Reencarnação e Sobrevivência da Alma na Obra de Hernani G. Andrade e Raymond M. Jr.
REENCARNAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DA ALMA NA OBRA DE HERNANI GUIMARÃES ANDRADE E RAYMOND MOODY JR
Geferson Santana de Jesus1
I Encontro de História do CAHL
Centro de Artes, Humanidades e Letras, Quarteirão Leite Alves, Cachoeira-BA 18 a 21 de outubro de 2010
RESUMO
O presente artigo tem como principal objetivo levantar análise dos livros, frente os estudos sobre a alma e a reencarnação no século XX realizados no Brasil com Hernani Guimarães Andrade, e nos Estados Unidos com o Dr. Raymond Moody Jr. A forma como essas temáticas foram pensadas em suas obras, e consequentemente pesquisadas, será a problemática central do trabalho, assim como entender como essas teorias sobre a alma e a reencarnação são tratadas pela metodologia científica dos pesquisadores. A ciência das religiões é uma grande ferramenta de investigação sobre o fatigável debate que os estudiosos do assunto vêm estabelecendo, sendo que este trabalho não visa comprovação das teorias, mas análises do que está expresso nas obras.
PALAVRAS – CHAVE: Alma; Reencarnação; Ciência; História das Religiões.
INTRODUÇÃO
A religião tem sido uma força importante na história, e no Brasil, a maioria da população tem algum tipo de crença ou participa de alguma religião.
Dentre as convicções mais difundidas no país está a crença na reencarnação, definindo a si mesmo como doutrina, não como religião, o Espiritismo tem buscado investigar de modo pretensamente científico fenômenos concretos que confirmariam a reencarnação. Dois autores se destacam nesta busca de conciliar a religião com a ciência, e serão abordados neste artigo: o pesquisador brasileiro Hernani Guimarães Andrade, e o pesquisador americano Raymond Moody Jr.
As problemáticas aqui abordadas são fatores que acompanham a humanidade desde as eras mais distantes, pois, tratar de impressionante teoria em pleno período histórico contemporâneo, torna-se um grande desafio.
1Graduando de História pela UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), bolsista PPQ (Programa de Permanência Qualificada- PROPAAE).
gefsdj@hotmail.com. Ressalto aqui meus agradecimentos ao professor Fabrício dos Santos Lyrio, pelas orientações e críticas feitas ao trabalho, e ao meu amigo João Paulo Pinto do Carmo pelas leituras atentas.
Os objetos de pesquisa são as obras Vida depois da Vida de Raymond Moody Jr, e Reencarnação no Brasil de Hernani Guimarães Andrade, que conseqüentemente estudam os incidentes de casos catalogados no Brasil e nos Estados Unidos sobre a reencarnação e a sobrevivência da alma, sendo que nestes dois países tem existido uma melhor condição de pesquisa e estudos submetidos a uma norma de investigação rígida.
Como as pessoas podem se ver fora do corpo durante a EQM e ao serem “ressuscitados” lembram de todas as experiências que tiveram? E como entender esse “fenômeno” de ida a lugares obscuros, parecidos com o purgatório? São questões como essas que o Hernani Guimarães Andrade e Raymond Moody Jr, procurarão desvendar e que serão abordadas de forma enfática neste trabalho devido aos esforços direcionados para o âmbito da investigação das lembranças de vidas passadas, como elementos importantes para discutirmos as obras e seus impactos num determinado contexto social, político e religioso na sociedade estadunidense e brasileira.
Andrade tem em determinados períodos, como objeto de estudo todos os públicos que apresentem casos que ajudasse compreender o mistério das recordações que os indivíduos têm de lugares nunca visitados por eles. Com suas pesquisas Moody, faz grande contribuição nas discussões sobre tal enigma, tão debatido por várias correntes de pensadores, por isso o colocamos neste trabalho, inclusive como uma das chaves para podermos discutir sobre as teorias aqui expostas. Entretanto, a questão referente ao comportamento dos indivíduos que tiveram acesso aos livros desses dois autores perante a
morte nos inquieta, pois de alguma forma entendemos que esse material foi motivo de reflexão para alguns indivíduos acreditando ou não na reencarnação da alma e sua sobrevivência.
