Evangelho. Já sabemos que nosso planeta caminha para sua própria evolução, ou seja para a Regeneração também… (Herculano/P. Espírita)
Religião nas escolas
A educação só se tornou problemática nos momentos em que se desligou da religião. Isso é visível nos momentos históricos de desligamento parcial, como no mundo clássico, particularmente no apogeu da civilização grega, e na fase de emancipação total que começa no Renascimento e vai encontrar seu ponto culminante em Rousseau.
… A reincorporação da educação à estrutura religiosa, que se verifica na Idade Média, não representa um retrocesso, porque se realiza num plano de enriquecimento conceptual. Quer dizer: a educação medieval, conquanto dominada pela concepção religiosa e submetida ao controle eclesiástico, já se processa numa perspectiva racional. As contribuições do racionalismo grego, do pensamento jurídico romano e do providencialismo cristão misturam-se nessa perspectiva… O processo histórico não se interrompe, mas prossegue, não mais em extensão, mas em profundidade, como assimilação. E na medida em que vão surgindo, nas linhas sucessivas desse processo, as dimensões espirituais do homem, a educação naturalmente de desenvolve “também”. (Herculano/P. Espírita)
… Reconhecendo que a Religião corresponde a uma exigência natural da condição humana e a uma exigência da consciência humana, e que pertence de maneira irrevogável ao campo do Conhecimento, devemos reconduzi-la à escola, mas desprovida da roupagem imprópria do sectarismo. Temos de introduzir nos currículos escolares, em todos os graus de ensino, a disciplina Religião ao lado da Ciência e da Filosofia. Sua necessidade é inegável, pois sem atender aos reclamos do transcendente no homem não atingiremos aos objetivos “do futuro”: a educação completa do ser para o desenvolvimento integral e harmonioso de todas as suas possibilidades….
Nessa forma nova de Educação a Religião comparece, não como um ensino dogmático e sectário, mas como uma resposta às exigências conscienciais do homem, esclarecendo-lhes problemas da existência de Deus, da natureza espiritual das criaturas e da sua destinação transcendente.
Consolador: 347 –A Terra é escola de fraternidade, ou penitenciária de regeneração?
-A Terra deve ser considerada escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e regeneração dos Espíritos encarnados.
A didática de Kardec
A Didática é hoje entendida como a arte de ensinar… Isso nos mostra que Kardec não escreveu a sua Pedagogia por ter de se dedicar integralmente às pesquisas espíritas e à Codificação do Espiritismo. Mas se não pôde realizar o seu sonho pedagógico, por outro lado encontrou no Espiritismo um vasto campo para a aplicação da sua Didática… seguindo essa pedagogia Pestalozzi, o herói e mártir da Pedagogia Filantrópica, que significativamente será o mestre de Allan Kardec.
Por isso a didática de Kardec seguirá a mesma linha naturalista da didática de Jesus, empregando a linguagem da simplicidade e os métodos naturais da razão e da intuição.
O professor procura desenvolver na criança o espírito de observação e a memória, porque a criança nasce observadora e o seu espírito de curiosidade e de análise precisa apenas de uma ajuda mínima. Basta ao professor ser ao mesmo tempo amável e severo”. Kardec resume os seis princípios fundamentais do sistema pestalozziano, que empregava em suas obras didáticas e empregará a seguir no ensino espírita:
1) Cultivar o espírito natural de observação do educando, chamando-lhe a atenção para os objetos que o rodeiam.
2) Cultivar-lhe a inteligência, seguindo a marcha que possibilite ao aluno descobrir as regras por si próprio.
3) Partir sempre do conhecimento para o desconhecido, do simples para o composto. 4) Evitar toda atitude mecânica, fazendo o aluno compreender o alvo e a razão de tudo o que faz.
5) Fazê-lo apalpar com os dedos e com a vista todas as realidades.
6) Confiar à memória somente aquilo que já foi captado pela inteligência.
