Pluralidade dos Mundos Habitados
Pluralidade dos Mundos Habitados
Centro Espírita Dr. Leocádio Correa 25/05/2011 Rodrigo A. Lopes
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (João 14:2-3)
Na idade média, a Terra foi considerada como o centro do universo, idéia que permaneceu cerca de 1350 anos. Baseava-se no sistema geocêntrico de Ptolomeu, que não concebia a vida senão dentro do sistema concebido por ele, tal absurdo, pois não há como qualificar um sistema deste como teoria, estava apoiado nas
equivocadas interpretações bíblicas, que afirmava ser a Terra imóvel e plana, sendo o homem a obra máxima da criação, tinha como base, a “Máxima de Tertuliano”, que prescrevia o seguinte: “Não temos necessidade nenhuma da ciência depois do Cristo, de nenhuma prova depois do Evangelho, pois quem crê nada mais deseja. A ignorância é boa, em geral para que não se chegue a conhecer o que é inconveniente.” Apesar de fortes restrições interiores, o homem teve aos poucos que abandonar a noção de que tinha qualquer posição central no Universo, e no começo deste século reconheceu que vivemos num planeta nada excepcional, em torno de uma estrela nada excepcional, o Sol, localizada quase na extremidade de uma galáxia normal, a Via Láctea. Esta galáxia faz parte de um grupo de galáxias, o Grupo Local, localizado na periferia de um grande cúmulo de galáxias. Mesmo este cúmulo, o cúmulo de Virgem, é pequeno em relação aos grandes cúmulos de galáxias que podemos observar em outras partes do Universo. Nossa localização no Universo é portanto insignificante. A escala do Universo A astronomia, apesar de exercer um certo fascínio sobre a maioria das pessoas, apresenta alguma dificuldade para quem toma contato pela primeira vez, porque seu assunto é remoto e não familiar, envolvendo idéias novas e utilizando uma nomenclatura específica. O simples fato de pensar sobre o Universo exige imaginar distâncias que parecem inimagináveis frente ao tamanho das coisas com que estamos acostumados em nossa vida diária. Queremos aqui dar uma noção da escala do Universo, partindo de tamanhos familiares e passando gradativamente a tamanhos maiores, cada um 10 vezes maior que o anterior.
1 Fonte: Historia Ilustrada da Ciência – Universidade de Cambridge, Colin A. Ronam, edição brasileira Jorge Zahar Editor, tradução Jorge Eneas Fortes. “O Livro dos Espíritos” Resumo da Doutrina dos Espíritos Devendo o Espírito passar por muitas encarnações, inclui-se que todos nós tivemos muitas existências e que teremos ainda outras mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra ou em outros mundos. Pluralidade dos Mundos 55. Todos os globos que circulam no espaço são habitados? — Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Crêem que Deus criou o Universo somente para eles. Deus povoou os mundos de seres vivos, e todos concorrem para o objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos estejam limitados apenas ao ponto que habitamos no Universo, seria pôr em dúvida a sabedoria de Deus que nada fez de inútil e deve ter destinado esses mundos a um fim mais sério do que o de alegrar os nossos olhos. Nada, aliás, nem na posição, no volume ou na constituição física da Terra, pode razoavelmente levar-nos à suposição de que tenha o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes. 56. A constituição física dos diferentes globos é a mesma? — Não; eles absolutamente não se assemelham. 57. A constituição física dos mundos não sendo a mesma para todos, os seres que os habitam terão organização diferente? — Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar. 58. Os mundos mais distanciados do Sol são privados de luz e calor, de vez que o Sol lhes aparece apenas como uma estrela? — Acreditais que não há outras fontes de luz e de calor, além do Sol? Não tendes em conta a eletricidade, que em certos mundos, desempenha um papel desconhecido para vós e bem mais importante que o que lhe cabe na Terra? Aliás, não dissemos que todos os seres vivam da mesma maneira que vós, com órgãos semelhantes aos vossos. As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que têm de viver. Se nunca tivéssemos visto peixes não compreenderíamos como alguns seres pudessem viver na água. O mesmo acontece com outros mundos, que sem dúvida contêm elementos para nós desconhecidos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que haveria de impossível para a eletricidade ser mais abundante que na Terra, desempenhando um papel geral cujos efeitos podemos compreender? Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor necessárias aos seus habitantes. Atualmente o número de planetas extra-solares devidamente comprovados está em 531. A maioria tem órbitas tão estranhas e são tão diferentes dos planetas do Sistema Solar que alguns pesquisadores crêem que nosso sistema planetário é uma exceção a regra. Capítulo IV III – Encarnação nos Diferentes Mundos 188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais ou encontram-se no espaço universal, sem estar ligados especialmente a um globo? — Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão confinados a eles como os homens à Terra; eles podem, melhor que os outros, estar em toda parte.(1) (1) De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente: Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, com os quais se comunicam por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parece, estariam nas mesmas condições. O volume e o afastamento do Sol não tem nenhuma relação necessária com o grau de desenvolvimento dos mundos, pois parece que Vênus está mais adiantado que a Terra e Saturno menos que Júpiter. Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é de admirar que num globo tão adiantado se encontrem homens que a opinião terrena não considerava tão elevados. Isto, porém, nada tem de surpreendente, se considerarmos que certos Espíritos, que habitam aquele planeta, podiam ter sido enviados à Terra, em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria no primeiro plano; em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de Júpiter, podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem melhorado; em terceiro lugar, naquele mundo, como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Assim, do fato de habitarem Júpiter, não se segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar em Paris. As condições de longevidade não são, por toda a parte, as mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma pessoa, falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis meses antes, num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interpelada sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo como vós; além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos muito mais rapidamente; tanto assim, que há apenas seis dos vossos meses nele me encontro, e posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos de idade terrena.”. Muitas respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um desenvolvimento normal? Porque não poderia dar-se o mesmo com o homem, em outras esferas? Notemos por outro lado, que o desenvolvimento alcançado pelo homem na Terra, na idade de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de infância, comparada ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta para nos considerarmos os protótipos da criação, e seria rebaixar a Divindade, acreditar que além de nós, ela nada mais poderia criar. Capítulo II Penas e Gozos Futuros IX – Paraíso, Inferno, Purgatório. Paraíso Perdido 1011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, de acordo com os seus méritos? — Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam. “O que é o Espiritismo” CAPITULO
SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS POR MEIO DA DOUTRINA ESPÍRITA
106. Se os mundos são habitados, seus habitantes serão perfeitamente idênticos aos da Terra? Numa palavra: poderiam esses habitantes viver entre nós e nós entre eles? A constituição geral poderia ser pouco mais ou menos a mesma. O organismo, porém, há de ser adaptado ao meio em que vivem como os peixes foram feitos para viver na água e as aves no ar.