As discussões geradas serão uma forma de refletir sobre os assuntos, que foram no século XX, assim como qualquer outro objeto de estudo alvo de crítica no mundo acadêmico, e creio que hoje também, embora tenha existido um amadurecimento, na forma de se pensar as crenças das religiões. Neste
caso devemos muito a História das religiões que possibilitou no surgimento de melhor entender as religiões a partir de suas próprias características, como caso de qualquer outro estudo direcionado as outras áreas do conhecimento histórico. A Jacqueline Hermann nos esclarece que no século XIX e início do XX, a ciência da religião passa a ser encarada de forma científica para uma discussão acadêmica (HERMANN, 1997).
ESTUDO INVESTIGATIVO DA REENCARNAÇÃO: HERNANI GUIMARÃES ANDRADE E RAYMOND MOODY JR
Inicialmente permita-nos apresentar o pioneiro na pesquisa do efeito Kirlian e da transcomunicação instrumental em nosso país, o engenheiro e psicobiofísico Hernani Guimarães Andrade foi também o introdutor no Brasil da metodologia de Ian Stevenson para o estudo de casos sugestivos de reencarnação. Os dois, aliás, se conheciam pessoalmente – o pesquisador canadense veio a São Paulo em 1972, e seus arquivos abrigam casos brasileiros estudados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), presidido por Andrade. Os estudos do IBPP feitos segundo o modelo elaborado por Stevenson renderam os livros Reencarnação no Brasil – Oito Casos que Sugerem Renascimento (Ed. O Clarim, 1988) e Renasceu por Amor – Um Caso que Sugere Reencarnação: Kilden & Jonathan (Ed. Folha Espírita, 1995).
Raymond Moody é formado em Medicina pelo Medical College of Georgia e doutorado em Filosofia pela Universidade da Virginia. Há mais de 40 anos que investiga o fenómeno das experiências de quase-morte, sendo autor de mais de uma dezena de best-sellers sobre este tema, que contam com mais de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Realiza conferências e dá formação a profissionais de saúde de todo o mundo. É criador e fundador do Raymond Moody Institute, uma organização sem fins lucrativos destinada ao ensino e à investigação de temas relacionados com a morte física.
No século XX, dois grandes pesquisadores de lembranças ou reminiscências de supostas vidas pretéritas de pessoas que alegam terem vivido em uma época diferente da atual, seriam a meu ver os homens de ciência Hernani Guimarães Andrade e Raymond Moody Júnior, contribuíram muito no campo investigativo de tal fenômeno dito espiritual e demonstrando explicitamente para os crentes ou não crentes na possibilidade de veracidade dos fatos sobrenaturais ou naturais da condição humana, esses são pontos que os pesquisadores não colocam de forma clara em seus textos, a impressão que se tem é que eles estão tentando compreender os fatos. Cada vez mais, novas experiências vão surgindo para nos remeter a compreensão, e até mesmo a negação da lei da encarnação, devido às pesquisas de homens empenhados em afirmar ou negar, entretanto, as experiências analisadas ainda não foram consideradas pelas pesquisas como falsas mais sim verdadeiras e verificadas.
Os casos relatados nos põe a refletir sobre a forma como é apresentada a analise dos fatos, temos supostamente a partir daí provas científicas elaboradas de maneira empíricas, e inevitavelmente percebemos que se trata de um trabalho sério, onde é fruto de disciplina, esforço e muitas viagens, não a passeio mais a trabalho. Todavia, não devemos nos acomodar a situação, os questionamentos levantados ao tema nos garantirá compreender como se dar o processo de lembrança desses fatos e quais foram os métodos aplicados aos objetos do Andrade e do Moody. Será que eles não se deixaram levar por alguma espécie de crença intima? Por mais, que tenhamos fatos comprovados por meio das verificações, ainda assim é preciso ir em busca de novas ocorrências desse porte, que por sua vez garantirá uma conclusão sobre a problemática ou simplesmente abrir campo para novas perguntas ao objeto.
