Casamento: Classificação
….alguns casos em que o matrimônio constitui alguma coisa além da união dos corpos, levou-nos à tentativa de classificá-lo em cinco tipos principais, assim compreendidos:
CLASSIFICAÇÃO DOS CASAMENTOS = Acidentais, provacionais, sacrificais, afins e, transcendentais.
Evidentemente, o instituto do matrimônio, sagrado em suas origens, tem reunido no mesmo teto os mais variados tipos evolutivos, o que vem demonstrar que a união, na Terra, funciona, às vezes como meio de consolidação de laços de pura afinidade espiritual, e, noutros casos, em sua maioria, como instrumento de reajuste.
Algumas vezes o lar é um santuário, um templo, onde as almas engrandecidas pela legítima compreensão exaltam a glória suprema do amor sublimado.
Em sua maioria, porém, os lares são cadinhos purificadores, onde, sob o calor de rudes provas e dolorosos testemunhos, Espíritos frágeis caminham, vagarosamente, na direção do Mais Alto.
Acidentais: Encontro de almas inferiorizadas, por efeito de atração momentânea, sem qualquer ascendente espiritual
Nos casamentos acidentais teremos aquelas pessoas que, defrontando-se um dia, se vêem, se conhecem, se aproximam, surgindo, daí, o enlace acidental, sem qualquer ascendente espiritual. Funcionou, apenas, o livre arbítrio, uma vez que por ele construímos cotidianamente o nosso destino. Num mundo como o nosso, tais casamentos são comuns.
Nem laços de simpatia, nem de desagrado. Simplesmente almas que se encontraram, na confluência do caminho, e que, perante as leis humanas, uniram apenas os corpos. Esses casamentos podem determinar o início de futuros encontros, noutras reencarnações.
Provacionais: Reencontro de almas, para reajustes necessários à evolução de ambos. Quanto aosprovacionais, em que duas almas se reencontram em processo de reajustamento, necessário ao crescimento espiritual, esses são os mais frequentes. A maioria dos casamentos obedece, sem nenhuma dúvida, a esse desiderato. Por isso existem tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias. Deus uniu-os, através das leis do mundo, a fim de que, pelo convívio diário, a Lei Maior, da fraternidade, fosse por eles exercida nas lutas comuns. A compreensão evangélica, a boa vontade, a tolerância e a humildade são virtudes que funcionam à maneira de suaves amortecedores.
O Espiritismo, pela soma de conhecimentos que espalha, tem sido meio eficiente para que muitos lares, construídos na base da provação, se reajustem e se consolidem, dando, assim, os primeiros passos na direção do Infinito Bem. O Espírita esclarecido sabe que somente ele pagará as suas próprias dívidas.
Nenhum amigo espiritual modificará o curso das leis divinas, embora lhe seja possível estender os braços generosos aos que se curvam ante o peso de duras provas, entre as quatro silenciosas paredes de um lar. O espírita esclarecido, homem ou mulher, aprende a renunciar, a benefício de sua paz e do seu reajuste. E o faz, ainda, porque tem a inabalável certeza de que, se fugir hoje ao resgate, voltará, amanhã, na companhia daquele ou daquela de quem procura, agora, afastar-se. A humildade, especialmente, tem um poder extraordinário de harmonização dos lares, convertendo-os, dentro da relatividade que assinala todas as manifestações da vida humana, em legítimos santuários onde o destino dos filhos possa plasmar-se nas exemplificações edificantes.
Sacrificiais: Reencontro de alma Iluminada com alma Inferiorizada, com o objetivo de redimi-la. Agora, os casamentos sacrificiais, esses reúnem almas possuidoras de virtude e sentimentos opostos. É uma alma esclarecida, ou iluminada, que se propõe ajudar a que se atrasou na jornada ascensional. Como a própria palavra indica, é casamento de sacrifício, para um dos cônjuges. E o sacrificado tanto pode ser a mulher como o homem. Não há regra para isso. Temos visto senhoras delicadíssimas, ternas e virtuosas, que se casam com homens ásperos e grosseirões, de sentimentos abjetos, do mesmo modo que existem homens, que são verdadeiras joias de bondade e compreensão, consorciados com mulheres de sentimentos inferiorizados. A isso se dá, com inteira propriedade, a denominação de casamentos sacrificiais. Quem ama não pode ser feliz se deixou na retaguarda, torturado e sofrendo, o objeto de sua afeição..
Afins: Reencontro de corações amigos, para consolidação de afetos.
Os casamentos denominados afins, no sentido superior, são os que reúnem almas esclarecidas e que muito se amam. São Espíritos que, pelo matrimônio, no doce reduto do lar, consolidam velhos laços de afeição.
Transcendentes: Almas engrandecidas no Bem e que se buscam para realizações imortais.
Por fim, temos os casamentos que denominamos de transcendentes. São constituídos por almas engrandecidas no amor fraterno e que se reencontram, no plano físico, para as grandes realizações de interesse geral. A vida desses casais encerra uma finalidade superior. O ideal do Bem enche-lhes as horas e os minutos. O anseio do Belo repleta-lhes as almas de doce ventura, pairando, acima de quaisquer vulgaridades terrestres, acima do campo das emoções inferiores, o amor puro e santo. Todos nós passamos, ou passaremos ainda, segundo for o caso, por toda essa sequência de casamentos: acidentais, provacionais e sacrificiais, até alcançarmos no futuro, sob o sol de um novo dia, a condição de construirmos um lar terreno na base do idealismo transcendental ou da afinidade superior. Enquanto não atingirmos tal situação, o Senhor, pelo seu Evangelho, irá enchendo de paz a nossa vida. E o Espiritismo, abençoada Doutrina, repletará os nossos dias das mais sacrossantas esperanças….
Martins Peralva no livro Estudando a mediunidade – cap18 -Espiritismo e Lar