Morte Física, Morte Espiritual e Segunda Morte – palestra 27.11.19
Morte Física, Morte Espiritual e Segunda Morte
27/11/19 – Ellen – CELC
I– DA INTRODUÇÃO
A MORTE FÍSICA é à cessação da vida orgânica do corpo carnal. “É o esgotamento dos órgãos” (L.E. 68).
A DESENCARNAÇÃO ocorre quando o Espírito se separa do corpo ao qual estava ligado, caracterizando o momento em que “retorna ao mundo dos Espíritos, que deixou momentaneamente.” (L.E. 149).
O CONSOLADOR, na resposta a questão 147, nos ensina que: “Desencarnar é mudar de Plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores”.
E o L.E. na resposta a questão 150, nos ensina que a alma após a morte, conserva a sua individualidade e jamais a perde. Que apesar de não ter mais o corpo material, ela possui o seu perispírito, que é o corpo espiritual, que “representa a aparência de sua última encarnação”.
MORTE ESPIRITUAL, segundo Kardec nos ensina no livro OBRAS PÓSTUMAS, é a depuração que ocorre no Espírito, que a cada existência corpórea tem ocasião de progresso e que reentrando no mundo espiritual leva consigo as novas ideias, e a cada nova estação na erraticidade seu horizonte moral se alarga, seu envoltório fluídico se depura, torna-se mais leve, mais brilhante, até que um dia se tornará resplandecente; “o velho Espírito está morto, e, entretanto, é sempre o mesmo Espírito”.
A SEGUNDA MORTE, conforme o livro LIBERTAÇÃO, de André Luiz, Psicografia de Chico Xavier, no Capítulo VI – OBSERVAÇÕES E NOVIDADES, é representada pela perda do perispírito… seja por grande mérito e ascensão a planos superiores, ou, ao contrário, por demasiada densidade mental na maldade e nos vícios.
O L.E. 187 ensina que o Espírito será enviado para o outro mundo sem o seu corpo espiritual, vai apenas o seu Espírito (mente) e lá no outro mundo vai ser constituído um novo corpo espiritual com o fluído universal de aludido planeta.
A resposta da questão 94 do L.E. nos ensina que: “passando de um mundo para outro, o Espírito troca seu envoltório, como mudais de roupa”.
No comentário à resposta da questão 83 do L.E. de Kardec nos ensina que: “a existência do Espírito não tem fim”.
II.- DO MEDO DA MORTE
L.E. 961. Qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte: a dúvida, o medo, ou a esperança?
– A dúvida para os céticos endurecidos, o medo para os culpados e a esperança para os homens de bem.
Uma vez que a existência do Espírito não tem fim, por que as pessoas têm medo da morte?
O L.E. na resposta à questão 941 esclarece que ao justo a morte não inspira nenhum medo, porque, com a fé, ele tem a certeza do futuro; a esperança lhe faz esperar uma vida melhor, e a caridade, da qual praticou a lei, dá-lhe a certeza de que não reencontrará, no mundo em que vai entrar, nenhum ser do qual deva temer o olhar.
E Kardec, comentando a resposta da questão 941do L.E., nos diz que:
O homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças.
O homem moral, que se colocou acima das necessidades fictícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimenta prazeres que o homem material desconhece. A moderação de seus desejos dá ao seu Espírito calma e serenidade. Feliz pelo bem que fez, não há para ele decepções e as contrariedades deslizam sobre sua alma, sem deixar aí impressão dolorosa.
O livro O CÉU E O INFERNO, na 1ª Parte, Cap. 2: TEMOR DA MORTE: nos ensina que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, esse temor decresce, à proporção que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa.
Sucede algumas vezes pessoas religiosas e bem intencionadas passarem por grandes perturbações antes e depois da morte do corpo por incompreensão e ignorância, o que lhes seria dispensado em virtude dos méritos alcançados em vida; mas não podem aproveitar essa vantagem porque estão cheias de medos e não sabem o que fazer em seu próprio favor.
Um exemplo disto é a desencarnação de Cavalcante em OBREIROS DA VIDA ETERNA, de Autoria de André Luiz, Cap. 18: DESPRENDIMENTO DIFÍCIL, a saber:
No Capítulo 11: AMIGOS NOVOS, do livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, André Luiz nos conta que Cavalcante esteva internado num hospital e na sua cabeceira velava o Espírito do Irmão Bonifácio, que ajudava o doente.
Cavalcante era um homem que há mais de 60 (sessenta) anos tinha vindo da Colônia Espiritual de onde provinha o Irmão Bonifácio, ele disse que o encarnado era católico-romano abnegado e valoroso nos serviços do bem ao próximo e possuía dotes morais. Estava hospitalizado, abandonado pela parentela, que não concordava com suas ideias de renúncia às riquezas materiais, porém, não estava desamparado pela Divina Misericórdia. Ele tinha ulcerações no duodeno e o apêndice inflamado, quase a romper-se.
Apesar de suas qualidades morais, Cavalcante não possuía educação religiosa para perceber a presença dos espíritos para o intercâmbio desejável.
O Irmão Bonifácio explicou que tinha dificuldades em manter Cavalcante tranquilo, pela presença dos parentes desencarnados que o assediam de modo incessante, outrossim porque Cavalcante não se preparou para se libertar do jugo da carne, embora esquecido pela parentela, ele tem o pensamento em excessiva ligação com aqueles, o que lhe gera desequilíbrios.
No Capítulo 18 do livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, André Luiz relata que apesar dos médicos da Terra terem feito a operação no apêndice inflamado, a mesma foi feita tardiamente e a infecção estendia-se pelos todos os órgãos do corpo. Cavalcante não conseguia se alimentar, o intestino inspirava repugnância, tinha abundante hemorragia, o pâncreas não conseguia mais trabalhar, o mesmo acontecia com o estômago, e o fígado. No entanto, Cavalcante teimava em viver de qualquer modo no corpo físico.
Depois de 4 dias, Jerônimo (orientador da equipe de André Luiz) determinou que fossem desatados os laços que o retinham ao corpo de carne e o Bonifácio os auxiliava neste trabalho.
Cavalcante (que era católico), por meio de uma intuição vaga, sentiu que a hora do desenlace se aproximava, então, pediu para falar com um padre, queria se confessar.
O padre, em razão dos odores desagradáveis que desprendiam de Cavalcante, queria ficar o mínimo possível em sua presença.