As histórias das pessoas entrevistadas são interessantes, onde de alguma maneira comeram a lembrar de suas vidas regressas. Andrade, o pesquisador aqui lembrado e colocado em foco, devido as suas contribuições no campo científico, sempre teve a preocupação a preocupação de criticar as fontes e a capacidade de serem influenciadas pelos meios de informação. A preocupação dele é interessante do ponto vista metodológico, mas temos que convir que a mente humana é uma máquina incrível e não seria impossível uma criança lembrar certos fatos se fosse verdade ou não, inclusive até hoje o cérebro ainda é um enigma para as ciências biológicas. Por outro lado, as crianças estudadas lembram realidades que não foram vivenciaram como poderia ter acontecido tal fenômeno? Esta é uma resposta que não poderíamos responder num simples trabalho, nem poderia ser uma preocupação do ponto de vista histórico.
São realmente intrigantes os fatos abordados, alvos de críticas de muitas pessoas que não são do ramo da ciência, mais também dos que dele faz parte. Que outra afirmação pode dar se não for por meio da reencarnação?
Essa indiferença frente a essa lei é a meu ver algo desnecessário, levando numa perspectiva historiográfica2, pois até hoje ninguém nunca a derrubou, muito pelo contrário, os estudos publicados na Revista de História das Religiões abordam Espiritismo -precursor da idéia de reencarnação- na intenção de contribuir, e assim ela continua firme tendo como veículo sustentador as ciências físicas e historiográficas da religião.
No Brasil, Andrade que segue a mesma linha de investigação de Stevenson, inclusive os dois eram amigos e o primeiro foi o responsável pela visita do segundo no país na década de oitenta (1980). No seu livro Reencarnação no Brasil propõe oito casos que sugerem reencarnação e todos ocorreram no âmbito social brasileiro, com sua obra ele nos remete a uma análise do fenômeno de lembrança de vidas pretéritas. Os depoimentos das pessoas colocam os autores numa posição de reflexão frente às experiências que seus entrevistados passaram. Ao contrário de Stevenson, Andrade não demonstrava somente preferência por crianças, mais adultos como podemos identificar em seu livro que foi de grande repercussão nos leitores do Brasil, principalmente dentre as comunidades espíritas de diversas partes do nosso território considerado o quinto maior país em extensão geográfica.
O método de investigação deste tipo de evidencia não usa a hipnose, nem a regressão de memória. Embora estes processos possam produzir resultados validos na pesquisa de reencarnação, normalmente são evitados quando se trata de recordações espontâneas, especialmente as afloradas na primeira infância. (ANDRADE, 1986, p.6)
2 O tema deve ser entendido numa perspectiva de enriquecimento e contribuição na exploração de novas áreas e temas da História.
Os métodos utilizados são de todo considerados empíricos pela academia, e a partir daí podemos constatar a cautela do Andrade, pois, não é preciso que nada seja dito, os depoimentos falam por si quando averiguados por meios metodológicos comuns e de fácil compreensão, quando passamos para uma análise dos documentos é basicamente isso que Andrade quer dizer, mas consideremos isso como uma suposição de interpretação do texto do autor, e consequentemente de seu pensamento. Aqui podemos identificar a preocupação em se querer realizar uma pesquisa empírica sobre a reencarnação e a sobrevivência da alma após a morte do corpo físico. Esse texto de certa forma acaba sendo um consolo para aqueles que pensam que com a morte tudo se acaba, nos estudos de Andrade temos evidencias de uma continuidade da vida espiritual e não estamos isentos de passar pelo processo da eternidade.
Durante os inquéritos e reconhecimentos, usam-se vários métodos de registro, tais como notas de escritas, gravações, fotografias e até filmagens. Formulários previamente preparados são utilizados na coleta das informações, de maneira a não deixar dados importantes escaparem sem registro. Há muitas informações complementares que se tornam utilíssimas para o estudo aprofundado da reencarnação.
