Resumo do Livro Nos Domínios da Mediunidade – palestra 28.6.17
Resumo do Livro Nos Domínios da Mediunidade
Palestra CELC – Ellen -28.06.17
O Autor Espiritual do livro é o André Luiz; Psicografia Francisco Cândido Xavier.
A psicografia foi concluída em 1954, quando foi feita a primeira edição.
No LIVRO DOS MÉDIUNS, no Capítulo XIV, denominado “OS MÉDIUNS”, no item 159, pág. 140, Allan kardec, nos ensina que:
“Toda pessoa que sente num grau qualquer a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente às pessoas e consequentemente não constitui privilégio exclusivo de ninguém; por isso mesmo, poucas são as pessoas que não possuem algum rudimento dela. Podemos dizer, portanto, que todas as pessoas são, mais ou menos, médiuns.”
No PREFÁCIO (texto introdutório de apresentação de um livro), com o título de: “RAIOS, ONDAS, MÉDIUNS, MENTES…” (Pág. 7/10), do livro “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”, Emmanuel nos ensina que:
“E, na grande romagem, todos somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia. Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada.
(…)
Cada criatura com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios específicos e vive na onda espiritual com que se Identifica.
(…)
E enquanto variados aprendizes focalizam a mediunidade, estudando-a da Terra para o Céu, nosso amigo procura analisar-lhe a posição e os valores, do Céu para a Terra, colaborando na construção dos tempos novos.” – Emmanuel, Pedro Leopoldo, 3 de outubro de 1954.
CAP. 1: ESTUDANDO A MEDIUNIDADE (Pág. 11/18), André Luiz e Hilário em “NOSSO LAR” são recebidos pelo Orientador Áulus, a pedido do Ministro Clarêncio (o qual era patrono e condutor de André Luiz e Hilário em Nosso Lar – Pág. 11), para fazerem um curso rápido de “ciências mediúnicas” (Pág. 11), ministrado pelo Orientador Áulus. Pois, André Luiz e Hilário desejavam auxiliar os irmãos encarnados na execução de serviços mediúnicos.
Áulus interessava-se pelas experimentações mediúnicas, desde 1779, quando, em Paris, conhecera Mesmer (fundador da teoria do magnetismo animal chamada Mesmerismo). Áulus reencarnou no início do século XIX, e apreciou de perto as realizações de Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, dedicou várias décadas à mediunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da Europa. E no mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, sendo que desde cerca de 1920 se dedica a obra de espiritualização no Brasil.
Assim, Áulus traçou para André Luiz e Hilário um programa para o curso de “ciências mediúnicas”.
CAP. 2: O PSICOSCÓPIO (Pág. 19/26) O Orientador Áulus decidiu que deveriam centralizar suas observações em reduzido núcleo, qual seja, um grupo de 10 (dez) encarnados em serviço numa “CASA ESPÍRITA-CRISTÔ, sendo que destes 10 (dez), 4 (quatro) médiuns eram detentores de faculdades regularmente desenvolvidas e de lastro moral respeitável.
Então, demandaram para uma cidade terrestre e o Orientador Áulus levou consigo uma pequena pasta (“que na Terra o minúsculo objeto não pesaria senão alguns gramas” (Pág. 20) era um “PSICOSCÓPIO”, que é um aparelho que facilita os exames e estudos sem a necessidade de aprimorada concentração mental. Funciona a base de eletricidade e magnetismo, é constituído por óculos de estudo e destina-se à auscultação (investigação) da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações, isto é, identificam-se os valores da individualidade humana pelos raios que emite: a moralidade, o sentimento, a educação, e o caráter são claramente perceptíveis através de ligeira inspeção através do “PSICOSCÓPIO”.
De forma que, analisando a psicoscopia de uma pessoa ou de uma equipe de trabalhadores é possível anotar-lhes e categorizar-lhes a situação, segundo as radiações que projetam e assim, é planejada a obra que podem realizar no tempo.
Uma ficha psicoscópica, sobretudo, determina a natureza de nossos pensamentos e, através de semelhante auscultação, é fácil ajuizar dos nossos méritos ou das nossas necessidades.
Hilário começou a refletir sobre o psicoscópio, e a imaginar uma sociedade humana que pudesse retratar a vida interior dos seus membros e quanto isto economizaria grandes quotas de tempo na solução de inúmeros problemas psicológicos. E o Mentor Áulus anuiu dizendo que o futuro reserva prodígios à percepção do homem comum (vide pág. 22).
Os três Espíritos (Áulus, André Luiz e Hilário) chegaram à Casa Espírita, atravessaram largo recinto, onde se encontravam entidades menos felizes do plano espiritual, isto é passaram pelo salão consagrado ao ensinamento público, e na sequência adentraram em acanhado aposento onde se encontravam os médiuns em silenciosa concentração mental.
Áulus explicou que os médiuns estavam fazendo o serviço de harmonização preparatória através de 15 (quinze) minutos de prece, quando não sejam de palestra ou leituras edificantes, porque não se pode abordar o mundo espiritual sem atitude nobre e digna, o que lhes dá a possibilidade de atrair companhias edificantes; e amigos espirituais da Casa-Espírita também encontravam-se em oração (pág. 23).
Áulus armou o psicoscópio e depois de ligeira análise recomendou a Andre Luiz e Hilário que observassem.
Na vez de André Luiz, o mesmo notou, “sem necessidade de esforço mental” que todas as expressões da matéria física assumiam diferente aspecto: teto, paredes, objetos de uso corriqueiro revelavam-se formados de correntes de força, a emitirem baça (sem brilho) claridade.
Em relação aos médiuns, André Luiz notou que pareciam mais estreitamente associados entre si, pelos vastos círculos radiantes que lhes nimbavam (aureolavam) as cabeças de opalino (tonalidade azulada cintilante) esplendor (luminosidade). E que, em torno da mesa, André Luiz verificou uma coroa de luz solar (que é branca, pois resulta da soma das sete cores do arco-íris: o violeta, o azul, o anil, o verde, o amarelo, o laranja e o vermelho) formada por 10 (dez) pontos (pois eram 10 médiuns) e cada ponto tinha no centro o semblante (aspecto e aparência) espiritual do médium em oração.
André Luiz reparou que sobre cada médium tinha uma auréola (círculo luminoso) de raios quase verticais, brilhantes e móveis, quais se fossem diminutas antenas de ouro fumegante (vaporoso). Sobre essas coroas que se particularizavam, de companheiro a companheiro, caíam do Alto abundantes jorros de luminosidade estelar (das estrelas) que, tocando as cabeças ali irmanadas, pareciam suaves correntes de força a se transformarem em pétalas microscópicas, que se acendiam e apagavam, em miríades (quantidade elevada e considerada imensa) de formas delicadas e caprichosas, gravitando, por momentos, ao redor dos cérebros em que se produziam, quais satélites de vida breve, em torno das fontes vitais que lhes davam origem (pág. 24).
Custodiando a assembléia, permaneciam os mentores espirituais presentes, cada qual irradiando a luz que lhe era própria.
André Luiz perguntou ao Instrutor Áulus se os 10 médiuns eram grandes iniciados na revelação divina, ao que recebeu como resposta que não, e que se tratavam apenas de irmãos de boa vontade:
” Naturalmente, são pessoas comuns. Comem, bebem, vestem-se e apresentam-se na Terra sob o aspecto vulgar de outras criaturas do ramerrão (costume, hábito rotina) carnal; no entanto, trazem a mente voltada para os ideais superiores da fé ativa, a expressar-se em amor pelos semelhantes. Procuram disciplinar-se, exercitam a renúncia, cultivam a bondade constante e, por intermédio do esforço próprio no bem e no estudo nobremente conduzido, adquiriram elevado teor de radiação mental” (pág. 25).
Então, Hilário quis entender o porquê da luz e o Assistente Áulus respondeu que não era para se ter estranheza, pois um homem encarnado é um gerador de força eletromagnética e que todas as substâncias vivas da Terra emitem energias, enquadradas nos domínios das radiações ultravioletas. E que os 10 médiuns possuíam almas regularmente evolutidas (evoluídas), em apreciáveis condições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos. Podendo, portanto, projetar raios mentais em vias de sublimação (purificação), assimilando correntes superiores e enriquecendo os raios vitais ou raios ectoplasmáticos de que são dínamos (geradores) comuns.
Sobre os raios vitais ou raios ectoplasmáticos Áulus esclareceu que: “Esses raios são peculiares a todos os seres vivos. É com eles que a lagarta realiza suas complicadas demonstrações de metamorfose e é ainda na base deles que se efetuam todos os processos de materialização mediúnica, porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem libertam essas energias com mais facilidade. Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala. E, otimista, acrescentou: – O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com o seu prodigioso campo de radiações.” (Cap. 2, pág. 26).
No CAP. 3: EQUIPAGEM MEDIÚNICA (pág. 27/34), Áulus, André Luiz e Hilário passam a inspeção mais direta da equipe mediúnica:
1) Raul Silva – dirige o núcleo com devoção à fraternidade. Correto no desempenho dos seus deveres e ardoroso na fé consegue equilibrar o grupo na onda de compreensão e boa-vontade que lhe é característica. Pelo amor com que se desincumbe da tarefa, é instrumento fiel dos benfeitores desencarnados, que lhe identificam na mente um espelho cristalino, retratando-lhes as instruções.
2) Eugênia – senhora muito jovem, médium de grande docilidade, que promete brilhante futuro na expansão do bem. Excelente órgão de transmissão, coopera com eficiência na ajuda aos desencarnados em desequilíbrio. Intuição clara, aliada a distinção moral, tem a vantagem de conservar-se consciente, nos serviços de intercâmbio, beneficiando a ação dos Espíritos comunicantes.
3) Anélio Araújo – rapaz de seus trinta anos, vem conquistando gradativo progresso na clarividência, na clariaudiência e na psicografia.
4) Antônio Castro – moço bem intencionado, simpático e possuidor de valiosas possibilidades nas atividades de permuta. Sonâmbulo, no entanto, é de uma passividade que requer da Espiritualidade grande vigilância. Desdobra-se com facilidade, levando a efeito preciosas tarefas de cooperação com os Espíritos que dirigem os trabalhos, mas ele ainda necessita de maiores estudos e mais amplas experiências para expressar-se com segurança, acerca das próprias observações. Por vezes, comporta-se, fora da matéria densa, à maneira de uma criança, comprometendo a ação dos trabalhos mediúnicos. Quando empresta o veículo a entidades dementes ou sofredoras, exige muita atenção dos Espíritos da ordem e da disciplina, porquanto quase sempre deixa o corpo à mercê dos comunicantes, quando lhe compete o dever de ajudar os Espíritos trabalhadores na contenção deles, a fim de que o tentame de fraternidade não lhe traga prejuízo à organização física.
5) Celina – respeitável senhora, que se mantinha em fervorosa prece, devotada companheira dos trabalhos espirituais, já atravessou meio século de existência física, conquistando significativas vitórias em suas batalhas morais. Viúva, há quase vinte anos, dedicou-se aos filhos, com admirável denodo (coragem), varando estradas espinhosas e dias escuros de renunciação. Suportou heroicamente o assédio de compactas legiões de ignorância e miséria que lhe rodeavam o esposo, com quem se consorciara em tarefa de sacrifício. Conheceu, de perto, a perseguição de gênios infernais a que não se rendeu e, lutando, por muitos anos, para atender de modo irrepreensível às obrigações que o mundo lhe assinalava, acrisolou (purificou) as faculdades medianímicas, aperfeiçoando-as nas chamas do sofrimento moral, como se aprimoram as peças de ferro sob a ação do fogo e da bigorna. Ela não é simples instrumento de fenômenos psíquicos. É abnegada servidora na construção de valores do espírito. A clarividência e a clariaudiência, a incorporação sonambúlica e o desdobramento da personalidade são estados em que ingressa, na mesma espontaneidade com que respira, guardando noção de suas responsabilidades e representando, por isso, valiosa colaboradora das realizações da Espiritualidade trabalhadora. Diligente e humilde, encontrou na plantação do amor fraterno a sua maior alegria e, repartindo o tempo entre as obrigações e os estudos edificantes, transformou-se num acumulador espiritual de energias benéficas, assimilando elevadas correntes mentais, com o que se faz menos acessível às forças da sombra (André Luiz disse que ao lado de Celina desfrutava de deliciosa sensação de paz e reconforto).
O Assistente Áulus explicou que não se pode realizar qualquer estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Assim, é de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva. Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e do serviço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão (Cap. 3, pág. 32).
No Cap. 4: ANTE O SERVIÇO (Págs. 35/42), André Luiz nos conta que estando a reunião bem próxima de seu início, um colaborador do plano espiritual permitiu a entrada de entidades sofredoras e perturbadas, as quais se aglomeravam em derredor dos médiuns encarnados, que estavam em prece, quais se fossem mariposas inconscientes, rodeando grande luz.
Tais entidades vinham barulhentas proferindo frases desconexas ou exclamações menos edificantes, todavia, quando atingidas pelas emanações espirituais do grupo mediúnico emudeciam de pronto (daí a importância da concentração, da união do grupo mediúnico) como se fossem contidas por forças que não conseguiam perceber. Pareciam que estavam envolvidas numa grande nuvem ovalada, como um nevoeiro cinza-escuro, espesso e móvel. Alguns Espíritos se mostravam enfermos, como se tivessem ainda na carne, com membros mutilados, com paralisias, com ulcerações.
Um dos colaboradores espirituais da reunião explicou ao André Luiz e ao Hilário que estes sofredores traziam consigo no perispírito as doenças resultantes do desequilíbrio moral e alimentadas pelos pensamentos que as geraram, pois estes pensamentos persistiam depois da morte do corpo físico.
Essas entidades são espíritos em perturbação mental que acompanham parentes, amigos ou desafetos às reuniões públicas do Centro e que se desligam deles quando os encarnados se deixam renovar pelas ideias salvadoras.
Explica-se: quando o encarnado vai ao Centro e presta atenção e se deixa renovar pelo ensinamento, os espíritos que o acompanham, vampirizando-o, se vêem como que despejados da casa mental, porque é alterada a elaboração do pensamento do encarnado.
Então, uns destes espíritos perturbados fogem do Centro Espírita detestando-o e ficam armando novas perseguições às suas vítimas. Outros destes Espíritos perturbados, tocados pelas lições ouvidas, ficam no Centro Espírita aguardando com grande expectativa maior esclarecimento.
Estes Espíritos perturbados adquirem melhoras em reunião de intercâmbio espiritual, porque assimilam ideias novas com que passam a trabalhar, ainda que de vagarosamente, pois vão melhorando a visão interior e estruturando novos destinos. A RENOVAÇÃO MENTAL É A RENOVAÇÃO DA VIDA.
Importante destacar, também, que quando o encarnado não presta atenção aos ensinamentos ouvidos é como se fosse uma urna fechada, impermeável, continuando inacessível à mudança necessária.
Os expositores da doutrina são comparados, por Áulus (Orientador de André Luiz), como a técnicos eletricistas, pois desligam as “tomadas mentais” através dos princípios libertadores que distribuem na esfera do pensamento. É por isto que entidades vampirizantes operam contra eles envolvendo os ouvintes em fluídos entorpecentes para os induzir ao sono provocado, para que se lhes adie a renovação.
André Luiz, de forma resumida, nos fala sobre dois destes sofredores que ali estavam, a saber:
1) Um homem triste com expressão fisionômica abatida, que não se recordava de seu nome, chegando a dizer que sequer tinha nome, aliás, ele não se recordava de nada, disse que se esqueceu de tudo: um dos companheiros da equipe de estudos disse que poderia ser um fenômeno natural de amnésia, em razão de algum desequilíbrio trazido da Terra, mas que, também, era possível que tal sofredor estivesse sendo vítima de vigorosa sugestão pós-hipnótica, de algum perseguidor de grande poder sobre os recursos mnemônicos do sofredor. E que é possível tal dominação depois da morte do corpo físico, porque a morte é continuação da vida, e na vida possuímos o que buscamos. E que se referido sofredor desse comunicação por meio de um médium do Centro ele se manifestaria assim, desmemoriado, como qualquer alienado mental comum.
2) Um homem esguio (alto e magro) e triste, que exibia o braço direito paralítico e ressecado: André Luis ascultando-lhe (investigando-lhe) por meio do toque de leve em sua fronte (testa) registrou-lhe a angústia nas recordações que se cristalizaram em seu mundo mental. O sofredor tinha sido em sua última reencarnação um musculoso estivador do cais, todavia era alcoólatra. Certa vez chegou em casa bêbado e esbofeteou seu pai, o qual incapaz de revidar, cuspindo sangue praguejou que o braço do filho seria transformado em galho seco. Tais palavras foram acompanhadas de grande força hipnotizante. O homem voltou para a rua sugestionado pela maldição recebida e bebendo para esquecer, todavia, cambaleante foi vitimado num desastre de bonde, no qual veio a perder o braço. Ele sobreviveu por alguns anos cristalizando, contudo, em seu pensamento que a maldição do pai tivera a força de uma ordem e por isso ao desencarnar recuperara o membro antes mutilado, a pender-lhe ressecado e inerte no corpo perispirítico. Ou seja, ele traz a mente subjugada pelo remorso, com que ambientou nele mesmo a maldição recebida. E se ele der comunicação através de médium, ele transmitirá ao médium as impressões que o possuem.
Agora o dirigente dos trabalhos da casa, Raul Silva ia começar o serviço de oração.