Após se confessar Cavalcante afirmou que tinha “muito medo de morrer” (pag. 347), o padre já estava irritado, queria ir embora, entretanto, Cavalcante, passou a lhe dizer que sempre culpou a esposa, por tê-lo abandonado para ficar com outro homem; entretanto, agora, à beira da morte, pensava que tinha ele sido o culpado por tal atitude dela, por não ter lhe dado todo o carinho e atenção necessárias, por ter levado longe demais o propósito de viver para a religião católica; que a esposa lhe chamava de “padre sem batina”. E implorou ao padre que achasse sua esposa e a levasse até ele, a fim de que ele pudesse pedir-lhe perdão.
O padre não estava minimamente interessado em ajudá-lo e mandou que ele descansasse, o padre quis ir embora, no que foi impedido por Cavalcante, que queria conversar.
O padre se irritou e começou a falar com aspereza. Cavalcante, então, percebeu o descontentamento do padre calou-se.
O padre foi embora aliviado. Ao se afastar, o padre encontrou o médico, ao qual perguntou se Cavalcante não iria morrer logo, pois ele estava cansado.
O médico falou que os males de Cavalcante eram sem cura, e que ele estava considerando a opção da eutanásia. O padre respondeu que isto seria uma caridade, já que “o infeliz apodrece em vida…” (pág. 349), o médico abafou o riso franco e despediram-se.
Enquanto isto, Cavalcante tentava enxugar as lágrimas, a atitude do padre o fez ter a compreensão do estado deplorável de seu corpo e ele passou a sentir o cheiro desagradável das próprias vísceras. Ele estava tão angustiado e para tentar sentir um alívio pediu o comparecimento de uma irmã de caridade, pois imaginou que uma mulher poderia lhe dar o reconforto que o padre não soubera lhe dar.
No entanto, a irmã de caridade não trouxe melhor humor. Escutou-o segurando um desinfetante junto de seu nariz. Ele lhe falou sobre sua esposa e ao final ela asperamente mandou que ele tivesse fé e que no hospital havia outros doentes em piores condições. Como Cavalcante queria falar mais, ela secamente respondeu: “não tenho tempo” (pág. 351) e foi embora.
Ele deu curso a longo pranto silencioso, suas concepções católicas lhe geravam arrepios, tinha médio de ficar no inferno eternamente.
Jerônimo (orientador da equipe de André Luiz) através de recurso magnéticos tentou propiciar-lhe o sono, para que fora do corpo pudesse conversar com ele e lhe acalmar.
Entretanto, Cavalcante temia dormir e não acordar mais, estava com o pensamento fixo em ver a esposa e lhe pedir perdão, bem como, tinha muito medo de morrer.
Bonifácio comentou comovido que Cavalcante não sabia que sua esposa já tinha desencarnado havia mais de um ano, em decorrência da sífilis (pág. 353), e ele se agarrava ao corpo físico na esperança de vê-la antes da morte.
Jerônimo pediu a Bonifácio que trouxesse a esposa de Cavalcante, pois o enfraquecimento físico lhe aumentaria as percepções espirituais, a fim de que pudesse vê-la e dormir menos inquieto.
Passadas algumas horas, o estado físico de Cavalcante piorava, com isto abriu-lhe a percepção e ele passou a enxergar os desencarnados que lá (no hospital) estavam na mesma esfera evolutiva que ele, pensando estar no inferno.
No entanto, ele não registrou a presença da equipe de Jerônimo.
Os doentes e enfermeiros achavam que Cavalcante estava delirando e estavam na expectativa que Cavalcante morresse logo, pois a hemorragia estava abundante. Jerônimo ministrou-lhe recursos de reconforto até que o moribundo se aquietou.
Não passou muito tempo, Bonifácio chegou trazendo a esposa falecida, que parecia um verdadeiro fantasma, a qual ao vê-lo sentiu imenso terror e passou a gritar. Cavalcante viu-a e, com extrema ternura, pediu-lhe perdão, ouvindo-o, ela se aproximou mais do leito e lhe pediu perdão.
Entenderam-se. Cavalcante ficou satisfeito, se acalmou.
Nisto chegou o médico, Cavalcante feliz lhe disse que sua esposa havia chegado, o médico disse para a enfermeira é o delírio, precedendo o fim. Jerônimo falou a Bonifácio que retirasse a esposa de Cavalcante. Quando eles estavam saindo Cavalcante começou a gritar “volta, volta”. Em razão disto, o seu médico decidiu aplicar-lhe uma injeção letal.
Jerônimo e equipe tentaram agilizar o desenlace, porém Cavalcante gritava que não podia morrer, que tinha medo. O médico foi rápido e em instantes o moribundo calou-se.
Para o médico, Cavalcante estava morto, para a equipe espiritual socorrista, no entanto, a personalidade de Cavalcante estava presa ao corpo inerte.
Jerônimo disse que, em razão da alta carga da medicação, era impossível fazer o desenlace naquele momento, que deveriam esperar algo em torno de mais de doze horas.
Cavalcante foi transportado para o necrotério e, conforme Jerônimo previu, só foi possível a libertação de Cavalcante do corpo físico depois de vinte horas, através de serviço muito laborioso para a equipe socorrista.
Cavalcante foi retirado em condições sonolentas, apático e desmemoriado e foi conduzido à casa transitória de Fabiano.
III. – DO MOMENTO DA MORTE (“A MELHORA DA MORTE”)
É comum ouvirmos relatos de pessoas que estavam em avançado estado de doença, porém que inexplicavelmente melhoraram para logo depois falecerem. É o que se chama de “melhora da morte” Por que isto ocorre?
Para responder a esta pergunta utilizaremos da explicação trazida pelo livro OS MENSAGEIROS, de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no CAPÍTULO 50: A DESENCARNAÇÃO DE FERNANDO.
Fernando era um homem de cerca de 60 (sessenta) anos, que a leucemia aniquilava lentamente. No quarto onde estava o doente tinham alguns parentes aflitos, bem como um médico encarnado que estava examinando o moribundo.
Outrossim, tinham 2 (duas) entidades, que se aproximaram de Aniceto para pedir auxílio para retirar Fernando do corpo esgotado.
Uma delas tinha sido a genitora do moribundo. Ela esclareceu que estava ali, há muitas horas, à espera de Entidade que pudesse fazer o desenlace.
Disse também que estava tentando confortá-lo, porém sem êxito, já que Fernando estava absolutamente preso às sensações de sofrimento do corpo físico, como esteve sempre ligado no curso da existência apenas às satisfações do corpo.
Aniceto perguntou à referida mãe se ela estava incumbida de encaminhá-lo a algum asilo de socorro.
Ela lhe respondeu que apenas tinha obtido permissão para socorrê-lo nos últimos instantes, pois seus superiores a aconselharam a deixá-lo entregue a si mesmo durante algum tempo, a fim de que pudesse identificar os valores que desprezou. As lágrimas e os remorsos na solidão do arrependimento lhe gerariam calma e reflexão.
Nisto, apresentou-se um clínico espiritual, que disse ter recebido instruções para conduzir Fernando a uma casa de socorro, “onde poderá colher o melhor proveito do sofrimento”, já que em tal local ficará inacessível às influências inferiores e criminosas, embora situada em regiões baixas.
Aniceto disse-lhes que não tinham tempo a perder e que a aflição dos familiares encarnados poderia dificultar o desenlace, eis que todos emitiam recursos magnéticos em prol de Fernando.
André Luiz conta que “uma rede de fios cinzentos e fracamente iluminados parecia ligar os parentes ao enfermo quase morto” (pág. 309). Aniceto, no entanto, esclareceu que tais socorros eram inúteis para devolver-lhe o equilíbrio orgânico. E que precisavam neutralizar tais forças, as quais eram emitidas em razão da inquietação. Assim, se proporcionassem serenidade à família, tais forças seriam neutralizadas.
Razão pela qual Aniceto se aproximou de Fernando, tomando atitude de magnetizador, começou a operar a modificação do quadro do coma.
Passados alguns minutos, o médico encarnado anunciou aos parentes que os prognósticos tinham melhorado, que a pulsação inexplicavelmente estava quase normal, razão pela qual determinou à esposa de Fernando, Sra. Amanda e às 2 (duas) cunhadas e respectivos maridos que se retirassem e que fossem descansar. No aposento ficaram apenas o moribundo, um irmão (Sr. Januário) e o médico.
A melhora súbita tranquilizou a todos e, aos poucos, os fios cinzentos que se ligavam ao enfermo desapareceram completamente.
O irmão de Fernando abriu a janela do quarto, em busca de ar fresco, nisto sugiram no peitoril da janela 3 (três) espíritos com expressão diabólica, gritando “- como é o Fernando vem ou não vem?”
Aniceto lhes dirigiu um olhar sério e os mesmos desapareceram (Aniceto esclareceu a André Luiz que tais espíritos eram justamente as afeições a quem Fernando preferia enquanto na carne e que, por isto, o esperavam na volta ao plano espiritual. Só não entraram no quarto porque a presença maternal impedia referido assédio).
Passada meia hora, o médico e o Sr. Januário (irmão de Fernando) estavam tão seguros da melhora de Fernando que estavam conversando animadamente, disto se aproveitou Aniceto para começar a retirar o corpo espiritual de Fernando, desligando-o dos despojos, iniciando tal operação pelos calcanhares, terminando pela cabeça, a qual estava preso por extenso cordão, que Aniceto cortou com esforço, neste momento o corpo de Fernando deu um tremor.
A genitora do Fernando, mais uma outra entidade e o médico espiritual foram embora conduzindo o desencarnado ao Instituto de Assistência, enquanto isto, a família encarnada se debruçava em pranto sobre o cadáver.
IV- DOS TIPOS DE DESENCARNAÇÃO
O Livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, na Parte II, Fundamentos Espíritas, Capítulo 4: Princípios Doutrinários, item 13: Encarnação e Desencarnação, subitens 5 e 6, nos ensina que:
A morte deve ser considerada racionalmente como fenômeno natural que segue a vida. Se ela se mostra frequentemente complicada é porque criamos fatores adversos com o desvio de rumo certo no caminho evolutivo. O momento da morte em si, quando a vida acaba e o espírito parte, não é doloroso; não há o que temer, o corpo doente tomba inerte e o espírito liberta-se.
Porém, o fator moral tem uma influência decisiva nesse momento crucial: o medo da morte, o pavor do escuro, as sensações angustiantes, etc. provêm do estado íntimo da mente perturbada pelos erros acumulados durante anos.
Para uns, é alegre o desencarnar; lá estão amigos e parentes esperando para dar-lhes as boas vindas; para outros, é um triste mergulho no escuro, na solidão, nas mãos de inimigos, etc.
Tudo depende do estado de consciência e do estilo de vida adotado.
3 (Três) são os tipos de desencarnação reconhecidos.
1- A DESENCARNAÇÃO LENTA é a modalidade usual e ideal.
A pessoa adoece por prazo mais ou menos longo, entra em agonia durante algum tempo e, afinal, parte; teve, assim, um bom período para meditar sobre a via pregressa e para reformular pontos de vista, podendo fazer vários acertos – inclinar-se à modificação interior e ao preparo para a partida.
De qualquer modo, a separação é gradual e sem choques intensos. É uma benção.
Temos, consequentemente, a compreender a função amortecedora que as moléstias crônicas desempenham na preparação do ser humano para a morte. A doença prolongada, ao invés de ser uma desgraça como geralmente se diz, é, ao contrário, um fator de equilíbrio para os desencarnantes. Tudo se encadeia e tem razão de ser na obra divina! Nós é que, comumente, não a conseguimos alcançar pelo entendimento.
2- A DESENCARNAÇÃO SÚBITA merece anotações opostas.
O espírito desprevenido, sem preparo, apegado às coisas materiais e sensações físicas. Não pode deixar de sofrer com a morte de surpresa e de ficar fortemente abalado depois dela e por bastante tempo.
É um castigo; o choque é violento, custam a vir o esclarecimento e o equilíbrio, salvo nos casos de pessoas votadas ao bem geral.
3- A DESENCARNAÇÃO COLETIVA é igual e súbita, com a peculiaridade de processar-se em conjunto, por meio de desastres variados. Espíritos com débitos semelhantes reúnem-se para uma expiação coletiva, aproveitando uma oportunidade planejada para o desencarne súbito de vários ou muitos indivíduos.
O Livro AÇÃO E REAÇÃO, de André Luiz, Psicografia; Chico Xavier, Capítulo 18: Resgates Coletivos, nos mostra um exemplo de desencarnação coletiva:
– Silas explica os motivos pelo quais ocorreu um desencarne coletivo – num acidente aéreo sobre uma serra – e como as pessoas estão sendo assistidas pela Espiritualidade.
– As 14 (quatorze) vítimas, desencarnadas no doloroso desastre, estavam sendo assistidas e socorridas por uma equipe de espíritos pertencentes à colônia espiritual “Mansão Paz”.
– 8 (Oito) das vítimas permaneciam em choque algemadas ao corpo físico, mutiladas ou não.
– 4 (Quatro) das vítimas gemiam ligadas aos próprios restos mortais.
– 2 (Duas) das vítimas gritavam em crises de inconsciência ainda ligadas aos corpos físicos.