Entre tais dados, podemos citar os seguintes: local e natureza dos ferimentos recebidos pela personalidade anterior, caso tenha sofrido morte violenta; duração do período de intermissão (tempo decorrido entre desencarne e o novo nascimento); fatos ocorridos durante a intermissão; se o reencarne do paciente foi precedido de avisos ou sonhos anunciadores; características físicas e psicológicas da personalidade previa e da atual; sexo da personalidade anterior; a causa mortis é um dado importante, pois pode ter influencia na saúde e comportamento da personalidade atual. Todos os dados são relevantes e, por isso, os questionários costumam ser extensos e minuciosos (ANDRADE, 1986, p.7)
Podemos nos perguntar quanto à veracidade das pesquisas, entretanto é muito perceptível a intencionalidade do intelectual de procurar entender, o comprometimento dele que elimina qualquer dúvida em relação a seriedade do trabalho desenvolvido, como mesmo gosta de deixar implícito na obra; com “rigor e seriedade”3.
Ambos não têm a pretensão de afirmar a existência da alma após o deslace das amarras do corpo, apenas apresentam casos relacionados com o tema que sugerem reencarnação, não lhes é competido afirmar absolutamente nada, isso só o desenvolvimento da ciência dirá.
3 Moody não considera seu trabalho como sendo cientifico.
Assim como Andrade, Moody não está com a intenção de comprovar a teoria da EQM (Experiência de Quase Morte), mas tentar explicar e entender como o fenômeno acontece nas suas mais profundas e íntimas nuanças. O acervo de casos documentados é muito grande, e utilizar-se desse meio de verificação científica torna-se conveniente e louvável ao mesmo tempo devido à presença material concreto de pesquisa.
As verificações feitas pelo filósofo norte-americano nos chamam a atenção devido aos fatos que são narrados no seu livro “Vida depois da Vida”, onde sai em busca de pessoas que passaram pelo processo de quase morte física ou EQM4 . Os diálogos existentes em sua obra são muito intrigantes e nos impressionam pela riqueza de detalhes visíveis. Entretanto, não devemos nos calar frente a uma nova metodologia de pesquisa e situação bem diferente à de Ian Stevenson e Hernani Guimarães de Andrade.
O fenômeno nomeado de Experiência de Quase Morte (EQM) ocorre quando um indivíduo qualquer sofre um acidente ou suicídio e consequentemente morte clínica. Os pacientes durante a entrevista salientam que se veem desprendendo-se do corpo aparentemente morto e entrarem em túnel escuro, mas que ao final dele defronta-se com uma grande luminosidade, e neste local iluminado encontram pessoas falecidas que foi-lhes caro no mundo físico e de imediato estabelecem-se diálogos direcionados para a reflexão da vida presente. Outros comentam que de início há um regressão de memória, onde vários fatos vividos pelo indivíduo serão apresentados em alguns casos os mais marcaram. Moody nos alerta: “A melhor coisa em que posso pensar, para comparar é uma série de slides. Era como se alguém estivesse trocando os slides diante de mim, muito rapidamente” (MOODY, p.74).
4Sigla criada por R. Moody Jr.
Existência da ligação entre os intelectuais do Brasil e norte- americanos do século XX, é muito forte do ponto de vista ideológico e investigativo. Mas, a diferença se faz presente quando observamos a metodologia deles. Carlos Toledo Rizzini5 não vai a campo, apenas utiliza-se de fontes de apoio. Veja a citação abaixo do Dr. Carlos Toledo Rizzini que reforça a ideia de Raymond Moody Jr:
Outro tipo recente de demonstração da realidade do espírito imortal e distinto do corpo foi dada pelo Dr. Raymond Moody Jr. (Vida Depois da Vida, Edibolso, 1975), filosofo e psiquiatra norte-americano.
Investigou as estórias de cem pessoas que estiveram clinicamente mortas, em vida latente, por graves acidentes ou ataques cardíacos.
