Obsessão: Tratamento, Prognostico e Profilaxia
Antes de Jesus, os obsediados eram marginalizados; objetos de curiosidade e de terror. Isolados pelos próprios familiares, padeciam sob a ação ainda maior dos “inimigos” espirituais. Com a vinda do Mestre, chegou a lição do amor. Como remédio e como alimento para ambos os doentes: obsessor e obsediado. O verdadeiro trabalho de desobsessão se iniciou com Jesus ensinando aos homens que o amor deve ser o alicerce de toda terapêutica.
Com o passar dos tempos, os homens se esqueceram, deturparam também estes ensinamentos e foi necessária a vinda da terceira revelação, o Consolador Prometido, para que a luz novamente se fizesse. Foi a Doutrina Espírita que realmente traçou diretrizes lógicas, seguras e eficazes para o tratamento da obsessão.
O processo obsessivo, para realmente ser resolvido, necessita a atuação terapêutica no obsessor e no obsediado.
Poderíamos dividir o estudo do tratamento da obsessão, analisando a terapêutica espírita e a terapêutica médica, que devem ser avaliadas adequadamente.
TRATAMENTO
a) Reforma Moral (Auto-desobsessão):
“No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura.” Manoel Philomeno de Miranda A reforma moral ou auto-desobsessão é o ato de promover a própria pessoa a sua desobsessão, através da auto-evangelização.
Muitas pessoas pensam, erroneamente, quando imaginam que o Centro Espírita pode libertar o obsediado de todos os males, pensam que o Centro Espírita resolverá todos os problemas, como por encanto.
Ao procurarem o Centro Espírita, passam para os Espíritos toda a responsabilidade do tratamento, mas, ao verificarem que seus problemas não estão sendo resolvidos com a rapidez que imaginavam, desiludem-se e vão buscar ajuda em outro Centro Espírita, ou em outras religiões.
É fundamental esclarecermos ao paciente e a sua família quanto a sua participação é importante, o quanto é condição básica para êxito do tratamento. A falta de participação do enfermo é, muitas vezes, a causa de quadros obsessivos de difícil resolução, às vezes, atravessando uma ou mais encarnações.
A auto-desobsessão tem um item óbvio que é a reforma moral do obsediado. É um trabalho consciente e necessário, de mudanças de hábitos e pensamentos. Substituindo os hábitos por pensamentos e sentimentos de elevado conteúdo moral. Como sabemos, a conduta e os hábitos do obsediado atuam como causa secundária, facilitando a instalação do processo obsessivo, em conjunto com a causa primária (débito do passado).
A reforma moral é esta auto-educação de valores e sentimentos. O meio mais fácil de atingir este objetivo é pela prática da caridade com Jesus. A caridade é terapia.
Conseguirá o obsediado, aos poucos, convencer o seu obsessor de sua renovação moral e também desfrutará de elevadas companhias espirituais.
b) Fluidoterapia:
“O obsediado fica envolto e impregnado de seu fluido pernicioso… é deste fluido que importa desembaraçá-lo.” (A Gênese, Cap. XIV, item 46)
O obsessor envolve fluidicamente o obsediado, absorvendo-lhe os fluidos benéficos, substituindo-os por fluidos deletérios.
Só existe um meio de retirarmos estes maus fluidos, é substituindo-os por bons fluidos, como afirmava Kardec. Para isso, é fundamental a fluidoterapia, feita pelo passe e pela água fluidificada.
c) Freqüência ao Centro Espírita: a freqüência do obsediado ao Centro Espírita é muito importante no tratamento: permite a instrução espírita, facilita o hábito de bons pensamentos, permite a prática da caridade com Jesus, permite o acesso mais fácil à fluidoterapia, etc.
Um fato importante, é que em grande número de casos, quando o obsediado penetra no Centro Espírita, leva consigo o seu obsessor(es), fato permitido pela espiritualidade maior, para propiciar o auxílio renovador também para o “irmãozinho perseguidor”.
A freqüência ao Centro Espírita deverá ser cobrada ao obsediado e também à sua família.
d) Culto no Lar: Joanna de Ângelis afirma que o lar é como o porto para um navio, local de reparos, repouso e preparação para enfrentar o oceano bravio, daí, o papel importante do equilíbrio no lar, como base para o equilibro de todos nós. O obsediado, mais do que ninguém, precisa de um porto seguro e bem aparelhado. Como sabemos, é muito comum o envolvimento dos familiares do obsediado no quadro obsessivo, pois, muitas vezes, são grupos de Espíritos devedores que se reúnem para enfrentarem o mesmo problema expiatório.
O culto do evangelho no lar facilita a freqüência de bons Espíritos no lar do obsediado, permite a penetração do Evangelho de Jesus na vida de todos, e é também, um elemento importante na fluidoterapia, pela água fluidificada.
Todos esses elementos envolverão obsediado(s) e obsessor(es), em um clima de amor, base fundamental para a recuperação de ambos.
e) Laborterapia: todos nós já enfrentamos momentos de tédio, já tivemos a mente invadida de maus pensamentos, tudo isso fruto do “não fazer nada“.
Quando trabalhamos, seja qual for o tipo de trabalho, ocupamos nossa mente, e os maus pensamentos, a influência dos Espíritos menos felizes, são repelidas. Mãos ocupadas, eis um bom antídoto contra a obsessão.
É importante libertar o obsediado da falsa impressão de que, por estar enfermo, é preciso ficar em repouso. É fundamental ocupar a mente do obsediado, e a forma mais fácil e eficaz é ocupar as suas mãos.
f) Participação da Família: não somente o obsediado deve ser conscientizado da importância de sua participação na terapêutica desobsessiva, mas também os seus familiares. Muitas vezes, o desequilíbrio do obsediado chega a tal ponto que a participação da família assume ainda maior importância.