Podemos ver em todas as obras de Kardec a constante observação e o ensino filosófico e religioso.
Colégio Allan Kardec, Sacramento-MG é o exemplo mais perfeito dessa pedagogia:
Fundado em 1907, por Eurípedes Barsanulfo, o colégio foi criado inicialmente com o nome de Liceu Sacramento, em 1902, e referiu-se como uma entidade de educação na cidade de Sacramento, Minas Gerais, apontada como a primeira instituição de ensino com bases da pedagogia espírita.
Atualmente é a sede do Grupo Espírita Esperança e Caridade, que fora fundado em 1905, também por Eurípedes Barsanulfo. As atividades pedagógicas e escolares do Colégio Allan Kardec foram transferidas para a Escola Eurípedes Barsanulfo, fundada em 1975
EXEMPLO DE PEDAGOGIA ESPÍRITA/ Trechos retirados de PEDAGOGIA ESPÍRITA UM PROJETO BRASILEIRO E SUAS RAÍZES HISTÓRICO‐FILOSÓFICAS Dora Alice Colombo (Dora Incontri)
Após o fechamento do Liceu, Eurípedes sofria a represália dos moradores de Sacramento que o chamavam de Louco por ter se tornado espírita, … Os companheiros do magistério, no Liceu Sacramentano, abandonaram seus cargos. O mobiliário escolar fora retirado e o prédio, onde funcionava o Liceu, requerido por seus proprietários”.
A exemplo das filosofias que nasceram sob o influxo de uma revelação extrafísica, a Pedagogia Espírita também teve seu impulso inicial, primeiro com as manifestações mediúnicas de Andrew Jackson Davis, depois com uma intervenção espiritual junto a Eurípedes. Uma mensagem de Maria, mãe de Jesus, recebida por Eurípedes sob intensa emoção… estabeleceu as diretrizes para a reabertura da escola agora com o nome de Colégio Allan Kardec, orientou quanto os cursos e disse ainda que este seria protegido com seu manto protetor, para que Eurípedes confiasse.
… o ambiente do Colégio era precário: um salão, dividido em três ambientes. De um lado, D. Negrinha (Maria Gonçalves) com as crianças menores no “curso primário”, do outro o “curso médio”, a cargo do irmão de Eurípedes (Watersides Wilson) e do outro o próprio Eurípedes com o “curso superior”. Os professores eram voluntários e os alunos não pagavam. O caráter progressista do Colégio se revelava em variados aspectos, apontando em todos eles a confiança no ser humano. Eurípedes estabeleceu as classes mistas (com pouquíssimos antecedentes no Brasil de então), provocando escândalos na pequena cidade de Sacramento, e suscitando campanhas contrárias. Conta Dr. Tomás que havia convivência entre os sexos “tanto no recreio, quanto na sala de aula, e era a coisa melhor do mundo”. Abolição de castigos e recompensas era também uma exceção às regras da época, mas plenamente na linha de Rousseau e Pestalozzi. (Época de muitas agressões e palmatórias, entre outros). Ao contrário, Corina Novelino relata a relação afetuosa entre professores e alunos no Colégio Allan Kardec, restringindo-se alguma possível correção a uma advertência amistosa. Como Pestalozzi, que dialogava amorosamente com as crianças sobre qualquer problema de comportamento…
Se não havia punições, também estavam proscritas as recompensas: “Eurípedes incentivava sempre, por diferentes modos, os alunos, objetivando o maior nível de aproveitamento, no seu Colégio. Era contrário, porém, à instituição do prêmio. Considerava a concorrência perigoso fator de íntimos descontentamentos e não raro de assinaladas injustiças”.
A avalição era contínua com calorosos debates sobre temas estudados, sempre entre um menino e uma menina. “Eurípedes era sumamente analítico e exigia, nos seus contatos com os alunos, sempre o porquê de tudo”. 386 Comenius e Rousseau podem ser aqui invocados: “Que se ensine a todos a conhecer os fundamentos, as causas e as finalidades de todas as coisas…” e “que ele (o aluno) saiba encontrar o para quê de tudo o que faz e o porquê de tudo o que crê. Ainda mais uma vez, meu objetivo não é lhe dar a ciência, mas ensiná-lo a adquiri-la, quando necessário, de fazê-lo estima-la no que ela vale, e fazê-lo amar a verdade acima de tudo”. Esse era um dos aspectos do método ativo que Eurípedes aplicava no Colégio. Parte das aulas eram expositivas, em forma de explicações, mas em todos os setores, convocava-se a ação do aluno. Para aula de ciências, dissecação de animais; para aulas de astronomia, observação dos astros. Para desenvolver o corpo, ginásticas diárias, exercícios respiratórios, aulas passeio; para desenvolver a alma, a prática da fraternidade e da oração. Para apurar a inteligência, exercícios de racionalidade, observação atenta da natureza, reflexão crítica. A questão da educação moral dos alunos de Eurípedes é determinante em seu programa pedagógico. Tornara-se ele o centro de um vasto trabalho de ajuda à comunidade. Mantinha um laboratório farmacêutico, preparando remédios, (depois de receber as fórmulas mediunicamente), chegando a aviar mil receitas por dia. Amparava e curava doentes mentais, que segundo a interpretação espírita, podem estar sofrendo na verdade do assédio de espíritos obsessores. Atendia pessoalmente a enfermos distantes e fazia partos em toda a redondeza. Os alunos se engajavam entusiasmados nessas tarefas, seja rotulando remédios, aviando as receitas, dando cuidados aos doentes mentais, que ficavam hospedados na própria escola. Eurípedes tinha por hábito ir em companhia dos discípulos visitar doentes e orar em velórios. Tudo como Pestalozzi recomendava: “Procura em primeiro lugar fazer tuas crianças generosas. (…) Acostuma às práticas em que poderão exercitar e espalhar seguramente a benevolência em seu próprio círculo”. A ação contagiante do mestre convidava à ação cooperativa dos alunos. Entretanto, Eurípedes introduz um elemento mais inusitado, em sua prática pedagógica, que, embora legitimamente espírita, ainda hoje é olhado com suspeita até pelos próprios adeptos, que separam as crianças de todas as práticas mediúnicas. Assumindo plenamente a tese de Kardec — de que todo ser humano é um ser mediúnico, capaz de apreender a realidade além dos sentidos físicos e capaz de estar em contato com inteligências fora da matéria e de que essa capacidade é a mais natural e corriqueira possível — Eurípedes exercitou a educação, incluindo nela o exercício da mediunidade.
Ele próprio, sendo médium, com vasta gama de fenômenos (desdobramento, psicofonia, vidência, cura etc.), integrava sua personalidade mediúnica de forma natural na vivência cotidiana com os alunos… Os alunos, que participavam das aulas de quarta-feira, discutindo sobre Espiritismo, fenômenos mediúnicos e religiões comparadas, depois interessavam-se em aprofundar o assunto, assistindo às sessões mediúnicas, realizadas à noite no colégio, a que tinham livre acesso, principalmente os do “curso superior”, que já eram adolescentes. Informa Tomás Novelino que “não eram obrigados. O trabalho era à noite, mas frequentavam muitos alunos, porque o Eurípedes por sua figura de homem de bem em toda sua extensão, pela projeção da sua personalidade, pelo magnetismo que exercia nas criaturas, chamava as multidões”. Esta prática de Eurípedes estava dentro da mais estrita orientação de Kardec.