E com certeza, a vida pulula nestas muitas moradas da casa do Pai.” (Giordano Bruno) (t) Bibliografia: Sítios: http://astro.if.ufrgs.br Livro dos Espíritos www.zenite.nu O que é o Espiritismo esdegfiw.wordpress.com Livro dos Médiuns O Evangelho Segundo o Espiritismo Revista Espírita 1858, 1860. O Consolador O Céu e Inferno. Novas Mensagens Antigo Testamento.
equivocadas interpretações bíblicas, que afirmava ser a Terra imóvel e plana, sendo o homem a obra máxima da criação, tinha como base, a “Máxima de Tertuliano”, que prescrevia o seguinte: “Não temos necessidade nenhuma da ciência depois do Cristo, de nenhuma prova depois do Evangelho, pois quem crê nada mais deseja. A ignorância é boa, em geral para que não se chegue a conhecer o que é inconveniente.” Apesar de fortes restrições interiores, o homem teve aos poucos que abandonar a noção de que tinha qualquer posição central no Universo, e no começo deste século reconheceu que vivemos num planeta nada excepcional, em torno de uma estrela nada excepcional, o Sol, localizada quase na extremidade de uma galáxia normal, a Via Láctea. Esta galáxia faz parte de um grupo de galáxias, o Grupo Local, localizado na periferia de um grande cúmulo de galáxias. Mesmo este cúmulo, o cúmulo de Virgem, é pequeno em relação aos grandes cúmulos de galáxias que podemos observar em outras partes do Universo. Nossa localização no Universo é portanto insignificante. A escala do Universo A astronomia, apesar de exercer um certo fascínio sobre a maioria das pessoas, apresenta alguma dificuldade para quem toma contato pela primeira vez, porque seu assunto é remoto e não familiar, envolvendo idéias novas e utilizando uma nomenclatura específica. O simples fato de pensar sobre o Universo exige imaginar distâncias que parecem inimagináveis frente ao tamanho das coisas com que estamos acostumados em nossa vida diária. Queremos aqui dar uma noção da escala do Universo, partindo de tamanhos familiares e passando gradativamente a tamanhos maiores, cada um 10 vezes maior que o anterior.
- 10 m = um edifício comum
- m = uma quadra de uma cidade
- m = 1 km, uma rua
- m = 10 km, uma cidade pequena
- m = 100 km, uma cidade grande
- m = 1000 km, um estado
- m = 10 mil km, ~ o diâmetro da Terra (=12 700 km) Em um avião normal, viajando a 1000 km/h, leva-se 12,7 horas para atravessar esta distancia.
- m = 100 mil km; cabem 10 Terras nesse comprimento, mas a Lua está mais distante. A Terra percorre esta distância em 1 hr na sua órbita em redor do Sol.
- m = 1 milhão de km, comparável com o diâmetro da órbita da Lua (= 764 000 km); o diâmetro do Sol é 1,3 milhões de km. Em um avião normal, viajando a 1000 km/h, levar-se-ia 384 horas, pouco mais de 2 semanas, para chegar na Lua. Numa espaçonave, levam-se alguns dias.
- m = 10 milhões de km, é a distância percorrida pela Terra em 4 dias na sua órbita em redor do Sol.
- m = 100 milhões de km, é quase 1 UA (unidade astronômica)= 150 000 000 km, que é distância entre a Terra e o Sol. Em um avião normal, viajando a 1000 km/h, levar-se-ia cerca de 20 anos, para chegar ao Sol. Numa espaçonave, levam-se vários meses.
- m = 1 bilhão de km = 7 UA, ultrapassa o raio da órbita de Júpiter, que é de 5,2 UA.
- m = 10 bilhões de km = 70 UA, é aproximadamente o diâmetro do sistema planetário do Sol. O raio da órbita de Netuno é de 30 UA.
- m = 100 bilhões de km = 700 UA. O sistema planetário do Sol ocupa apenas uma porção do espaço, mas há muitos asteroides transnetunianos nesta região.
- m = 1 trilhão de km. O Sol ainda é a única estrela nesta região do espaço.
- m = 10 trilhões de km = 1 AL (ano-luz). É o limite do Sistema Solar (a nuvem de cometas, Nuvem de Oort). A estrela mais próxima, chamada Próxima Centauri, está a 4,22 AL, ainda 4 vezes mais distante. Levaria 105 mil anos para a Pioneer 10, lançada em 1972 e que est? viajando a 43,8 mil km/h, chegar a estrela mais próxima. Próxima Centauri a uma estrela M5.5Ve, com 0,11 MSol, Tef=3040K e mV=11,01.
- m = 10 AL = 3,4 pc (parsecs). É o tamanho de uma pequena nuvem molecular, ou região HII.
- m = 100 AL é o tamanho da região central de um aglomerado globular, ou de uma região HII grande.
- m = 1000 AL. é uma parte do disco da nossa galáxia.
- m = 10 000 AL, é 1/10 do tamanho da nossa galáxia. O Sol está a 30 000 AL do centro da nossa galáxia.
- m = 100 mil AL, é o tamanho da nossa galáxia, a Via Láctea. As Nuvens de Magalhães, galáxias satélites da Via Láctea estão a cerca de 150 mil AL.
- m = 1 milhão de AL; a galáxia de Andrômeda, a galáxia espiral mais próxima da Via Láctea est? a 2 milhões de anos luz; o diâmetro do Grupo Local de galáxias, que contém 50 galáxias é de 3 milhões de anos luz.
- m = 10 milhões de anos luz, é o tamanho de um aglomerado de galáxias.
- m = 100 milhões de anos luz, é o tamanho de um super aglomerado de galáxias, como o Superaglomerado de Virgem, que inclui o Grupo Local.
- m = 1 bilhão de anos luz, é a distância dos quasares.
- m = 10 bilhões de anos luz, é aproximadamente o tamanho do nosso Universo, pois ele se formou há 13 bilhões de anos, no Big Bang, e 13 bilhões de anos-luz é aproximadamente m.
Em Stonehenge, cada pedra pesa em média 26 ton. A avenida principal que parte do centro da monumento aponta para o local no horizonte em que o Sol nasce no dia mais longo do verão (solstício).
Nessa estrutura, algumas pedras estão alinhadas com o nascer e o pôr do Sol no início do verão e do inverno. Os maias, na América Central, também tinham conhecimentos de calendário e de fenômenos celestes, e os polinésios aprenderam a navegar por meio de observações celestes. Nas Américas, o observatório mais antigo descoberto é o de Chankillo, no Peru, construído entre 200 e 300 a.C. O ápice da ciência antiga se deu na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C., a níveis só ultrapassados no século XVI. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas, tendo a Terra no centro. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imaginaram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra. Observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste. Há milhares de anos, os astrônomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, se movendo aproximadamente um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica). Como a Lua e os planetas percorrem o céu em uma região de dezoito graus centrada na eclíptica, essa região é definida como o Zodíaco, dividida em doze constelações, várias com formas de animais (atualmente as constelações do Zodíaco são treze: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes). As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, e os chineses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações. Os astrônomos da Grécia antiga Tales de Mileto (624 – 546 a.C.) introduziu na Grécia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de água. Pitágoras de Samos (572 – 497 a.C.) acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. Foi o primeiro a chamar o céu de cosmos. Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) explicou que as fases da Lua1 dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava que o Universo é esférico e finito. Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo eu seu livro De Cælo, que “o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover.” Heraclides de Pontus (388-315 a.C.) propôs que a Terra gira diariamente sobre seu próprio eixo, que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos. Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor a Terra se movia em volta do Sol, antecipando Copérnico em quase 2000 anos. Entre outras coisas, desenvolveu um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua à Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Eratóstenes de Cirênia (276-194 a.C.), bibliotecário e diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra. Ele notou que, na cidade egípcia de Siena (atualmente chamada de Aswân), no primeiro dia do verão, ao meio-dia, a luz solar atingia o fundo de um grande poço, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente à Terra em Siena. Já em Alexandria, situada ao norte de Siena, isso não ocorria; medindo o tamanho da sombra de um bastão na vertical, Eratóstenes observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproximadamente sete graus mais ao sul. A distância entre Alexandria e Siena era conhecida como de 5000 estádios. Um estádio era uma unidade de distância usada na Grécia antiga. Um camelo atravessa 100 estádios em um dia, e viaja a cerca de 16 km/dia. Como 7 graus corresponde a 1/50 de um círculo (360 graus), Alexandria deveria estar a 1/50 da circunferência da Terra ao norte de Siena e a circunferência da Terra deveria ser 50×5000 estádios. Infelizmente, não é possível se ter certeza do valor do estádio usado por Eratóstenes, já que os gregos usavam diferentes tipos de estádios. Se ele utilizou um estádio equivalente a 1/6 km, o valor está a 1% do valor correto de 40000 km. O diâmetro da Terra é obtido dividindo-se a circunferência por ?. Hiparco de Nicéia (c.190-c.120 a.C.), considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, construiu um observatório na ilha de Rodes, onde fez observações durante o período de 147 a 127 a.C. Como resultado, ele compilou um catálogo com a posição no céu e a magnitude de 850 estrelas. A magnitude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante, e 6 a mais fraca visível a olho nu. Hiparco deduziu corretamente a direção dos pólos celestes, e até mesmo a precessão, que é a variação da direção do eixo de rotação da Terra devido à influência gravitacional da Lua e do Sol, que leva 26000 anos para completar um ciclo.2Para deduzir a precessão, ele comparou as posições de várias estrelas com aquelas catalogadas por Timocharis de Alexandria e Aristyllus de Alexandria 150 anos antes (cerca de 283 a.C. 260 a.C.). Estes eram membros da Escola Alexandrina do século III a.C. e foram os primeiros a medir as distâncias das estrelas de pontos fixos no céu (coordenadas eclípticas). Foram, também, dos primeiros a trabalhar na Biblioteca de Alexandria, que se chamava Museu, fundada pelo rei do Egito, Ptolémée Sôter Ier, em 305 a.C.. Hiparco também deduziu o valor correto de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e também que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de distância; o valor correto é 60. Ele determinou a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Ptolomeu (85 d.C. – 165 d.C.) (Claudius Ptolemaeus) foi o último astrônomo importante da antiguidade. Não se sabe se ele era egípcio ou romano. Ele compilou uma série de treze volumes sobre astronomia, conhecida como o Almagesto, que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia. A contribuição mais importante de Ptolomeu foi uma representação geométrica do sistema solar, geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permitia predizer o movimento dos planetas com considerável precisão e que foi usado até o Renascimento, no século XVI.1 Fonte: Historia Ilustrada da Ciência – Universidade de Cambridge, Colin A. Ronam, edição brasileira Jorge Zahar Editor, tradução Jorge Eneas Fortes. “O Livro dos Espíritos” Resumo da Doutrina dos Espíritos Devendo o Espírito passar por muitas encarnações, inclui-se que todos nós tivemos muitas existências e que teremos ainda outras mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra ou em outros mundos. Pluralidade dos Mundos 55. Todos os globos que circulam no espaço são habitados? — Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Crêem que Deus criou o Universo somente para eles. Deus povoou os mundos de seres vivos, e todos concorrem para o objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos estejam limitados apenas ao ponto que habitamos no Universo, seria pôr em dúvida a sabedoria de Deus que nada fez de inútil e deve ter destinado esses mundos a um fim mais sério do que o de alegrar os nossos olhos. Nada, aliás, nem na posição, no volume ou na constituição física da Terra, pode razoavelmente levar-nos à suposição de que tenha o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes. 56. A constituição física dos diferentes globos é a mesma? — Não; eles absolutamente não se assemelham. 