Outro fator importante, como já mencionamos, é o fato do quadro obsessivo, muitas vezes, envolver toda a Família, ou seja, todo o grupo errou, todos precisam reparar o erro. É nítido o resultado mais positivo, nos casos em que toda a família participa da ajuda ao obsediado.
g) Apoio de Um Grupo Mediúnico: a ação da equipe espiritual de ajuda, se tornará mais evidente, quando houver a participação de um grupo mediúnico sério. Ambos Espíritos envolvidos serão beneficiados. O envolvimento carinhoso, o esclarecimento evangélico e doutrinário, realizado por um grupo mediúnico, serão extremamente benéficos ao obsessor e ao obsediado.
Importante enfatizar, que a presença do obsediado à reunião mediúnica é dispensável e até mesmo prejudicial. A freqüência de uma pessoa desequilibrada na reunião mediúnica é muito danosa, entre outros inúmeros fatores, quebra a harmonia do grupo, fator fundamental para um trabalho eficiente de desobsessão.
O aposento destinado à reunião de desobsessão sempre deve ser dentro do Centro Espírita, ambiente preparado pela espiritualidade maior para este fim. A reunião de desobsessão é um pronto socorro para os doentes morais e, como um pronto socorro, deve estar localizado em região adequada para isso. A sala reservada para tais atividades, foi comparada por André Luiz a uma sala cirúrgica, “que requer isolamento, respeito, silêncio, assepsia, isolada de olhos indiscretos, curiosos e despreparados”. Por isso, jamais devem ser abertas ao público, e nunca deve ser trabalho para iniciantes. O trabalho exige grupo preparado, harmônico e local adequado para isso.
h) A Terapêutica Médica: algumas pessoas têm a falsa idéia que a terapêutica médica e a terapêutica espírita estariam chocando uma contra a outra, quando fossem utilizadas no auxílio ao quadro obsessivo.
A terapêutica desobsessiva deve sempre ser orientada tendo como base estes dois aspectos: a terapêutica espiritual e a terapêutica médica, pois a não utilização de uma delas pode levar a um tratamento ineficiente e incompleto.
Como Espírito encarnado, possuindo Espírito, perispírito e corpo físico, o obsediado terá alterações psíquicas e orgânicas variadas e importantes, desde o início do quadro e no decorrer do mesmo. Para o equilíbrio, o êxito, a terapêutica desobsessiva deve estar alicerçada sobre dois suportes:
A TERAPÊUTICA MÉDICA E A ESPIRITUAL
O uso de medicamentos psiquiátricos são vistos, algumas vezes, com certa restrição pela população geral, inclusive pelo obsediado e seus familiares. Isto é fruto da má informação e de idéias falsas pré-concebidas. Hoje, com o progresso da farmacologia, dispomos de muitos medicamentos seguros, eficientes e com efeitos colaterais inexistentes ou controláveis. O medicamento é extremamente importante para muitos obsediados pois permite sua socialização, a sua reintegração familiar, o retorno ao trabalho, sua melhor íntima, dispensando alguns internamentos, etc.
A psicoterapia e o internamento em alguns quadros de obsessão assumem papel muito importante. Sempre que indicados pelo médico assistente devem ser incentivados e respeitados por nós.
PROGNÓSTICO
A palavra prognóstico, sob o ponto de vista médico, significa a mensuração da evolução de uma doença, tentando prever o seu final.
Para o prognóstico de uma doença física, entre vários fatores, três são os principais para serem avaliados: a capacidade do agente causador da doença, a resistência do paciente à doença e a ação do meio onde ocorre o quadro. Naturalmente, inúmeros fatores irão contribuir para um bom ou mau prognóstico de um quadro obsessivo. Para resumir, poderíamos, comparativamente com uma doença física, avaliar também três fatores:
1) a persistência, a inferioridade moral, a capacidade intelectual e a intensidade do ódio do obsessor;
2) a resistência física, psíquica e moral do obsediado;
3) a utilização eficaz da terapêutica espírita e médica.
Salientamos aqui, o valor da vontade do obsediado, o “querer melhorar“, pois todos os outros dependem sobretudo desta disposição do doente.
Para completar, faríamos as observações:
1) quadros obsessivos existem, que levarão mais de uma encarnação para terem sua solução;
2) que nunca devemos desanimar, pois tudo que fizermos estará contribuindo para a redução de tempo, e também, amenizando sofrimentos;
3) que mais cedo ou mais tarde, todos os quadros de obsessão – por mais grave que sejam – serão solucionados, pois o amor sempre vencerá o ódio;
4) que o obsessor e o obsediado nem sempre se curam simultaneamente.
PROFILAXIA
Profilaxia é o conjunto de medidas que tentam evitar, prevenir o aparecimento de certa doença.
Existe obsessão porque existe inferioridade em nós, porque fizemos sofrer e sofremos, porque temos dificuldade de perdoar.
O caminho eficiente para evitarmos obsessões, é aquele que leva á Jesus. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” A única profilaxia eficaz é a do Evangelho, é praticar o bem e ser bom. O amor é o único antídoto realmente infalível.
Quando aprendemos a amar sem reservas, sem interesse, sem exigências, quando houver em nós o amor em toda sua plenitude, então não haverá mais lugar para ódios, maldades, disputas e muito menos obsessões.
Bibliografia
1) O Livro dos Médiuns – Allan Kardec
2) Grilhões Partidos – Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco
3) Obsessão e Desobsessão – Suely Caldas Schubert
4) Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda