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Ensáio Teórico das Curas Instantâneas

  REVISTA ESPÍRITA  Jornal de Estudos Psicológicos  publicada sobre a direção de Allan Kardec, Ano XI – Março de 1868 – Vol. 3   De todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é, sem qualquer dúvida, o das curas instantâneas. Compreende-se as curas produzidas pela ação continuada de um bom fluido. Mas pergunta-se como esse fluído pode  operar uma transformação súbita no organismo e, sobretudo, porque o indivíduo que possui essa faculdade não tem acesso sobre todos os que são atingidos pela mesma moléstia, admitindo que haja especialidades. A simpatia dos fluídos é uma razão, sem dúvida, mas não satisfaz completamente, porque nada tem de positivo, nem de científico. Entretanto, as curas instantâneas são um fato, que se não poderia por em dúvida. Se não tivesse em apoio senão os exemplos dos tempos remotos, poder-se-ia, com alguma aparência de fundamento, considerá-los como lendários ou, pelo menos, como ampliados pela credulidade; mas quando os mesmos fenômenos se reproduzem aos nossos olhos, no século mais céptico, a respeito das coisas sobrenaturais, a negação já não é possível, e se é forçado a neles ver, não um efeito miraculoso, mas um fenômeno que deve ter sua causa nas leis da natureza, ainda desconhecidas.   A explicação seguinte, deduzida das indicações fornecidas por um médium em sonambulismo espontâneo, está baseada em considerações fisiológicas, que nos parecem jogar luz nova sobre a questão. Ela foi dada por ocasião de uma pessoa atingida por graves enfermidades e que perguntava se um tratamento fluídico poderia ser-lhe salutar.   Por mais racional que nos pareça esta explicação, não a damos como absoluta, mas a título de hipótese e como tema de estudo, até que tenha recebido a dupla sanção da lógica e da opinião geral dos Espíritos, único controle válido das doutrinas espíritas e que possa assegurar-lhe a perpetuidade. Na medicação terapêutica são necessários remédios apropriados ao mal. Não podendo o mesmo remédio ter virtudes contrárias: ser, ao mesmo tempo, estimulante e calmante, aquecer e esfriar, não pode convir a todos os casos. É por isto que não existe um remédio universal.   Dá-se o mesmo com o fluído curador, verdadeiro agente terapêutico, cujas qualidades variam conforme o temperamento físico e moral dos indivíduos que o transmitem. Há fluídos que super excitam e outros que acalmam, fluídos fortes e outros suaves e de muitas outras nuanças. Conforme as suas qualidades, em certos casos, ineficaz e até prejudiciais em outros; de onde se segue que a cura depende, em principio, da adequação das qualidades do fluído à natureza e à causa do mal. Eis o que muitas pessoas não compreendem e porque se admiram que um curador não cure todos os males. Quando às circunstâncias que influem nas qualidades intrínsecas dos fluídos, foram suficientemente desenvolvidas no Cap. XIV da Gênese, para que seja supérfluo aqui as relembrar. A esta causa inteiramente física das não-curas, há que acrescentar uma, inteiramente moral, que o Espiritismo nos dá a conhecer. É que a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujasconseqüências devem ser sofridas, até que tenham sido resgatadas. Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim. Este princípio é um motivo de resignação para o doente, mas não deve ser uma excusa para que o médico procurasse, na necessidade da provação, um meio cômodo de abrigar a sua ignorância.   Consideradas unicamente do ponto de vista fisiológico, as doenças tem duas causas, que até hoje não foram distinguidas, e que não podiam ser apreciadas antes de novos conhecimentos, trazidos pelo Espiritismo. É da diferença destas duas causas que ressalta a possibilidade das curas instantâneas, em casos especiais, e não em todos.   Certas doenças tem sua causa original na alteração mesma dos tecidos orgânicos; é a única admitida pela ciência até hoje. E como, para a remediar, até hoje só conhece as substâncias medicamentosas tangíveis, não compreende a ação de um fluído impalpável, tendo a vontade como propulsor. Entretanto, aí estão os curadores magnéticos, para provar que não é uma ilusão. Na cura das moléstias desta natureza, pelo influxo fluídico, há substituição das moléculas orgânica mórbidas por moléculas sadias. É a história de casa velha, cujas pedras carcomidas são substituídas por boas pedras: tem-se sempre a mesma casa, mas restaurada e consolidada. A torre Saint-Jacques e Notre-Dame de Paris acabam de sofrer um tratamento deste gênero.   