Silas explica o porquê, das 14 vítimas, somente 6 (seis) serem efetivamente desligadas dos seus corpos físicos e removidas do local:
– Algumas das vítimas serão detidas aos seus corpos físicos por algumas horas ou dias conforme o grau de atração fluídica que as prendiam aos seus corpos.
– Silas explica que apesar da assistência ser distribuída indistintamente, contudo, a morte é diferente para cada um.
– As vítimas são assistidas de acordo com os seus merecimentos e condições de equilíbrio em relação aos seus corpos físicos.
– A morte física não é o mesmo que emancipação espiritual.
– Silas explica as origens de provação a que se acolheram os acidentados: são delinquentes do passado, que atiraram pessoas indefesas do cimo de torres altíssimas ou que jogaram pessoas no mar ou suicidas que se jogaram de edifícios em rebeldia às leis divinas.
V- DO AMPARO NOS DESLIGAMENTOS DOS DESPOJOS CARNAIS
O livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de Autoria de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no Cap. 14, PRESTANDO ASSISTÊNCIA, Fabriciano, Espírito amigo, que estava presente no velório de Dimas, esclareceu a André Luiz que:
Todos os fenômenos do falecimento contam com o amparo da caridade relacionada às organizações de assistência indiscriminada; no entanto, a missão especialista dum grupo socorrista não pode ser concedida a quem não se distinguiu no esforço perseverante do bem (pág. 275)
E narrou um caso recente (ocorrido na semana que havia se findado) de uma de uma respeitável senhora, jovem ainda, e se dedicava no campo da benemerência social, razão pela qual foi ligada a dedicada corrente de serviço espiritual.
Verificando-se, contudo, pequenas rusgas entre ela e o esposo, e tendo conhecimento da imortalidade da vida, além do sepulcro, desejou a pobre criatura ardentemente morrer.
Tolas leviandades do marido bastaram para que maldissesse o mundo e a Humanidade. Não soube quebrar a concha do personalismo inferior e colocar-se a caminho da vida maior. Pela cólera, pela intemperança mental, criou a ideia fixa de libertar-se do corpo de qualquer maneira, embora sem utilizar o suicídio direto.
Conhecia os amigos espirituais a que se havia unido, mas, longe de assimilar-lhes os conselhos, lhes rejeitava as advertências fraternas.
E, tanto pediu a morte, insistindo por ela, entre a mágoa e a irritação persistentes, que veio a desencarnar em manifestação de icterícia complicada com simples surto gripal. Tratava-se de verdadeiro suicídio “inconsciente”, mas a senhora, no fundo, era extraordinariamente caridosa e ingênua.
Não se recebeu qualquer autorização para conceder-lhe descanso e muito menos auxílio especial.
Os benfeitores de nossa Esfera, apesar de eficiente intercessão em benefício da infeliz, somente puderam afastá-la das vísceras cadavéricas, há dois dias, em condições impressionantes e tristes.
Não havendo qualquer determinação de assistência particularizada, por parte das autoridades superiores, e porque não seria aconselhável entregá-la ao sabor da própria sorte, em face das virtudes potenciais de que era portadora, o diretor da comissão de serviço, a que se filiara a imprevidente amiga, recolheu-a, por espírito de compaixão, em plena luta, e ela se foi, a trabalhar por aí, ativamente, em condições muito mais sérias e complicadas.
Fabriciano, estampando belo sorriso, aduziu:
— Não frutifica a paz legítima sem a semeadura necessária. Alguém, para gozar o descanso, precisa, antes de tudo, merecê-lo. As almas inquietas entregam-se facilmente ao desespero, gerando causas de sofrimento cruel.
VI – DA DISPERSÃO DO FLUÍDO VITAL, APÓS A MORTE
A questão 70 do L.E. indaga: Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?
“A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos; o princípio vital volta à massa donde saiu.”
O Livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, na Parte II, Fundamentos Espíritas, Capítulo 4: Princípios Doutrinários, item 13: Encarnação e Desencarnação, subitem 8, nos ensina que:
Morrendo o corpo, vai-se desligando a alma. Isso pode se dar espontaneamente.
Todavia, em quase todos os casos, um espírito iluminado está presente para ajudar o desprendimento, que é gradativo.
Frequentemente, vários estão ali assistindo ao moribundo.
Formado o corpo espiritual… permanece um cordão fluídico unindo-o ao organismo vencido, que ainda mantém restos de energia vital; esta é procurada por infelizes sofredores votadas à prática do mal; o que André Luiz denomina vampirismo.
Por isso, durante o velório, permanece alguém categorizado para cuidar do recém liberto e impedir o assalto ao cadáver – exceto nos casos em que não houve ordem para amparar o desencarnante, que fica, então, entregue aos espíritos malfazejos (em vista dos males praticados por ele).
Perto do enterro, o assistente espiritual extrai, por meio de passes, os restos da vitalidade do corpo e os dispersa na atmosfera, impedindo que os desocupados dos cemitérios se utilizem deles como parasitas.
Sobre um exemplo de auxílio na dispersão do fluído vital, traz-se um trecho do livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de Autoria de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no Cap. 15: APRENDENDO SEMPRE:
Jerônimo, orientador da equipe socorrista de desencarnação, da qual André Luiz fazia parte, promoveu o desligamento do último laço que ligava Dimas-Espírito ao corpo inerte, qual seja, o cordão-prateado, após isto Dimas despertou. Sua genitora, que ali estava amparando-o, lhe esclareceu que ele tinha feito a passagem e que era para ele ficar sereno e confiante.
Dimas era médium que serviu com disciplina por muitos anos.
Ela lhe apresentou Jerônimo, informando-o que fora ele quem o havia desligado do corpo carnal. Dimas lhe agradeceu, embora estivesse se sentindo entre a alegria e a dor, a saudade e a esperança.
Sua mãe lhe disse que iriam acompanhar seus despojos até o cemitério, para aprendizado dele. Ela lhe mostrou seu corpo e mandou Dimas ter gratidão e respeito pelo veículo físico amigo. Sob a influência de Jerônimo, Dimas orou sentidamente, experimentando imensa consolação.
O cortejo fúnebre seguia, e eles iam ao fim, contando com cerca de vinte entidades desencarnadas. Dimas ia abraçado a sua mãe.
Ao chegarem no Cemitério, André Luiz narrou que as suas grades estavam cheias de espíritos em gritaria ensurdecedora, verdadeira concentração de desocupados que gritavam e faziam piadas. No entanto, ao perceberem a presença da equipe espiritual, desanimaram dizendo que não adiantava, pois Dimas era protegido.
Padre Hipólito que fazia parte da equipe socorrista, esclareceu a André Luiz que a função deles ali, não era de apenas levar aprendizado ao Dimas quanto à sua desencarnação, mas, também, era para promover a sua defesa, pois nos cemitérios geralmente ficam estes malfeitores atacando os cadáveres para lhes subtrair os resíduos vitais.
