Resignação para as aflições da vida
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles. (São Mateus, cap V, v 4, 6 e 10).
No mundo haveis de ter aflições. Coragem! eu venci o mundo. (João, cap XVI, v 33)
931 (Livro dos Espíritos) – Por que, na sociedade, as classes sofredoras são mais numerosas que as classes felizes?
– Nenhuma é perfeitamente feliz, e, o que se crê a felicidade, esconde, frequentemente, pungentes pesares: o sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras, são mais numerosas, porque a Terra é um lugar de expiação. Quando o homem nela tiver feito a morada do bem e dos bons espíritos, não será mais infeliz e será para ele o paraíso terrestre.
932 (Livro dos Espíritos) – Por que, no mundo, os maus, tão frequentemente, sobrepujam os bons em influência?
– Pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, dominarão.
933 (Livro dos espíritos) – Se o homem, frequentemente, é o artífice do seus sofrimentos materiais, não ocorre o mesmo com os sofrimentos morais?
– Mais ainda, porque os sofrimentos materiais, algumas vezes, são independentes da vontade; mas o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, em uma palavra, são torturas da alma.
A inveja e o ciúme! Felizes aqueles que não conhecem esses dois vermes roedores! Com a inveja e o ciúme, não há calma nem repouso possível para aquele que está atacado desse mal: os objetos de sua cobiça, de seu ódio, de seu despeito, se levantam diante dele como fantasmas que não lhe dão nenhuma trégua e o perseguem até no sono. Os invejosos e os ciumentos estão num estado de febre contínua. Portanto, está aí uma situação desejável e não compreendeis que, com suas paixões, o homem criou para si suplícios voluntários, e a Terra torna-se para ele uma verdadeiro inferno?
Frequentemente, o homem não é infeliz senão pela importância que liga às coisas deste mundo. É a vaidade, ambição e a cupidez frustradas que fazem sua infelicidade. Se ele coloca acima do círculo estreito da vida material, se eleva seus pensamentos até o infinito, que é a sua destinação, as vicissitudes da Humanidade lhe parecem, então, mesquinhas e pueris, como as tristezas de uma criança que se aflige com a perda de um brinquedo que representava a sua felicidade suprema.
Falamos do homem civilizado, porque o selvagem, tendo suas necessidades mais limitadas, não tem os mesmos objetos de cobiça e de angústias: sua maneira de ver as coisas é diferente. No estado de civilização, o homem raciocina sua infelicidade e a analisa e, por isso, é por ela mais afetado. Mas pode, também raciocinar e analisar os meios de consolação. Essa consolação, ele a possui no sentimento cristão que lhe dá a esperança de um futuro melhor, e no Espiritismo que lhe dá a certeza desse futuro.
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XXVIII, Item 30:
Quando um motivo de aflição nos atinge, se lhe procuramos a causa, acharemos, frequentemente, que é a consequência de nossa imprudência, de nossa imprevidência ou de uma ação anterior; nesse caso, não devemos atribuí-lo senão a nós mesmos. Se a causa de uma infelicidade é independente de toda participação que seja nossa, é ela uma prova para esta vida, ou a expiação de uma existência passada, e, neste último caso, a natureza de expiação pode nos fazer conhecer a natureza da falta, porque somos sempre punidos naquilo em que pecamos.
No que nos aflige, não vemos, em geral, senão o mal presente, e não as consequências ulteriores favoráveis que isso pode ter. O bem, frequentemente, é a consequência de um mal passageiro, como a cura de uma doença é o resultado dos meios dolorosos que se empregam parar obtê-la. Em todos os casos, devemos nos submeter à vontade de Deus, suportar com coragem as tribulações da vida, se quisermos que nos sejam tidas em conta, e que estas palavras do Cristo nos sejam aplicadas: Bem-aventurados aqueles que sofrem.
PRECE: Meus Deus, sois soberanamente justo, todo sofrimento neste mundo deve ter, pois, sua causa e sua utilidade. Aceito o motivo de aflição, que venho de experimentar, como uma expiação das minhas faltas passadas e uma prova para o futuro.
Bons espíritos que me protegeis, dai-me a força de suportá-lo sem lamentação; fazei com que seja para mim uma advertência salutar; que aumente a minha experiência; que combata em mim o orgulho, a ambição, a tola vaidade e o egoísmo, e que ele contribua, assim, para o meu adiantamento.
Giovanni – CELC