A substância fluídica produz um efeito análogo ao da substância medicamentosa, com a diferença que, sendo maior a sua penetração, em razão da tenuidade de seus princípios constitutivos, age mais diretamente sobre as moléculas primeiras do organismo do que o podem fazer as moléculas maisgrosseiras das substâncias materiais. Em segundo lugar, sua eficácia é mais geral, sem ser universal, porque suas qualidades são modificáveis pelo pensamento, ao passo que as da matéria são fixas e invariáveis não se podem aplicar senão a casos determinados.   Tal é, em tese geral, o princípio sobre o qual repousam os tratamentos magnéticos. Ajuntemos sumariamente, e de memória, pois não podemos aqui aprofundar o assunto, que a ação dos remédios homeopatas em doses infinitesimais, é baseada no mesmo princípio; a substância medicamentosa, levada pela divisão ao estado atômico, até certo ponto adquire as propriedades dos fluídos, menos, entretanto, o princípio anímico, que existe nos fluídos animalizados e lhes dá qualidades especiais.   Em resumo, trata-se de reparar uma desordem orgânica pela introdução, na economia, de materiais sãos, substituindo materiais deteriorados ordinários in natura; por esses mesmos medicamentos em estado de divisão homeopática; enfim pelo fluído magnético, que não é senão matéria  espiritualizada. São três modos de elementos reparadores, ou melhor, de introdução e de assimilação dos elementos reparadores: todos os três estão igualmente na natureza, e tem sua utilidade, conforme os casos especiais, o que explica porque um tem êxito onde outro fracassa, porque seria parcialidade negar os serviços prestados pela medicina ordinária. Em nossa opinião, são três ramos da arte de curar, destinados a se suplementar e se completar, conforme as circunstâncias, mas das quais nenhuma tem o direito de se julgar a panacéia universal do gênero humano.   Cada um dos meios poderá, pois, ser eficaz, se empregado a propósito e adequado a especialidade do mal; mas, seja qual for, compreende-se que a substituição molecular, necessária ao restabelecimento do equilíbrio, só se pode operar gradualmente, e não por encanto e por um golpe de batuta; se possível, a cura não pode deixar de ser senão o resultado de uma ação contínua e perseverante, mais ou menos longa, conforme a gravidade dos casos.   Entretanto as curas instantâneas são um fato, e como não podem ser mais miraculosas que as outras, é preciso que se realizem em circunstâncias especiais. O que o prova é que não se dão indistintamente para todas as doenças, nem para todos os indivíduos. É, pois, um fenômeno natural, cuja lei há que buscar. Ora, eis, a explicação que se lhe dá. Para a compreender, era preciso ter o ponto de comparação que acabamos de estabelecer. Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, não tem como causa primeira a alteração das moléculas orgânicas, mas a presença de um mau fluído, que as desagrega, por assim dizer, e perturba a sua economia.   Há aqui como num relógio, cujas peças todas estão em bom estado, mas cujo movimento é parado ou desregulado pela poeira; nenhuma peça deve ser substituída e, contudo, ele não funciona; para restabelecer a regularidade do movimento basta purgar o relógio do obstáculo que o impedia de funcionar. Tal é o caso de grande número de doenças, cuja origem é devida aos fluídos perniciosos, dos quais é penetrado o organismo. Para obter a cura, não são moléculas deterioradas que devem ser substituídas, mas um corpo estranho que se deixe expulsar; desaparecida a causa do mal, o equilíbrio se restabelece e as funções retomam o seu curso.   Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos terapêuticos, por sua natureza destinados a agir sobre a matéria, não tenham eficácia sobre um agente fluídico. Assim, a medicina ordinária é inoperante em todas as doenças causadas por fluídos viciados, e alas são numerosas. À matéria pode opor-se a matéria, mas a um fluído mau há que opor um fluído melhor e mais poderoso. A medicina terapêutica naturalmente falha contra os agentes fluídicos; pela mesma razão a medicina fluídica falha onde há que opor matéria; a medicina homeopática nos parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois extremos, e deve particularmente ter êxito nas afecções que poderiam chamar-se mistas. Seja qual for a pretensão de cada um destes sistemas à supremacia, o que há de positivo é que, cada um de seu lado, obtém estar na posse exclusiva da  verdade; de onde há que concluir que todas têm sua utilidade, e que o essencial é as aplicar adequadamente. Não temos que nos ocupar aqui dos casos em que o tratamento fluídico é aplicável, mas da causa pela qual esse tratamento por vezes pode ser instantâneo, ao passo que em outros casos exige uma ação continuada.