Logo após, Jerônimo, o orientador da equipe socorrista, inclinou-se piedosamente sobre o cadáver de Dimas, pois o caixão fora momentaneamente aberto antes do enterro, e através de passes magnéticos longitudinais (de cima para baixo), extraiu todos os resíduos de vitalidade dispersando-os na atmosfera comum, para que as entidades inferiores não se apropriassem deles.
VII- DAS DIFICULDADES E TORMENTOS DA DESENCARNAÇÃO (DESLIGAMENTO)
Há diferença entre morrer e desencarnar: a morte é física, mas a desencarnação é espiritual. O desligamento espiritual é o processo através do qual o Espírito desencarnante se afasta definitivamente do corpo físico que o abrigava durante a vida na Terra.
Allan Kardec, no comentário à resposta da questão 155 do L.E. nos explica que:
Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não períspirito, que do corpo se separa quando neste cessa a vida orgânica.
Entretanto, tal separação não se completa subitamente. Ocorre gradualmente e com uma lentidão muito variável, conforme os indivíduos.
Em uns é bastante rápida.
Em outros, naqueles, sobretudo, cuja vida foi toda material e sensual, o desligamento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de retorno à vida, mas uma simples afinidade do Espírito com o corpo, decorrente da importância maior que, durante a vida, o Espírito deu à matéria.
De forma que, quanto mais o Espírito se identificou com a matéria, mais ele sofre ao separar-se dela. Ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo.
Kardec explica que essa afinidade, persistente entre o Espírito e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.
Allan Kardec, no livro O CÉU E O INFERNO, na 2ª Parte, Capítulo Primeiro: O PASSAMENTO, nos ensina que:
8 — A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma.
A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais; ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E desde que a lentidão e a dificuldade do desprendimento estão na razão do grau de pureza e desmaterialização da alma, somente de nós depende o tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento.
Ainda Allan Kardec nos ensina que:
6 — Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância capital — a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. (…) A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.
À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono; as ideias são confusas, vagas, incertas; mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma.
Esse despertar, contudo, pode ser bem diverso:
Para uns, será calmo.
Para outros, será tétrico (que causa horror), aterrador e ansioso, é qual horrível pesadelo (tudo depende do estado moral do Espírito).
13 — O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido:
Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito.
Colhemos do livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de Autoria de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Cap. 15: APRENDENDO SEMPRE, um exemplo de um Espírito que ficou mais tempo em estado de perturbação, porque permaneceu ligado a seus despojos pelo cordão fluídico, em razão de sua inferioridade moral, a saber:
André Luiz, juntamente com o orientador Jerônimo e outros Espíritos, estava no Cemitério, acompanhando o enterro de Dimas, quando chamou sua atenção os soluços que ouvia em sepulcro próximo, razão pela qual foi lá para fazer uma observação direta.
Sentada sobre a terra fofa, infeliz mulher desencarnada, aparentando 36 (trinta e seis) anos, aproximadamente, mergulhava a cabeça nas mãos, lastimando-se em tom comovedor.
Com compaixão, André Luiz lhe perguntou o que sentia. Ela, com grandes olhos de louca, pediu auxílio a André Luiz, dizendo que não sabia diferenciar o real do ilusório. Disse que tinha sido levada a uma casa de saúde, onde entrou em tal pesadelo que ele estava vendo.
Ela tentava se reerguer, mas não conseguia. Pediu a André Luiz que a conduzisse à sua casa, junto de seu marido e filhinho. Disse-lhe que, se tal pesadelo continuasse, ela morreria, queria acordar, pediu-lhe que a acordasse.
André Luiz percebeu que ela não sabia que tinha desencarnado e considerou consigo próprio que naquelas condições de perturbação, ela não poderia ser útil ao marido e ao filho. Então, André Luiz lhe perguntou se já tinha feito uma oração, clamado pela Providência Divina.
Ela ficou mais nervosa, disse que estava cansada de ouvir padres, que queria um médico, pois não queria morrer, queria despertar daquele pesadelo.
André Luiz disse-lhe que Jesus era o médico infalível, por isto lhe indicava a oração como remédio necessário para que Jesus a curasse.
Nisto, a mulher ficou furiosa, tentou agarrar André Luiz com suas mãos cheias de manchas estranhas, porém sem conseguir alcançá-lo. Começou a gritar chamando seu marido dizendo que não aquentava mais apodrecer e da fúria aflita passou ao choro humilde.
André Luiz compreendeu que ela sentia todos os fenômenos da decomposição cadavérica, bem como, examinando-a percebeu que o cordão pendia-lhe da cabeça penetrando chão adentro.
Nisto se aproximou deles um Espirito, que se identificou como trabalhador do posto de assistência espiritual daquele cemitério. Ele disse a André Luiz que não se afligisse, o que o deixou perturbado, pois ele se indagava como não se preocupar com uma mulher que se declarava esposa e mãe? Como não tentar consolá-la, esclarecê-la? O senhor disse-lhe que compreendia a estranheza, e que deveria ser a primeira vez que ele frequentava um cemitério, faltando-lhe experiência. André Luiz se acalmou e percebeu que o cemitério, apesar de estar repleto de entidades inferiores, não estava desprovido de servidores do bem.
Referido senhor explicou a André Luiz que tinha 4 (quatro) trabalhadores para atender a todas as necessidades de serviço no local (ele era um deles), e que zelavam pela solução de todos os problemas fundamentais.
No entanto, não podiam esquecer o imperativo de sofrimento benéfico para todos aqueles que lá chegavam após o desprezo da vida humana.
André Luiz falou-lhe que queria auxiliar aquela mulher. O trabalhador prestimoso disse que era inútil, porque referida mulher permanecia sob alta desordem emocional. Completamente louca.
Viveu 30 (trinta) e poucos anos na carne, absolutamente distraída dos problemas espirituais que nos dizem respeito.
Gozou, à saciedade, na taça da vida física.
Após feliz casamento, realizado sem qualquer preparo de ordem moral, contraiu gravidez, situação esta que lhe mereceu menosprezo integral.
Aproveitando-se deste período para cometer extravagâncias precipitando-se em condições fatais. O resultado foi mortal. Findo o parto difícil, sobrevieram infecções e febre maligna, destruindo-lhe o organismo. Nos últimos instantes, o choro do filhinho tenro despertou-lhe os instintos de mãe e ela combateu ferozmente com a morte, mas foi tarde.
Encontra-se ligada aos despojos por conveniência dela própria, tem dado preferência à inconformação.
