Saúde e Doença – Palestra
(Palestra -Tarcila/CELC – 29.4.15)
O que significa saúde? Do ponto de vista material, se perguntássemos “para você, o que é saúde”? O que você responderia, de forma imediata? Provavelmente alguma coisa próxima de “não ter doença…”, certo? Poderíamos perguntar, então, “para você, o que é doença”? E possivelmente, a resposta seria algo como “desequilíbrio no organismo, enfermidade…” A Organização Mundial de Saúde define saúde como: “o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. Este conceito da OMS é bastante criticado pelos pensadores de nossa época, que o consideram utópico, inatingível, por ser abrangente demais.
Porém, como estamos aqui para falar do ponto de vista espiritual, Emmanuel, no livro O Consolador, questão 95:
95 – Em face dos esforços da Medicina, como devemos considerar a saúde?
– Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos materiais? para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra.
Para aprofundarmos nessa investigação, precisamos refletir sobre alguns pontos:
1-quem somos nós 2-de que somos feitos 3-onde estamos
Para que a partir dessas reflexões sobre nosso contexto existencial, possamos compreender melhor:
4-o que são as doenças,
5-como elas surgem,
6-qual o seu papel em nossas vidas,
7- como devemos nos posicionar diante delas e, enfim,
8-como buscar e manter a saúde…
Assim, vamos lá:
1-Quem somos: Seres em evolução, criados simples e ignorantes (questão 115 Livro dos Espíritos), que um dia alcançarão a perfeição.
2–De que somos feitos: Corpo, espírito e períspirito.
A Questão 135 LE. explica:
O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
1º — o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2º — a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3º — o princípio intermediário, ou perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tal, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.
Gênese (Cap. XIV Os Fluídos): “O perispírito – ou corpo fluídico dos Espíritos – é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma.”
3-Onde estamos: Mundo de provas e expiações
ESSE, Cap III, Há muitas moradas na casa de meu Pai.
“A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à Lei de Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. – Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
Portanto, se somos seres em evolução, contando com corpo, espírito e períspirito, num mundo de provas e expiações, o que isso pode nos dizer sobre nossas enfermidades? O períspirito é formado pelo fluído cósmico, e se modifica de acordo com nossos pensamentos e sentimentos. Se nós estamos em um mundo de provas e expiações, é por que não somos tão bons assim, ainda… carregamos conosco muitos erros cometidos em encarnações passadas, assim como no presente… carregamos pensamentos ainda cheio de vícios…
4- O QUE SÃO AS DOENÇAS
Para o autor Carlos Toledo Rizzini, em seu livro Evolução para o terceiro Milênio, não existem doenças, mas doentes… uma vez que toda moléstia é de origem espiritual.
Emmanuel, em Justiça Divina, comenta que “somos todos enfermos pedindo alta”.
Na questão 96, do livro Consolador, Emmanuel ainda coloca:
96 – Toda moléstia do corpo tem ascendentes espirituais?
– As chagas da alma se manifestam através do envoltório humano. O corpo doente reflete o panorama interior do Espírito enfermo. A patogenia é um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico.
Ou seja, as doenças são as chagas da alma sendo externadas, tornadas visíveis. Seja como consequência de um evento de uma encarnação passada, na forma de uma expiação, ou, como consequência dos erros e hábitos dessa vida mesmo, pelos nossos desajustes, de qualquer forma, são as heranças de nós mesmos… o reflexo de nossa condição…
Se elas são um reflexo de nossa condição, precisamos compreender qual é a nossa condição. Ou melhor, as doenças nos ajudam a identificar, se quisermos, a nossa condição… Então vamos procurar compreender como elas surgem, o mecanismo de criação de uma enfermidade.
Missionários da Luz
Você não ignora que, no círculo das enfermidades terrestres, cada espécie de micróbio tem. O seu ambiente preferido. O pneumococo aloja-se habitualmente nos pulmões; o bacilo de Eberth 1ocaliza-se nos intestinos onde produz a febre tifóide; o bacilo de Klebs-Löffler situa-se nas mucosas onde provoca a difteria. Em condições especiais do organismo, proliferam os bacilos de Hansen ou de Koch. Acredita você que semelhantes formações microscópicas se circunscrevem à carne transitória? Não sabe que o macrocosmo está repleto de surpresas em suas formas variadas? No campo infinitesimal, as revelações obedecem à mesma ordem surpreendente. André, meu amigo, as doenças psíquicas são muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça. A organização fisiológica, segundo conhecemos no campo de cogitações terrestres, não vai além do vaso de barro, dentro do mol de preexistente do corpo espiritual. Atingido o molde em sua estrutura pelos golpes das vibrações inferiores, o vaso refletira imediatamente.
5-COMO ELAS SURGEM
Livro Ação e Reação
nossas disposições, para com essa ou aquela enfermidade no corpo terrestre, representam zonas de atração magnética que dizem de nossas dívidas, diante das Leis Eternas, exteriorizando-nos as deficiências do espírito.
Druso meditou alguns instantes, como se estivesse ponderando no íntimo a gravidade do assunto, e apreciou:
– Nossas assertivas não excluem, decerto, a necessidade da assepsia e da higiene, da medicação e do cuidado preciso, no tratamento dos enfermos de qualquer procedência. Desejamos simplesmente acentuar que a alma ressurge no equipamento físico transportando consigo as próprias falhas a se lhe refletirem na veste carnal, como zonas favoráveis à eclosão de determinadas moléstias, oferecendo campo propício ao desenvolvimento de vírus, bacilos e bactérias inúmeros, capazes de conduzi-la aos mais graves padecimentos, de acordo com os débitos que haja contraído, mas também carrega consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. Não podemos esquecer que o bem é o verdadeiro antídoto do mal.
Livro dos espíritos, questão 621,
621. Onde está escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regra desse proceder e um guia seguro?
“Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz — basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza.”
NEGLIGÊNCIA
Na questão acima mesmo, podemos identificar um exemplo de um mal que pode ocorrer pela falta de observação, ou por uma NEGLIGÊNCIA. Comer demais, ficar com dor de estômago. Comer sal demais, cuidados que devem ocorrer em nosso cotidiano.
741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?(livro dos espíritos)
“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”
Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. (…)
Mas da mesma maneira que nosso organismo responde quando ultrapassamos o limite traçado pela natureza, assim também o espírito responde pelos desajustes, pelo afastamento das leis de Deus. Esses desequilíbrios da alma, resultantes de nossa forma de pensar e sentir, refletem automaticamente no corpo espiritual (períspirito) e se exteriorizam em forma de doença. Quando falamos de desajustes, falamos de ações ou mesmo de pensamentos.
Entre a terra e céu (negligência espiritual)
– Um dia, o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo. Sorridente, acrescentou:
– Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão.
Se conhecemos as leis de Deus e não nos esforçamos para segui-las, é negligência… E por que razão o psiquismo dá origem às enfermidades? Vale refletirmos um pouco mais sobre fluídos, matéria que constitui o períspirito:
Gênese, Cap XIV, Os Fluídos
15. Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. (…)
E tem mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma corpo nele e aí de certo modo se fotografa. Por exemplo, tenha um homem a ideia de matar a outro: embora o corpo material se conserve impassível nele, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os tons deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.
É desse modo que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico;
QUALIDADES DOS FLUIDOS
16-Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar suas propriedades, é evidente que eles devem se achar impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem os Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o grau da perfeição moral destes permite.
17. Os fluidos não possuem qualidades de seu próprio gênero, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelas emanações desse meio, como o ar se modifica pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa.
Ou seja, como dito anteriormente, a cada afastamento do nosso pensamento e do nosso sentimento, das leis de Deus, gravadas em nossa consciência, o mesmo corrompe os fluídos espirituais e reflete-se em nosso períspirito. A partir do momento em que o afastamento foi gravado no períspirito, num desajuste vibratório, precisa ser reajustado, gerando uma, das várias formas, de expiação ou de prova que temos neste planeta.
Enfermidade por EXPIAÇÃO:
O caso de Segismundo, em Missionários da Luz. Em vida passada, por causa de Raquel, ele tirou a vida física de Adelino com um tiro, que atingiu a vítima na altura do coração. Na vida atual, Segismundo renasceu como filho de Adelino e Raquel e trouxe, já na formação do seu corpo físico, o problema cardíaco que só se manifestará mais tarde, como doença do tônus elétrico do coração, após os 40 anos de idade.
O caso de Júlio (Livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz/Chico Xavier): Exemplo de expiação:
Júlio, hoje uma criança, suicidou-se em encarnações passadas. Primeiro ingeriu veneno, não conseguindo concretizar o suicídio, jogou-se no mar. Reencarnou uma vez, e morreu ainda criança, afogado no mar. Reencarnou novamente, com grande comprometimento da saúde na área da garganta, sobre o que, o instrutor espiritual comenta:
_ O mal como que se instala nos recessos da consciência que o arquiteta e concretiza. O suicídio acarreta vasto complexo de culpa. A fixação mental do remorso opera inapreciáveis desequilíbrios no corpo espiritual. O mal como que se instala nos recessos da consciência que o arquiteta e concretiza. (…) O pensamento que desencadeia o mal encarcera-se nos resultados dele, porque sofre fatalmente os choques de retorno, no veículo em que se manifesta. – É natural que assim seja. (…)
_O crescimento do influxo mental, no veículo eletromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos a semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas
manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e
quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.
O instrutor comenta sobre os centros de força do corpo espiritual:
Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais (centros: cerebral, coronário, laríngeo, cardíaco, esplênico, gástrico, genésico)
– Cada “centro de força” – ponderei – exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio…
– Sim – confirmou Clarêncio –, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo eletromagnético de nossa organização, compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais nos imantamos.
E continua, a respeito de Júlio:
O instrutor fez pequena pausa de repouso e prosseguiu:
– Não podemos olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne, é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a divina luz da sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina. Clarêncio afagou a garganta doente do menino, dando-nos a idéia de que nela fixava o objeto de nossas lições, e aduziu:
– Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste. No caso de Júlio, observamo-lo como autor da perturbação no “centro laríngeo”, alteração que se expressa por enfermidade ou desequilíbrio a acompanhá-lo fatalmente à reencarnação.
– E como sanará ele semelhante deficiência? – perguntei, edificado com os esclarecimentos ouvidos.
Com a serenidade invejável de sempre, o Ministro ponderou:
– Nosso Júlio, de atenção encadeada à dor da garganta, constrangido a pensar nela e padecendo-a, recuperar-se-á mentalmente para retificar o tônus vibratório do “centro laríngeo”, restabelecendo- lhe a normalidade em seu próprio favor. E decerto para gravar, com mais segurança, a elucidação, concluiu:
– Júlio renascerá num equipamento fisiológico deficitário que, de algum modo, lhe retratará a região lesada a que nos reportamos. Sofrerá intensamente do órgão vocal que, sem dúvida, se caracterizará por fraca resistência aos assaltos microbianos, e, em virtude de o nosso amigo haver menosprezado a bênção do corpo físico, será defrontado por lutas terríveis, nas quais aprenderá a valorizá-lo. (…)
Quando, de consciência inclinada para o bem ou para o mal, perpetramos esse ou aquele delito no mundo, realmente podemos ferir ou prejudicar a alguém, mas, antes de tudo, ferimos e prejudicamos a nós mesmos. Se eliminamos a existência do próximo, nossa vítima receberá
dos outros tanta simpatia que, em breve, se restabelecerá, nas leis de equilíbrio que nos governam, vindo, muita vez, em nosso auxílio, muito antes que possamos recompor os fios dilacerados de nossa consciência. Quando ofendemos a essa ou àquela criatura, lesamos primeiramente a nossa própria alma, de vez que rebaixamos a nossa dignidade de espíritos eternos, retardando em nós sagradas oportunidades de crescimento.
Enfermidade prolongada por PROVA:
(O caso da senhora em tratamento no plano espiritual, entre a terra e o céu)
– Nossa ação, contudo, está subordinada à lei que nos rege. No problema de nossa irmã, o concurso de nosso plano conseguirá tão somente angariar-lhe reconforto. A moléstia, em razão das provas que lhe assinalam o roteiro pessoal, atingiu insopitável extensão.
– Quer dizer que ela, agora, apenas se habilita à morte calma?
– Justamente – confirmou o orientador –. Com a cooperação em curso, despertará no corpo desfalecente mais serena e mais confortada. Repetindo as excursões até aqui, noite a noite, habituar-se-á, com entendimento superior, à idéia da partida, transmitindo aos familiares resignação e coragem para o transe da separação; aprenderá a contribuir com o seu esforço, no sentido de aliviar-lhes as aflições pela humildade que edificará, dentro de si mesma… pouco a pouco; desligar-se-á da carne enfermiça, acentuando a luz interior da própria consciência, a fim de separar-se do ambiente que lhe é caro, como quem encontra na morte física valiosa liberação para serviço mais enobrecido. E, assim, em algumas semanas, mostrar-se-á admiravelmente preparada ante o novo caminho…
Clarêncio silenciara. O assunto requisitava-me a novas observações.
– Nesse caso – comecei a falar, hesitante.
O Ministro, porém, sorriu compreensivo e atalhou, esclarecendo:
– Já sei a tua conclusão. É isso mesmo. A enfermidade longa é uma bênção desconhecida entre os homens, constitui precioso curso preparatório da alma para a grande libertação. Sem a moléstia dilatada, é muito difícil o êxito rápido no trabalho da morte.
Contágio ou assimilação fluídica
Missionários da Luz
Nas moléstias da alma, como nas enfermidades do corpo físico, antes da afecção existe o ambiente. As ações produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem a formas e conseqüências de infinitas expressões. E, em virtude de cada Espírito representar um universo por si, cada um de nós é responsável pela emissão das forças que lançamos em circulação nas correntes da vida. A cólera, a desesperação, o ódio e o vício oferecem campo a perigosos germens psíquicos na esfera da alma. E, qual acontece no terreno das enfermidades do corpo, o contágio aqui é fato consumado, desde que a imprevidência ou a necessidade de luta estabeleça ambiente propício, entre companheiros do mesmo nível. Naturalmente, no campo da matéria mais grosseira, essa lei funciona com violência, enquanto, entre nós, se desenvolve com as modificações naturais. Aliás, não pode ser de outro modo, mesmo porque você não ignora que muita gente cultiva a vocação para o abismo. Cada viciação particular da personalidade produz as formas sombrias que lhe são conseqüentes, e estas, como as plantas inferiores que se alastram no solo, por relaxamento do responsável, são extensivas às regiões próximas, onde não prevalece o espírito de vigilância e defesa. (…)
Desse modo, a promiscuidade entre os encarnados indiferentes à Lei Divina e os desencarnados que a ela têm sido indiferentes, é muito grande na crosta da Terra. Absolutamente sem preparo e tendo vivido muito mais de sensações animalizadas que de sentimentos e pensamentos puros, as criaturas humanas, além do túmulo, em muitíssimos casos prosseguem imantadas aos ambientes domésticos que lhes alimentavam o campo emocional. Dolorosa ignorância prende-lhes os corações, repletos de particularismos, encarceradas no magnetismo terrestre, enganando a si próprias e fortificando suas antigas ilusões. Aos infelizes que caíram em semelhante condição de parasitismo, as larvas que você observou servem de alimento habitual.
-Deus meu! -exclamei sob forte espanto. Alexandre, porém, acrescentou: -Semelhantes larvas são portadoras de vigoroso magnetismo animal. Observando talvez que muitas e torturantes indagações se me entrechocavam no cérebro, o instrutor considerou: -Naturalmente que a fauna microbiana, em análise, não será servida em pratos; bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância, ainda encarnados, qual erva daninha aos galhos das árvores, e sugar-lhes a substância vital. (…)
– Em geral, noventa por cento dos casos de obsessão que se verificam na Crosta, constituem problemas dolorosos e intricados. Quase sempre, o obsidiado padece de lastimável cegueira, com relação à própria enfermidade. E, porque não atende ao chamamento da verdade pela cristalização personalista, torna-se presa fácil e inconsciente, embora responsável, de perigosos inimigos das zonas de atividades grosseiras. Comumente, verificam-se casos dessa natureza, em vista de ligações vigorosas e profundas pela afetividade mal dirigida ou pelos detestáveis laços do Ódio que, em todas as circunstâncias, é a confiança desequilibrada convertida em monstro.(…)
A desventurada possessa apresentava sérias perturbações, desde o cérebro até os nervos lombares e sacros, demonstrando completa desorganização do centro da sensibilidade, além de lastimável relaxamento das fibras motoras. Tais desequilíbrios não se caracterizavam apenas no sistema nervoso, mas igualmente nas glândulas em geral e nos mais diversos órgãos. Nos demais obsidiados, os fenômenos de degradação física não eram menores. Dois deles revelavam estranhas intoxicações no fígado e rins. Outro mostrava singular desequilíbrio do coração e pulmões, tendendo à insuficiência cardíaca em conúbio com a pré-tuberculose avançada. (…)
Na qualidade de antigo médico do mundo, reconheço que estes doentes psíquicos não trazem as enfermidades, de que são portadores, circunscritas à mente. Com exceção da jovem que reage valorosamente, os demais revelam estranhos desequilíbrios do sistema nervoso, com distúrbios no coração, fígado, rins e pulmões. Admitamos que fosse obtida a conversão dos verdugos que os atormentam. Voltariam depois disto à normalidade orgânica, alcançariam o retorno à saúde completa? Alexandre meditou alguns momentos, antes de responder, e asseverou, em seguida:
– André, o corpo de carne é como se fora um violino entregue ao artista, que, nesse caso, é o Espírito reencarnado. Torna-se indispensável preservar o instrumento dos animálculos destruidores e defendê-los contra ladrões. Observou a jovem que tudo faz por guardar-se do mal? Tem estado a cair sob os golpes dos perseguidores que lhe assediam impiedosamente o coração. Entretanto, como alguém que atravessa longa e perigosa senda sobre o abismo, confiante em Deus, ela tem recorrido à prece, incessantemente, estudando a si mesma e mobilizando as possibilidades de que dispõe para não perturbar a ordem dentro dela própria. Na tentação de que é vitima, tem essa irmã a provação que a redime. Ela, porém, com o heroísmo silencioso de seu trabalho, tem esclarecido os próprios perseguidores, compelindo-os à meditação e à disciplina. Segundo vê, essa lutadora sabe preservar o instrumento que lhe foi confiado e, convertida em doutrinadora dos verdugos, pelo exemplo de resistência ao mal, transforma os inimigos, iluminando a si mesma. Ante a colaboração dessa natureza, temos o problema da cura altamente facilitado. Não se verifícará, porém, o mesmo com aqueles que não se acautelam com a defesa do instrumento corporal. Entregue aos malfeitores, o violino simbólico a que nos referimos pode permanecer semidestruído. E, ainda que seja restituído ao legitimo possuidor, não pode atender ao trabalho da harmonia, com a mesma exatidão de outro tempo. Um Stradivarius pode ser autêntico, mas não se fará sentir com as cordas rebentadas. Como vemos, os casos de obsessão apresentam complexidades naturais e, na solução deles, não podemos prescindir do concurso direto dos interessados. – Compreendo! – exclamei.