No Cap. 5: ASSIMILAÇÃO DE CORRENTES MENTAIS (Págs. 43/50), André Luiz nos conta que faltando dois minutos para às 20:00 horas quando o dirigente Espiritual mais responsável deu entrada no pequeno recinto, era o Irmão Clementino, neste momento diversas Entidades Espirituais já tinham se colado junto dos médiuns que estariam de serviço. O Irmão Clementino se postou junto ao dirigente do Centro, o Raul Silva, em muda reflexão. André Luiz através do psicoscópio examinou os médiuns encarnados em concentração mental e seus corpos físicos apareciam como se fossem correntes electromagnéticas em elevada tensão, o sistema nervoso, os núcleos glandulares e os plexos emitiam luminescência particular e justapondo-se ao cérebro, a mente surgia como esfera de luz, e cada um oferecia um potencial de radiação.
Neste momento o Irmão Clementino pousou sua mão direita na fronte do dirigente Raul Silva. O Irmão Clementino mostrava-se mais humanizado, pois tinha amortecido o elevado tom vibratório em que respira habitualmente para descer, tanto quanto possível, à posição do Raul, a fim de influenciar a vida cerebral de Raul, para o benefício dos trabalhos. A cabeça do Irmão Clementino passou a emitir raios fulgurantes (brilhantes), ao mesmo tempo que o cérebro de Raul Silva, sob os dedos do benfeitor, se nimbava (aureolava) de luminosidade intensa, embora diversa.
O Irmão Clementino começou a fazer uma oração suplicando a Benção Divina e o Raul Silva transmitiu a mesma oração em alta voz, com diminutas variações, o orientador Áulus disse que a isto dá-se o nome de “fenômeno da perfeita assimilação de correntes mentais que preside habitualmente a quase todos os fatos mediúnicos” (Pág. 47). E fios de luz brilhante ligavam os companheiros da mesa, pois a prece os reunia mais fortemente entre si.
Terminada a oração André Luiz foi para perto de Raul Silva, pois queria investigar as impressões que lhe afetavam o corpo físico e viu que todo o busto, os braços e mãos estavam sob vigorosa onda de força, como que um “agradável calafrio” (Pág. 45). E que essa onda de força permanecia sobre o plexo solar onde se transformava em luminoso estímulo que se estendia pelos nervos até o cérebro, do qual se derramava pela boca em forma de palavras e raios luminosos.
O orientador Áulus esclareceu:
” – a mediunidade é um dom inerente a todos os seres, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza. Por isso mesmo, o Divino Mestre recomendou-nos oração e vigilância para não cairmos nas sugestões do mal, porque a tentação é o fio de forças vivas a irradiar-se de nós, captando os elementos que lhe são semelhantes e tecendo, assim, ao redor de nossa alma, espessa rede de impulsos, por vezes irresistíveis.” (Pág. 49).
No Cap. 6: PSICOFONIA CONSCIENTE (Págs. 51/58), André Luiz nos conta que os trabalhos da casa estavam sendo realizados harmoniosamente. Então, três guardas espirituais entraram na sala conduzindo infeliz irmão ao socorro do grupo, o desencarnado era um obsessor solteirão (Libório) que tinha acabado de ter sido removido do ambiente que há muito se ajustara, embora tivesse sido levado ao Centro por três guardas espirituais, era incapaz de enxergar os vigilantes que o traziam e caminhava à maneira de um surdo-cego e como um alienado mental em estado grave.
Ele desencarnou por letal intoxicação, em plena vitalidade orgânica, depois de extenuar-se em festiva loucura. Tinha ao desencarnar o pensamento confuso por paixão por uma moça, hoje enferma em razão da sintonia com ele, pois reteve-o junto de si com aflições e lágrimas, e este passou a vampirizar-lhe o corpo. Ele adaptou-se ao organismo da mulher amada (Sara) que passou a obsidiar, nela encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca e vitalizando-se com os alimentos comuns por ela utilizados. Nessa simbiose vivem ambos, por quase cinco anos sucessivos.
Contudo, agora, a moça subnutrida, perturbada e com desequilíbrios orgânicos de vulto pediu ajuda no Centro, então está sendo feito o duplo socorro. Para a moça se curar das fobias que sente como reflexos da mente dele que se vê apavorado diante das realidades do espírito, é necessário o afastamento dos fluídos que a envolvem, assim como a coluna que precisa de limpeza em favor do reajuste, pois se encontra abalada pelo abraço constringente da hera.
Obedecendo as determinações do mentor da casa, os guardas o colocaram ao lado da médium Dona Eugênia e o Irmão Clementino se aproximou dela e lançou vários feixes de raios luminosos sobre extensa região da glote (é uma parte da laringe, um orifício no final da garganta, situada entre as duas cordas vocais, sua abertura permite que o ar passe nos pulmões) e, depois disto, aplicou-lhe forças magnéticas sobre o córtex cerebral (o córtex cerebral cobre inteiramente os dois hemisférios do cérebro, é composto por células nervosas, que são os neurônios, é onde se processa o entendimento, a razão).
A Eugênia-alma “afastou-se do corpo, mantendo-se junto dele, a distância de alguns centímetros” (Pág. 52), enquanto que, amparado pelos guardas o obsessor sentava-se rente, inclinando-se sobre o equipamento mediúnico ao qual se justapunha, à maneira de alguém a debruçar-se numa janela. Leves fios brilhantes ligavam a fronte de Eugênia, desligada do veículo físico, ao cérebro da entidade comunicante e o Orientador Áulus ensinou que isto é o FENÔMENO DA PSICOFONIA CONSCIENTE OU TRABALHO DOS MÉDIUNS FALANTES: ou seja, embora se utilizando das forças de Eugênia, o obsessor permanece controlado por ela, a quem se imana pela corrente nervosa, através da qual a médium estará informada de todas as palavras que ele mentalize e pretenda dizer.
Efetivamente ele apossa-se temporariamente do órgão vocal da médium, apropriando-se de seu mundo sensório, conseguindo enxergar, ouvir e raciocinar com algum equilíbrio, por intermédio das energias dela, mas é a médium que comanda, firme, as rédeas da própria vontade. Assim, uma vez que a médium é consciente de todas as intenções do comunicante pode frustrar-lhe qualquer abuso, fiscalizando-lhe os propósitos e expressões, porque se trata de uma entidade que lhe é inferior, pela perturbação e pelo sofrimento em que se encontra.
O orientador Áulus ensinou também que o médium nunca se mantém a longa distância do corpo, pois quando o serviço se refere a entidades em desajuste, o medianeiro não deve ausentar-se demasiado. E se for preciso, a médium poderá retomar o próprio corpo num átimo (instante). Ou seja, acham-se ambos num consórcio momentâneo, em que o comunicante é a ação, e a médium personifica a vontade. Em todos os campos de trabalho, é natural que o superior seja responsável pela direção do inferior.
A médium Eugênia, fora do veículo denso, escutava todas as palavras que lhe fluíam da boca, transitoriamente ocupada pelo comunicante, o qual, ao contato das forças nervosas da médium, revive os próprios sentidos e deslumbra-se.
André Luiz pergunta ao orientador Áulus se a médium estaria enxergando, conscientemente, o comunicante com tanta clareza quanto eles (André Luiz e seu grupo). Áulus respondeu que no caso da médium Eugênia isso não acontece, porque o esforço dela na preservação das próprias energias e o interesse na prestação de auxílio com todo o coeficiente de suas possibilidades não lhe permitem a necessária concentração mental para ver-lhe a forma exterior. Entretanto, reproduzem-se nela as aflições e os achaques do socorrido. Sente-lhe a dor e a excitação, registrando-lhe o sofrimento e o mal-estar.
O comunicante perguntava se estava num Tribunal e quem lhe fiscalizava o pensamento? Então, Áulus explicou a André Luiz que o comunicante se queixa do controle a que é submetido pela médium Eugênia, mas se a médium relaxasse o controle, ela não estaria em condições de prestar-lhe benefícios concretos, porque então desceria ao desvairamento do mendigo de luz que se propõe a auxiliar.
Hilário perguntou que sendo a médium consciente e ouvindo as frases do comunicante, que lhe utiliza a boca assim vigiado por ela, é possível que a médium seja assaltada por grandes dúvidas, de que as palavras proferidas pertençam a ela mesma? Não sofrerá vacilações?
— Isso é possível — concordou o Assistente Áulus; no entanto, a médium está habilitada a perceber que as comoções e as palavras desta hora não lhe dizem respeito. No entanto, se a dúvida a invadisse a médium emitiria da própria mente positiva recusa, expulsando o comunicante e anulando preciosa oportunidade de serviço. Ou seja, a dúvida seria congelante faixa de forças negativas.
No Cap. 7: SOCORRO ESPIRITUAL (Págs. 59/66), André Luiz nos conta que sob a influência do Mentor Espiritual (Clementino) Raul Silva se dirigia ao comunicante (Libório) conversando e Libório se disse doente e desesperado, e se expressava com ironia, pois quando Raul Silva o chamou de irmão, Libório disse ao Raul Silva que o mesmo deveria ser um sacerdote fanatizado. No entanto, Raul não perdia a paciência e emitia de si mesmo sincera compaixão como se recolhesse um familiar que regressasse demente para casa. E por isto o obsessor se revelava menos irritado e contrariado.
Libório disse que, quando a miséria está com alguém todos se afastam e que foi isto que ocorreu com ele, que todos se afastaram dele, menos a Sara, e que ele não a deixaria, dizendo que sua vontade, naquela hora, era de esbofetear a todos.
Raul Silva exclamou ao Libório que eles se encontravam numa instituição de serviço fraterno e que iria ser prestado socorro ao Libório. Ao dizer isto jatos de energia mental partidos de Silva alcançaram em cheio o tórax de Libório, como a lhe buscarem o coração. Libório tentou falar, mas comoveu-se e não segurou o pranto. Raul Silva, cujas mãos jorravam luminoso fluxo magnético convidou Libório para uma oração e sob a inspiração do Mentor Espiritual (Clementino) fez sentida prece pelo obsessor.
Ao final da prece, Clementino determinou e foi trazida uma tela (de um metro quadrado, aproximadamente) formada de gaze finíssima.
O aparelho se denomina “condensador ectoplasmático” e funciona sob apoio dos médiuns, ou seja, concentra em si os raios de força projetados pelos médiuns da equipe, reproduzindo as imagens que fluem do pensamento do obsessor, para a observação do plano espiritual e também para a análise do dirigente encarnado (Raul Silva), que recebe estas imagens em seu campo intuitivo, auxiliado pelas energias magnéticas do plano espiritual.
E o obsessor comunicante vê os reflexos de sua própria mente, como a pessoa que se vê num espelho. E como o “condensador ectoplasmático” funciona sob apoio dos médiuns que doam as energias ectoplasmáticas, de forma que, se o médium exteriorizar sentimentos menos dignos, isto gerará enorme perturbação na atividade, porque lançará no condensador as sombras de que se fazem veículo, prejudicando a eficiência da reunião e impedindo a visão perfeita da tela pelo obsessor.
O obsessor viu na tela que sua mãe era uma senhora bem velhinha e doente que o chamara à cabeceira e lhe pedia assistência. Ele era o filho que lhe restava. Ela sentia que ia morrer, tinha falta de ar, sentia medo, parecia criança atemorizada, era sábado de Carnaval e rogou ao filho que não saísse que ficasse com ela. O Obsessor respondeu que sairia apenas por alguns minutos. E pegando numa gaveta um único dinheiro que pertencia a sua mãe, saiu mostrando-se impermeável ao apelo que amigos espirituais lhe endereçavam. Já na rua se liga a companheiros desencarnados inferiores hipnotizados pelo vício, com os quais Libório se afiniza.
Por 3 dias e 4 noites Libório se entrega à loucura, com esquecimento de todas as obrigações, voltando para casa somente na madrugada de quarta-feira. Sua mãe foi socorrida por braços anônimos e não o reconhecia mais, estava aguardando, com resignação, a morte. Libório vai para um quarto dos fundos para conseguir tomar um banho que o auxiliasse a se refazer. Abre o gás, todavia o cansaço surge incontrolável, então dorme perdendo a existência. Foi dado como suicida.
Ao ver tudo isto, Libório chamou por sua mãe, Raul disse-lhe para ele se acalmar, que nunca lhe faltaria socorro divino e que sua mãe de outras esferas lhe estendia os braços amorosos. Ouvindo isto Libório caiu em lágrimas e tão grande foi sua crise emotiva que o mentor espiritual (Clementino) o desligou da médium e o entregou aos vigilantes para que o mesmo fosse abrigado em organização próxima.
No Cap. 8: PSICOFONIA SONAMBÚLICA (Págs. 67/74), André Luiz nos conta que, sob a guarda de um respeitável Espírito, adentrou a sala um Espírito dementado (José Maria), que se assemelhava a um fidalgo (membro da nobreza) antigo, revestido de fluídos que eram verdadeira massa escura, de consistência grossa, do qual exalava fluídos que causavam náuseas. Tinha um rosto com aparência de criminoso, com expressão de frieza, perversidade, astúcia e endurecimento. Trazia em sua mão direita um chicote, que tentava estalar. Seus olhos embora móveis estavam vidrados, como que mortos. Tal era o seu aspecto que os próprios Espíritos perturbados recuaram receosos. Aos gritos e com cólera perguntava quem o fez chegar até ali contra sua vontade.
Áulus esclareceu que se tratava de um fazendeiro, dono de escravos, desumano. Que tinha desencarnado nos últimos dias do século XVIII, mas que mantinha a mente fixada na fazenda, acreditando-se preso pelos escravos num cárcere, que o atormentam, prisioneiro de suas vítimas.
Quando encanado era dono de vastíssimo latifúndio, possuindo muitos escravos que conheciam sua tirania e perversidade. Odiava os escravos que fugiam, e quando conseguia capturá-los os algemava nos troncos, queimava-lhes os olhos, e os que sobreviviam eram entregues ao ataque de cães bravios até a morte. Tinha fama e riqueza, contudo ao desencarnar encontrou os escravos desafetos que não conseguiram lhe perdoar, e se transformaram em vingadores do passado.
O Fazendeiro era tão apegado ao dinheiro, ao ouro, à vida material que nem percebeu que havia deixado o corpo físico e acreditava-se prisioneiro dos escravos, e vivia assim entre o desespero e o remorso, castigado pelas lembranças e hipnotizado pelos escravos, que lhe desequilibraram no corpo espiritual as faculdades da visão, sentia-se cego.
Para sua comunicação, o Espírito foi situado junto da médium Dona Celina, que se desvencilhou do corpo físico, como quem se entregava a sono profundo, em seguida a médium olhou para o comunicante com simpatia e abriu-lhe os braços auxiliando-o a senhorear o corpo físico. O comunicante sentou-se com dificuldade, todavia estava intensivamente ligado ao cérebro mediúnico.
Da médium (Dona Celina) partiam fios brilhantes a envolver inteiramente o comunicante, controlando-o. O comunicante, por sua vez, tentava sem êxito se desvencilhar, projetava de si estiletes (lâminas que cortam), mas estes se derretiam na luz com que Celina-alma o rodeava. Ele tentava gritar impropérios (ofensas, insultos), mas não conseguia.
Importante: a médium (Dona Celina) no exterior era um instrumento passivo, no entanto, nas profundezas do ser mostrava as qualidades morais que impediam o comunicante de qualquer manifestação menos digna.
O comunicante começou a falar, embora o fizesse de forma rude, mas não se expressava da forma quando chegou. Ele disse seu nome José Maria e Clementino (Mentor Espiritual) e Raul Silva (Dirigente) começaram a conversar com o Comunicante e lhe esclarecer e orar por ele.
Enquanto isto, Áulus explicou para André Luiz e Hilário, que a médium Dona Celina era sonâmbula e que a psicofonia se processava sem a necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do Espírito comunicante. A médium não tinha nenhuma dificuldade para se desligar de maneira automática do campo sensório perdendo provisoriamente o contato com os centros motores da vida cerebral. E que sua posição medianímica é de extrema passividade, todavia, que isto não significa que a médium estivesse ausente ou irresponsável. Ela lhe impõe as energias mentais constringentes (repressoras) que o obrigam a manter respeitosa atitude, não obstante encontrar-se revoltado.
Áulus esclareceu que a médium poderá recordar, com esforço das palavras que o comunicante pronuncia, por seu intermédio, mas, ela não via qualquer vantagem na retenção de tais apontamentos.
Áulus esclareceu que a “psicofonia inconsciente” (pág. 74), naqueles médiuns que não possuem mérito morais suficientes à própria defesa pode levar à possessão, que se mostra nos médiuns que se rendem às forças vampirizantes.
Áulus esclareceu, também, que se o Comunicante fosse intelectualmente superior à médium, esta seria naturalmente controlada, e se o Comunicante tivesse inteligência degenerada e perversa, a fiscalização seria feita pelos mentores da casa, e que se o comunicante tivesse conhecimento e virtude, a médium iria se apassivar com satisfação, pois aproveitaria as vantagens da presença.
Áulus iria fazer mais esclarecimentos, mas Clementino solicitou-lhe o concurso para remoção de José Maria, que algo renovado começava a aceitar o serviço da prece, “chegando mesmo a atingir a felicidade de chorar” (Pág. 74). Áulus entregou o José Maria ao Espírito que o trouxe no início, para que este o internasse em organização socorrista distante.
No Cap. 9: POSSESSÃO (Págs. 75/84), André Luiz nos conta que na reunião, em busca de socorro, estava numa pequena fila de 4 pessoas, um moço (Pedro) acompanhado de sua mãe de cabelos já grisalhos. Ele se mostrava aflito, incomodado. Áulus (Orientador do André Luiz) perguntou algo ao Dirigente Espiritual, Irmão Clementino, o qual lhe respondeu que iria ser permitida a manifestação do obsessor que acompanhava Pedro, eis que isto se destinava a estudo. Desta forma “os guardas” (Pág. 75) admitiram a passagem de Espírito aloucado, que atravessou as linhas vibratórias de contenção, o qual gritava de forma colérica o nome do moço encarnado, e alcançando-o o rapaz encarnado dá um grito agudo e cai ao chão.