Vários amigos visitadores, em tarefa de benefício aos recém-desencarnados, têm vindo tentando libertá-la, ela porém, não sabe assumir a menor atitude favorável ao estado receptivo do auxílio superior.
Ela exige que o cadáver se reavive e supõe-se em atroz pesadelo, quando nada mais faz senão agravar a desesperação.
Os benfeitores, desse modo, inclinam-se à espera da manifestação de melhoras íntimas, porque seria perigoso forçar a libertação, pela probabilidade de entregar-se a infeliz aos malfeitores desencarnados.
André Luiz, perguntou ao trabalhador se poderia, ao menos, cortar o laço fluídico que a ligava ao corpo em decomposição, a fim de que não mais conservasse a impressão de ligamento com a matéria em decomposição. O Trabalhador operoso disse-lhe que não poderia ser, tinha ordens para que isto não fosse feito, pois se desatassem a algema benéfica, ela regressaria, intempestiva, ao lar, como possessa de revolta, a destruir o que encontrasse.
E ela não tem direito, como mãe infiel ao dever, de flagelar com a sua paixão desvairada o corpinho do filho pequenino e, como esposa desatenta às obrigações, não pode perturbar o serviço de recomposição psíquica do companheiro honesto que lhe ofereceu no mundo o que possuía de melhor. “É da lei natural que o lavrador colha de conformidade com a semeadura.”
O trabalhador explicou que quando ela acalmar as paixões vulcânicas que lhe consomem, quando humilhar o coração voluntarioso, de modo a respeitar a paz dos entes amados que deixou no mundo, então será libertada e dormirá sono reparador, em estância de auxílio que nunca falta ao necessitado reconhecido às bênçãos de Deus.
André Luiz diz que “a lição era dura, mas lógica” (pág. 303), e enquanto ele conversou com o trabalhador operoso, a mulher, alheia a conversação, prosseguia gritando, como uma louca hospitalizada em prisão dolorosa.
VII.- DA DESENCARNAÇÃO SEM DIFICULDADES E TORMENTOS
Para exemplificar o caso de que o Espírito se desprendeu naturalmente do seu corpo físico, colhemos também do livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, o caso de Fábio, no Capítulo 16: Exemplo Cristão, a saber:
VII. I.- DA DESENCARNAÇÃO DE FÁBIO
O Orientador Espiritual Jerônimo e André Luiz foram até a residência de Fábio, que se situava num bairro pobre da cidade do Rio de Janeiro, para auxiliá-lo no processo desencarnacionista.
Jerônimo esclareceu que Fábio não exigiria cooperação complexa, já que ele se preparou para a desencarnação, não somente a si mesmo, mas, também, os seus familiares. Naquela residência pequena e humilde, havia paz e silêncio, harmonia e bem-estar. Lá estavam os seguintes amigos espirituais, a saber:
1- Aristeu Fraga, conhecido pessoal de Jerônimo, que recebeu André Luiz e Jerônimo com abraço fraternal e explicou que estava ali para fazer visita ao enfermo, então, nas últimas horas do corpo material.
2- Silveira, genitor de Fábio na Terra, ele estava ali se colocando à disposição para colaborar com Jerônimo e André Luiz;
Silveira estava satisfeito ao informar que seu filho (Fabio) organizara tudo para sua desencarnação e que se submetia dócil aos desígnios superiores. Contou que:
– Fabio teve existência modesta, tinha corpo franzino e doente desde a infância, sofreu dificuldades sem conta, praticou o culto da espiritualidade redentora vivendo o Evangelho do Cristo;
– Fabio se esforçou pela tranquilidade familiar, conseguiu iluminar a mente da esposa (Dona Mercedes) e construir bases sólidas no espírito dos filhinhos, orientando-os para o futuro;
– Fabio deixava a esposa e dois filhinhos amparados na fé viva, e, embora não lhes deixasse facilidades econômicas, afastava-se do corpo físico confortado, porque aproveitou todos os recursos que a Esfera superior lhe havia concedido.
– Que, em razão do trabalho em oficina mecânica que Fabio contraiu tuberculose pulmonar
Jerônimo informou que Fábio estava desencarnando na ocasião prevista.
Silveira esclareceu que a constituição franzina e doente do corpo físico de Fabio se deu em razão de expiação, porque em existência anterior Fabio e ele (o pai) eram fazendeiros na antiga nobreza rural fluminense. Fábio, noutro nome e noutra forma, era igualmente filho de Silveira. Fabio era excessivamente rígido para com os escravos, alojava-os na senzala, com severidade rigorosa, onde muitos morreram em virtude do ar viciado pela construção deficiente que Fábio conservou inalterável, simplesmente para manter ponto de vista pessoal.
Jerônimo determinou que fosse prestada a assistência possível ao Fabio para que naquela oportunidade o mesmo fosse afastado definitivamente do corpo carnal.
Foram ao quarto de Fabio que se encontrava fundamente abatido, respirando com esforço, demonstrando indefinível mal-estar, junto dele, a esposa velava, atenta.
Jerônimo e Aristeu passaram a aplicar passes longitudinais no enfermo, observando que deixavam as substâncias nocivas à flor da epiderme, abstendo-se de maior esforço para alijá-las de vez.
Finda a operação, Jerônimo esclareceu que Fábio estava muito enfraquecido, agonizando quase, assim, para beneficiá-lo e para que não lhe aumentasse o cansaço, as substâncias retidas nas paredes da pele seriam absorvidas pela água magnetizada do banho, que logo ocorreria.
Fabio atendendo à influenciação dos amigos espirituais, que lhe davam intuições, solicitou à esposa, o desejo de leve banho morno, no que foi atendido em reduzidos instantes.
Jerônimo e Aristeu ministraram à água pura certos agentes de absorção e durante o banho a matéria fluídica prejudicial foi integralmente retirada das glândulas sudoríparas. Terminado o banho, o enfermo voltou ao leito, em pijama, de fisionomia confortada e espírito bem disposto.
Reuniram-se no quarto Fabio, a esposa (MERCEDES) e os dois filhinhos, e Fabio auxiliado pelo seu pai (Silveira) abriu a Bíblia Sagrada, na Primeira Epístola de Paulo de Tarso aos Coríntios e leu o versículo quarenta e quatro do capítulo quinze:
— “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Há corpo animal, e há corpo espiritual.”
Após curto silêncio, Fabio iniciou uma prece, sob a influência de seu genitor (Silveira), transmitiu à esposa e aos filhinhos palavras de fortalecimento, coragem e conformação com sua iminente desencarnação. Falando que em breve tempo, estaria ele reunido com os que partiram antes para a Vida Maior e que de lá os esperaria.