Esta diferença se deve à mesma natureza e à causa primeira do mal. Duas afecções que apresentam, na aparência, sintomas idênticos, podem ter causas diferentes; uma pode ser determinada pela alteração das moléculas orgânica e, neste caso, é necessário reparar, substituir, como me disseram, as moléculas deterioradas por outras sãs, operação que só se pode fazer gradualmente; a outra

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Suicídio moral

 

Suicídio moral

“Pois o que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos, 8:36.)

Suicidar-se é causar a própria ruína.

Indagados, sabiamente por Kardec, se seria suicida o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, os Espíritos responderam:

“É um suicídio moral.”1

Na interrogação seguinte, para situar a gravidade deste

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Os problemas estão nos excessos

 

Diógenes de Sínope, discípulo de Antístenes de Atenas, foi filósofo grego que viveu em aproximadamente 430 a.C. a 323 a.C. Desprezava as convenções humanas e tinha total indiferença pelo poder, costumava dizer que a felicidade está baseada em não ser amarrado pelos desejos. Criou o cosmopolitismo ao afirmar que era um cidadão do mundo e não de um estado ou de uma cidade em particular. Certa vez, Diógenes jantava seu habitual prato de lentilhas,  quando foi abordado por Arístipos de Cirene, também filósofo e  famoso por pregar o prazer como bem absoluto da vida, disse ele a Diógenes: – Se soubesses bajular o rei,  certamente não estarias a jantar apenas esse mísero prato de lentilhas. Diógenes, sereno, lhe respondeu: – Se soubesses se contentar apenas com este mísero prato de lentilhas,  não precisarias bajular o rei para viver. Notável a visão do filósofo!   A sociedade contemporânea, tenta de todas as formas nos impulsionar a acreditar que muitas coisas são necessárias para nossa existência e felicidade. A mídia ao vender uma imagem de que aquele que tem grande poder de consumo é alguém que venceu na vida, admirado e  elogiado por todos,  tendo poderes de comprar o que bem entender, auxilia a criar essa cultura de que a vida se resume a ter em detrimento do ser. O supérfluo passa a ser considerado necessário para grande número de pessoas que deixam se enfeitiçar pelos poderes do marketing. Ah, o marketing! Comerciais exaltando maravilhas… Produtos de qualidade duvidável sendo içados ao patamar de salvação da “lavoura”… O vício sendo propagado aos quatro ventos pelos meios de comunicação que pensam apenas na melhor forma de melhor vender seu produto… Dinheiro sendo vendido a peso de ouro em propagandas do tipo: “Faça seu financiamento em leves parcelas de R$.xx em até 48 meses” Alguns distraídos endividam-se apenas para mostrar aos outros que também podem ter, outros tantos, infelizmente por imperativos da vida se vêem obrigados a cair nessa armadilha que visa exclusivamente o lucro exagerado. A simplicidade dá lugar a ostentação sem limites. E iludidas por essa ficção,  muitas criaturas valorizam em demasia esses bens efêmeros. Outros, chegam mesmo a depositar a responsabilidade de sua infelicidade no fato de não terem grande poder aquisitivo. A coisa se complica quando essas questões tomam proporções maiores e acabam por afligir toda a família. Casais que discutem infinitamente transformando o lar em palanque de impropérios porque um ou outro exagerou na dose do consumo. A lista é infindável e dá assunto para calorosos debates. Uma existência calcada somente em valores materiais, chumba-nos ao solo da futilidade e nos deixa criaturas vazias,  sem maiores aspirações como espíritos em estágio evolutivo. E um dos grandes males de nossa sociedade é justamente esse: Preocupação em excesso com assuntos de pouca relevância. Enquanto grande parte da população mundial não tem sequer como viver dignamente, alguns inclusive vivendo em um sub mundo, onde faltam recursos básicos de alimentação e higiene, outros tantos, desligados dessa realidade,  descabelam-se por supérfluos. Alguns com excessos, outros sem o necessário, são as discrepâncias próprias de um planeta que se orienta sob a égide do egoísmo.   Em o Livro dos Espíritos , na questão de nº 712 e 712 a, Kardec questiona os mentores espirituais:   P – 712 Por que Deus colocou o atrativo do prazer na posse e uso dos bens materiais? R – Para estimular o homem ao cumprimento de sua missão e experimentá-lo por meio da tentação. P – 712 a Qual é o objetivo dessa tentação? R – Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo dos excessos.   Segue comentário de Kardec: Se o homem tivesse considerado o uso dos bens da Terra somente pela utilidade que eles têm, sua indiferença poderia comprometer a harmonia do universo: Deus lhe deu o atrativo do prazer para o cumprimento dos seus desígnios. Mas pelo que possa representar esse atrativo quis, por outro lado, prová-lo por meio da tentação que o arrasta para o abuso do qual sua razão deve defendê-lo. As afirmações de Diógenes vem de encontro a Doutrina Espírita e  ambos nos convidam a considerar grave aspecto: Nossa felicidade jamais se fará com excessos! O universo preza pela harmonia e ela se fará em plenitude quando dosarmos dois ingredientes na medida exata: vontade por conquistar com desprendimento para não se algemar. Ao lutar pela posse dos bens materiais exercitamos inúmeras aptidões; criatividade, iniciativa, perseverança, trabalho, ou seja, evoluímos, aprendemos… Portanto, é justo que busquemos a melhoria também do ponto de vista material, todavia, tomando o cuidado para não fazermos deste objetivo o altar de nossas vidas, pelo simples motivo de que esse altar não está ligado ao santuário sagrado de nosso espírito, ele é apenas o caminho para trazer progresso a nós e aqueles que caminham conosco. Muitos que se orientam apenas sob essa ótica acabam por inverter valores e não raro ludibriam, bajulam, vendem-se, mentem… São provados na tentação e acabam por sucumbir, em realidade são reféns de uma ganância desmedida que os impede de raciocinar com clareza. Diógenes propõe que não nos algememos a bens efêmeros, a Doutrina Espírita, por sua vez,  nos instrui que o melhor é ter prudência para que assim que conseguirmos as conquistas materiais, evitemos os excessos. Vale a pena estudarmos com atenção esses assuntos.   Wellington Balbo  

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Enquanto o braço corre (Cura na Federação)

 

Trecho sobre espiritismo incluído no livro As Religiões do rio, escrito em 1904 pelo cronista carioca Paulo Barreto, o João do Rio1     Nas rodas mais elegantes, entre sportsmen inteligentes, lavra o desespero das comunicações espíritas, como em Paris o automobilismo. Ainda há alguns meses senhores de tom, ao voltarem do Lírio, encasacados e de gardênia ao peito, comunicaram-se no Hotel dos Estrangeiros com as  almas do outro mundo, por intermédio de uma cantora, médium ultra-assombroso.   À tarde na Colombo, esses senhores combinavam a partie de plaisir  (expressão que significava que combinavam “o que fazer à noite”) e à noite nos corredores do Lírico, enquanto Caruso rouxinoleava corpulentamente para encanto das almas sentimentais, eles prelibavam as revelações sonambúlicas da médium musical. Esses fatos são raros, porém, e as experiências assombrosas multiplicam-se. Os médiuns curam criatura a morrer. Leôncio de Albuquerque, que trata caridosamente a Saúde em peso, anuncia, sem tocar no doente, o primeiro caso de peste bubônica, e cada vez mais aumenta o número de crentes. O meu amigo dizia-me: _ Nunca se viu uma crença que com tal rapidez assombrasse crentes. Se o Figaro dava para Paris cem mil espíritas, o Rio deve ter igual soma de fiéis. O Brasil, pela junção de uma ração de sonhadores como os portugueses com a fantasia dos negros e o pavor indiano do invisível, está fatalmente à beira dos abismos de onde se entrevê o além. A Federação2 publicou uma estatística de jornais espíritas no mundo inteiro. Pois bem: existem no mundo 96 jornais e revistas, sendo que 56 em toda a Europa e 19 só no Brasil. (…)   A Federação fica na Rua do Rosário, 97. É um grande prédio, cheio de luz e claridade. Cumprem-se aí os preceitos da ortodoxia espírita; não há remuneração de trabalho e nada se recebe pelas consultas. A diretoria gasta parte do dia a servir os irmãos, tratando da contabilidade, da biblioteca, do jornal, dos doentes. A instalação é magnífica. No primeiro pavimento ficam a biblioteca, a sala de entrega do receituário, a secretaria, o salão de espera dos consultantes e os consultórios. Seis médiuns psicográficos prestam-se duas horas por dia a receitar, e as salas conservam-se sempre cheias de uma multidão de doentes, mulheres, homens, crianças, figuras dolorosas com um laivo de esperança no olhar.   A casa está sonora do rumor contínuo, mas tudo é simples, caridoso e sem espalhafato. Quando entramos não se lhe altera a vida nervosa. A Federação parece um banco de caridade, instalado à beira do outro mundo. Os homens agitam-se, andam, conversam, os doentes esperam que os espíritas venham receitar pelo braço os médiuns [sic.], e os médiuns, sob a ação psicográfica, falam e conversam enquanto braço corre. Atravessamos a sala dos clientes, entramos no consultório do Sr. Richard.3 Há uma hora que esse honrado cavalheiro, espírita convencido, escreve e já receitou para 47 pessoas.  _ Há curas? _ perguntamos nós, olhando as fileiras dos doentes.  _ Muitas. Nós, porém, não tomamos nota.  _ Mas o senhor não se lembra de ter curado ninguém?  _ A mim me dizem que pus boa uma pessoa da família do general Argollo. Mas não sei nem devo dizer. É o preceito de Deus. Deixamo-lo receitando, já perfeitamente normalizados com aquele ambiente estranho, e interrogamos. Há milhares de curas. A Sra. Georgina, esposa do Sr. César Pacheco, depois de louca e cega, ficou boa em dez dias; D. Jesuína de Andrade, viúva, quase tísica, em trinta dias salva, e outros, outros muitos.   Quer valor tem essas declarações? Os doentes enfileirados parecem crer e o Sr. Richard é a fé em pessoa. É o que basta talvez.     1Fonte: Reportagem “O Novo Espiritismo”, de Martha Mendonça, publicada na revista Época, no. 424, de 3 de julho de 20906,p.66-74 2Nota de Reformador: O autor faz referencia à Federação Espírita Brasileira. 3Nota de reformador: Pedro Richard serviu `FEB por cerca de 40 anos    Revista Reformador  08/2006    

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Enfermidades: lições valiosas para os que as adquirem

 