Clementino (Dirigente Espiritual) intuiu Raul Silva (Dirigente da Casa Espírita) a transferir o rapaz numa sala próxima, isolando-o da reunião que ali se processava, e determinou que a médium Dona Celina lhe prestasse assistência. André Luiz e Hilário foram juntos na sala próxima, e lá viram que o desencarnado agarrava-se ao pescoço de Pedro e ambos estavam como se fundidos um no outro, em luta feroz, sendo que Pedro apresentava-se tendo um ataque epiléptico e o obsessor pronunciava palavras duras que apenas o Plano Espiritual ouvia, eis que todas as funções sensoriais de Pedro estavam inibidas, bloqueadas, ele estava inconsciente.
O obsessor gritava que iria se vingar, que faria justiça com as próprias mãos, Pedro contorcia-se, tinha convulsões. Seu córtex cerebral (é a camada mais externa do cérebro, é rico em neurônios, situa-se acima da testa, na cabeça) estava envolvido por escura massa fluídica, recebendo emissões magnéticas de natureza tóxica. Pedro naquele momento encontrava-se incapaz de qualquer domínio sobre si mesmo. E o cerebelo (é a massa de matéria nervosa que forma a parte posterior do cérebro do homem, situada anteriormente e acima da medula) estava repleto de fluídos deletérios (danosos, nocivos), deixando Pedro sem controle para se governar ou se lembrar do que estava ocorrendo, isto no corpo físico; porque em Espírito ele estava arquivando a experiência pela qual estava passando.
Áulus informou compadecido que aquilo era a possessão completa ou a epilepsia essencial. Era um transe mediúnico de baixo teor, em razão da associação de duas mentes desequilibradas e presas nas teias do ódio recíproco.
A médium (Dona Celina) teve a cautela de não se apassivar, a fim de seguir por si própria a prestação do socorro, primeiro tentou estabelecer um entendimento com o obsessor, mas em vão; então, com o auxílio de Áulus, fez vibrante prece, implorando a compaixão Divina para ambos, conforme ia dizendo as frases da prece, de suas mãos saltavam jatos luminosos que envolveram os participantes em sensações de alívio. O perseguidor como se tivesse aspirado substância anestesiante se desprendeu automaticamente de Pedro, o qual repousou num sono profundo e reparador. E o obsessor semi-adormecido foi conduzido por “guardas e socorristas” (pág. 79) a um local de emergência.
Áulus esclareceu que Pedro, pela passividade que reflete o inimigo desencarnado era médium, só que antes de ser médium, Pedro é um Espírito endividado a redimir-se, e que para tanto deverá desenvolver recursos pessoais no próprio reajuste. E que no Centro Espírita recolherá forças para se refazer e como o acaso não existe nos desígnios superiores, por certo Pedro possui no Centro Espírita ligações afetivas do pretérito com o dever de auxiliá-lo. Pedro e o seu perseguidor aprenderão no Centro Espírita os valores da compreensão e do serviço, e modificarão gradativamente o campo de elaboração das forças mentais, aprenderão a se libertar do ódio recíproco. Isto demandará esforço, sacrifício, coragem e tempo. Depois disto virá um aperfeiçoamento de individualidades, a fim de que o labor mediúnico surja mais tarde e de forma cristalina.
Áulus tocou a fronte de Pedro auscultando-a (investigando-a) demoradamente e depois informou que o obsessor de hoje foi a vítima de ontem. Na segunda metade do Século XIX, Pedro era um médico de aventuras menos dignas; o obsessor era seu irmão consanguíneo, cuja esposa Pedro tentava seduzir. Para isto Pedro se insinuou de diversas formas, até que começou a prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e sociais até levá-lo à internação num hospício, onde ficou por muitos anos à espera da morte. Quando desencarnou viu Pedro com sua mulher e passou a nutrir-se de ódio, perseguindo-os. Quando os dois desencarnaram, os três se reuniram e visando a regeneração, a companheira, menos culpada, reencarnou primeiro onde mais tarde recebeu Pedro como filho, para purificar o amor de sua alma. No entanto, o irmão traído continua vampirizando Pedro, obstinado no ódio. Pedro sofre os desequilíbrios com que afligiu seu irmão. Expia.
No Cap. 10: SONAMBULISMO TORTURADO (Págs. 85/94), André Luiz nos conta sobre um casal de encarnados num enlace de provação redentora, que está na pequena fila dos enfermos que naquela noite receberiam assistência. É uma “jovem senhora concentrada em oração, seguida por distinto cavalheiro” (Pág. 85).
Esta moça é de família respeitável e com boa formação cultural, no entanto sempre sofreu desequilíbrios ocultos. Começou com insatisfação, depois melancolia, tinha crises de nervos. Era doente desde a puberdade (período de transição entre a infância e a adolescência, na maioria das jovens, ocorre entre 11 e 16 anos), e os médicos acreditaram que ela era assim por causa de distúrbio na tireoide e ela passou por delicada cirurgia, da qual seu estado se manteve inalterado.
Depois disto conheceu o cavalheiro que a acompanha e casou-se com ele achando que o matrimônio iria fazer bem à sua saúde. No entanto, sua situação piorou. Logo ela ficou grávida, o que deveria mesmo ocorrer conforme seu plano de prova, pois receberia em seus braços o obsessor, a fim de lhe auxiliar a aquisição de conhecimentos maiores, auxiliando-lhe a transformação para o bem.
Mas, a jovem sentindo-lhe a aproximação cheia de temor e repulsa provocou o aborto com rebeldia e violência. E esta frustração favoreceu a mais ampla influência do obsessor na vida do casal. A jovem passou a ter inúmeras crises histéricas (conduta escandalosa com gestos e atitudes espetaculares) e a ter aversão pelo marido. À noite tinha sufocação e angústia. Em largo processo de demência foi internada em “casa de saúde” (pág. 89), e foi tratada com insulina e eletrochoque, porém tudo em vão. E nestes dias está passando um período de repouso em família, ocasião em que o marido resolveu buscar ajuda na Casa Espírita.
O Dirigente Espiritual, Clementino, informou que iria favorecer a manifestação de infeliz Espírito que a vampirizava, e que isto tinha o objetivo de socorrê-lo, bem como para que fosse estudado o caso de “sonambulismo torturado”.
Os “guardas espirituais” (pág. 85) permitiram a entrada do espírito que a vampirizava, o qual se mostrava tal qual um louco, olhar agitado, postura inquieta, tinha a cabeça ferida e extensa úlcera na garganta, sua presença causava repugnância.
Ele se lançou na jovem senhora e ela imediatamente começou a gritar e a se contorcer (dobrar-se sobre si mesma), em choro descontrolado. Ela não se afastara espiritualmente de seu corpo, porém em razão do abraço fluídico do Espírito ela não conseguia falar, então o dirigente do Centro, Raul Silva, sob o comando do dirigente espiritual, Clementino, aplicou energias magnéticas sobre o tórax da jovem senhora, que conseguiu se expressar gritando com voz rouca: “Filha desnaturada!… Criminosa! Criminosa! Descerás comigo às trevas para que me partilhes a dor … Não quero socorro … quero estar contigo para que estejas comigo! Não te perdoarei, não te perdoarei!…” (pág. 86). E do choro descontrolado passava a gargalhadas de vingador.
Raul Silva, dirigente do Centro, sob a inspiração do dirigente espiritual, Clementino, passou a falar ao obsessor dos valores e vantagens do perdão, do entendimento, do amor e enquanto o trabalho da doutrinação se desenvolvia Áulus explicou para André Luiz e Hilário que era a própria moça (encarnada) quem falava e gesticulava, pois ela estava em profunda hipnose com seu obsessor, e neste transe ela passa a retratar-lhe os desequilíbrios, numa “simbiose (associação) de extremo desespero” (Pág.89), é caso de “sonambulismo torturado” (pág.93) e que passado o transe ela não conseguirá se recordar com precisão do que lhe está ocorrendo.
Áulus esclareceu que o obsessor foi, no pretérito, pai adotivo da moça, que era um viúvo rico, que a criou com muito carinho e que não concordou quando ela ficou noiva e quis se casar com o homem que na atual existência é o seu marido. O pai percebeu que tal homem estava interessado no dinheiro, e não amava sua filha. O pai fez de tudo para demovê-la do casamento e como não conseguiu decidiu deserdá-la, pois se ela não tivesse direito a herança certamente o rapaz a deixaria. Ao saber disso, o rapaz explorando a paixão que a moça tinha por ele, induziu a moça a matar o pai através de venenos contínuos. E assim foi feito, em duas semanas o velho pai morreu. A filha herdou a fortuna e se casou com o rapaz. Só que muito grande foi sua desilusão, porque o esposo bem depressa se mostrou jogador inveterado (muito antigo) e libertino (imoral, depravado, devasso) confesso, e ela entrou em profunda miséria moral e física.
O parricídio (homicídio praticado pela filha contra o próprio pai) permaneceu ignorado na Terra, mas o pai desde então obseda a filha. E na reencarnação presente ela atravessou a infância e puberdade sofrendo-lhe o assédio a distância, mas bastou o marido de outrora se tornar o marido atual, que o pai passou a atacar o equilíbrio da filha. Assim, a moça sofre os efeitos do parricídio cometido pelo anseio de desfrutar prazeres que lhe desajustaram a consciência e o marido que lhe inspirou o parricídio, hoje é chamado a ajudá-la na restauração necessária.
A moça é uma médium em aflitivo processo de reajustamento, e que deverá participar das reuniões de estudo no Centro Espírita, tomar passes, pois de reunião em reunião, o trio de almas vai renovar-se pouco a pouco. O perseguidor (pai) compreenderá a necessidade do perdão para melhorar-se e desatar as amarras da obsessão, a filha (moça) se fortalecerá em espírito e se equilibrará, e o marido adquirirá a paciência e a calma a fim de ser realmente feliz.
No Cap. 11: DESDOBRAMENTO EM SERVIÇO (Págs. 95/104), André Luiz nos conta detalhadamente o fenômeno de desdobramento do médium, seguido de psicofonia, tudo sob ação do Plano Espiritual. Ou seja, mostra o auxílio do Plano Espiritual para gente cumprir nossas tarefas mediúnicas.
O Dirigente Espiritual, Irmão Clementino, se aproxima do médium Antonio Castro, e inicia operação magnética de impor-lhe as mãos aplicando-lhe passes, daí o médium Antonio Castro como que adormece devagar e seus membros se tornam enrijecidos.
Do seu tórax começa a emanar um vapor esbranquiçado, que vai se acumulando como uma nuvem e logo se transforma numa duplicata do médium, em tamanho ligeiramente maior. O médium em razão da intervenção magnética do Dirigente Espiritual, Irmão Clementino, afasta-se 2 (dois) passos de seu corpo, ficando a mostra o cordão vaporoso que o prende ao corpo material.
Enquanto o corpo físico descansava imóvel, Castro surgia numa cópia estranha de si mesmo, pois além de maior tamanho, apresentava-se em 2 (duas) cores, azulada à direita e alaranjada à esquerda (pág. 96). Ele tentou se movimentar, mas se sentia pesado e inquieto. Então, o Dirigente Espiritual Clementino repetiu as operações magnéticas, daí o médium Castro recuou e justapondo-se (pondo-se junto) novamente ao corpo físico, o qual absorveu certas faixas de força, e a partir daí, fora do corpo físico manteve o seu tamanho normal. Ou seja, era ele mesmo, leve e ágil, muito embora estivesse ligado ao corpo físico pelo cordão vaporoso que agora parecia mais luminoso à medida que Castro se movimentava no plano espiritual.
Áulus esclareceu que, a princípio, o “perispírito” ou “corpo astral” do médium estava revestido de “eflúvios (fluídos) vitais”, conhecidos por “duplo etérico”, que é formado de emanações neuro-psíquicas que pertencem ao campo físico e que por isto mesmo não conseguem maior afastamento do corpo material, destinando-se a desintegração que ocorre com a morte física (pág. 97). E que, para melhor se ajustar ao plano espiritual, Castro devolveu estas energias ao corpo material, o que garantiu o calor necessário às células do corpo físico.
Áulus esclareceu, também, que se alguém ferisse o espaço em que se situa a organização perispirítica do médium, ele sentiria, de imediato, a dor do golpe e se queixaria através da língua física, pois não obstante esteja liberto do corpo de carne, ao mesmo permanecesse ligado pelo laço fluídico.
André Luiz notou que o perispírito de Castro não estava com a roupa que estava no corpo material (traje azul e cinza), mas sim, um roupão esbranquiçado que lhe descia dos ombros até o solo, ocultando-lhe os pés e dentro do qual se movia deslizante. Áulus esclareceu que tal roupão foi feito pelo médium Castro através do uso de suas forças ectoplásmicas, e que, para tanto, contou com a ajuda de Clementino (Dirigente Espiritual). Áulus ensinou que o ectoplasma é energia que transborda de nossa alma, e que varia desde a fluidez da irradiação de raios de luz até a substância pastosa.
Enquanto Clementino (Dirigente Espiritual) dava instruções ao médium Castro (fora do corpo), dois guardas (Rodrigo e Sergio) se aproximaram e colocaram nele um capacete em forma de antolhos, ou seja, cobrindo a lateral dos olhos, reduzindo a visão lateral, para que o médium (que era ainda um iniciante neste gênero de tarefa) tivesse sua capacidade de observação reduzida, para interferir o menos possível na tarefa a executar.
E de mãos dadas com ambos vigilantes os 3 (três) volitaram e conforme avançavam Castro dizia pela boca física que estava vendo uma terrível escuridão, e que sentia muito medo. Daí começou a dizer que queria voltar, então foi feita oração pelo grupo mediúnico, pedindo ao Alto forças para o irmão em serviço, o que elevou seu padrão vibratório, acalmando-o. Prosseguiram os 3 (Castro e os dois vigilantes) até que conseguiram romper a barreira das trevas e avistando a Cidade adentraram num grande parque, onde encontraram com Oliveira, que era um médium daquele Centro Espírita que havia desencarnado a alguns dias.
Oliveira não se encontrava apto a comunicação mais íntima com os irmãos do Centro, mas poderia enviar sua mensagem através de Castro, que disse a Oliveira que falasse e que ele Castro repetiria.
E assim foi feito, sendo que Oliveira disse que estava ainda se recuperando e que as orações do grupo alcançavam-no toda noite, como projeção de flores e bençãos. Disse que se via amparado em Grande Lar e que reconhecia agora que todos os sacrifícios que fez, pela causa do bem, eram bagatelas (ninharias) comparados à Bondade Divina, e que a caridade é o grande caminho, disse para todos trabalharem, servirem, rogando a benção de Jesus a todos, assim encerrando a comunicação.
Daí a instantes, Castro (perispírito) voltou com os dois vigilantes e retornou ao corpo material com naturalidade. Acordou na esfera carnal de posse de todas as suas faculdades normais, esfregando os olhos como quem desperta do sono. O desdobramento em serviço estava terminado.
No Cap. 12: CLARIVIDÊNCIA E CLARIAUDIÊNCIA (Págs. 105/114), a reunião atingia a fase final, pequeno jarro de vidro, com água pura, foi trazido à mesa. Áulus explicou que aquela água se destinava a ser fluidificada, isto é, receberia os recursos magnéticos de alto valor para o equilíbrio psicofísico (que tem relação com a matéria e o espírito) dos presentes. Áulus explicou que pela água fluidificada preciosa medicação é ministrada. Pois há lesões e deficiências no veículo espiritual a se estamparem no corpo físico que somente a intervenção magnética (pela água fluída) consegue aliviar, até que os interessados se disponham a própria cura.
Clementino se aproximou do jarro e, de pensamento em prece, aos poucos se mostrou coroado de luz e de sua destra (que estava espalmada sobre o jarro) projetavam-se partículas radiosas sobre a água, que as absorvia totalmente.
Então, o dirigente do Centro, Raul Silva, falou para os médiuns que observassem através da vidência e da audição os ensinamentos que porventura fossem, naquela noite, ministrados ao grupo pelos amigos espirituais da casa.
Clementino, terminando o preparo da água fluída, passou a aplicar passes nos médiuns na região frontal, a fim de lhes favorecer o campo sensório, isto é favorecendo-lhes a percepção das sensações (sensibilidade), pois naquele momento não convinha a clarividência (capacidade de ver com clareza) e a clariaudiência (capacidade dos médiuns de ouvir vozes, sons, palavras e ruídos, sem a utilização do sentido da audição física) demasiadamente abertas, para que não viessem a ferir aos impositivos da ordem, porque cada médium deve estar em sua faixa de serviço, fazendo o melhor ao seu alcance.
O Instrutor Áulus esclareceu que toda percepção é mental. Embora a criatura empregue os ouvidos e os olhos, ela ouve e vê com o cérebro, e apesar do cérebro usar as células do córtex para selecionar os sons e imprimir as imagens, quem vê e ouve, na realidade é a mente. Todos os sentidos pertencem à alma, que os fixa no corpo carnal. Por isto, surdos e cegos no corpo físico, quando convenientemente educados podem ver e ouvir através de recursos diferentes dos olhos e ouvidos.
André Luiz então passou a observar os 3 (três) médiuns da casa Espírita, a saber:
a) Dona Celina registrava a oração de Clementino com precisão, como uma aluna disciplinada, ela anotava os mínimos movimentos de Clementino;
b) Dona Eugênia assimilava as palavras por intuição e se mostrava como uma aprendiz, ela percebia a presença de Clementino, como se o distinguisse através dum lençol de nebulosidade;
c) Castro não percebera as palavras nem de leve, embora visse Clementino com perfeição, pois ele próprio se colocou alheio à influência do Dirigente Espiritual, não se mostrando mais interessado em satisfazer ao programa de Clementino, Castro queria provocar um reencontro com sua mãe desencarnada. Áulus explicou que basta a indiferença mental para que nada ouça e que o Dirigente Clementino exerce apenas branda influência, abdicando de qualquer pressão mais forte, suscetível de provocar viciosa imanação (magnetização). “É uma antena que se insensibilizou, de improviso, recusando sintonizar-se com a onda que a procura” (pág. 110).
Neste instante um companheiro simpático do plano espiritual que estava no círculo de espectadores se aproximou da Dona Celina, chamando-a, de forma discreta, a respeitável senhora lhe respondeu: “Encontrar-nos-emos mais tarde”
Áulus explicou que era o marido desencarnado da Dona Celina que a visitava, mas ela era disciplinada e soube renunciar ao conforto de ouvi-lo, a fim de poder colaborar com o êxito da reunião com maior segurança.
Depois disto, André Luiz viu o médium Castro se desdobrar novamente, só que desta vez sem o auxílio do Dirigente Espiritual, e ele estava revestido das emanações que lhe desfiguravam o perispírito (estava revestido de “eflúvios vitais”, conhecidos por “duplo etérico”, que é formado de emanações neuro-psíquicas que pertencem ao campo físico e que por isto mesmo não conseguem maior afastamento do corpo material). Castro acredita que já fez o que era possível em favor dos trabalhos programados pela direção Espiritual da casa e saiu ao encalço de sua mãe.
Clementino, à cabeceira do grupo mediúnico estendeu os braços e colocou-se em prece, luzes brilhantes azuis revestiam seu busto e um jorro de luz desceu do Alto coroando-lhe a fronte e de suas mãos passou a irradiar fonte de luz que alcançou a todos (encarnados e desencarnados), dando a todos indescritível sensação de bem estar.
Passados alguns minutos, e enquanto o grupo aguardava a comunicação final de algum orientador da casa, Dona Celina pediu licença e informou que viu surgir ali um riacho com águas cristalinas, onde muitos enfermos se banhavam e a Dona Eugênia disse que viu um edifício repleto de crianças entoando hinos de louvor a Deus.
Áulus explicou que as duas médiuns estavam reunidas na faixa magnética de Clementino e viram as imagens que a mente dele lhes sugeriu, ou seja, viram-lhe os pensamentos, relacionados com obra de amparo aos doentes e com a formação de uma escola de socorro ao próximo. Ou seja, elas viram as formas-pensamento criadas pelo Dirigente Espiritual.
No Cap. 13: PENSAMENTO E MEDIUNIDADE (Págs. 115/124), André Luiz nos conta sobre a mensagem final da reunião, de um Benfeitor Espiritual, que apesar de ausente, sob o ponto de vista espacial, se comunicou través dos “fluídos teledinâmicos que o ligam a mente da médium”, pág. 115 (fluídos transmitidos de longa distância).
Sobre a cabeça da médium Dona Celina surgiu brilhante feixe de luz safirina (conjunto de raios de luz de cor azul celeste), que foi aumentando, se fazendo mais abundante, a irradiar-se em todos os ângulos do recinto e todos sentiam grande júbilo (alegria extrema, grande contentamento).
E a mensagem falou sobre a renovação mental, como sendo o único meio de recuperação da harmonia, particularmente nos casos de “mediunidade torturada”, que é a ligação de almas comprometidas em aflitivas provações, em situações de reajustes (Pág. 119) .
Eis alguns trechos da comunicação:
“Imaginar é criar. (pág. 118)
(…)
Nossos pensamentos geram nossos atos e nossos atos geram pensamentos nos outros.
(…)
Mediação entre dois planos diferentes, sem elevação de nível moral, é estagnação na inutilidade.
(…)
Indubitavelmente, divinas mensagens descerão do Céu à Terra. Entretanto, para isso, é imperioso construir canalização adequada.
Jesus espera pela formação de mensageiros humanos capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu Reino.
Para atingir esse aprimoramento ideal é imprescindível que o detentor de faculdades psíquicas não se detenha no simples intercâmbio. Ser-lhe-á indispensável a consagração de suas forças às mais altas formas de vida, buscando na educação de si mesmo e no serviço desinteressado a favor do próximo o material de pavimentação de sua própria senda.(pág. 120)
(…)
Não basta ver, ouvir ou incorporar Espíritos desencarnados, para que alguém seja conduzido à respeitabilidade.
(…)
Toda tarefa, para crescer, exige trabalhadores que se dediquem ao crescimento, à elevação de si mesmos. (pág. 121)
(…)
Atentemos, pois, para a obrigação de auto-aperfeiçoamento.
(…)
Amor e sabedoria são as asas com que faremos nosso vôo definitivo, no rumo da perfeita comunhão com o Pai Celestial.
(…)
A palavra esclarece.
O exemplo arrebata.
Ajustemo-nos ao Evangelho Redentor.
Cristo é a meta de nossa renovação.
Regenerando a nossa existência pelos padrões dEle, reestruturaremos a vida íntima daqueles que nos rodeiam.” (Pág. 122)
Ao término da mensagem se apagou o jorro brilhante de luz e Raul Silva (Dirigente) em prece curta encerrou a reunião. André Luiz juntamente com Hilário e o Orientador Áulus após despedirem-se de Clementino (Dirigente Espiritual) retiraram-se.
No Cap. 14: EM SERVIÇO ESPIRITUAL (Págs. 125/134), André Luiz nos conta que quando se distanciavam da casa Espírita foram abordados pelo marido de Dona Celina (desencarnado que viram na reunião), ele cumprimentou Áulus, ambos já se conheciam. Áulus o apresentou ao André Luiz e Hilário, dizendo-lhe o nome: Abelardo Martins, e que estaria se adaptando à vida espiritual. Por suas maneiras e a voz, André Luiz notou que Abelardo não era uma entidade de escol, mas sim, uma criatura arraigada aos hábitos terrestres.
Abelardo pediu a ajuda de Áulus em favor de Libório, obsessor desencarnado que foi atendido naquela noite no Centro Espírita (foi desligado da moça chamada Sara, com a qual ligara-se em obsessão por paixão já há 5 anos). Abelardo explicou que era a Sara que o estava perseguindo.
Áulus falou que auxiliaria, mas que ele fosse atrás de Celina (médium) e voltasse com ela em desdobramento, logo que ela adormecesse. Enquanto isto eles os esperariam num jardim próximo.
No jardim enquanto aguardavam, Áulus contou que Abelardo (marido de Dona Celina), quando encarnado era um marido temperamental e colérico, de mau humor, que cedo desencarnou e a seguir tentou obsidiar a esposa visando transformar a viúva em serva. Como não conseguiu vampirizá-la, pois ela é médium vigilante, de excelsas virtudes, em consequência, ele estagiou em zonas purgatoriais, por alguns anos, no domínio das sombras, até que as orações de Dona Celina e a intercessão de muitos amigos conseguiram demovê-lo , ele se curvou a evidência dos fatos e reconheceu a impropriedade da intemperança mental em que se comprazia, reconsiderando suas atitudes.
E depois de convenientemente preparado pela assistência do grupo de espíritos pertencentes à Casa Espírita, da qual Dona Celina frequenta ele foi admitido numa organização socorrista, na qual passou a servir como vigilante de irmãos desequilibrados.
Áulus contou também, que Abelardo passou a contar com o auxílio de Dona Celina (embora não seja regra, foi-lhe permitido semanalmente se aproximar do antigo lar), onde a acompanha no culto íntimo da oração e nas tarefas mediúnicas. E nas noites em que se sentem favorecidos pelas circunstâncias, consagram-se ambos ao trabalho de auxílio aos doentes. Não foram apenas marido e mulher. São infinitamente amigos e Abelardo agora procura aproveitar o
tempo, a benefício do seu reajuste, sonhando receber a esposa com novos títulos de elevação, quando Celina for novamente trazida à pátria espiritual.
Abelardo e Celina se aproximaram reconfortados, felizes e Áulus falou para que seguissem em rumo à organização socorrista, na qual Abelardo era servidor.
André Luiz narra que adentraram em nebulosa região e que os astros desapareceram de suas vistas, sentindo que o piche (substância negra, grudenta de textura resinosa) gaseificado era o elemento preponderante naquele ambiente, onde proliferavam soluços e súplicas. Através da pequena lâmpada que Abelardo trazia consigo passaram a enxergar o trilho estreito a ser percorrido.
Depois de alguns minutos chegaram numa construção mal iluminada, que abrigava vários enfermos, sob a assistência de enfermeiros atenciosos. Áulus explicou que se tratava de um hospital de emergência na zona purgatorial, um local para desesperados, que conforme a reação que apresentassem seriam: ou conduzidos a estabelecimentos de recuperação, ou regressariam às linhas de aflição de onde haviam sido trazidos. E Abelardo disse que ali era o seu templo de trabalho.
O diretor da Instituição era o Irmão Justino, o qual os cumprimentou e pediu escusas por não poder acompanhá-los, pois a casa estava repleta de psicopatas desencarnados, o que lhe ocupava naquele momento e deu-lhes permissão para agir com plena liberdade.
Foram até o leito onde estava Libório, que estava com olhar inquieto, sem qualquer interesse pela presença deles ali, exibia semblante de louco. Um dos guardas veio até eles e disse que Libório se mostrava com crescente angústia. Áulus auscultou-o (ouviu-o, escutou-o) e informou que o pensamento da moça encarnada, Sara, que foi buscar auxílio no Centro, estava presente nele, atormentando-o. Que eles estão sintonizados na mesma onda, sendo um caso de obsessão recíproca entre encarnado e desencarnado.
Áulus explica que existem encarnados que, aliviados dos vexames que recebem
por parte de entidades inferiores, depressa lhes reclamam a presença, religando-se a elas automaticamente, embora o exista o sadio propósito dos trabalhadores espirituais de libertá-los.
Áulus explicou que apenas a renovação mental através da criação de novos pensamentos, poderá libertá-los do regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros.
Eles temem a separação, pelos HÁBITOS CRISTALIZADOS EM QUE SE ASSOCIAM, SEGUNDO OS PRINCÍPIOS DA AFINIDADE.
Libório parecia ainda mais angustiado e pálido. Áulus explicou que isto indicava a presença de Sara nas proximidades, e neste momento apareceu a Sara, desligada do corpo físico pela atuação do sono, reclamando de modo feroz para que Libório não a abandonasse, para que ele regressasse com ela para a casa.
A própria irmã que frequentou o Centro Espírita pedindo ajuda para se libertar da obsessão estava ali chamando com revolta o retorno de seu obsessor (Libório).
Áulus explicou que apesar da Sara pedir ajuda no Centro, em seu íntimo, ela alimenta-se com os fluídos enfermiços do obsessor e apega-se a ele, instintivamente. Assim, quando do mesmo é desligada sente-se vazia e padecente, cultivando a posição de vítima, na qual se compraz.
Libório, por sua vez, passou a demonstrar satisfação com a presença de Sara, a qual ao ver a Dona Celina começou a gritar colérica, pois queria saber quem era ela. Dona Celina com simplicidade pediu para Sara se acalmar porque Libório estava enfermo. Mas Sara, enceguecida de ciúme, gritou para Libório palavras amargas, que não seria licito reproduzir e abandonou o recinto, em desabalada carreira. Libório ficou contrariado, contudo, Áulus, aplicou-lhe passes, restituindo-lhe a calma.
Áulus explicou que o ciúmes de Sara dará algum tempo de tréguas, período no qual irão poder auxiliar Libório nas reflexões necessárias. Abelardo ficou satisfeito, acariciava o doente, antevendo-lhe as melhoras.
André Luiz, Hilário e Áulus afastaram-se, despediram-se e Áulus prometeu reencontrar ambos para a continuidade das observações, na noite seguinte.
No Cap. 15: FORÇAS VICIADAS (Págs. 135/144) é demonstrado que existem as influências do bem e do mal por todos os lados, e por todos os lados existem a presença de faculdades mediúnicas, que assimilam as influências segundo a direção em que cada mente se localiza: feliz ou infeliz, correta ou indigna.
Na demonstração de assimilação de influenciação do mal:
André Luiz nos conta que, na noite seguinte ele e Hilário encontraram-se com Áulus, e quando se dirigiam a outro Centro Espírita, em conformidade ao plano de trabalho traçado, tiveram suas atenções voltadas a uma gritaria, olharam e viram que dois guardas arrastavam, de um “restaurante barato” (Pág. 135), um homem totalmente embriagado, que proferia palavras rudes, protestando. Eles viram, também, que sobre o homem embriagado se encontrava uma entidade da sombra, que o abraçava como se um polvo o absorvesse, e a bebedeira alcançava os dois, que se achavam um junto ao outro exibindo as mesmas perturbações. Este homem foi levado embora pela polícia.
E como dispunham ainda de algum tempo Áulus resolver entrar com André Luiz e Hilário no restaurante, com finalidade de transmitir ensinamento em face às situações lá dentro existentes.
Dentro do restaurante que estava lotado de pessoas bebendo e fumando, as emanações do ambiente produziam indefinível mal-estar em André Luiz, Hilário e Áulus.
André Lauiz narra o vampirismo sobre alcoólatras e fumantes: junto dos fumantes estavam espíritos de triste aparência, absorvendo as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões, nisso encontrando alegria e alimento. Da mesma forma, junto com os bebedores estavam espíritos em condições lamentáveis aspirando o hálito dos bebedores. Áulus esclareceu que esses espíritos são tão apegados às sensações da experiência física, que se ligam aos encarnados compartilhando as mesmas sensações, e os encarnados se deixam influenciar. Áulus disse: “O que a vida começou, a morte continua.”
Áulus esclareceu também que estes espíritos sofrerão os processos de reajuste chamados: aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere, a prisão regeneradora consistente de reencarnações dolorosas com lutas expiatórias para as almas necrosadas no vício, tais como: mongolismo (Síndrome de Down), hidrocefalia, paralisia, cegueira, epilepsia secundária, idiotismo, aleijão de nascença… são recursos angustiosos, mas necessários, eis que funcionam em benefício da mente desequilibrada, são processos de cura, pelas provações obrigatórias que oferecem.
Nisso, Áulus olhou em volta e convidou André Luiz e Hilário a atravessarem certa porta, como se já conhecesse o lugar, atravessaram e avistaram uma mesa abundantemente servida com fino conhaque, um rapaz, que sob o domínio de uma entidade de aspecto repelente, que o enlaçava, bebia e fumava com volúpia (com grande prazer) escrevendo sem parar. Das mãos do Espírito escorria uma substância escura e pastosa que ensopava o cérebro do moço. Via-se no dois a absoluta união na autoria das palavras escritas, o jovem escrevia as idéias que captava de Espírito infeliz e eles não registraram a presença de Áulus, André Luiz e Hilário.
Áulus explicou que o rapaz é um jornalista malicioso, desejando escrever matéria jornalística escabrosa (indecente), sensacionalista, e que encontrou na entidade inferior quem lhe fortaleça a mente e o ajude no seu intento. Pois o Espírito cruel é um ferrenho obsessor de uma moça, que se encontra sob investigação por um crime de homicídio. Assim, o Espírito está interessado em exagerar a participação da moça na ocorrência, a fim de que sejam noticiados fatos que ela não cometeu, para que a moça ao ver-se nos noticiários se desequilibre, a fim de deprimir a vida moral dela e, com isso, amolecer-lhe o caráter, trazendo-a ao charco (água parada, rasa, suja e lodacenta) em que ele habita.
Áulus explicou que a jovem encarnada e o Espírito que a perseguem estão unidos um ao outro desde muito tempo… Estiveram juntos nas regiões inferiores da vida espiritual antes da presente reencarnação da qual ela desfruta. E o Espírito reencontrando-a na vida física tenta incliná-la, de novo, à desordem emotiva, com o objetivo de explorá-la em atuação vampirizante.
Mas, Áulus esclareceu, também, que a jovem teria escolhido o gênero de provações que atravessa, até porque a “Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução” (Pág. 141). Mas, que se ela não se decidir em lutar contra a influência destrutiva ela irá se demorar por muito tempo nas perturbações que já se encontrava ligada em princípio.
Áulus informou que o rapaz não possui qualquer conhecimento da doutrina espírita, mas é hábil médium psicógrafo, que assimila as ideias do Espírito obsessor, sem perceber.
Áulus ensinou que:”Onde há pensamento, há correntes mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação recíproca.” E por isto que devemos levar uma vida correta, a fim de atrairmos pensamentos que nos enobreçam. Trabalho digno, bondade, compreensão fraterna, serviço aos semelhantes, respeito à Natureza e oração constituem os meios mais puros de assimilar os princípios superiores da vida.
Decidiram ir embora e já na via pública viram passar por eles uma ambulância com a sirene ligada para abrir caminho e nela um médico acompanhado de um Espírito que lhe abraçava com naturalidade e doçura, e lhe envolvia a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz, sendo esta uma demonstração de assimilação de influenciação do bem. Visto que tal médico é um profissional humanitário e generoso que por seus hábitos de ajudar ao próximo se fez credor do auxílio que recebe. Não lhe bastariam os títulos de espírita e de médico para reter a influência benéfica de que se faz acompanhar.
E como o horário não permitia maior conversação, Áulus, André Luiz e Hilário rumaram ao outro Centro Espírita.
No Cap. 16: MANDATO MEDIÚNICO (Págs. 145/160) Áulus, André Luiz e Hilário chegaram noutro Centro Espírita, frequentado por muitos encarnados e desencarnados. Mas, os Espíritos da vigilância impediam o acesso de Espíritos impenitentes (que não se penitenciam, que não mostram arrependimento e que persistem no erro) ou escarnecedores (zombeteiros, sem respeito)
Variados grupos de encarnados entravam na Casa Espírita, mas na entrada experimentavam a separação de Espíritos blasfemadores (aqueles quem insultam o que é considerado digno de respeito) e renitentes (obstinados) no mal. Mas isto era a exceção, porque a maioria dos Espíritos eram agoniados e enfermos necessitando de socorro fraterno.
Áulus, André Luiz e Hilário entraram e viram grande mesa ao centro de vasta sala, e esta mesa se encontrava rodeada de largo cordão luminoso, de isolamento. E em volta se acomodavam os encarnados e desencarnados que careciam de assistência, esta área também se encontrava protegida por faixas de defesa magnética, sob o cuidado de guardas espirituais.
À frente, na parte oposta à entrada estavam vários Benfeitores Espirituais que conferenciavam entre si, e junto deles, estava a Irmã Ambrosina, a qual ouvia diversos pacientes.
Era neste Centro que se dedicava a Irmã Ambrosina, médium há mais de 20 (vinte) anos, que agindo por amor ao ideal cristão renunciou às alegrias do mundo, atravessou a mocidade trabalhando sem a consolação de um casamento, no entanto, tinha a paz que lhe vibrava do ser.
Em sua cabeça tinha um pequeno funil de luz, que Áulus explicou se tratar de um aparelho magnético ultra-sensível possibilitando à médium um constante contato com o seu Instrutor (Protetor). Pois pelo tempo de atividade na Causa do Bem e pelos sacrifícios a que se consagrou Ambrosina recebeu do Plano Superior um mandato (incumbência) de serviço mediúnico, merecendo, por isto, a mais íntima associação com seu Instrutor (Gabriel), que lhe preside as tarefas. Ela inspira fé e esperança a quantos que dela se aproximam. Ela se vê assoberbada por solicitações as mais variadas, eis que simboliza uma ponte entre o mundo material e espiritual. Ela sabe ajudar aos outros, para que os outros se ajudem.
O mandato mediúnico constitui condição do médium compromissado com o dever, mas sobretudo com o Evangelho de Jesus.
A Irmã Ambrosina percebeu o pensamento de duas pessoas que lá estavam na reunião pública, que exteriorizavam cenas lamentáveis de um crime em que haviam participado. Ambrosina em pensamento conversava com os Benfeitores Espirituais da Casa Espírita sobre o que deveria fazer, pois estava vendo as cenas de agonia do homem que foi morto pelos dois encarnados que estavam no Centro e que eram foragidos da justiça terrena. Ela não queria perder a harmonia vibratória que lhe era peculiar.
Então, um dos Benfeitores Espirituais da Casa Espírita se aproximou de Ambrosina e disse-lhe para não ter receio, para se acalmar, para não se afligir e que era para se acostumar a ver os irmãos infelizes como criaturas dignas de piedade, pois o remédio não foi criado para o são. E era para ela receber tais encarnados homicidas como enfermos que reclamam carinho. Então, a médium Ambrosina se aquietou e passou a conversar com os frequentadores da casa, consolando-os e explicando-lhes que quando seu orientador (Gabriel) chegasse ela exporia para ele o assunto e que o mesmo traria a colaboração necessária.
Não demorou muito e Gabriel (o mais categorizado Mentor da casa) chegou acompanhado por grupo de amigos, que se acomodaram à frente da mesa estabelecendo larga faixa de luz inacessível às sombras que senhoreavam a maioria dos encarnados e desencarnados da grande reunião.
Ambrosina sentou-se ao lado do diretor da sessão, que organizou a mesa dos trabalhos com 14 (quatorze) médiuns em que transpareciam a simplicidade e a fé.
Gabriel se postava ao lado de Ambrosina e passou a lhe aplicar passes de longo circuito, para prepará-la com segurança para as atividades da noite. O Diretor da reunião pronunciou sentida prece e na sequência foi lido um trecho edificante de um livro doutrinário, cuja escolha houve a influência de Gabriel sobre o orientador da Casa, no qual a PACIÊNCIA era o tema central.
Os componentes da mesa, com base no tema estudado (PACIÊNCIA) passaram a fazer comentários levando estímulo e conforto aos que estavam ali, sem identificar as fichas individuais.
André Luiz disse que percebeu a presença de Espíritos perseguidores (obsessores) que procuravam hipnotizar suas vítimas precipitando-as no sono provocado, para que não ouvissem as mensagens transformadoras ali veiculadas pelo verbo construtivo.
Apesar dos médiuns que trabalhavam no Centro em prol dos serviços que ali se realizavam, a Irmã Ambrosina era o centro da confiança de todos e junto dela foram colocadas numerosas tiras de papel, contendo pedidos, anseios, súplicas. Cada folha era um petitório agoniado, um apelo comovedor.
Agora, entre Irmã Ambrosina e Gabriel (Mentor) se destacava extensa faixa elástica de luz azul e os amigos espirituais dedicados na solidariedade cristã nela entravam e, um a um, tomavam o braço da médium, depois de lhe influenciarem os centros corticais (relativos à área motora) atendendo aos pedidos tanto quanto possível, por meio das mensagens psicografadas pela médium.
Só que, antes de começarem a responder as questões formuladas, um grande espelho fluídico foi situado junto da médium, por trabalhadores espirituais do Centro (é um televisor, manobrado com recursos da esfera espiritual), e, na face dele, com espantosa rapidez, cada pessoa ausente, nomeada nas petições da noite, surgia ante o exame dos benfeitores que, à distância, contemplavam-lhe a imagem, recolhiam-lhe os pensamentos e especificavam-lhe as necessidades, oferecendo a solução possível aos pedidos feitos, ou seja, recolhiam informações rápidas para respostas às consultas. E inspiravam a Irmã Ambrosina que psicografava, sem descanso, sob o comando dos instrutores que se revezavam no serviço.
Hilário perguntou ao Áulus o que significava a extensa faixa elástica de luz azul
que ligava a Irmã Ambrosina e o Gabriel (Mentor).
Áulus explicou que, como a Irma Ambrosina tinha suas faculdades medianímicas muito desenvolvidas, ela não poderia ficar a mercê de todas as solicitações da esfera espiritual, sob pena de perder o equilíbrio, e por ela se dedicar no serviço do bem, com boa vontade, por se dedicar ao estudo e ter compreensão de suas responsabilidades, ela recebia este apoio do seu mentor, que passava a governar suas forças. Ou seja, Gabriel é o controlador das energias da Ambrosina, a qual só estabelece contato com o plano espiritual de conformidade com a supervisão dele. Porque um mandato (incumbência) mediúnico necessita de ordem, segurança e eficiência. “Não se pedirá cooperação sistemática do médium, sem oferecer-lhe as necessárias garantias” (Pág. 154).
E porque dois médiuns de cura passaram a socorrer os doentes em sala próxima, enquanto Dona Ambrosina e os oradores cumpriam seus edificantes deveres, Áulus, André Luiz e Hilário procuraram o serviço de passes magnéticos, em busca de novos conhecimentos.
No Cap. 17: SERVIÇOS DE PASSES (Págs. 161/170), ainda no mesmo Centro Espírita, da médium Dona Ambrosina, Áulus, André Luiz e Hilário foram em outra sala, na qual se iniciaria, dentre em pouco, a aplicação de passes por dois médiuns, Henrique (um cavalheiro maduro – Pág. 161) e Clara (senhora respeitável – Pág. 161), orientados pelos Espíritos que dirigiam este trabalho de cura, que tinha no Espírito Conrado o Orientador Espiritual responsável pela “Câmara (aposento no interior de uma casa) de Passes”
Naquele momento os médiuns Henrique e Clara estavam em oração na sala de passes com a porta fechada, estavam se preparando para o atendimento. Eles estavam haurindo forças revigorantes e registrando, através da intuição, as instruções que os Espíritos trabalhadores lhes passavam. Pela oração os dois médiuns expulsavam do mundo interior as sombras resultantes de suas atividades diárias e absorviam do plano espiritual as substâncias renovadoras, a fim de conseguirem operar com eficiência em favor do próximo. Desse modo, ajudam e acabam sendo ajudados, são beneficiários que recebem para dar.
O Orientador Espiritual Conrado falou para Áulus, André Luiz e Hilário que duas noites por semana (Pág. 162) faziam atendimento de cura pelos passes. E que atendiam tanto os encarnados, quanto os desencarnados. E que, como num hospital da Terra, ali existiam colaboradores fichados, organizados, com experiência, servindo com responsabilidade e segurança.
Conrado explicou, também, que os médiuns sempre eram os mesmos, exceção feita aos casos de justo impedimento, quando então eram substituídos, o que resultava em pequenos prejuízos decorrentes de natural desajuste.
Terminada a oração preparatória, o médium Henrique abriu a porta e o atendimento de passes se iniciou aos enfermos de variadas condições, os quais entravam esperançosos e se retiravam, após o passe, com evidentes sinais de reconforto.
André Luiz observa que os médiuns não precisavam tocar o corpo dos pacientes, pois os recursos magnéticos penetravam a aura do doente provocando súbita (repentina) modificação.
André Luiz conta que os dois médiuns pareciam duas pilhas humanas que irradiavam pelas suas mãos “luminosas chispas”, raios de luz de vários tipos e cores (pág. 164), depois de lhes percorrerem a cabeça, ao contato do irmão Conrado e de seus colaboradores.
Hilário perguntou para Áulus por que a energia transmitida pelos Espíritos circulava primeiramente na cabeça dos médiuns, e Áulus explicou que era porque o pensamento influi de maneira decisiva na doação de princípios curadores, e como o passe ali aplicado era o Passe Misto, o qual conta com a participação fluídica tanto dos Espíritos quanto dos médiuns, era preciso fortalecer a mente dos médiuns, para que conseguissem a ligação com os Espíritos que ali participavam dos trabalhos.
André Luiz comentou que existem pessoas dotadas de grande potencial magnético, ou seja, com energia excepcional, que desprovidos de moral conseguem curar. Então, Áulus explicou que isto ocorre quando o enfermo é credor de assistência espiritual imediata. E que os homens que abusam de seu potencial magnético guiados pela ambição e vaidade acabam vampirizados por hipnotizadores espirituais, dando causa a aflitivos processos de obsessão.
Áulus ensinou que para curar é necessário o coração nobre, a mente pura, no exercício do amor, da humildade e da fé viva, somente assim os médiuns poderão receber e transmitir os raios curadores em benefício dos doentes. E para manter o coração nobre, a mente pura, no exercício do amor, da humildade e da fé viva, há a necessidade de estudo pelo médium. Mas, também que a prece feita com sinceridade, com respeitabilidade moral atrai a simpatia de veneráveis Espíritos que passam a auxiliar no trabalho de cura.
André Luiz notou que os doentes, que entravam de dois em dois na sala, vinham acompanhados de seus obsessores, os quais eram desligados e que alguns se colocavam nas vizinhanças como que à espera das vítimas, com a maioria das quais se reacomodavam, de pronto.
André Luiz notou também que alguns enfermos não alcançavam a mais leve melhoria, pois as irradiações magnéticas não lhes penetravam o veículo orgânico. E Áulus ensinou que isto ocorria porque lhes faltava o “estado de confiança” (Pág. 167). Estavam refratários, sem fé e que por causa do menosprezo e da dureza de coração não conseguiam fixar os recursos que lhes eram transmitidos pelo passe.
Visando o estudo, André Luiz conta sobre uma senhora que estava aguardando para passar pelo atendimento do passe, ela se sustentava dificilmente em pé, tinha o ventre volumoso e o semblante dolorido. Seu fígado estava dilatado, sua vesícula (órgão que se localiza junto ao fígado e tem a função de armazenar a bile, que é uma substância líquida amarela-esverdeada, produzida pelo fígado e que possui ação detergente sobre as gorduras) estava congestionada e a bile comprimida atingira os vasos sanguíneos, André Luiz examinou seus olhos e constatou a icterícia (que é a coloração amarelada da pele decorrente de aumento da bile no sangue).
O Orientador Espiritual Conrado disse que realmente era uma icterícia complicada que nasceu de terrível acesso de cólera ocorrido na casa dela. Referida senhora se rendeu à irritação, adquirindo persistente hepatite (inflamação do fígado), da qual a icterícia é a consequência.
Aludida senhora passou pelo passe e demonstrou grande expressão de alívio, retirando-se satisfeita e prometendo que voltaria ao tratamento. Hilário perguntou se ela foi curada. Ao que Áulus disse que não, pois ela possui órgãos e vasos comprometidos e que por isto o tempo não poderia ser desprezado na solução. Pois através do passe ela receberá transfusão de energia que alterará seu campo celular, devendo ela, também, renovar seu pensamento, pois a mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem no templo do corpo edificando reconstruções.
Hilário perguntou se é possível aplicar passe à distância, sim, desde que haja sintonia entre aquele que o aplica e aquele que o recebe, pois contarão com o auxílio de espíritos que promoverão o trabalho, e a prece silenciosa será o veículo da força curadora.
Depois de todos estes estudos e análises, Áulus, André Luiz e Hilário voltaram ao salão central.
No Cap. 18: APONTAMENTOS À MARGEM (Págs. 171/178), ainda no mesmo Centro Espírita, voltaram ao salão central e a médium Dona Ambrosina continuava psicografando mensagens endereçadas aos presentes, e um dos Oradores, sob a influência de um Mentor, falava sobre a necessidade de aceitação da Vontade de Deus, para que a vida mental se refizesse. Áulus, André Luiz e Hilário notaram que alguns encarnados permaneciam impermeáveis e sonolentos, pois estavam vampirizados pelos seus obsessores que os acompanhavam de perto (Pág. 171), entretanto, muitos desencarnados de mediana compreensão ouviam solícitos e aplicados ao ensino consolador.
Gabriel, o mentor do Centro Espírita, a tudo percebia, pois nenhuma ocorrência, por mínima que fosse, lhe escapava à percepção. Ele presidia a reunião com firmeza, com pulso forte e seguro, a fim de sustentar a harmonia e a ordem (Pág. 171). A um leve sinal seu entidades zombeteiras, desrespeitosas eram exortadas (persuadidas) à renovação de atitude. A um gesto silencioso de Gabriel socorriam-se doentes.
André Luiz nos conta, também, que nem sempre a solicitação de um encarnado (para ter notícias de ente amado que desencarnou), pode ser atendida e isto a benefício de ambos, exemplificando esta afirmativa ele narra que entre os encarnados, que lá estavam na espera de mensagens de seus entes queridos desencarnados, tinha uma senhora que, em pensamento, chamava com amargura seu filho, pedindo para que o mesmo viesse e se comunicasse através da médium Ambrosina.
Falava ao filho que era impossível que ele não tivesse piedade dela. Nisto surgiu o rapaz desencarnado, que se apresentou em lastimável estado e se lançou em direção de sua mãe, dominado por imensa atração. Também com amargura, o rapaz, que se colocou no colo da mãe, gritava atormentado para ela não o abandonar, dizia que não morreu e pedia perdão por ter buscado a morte, num suicídio. E que o sofrimento de agora era tão grande que ele desejava matar-se para sempre. A mãe não lhe viu, porém registrou-lhe a presença através de intraduzível ansiedade que lhe constringia o peito. Nisto, dois vigilantes arrancaram o rapaz do colo materno, e neste momento a senhora mentalmente dizia se não era melhor se matar para seguir o filho e “descansar” (Pág 174). Áulus se aproximou rapidamente e lhe aplicou recursos magnéticos e ela experimentou grande alívio.
Áulus falou para André Luiz e Hilário que o filho daquela senhora havia se suicidado há meses e ainda experimentava grande sofrimento íntimo e a mãe por sua devoção afetiva reclamava uma mensagem do filho sem saber o que pedia, pois a chocante situação do rapaz resultaria pavoroso martírio para mãe. Por isto, que não houve comunicação psicografada dele para ela, no entanto, ao contato do trabalho espiritual que é feito no Centro ela vai receber energias novas para refazer-se gradualmente, adquirindo forças para se recuperar.
Os trabalhos daquele Centro Espírita estavam chegando ao fim, Gabriel o mentor da casa controlou o cérebro da médium Ambrosina, tomou-lhe o braço, e a mensagem foi psicografada, tratando-se sobre a caridade de Jesus, o Espiritismo e a mediunidade, da qual transcrevemos este parágrafo para reflexão:
” ―Não atribuamos, assim, ao médium obrigações que nos competem, em caráter exclusivo, e nem aguardemos da mediunidade funções milagreiras, porquanto só a nós cabe o serviço árduo da própria ascensão, na pauta das responsabilidades que o conhecimento superior nos impõe.”
No Cap. 19: DOMINAÇÃO TELEPÁTICA (Págs. 179/188), Áulus, André Luiz e Hilário estavam se despedindo dos trabalhadores do Centro Espírita, quando uma senhora desencarnada cumprimentou Áulus com respeitosa afetividade, era a irmã Teonília, que Áulus apresentou para André Luiz e Hilário, como sendo uma trabalhadora no serviço de assistência espiritual.
A irmã Teonília disse para Áulus que o que ela queria era a interferência dele em prol de uma devotada trabalhadora do Centro Espírita, a Sra. Anésia que estava vivendo dura prova.
Eis que, além de ter as preocupações naturais de mãe de 3 (três) filhas e de dar assistência à mãe doente, em vésperas de desencarnação, a Anésia sofria grande luta íntima, pois seu marido Jovino estava sob fascinação de outra mulher. Jovino esquecera-se das obrigações de chefe de família, passara a ser desinteressado da esposa e das filhas, e dia e noite seus pensamentos eram dominados pela nova mulher que o enlaçara na armadilha de mentirosos encantos. Onde Jovino estivesse, seja em casa, no trabalho, ou na rua era sempre sua amante que estava dominando sua mente. Tornara-se um obsidiado, obsessão de encarnado para encarnado.
Áulus esclareceu à Irmã Teonília que ele conhecia a Anésia, e que a estimava como a uma irmã, só que antes dele tomar qualquer medida ele precisaria analisar o caso. Pois uma obsessão seja entre encarnados ou desencarnados é sempre uma “enfermidade mental” (Pág. 180), necessitando tratamento de longo curso.
Ele explicou que seria primeiro necessário analisar o passado para concluir sobre as raízes da ligação entre Jovino e sua amante. Áulus explicou que poderia ainda Jovino estar descendo às impressões do passado; ou que poderia ser uma provação que ele mesmo traçou á própria consciência, com finalidade redentora, da qual ele não estaria agora conseguindo resistir. Por tais razões, primeiro era necessária a análise. Assim, marcaram de se encontrar na noite seguinte, na casa de Jovino e Anésia.
Na noite seguinte Áulus, André Luiz e Hilário chegaram na casa de Jovino e Anésia e Teonília já os aguardava. A família estava jantando, Anésia servia atenciosamente ao marido (Jovino) e as 3 filhas (Marcina, Marta e Marcia – Pág. 182), das quais a mais nova tinha 14 ou 15 anos. A palestra à mesa era afetuosa, mas Jovino demonstrava estar contrafeito (irritado, incomodado). Findo o jantar Anésia pediu a filha mais nova (a Marcia) que ficasse com a Avó, esperando por ela, para que a Avó doente não ficasse sozinha. As outras duas filhas foram para sala ao lado e enquanto Anésia lavava a louça do jantar Jovino lia jornal. Logo o marido levantou-se para sair. Anésia percebeu e indagou-lhe com delicadeza se poderia esperá-lo para as preces que seriam feitas mais tarde.
Jovino com desprezo, exibindo estranho sorriso, disse que não tinha tempo para as orações da mulher e que o compromisso de trabalho era inadiável. Neste momento a imagem de sua amante lhe surgiu à frente dos olhos, como se tivesse sido projetada sobre ele a distância, aparecendo e desaparecendo com intervalos. Jovino passou a fitar a esposa com indiferença irônica.
Teonília enlaçou Anésia, a qual suplicou a Jovino atenção ao lar, às filhas. Jovino respondeu que provia bem a casa. Anésia ia revidar, mas preferiu calar-se e Jovino saiu.
Anésia humilhada caiu em pranto e começou a remoer a situação, dizendo para si mesma que o marido estava com outra mulher, neste momento surgiu novamente a mesma figura da mulher que surgira à frente de Jovino, aparecendo e desaparecendo ao redor da esposa triste, como a lhe maltratar o coração, com invisíveis estiletes de angústia.
Anésia começou a sentir terrível mal-estar, com grande tribulação (tormento, angústia) mental, onde ficava pensando que conhecia tal mulher e que se pudesse a esmagaria como uma cobra com seus pés, mas que, hoje, por ter uma fé religiosa não poderia cometer tal violência. E quanto mais Anésia pensava na mulher, mais e mais a imagem dela se aproximava de Anésia como a corporificar-se no ambiente gerando mais mal-estar. No plano espiritual a mulher surgia corporificada e ambas, assumindo posição de inimigas, passaram a contenda (luta, briga, duelo) mental. Anésia passou a sentir desagradáveis sensações orgânicas, o sangue lhe afluía com abundância à cabeça gerando-lhe tensão mental e quanto com mais revolta e amargura Anésia pensava, maior era o seu desequilíbrio.
Teonília informou Áulus que isto estava ocorrendo diariamente há muitas semanas e que ela temia pela saúde de Anésia. Então, Áulus aplicou recursos magnéticos de alívio em Anésia, até a cessação do desequilíbrio.
Áulus esclareceu que Jovino permanece sob DOMINAÇÃO TELEPÁTICA a que se rendeu facilmente, e porque marido e mulher “respiram em regime de influência mútua” (Pág. 185) a dominação telepática que atinge Jovino está envolvendo também Anésia, que não tem sabido se imunizar com “os benefícios do perdão incondicional” (pág. 186).
Áulus explicou que tal DOMINAÇÃO TELEPÁTICA é fenômeno que pertence à sintonia. A melhor maneira de extinguir o fogo é recusar-lhe combustível. A fraternidade operante será sempre o remédio eficaz, ante as perturbações dessa
natureza. Por isso mesmo, o Cristo aconselhava-nos o amor aos adversários, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam, como atitudes indispensáveis à garantia de nossa paz e de nossa vitória.
Nesse instante, Anésia consultara o relógio e reerguera-se. Vinte horas, era o momento preciso de suas preces junto da mãe doente e Áulus, André Luiz, Hilário e a irmã Teonília acompanharam Anésia a fim de igualmente orarem.
No Cap. 20: MEDIUNIDADE E ORAÇÃO (Págs. 189/198), Áulus, André Luiz, Hilário e a irmã Teonília acompanharam Anésia até o quarto onde estava sua mãe (Sra. Elisa), que aparentava cerca de 70 (setenta) anos e que mostrava grande dificuldade de respirar. A neta Márcia estava ao lado da Avó agitando um leque improvisado proporcionando-lhe ar fresco. Ao lado da enferma, porém, se encontra uma entidade de aspecto desagradável, com grande perturbação e sofrimento, estava ligado à enferma agravando-lhe os tormentos físicos. O desencarnado demonstrava em seu olhar alienação mental (perturbação mental) e não via a presença de Áulus, André Luiz, Hilário e a irmã Teonília
Áulus explicou que a Sra. Elisa (mãe de Anésia) estava em avançado processo liberatório, ou seja, estava vivendo as últimas horas no corpo carnal. E o desencarnado que lhe guardava a cabeceira era seu filho, que há muitos anos havia desencarnado. Ele vivia embriagado e foi assassinado numa noite de extravagância, no entanto, sua mãe se recorda dele como um heroi e por evocá-lo incessantemente retém o filho junto de si. A própria Sra. Elisa parecia aloucada, distante, alheia.
Anésia começou a chorar e sua filha mais nova Márcia convidou a mãe a fazer a oração. Dona Anésia queria que as outras duas filhas também participassem, mas as mesmas não o fizeram porque tinham que sair para ir festa de aniversário de uma colega de trabalho. Então, a Sra. Anésia sentou-se próximo à enferma, e acompanhada pela atenção da filha Márcia, fez sentida oração.
A medida que orava grande modificação lhe ocorreu no mundo interior. A tristeza desapareceu ante os raios de branda luz a se lhe exteriorizarem do coração. Foi como se houvesse acendido uma lâmpada e vários desencarnados sofredores penetraram no quarto, em busca do esclarecimento, consolo, amparo e benefício gerados pela prece. Nenhum deles registrava a presença de Áulus, André Luiz, Hilário e da irmã Teonília.
A Sra. Anésia abriu livro de meditações evangélicas, julgando que o abria ao acaso, mas o tema foi escolhido pela irmã Teonília, qual seja, a necessidade do trabalho e do perdão.
A Sra. Anésia começou a falar sobre o tema, e sem que a mesma percebesse, ela transmitia o pensamento de Teonília, que com isso buscava socorrer o coração atormentado da Anésia. A filhinha Márcia disse para mãe que tinha impressão de que se encontravam à frente de enorme multidão. E a Sra. Anésia lhe respondeu que certamente haveriam ali muitos desencarnados lhes acompanhando o culto de oração. E a Sra. Anésia continuou fazendo os comentários sobre o texto evangélico.
Ao fim, a filha Márcia foi dormir. A Sra. Anésia, a sós com sua mãe, estirou-se ao lado dela, nisto Áulus disse a Irmã Teonília que aquele era o momento certo e começaram ambos a lhe aplicar passes sobre a cabeça e em breves instantes a Sra. Anésia deixava o corpo denso na prostração do sono, vindo ao encontro de Áulus em desdobramento.
A Sra. Anésia reconheceu a Irmã Teonília e Áulus por benfeitores, mas mostrava-se atordoada e aflita, pois queria ver Jovino. Áulus concordou em satisfazer sua vontade e amparada pelos braços da Irmã Teonília tomou a direção onde Jovino se encontrava.
Era um clube noturno, Jovino e a mulher que se fizera conhecida nos fenômenos telepáticos lá estavam, em grande intimidade afetiva, integrando um grupo alegre, com anedotário menos edificante, e cercados de vicioso círculo de vampiros que não registraram a presença de Áulus e dos demais.
Ao ver Jovino e seu comportamento com a mulher, Anésia deu doloroso grito e caiu em pranto, saindo do salão. Já na rua Áulus abraçou-a paternal falando para que ela se reequilibrasse, se reanimasse, recuperasse a esperança. Anésia disse que não poderia sentir esperança, uma vez que tinha sido traída pelo esposo.
Áulus passou a orientá-la com profundos ensinamentos (Págs. 195/196):
– Ele lhe disse que, uma vez que o lar é uma escola onde almas se reaproximam para o serviço de sua própria regeneração, com vistas ao aprimoramento, como ignorar que no educandário existam professores e alunos? Os melhores devem ajudar os menos bons.
– Que é agora que o esposo precisa mais de seu entendimento e carinho, e que era para ela ver no companheiro um filho espiritual necessitado de compreensão e sacrifício para soerguer-se (reerguer-se, levantar-se), a fim de que se transfira da sombra para a luz.
– Que o amor é uma luz que brilha mais alto, inspirando a coragem da renúncia e do perdão incondicional em favor daqueles quem amamos.
– Que a mulher que domina o Jovino deve ser vista pela Anésia com compadecimento, pois triste lhe será o despertamento. Pois, por mais aflitiva que fosse a lembrança dessa mulher era para Anésia tê-la em suas preces como irmã necessitada da assistência fraterna. E que era para Anésia se abster de julgar, já que quem será que ela foi no pretérito, alguém que Anésia ajudou ou feriu? E quem ela será no provir, sua mãe ou sua filha?
– Que: “a vingança é a alma da magia negra. Mal por mal significa o eclipse absoluto da razão” (pág. 195)
– Que não era para condenar, pois o ódio é como o incêndio que tudo consome, mas o amor sabe como apagar o fogo e reconstruir. Segundo a Lei, o bem neutraliza o mal, que se transforma, por fim, em servidor do próprio bem. E, ainda que tudo pareça conspirar contra a felicidade, é para amar e ajudar sempre, porque o tempo se incumbirá de expulsar as trevas que nos visitam, à medida que se nos aumenta o mérito moral (pág. 196).
– Na defesa de sua segurança: use a humildade e o perdão, o trabalho e a prece, a bondade e o silêncio.
Anésia entendeu os ensinamentos e fez profunda oração de louvor, retornando a casa, despertando no corpo carnal de alma renovada, quase feliz. Tentou recordar ponto a ponto a conversa com Áulus, mas lembrou-se de algumas partes, porém, sentia-se reconfortada, sem revolta e sem amarguras, com uma visão mais clara da vida. Lembrou-se de Jovino e da mulher que o hipnotizava compadecidamente, como pessoas a lhe exigirem tolerância e piedade, ou seja, a compreensão de irmã superara o desequilíbrio de esposa
E Áulus refletiu sobre precioso ensinamento sobre a oração: que a Anésia buscando a oração não conseguiu modificar os fatos em si, mas conseguiu modificar a si mesma, recolhendo expressivo coeficiente de energias para aceitar as provações que lhe cabem, a fim de vencer com paciência e valor, pois uma pessoa transformada, naturalmente transforma as situações (pág. 198).
Por fim, a Irmã Teonília pediu a Áulus que examinasse a Sra. Elisa (mãe de Anésia), Áulus a examinou e concluiu que a desencarnação dela estava próxima e prometeu que voltariam na noite seguinte em tarefa de assistência à Sra. Elisa.
No Cap. 21: MEDIUNIDADE NO LEITO DE MORTE (Págs. 199/208), Áulus, André Luiz, Hilário e a irmã Teonília voltaram ao lar de Anésia, com o objetivo de socorrer a Sra. Elisa (mãe doente de Anésia). Seu quadro tinha piorado, ela estava agitada, com muito medo, aflita e se dizia perseguida por um homem que queria matá-la a tiros, dizia em voz alta, com muito esforço, que via serpentes e aranhas ao pé do leito.
O médico da família lá estava e alertava a Anésia de que sua mãe poderia falecer de um momento para outro. Após a saída do médico Anésia pôs-se em oração, na certeza de que não lhe faltaria o amparo do Plano Superior. Enquanto isto Teonília lhe transmitia serenidade, esperança e paz. A Sra. Elisa (mãe doente de Anésia) começou a falar que sentia que seu filho Olímpio estava lá e que tinha descido do céu para buscá-la.
E enquanto Anésia orava, Áulus explicou para Hilário e André Luiz que o Olímpio (filho da Sra. Elisa que desencarnou assassinado) estava ligado a sua mãe como planta parasitária que asfixia um arbusto raquítico (fraco, magro, pequeno).
É que a mãe supõe que seu filho seja um “gênio guardião” (Pág. 201), quando na realidade, ele que era alcoólatra morreu assassinado por um conhecido tão embriagado quanto ele mesmo, numa noite de insânia (loucura). E, mesmo depois de desencarnar, ele continuou com o vício da embriaguez, desgastado pelo delirium tremens (delírio alcoólico) prosseguindo em companhia daqueles que lhe facultassem experimentar as sensações da bebida. Só que, de tanto sua mãe o evocar, ele foi parar ali totalmente entrelaçado a sua mãe, a qual sofre a influência do filho, que ela mesma por sua vontade e pensamento trouxe para junto de si, se submetendo ao domínio do filho, cujo pavor e desequilíbrio se espalham na mãe.
Em consequência dessa simbiose mental, a Sra. Elisa passa a ter visões que são do filho desencarnado (o perseguidor, as serpentes e as aranhas).
André Luiz perguntou a Áulus se tal situação poderia ser comparada à “incorporação mediúnica” (Pág. 202), Áulus disse que sim, pois ela assimila-lhe as correntes mentais retratando-lhe a aflição interior. Ela reflete as lembranças que ele tem do passado e os terríveis delírios que ele tem decorrentes do alcoolismo crônico.
Áulus salienta que a Sra. Elisa, ao ficar evocando a presença do filho assassinado, pediu o que não conhecia e recolheu o que não desejava.
Áulus conversou rapidamente com Teonília e a colaboração de Áulus foi aceita, o qual desligou o filho (Olímpio) da Sra. Elisa usando para isso “avançados potenciais magnéticos” (Pág. 203).
Tão logo o rapaz (Olímpio) foi desligado, a Sra. Elisa que antes se encontrava agitada, caiu em absoluta prostração (abatimento), Áulus explicou que o filho alimentava a excitação mental do sistema nervoso da Sra. Elisa, e que agora, desligada dele, a Sra. Elisa estava limitada às suas próprias energias. A mesma se calou completamente, e embora visse e ouvisse, não conseguia mais articular uma frase, nem se mexer. Queria falar para filha que estava chegando sua hora, mas a língua não mais a obedecia.
E, como se um relâmpago lhe rasgasse a mente, a Sra. Elisa reviu toda a sua existência, desde a infância até aquele momento, tudo, como se fosse um minucioso exame de consciência.
Incapaz de falar com a filha (Anésia) desejou ardentemente despedir-se da velha irmã, que residia à longa distância.
E assim projetou o seu perispírito, o qual se manteve ligado ao corpo carnal por um “laço de prateada substância” (Pág. 204), afastando-se ligeira, volitando ao rumo da cidade em que a irmã morava. Áulus, André Luiz e Hilário seguiram-na de perto. Dezenas de quilômetros foram vencidos instantaneamente e eles chegaram à casa da irmã de Elisa, a qual dormia tranquilamente.
Elisa chamou-lhe o nome (“Matilde! Matilde!”), sem êxito, como sabia que dispunha de rápidos instantes, Elisa “vibrou algumas pancadas no leito da irmã” (pág. 205). A irmã acordou de imediato, entrando em sua esfera de influência. Elisa passou a falar-lhe rapidamente. Sua irmã (Matilde) não escutava as palavras pelos canais auditivos, mas sim pelo cérebro, através das ondas mentais, em forma de pensamentos, falando para consigo: “Elisa morreu” (Pág. 205).
Áulus explicou que a visita da Elisa à sua irmã era um tipo habitual de comunicação nas ocorrências da morte. Que somente se realiza por aqueles que concentram a própria força mental nesse desejo de despedida.
Após, Dona Elisa voltou de imediato para sua casa, e embora quisesse reaver o veículo físico não mais conseguiu, ela flutuou sobre o leito ligada ao corpo pelo laço de substância prateada, nisto outros amigos espirituais especializados no serviço da libertação última entraram no quarto para o ato final da liberação, ou seja, do desate do cordão prateado. Áulus, André Luiz e Hilário retiraram-se.
No Cap. 22: EMERSÃO NO PASSADO (Págs. 209/216), Áulus, André Luiz, Hilário foram na segunda reunião semanal do grupo presidido pelo Dirigente Raul Silva. Os médiuns eram os mesmos e na fila dos obsidiados que iriam receber assistência estavam duas senhoras com seus respectivos maridos e um senhor com fisionomia cansada, já no plano espiritual estavam várias “entidades transviadas (desviadas, afastadas, perdidas) na sombra e no sofrimento” (Pág. 209).
Uma das senhoras enfermas cai em choro convulsivo e começa a perguntar se poderiam socorrê-la. Perguntava por que tinha sido apunhalada, já que era uma mulher indefesa. Raul Silva se aproximou dela e começou a falar-lhe que o perdão é o remédio que recompõe a alma doente e que de nada adiantaria que o desespero lhe dominasse as energias e que guardar ofensas seria conservar a sombra.
“Esqueçamos o mal para que a luz do bem nos felicite o caminho” (Pág. 210). Mas, ela disse que nunca esqueceria, e que ele pedia para ela esquecer, porque ele não sabia o que era uma lâmina enterrada na carne. E que por mais que ela tentasse esquecer, mais ela carregava as sombras de suas recordações dos sonhos mortos, tudo por culpa de um homem que lhe arruinou o destino. Enquanto isto, um homem desencarnado a olhava com indescritível desânimo.
Nisto Hilário e André Luiz estavam estranhando aquilo, pois, a senhora não estava dando comunicação de um espírito sofredor, não havia uma desencarnada, para qual parecia fazer-se intérprete.
Áulus explicou que a senhora estava dando comunicação de si mesma, que estavam diante do passado dela, que ante a aproximação do antigo desafeto, que ainda a perseguia do plano espiritual, ela revive a experiência dolorosa que lhe ocorreu, no século passado, e em seguida sofre incontrolável melancolia.
Áulus esclareceu que ela recomeçou a luta na presente reencarnação possuída de novas esperanças, contudo assim que o antigo inimigo espiritual lhe visitou, o qual se une a ela por fortes laços de amor e ódio, sua vida mental foi perturbada e ela é uma doente necessitada de reeducação.
Áulus esclareceu que ela fixou suas forças emotivas no sofrimento, no rancor, no ódio decorrentes da crueldade praticada por seu obsessor, gerando uma cristalização mental tão forte, que superou o choque biológico do renascimento no corpo físico, prosseguindo quase que intacta. “Ela renasceu pela carne, sem renovar-se em espírito” (Pág. 214).
De forma que, quando o mesmo se aproximou dela, ela passou a comportar-se como se estivesse ainda no passado. Para a família, para os médicos psiquiatras é como se ela tivesse uma personalidade diferente, uma candidata ao eletrochoque. Mas, na realidade ela é uma enferma espiritual, uma consciência torturada, necessitando de amparo para promover sua renovação íntima a fim de se reajustar.
Então, André Luiz disse que mediunicamente falando trata-se de animismo, pois a senhora pensa que exterioriza uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma.
Hilário perguntou se poderia ser classificado como mistificação inconsciente ou subconsciente. Ao que Áulus disse que não seria justo nomear o fenômeno como mistificação inconsciente ou subconsciente, porque a manifestação decorre dos próprios sentimentos daquela senhora alcançados no passado e exteriorizados no meio em que se encontra. E ela faz isto quase na posição de perfeita sonâmbula, porque se concentra totalmente nas recordações pretéritas, “com inteira despreocupação das responsabilidades que a reencarnação atual lhe confere. Achamo-nos, por esse motivo, perante uma doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere” (Pág. 213).
Hilário perguntou a Áulus se ela poderia ser considerada médium, apesar de sua comunicação ser animismo. Áulus respondeu que sim, mas o que o que ela necessitava primeiro de tudo era desligar-se do passado, pelo esquecimento do mal, pelo perdão aos inimigos para a reconquista da paz. Isto é, ela precisava se reajustar, retomando o equilíbrio de si mesma, a fim de poder, mas tarde, capacitar-se para o desempenho de tarefas mediúnicas.
Nessa altura Raul Silva, dirigente da Casa Espírita, convidou a senhora para uma prece, recomendou-lhe que repetisse as frases sublimes da oração dominical, ela o acompanhou e ao final estava mais tranquila, Raul Silva sob a influência de seu protetor rogou a ela que perdoasse os inimigos e, em lágrimas, a “enferma desligou-se das impressões que a imobilizavam no pretérito, tornando à posição normal” (Pág. 215)
No Cap. 23: FASCINAÇÃO (Págs. 217/224), continuando na mesma reunião da Casa Espírita presidida pelo dirigente Raul Silva, André Luiz nos conta de uma senhora que foi buscar auxílio na Casa Espírita, era um caso de fascinação, ela permanecia controlada por terrível hipnotizador desencarnado, que pretendia aniquilar-lhe (destruir, exterminar) a existência.
Ele estava assistido por vários companheiros com desejo de vingança. O hipnotizador a enlaçava e a senhora uivava como se fosse uma loba ferida, gritava e se debatia no piso da sala, deslizando pelo chão adquirindo aspecto animalesco, “não obstante sob a guarda generosa de sentinelas da casa” (Pág. 217). O obsessor queria humilhá-la utilizando-se da sugestão.
Áulus esclareceu que se não fosse o auxílio fraternal que ela veio buscar na Casa Espírita, ela, em transes como este, seria vítima da “licantropia deformante” (Pág. 218), ou seja, seu obsessor atuando sobre a mulher encarnada, a faz assumir atitudes idênticas à de uma loba, pois por meio desta fascinação, o obsessor produz uma ilusão sobre o pensamento dela, fazendo a mesma acreditar que é uma loba, colocando-a em situação constrangedora.
Áulus explicou que muitas pessoas que se encontram nos manicômios, com doenças mentais, imitando posições e atitudes de animais diversos, estão, na realidade, em sintonia e sob intensa ação hipnótica de desencarnados maléficos.
Áulus lembrou que “toda obsessão tem alicerces na reciprocidade” (Pág. 218) e que “não há dor sem razão” (Pág. 218).
Áulus aplicou passes de desobstrução à garganta da senhora e, em breves instantes o verdugo começou a falar através dela num dialeto já morto, usado na época em que ambos se acumpliciaram em crime.
Isto é um caso de MEDIUNIDADE POLIGLOTA ou de XENOGLOSSIA, a médium e o comunicante estão tão sintonizados, tão afinados entre si, que a passividade da médium é absoluta, e o obsessor que permanece com seu cérebro fixado naquele tempo, de forma que se exprimindo pela médium, usa modos e dialeto que lhes foram usuais.
No entanto, se a médium não tivesse partilhado da experiência na carne, naquela época e com tal dialeto ela NÃO PODERIA dar a comunicação em tal dialeto. Áulus explica que “em todos os casos de xenoglossia, é preciso lembrar que as forças do passado são trazidas ao presente” (Pág. 221).
Ou seja, se a médium não tivesse vivido naquela época, tendo falado tal dialeto, o Comunicante não se exprimiria por ela naquele dialeto. O mesmo se dá, por exemplo, quando um médium analfabeto se põe a escrever mensagem psicografada, isso não quer dizer que o mensageiro espiritual haja removido milagrosamente as pedras da ignorância. Mostra simplesmente que o médium psicógrafo traz consigo, de outras encarnações, a arte da escrita já conquistada e retida no arquivo da memória, cujos centros o companheiro desencarnado consegue manobrar.
A causa do conflito remontava fato ocorrido há mais de um milênio. No século X, o obsessor era um legionário (soldado) de Hugo, poderoso duque da Provença (Itália) e para satisfazer a obsidiada de hoje, se fez cruel estrangulador. Na época para satisfazer a obsidiada, ele participou de um saque e teve a infelicidade de aniquilar os próprios pais, no entanto, ela não lhe correspondeu ao devotamento.
Foi feita uma separação do obsessor da médium, embora continuassem unidos pela fusão magnética (união de seus magnetismos) mesmo à distância, e ele foi encaminhado a certa organização de socorro.
Entretanto, ela gritava dizendo que via a sua frente um terrível estrangulador prestes a sufocá-la. Áulus explicou que isto era um fenômeno alucinatório, muito comum em casos de fascinação, pois o obsessor e obsediada possuem estreita ligação telepática e ficam agindo e reagindo um sobre o outro. E que, no caso em tela, o remédio definitivo para eles era que tal senhora e o obsessor, em breve, serão mãe e filho, “louvado seja Deus pela glória do lar” (Pág. 223).
No Cap. 24: LUTA EXPIATÓRIA (Págs. 225/232), continuando na mesma reunião da Casa Espírita presidida pelo dirigente Raul Silva, André Luiz nos conta de um homem que foi buscar auxílio, seu nome era Américo, ele tinha aparência fatigada, aparentava ser um velho, quando na realidade tinha apenas cerca de 30 anos. Ele começou a apresentar tremores rápidos e involuntários, e se não estivesse sentado na poltrona teria caído ao chão, tremia e gemia de forma angustiosa e rouca, como se alguém lhe apertasse a garganta. Perto dele estavam 2 (dois) espíritos de presença desagradável, “sem contudo interferir magneticamente” (Pág. 225).
Áulus explicou que Américo, antes de reencarnar, vagueou por muitos anos em aflitiva região das trevas em imensa sintonia com hipnotizadores crueis em razão da delinquência a que se dedicara no mundo, sofreu intensamente e voltou à Terra trazendo deficiências no organismo perispiritual. Américo vivencia existência de luta expiatória.
Quando tinha 7 (sete) anos, sentiu-se tomado pela desarmonia trazida do mundo espiritual, e desde então vai de médico em médico, sem êxito, se submetendo a diversos tratamentos, inclusive eletrochoques, tudo sem resultado. Acredita-se derrotado, incapaz de qualquer serviço nobre, prefere a solidão em que se alimenta dos pensamentos enfermiços que lhe são arremessados pelos antigos companheiros de viciação. Basta tais espíritos, com os quais muito conviveu nas trevas, antes do regresso à carne, se aproximarem dele, que ele (Américo) se entrega a perturbações histéricas, tem paralisias dos membros, tiques, tremores, perturbação mental, etc.
Américo recebeu de Áulus e Clementino (Dirigente Espiritual do Centro Espírita) recursos magnéticos de auxílio e seu corpo físico asserenou-se, contudo Américo permanecia apático e melancólico, como se estivesse anestesiado, inerte.
Áulus explicou que Américo é um enfermo de natureza mental, é o desequilíbrio da alma a se retratar no corpo. Ele vive em lastimáveis condições doentias do sistema nervoso, numa crise de longo curso, com perturbações da inteligência e com tremores e contrações repentinas, que o inutilizam para o trabalho digno.
Áulus esclareceu que se Américo se dedicar com disciplina ao estudo, à meditação e à prece, ele conseguirá se renovar mentalmente apressando a sua cura.
Américo foi o último a ser atendido e as preces encerraram a reunião da casa Espírita, então Áulus se ofereceu a acompanhar Américo em retorno ao seu lar, no que foi aprovado por Clementino (Dirigente Espiritual do Centro).
Ao chegarem ao lar de Américo, Áulus explicou a André Luiz e Hilário que Américo reencarnou em família que atravessa expiação em conjunto, “expiação do grupo doméstico” (Pág. 230), seu pai, Júlio, em existência passada foi dirigente de um pequeno bando de malfeitores, ele conseguiu convencer 4 (quatro) amigos e todos foram morar num sítio de onde perseguiam viajantes desprevenidos, dedicando-se ao furto e à vadiagem e com isto comprometeu-lhes a vida moral.
Por ter desviado os 4 (quatro) do caminho reto, hoje é Júlio pai destes 4 (quatro) filhos de trato muito difícil e busca recuperá-los para a estrada justa, os filhos são: Américo: que sofre de histeria; Márcio: que vive embriagado; Guilherme e Benício: que se consomem em extravagâncias noturnas.
Júlio (o pai) foi acometido havia muito anos, de paralisia das pernas, vivendo atrelado a uma cama, de onde ainda se esforçava pela subsistência dos seus, em trabalhos leves. Desde que ficou paralítico começou a refletir na vida e buscou conhecimento Espírita, aprendendo sobre a reencarnação, encontrou consolo e esperança, e está sendo resignado e firme. É amparado por sua devotada esposa, e também, por sua abnegada e devotada filha, Laura, que noutra existência foi sua irmã (Cap. 24, Págs. 225/232).
No Cap. 25: EM TORNO DA FIXAÇÃO MENTAL (Págs. 233/240), depois que saíram da casa de Américo, Hilário e André Luiz passaram a conversar com Áulus a respeito da fixação mental, que é a cristalização do Espírito em torno de certas situações e sentimentos. Hilário lembrando estrangulador da Toscana que há mais de um milênio se via cristalizado nas ideias de vingança perguntou para Áulus como “pode a mente deter-se em determinadas impressões, demorando-se nelas, como se o tempo para ela não caminhasse?” (Pág. 233).
Áulus explicou que depois da morte do corpo físico o ser continua desenvolvendo os mesmos pensamentos que cultivava na carne e a ideia fixa pode operar a indefinida estagnação da vida mental no tempo. “É que o tempo, para nós, é sempre aquilo que dele fizermos” (Pág. 234).
Áulus esclarece que “as horas são invariáveis no relógio, mas não são sempre as mesmas em nossa mente” (Pág. 235). Quando felizes o tempo passa voando, no entanto, quando em sofrimento o tempo parece que fica parado, não passa. E se não nos esforçarmos para superar, a ideia aflitiva ou obcecante (perturbadora) nos corrói a vida mental, levando-nos à fixação e o tempo como que se cristaliza dentro de nós, porque passamos a gravitar em torno do ponto crucial de nosso desajuste.
E, quando a morte nos surpreende nesta situação, se o Espírito não se esforçar, com mais facilidade irá se atrapalhar nos problemas da fixação atravessando anos e anos e por vezes séculos na repetição das lembranças desagradáveis, das quais se nutre. Isola-se do mundo externo, vibrando tão-somente ao redor do desequilíbrio oculto em que se compraz. Nada mais ouve, nada mais vê e nada mais sente, além do próprio desequilíbrio, são as chamadas múmias espirituais.
André Luiz perguntou qual era o remédio mais adequado a esta situação, e Áulus esclareceu que:
– muitos por fim se entediam do mal e procuram, por si mesmos, a regeneração;
– outros, quando ajudados pelas tarefas de assistência, buscam a regeneração;
– outros inflexíveis e inconformados são constrangidos a reencarnação compulsória, para se desvencilharem da prostração. “A experiência no corpo de carne, em posição difícil, é semelhante a um choque de longa duração, em que a alma é convidada a restabelecer-se” (Pág. 237).
E em virtude de tais fixações é que renascem sofrendo de amnésia, de psicoses (ideias obsessivas), esquizofrenias, retardos mentais, paranoias, pois “quase todas as perturbações congeniais (inatas, que vem desde o nascimento) da mente, na criatura reencarnada, dizem respeito a fixações que lhe antecederam a volta ao mundo” (Pág. 238). Mas, estes sofrimentos constituem para eles a medicação viável, pois através da experiência na carne, pouco a pouco vão conseguindo a “extroversão” (expansão, interação), indispensável à cura das psicoses de que são portadores.
No Cap. 26: PSICOMETRIA (Págs. 241/250), Áulus visando dar ensinamentos sobre psicometria levou André Luiz e Hilário a um museu. Áulus explicou que, sob o ponto de vista mediúnico, a psicometria é “a faculdade de ler impressões e recordações ao contacto de objetos comuns” (pág. 241). No museu, muitas entidades desencarnadas iam e vinham em mistura com os encarnados que lá estavam e Áulus explicou que: “muitos companheiros de mente fixa no pretérito frequentam casas como esta pelo simples prazer de rememorar…” (Pág. 242).
No museu, a exceção de um ou outro objeto, a maioria dos objetos apresentava-se revestido de fluídos opacos (escuro; sem claridade), que formavam uma massa acinzentada, na qual surgiam pontos luminosos. Áulus explicou que essa moldura fluídica é fruto das multiplicadas lembranças ou visitações daqueles que os possuíram (encarnados ou desencarnados).
Áulus falou para André Luiz tocar um relógio de parede que se apresentava emoldurado de fluídos, tocando-o André Luiz viu com os “olhos mentais” (Pág. 241) uma linda reunião familiar, com um casal conversando com 4 (quatro) filhos jovens, numa casa da nobreza austríaca, enfeitada com grandes vasos de flores e valiosos quadros, lá estando o relógio na parede.
Áulus explicou que o relógio, que pertenceu à respeitável família do século passado, conservava as formas-pensamentos do casal que de quando em quando visitava o museu para a alegria de recordar. É um objeto animado pelas lembranças de seus antigos possuidores, ou seja, o relógio estava envolvido pelas correntes mentais do casal que ainda se apegava a ele. E auscultando (examinando) o relógio, percebiam as recordações dos amigos que o estimavam.
Áulus esclareceu que se quiséssemos conhecer e encontrar esse casal o relógio serviria como um mediador (elo, intermediário), pois a memória deles se concentra no relógio.
Áulus explicou que, o pensamento espalha nossas próprias emanações, isto é, deixamos vestígios espirituais, onde arremessamos os raios de nossa mente, de forma que não dispomos de recursos para alcançar o pensamento daqueles que se fizerem superiores a nós. Porque, o pensamento deles vibra em outra frequência. Eles podem nos acompanhar e nos auxiliar, porque é da Lei que o superior venha ao inferior quando queira, contudo, por nossa vez, não nos é facultado segui-los.
André Luiz perguntou a Áulus se fizessem um exame minucioso, poderiam conhecer a história da matéria que serviu à formação do relógio? Áulus respondeu que sim, no entanto, que isto demandaria mais trabalho e tempo. Portanto, cada objeto, através das vibrações que guarda consigo, pode ser um mediador para entrarmos em relação com as pessoas que se interessam por ele e é um registro de fatos da Natureza.
Havia no museu um quadro do século XVIII que não apresentava moldura fluídica, então Áulus esclareceu que se o examinassem detidamente poderiam conhecer os ingredientes da matéria que o constitui, no entanto, tal quadro não funciona como mediador de relações espirituais, porque se acha plenamente esquecido pelo autor e por aqueles que o possuíram.
Havia no museu um lindo espelho, junto do qual estava uma jovem desencarnada, com expressão de grande tristeza, que estava sendo admirado dois homens e três mulheres encarnadas. Uma das mulheres elogiou a beleza da moldura, nisto a jovem desencarnada como uma sentinela irritada tocou-lhe os ombros e a mulher sentiu calafrio, dizendo aos amigos para saírem dali, retirando-se. Áulus disse que essa mulher encarnada é dotada de sensibilidade mediúnica, e se tivesse educado sua mediunidade teria entrado em relação com a jovem desencarnada assimilando-lhe a onda mental, conhecendo-lhe o drama íntimo, através das imagens que lhe seriam mostradas pelos olhos mentais.
A jovem desencarnada sem perceber a presença de Áulus, André Luiz e Hilário, ficou contente com a retirada do grupo de encarnados e ficou contemplando o espelho sob estranha atração.
Áulus tocou o espelho e descobriu a razão de ser do fascínio da moça pelo espelho: o espelho foi dado de presente a jovem, pelo seu noivo, que era filho de franceses asilados no Brasil, no Rio de Janeiro. Quando estavam noivos, com planos de casamento e depois da mais íntima ligação afetiva, a família do rapaz animada com os sucessos de Napoleão na Europa decidiu voltar à França. Embora entristecido o moço não desacatou a ordem paterna e despediu-se da noiva, falando para ela que guardasse o espelho como lembrança, até que ele pudesse voltar para se casarem e serem felizes para sempre. Só que o rapaz na França distraiu-se com os encantos de outra mulher, depressa se esquecendo de seu compromisso e nunca mais voltou. No entanto, a jovem fixou-se na promessa ouvida e continua a esperá-lo, guardando no espelho a lembrança da promessa, por isso vigia-o.
Hilário perguntou a Áulus que se alguém adquirisse o espelho, a jovem desencarnada iria junto? Áulus afirmou que sim. E mais, uma vez que a vida nunca se engana, é provável que o próprio moço (o noivo) que empenhou a palavra, provocando a fixação mental, ou a mulher que o afastou do compromisso assumido, um dia reencarnados irão até ali tomando-a por filha no resgate do débito contraído. Isto porque, o reencontro do trio é inevitável ante a harmonia da lei, já que “todos os problemas criados por nós não serão resolvidos senão por nós mesmos” (Pág. 248).
Na saída do museu, numa sala dos funcionários, viram duas cadeiras vagas que são utilizadas pelos funcionários, Hilário perguntou a Áulus que se eles poderiam, através de tais cadeiras, entrar em relação com os funcionários que delas se utilizam? Áulus respondeu que sim, caso desejassem este tipo de experiência. E que os encarnados dotados de sensibilidade (mediunidade de psicometria) em contato com objetos pertencentes a outros podem sentir os reflexos daqueles que os usaram.
No Cap. 27: MEDIUNIDADE TRANSVIADA (Págs. 251/258), Áulus levou André Luiz e Hilário numa reunião de mediunismo (quando a mediunidade é expressada de forma empírica, sem técnica racional), que ocorria numa sala estreita, com fluídos desagradáveis e densos, onde se misturavam aos encarnados, desencarnados de lamentáveis condições, visto que pareciam inferiores aos homens e mulheres que lá estavam. Os médiuns exploravam Espíritos desencarnados, de condição inferior, para solução de problemas materiais. A psicofonia ali era geral.
Uma senhora encarnada, pela psicofonia de um médium, conversava com o Espírito Raimundo pedindo a ele um dinheiro que estava num Instituto, que o Espírito desse uma volta pelo gabinete do diretor e desencravasse o processo dela. Um senhor encarnado conversava com outro Comunicante, o Espírito Teotônio, e lhe cobrava uma decisão favorável referente a um emprego que lhe fora prometido, pedia ao Espírito que fizesse o gerente da firma simpatizar com ele. Uma outra senhora encarnada foi conversar com o Comunicante, Espírito Raimundo, pediu a ele que afastasse da filha dela um homem que a filha tinha aceito a proposta de casamento, mas que os pais não gostavam do rapaz.
Demonstrando superioridade moral e atento a tudo ao que lá ocorria estava o Guardião Espiritual Cássio, o qual conversando com Áulus disse que de todas as formas influenciava Quintino, o dirigente encarnado do grupo, mobilizando livros, impressos, conversações de procedência respeitável, mas tudo em vão.
Áulus explicou a André Luiz e Hilário que ali os encarnados e desencarnados respiravam em regime de vampirização recíproca, em mediunidade transviada (desviada, perdida), eis que aqueles médiuns eram ociosos e acostumados à exploração inferior, preferindo a convivência com os desencarnados ainda presos ao campo sensorial da vida física e distantes das realidades Eternas, porque é mais fácil ao homem comum trabalhar com subalternos ou iguais, porque servir ao lado de superiores exige boa vontade, disciplina, correção de proceder e firme desejo de melhorar-se.
Áulus ensinou que se Quintino e os médiuns não se reajustarem no bem, quando desencarnarem eles serão surpreendidos pelos Espíritos que escravizaram a lhes reclamarem “orientação e socorro” (Pág. 256) e muito provavelmente, mais tarde, estarão reunidos pelos laços da consanguinidade em lar terrestre, na condição de pais e filhos acertando as contas e recompondo atitudes.
Áulus concluiu dizendo: “cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde” (Pág. 257).
No Cap. 28: EFEITOS FÍSICOS (Págs. 259/274), para encerrar a semana de estudos mediúnicos, Áulus levou André e Hilário num apartamento para uma reunião de sessão de materialização. Num quarto estava o médium, “um homem ainda moço” (Pág. 259) e na sala de estar estavam 14 (quatorze) pessoas, “aparentemente bem intencionadas” (Pág. 259), dentre elas estavam 2 (duas) senhoras doentes que eram o motivo essencial da reunião, pois pretendiam ser atendidas pelos Espíritos, cuja reunião visava a materialização.
André Luiz observava que, no Plano Espiritual, era feito todo um trabalho de higienização destruindo as bactérias, existiam também “aparelhos delicados para a emissão de raios curativos”, pois alguns dos encarnados não levando a sério suas responsabilidades traziam consigo emanações tóxicas, oriundas do abuso da nicotina, carne, bebidas, além das formas-pensamentos inadequadas à tarefa que o grupo iria realizar.
Analisando o quarto onde estava o médium, André Luiz disse que existiam dezenas de entidades que, muito disciplinadas, dedicavam-se nas atitudes preparatórias da sessão. O médium já tinha recebido o amparo no seu corpo físico, de forma que a digestão, a circulação e o socorro às vísceras (são os órgãos internos do corpo que contêm espaços, por exemplo: estômago, intestinos e bexiga) já tinham sido efetuados.
A reunião iniciou-se, a luz foi apagada, foi feita uma oração, depois o grupo começou a cantar “hinos evangélicos” (Pág. 261), para equilibrar as vibrações do ambiente.
Enquanto isto, no quarto onde estava o médium os Espíritos colaboradores extraíam “forças de pessoas e coisas da sala, inclusive da Natureza em derredor” (Pág. 261) as quais se uniam aos elementos espirituais. Obedecendo a ação magnética dos Espíritos responsáveis pela sessão, o médium desdobrou-se afastando-se do corpo físico, o qual sob o domínio dos técnicos espirituais, começou a expelir o ectoplasma, como se fosse uma “geleia viscosa” (Pág. 261), através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais da boca, narinas e ouvidos, bem como, do tórax e das extremidades dos dedos. Acumulando-se, de forma abundante, na parte inferior do corpo do médium, esta massa viva e tremulante, de aspecto leitoso-prateado, passou a ser manipulada pelos técnicos do plano espiritual.
O ECTOPLASMA é substância que se situa entre o perispírito e o corpo físico, capaz de produzir o fenômeno da materialização, pois em certas pessoas comparece em maiores proporções para a manifestação necessária aos efeitos físicos. É amorfo (que não possui forma determinada), e possui um “cheiro especialíssimo” (Pág. 262) que André Luiz disse ter, mas que não conseguia descrever.
Áulus explicou que aquela massa manipulada pelos técnicos do plano espiritual, necessária à materialização, se compunha de 3 (três) elementos essenciais, a saber:
1- Fluídos A= representando as forças superiores e sutis do plano espiritual;
2-Fluídos B = os recursos do médium e dos demais encarnados que lá estão;
3- Fluídos C =energias tomadas da natureza terrestre.
Que os Fluídos A podem ser os mais puros e os Fluídos C podem ser os mais dóceis; no entanto, os Fluídos B, decorrentes do médium e dos companheiros encarnados, são capazes de estragar os mais nobres projetos. Nisto, Garcez, um dos técnicos espirituais chamou Áulus para que auxiliasse magneticamente, pois o campo fluídico da sala estava muito espesso (grosso, consistente, denso, fechado), e os jatos de força ectoplasmática que estavam sendo arremessados até lá, em caráter experimental, voltavam ao quarto carregados de toxinas (venenos) diversas.
E isto ocorria porque as 14 (quatorze) pessoas que estavam na sala ao invés de ajudarem o médium com pensamentos edificantes, com respeito, tinham pensamentos de exigências, tais como, a presença de afeições desencarnadas, sem cogitarem da oportunidade e do merecimento necessários a tanto, criticavam essa ou aquela particularidade do fenômeno, ou prendiam o pensamento em problemas vulgares.
E, em razão disto, ou seja, em razão da falta do concurso preciso dos encarnados, Garcez (técnico espiritual) explicou que não conseguiriam alcançar a materialização com as mais altas características, mas apenas teriam o médium desdobrado, “incorporando a nossa enfermeira” (Pág. 267) para o atendimento das duas senhoras doentes.
Áulus auxiliou magneticamente a transferência de energias do corpo físico do médium ao seu corpo perispiritual. O corpo do médium, na cama, estava na mais profunda prostração, mas o médium, em seu perispírito, demonstrava maior vitalidade e lucidez. Os técnicos espirituais envolveram o perispírito do médium em extenso roupão ectoplásmico e a enfermeira espiritual uniu-se a ele, comandando-lhe os movimentos, como se fosse um médium psicofônico. E assim, abraçado à enfermeira foram à sala para realização do serviço de assistência às duas senhoras.
O roupão ectoplásmico que envolvia o perispírito do médium era indispensável à permanência dele na sala, onde estavam as 14 pessoas todas com pensamentos perturbados e inquietantes. Tal roupagem parecia uma “túnica de luar, emitindo prateada luz” (Pág. 268). No entanto, à medida que era envolvido pela atmosfera reinante na sala onde estavam as 14 pessoas, a claridade enfraquecia chegando a quase se apagar totalmente, e isto ocorria por causa das emissões mentais inferiores que exalavam dos encarnados.
Áulus explicou que o médium, naquele momento, estava consciente, mas tão logo regresse ao corpo físico não guardaria lembrança do ocorrido.
A enfermeira devotada socorreu as duas senhoras doentes, aplicando-lhes raios curativos. E por várias vezes teve que deixar a sala, para depois voltar a ela, todas as vezes que a matéria ectoplásmica era bombardeada das emanações mentais inferiores advindas dos pensamentos inadequados dos 14 encarnados. Mas, os obreiros espirituais ofereceram o melhor e a tarefa de atendimento curativo foi realizada.
Em seguida um amigo espiritual recolheu um pouco do ectoplasma do médium e se afastou, e dali em instantes trouxe, em trabalho de transporte, para os encarnados as flores que tinha colhido.
Áulus explicou que o ectoplasma, o qual atravessa a matéria densa, pode ser utilizado com a finalidade de transporte de matéria de qualquer natureza, como foi feito com as flores, inclusive o corpo humano, através desmaterialização num ponto e rematerialização em outro.
Depois disto, os técnicos espirituais acomodaram o perispírito do médium “religando-o ao corpo carnal” (Pág. 270), o rapaz acordou sonolento, mas sob atuação de passes calmantes voltou de novo à hipnose profunda. Pois os técnicos espirituais estavam interessados em despertar os encarnados para as realidades espirituais, e nisto novamente o ectoplasma passou a surgir de suas narinas e ouvidos, de forma abundante.
Enquanto isto, um dos técnicos espirituais cobriu sua mão direita no ectoplasma que fartamente emanava do médium e materializou-a com perfeição, e na cozinha onde sobre o fogão tinha um balde de parafina fervente, este técnico mergulhou a materialização de sua destra na parafina deixando aos encarnados o molde como lembrança.
Uma jovem, também, técnica espiritual, utilizando-se do ectoplasma modelou 3 (três) flores, que, também, foram mergulhadas na parafina fervente, e que ficaram como doce recordação daquela noite. Outros técnicos espirituais, em trabalho de transporte, trouxeram do exterior diversas conchas marinhas.
Em seguida os técnicos espirituais através de complicadas operações magnéticas restituíram ao médium o ectoplasma inteiramente purificado, o qual depois acordou sonolento.
No Cap. 29: ANOTAÇÕES EM SERVIÇO (Págs. 275/282): Retornando ao lar de Áulus, André Luiz e Hilário aproveitaram estes instantes para ouvir a opinião de Áulus a respeito da mediunidade em si.
Uma das indagações que André Luiz fez para Áulus, diz respeito ao fato de que muitos estudiosos do espiritismo dizem que é lícito cultivar apenas o convívio com os Espíritos Superiores relegando os espíritos necessitados e obsessores entregues a si próprios.
Áulus se posicionou esclarecendo que “isso é comodismo sob o rótulo de cultura” (Pág. 276), pois, os gênios realmente superiores jamais abandonam os sofredores e pequeninos.
Áulus falou que devemos trabalhar com bom ânimo, pois “o tempo conjugado com o serviço no bem é o alicerce de nossa vitória” (Pág. 281).
Chegaram ao “lar-santuário” (Pág. 281) onde Áulus residia e, porque no dia seguinte Áulus partiria no rumo de elevada missão à distância, ele prometeu a André Luiz e Hilário encontrá-los na manhã seguinte para um abraço antes de sua partida.
No Cap. 30: ÚLTIMAS PÁGINAS (Págs. 283/287): Na manhã seguinte, o sol renascia, André Luiz, Hilário e Áulus estavam indo até uma casa, onde Hilário e André fariam o atendimento de um menino doente e de lá Áulus partiria em sua tarefa.
No caminho Áulus afirma que “a mediunidade como instrumentação da vida surge em toda a parte” (Pág. 283), e ensina que:
– o lavrador é o médium da colheita,
– a planta é o médium do fruto,
– a flor é o médium do perfume,
– o escultor é o médium da obra-prima,
– o varredor de rua é o médium da limpeza,
– o juiz é o médium das leis,
– o homem e a mulher abraçando o matrimônio por escola de amor e trabalho são médiuns da própria vida, pois responsabilizam-se pela materialização dos amigos e adversários de ontem, convertidos nos filhos de hoje.
Ou seja, todos os homens em suas atividades e profissões são instrumentos das forças a que se dedicam e produzem em conformidade com os ideais superiores ou inferiores em que se inspiram, atraindo os Espíritos que os rodeiam conforme a natureza de seus sentimentos e ideias de que se nutrem.
Chegando ao lar terrestre onde André Luiz e Hilário prestariam assistência a um menino doente, Áulus chamou-os até uma praça próxima, para despedir-se dos dois num abraço quando percebeu que André Luiz queria fazer uma prece aos Benfeitores Espirituais, e com humildade Áulus falou para André fazer uma prece, que foi feita assim:
“— Senhor Jesus!
Faze-nos dignos daqueles que espalham a verdade e o amor!
Acrescenta os tesouros da sabedoria nas almas que se engrandecem no amparo aos semelhantes.
Ajuda aos que se despreocupam de si mesmos, distribuindo em Teu Nome a esperança e a paz…
Ensina-nos a honrar-te os discípulos fiéis com o respeito e o carinho que lhes devemos.
Extirpa do campo de nossas almas a erva daninha da indisciplina e do orgulho, para que a simplicidade nos favoreça a renovação.
Não nos deixes confiados à própria cegueira e guia-nos o passo, no rumo daqueles companheiros que se elevam, humilhando-se, e que por serem nobres e grandes, diante de Ti, não se sentem diminuídos, em se fazendo pequeninos, a fim de auxiliar-nos…
Glorifica-os, Senhor, coroando-lhes a fronte com os teus lauréis (coroas) de luz!…”
Áulus, apesar de saber que ele próprio personificava para André Luiz o benfeitor a que a oração se reportava, ao fitar os olhos úmidos de André ao final da oração, Áulus revestido de raios luminosos, dando a entender que se despedia em prece, nada disse, mas recolheu-os num só abraço e depois disto partiu. André Luiz e Hilário “louvando o serviço que em toda parte é a nossa benção” foram socorrer o menino enfermo.
FONTE:
– Livro: “NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE”, Espírito André Luiz, psicografia Chico Xavier, Cap. 1 até 30;
– LIVRO DOS MÉDIUNS – Allan Kardec, Cap. XIV, item 159;