6-QUAL O PAPEL DAS DOENÇAS EM NOSSAS VIDAS
(…)
– Júlio reajustou-se para a continuação regular da luta evolutiva que lhe compete. O renascimento malogrado não teve para ele tão somente a significação expiatória, necessária ao Espírito que deserta do aprendizado, mas também o efeito de um remédio curativo. A permanência no campo físico funcionou como recurso de eliminação da ferida que trazia nos delicados tecidos da alma. A carne, em muitos casos, é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o de certos males nela adquiridos.
– Isso quer dizer…
O Ministro, porém, cortou-me a palavra, acentuando:
– Isso quer dizer que Júlio doravante poderá exteriorizar-se num corpo sadio, conquistando merecimento para obter uma reencarnação devidamente planejada, com elevados objetivos e
serviço.
Missionários da luz
“Por vezes, para preservar convenientemente a saúde, é preciso conhecer as enfermidades; para cultivar o bem, é necessário não ignorar a existência do mal.”
Entre a terra e o céu
– Compete-nos, então – observou Hilário, atencioso –, atribuir importante papel às enfermidades na esfera humana. Quase todas estarão no mundo, desempenhando expressivo papel na regeneração das almas.
_Exatamente.
– Cada “centro de força” – ponderei – exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio…
– Sim – confirmou Clarêncio –, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo eletromagnético de nossa organização, compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais nos imantamos.
Consolador, questão 239
239 – Entre a dor física e a dor moral, qual das duas faz vibrar mais profundamente o espírito humano?
– Podemos classificar o sofrimento do Espírito como a dor-realidade e o tormento físico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão. Em verdade, toda dor física colima o despertar da alma para os seus grandiosos deveres, seja como expressão expiatória, como consequência dos abusos humanos, ou como advertência da natureza material ao dono de um organismo.
Mas toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência. Daí a razão por que a primeira vem e passa, ainda que se faça acompanhar das transições de morte dos órgãos materiais, e só a dor espiritual é bastante grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeiçoamento e da redenção.
Gênese
Origem do bem e do mal
5. Como o homem tem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência e de todas as suas capacidades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitar esses malefícios. Se ele não tivesse que temer nada, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; seu espírito se entorpeceria na inatividade; nada inventaria e nem descobriria. A dor é o estímulo que impulsiona o homem para frente, na estrada do progresso.
6. Deus estabeleceu leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. O homem encontra em si mesmo tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina está gravada no seu coração e, além do mais, Deus lhe lembra delas constantemente por intermédio de seus messias e profetas(…). Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia dos mais cruéis males e viveria feliz na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: então, ele sofre as consequências do seu proceder (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, cap. V,
Entre a terra e o céu
– O tempo de inferno restaurador corresponde ao tempo de culpa deliberada. Em muitas fases de nossa evolução somos imantados às teias da carne, que sempre nos reflete a individualidade intrínseca, assim como a argila é conduzida ao calor da cerâmica ou como o metal impuro é arrojado ao cadinho fervente. A depuração exige esforço, sacrifício, paciência.
Qual seria o papel da cegueira provocada por Paulo em um mago que discutia sobre o Cristo, senão o de abrir-lhe a compreensão para a verdade? Assim como ocorrera em sua própria cegueira no momento em que viu Jesus. Abaixo, a passagem:
Paulo e Estevão
A polêmica já durava mais de hora, quando o mago fez uma alusão mais ferina à personalidade e feitos de Jesus-Cristo. Em atitude mais enérgica, o Apóstolo sentenciou:
— Tudo fiz por convencer-vos sem demonstrações mais diretas, de maneira a não ferir a parte respeitável de vossas convicções; todavia, estais cego e é nessa condição que podereis enxergar a luz. Como vós, também já vivi em trevas e, no instante do meu encontro pessoal com o Messias, foi
necessário que as trevas se adensassem em meu espírito, a fim de que a luz ressurgisse mais brilhante. Tereis igualmente esse benefício. A visão do corpo fechar-se-vos-á, para que possais divisar a verdade em espírito!
Nesse comenos, Barjesus deu um grito.
— Estou cego!
Estabeleceu-se alguma confusão no recinto. Barnabé adiantou-se, amparando o israelita que tateava aflito. O tecelão e o governador aproximaram-se surpreendidos. Foram chamados alguns servos que atenderam as necessidades do momento, carinhosos e solícitos. Por quatro longas horas, Barjesus chorou, mergulhado na sombra espessa que lhe invadira os olhos cansados. Ao fim desse tempo, os missionários oraram de joelhos… Branda serenidade estabeleceu-se no vasto aposento. Em seguida, Saulo impôs-lhe as mãos na fronte e, com um suspiro de alívio, o velho israelita recobrou a vista, retirando-se confuso e sucumbido.
7- COMO DEVEMOS NOS POSICIONAR DIANTE DELAS
Evangelho Segundo Espiritismo (Cuidar do corpo e do espírito)
“Consistirá na maceração do corpo a perfeição moral? Para resolver essa questão, apoiar-me-ei em princípios elementares e começarei por demonstrar a necessidade de cuidar-se do corpo que, segundo as alternativas de saúde e de enfermidade, influi de maneira muito importante sobre a alma, que cumpre se considere cativa da carne. Para que essa prisioneira viva, se expanda e chegue mesmo a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo de estar são, disposto, forte.(…)
Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo? Não, a perfeição não está nisso: está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição”
O Consolador
97 – Se as enfermidades são de origem espiritual, é justo a aplicação dos medicamentos humanos, a cirurgia, etc., etc.?
– O homem deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance, em favor do seu equilíbrio orgânico. Por muito tempo ainda, a Humanidade não poderá prescindir da contribuição do clínico, do cirurgião e do farmacêutico, missionários do bem coletivo. O homem tratará da saúde do corpo, até que aprenda a preservá-lo e defende-lo, conservando a preciosa saúde de sua alma.
Paulo e Estevão
Poderemos atender a muitos doentes, ofertar um leito de repouso aos mais infelizes; mas sempre houve e haverá corpos enfermos e cansados, na Terra. Na tarefa cristã, semelhante esforço não poderá ser esquecido, mas a iluminação do espírito deve estar em primeiro lugar. Se o homem trouxesse o Cristo no íntimo, o quadro das necessidades seria completamente modificado. A compreensão do Evangelho e da exemplificação do Mestre renovaria as
noções de dor e sofrimento. O necessitado encontraria recursos no próprio esforço, o doente sentiria, na enfermidade mais longa, um escoadouro das imperfeições; ninguém seria mendigo, porque todos teriam luz cristã para o auxílio mútuo, e, por fim, os obstáculos da vida seriam amados como corrigendas benditas de Pai amoroso a filhos inquietos.
Evangelho Segundo espiritismo Capítulo VIII Bem-aventurados os que têm fechados os olhos
20. Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! Que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira.
Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais senão àquele que é o Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: “Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste.” Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes, em recompensa da vossa abnegação. (…)
Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei
tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção. – Vianney, cura d’Ars. (Paris, 1863.)
Livro Ação e reação: “ensinou- nos Jesus que “todo aquele que comete o mal é escravo do mal”*e podemos acrescentar que, para sanar o mal, a que houvermos escravizado o coração, é imprescindível sofrer a purgação que o extirpa.”
* Evangelho de João, 8:34.
No livro Fonte Viva Emmanuel diz: Todas as criaturas humanas adoecem, todavia, são raros aqueles que cogitam de cura real. Se te encontres enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possam restaurar integralmente. O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração.
(Fonte Viva – Emmanuel, cap.86 – Estás doente? Pág.199)
8-COMO BUSCAR E MANTER A SAÚDE…
Livro Ação e Reação
“também carrega consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. Não podemos esquecer que o bem é o verdadeiro antídoto do mal.”
Paulo e Estevão
Podemos curar, quando os enfermos estejam dispostos a compreendê-lo e segui-lo.
— Mas quem é ele? — perguntou o enfermo.