Depois disto Fabio se recostou nos travesseiros e o filhinho mais velho fez a prece final. Após, a pequena família recolheu-se. O enfermo sentia-se singularmente melhorado, bem disposto. As crianças dormiram sem demora e foram, por Aristeu, conduzidas, fora do corpo físico, a uma paisagem de alegria, de modo a se entreterem, descuidadas… A sós com o doente e a esposa, que tentavam conciliar o sono, foi iniciado o serviço de libertação.
Enquanto Silveira amparava o filho, com extremo carinho, Jerônimo aplicou ao enfermo passes anestesiantes. Fábio sentiu-se bafejado por deliciosas sensações de repouso. Em seguida, o Assistente deteve-se em complicada operação magnética sobre os órgãos vitais da respiração e observei a ruptura de importante vaso. O paciente tossiu e, num átimo, o sangue fluiu-lhe à boca aos borbotões. Fabio falou com tranquilidade para a esposa que ela poderia chamar o médico, mas que não se preocupasse, porque era justamente o fim.
Enquanto isto, Jerônimo prosseguia separando o organismo perispiritual do corpo débil. Um vizinho atendendo pedido de Dona Mercedes saiu prestativo, em busca do clínico especializado. O médico não tardou, e tentou de tudo, porém o sangue, em golfadas rubras, fluía sempre, sempre…
Jerônimo continuava o processo de libertação com facilidade. Depois da ação desenvolvida sobre o plexo solar, o coração e o cérebro, desatado o nó vital, Fábio fora completamente afastado do corpo físico. Por fim, brilhava o cordão fluídico-prateado, com formosa luz. Amparado pelo genitor, o recém-liberto descansava, sonolento, sem consciência exata da situação. E uma hora depois da desencarnação, Jerônimo cortou o apêndice luminoso.
— Está completamente livre — declarou meu orientador, satisfeito.
O pai enternecido depositou sobre a fronte do filho desencarnado, em brando sono, um beijo repassado de amor e entregou-o a Jerônimo, porque ele não queria que o filho o reconhecesse de pronto, pois não era aproveitável ele se recordasse agora do passado.
Silveira disse que vai ao encontro do filho mais tarde, quando Fabio tiver de partir da instituição socorrista para as zonas mais altas. Silveira falou para Jerônimo que ele já poderia levar Fabio embora, que ele (Silveira) se incumbiria de velar pelo cadáver, inutilizando os derradeiros resíduos vitais contra o abuso de qualquer entidade inconsciente e perversa. E assim foi feito, partindo Jerônimo e André Luiz conduzindo Fabio, sublime exemplo cristão, que subia vitorioso, da Terra.
VIII.- DAS LIÇÕES DE COMO SE DEVE COMPORTAR NUM VELÓRIO
O Livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, na Parte II, Fundamentos Espíritas, Capítulo 4: Princípios Doutrinários, item 13: Encarnação e Desencarnação, subitem 8, nos ensina que:
Velório e enterro têm cortejo humano e espiritual.
A usual atitude dos vivos, consistente em comer, beber e conversar descuidadamente gera sérios inconvenientes, em certos casos. Assuntos obscenos e malévolos atraem entidades perversas, cuja presença perturba o novo desencarnado; histórias reais menos dignas podem evocar participantes hoje situados nas trevas, acarretando complicações para o trabalho em curso.
A única atitude realmente capaz de ajudar o morto é o respeito acompanhado de oração em sua intenção; isto é um alívio para ele, que sempre está mais ou menos angustiado, sendo, também, um auxilio para os demais.
O séquito espiritual depende do nível moral da pessoa, bem como da atuação que teve e dos compromissos assumidos, seremos procurados pelos que sintonizam conosco, pelos nossos associados ou por aqueles que desejam acertar velhas contas conosco, ainda pendentes de solução.
O livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de Autoria de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 14: PRESTANDO ASSISTÊNCIA, nos dá lições de como os encarnados devem se comportar em um velório: em oração e silêncio!
André Luiz pediu autorização a Jerônimo para visitar a casa de Dimas, onde o mesmo acabara de desencarnar e onde ocorreria o seu velório. Seu objetivo era aprender qual a condição dos recém-desencarnados antes do enterro. Jerônimo anuiu.
Era noite, lá chegando, André Luiz verificou que a casa estava repleta de amigos e simpatizantes, encarnados e desencarnados. E que não tinha serviço de defesa, de forma que havia trânsito livre para qualquer grupo.
Num canto recuado estava Dimas (Espírito), no colo de sua genitora, sendo que ele ainda estava ligado ao corpo pelo cordão fluídico-prateado. Junto deles havia 2 (dois) amigos que cuidavam dele. O corpo de Dimas estava sendo velado na sala ao lado.
A mãe de Dimas apresentou André Luiz aos 2 (dois) amigos, falando, em seguida, que:
– os resíduos que o ligam ao cadáver já estavam quase extintos. Ela disse que seria muito fácil a eliminação de tais resíduos, se houvesse maior cooperação por parte dos encarnados, os quais ao se debruçarem sobre o caixão, em pranto, ficam chamando Dimas ao cadáver, dificultando-lhe o completo desligamento.
– por isto que ela insistia para que Dimas dormisse, ainda que seu sono (que poderia ser calmo e doce) estivesse povoado de pesadelos, decorrentes da incidência sobre a mente de Dimas das imagens contidas nas conversas.
– tinham alguns parentes e amigos que tão acostumados com as conversações sem proveito que lembravam com tanto calor e vigor certos fatos que acabavam por atrair ao velório alguns dos protagonistas já desencarnados.
Fabriciano, um dos amigos que assistiam Dimas, falou para André Luiz que fosse na sala ao lado verificar.
André Luiz notou que junto ao pé do caixão estavam amigos que guardavam silêncio, porém a poucos passos estavam pessoas comentando anedotas, pequenas e grandes ocorrências da vida de Dimas.
André Luiz parou ao lado de um grupo, no qual um senhor muito idoso alegou que Dimas, há cerca de 30 (trinta) anos, tinha sido testemunha ocular de um crime pavoroso, que nunca foi desvendado pela Justiça dos homens. Atiçando a curiosidade dos demais passou a relatar, enunciando nomes, datas e pormenores narrados com malícia e ironia.
Narrou que, naquele tempo, Dimas, que levava vida simples e humilde, era vizinho de uma família muito tradicional e conceituada. Certa noite, Dimas viu quando um conhecido chefe político saiu daquele palacete, pelos fundos, despedindo-se da senhora que era casada, com o respeitável amigo do político.