57. A constituição física dos mundos não sendo a mesma para todos, os seres que os habitam terão organização diferente? — Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar. 58. Os mundos mais distanciados do Sol são privados de luz e calor, de vez que o Sol lhes aparece apenas como uma estrela? — Acreditais que não há outras fontes de luz e de calor, além do Sol? Não tendes em conta a eletricidade, que em certos mundos, desempenha um papel desconhecido para vós e bem mais importante que o que lhe cabe na Terra? Aliás, não dissemos que todos os seres vivam da mesma maneira que vós, com órgãos semelhantes aos vossos. As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que têm de viver. Se nunca tivéssemos visto peixes não compreenderíamos como alguns seres pudessem viver na água. O mesmo acontece com outros mundos, que sem dúvida contêm elementos para nós desconhecidos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que haveria de impossível para a eletricidade ser mais abundante que na Terra, desempenhando um papel geral cujos efeitos podemos compreender? Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor necessárias aos seus habitantes. Atualmente o número de planetas extra-solares devidamente comprovados está em 531. A maioria tem órbitas tão estranhas e são tão diferentes dos planetas do Sistema Solar que alguns pesquisadores crêem que nosso sistema planetário é uma exceção a regra. Capítulo IV III – Encarnação nos Diferentes Mundos 188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais ou encontram-se no espaço universal, sem estar ligados especialmente a um globo? — Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão confinados a eles como os homens à Terra; eles podem, melhor que os outros, estar em toda parte.(1) (1) De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente: Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, com os quais se comunicam por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parece, estariam nas mesmas condições. O volume e o afastamento do Sol não tem nenhuma relação necessária com o grau de desenvolvimento dos mundos, pois parece que Vênus está mais adiantado que a Terra e Saturno menos que Júpiter. Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é de admirar que num globo tão adiantado se encontrem homens que a opinião terrena não considerava tão elevados. Isto, porém, nada tem de surpreendente, se considerarmos que certos Espíritos, que habitam aquele planeta, podiam ter sido enviados à Terra, em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria no primeiro plano; em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de Júpiter, podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem melhorado; em terceiro lugar, naquele mundo, como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Assim, do fato de habitarem Júpiter, não se segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar em Paris. As condições de longevidade não são, por toda a parte, as mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma pessoa, falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis meses antes, num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interpelada sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo como vós; além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos muito mais rapidamente; tanto assim, que há apenas seis dos vossos meses nele me encontro, e posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos de idade terrena.”. Muitas respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um desenvolvimento normal? Porque não poderia dar-se o mesmo com o homem, em outras esferas? Notemos por outro lado, que o desenvolvimento alcançado pelo homem na Terra, na idade de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de infância, comparada ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta para nos considerarmos os protótipos da criação, e seria rebaixar a Divindade, acreditar que além de nós, ela nada mais poderia criar. Capítulo II Penas e Gozos Futuros IX – Paraíso, Inferno, Purgatório. Paraíso Perdido 1011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, de acordo com os seus méritos? — Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam. “O que é o Espiritismo” CAPITULO
SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS POR MEIO DA DOUTRINA ESPÍRITA
A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS
106. Se os mundos são habitados, seus habitantes serão perfeitamente idênticos aos da Terra? Numa palavra: poderiam esses habitantes viver entre nós e nós entre eles? A constituição geral poderia ser pouco mais ou menos a mesma. O organismo, porém, há de ser adaptado ao meio em que vivem como os peixes foram feitos para viver na água e as aves no ar.
Se o meio é diferente, como tudo induz a crer, e como parecem demonstrar as observações astronômicas, a organização deve ser diferente; não é, pois, provável que, em estado normal, uns possam viver com o mesmo corpo em mundos onde vivem outros. Isto é confirmado por todos os Espíritos sem exceção.
107. Admitindo-se que esses mundos sejam povoados, estarão em pé de igualdade com o nosso, sob o ponto de vista intelectual e moral? Conforme ensinam os Espíritos, os graus de adiantamento dos mundos não são os mesmos. Alguns estão em pé de igualdade com o nosso, outros são mais atrasados; a sua humanidade é mais rústica, material e propensa ao mal. Outros, ao contrário, são muito mais adiantados moral, intelectual e fisicamente. Seus habitantes desconhecem as inferioridades morais, alcançaram um grau de perfeição, nas artes e nas ciências, que foge à nossa apreciação. Sua organização física, menos material, não está mais sujeita aos sofrimentos e às enfermidades. Vivem em paz, sem cuidar de se prejudicarem uns aos outros, isentos dos desgostos, cuidados, aflições e necessidades que os apoquentam na Terra. Outros há, finalmente, ainda mais adiantados, onde o invólucro corporal é quase fluídico e aproxima-se, cada vez mais, da natureza dos anjos. Na série progressiva dos mundos, o nosso não ocupa o último nem o primeiro lugar. É, entretanto, um dos mais materiais e atrasados. (Revue Spirite, 1858 – págs. 67, 108, 223. Idem, 1860, págs. 318 e 328. – O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III). “O Livro dos Médiuns” Capítulo XXVI Perguntas que se podem fazer aos espíritos 296. Perguntas sobre outros mundos. Qual o grau de confiança que podemos ter nas descrições dos Espíritos sobre os outros mundos? — Isso depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que dão essas descrições. Porque compreendeis que os Espíritos vulgares são tão incapazes de vos informar a respeito como um ignorante o seria, entre vós, no tocante aos países da Terra. Formulais muitas vezes, sobre esses mundos, questões científicas que esses Espíritos não podem resolver. Se são de boa fé, falam a respeito segundo as suas idéias pessoais. Se são levianos, divertem-se a vos dar descrições bizarras e fantásticas, tanto mais que esses Espíritos, tão imaginosos na erraticidade como na Terra, tiram da própria imaginação o relato de muitas coisas que nada têm de real. Entretanto, não acrediteis na impossibilidade absoluta de obter alguns esclarecimentos sobre esses mundos. Os Espíritos bons gostam mesmo de descrever aqueles que habitam, a fim de oferecer ensinamentos para vos melhorar e vos colocar no caminho que vos pode conduzir a eles. É uma maneira de concentrar as vossas idéias sobre o futuro e não vos deixar no vácuo. — Como podemos controlar a exatidão dessas descrições? — O melhor controle é a concordância que possa haver entre elas. Mas lembrai-vos que elas têm por fim o vosso melhoramento moral. Por conseguinte, é sobre o estado moral dos habitantes que podeis ser melhor informados, e não sobre o estado físico ou geológico desses globos. Com os vossos conhecimentos atuais não poderíeis mesmo compreendê-lo. Esse estudo de nada serviria ao vosso progresso neste mundo e tereis toda a possibilidade de fazê-lo quando lá estiverdes. “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Capítulo III Diversas Categorias de Mundos Habitados 3. Do ensinamento dado pelos Espíritos, resulta que os diversos mundos possuem condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Dentre eles, há os que são ainda inferiores à Terra, física e moralmente. Outros estão no mesmo grau, e outros lhe são mais ou menos superiores, em todos os sentidos. Nos mundos inferiores a existência é toda material, as paixões reinam soberanas, a vida moral quase não existe. À medida que esta se desenvolve, a influência da matéria diminui, de maneira que, nos mundos mais avançados, a vida é por assim dizer toda espiritual. 4. Nos mundos intermediários, o bem e o mal se misturam, e um predomina sobre o outro, segundo o grau de adiantamento em que se encontrarem. Embora não possamos fazer uma classificação absoluta dos diversos mundos, podemos, pelo menos, considerando o seu estado e o seu destino, com base nos seus aspectos mais destacados, dividi-los assim, de um modo geral: mundos primitivos, onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e de provas, em que o mal predomina; mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos felizes, onde o bem supera o mal; mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos purificados, onde o bem reina sem mistura. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e de provas, e é por isso que nela o homem está exposto a tantas misérias. 5. Os Espíritos encarnados num mundo não estão ligados a ele indefinidamente, e não passam nesse mundo por todas as fases do progresso que devem realizar, para chegar à perfeição. Quando atingem o grau de adiantamento necessário, passam para outro mundo mais adiantado, e assim sucessivamente, até chegarem ao estado de Espíritos puros. Os mundos são as estações em que eles encontram os elementos de progresso proporcionais ao seu adiantamento. É para eles uma recompensa passarem a um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo prolongarem sua permanência num mundo infeliz, ou serem relegados a um mundo ainda mais infeliz, por se haverem obstinado no mal. Mundos Superiores e Inferiores (Resumo do ensinamento de todos os Espíritos superiores). 8. A classificação de mundos inferiores e mundos superiores é antes relativa do que absoluta, pois um mundo é inferior ou superior em relação aos que se acham abaixo ou acima dele, na escala progressiva. Tomando a Terra como ponto de comparação, pode fazer-se uma idéia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes no grau evolutivo dos povos selvagens e das nações bárbaras que ainda se encontram em nosso planeta, como restos do seu estado primitivo. Nos mundos mais atrasados, os homens são de certo modo rudimentares. Possuem a forma humana, mas sem nenhuma beleza; seus instintos não são temperados por nenhum sentimento de delicadeza ou benevolência, nem pelas noções do justo e do injusto; a força bruta é sua única lei. Sem indústrias, sem invenções, dedicam sua vida à conquista de alimentos. Não obstante, Deus não abandona nenhuma de suas criaturas. No fundo tenebroso dessas inteligências encontra-se, latente, a vaga intuição de um Ser Supremo, mais ou menos desenvolvida. Esse instinto é suficiente para que uns se tornem superiores aos outros, preparando-se para a eclosão de uma vida mais plena. Porque eles não são criaturas degradadas, mas crianças que crescem. Entre esses graus inferiores e mais elevados, há inumeráveis degraus, e entre os Espíritos puros, desmaterializados e resplandecentes de glória, é difícil reconhecer os que animaram os seres primitivos, da mesma maneira que, no homem adulto, é difícil reconhecer o antigo embrião. 9. Nos mundos que atingiram um grau superior de evolução, as condições da vida moral e material são muito diferentes das que encontramos na Terra. A forma dos corpos é sempre, como por toda parte, a humana, mas embelezada, aperfeiçoada, e, sobretudo purificada. O corpo nada tem da materialidade terrena, e não está por isso mesmo, sujeito às necessidades, às doenças e às deteriorações decorrentes do predomínio da matéria. Os sentidos, mais sutis, têm percepções que a grosseria dos nossos órgãos sufoca. A leveza específica dos corpos torna a locomoção rápida e fácil. Em vez de se arrastarem penosamente sobre o solo, eles deslizam, por assim dizer, pela superfície ou pelo ar, pelo esforço apenas da vontade, à maneira das representações de anjos ou dos manes dos antigos nos Campos Elíseos. Os homens conservam à vontade os traços de suas existências passadas, e aparecem aos amigos em suas formas conhecidas, mas iluminadas por uma luz divina, transfiguradas pelas impressões interiores, que são sempre elevadas. Em vez de rostos pálidos, arruinados pelos sofrimentos e as paixões, a inteligência e a vida esplendem, com esse brilho que os pintores traduziram pela auréola dos santos. A pouca resistência que a matéria oferece aos Espíritos já bastante adiantados, facilita o desenvolvimento dos corpos, e abrevia ou quase anula o período de infância. A vida isenta de cuidados e angústias, é proporcionalmente muito mais longa que a da Terra. Em princípio, a longevidade é proporcional ao grau de adiantamento dos mundos. A morte não tem nenhum dos horrores da decomposição, e longe de ser motivo de pavor, é considerada como uma transformação feliz, pois não existem dúvidas quanto ao futuro. Durante a vida, não estando a alma encerrada numa matéria compacta, irradia e goza de uma lucidez que a deixa num estado quase permanente de emancipação, permitindo a livre transmissão do pensamento. 10. Nos mundos felizes, as relações de povo para povo, sempre amigáveis, jamais são perturbadas pelas ambições de dominação e pelas guerras que lhes são conseqüentes. Não existem senhores nem escravos, nem privilegiados de nascimento. Só a superioridade moral e intelectual determina as diferentes condições e confere a supremacia. A autoridade é sempre respeitada, porque decorre unicamente do mérito e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se sobre o seu semelhante, mas sobre si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é atingir a classe dos Espíritos puros, e esse desejo incessante não constitui um tormento, mas uma nobre ambição, que o faz estudar com ardor para igualá-los. Todos os sentimentos ternos e elevados da natureza humana apresentam-se engrandecidos e purificados. Os ódios, as mesquinharias do ciúme, as baixas cobiças da inveja, são ali desconhecidos. Um sentimento de amor e fraternidade une a todos os homens, e os mais fortes ajudam os mais fracos. Suas posses são correspondentes às possibilidades de aquisição de suas inteligências, mas ninguém sofre a falta do necessário, porque ninguém ali se encontra em expiação. Em uma palavra, o mal não existe. 11. No vosso mundo, tendes necessidades do mal para sentir o bem, da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde. Lá, esses contrastes não são necessários. A eterna luz, a eterna bondade, a paz eterna da alma, proporcionam uma alegria eterna, que nem as angústias da vida material, nem os contatos dos maus, que ali não têm acesso, poderiam perturbar. Eis o que o Espírito humano só dificilmente compreende. Ele foi engenhoso para pintar os tormentos do inferno, mas jamais pode representar as alegrias do céu. E isso por quê? Porque, sendo inferior, só tem experimentado penas e misérias, e não pode entrever as claridades celestes. Ele não pode falar daquilo que não conhece. Mas, à medida que se eleva e se purifica, o seu horizonte se alarga e ele compreende o bem que está à sua frente, como compreendeu o mal que deixa para trás. 12. Esses mundos afortunados, entretanto, não são mundos privilegiados. Porque Deus não usa de parcialidade para nenhum de seus filhos. A todos concede os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem até lá. Fez que todos partissem do mesmo ponto, e não dota a uns mais do que aos outros. Os primeiros lugares são acessíveis a todos: cabe-lhes conquistá-los pelo trabalho, atingi-los o mais cedo possível, ou abandonar-se durante séculos e séculos no meio da escória humana. Mundos de Expiações e de Provas • Santo Agostinho • Paris, 1862 13. Que vos direi que já não conheçais dos mundos de expiações, pois que basta considerar a Terra que habitais? A superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizaram um certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os colocou num mundo ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz. 14. Não obstante, não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação. As raças que chamais selvagens constituem-se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados. Vêm a seguir as raças semi-civilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em progresso. Essas são de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo algumas atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos. Os Espíritos em expiação aí estão se assim nos podemos exprimir, como estrangeiros. Já viveram em outros mundos, dos quais foram excluídos por sua obstinação no mal, que os tornava causa de perturbação para os bons. Foram relegados, por algum tempo, entre os Espíritos mais atrasados, tendo por missão fazê-los avançar, porque trazem uma inteligência desenvolvida e os germes dos conhecimentos adquiridos. É por isso que os Espíritos punidos se encontram entre as raças mais inteligentes, pois são estas também as que sofrem mais amargamente as misérias da vida, por possuírem maior sensibilidade e serem mais atingidas pelos atritos do que as raças primitivas, cujo senso moral é mais obtuso. 15. A Terra nos oferece, pois, um dos tipos de mundos expiatórios, em que as variedades são infinitas, mas têm por caráter comum servirem de lugar de exílio para os Espíritos rebeldes à lei de Deus. Nesses mundos, os Espíritos exilados têm de lutar, ao mesmo tempo, contra a perversidade dos homens e a inclemência da natureza, trabalho duplamente penoso, que desenvolve a uma só vez as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, na sua bondade, torna o próprio castigo proveitoso para o progresso do Espírito. Mundos Regeneradores • Santo Agostinho • Paris, 1862 16. Entre essas estrelas que cintilam na abóbada azulada, quantas delas são mundos, como o vosso, designados pelo Senhor para expiação e provas! Mas há também entre elas mundos mais infelizes e melhores, como há mundos transitórios, que podemos chamar de regeneradores. Cada turbilhão planetário, girando no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo mundos primitivos, de provas, de regeneração e de felicidade. Já ouvistes falar desses mundos em que a alma nascente é colocada, ainda ignorante do bem e do mal, para que possa marchar em direção a Deus, senhora de si mesma, na posse do seu livre-arbítrio. Já ouvistes falar das amplas faculdades de que a alma foi dotada, para praticar o bem. Mas ai! Existem as que sucumbem! Então Deus, que não quer aniquilá-las, permite-lhes ir a esses mundos em que, de encarnações em encarnações, podem fazer-se novamente dignas da glória a que foram destinadas. 17. Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os felizes. A alma que se arrepende, neles encontra a paz e o descanso, acabando por se purificar. Sem dúvida, mesmo nesses mundos, o homem ainda está sujeito às leis que regem a matéria. A humanidade experimenta as vossas sensações e os vossos desejos, mas está isenta das paixões desordenadas que vos escravizam. Neles, não há mais o orgulho que emudece o coração, a inveja que o tortura e o ódio que o asfixia. A palavra amor está escrita em todas as frontes; uma perfeita eqüidade regula as relações sociais; todos manifestam a Deus e procuram elevar-se a Ele, seguindo as suas leis. Nesses mundos, contudo, ainda não existe a perfeita felicidade, mas a aurora da felicidade. O homem ainda é carnal, e por isso mesmo sujeito às vicissitudes de que só estão isentos os seres completamente desmaterializados. Ainda tem provas a sofrer, mas estas não se revestem das pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são mais felizes, e muitos de vós gostariam de habitá-los, porque representam a calma após a tempestade, a convalescença após um doença cruel. Menos absorvido pelas coisas materiais, o homem entrevê melhor o futuro do que vós compreende que são outras as alegrias prometidas pelo Senhor aos que se tornam dignos, quando a morte ceifar novamente os seus corpos, para lhes dar a verdadeira vida. É então que a alma liberta poderá pairar sobre os horizontes. Não mais os sentidos materiais e grosseiros, mas os sentidos de um perispírito puro e celeste, aspirando as emanações de Deus, sob os aromas do amor e da caridade, que se expandem no seu seio. 18. Mas, ah! Nesses mundos o homem ainda é falível, e o Espírito do mal ainda não perdeu completamente o seu domínio sobre ele. Não avançar é recuar, e se ele não estiver firme no caminho do bem, pode cair novamente em mundos de expiação, onde o esperam novas e mais terríveis provas. Contemplai, pois, durante a noite, na hora do repouso e da prece, essa abóbada azulada, e entre as inumeráveis esferas que brilham sobre as vossas cabeças, procurai as que levam a Deus, e pedi que um mundo regenerador vos abra o seu seio, após a expiação na Terra. Progressão dos Mundos • Santo Agostinho • Paris, 1862 19. O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece, para os homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada volta para o nada. Ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. Quem pudesse seguir um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na senda do progresso. Assim marcham paralelamente o progresso do homem, o dos animais seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza. Quanto esta idéia é grandiosa e digna da majestade do Criador! E como, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder aquela que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia da Terra, e restringe a humanidade a algumas criaturas que o habitam! A Terra, seguindo essa lei, esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens encontrarão nela a felicidade, porque a lei de Deus a governará. A pluralidade dos mundos Revista Espírita, março de 1858. Quem não teria perguntado, considerando a Lua e os outros astros, se esses globos são habitados? Antes que a ciência nos tivesse iniciado quanto à natureza desses astros, disso se podia duvidar hoje, no estado atual dos nossos conhecimentos, há, pelo menos, probabilidades; mas fizeram-se a essa idéia, verdadeiramente sedutora, objeções tiradas da própria ciência. A Lua, diz-se, parece não ter mais atmosfera, e, talvez, água. Em Mercúrio, tendo em vista a sua proximidade do Sol, a temperatura média deve ser a do chumbo fundido, de sorte que, se houver chumbo, deverá correr como a água dos nossos rios. Em Saturno, é tudo o oposto; não temos termo de comparação para o frio que nele deve reinar; a luz do Sol, ali, deve ser muito fraca, apesar do reflexo das suas sete luas e do seu anel, porque, a essa distância, o Sol não deve parecer senão como uma estrela de primeira grandeza. Em tais condições, pergunta-se se seria possível viver. Não se concebe que, uma semelhante objeção possa ser feita por homens sérios. Se a atmosfera da Lua não pôde ser percebida, é racional que disso se infere que não exista? Não pode estar formada de elementos desconhecidos ou muito rarefeitos para não produzir refração sensível? Diremos a mesma coisa da água ou dos líquidos que nela existam. Com relação aos seres vivos, não seria negar o poder divino crendo impossível uma organização diferente da que nós conhecemos, quando, sob os nossos olhos, a previdência da Natureza se estende com uma solicitude tão admirável até o menor dos insetos, e dá, a todos os seres, órgãos apropriados ao meio ao qual devem habitar, seja sob a água, o ar ou a terra, seja mergulhados na obscuridade ou expostos ao clarão do Sol? Se não tivéssemos jamais visto os peixes, não poderíamos conceber seres vivos na água; não faríamos uma idéia da sua estrutura. Quem poderia crer, ainda há pouco tempo, que um animal pudesse viver um tempo indefinido no seio de uma pedra! Mas, sem falar desses extremos, os seres que vivem sob o fogo da zona tórrida poderiam existir nos gelos polares? E, todavia, há, nesses gelos, seres organizados para esse clima rigoroso e que não poderiam suportar o ardor de um sol vertical. Por que, pois, não admitiríamos que seres possam estar constituídos de modo a viverem sobre outros globos e num meio todo diferente do nosso? Seguramente, sem conhecer a funde a constituição física da Lua, dela sabemos o bastante para estarmos certos de que, tais como somos, ali não poderíamos viver, tanto como não o podemos no seio do Oceano, em companhia dos peixes. Pela mesma razão, os habitantes da Lua, se pudessem vir à Terra, constituídos para viverem sem ar, ou num ar muito rarefeito, talvez muito diferente do nosso, seriam asfixiados em nossa espessa atmosfera, como o somos quando calmos na água. Ainda uma vez, se não temos a prova material e visual da presença de seres vivos em outros mundos, nada prova que não possam existir cujo organismo seja apropriado a um meio ou a um clima qualquer. O simples bom senso nos diz, ao contrário, que assim deve ser, porque repugna à razão crer que esses inumeráveis globos que circulam no espaço não são senão massas inertes e improdutivas. A observação nos mostra, deles, superfícies acidentadas por montanhas, vales, barrancos, vulcões extintos ou em atividade; por que, pois, não haveriam seres orgânicos? Seja, dir-se-á; que haja plantas, mesmo animais, isso pode ser; mas seres humanos, homens civilizados como nós, conhecendo Deus, cultivando as artes, as ciências, isso será possível? Seguramente, nada prova, matematicamente, que os seres que habitam os outros mundos sejam homens como nós, moralmente falando; mas, quando os selvagens da América viram desembarcar os Espanhóis, não duvidaram mais que, além dos mares, existia um outro mundo cultivando artes que lhes eram desconhecidas. A terra é salpicada de uma inumerável quantidade de ilhas, pequenas ou grandes, e tudo o que é habitável está habitado; não surge um rochedo no mar que o homem não plante, no instante, sua bandeira. Que diríamos se os habitantes de uma das menores dessas ilhas, conhecendo perfeitamente a existência das outras ilhas e continentes, mas, jamais havendo tido relações com aqueles que os habitam, se cressem os únicos seres vivos do globo? Nós lhes diríamos: Como podeis crer que Deus haja feito o mundo só para vós? Por qual estranha bizarria vossa pequena ilha, perdida num canto do Oceano, teria o privilégio de ser a única habitada? Podemos dizer outro tanto de nós com respeito às outras esferas. Por que a Terra, pequeno globo imperceptível na imensidão do Universo, que não se distingue dos outros planetas nem pela sua posição, nem pelo seu volume, nem pela sua estrutura, porque não é nem a menor nem a maior, nem está no centro e nem na extremidade, por que, digo, seria, entre tantas outras, a única residência de seres racionais e pensantes? Que homem sensato poderia crer que esses milhões de astros, que brilham sobre as nossas cabeças, tenham sido feitos para recrear a nossa visão? Qual seria, então, a utilidade desses outros milhões de globos imperceptíveis a olho nu, e que não servem nem mesmo para nos clarear? Não haveria, ao mesmo tempo, orgulho e impiedade em pensar que assim deve ser? Àqueles que a impiedade pouco toca, diremos que é ilógico. Chegamos, pois, por um simples raciocínio, que muitos outros fizeram antes de nós, a concluir pela pluralidade dos mundos, e esse raciocínio se encontra confirmado pela revelação dos Espíritos. Eles nos ensinam, com efeito, que todos esses mundos são habitados por seres corpóreos apropriados à constituição física de cada globo; que, entre os habitantes desses mundos, uns são mais, outros são menos, avançados do que nós do ponto de vista intelectual, moral e mesmo físico. Ainda mais, hoje, sabemos que podemos entrar em relação com eles, e deles obter notícias sobre o seu estado; sabemos, ainda, que não só todos esses globos são habitados por seres corpóreos, mas, que o espaço está povoado por seres inteligentes, invisíveis para nós por causa do véu material lançado sobre a nossa alma, e que revelam a sua existência por meios ocultos ou patentes. Assim, tudo é povoado no Universo, a vida e a inteligência estão por toda parte: sobre os globos sólidos, no ar, nas entranhas da terra, e até nas profundezas etéreas. Haverá, nessa doutrina, alguma coisa que repugne à razão? Não é, ao mesmo