  Ouvindo isso, seus discípulos, muito espantados, perguntaram: Quem pode então ser salvo? Jesus, fitando neles o olhar, disse: Impossível é isto para os homens, mas para Deus tudo é possível. (Mateus, 19:25-26.)   O diálogo destacado acima, entre Jesus e seus seguidores, também registrado por Marcos (10:26-27) e Lucas (18:26–27), enaltece a essência da misericórdia divina ao dizer que para Deus tudo é possível; confere-nos a certeza de que todos os recursos indispensáveis, para nossa edificação espiritual, serão oferecidos por Ele, facultando-nos condições para vencermos todos os óbices que precisamos superar em nossa marcha evolutiva na Terra. A passagem evangélica nos traz infinitas esperanças e convida-nos a meditar sobre o tema. As doenças físicas são contingência natural da maioria dos seres reencarnados em processo de aprendizado no orbe terreno. Decorreriam elas dos reflexos das mentes que se desajustam? Esses transtornos da mente seriam capazes de impor ao veículo orgânico efeitos doentios indefiníveis, que lhe propiciariam a derrocada ou a morte? Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz (1853-1937), distinto médico e denodado batalhador do Espiritismo, em estudos espirituais sobre o assunto, elucida: Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou atos, arrojam de nós raios específicos. Assim sendo, é indispensável curar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes, porquanto a cólera e a irritação, a leviandade e a maledicência, a crueldade  e a calúnia, a irreflexão e a brutalidade, a tristeza e o desânimo, produzem elevada percentagem de agentes […], de natureza destrutiva, em nós e em torno de nós […], suscetíveis de fixar-nos, por tempo indeterminado, em deploráveis labirintos da desarmonia mental. Em muitas ocasiões, nossa conduta pode ser a nossa enfermidade, tanto quanto o nosso comportamento pode representar a nossa restauração e a nossa cura.1   Igualmente, o Espírito Emmanuel, em análise sobre o problema, observa que “ninguém poderá dizer que toda enfermidade, a rigor, esteja vinculada aos processos de elaboração da vida mental”, mas garante “que os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças”,2 e reconhece que os descontroles psíquicos geram “zonas mórbidas de natureza particular no cosmo orgânico, impondo às células a distonia pela qual se anulam quase todos os recursos de defesa, abrindo-se leira fértil à cultura de micróbios patogênicos nos órgãos menos habilitados à resistência”.3 Donde se conclui que os pensamentos residem na base de todas as nossas ações. Os médicos, a partir dos avanços científicos obtidos, no decorrer dos séculos, associaram certas doenças, a exemplo do câncer, às causas psíquicas.4 Ao nos depararmos com o surgimento da doença, somos tomados por sentimentos de incertezas e dúvidas, não querendo aceitar a difícil realidade que nos aguarda, sobretudo nos processos de tratamento indispensáveis para eliminar os seus efeitos e sintomas. Não temos suficiente serenidade para analisar a própria situação e, segundo as leis que nos regem, para vivenciar provas e sofrimentos apropriados às nossas necessidades de melhoria espiritual.   O filósofo espírita León Denis (1846-1927), defensor ardoroso na luta em proveito da causa do Espiritismo, identifica na dor “uma lei de equilíbrio e educação”. 5 Diz ele: […] Sem dúvida, as falhas do passado recaem sobre nós com todo o seu peso e determinam as condições de nosso destino. O sofrimento não é, muitas vezes, mais do que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas, mas sendo partilha de todos, deve ser considerado como necessidade de ordem geral, como agente de desenvolvimento, condições do progresso. Todos os seres têm de, por sua vez, passar por ele. Sua ação é benfazeja para quem sabe compreendê-lo, mas somente podem compreendê-lo aqueles que lhe sentiram os poderosos efeitos. […]5 As provas desenvolvem a inteligência e nos ensinam a exercitar a paciência e a resignação.Ao considerarmos as enfermidades como formas de retificação dos comportamentos desequilibrados, devemos, portanto, aceitar os sofrimentos sem nos lamentar e lutar para suplantar as dificuldades que surgem dos graves problemas de saúde, que não nos sejam possíveis evitar. Algumas vezes, podem ser provas buscadas pelo Espírito com o intuito de ativar o seu progresso espiritual, suportando, sem esmorecer, os reveses da vida material. Hermínio C. Miranda (2008), em seus estudos espíritas, centrado, sobretudo, na análise das curas promovidas pela homeopatia, desenvolve interessante tese sobre a importância da dor, tanto nos males físicos como nos espirituais, e considera que “as mais esclarecidas correntes da medicina moderna admitem hoje a origem psicossomática de inúmeras doenças”.6 É pertinente ressaltar algumas de suas anotações sobre o assunto: Assim como a doença orgânica resulta de abusos que geram desarmonias ou desafinamentos no sistema biológico, assim também as dissonâncias e desarmonias espirituais criam doenças mentais e emocionais gravíssimas resultantes de abusos de natureza ética. […] No caso das mazelas espirituais, o “tratamento”, às vezes um tanto rude, mas sempre justo, que as leis divinas nos prescrevem, consiste em nos fazer experimentar dores, angústias, aflições e carências que impusemos ao semelhante. Somente assim estaremos em condições de avaliar com lucidez  a extensão e profundidade do sofrimento que causamos ao nosso irmão, ou seja, sentindo-o na “própria pele”. […]7   O autor, contudo, admite que os mecanismos das leis espirituais não exigem o sofrimento a qualquer preço, tornando-se inclementes e inflexíveis. Ao contrário, a comiseração divina haverá de favorecer-nos em todas as ocasiões, concedendo-nos meios de sobrepujar infortúnios e angústias. A carne não prevalece sobre o Espírito, a quem cabe a responsabilidade moral de todos os atos. Os abusos são decorrentes das tendências nocivas que passamos a cultivar ao longo de nossas intermináveis reencarnações, transigindo com os vícios e excessos de toda ordem, em prejuízo do veículo físico. Não devemos, pois, maldizer as doenças do corpo; elas servem para sarar as nossas almas, de modo a não reincidirmos nos mesmos erros cometidos. Além disso, é possível buscar todos os recursos ao nosso alcance para o equilíbrio orgânico, sem prescindir dos médicos e demais equipes da área de saúde, submetendo-nos às orientações clínicas, cirúrgicas ou terapêuticas. O importante é não nos entregarmos ao desânimo, apegados, erroneamente, a um determinismo irremediável, não aceitando as soluções da medicina que nos proporcionariam alívio e bem-estar. Façamos fervorosas preces suplicando a assistência dos benfeitores espirituais para que se tornem conselheiros e mestres dos esculápios terrenos, permitindo-lhes as condições necessárias para bem interpretar as intuições que advenham do Plano Maior, estando aptos, conforme o conhecimento científico que conquistaram, para agirem com competência no tratamento das doenças que adquirimos e, dessa maneira, diminuir ou extinguir os padecimentos que ainda não conseguimos afastar. É preciso desenvolver o nosso esforço, tendo como recurso de êxito, em benefício da cura, o exercício equilibrado do livre-arbítrio. Deus zela por nós; e tudo é possível para aquele que crê na sua infinita compaixão!   Referências: 1XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. Por diversos Espíritos. 9. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 19, p. 98-99. 2______. Pensamento e vida. 18. ed. 1. reimp. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 28. 3Idem, ibidem. Cap. 15, p. 65-66. 4SERVAN-SCHREIBER, Davi. Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais. Trad. Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 164. 5DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 3, As potências da alma, item 27, p. 520. 6MARCUS, João (pseudônimo de Hermínio C. Miranda). Candeias na noite escura. 4. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 39, p. 202. 7______. ______. p. 202-203.                                                                                   Reformador Março 2010