A proposta de Kardec e a consequente prática de Eurípedes se explicam pela categoria do natural, que se estende a todos os domínios da vida e que permeia também a Pedagogia Espírita. Primeiro, pela negação do mistério, do sobrenatural, do irracional — instâncias que sempre permitem o domínio de alguns iniciados sobre os não iniciados. Com isso, rompem-se as hierarquias e as iniciações. Assim como o professor não é o detentor de um conhecimento acabado a ser meramente transmitido ao aluno, mas um companheiro de aprendizagem e busca, também no campo do espírito,… Descomplica-se e informaliza-se o ensino intelectual, moral e espiritual. Tudo deve ser simples, respeitando a naturalidade suave das coisas, a igualdade essencial das criaturas e a racionalidade imanente do universo. , segundo Pestalozzi: “todas as coisas da natureza flutuam em refrescante liberdade, sem a mínima sombra de uma inoportuna ordem em série”. Analisando esse aspecto, explica Herculano: “Jesus criou a Didática Naturalista, que se funda nas leis naturais e delas se serve para o ensino espontâneo. Todas as suas lições eram dadas em termos comparativos, sem artifícios, com simplicidade e naturalidade. Sua própria teologia não escapava a essa regra. Deus não era uma entidade mitológica, distanciada do homem, mas o pai dos homens, semelhante a todos os pais, vivendo no coração dos filhos e dialogando com eles no íntimo de cada um. ‘Não está escrito vós sois deuses?’ Quando fazia um milagre, ou seja, quando produzia, pelo poder natural do seu espírito, um fenômeno hoje chamado paranormal, explicava aos discípulos que eles podiam fazer o mesmo e até mais do que ele fizera. (…) a didática de Kardec seguirá a mesma linha naturalista da didática de Jesus, empregando a linguagem da simplicidade e os métodos naturais da razão e da intuição”. Eis na prática de Eurípedes, a naturalidade se estendendo ao domínio dos fenômenos mediúnicos, última fronteira das iniciações religiosas e dos privilégios de castas espirituais. O Espiritismo democratiza não só o conhecimento, como já pretendia fazer o projeto iluminista, não só a possibilidade da perfeição moral, como quis fazer o Cristianismo, mas também o acesso ao transcendente. As crianças não estão excluídas dessa democratização. Ao contrário, quanto mais naturalmente acostumadas a buscar o conhecimento com os dotes da razão individual, a exercitar a virtude com sua própria vontade e a entender a dinâmica interativa entre o mundo físico e o mundo espiritual, tanto mais se realizarão como seres humanos inteiros, cumprindo sua missão no mundo.
Artigo Espíritas Kardec, o Pedagogo (Revista Internacional de Espiritismo – Julho – 1969)
Com apenas vinte anos de idade (1824), o jovem e talentoso professor Rivail dava, a público, pela tipografia de Pillet Ainé, de Paris, o seu primeiro livro: “Curso Prático de Aritmética, segundo o Método de Pestalozzi, com modificações”. Eram dois tomos em formato grande, recomendados aos educadores e às mães de família. Essa valiosa obra, que teve várias reedições, abre-se com um “Discurso Preliminar” em que Rivail recorda um dos seus primeiros e mais queridos mestres e escreve: «Devo aqui prestar homenagem a uma pessoa que protegeu minha infância, o sr. Boniface, discípulo de Pestalozzi, professor tão distinto pela sua erudição como pelo seu talento para ensinar.