tempo, grandiosa e sublime? Ela nos eleva pela nossa própria pequenez, diferentemente desse pensamento egoísta e mesquinho que nos coloca como os únicos seres dignos de ocupar o pensamento de Deus. “Com que objetivo devemos supor que as estrelas tenham sido criadas e que corpos assim magníficos tenham sido dispersos na imensidão do espaço? Isto não foi, sem dúvida, para iluminar nossas noites, objetivo que poderia ser melhor satisfeito por mais uma lua, que fosse a milésima parte da nossa, nem para brilhar como um espetáculo vazio de sentido e de realidade, e nos iludir em vãs conjecturas. Esses astros são, é verdade, úteis ao homem como pontos de referência, aos quais pode tudo referir com exatidão; mas seria preciso ter tirado bem pouco fruto do estudo da astronomia para poder supor que o homem seja o único objeto dos cuidados de seu criador, e para não ver, no vasto e desconcertante aparato que nos cerca, moradas destinadas a outras raças de seres vivos.” (HERSCHEL apud FLAMMARION, 1995, pág 60). Do livro “A Gênese”. Allan Kardec VI – Uranografia Geral – O Espaço e o Tempo – Diversidade dos Mundos 60. – Acostumados, como estamos, a julgar das coisas pela nossa insignificante e pobre habitação, imaginamos que a Natureza não pode ou não teve de agir sobre os outros mundos, senão segundo as regras que lhe conhecemos na Terra. Ora, precisamente neste ponto é que importa reformemos a nossa maneira de ver. Lançai por um instante o olhar sobre uma região qualquer do vosso globo e sobre uma das produções da vossa natureza. Não reconhecereis aí o cunho de uma variedade infinita e a prova de uma atividade sem par? Não vedes na asa de um passarinho das Canárias, na pétala de um botão de rosa entreaberto a prestigiosa fecundidade dessa bela Natureza? Apliquem-se aos seres que adejam nos ares os vossos estudos, desçam eles à violeta dos prados, mergulhem nas profundezas do oceano, em tudo e por toda a parte lereis esta verdade universal: A Natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una em sua harmonia geral, mas múltipla em suas produções; brinca com um Sol, como com uma gota dágua; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz se abra o ovo posto pela borboleta. 61. – Ora, se é tal a variedade que a Natureza nos há podido evidenciar em todos os sítios deste pequeno mundo tão acanhado, tão limitado, quão mais ampliado não deveis considerar esse modo de ação, ponderando nas perspectivas dos mundos enormes! quão mais desenvolvida e pujante não a deveis reconhecer, operando nesses mundos maravilhosos que, muito mais do que a Terra, lhe atestam a inapreciável perfeição! Não vejais, pois, em, torno de cada um dos sóis do espaço, apenas sistemas planetários semelhantes ao vosso sistema planetário; não vejais, nesses planetas desconhecidos, apenas os três remos que se estadeiam ao vosso derredor. Pensai, ao contrário, que, assim como nenhum rosto de homem se assemelha a outro rosto em todo o gênero humano, também uma portentosa diversidade, inimaginável, se acha espalhada pelas moradas eternas que vogam no seio dos espaços. Do fato de que a vossa natureza animada começa no zoófito para terminar no homem, de que a atmosfera alimenta a vida terrestre, de que o elemento líquido a renova incessantemente, de que as vossas estações fazem se sucedam nessa vida os fenômenos que as distinguem, não concluais que os milhões e milhões de terras que rolam pela amplidão sejam semelhantes à que habitais. Longe disso, aquelas diferem, de acordo com as diversas condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que a cada uma coube no cenário do mundo. São pedrarias variegadas de um imenso mosaico, as diversificadas flores de admirável parque. Do Livro “O Consolador”. Emmanuel/Francisco Cândido Xavier 72 – Existem planetas de condições piores que as da Terra? Existem orbes que oferecem piores perspectivas de existência que o vosso e, no que se refere a perspectivas, a Terra é um plano alegre e formoso, de aprendizado. O único elemento que aí destoa da Natureza é justamente o homem, avassalado pelo egoísmo. Conhecemos planetas onde os seres que os povoam são obrigados a um esforço contínuo e penoso para aliciar os elementos essenciais à vida; outros, ainda, onde numerosas criaturas se encontram em doloroso degredo. Entretanto, no vosso, sem que haja qualquer sacrifício de vossa parte, tendes gratuitamente céu azul, fontes fartas, abundância de oxigênio, árvores amigas, frutos e flores, cor e luz, em santas possibilidades de trabalho, que o homem há renegado em todos os tempos. 73 – A humanidade terrestre é idêntica à doutros orbes? Nas expressões físicas, semelhante analogia é impossível, em face das leis substanciais que regem cada plano evolutivo; mas, procuremos entender por humanidade a família espiritual de todas as criaturas de Deus que povoam o Universo e, examinada a questão sob esse prisma, veremos a comunidade terrestre identificada com a coletividade universal. Do Livro “Emmanuel”. Emmanuel/Francisco Cândido Xavier XVI – As Vidas Sucessivas e os Mundos Habitados Apesar da objetiva dos vossos telescópios, que descortinam, na imensidade, “as terras do céu”, julga-se erradamente que apenas o vosso mundo oferece condições de habitabilidade e somente nele se verifica o florescimento da vida. Infelizmente, são inúmeros os que duvidam dessa realidade inconteste, aprisionados em escolas filosóficas que pecam pelo seu caráter obsoleto e incompatível com a evolução da Humanidade, em geral. É que não reconhecem que a Terra minúscula é apenas um ponto obscuro e opaco, no concerto sideral, e nada de singular existe nela que lhe outorgue, com exclusividade, o privilégio da vida; em contraposição aos assertos dos negadores, podeis notar, cientificamente, que é mesmo, em vosso plano, o local do Universo onde a vida encontra mais dificuldades para se estabelecer. Há mundos incontáveis e muitos deles formados de fluidos rarefeitos, inatingidos, na atualidade, pelos vossos instrumentos de ótica. Máximas: Palavras dirigidas por Galileu a Kepler:- “Que idéia farás tu dos mais eminentes professores do Ginásio de Pádua, quando souberes que lhes oferecendo eu o telescópio, absolutamente não quiseram examinar nem os planetas nem a lua!? Tais homens encaram a filosofia como um livro igual à Eneida ou à Odisséia e crêem que a verdade não deve ser investigada na Natureza, mas simplesmente na comparação de textos. Como havias tu de rir quando em Piza o primeiro professor do Ginásio de lá tentou em presença do grão-duque arrancar com argumentos lógicos, como exorcismos mágicos, os planetas do firmamento!”
- “Coragem, Galileu, avante! Um pressentimento me diz que poucos dos eminentes matemáticos da Europa se afastarão de ti, tão grande é o poder da verdade!
E com certeza, a vida pulula nestas muitas moradas da casa do Pai.” (Giordano Bruno) (t) Bibliografia: Sítios: http://astro.if.ufrgs.br Livro dos Espíritos www.zenite.nu O que é o Espiritismo esdegfiw.wordpress.com Livro dos Médiuns O Evangelho Segundo o Espiritismo Revista Espírita 1858, 1860. O Consolador O Céu e Inferno. Novas Mensagens Antigo Testamento.