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Enfermidades e curas (Apóstolo desconhecido)

 

As enfermidades congênitas ou não, são provas que os culpados devem passar, para ressarcirem seus débitos atuais ou do passado? Os curados foram perdoados ou estavam em fim de dividas?

Embora recebi de Deus o poder de perdoar pecados, seria injustiça curar uns e outros não.

Há enfermidades de <span style="text-decoration

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Ecos da Floresta (cura com plantas)

 

ECOS DA FLORESTA

Os hábitos intrigantes dos pajés, com seus rituais de cura. Quando um índio adoecia, quando as feridas da guerra faziam periclitar a vida, quando o caiporismo da sorte punha a caça mais arisca, então era o “feiticeiro&#8221

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Dor Evolução

  Desde as mais remotas épocas, o homem foi sempre vitimado pela dor e, incansavelmente, buscou entender as suas causas. Adotou práticas místicas e cabalísticas, elaborou teorias de formas de vida e de crença no intuito de se livrar ou minimizar as conseqüências da dor. Seitas, religiões e filosofias vêm buscando na vida material, e fora dela, explicações para as catástrofes, flagelos, doenças, aleijões humanos e outras perturbações que promovem a aflição. Expiação dos pecados; provação para o exercício da fé; conseqüências dos desvarios da humanidade na busca do prazer vulgar e imediato, e aguilhão necessário ao progresso tecnológico e moral do homem têm sido explicações adotadas para justificar a razão do sofrimento. O entendimento da natureza e do papel que a dor ocupa na história da humanidade passam pela abordagem dos traços culturais e antropológicos dos homens atingidos por esse fenômeno tão complexo, não aceito com naturalidade pela maioria de todos nós. Daí a diversidade de interpretação sobre ela. ANTIGUIDADE Os sábios da Antiguidade grega teorizaram sobre a natureza da dor e formas de evitá-la ou minimizar a sua ação. Platão (427-347 a.C.) afirmou que “A dor ocorre quando a proporção ou a harmonia dos elementos que compõem o ser vivo é ameaçada ou comprometida”. Assim, segundo o discípulo de Sócrates, vivendo em harmonia consigo mesmo e com a Natureza o homem se livra da dor. Epicuro (341-270 a.C.) admitia que a dor era uma conseqüência da busca do prazer vulgar e desmesurado. Zenon de Cicio (334-262 a.C.), fundador do estoicismo, ensinava que as paixões são as causas do sofrimento e que, para evitá-lo, deveria o homem seguir a natureza, aceitando o destino e conservando a serenidade em qualquer circunstância. O judaísmo, por sua vez, entendia a dor como um castigo divino pela desobediência, resquício de um impiedoso atavismo do “pecado original”. Quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, Jeová castigou a mulher a dar à luz com dor e ao homem a ganhar o pão com o suor de seu rosto. A história de Jó, no Antigo Testamento, é forte testemunho desse complexo de culpa. Jesus desenvolveu esforços para desfazer essa concepção de dor-castigo, quando bem-aventurou os aflitos, assinalando que o sofrimento seria oportunidade de purificação da alma.   IDADE MÉDIA E MODERNIDADE Durante a Idade Média, os homens, interpretando mal a dinâmica da vida, aplicavam a dor como instrumento de justiça e de repressão, submetendo os condenados a sessões de torturas públicas, acreditando que assim educaria o povo a obedecer às ordens emanadas do Estado e da Igreja. Fortalecida pela Igreja, a cultura judaico-cristã insistia que a doença era um castigo divino ou forma de advertência ao povo pecador. Doenças incuráveis à época, tal como a lepra, e as epidemias que assolavam milhares de vidas, enquadravam-se na visão de um deus antropomórfico caprichoso e vingativo que refletia as características morais do homem medieval, que não via as causas daqueles flagelos na falta de saneamento básico, na alimentação inadequada e no descuido com a higiene pessoal. No início do século XVIII houve um salto e o filósofo inglês Alexander Pope (1688-1744) ensinava que se deveria considerar a dor individual como um sofrimento parcial a serviço de um bem universal, alertando, sem dúvida, para os cuidados que se deveriam ter no alastramento das infecções. O Arquidiácono William Paley (1743-1805) pensava da mesma forma: administrava aos estudantes de Cambridge que a dor de um era um mal menor, destinado a proteger a humanidade de um mal muito maior. Exemplificava que uma doença nos dedos dos pés era uma advertência providencial para reduzir o consumo de álcool, que posteriormente poderia provocar uma crise de gota. Aqui, nos parece uma referência à dor-auxílio, de que André Luiz vem conceituar muito bem. A DOR E O ESPIRITISMO Como a dor, algo tão negativo, do ponto de vista humano, pode ser um benefício para a criatura que Deus criou pare ser feliz? E aqui grifo