Entrevista Divaldo – Adolecência
Entrevista de Divaldo Franco concedida por e-mail ao portal Plenus.net.
- Uma das etapas mais difíceis de nossa experiência encarnatória é a adolescência.
Desajustes falta de compreensão, revolta etc. Além das mudanças físicas existe alguma explicação espiritual?
DIVALDO: Em qualquer etapa do processo reencarnatório o Espírito é um ser integral, que se submete às contingências impostas pelo mecanismo corporal, facultando-lhe o desenvolvimento dos valores que ficarão relativamente adormecidos em estado embrionário. A infância e a adolescência, desse modo, são estágios transitórios, nos quais devem ser trabalhados os recursos intelecto-morais do ser humano, afim de lhe facultarem a conquista do infinito.
Naturalmente, à medida que ocorre o amadurecimento orgânico, sempre sob o impositivo das necessidades que decorrem das experiências transatas, o fenômeno se apresenta consoante o caráter do ser espiritual que se é. Graças a tal circunstância, esse trânsito pode ser tranqüilo e positivo, como também angustiante e perturbador. De alta relevância nessa fase, as presenças do amor e da disciplina, para que sejam bem direcionados os seus recursos em potencial com vistas ao futuro. Eis porque a infância humana é a mais longa entre os animais, que a têm muito breve. É nesse período que se fixam as lições que deverão nortear a existência em desenvolvimento. A adolescência, que logo resulta do primeiro estágio, desenvolve as impressões adormecidas no ser, que se expressarão conforme os fatores ambientais, familiares, educacionais, sociais. Discordando de alguns estudiosos que afirmam estar impressos em nossos códigos genéticos todos os processos orgânicos e psicológicos, acreditamos que a reencarnação impõe necessidades e compromissos que podem ser trabalhados pela educação, cuja importância é primordial. Nunca esquecermos, porém, que o corpo sendo jovem, o mesmo não acontece com o Espírito, que é jornaleiro de várias experiências transatas, das quais conserva as conquistas
e prejuízos. Um dia, um jovem me contou que gostava muito da música rock pesada, e se vestia segundo as bandas que ele admirava, mas paralelamente interessava-se pelo Espiritismo e começara a freqüentar uma Casa Espírita. Sentia-se em conflito, não sabendo se tinha que deixar a música que gostava ou mudar de hábitos.
- O que diria a esse jovem?
DIVALDO: É natural que na juventude o conceito de valores esteja vinculado aos interesses do prazer. Em um momento, no qual, a música estridente e violenta chama a atenção, os moços, que ainda não definiram a personalidade, passem a consumi-la, imitando os líderes que assumem postura mitológica ou aberrante no comportamento, principalmente como forma agressiva e reagente aos hábitos e costumes sociais. Desde que encontramos esse jovem em dicotomia de comportamento, sem saber para qual rumo seguir, eu lhe diria que o interesse pela música não pode ser negado ante a atração pelo Espiritismo. A Doutrina poderá dar-lhe uma visão mais ampla da realidade da vida, de que ele necessita, após penetrá-la e senti-la mais profundamente,adquirindo discernimento para futuros comportamentos. É necessário adquirir-se o senso seletivo, que decorre das experiências, afim de eleger-se o que é de melhor para a existência humana. Portanto, o Espiritismo nunca proíbe, sempre esclarece e orienta.
- Ser jovem deveria ser sinônimo de o quê? Dê-me cinco significados.
DIVALDO: De sonhador que demanda o infinito sem conhecer o caminho a seguir; de indivíduo maleável que aguarda o trabalho paciente da educação, que pode ser considerada o seu hábil escultor moral; de idealista rico de imaginação e de esperança; de construtor de novas eras; de solo virgem que aguarda ensementação, e que produzirá conforme seja semeado.