Durante trinta anos, sobrepondo-se às incompreensões e aos reveses, empenhou-se de corpo e alma em instruir e educar um semnúmero de crianças e jovens parisienses, segundo modernas práticas pedagógicas por ele mesmo criadas, muitas das quais só mais tarde, no século XX, seriam retomadas e largamente difundidas por ilustres reformadores do ensino. Quando o Prof. Rivail deixou a Suíça, rumo a Paris, ocupou-se em traduzir para o alemão obras de grandes autores clássicos da França, dando preferência aos escritos de Fénelon, alguns dos quais, como “Telêmaco” receberam inteligentes notas e foram publicados posteriormente para uso nos educandários. Já nessa época Rivail era linguística notável e poliglota, tanto que conhecia a fundo e falava correntemente o alemão, o inglês, o italiano e o castelhano, podendo exprimir-se facilmente em holandês e possuindo sólidos conhecimentos de latim, grego e gaulês. Fundou e dirigiu em Paris uma Escola do Primeiro Grau (1825), que 3 não sabemos por quanto tempo subsistiu. Sabemos que ele criava, logo em seguida, um Instituto Técnico e que rapidamente ganhou fama. Situava-se à Rua de Sêvres nº 35 e era semelhante ao Instituto de Yverdun. Posteriormente auxiliado pela Professora Amélie Gabrielle Boudet, com quem se consorciou em 1832, desenvolveu ali notável trabalho de aprimoramento da inteligência de centenas de alunos, aos quais carinhosamente chamava “meus amigos”, dando-lhes repetidas vezes este conselho: “Instruindo-vos, trabalhais para a vossa própria felicidade”
O Educandário Espírita Eurípedes Barsanulfo
É uma escola gratuita, que atende em média 300 alunos, entre crianças e adolescentes, da educação infantil ao ensino fundamental. Seu objetivo primordial é oferecer a educação integral, visando não apenas os conteúdos formais, mas também o enriquecimento moral, psicológico e espiritual do ser, através da filosofia espírita da educação.
A FACULDADE DOUTOR LEOCÁDIO JOSÉ CORREIA, em sua filosofia de ensino, procura promover, fortalecer e valorizar O Ser Humano e tem como intuito formar profissionais competentes, críticos e ativos em suas áreas de atuação. Além do aspecto técnico-profissional, estimula o aprendizado do autoconhecimento e do auto- equilíbrio. Promovendo em cada aluno o desenvolvimento de uma consciência crítica para o exercício da vida diária e da cidadania plena / Curso Teologia Espírita
A Faculdades Integradas Espírita é uma instituição de ensino superior privada, credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) em 1997 em Curitiba (PR). Oferece cursos de graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento profissional nas áreas de ciências humanas e biológicas: 3 cursos de graduação e 39 de pós-graduação, com1 unidade no estado de Paraná/ Pedagogia, Acupuntura, Yoga, nutrição etc
Colégio Bezerra de Menezes em Marília– ativo com relatórios anuais e disponíveis na internet com citação quanto ao trabalho de divulgação da doutrina aos alunos e funcionários e passe.
Educandário Espírita Paulo Campo- Rio Verde/ Goías
Colégio Espírita Rubens Romanelli – Contagem MG
Escola Espírita Allan Kardec – Goiânia /Goías
Escola Espírita Allan Kardec – Bragança Paulista
Colégio Espírita Marília Barbosa em Manaus , AM
REVISTA ESPÍRITA DE FEVEREIRO 1864: PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL NA INFÂNCIA
Pode o Espiritismo remediar esse mal? Sem dúvida nenhuma, e não hesitamos em dizer que ele é o único suficientemente poderoso para fazê-lo cessar, pelo novo ponto de vista com o qual ele permite perceber a missão e a responsabilidade dos pais; dando a conhecer a fonte das qualidades inatas, boas ou más; mostrando a ação que se pode exercer sobre os Espíritos encarnados e desencarnados; dando a fé inquebrantável que sanciona os deveres; enfim, moralizando os próprios pais. Ele já prova sua eficácia pela maneira mais racional empregada na educação das crianças nas famílias verdadeiramente espíritas. Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira. Sendo o seu objetivo o progresso moral da Humanidade, ele forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte da moralização das massas. Um dia compreender-se-á que este ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência. Talvez um dia, também, será imposta a toda mãe de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de conhecer o Direito.
FONTES DE CITAÇÃO
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Pedagogia Espírita- José Herculano Pires
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UM PROJETO BRASILEIRO E SUAS RAÍZES HISTÓRICO‐FILOSÓFICAS – Dora Alice Colombo (Dora Incontri)
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Livro dos Espíritos (O) – Allan Kardec
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O Consolador – Emmanuel/ Chico Xavier
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https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/pestalozzi/ Alexsandro Melo Medeiro