Simbiose Espiritual
O simples fenômeno da morte não modifica o estado moral e intelectual de quem desencarna, mas, ao contrário, faz o desencarnado sentir-se exatamente como sempre foi quando no corpo físico, razão por que a satisfação daqueles objetivos se torna imperiosa para o Espírito inferior. Assim, na medida em que são alimentadas fixações que interessem a ambos os parceiros, fica instituído um vínculo, criando-se a dependência mútua em que se comprazem, e que acaba por transformar-se em “necessidade”. Esta parceria, em geral, prolonga-se por tempo indeterminado, já que é estabelecida passiva e voluntariamente, embora sem que os parceiros percebam que são os próprios promotores daquela situação.
O encarnado buscando continuamente alimentar-se das forças inferiores do desencarnado, o qual, por sua vez, encontra nele a “ponte”para manter vivas as sensações físicas a que se escravizou.
Muitas vezes o vínculo é tão forte, e nos alimenta a insânia com tal intensidade, que a sua supressão repentina poderia provocar-nos a falência, quiçá a desencarnação. Esta simbiose, muito mais freqüente do que se possa imaginar, é a causa, em grande proporção, dos sofrimentos na crosta planetária, onde o homem pouco afeito às atividades espirituais elevadas prefere ignorar a realidade que o aguarda e render-se aos doces embalos dos gozos materiais e paixões mundanas, atendendo, com esta atitude, o desejo do parceiro desencarnado, e transferindo-lhe as sensações por ele esperadas.
Para chegar ao resultado desejado, o hóspede explora a invigilância do seu hospedeiro, não com a intenção de prejudicar, perseguir ou vingar, mas de alimentar seus anseios através dele, estimulando-lhe as fraquezas, que procura destacar, exaltando-lhe a vaidade e sugerindo-lhe um desculpismo complacente, sempre que a consciência, infalível guardiã, o advirta do erro e do perigo iminente.
Para romper os grilhões que prendem um ao outro, hóspede e hospedeiro, busquemos a Doutrina Espírita: ela nos ensina não haver outro meio de vencermos a influência de um Espírito inferior, senão nos tornando mais fortes do que ele. No “vigiai e orai”, o Cristo sintetizou a solução: orando, haurimos forças para resistir à tentação de nos rendermos; vigiando, nos policiaremos preventivamente, para evitarmos chegar ao estado de dependência.
A chave para a solução do problema estará em manter-se a mente ocupada com assuntos de elevado conteúdo moral e intelectual, através da leitura, da freqüência a palestras, conferências e cursos e, paralelamente, dedicarmo-nos à prática do bem em todas as suas formas e expressões, o que além de desviar nosso pensamento para estados vibratórios mais elevados,
também nos favorecerá com a assistência mais estreita dos bons Espíritos que, sempre atentos às nossas necessidades, procurarão estimular-nos os esforços, amparando-nos em momentos de vacilação e dúvida.
Revista Reformador 06/2006