Todas elas se desprenderam do corpo, que passaram a vê com algo à parte, assistiram aos esforços dos médicos, às lamurias dos parentes e puderam observar, em geral, pequenas porções do plano espiritual. J. A. Appleman (Poderes Psiquicos e Imortalidade, Ed. Civilização Bras.,1968 descreve minuciosamente alguns casos notáveis. Esses estados de morte aparente duram, comumente, de 5 a 20 minutos. Não é raro que o espírito desligado do corpo prostado chegue a ver e falar com espíritos livres. Quase todos ao sofrer desdobramento, tem a impressão de estar atravessando um túnel ou corredor escuro, depois do qual saem para amplo espaço cheio de luz. Muitos não querem ao corpo e à vida terrena, mas são compelidos suavemente por uma entidade mencionada como “Deus”, “Jesus”, “Mentor” ou “Ser de Luz”- um espírito elevado. E acabam reentrando no organismo, aborrecido e não raro com um choque. (RIZZINI, 1990, p.48)
Passando pelo processo de morte clínica as pessoas ficam sobre uma visão panorâmica do ambiente, identificando o próprio corpo e assistindo todo o trabalho realizado pelos médicos juntamente com a assistência espiritual.
Muitos chamam essa entidade divina como “meu anjo da guarda”, guia espiritual, o “Espírito Santo”, de “Deus” ou como queiram chamar este “Ser”.
Essas experiências ocorridas com pacientes clínicos intrigou muito Moody, devido a probabilidade de ter acontecido várias vezes em lugares e pessoas diferentes, cada uma com características diversas e quadro clínico parecidos.
Assisti-os me ressuscitarem lá de cima. Meu corpo estava deitado lá em baixo, esticado na cama, bem à vista, todos eles estavam em volta. Ouvir uma enfermeira dizer: “Meu deus! Ela se foi!”, enquanto outra se abaixou para me fazer ressuscitar respirando boca a boca.
Eu estava olhando para sua nuca, enquanto ela fazia isso. Nunca me esquecerei de como era o cabelo dela, cortado curto, meio rente.
Bem, aí vi-os rolarem para o quarto aquela máquina e colocarem eletrodos no meu peito. Quando deram o choque, vi todo o meu corpo pular na cama e ouvir todos os ossos do meu corpo estalarem. Foi uma coisa mais terrível. (MOODY, 1979, p.41)
5 Carlos Toledo Rizzini é um cientista profissional, com os títulos oficias de “Pesquisador em Botânica”, e “Chefe de Pesquisas”, formado em medicina e membro da Academia de Ciências.
Qual o significado que damos para a palavra morte? Será que deveríamos repensar quanto a esse conceito ao analisarmos o trabalho do Dr. Moody? Ou será que nosso entendimento quanto ao termo morte está sendo empregado de maneira inapropriada? Refletir sobre os questionamentos se faz pertinente, se formos repensar a significação de “morte” a partir da teoria em discussão focada no texto de Raymond. Outra obra do psiquiatra que reforça a necessidade de reaver o sentido epistemológico da palavra “morte” é através do livro de autoria de Moody, intitulado Investigando Vidas Passadas, onde é demonstrado que a hipnose pode servir de instrumento auxiliador na investigação ligado a vida considerada pela doutrina espiritista6 e espiritualistas em seu maior número, apesar de muitos especialistas do ramo hipnótico não a considerarem adequada para o processo investigativo aqui citado decorrente de possibilidade de sofrerem fraudes.
CONCLUSÃO
Reencarnação é um tema difícil de ser tratado, mas desde o século XIX com as ciências das religiões, as coisas vêm mudando em função do maior número de pesquisadores interessados em conhecer e tentar desvendar o “mistério”, que tanto mexe com as pessoas de modo geral. Ainda existem aqueles que criticam ferrenhamente, e simplesmente não buscam pesquisar o assunto, mas as coisas estão sendo revistas a seu tempo por homens respeitáveis como Andrade no Brasil e Moody Jr nos Estados Unidos, que contribuíram significativamente com as suas explicações inovadoras em meados do século XX.
6Aqui me refiro aos adeptos da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, na sua primeira obra em 18 de abril de 1857, intitulada O Livro dos Espíritos, que será sucedida de outras quatro obras como: O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
Segundo os espiritistas, não adianta fecharmos os olhos, temos que enfrentar a realidade que automaticamente é de todos, estamos inseridos nesse contexto e é nele que encontraremos a estranha causa dos sofrimentos que nos afligem. Qual o verdadeiro sentido da vida? O que estamos fazendo aqui no planeta Terra? Para onde vamos? De onde viemos? Por que a morte deixa de ser morte? Como podemos conceber a reencarnação? Existem os espíritos e a comprovação de suas existências? Estes são os questionamentos intercalados nos livros escritos por esses autores do século XX direcionados a tais temáticas e que causaram grande polêmica no mundo acadêmico, pois a morte tornou-se um objeto de análise cientifica de forma rígida pelos médicos, filósofos e psicólogos do Brasil e dos Estados Unidos principalmente.
A sociedade respondeu de que forma aos trabalhos? Isso mudou de alguma forma a maneira das pessoas no século XX, no Brasil e EUA? Essas ideias são pertinentes num ponto de vista de transformação de mentalidade de uma época da história. Creio que não apenas os espíritas, esotéricos ou espiritistas se interessaram pelo assunto de alguma forma as pessoas pensaram sobre a reencarnação quando tiveram a oportunidade de ter contato com a obra. Entretanto, surge outro problema: Será que todos tiverem a oportunidade de acessibilidade das obras? Quais seguimentos sociais podiam comprar esses livros? Segundo Angélica Aparecida Silva de Almeida e Alexander Moreira Almeida “logo que chegou ao Brasil (no século XIX) 7, o espiritismo angariou seus primeiros adeptos entre imigrantes franceses e membros da classe média, habitualmente intelectuais, médicos, jornalistas e comerciantes” 8.
E no caso do livro de Moody que teria que ser importado, como a “massa popular” poderia comprar? Aqui seria interessante pensar nas classes sociais que tiveram acesso aos livros, e como o tema repercutiu nesses grupos ainda marcados fortemente pelo catolicismo, no caso do Brasil e dos Estados Unidos um crescimento visível do protestantismo.
7 Grifo de minha autoria
8 ALMEIDA, Angélica Aparecida Silva de; ALMEIDA, Alexander Moreira.
“Espiritismo e Medicina: a trajetória do Sanatório Espírita de Uberaba” (1933-1988). p.2.
Foram essas as questões que estavam intercaladas no presente artigo, mais não me cabe respondê-las, a própria ciência a medida que for progredindo tecnicamente e empiricamente responderá ou talvez nunca consiga uma resposta exata, pois o seu caráter não é absoluto, como a própria História demonstra. Esses tipos de assuntos abordados na literatura dos autores aqui expostos foram pontapés iniciais no século XX para discutirmos o assunto, aqui houve uma proposta de apresentá-las a partir das fontes secundarias ou de apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Hernani Guimarães. Reencarnação no Brasil.. São Paulo: Casa Editora O Clarim, 1986.
HERMANN, Jacqueline. “História das religiões e religiosidades”, in: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997, pp.329-52.
MOODY Jr, Raymond A. Vida depois da Vida. São Paulo: Editora Nórdica, 1975/ 1979.
MOODY JR, Raymond A; PERRY M. D. Paul. Investigando Vidas Passadas. São Paulo: Editora Cultrix, 1990.
PLANETA, Revista. Edição 419, São Paulo, Agosto/ 2007. Acesso em: 22/07/2009.
Disponível em: www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/419/artigo61400-1.htm RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o terceiro milênio: tratado psicológico para o homem moderno. Distrito Federal: EDICEL, 1990.
ALMEIDA, Angélica Aparecida Silva de; ALMEIDA, Alexander Moreira. “Espiritismo e Medicina: a trajetória do Sanatório Espírita de Uberaba” (1933-1988). Disponível em: www.abhr.org.br/wp-content/uploads/2008/12/almeida-angelica.pdf.
Acesso em: 22/07/2009.