o termo criatura, porque não é somente o ser racional que experimenta o sofrimento, mas também os irracionais. A Doutrina Espírita veio trazer a resposta a essa interrogação. A pluralidade das existências é a solução racional que se coaduna com a Justiça e Bondade divinas, para justificar a existência da dor, cujas causas podem ser encontradas na atual existência ou em outras. A dor não é castigo, não é capricho e nem ira do Criador com a sua criatura. “Por mais admirável que possa parecer à primeira vista, a dor é apenas um meio de que usa o Poder Infinito para nos chamar a si e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura”. Mais recentemente, o Espírito André Luiz nos trouxe valiosas contribuições que aprofundam-nos compreensão exata do sofrimento humano, quando nos ensina que a dor tem naturezas e papéis diferenciados no processo de nosso progresso moral e espiritual, existindo, portanto, dor-expiação, dor-auxílio e dor-evolução. Explica ele que “[…] a dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça […].” Quanto à dor-auxílio adianta que “[…] pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.” Parece-nos que William Paley já fazia referência a essa modalidade de dor… A DOR-EVOLUÇÃO Há quem pense, mesmo entre espíritas, que o sofrimento é sempre uma punição, que a criatura está enfrentando adversidades por que merece… Mas nem sempre é assim. Será imprudência generalizar a natureza da dor de cada um. “A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso”.   Na cura do cego de Siloé (Jo 9:1-41), Jesus responde aos que lhe desafiavam a sabedoria e o poder, que nem o cego nem os seus pais haviam pecado para que se justificasse sua condição de cego de nascença, mas que ali estava para que nele se manifestassem as obras de Deus, permitindo inferir que haja quem sofra sem está em débito com a contabilidade divina. Interrogado a respeito dessa passagem evangélica, o Espírito Vianna de Carvalho confessa acreditar realmente no que ficou registrado pelo apóstolo de Patmos. Na mesma linha de raciocínio, o Codificador, com sua peculiar lucidez e bom-senso, admite, no caso, que “se não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade”. (Grifamos) Embora tenhamos a certeza que muitos Espíritos sem carma reencarnam na Terra por amor a alguém ou por algum ideal e submetendo-se às leis da matéria sofram sem merecerem, raros são os registros que nos permitem afirmar com convicção esse ou aquele caso. Mas o Espírito Emmanuel nos revela dois desses casos. Quem ler os livros Ave Cristo e Renúncia pulando o 1º capítulo de cada um deles, vai admitir que as dores por que passaram Quinto Varro e Alcíone foram expiações por faltas do passado. Mas não foi bem isso. No Ave Cristo, Quinto Varro solicita a Clódio – entidade de esfera superior – seu regresso à Terra para auxiliar Taciano, que fora seu filho na última existência e que não conseguira conduzi-lo ao Cristo como pretendera, e a resposta foi: “- Mas, por quê? Conheço-te o acervo de serviços, não somente à causa da ordem, mas igualmente à causa do amor. No mundo patrício, as tuas derradeiras romagens foram as do homem correto até ao extremo sacrifício e os teus primeiros ensaios na edificação cristã foram dos mais dignos. Não será aconselhável o prosseguimento de tua marcha, acima das inquietantes paisagens da carne” . (Grifamos) No Renúncia, Alcíone, Espírito de elevada hierarquia, prestando serviços no sistema de Sírius, dirige-se a Antênio, seu mentor, que cumpria as ordenações de Jesus, solicitando sua volta à Terra, para cooperar com Pólux, seu eterno amor. Depois de muito argumentar, não concordando com seu retorno, já que não acreditava que Pólux estivesse pronto para merecer seu sacrifício, diz-lhe: “- Recorda que as leis planetárias não afetam somente os espíritos em aprendizado ou reparação, mas, também, os missionários da mais elevada estirpe. Experimentarás, igualmente, o olvido das tuas conquistas, sentirás o mesmo desejo de compreensão e a mesma sede de afeto que palpitam nos outros mortais.” (Grifamos.) Diante dessas revelações, podemos concluir que a dor não é somente produto da consciência culpada. “Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.” Nos casos de Quinto Varro e Alcíone, foram eles provados na sua grandeza moral, alcançando patamares mais elevados do progresso espiritual pelos seus sacrifícios em nome do amor. “Pela dor – afirma Denis -, descobre-se com mais segurança o lugar onde brilha o mais belo, o mais doce raio da verdade, aquele que não se apaga”. E, nessa linha, lapidou o poeta Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825 – 1889): “Quem passou pela vida em branca nuvem, E em plácido repouso adormeceu; Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu; Foi espectro de homem, não foi homem, Só passou pela vida, não viveu.”  

Revista Internacional de Espiritismo 05/2008 – Waldehir Bezerra de Almeida

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ALZHEIMER – MAL ESPIRITUAL

 

  O mal de “Alzheimer”, assim chamado por ter sido descrito, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, é uma doença degenerativa com profundas causas espirituais. À semelhança de outras patologias psiquiátricas – diria, com maior propriedade, espirituais! –, como, por exemplo, a esquizofrenia, o mal de “Alzheimer”, cujo gene desencadeante, mais cedo ou tarde, a Ciência terminará por descobrir, tem no espírito a sua origem. Ousaria dizer, nesta rápida análise, que a referida enfermidade, que, sem dúvida, vem, dia a dia, crescendo nas estatísticas médicas, longe de ser causa de prejuízo para o espírito reencarnado, surge justamente em seu auxílio, neste período decisivo para todos os que se encontram vinculados à Evolução do planeta. Não mais se constitui em novidade para os estudiosos do Espiritismo que muitos, de alguns lustros para cá, estão tendo as suas últimas oportunidades sobre a Terra, aonde vem ocorrendo o mesmo fenômeno que provocou em Capela o êxodo de milhões e milhões de espíritos recalcitrantes. Em maioria, as vítimas do “Alzheimer” são espíritos vitimados por processos de “auto-obsessão”, necessitados de ajuste com a consciência em níveis que nos escapam a qualquer tentativa de apreciação imediata. Não fosse assim, não se justificaria que o espírito reencarnado, por vezes, permanecesse no corpo com as suas faculdades intelectuais suspensas por tempo indeterminado – muitos enfrentam tal prova por mais de 10, 15 ou 20 anos! –, quais mortos-vivos cuja existência carnal parece ter perdido o sentido. Não vamos aqui trazer à baila a questão das provas compartilhadas com os seus demais familiares consanguíneos, mesmo porque, infelizmente, tais familiares (existem exceções) costumam se livrar dos parentes atacados pelo “Alzheimer”, confiando-os aos cuidados de uma clínica ou, simplesmente, trancafiando-os num dos cômodos isolados da casa, insensibilizando-se. O objetivo, porém, destas nossas considerações, que muitos amigos vêm nos solicitando, é dizer que o doente, total ou parcialmente, desmemoriado, está entregue a si mesmo para um ajuste de contas com o cristalizado personalismo de outras eras – às vezes, não tão distante assim –, com o seu despotismo inconsciente, com o seu excessivo moralismo… Temos, neste Outro Lado da Vida, tido a oportunidade de acompanhar a muitos que se retiram do corpo, pela desencarnação, que, sem que sejam considerados insanos, se mostram completamente alheios a si mesmos, esquecidos do que foram e do que são, à mercê de reencarnações à distância das situações sócio-econômico-culturais, inclusive religiosas, em que se perderam do Cristo! Estes espíritos, por ação da Misericórdia Divina, mergulhados num esquecimento, que não é o provocado pelo choque biológico da reencarnação, antes que, em definitivo, entrem na lista dos desterrados, terão oportunidade de recomeçar alhures, com a mente não mais obsessivamente fixada nas ideias equivocadas que vêm ruminando a muitas existências, vivendo num círculo vicioso difícil de ser rompido. Portanto, a nosso ver, o “Alzheimer”, é uma doença-auxiliar do espírito, que se, aparentemente, o desmorona intelectualmente, o faz ressurgir dos escombros de si mesmo com uma nova perspectiva existencial – bênção diante do qual alguns lustros de alienação do espírito, mergulhado em semelhante processo de “reconstrução íntima”, nada significam!   INÁCIO FERREIRA Uberaba – MG, 11 de junho de 2012.  

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