— Chama-se Cristo Jesus. Sua fórmula é sagrada — continuava o tecelão, com ênfase — e destina-se a medicar, antes de tudo, a causa de todos os males. Como sabemos, todos os corpos da Terra terão de morrer. Assim, por força de leis naturais inelutàveis, jamais teremos, neste mundo, absoluta saúde
física. Nosso organismo sofre a ação de todos os processos ambientes. O calor incomoda, o frio nos faz tremer, a alimentação nos modifica, os atos da vida determinam a mudança dos hábitos. Mas o Salvador nos ensina a procurar uma saúde mais real e preciosa, que é a do espírito. Possuindo-a, teremos transformado as causas de preocupação de nossa vida, e habilitamo-nos a gozar a relativa saúde física que o mundo pode oferecer nas suas expressões transitórias.
Vinha de Luz (Emmanuel)
149 – ESCAMAS
“E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista.” –
(ATOS, 9:18.)
A visita de Ananias a Paulo de Tarso, na aflitiva situação de Damasco, sugere elevadas considerações.
Que temos sido nas sombras do pretérito senão criaturas recobertas de escamas pesadas sob todos os pontos de vista? Não somente os olhos se cobriram de semelhantes excrescências. Todas as possibilidades confiadas a nós outros hão sido eclipsadas pela nossa incúria, através dos séculos. Mãos, pés, língua, ouvidos, todos os poderes da criatura, desde milênios permanecem sob o venenoso revestimento da preguiça, do egoísmo, do orgulho, da idolatria e da insensatez.
O socorro concedido a Paulo de Tarso oferece, porém, ensinamento profundo. Antes de recebê-lo, o ex-perseguidor rende-se incondicionalmente ao Cristo; penetra a cidade, em obediência à recomendação divina, derrotado e sozinho, revelando extrema renúncia, onde fora aplaudido triunfador. Acolhido em hospedaria singela, abandonado de todos os companheiros, confiou em Jesus e recebeu-lhe a sublime cooperação. É importante notar, contudo, que o Senhor, utilizando a instrumentalidade de Ananias, não lhe cura senão os olhos, restituindo-lhe o dom de ver. Paulo sente que lhecaem escamas dos órgãos visuais e, desde então, oferecendo-se ao trabalho do Cristo, entra no caminho do sacrifício, a fim de extrair, por si mesmo, as demais escamas que lhe
obscureciam as outras zonas do ser. Quanto lutou e sofreu Paulo, a fim de purificar os pés, as mãos, a mente e o coração? Trata-se de pergunta digna de ser meditada em todos os tempos. Não te esqueças, pois, de que na luta diária poderás encontrar os Ananias da fraternidade, em nome do
Mestre; aproximar-se-ão, compassivos, de tuas necessidades, mas não olvides que o Senhor apenas permite que te devolvam os olhos, a fim de que, vendo claramente, retifiques a vida por ti mesmo.
Saúde e equilíbrio – Meditações Diárias André Luiz
Para garantir saúde e equilíbrio, prometa a você mesmo:
1 – Colocar-se sob os desígnios de Deus, cada dia, através da oração, e sustentar a consciência tranquila, preservando-se contra ideias de culpa.
2 – Dar o melhor de si mesmo no que esteja fazendo.
3 – Manter coração e mente, atitude e palavra, atos e modos na inspiração constante do bem.
4 – Servir desinteressadamente aos semelhantes, quanto esteja ao alcance de suas forças.
5 – Regozijar-se com a felicidade do próximo.
6 – Esquecer conversações e opiniões de caráter negativo que haja lido ou escutado.
7 – Acrescentar pelo menos um pouco mais de alegria e esperança em toda pessoa com quem estiver em contato.
8 – Admirar as qualidades nobres daqueles com quem conviva, estimulando-os a desenvolvê-las.
9 – Olvidar motivos de queixa, sejam quais forem.
10 – Viver trabalhando e estudando, agindo e construindo, no próprio burilamento e na própria corrigenda, de tal modo que não se veja capaz de encontrar as falhas prováveis e os erros possíveis dos outros.