Quando o político já estava na rua percebeu que tinha um modesto operário que o vira saindo e se despedindo calorosamente da amante. O político alcançou o operário, ameaçando-o de morte. O operário jurou que não contaria nada para ninguém, disse-lhe que tinha mulher e filhos, suplicou pela vida. Tudo em vão, pois o político o matou com um tiro no coração.
Nisto, Dimas que via tudo, à curta distância deu um grito, que foi ouvido pelo assassino, que o reconheceu. Dimas correu para auxiliar a vítima e o político fugiu. Outras pessoas ouviram o tiro e foram à rua. Dimas, apesar de ter visto tudo nada revelou à ninguém, tampouco à polícia e o caso policial foi encerado como suspeita de latrocínio.
Dimas agiu assim, pois pensou ser melhor o silêncio a um escândalo já que se tratavam de famílias tradicionais e políticas. O senhor idoso que narrava os fatos, disse que veio a tomar conhecimento dos mesmos através do padre F, que ouviu tudo do político assassino em confissão, antes de sua morte.
O senhor idoso para concluir disse que agora todos iriam se encontrar e a justiça seria feita, já que morreram todos: a vítima, a mulher adúltera, o político assassino, e agora a testemunha (Dimas).
Nisto surgiu horrível espírito acompanhado de outros, era o político assassino, indagando ao senhor idoso o que ele queria dele, porque narrava sua história, se acaso o idoso era um juiz. E percebendo pelo cheiro das flores que estava num velório, o político assassino foi até o caixão, onde viu que era o corpo de Dimas, o que lhe gerou surpresa. Ele ajoelhou-se no chão e começou a gritar por Dimas, que ele aparecesse e que lhe socorresse, pois ele tinha sido muito caridoso ao não contar tudo o que viu.
Neste momento diversas entidades sofredoras se colocaram ao lado dele. A agitação e descontrole eram imensos, daí o amigo de Dimas, Fabriciano, apareceu e ordenou que o grupo se retirasse, no que foi obedecido.
Fabriciano esclareceu a André Luiz, que o político assassino e os sofredores adentraram no velório pela invocação provocada pela narrativa do senhor idoso, dando-lhe o nome de invocação direta.
Dimas, apesar da sua dedicação à prática do bem e no esforço de cumprir a obra coletiva se descuidou de incentivar seus familiares à prática da oração no santuário doméstico. Por isto, Dimas tem defesas pessoais (Fabriciano e o outro amigo), entretanto, a residência fica à disposição de visitação de qualquer entidade.
Fabriciano inclusive falou que Dimas não chegou a ver, nem a ouvir, todo o ocorrido, no entanto, sentiu choques desagradáveis através do cordão–prateado, sentiu angústia, aflição.
Por isto, Fabriciano esclareceu que, em velórios, os encarnados devem trazer pensamentos amigos e reconfortadores aos recém-desencarnados. E que os indigentes, cujos corpos ficam no necrotério solitário agudando o enterro, são muito mais felizes.
Neste momento, a esposa de Dimas teve um acesso de pranto, indo chorar junto ao corpo no caixão e pelo fio-prateado estabeleceu-se contato da esposa com o Espírito de Dimas, nisto Dimas se ergueu cambaleante dirigindo-se ao caixão, estava semilouco.
Imediatamente Fabriciano aplicou energias de prostração na esposa de Dimas, a qual foi conduzida ao leito por familiares e Dimas Espírito voltou ao colo de sua mãe.
André Luiz conclui dizendo que aprendeu que os velórios não devem ser pontos de referência à vida social, mas sim, recinto consagrado à oração e ao silêncio.
Na REVISTA ESPÍRITA — ANO I — DEZEMBRO DE 1858: “UM ESPÍRITO NOS FUNERAIS DE SEU CORPO – ESTADO DA ALMA NO MOMENTO DA MORTE”, Allan Kardec nos conta a ocorrência de um Espírito que foi visto e ouvido na presença de seu corpo, seja na câmara mortuária, seja na igreja, durante o serviço fúnebre:
(…) O Sr. X… acabava de ser acometido de um ataque de apoplexia (Acidente Vascular Cerebral – AVC); algumas horas depois de sua morte o Sr. Adrien, um de seus amigos, achava-se na câmara mortuária com a esposa do defunto; viu o Espírito deste, muito distintamente, caminhar em todos os sentidos, olhar alternadamente para seu corpo e para as pessoas presentes e, depois, assentar-se numa poltrona; tinha exatamente a mesma aparência que possuía em vida; vestia-se do mesmo modo: sobrecasaca e calça pretas; tinha as mãos no bolso e o ar preocupado.
Durante esse tempo sua mulher procurava um papel. Olhando-a, o marido disse: “Por mais que procures, nada encontrarás.” Ela nada suspeitava do que então se passava, pois o Sr. X… era visível apenas ao Sr. Adrien.
3 — No dia seguinte, durante o serviço fúnebre, o Sr. Adrien viu novamente o Espírito do amigo vagando ao lado do caixão, embora não mais portasse a roupa da véspera; fazia-se envolver por uma espécie de túnica, estabelecendo-se entre ambos a seguinte conversa:
p. Dize-me uma coisa, meu caro Espírito: que sentes agora?
Resposta. – Bem e sofrimento.
p. Não compreendo isso.
Resposta. – Sinto que estou vivendo minha verdadeira vida e, no entanto, vejo meu corpo aqui neste caixão; apalpo-me e sinto que vivo, que existo. Sou, pois, dois seres? Ah! Deixai-me sair desta noite: tenho pesadelo.
p. Permanecerás por muito tempo assim?
Resposta. – Oh! Não; graças a Deus, meu amigo; sinto que logo despertarei. De outro modo seria horrível; tenho as ideias confusas; tudo é nevoeiro; sonho na grande divisão que acaba de ser feita… e da qual ainda nada compreendo.
p. Que efeito vos produziu a morte?
Resposta. – A morte! Não estou morto, meu filho; tu te enganas. Levantava e, de repente, fui tomado por uma escuridão que me desceu sobre os olhos; depois me ergui: julga o meu espanto ao me ver e me sentir vivo, percebendo, ao lado, sobre a laje, meu outro ego deitado. Minhas ideias eram confusas; vi chegar minha esposa, velar-me, lamentar-se, e me perguntei: Por quê? Consolei-a, falei-lhe, mas não respondia nem me compreendia; foi isso que me torturou, deixando-me o Espírito ainda mais perturbado. Somente tu me fizeste o bem, porque me ouviste e compreendes o que quero; tu me auxilias a pôr em ordem minhas ideias e me fazes um grande bem; mas por que os outros não fazem o mesmo? Eis o que me tortura… O cérebro está esmagado em face dessa dor… Irei vê-la; quem sabe ela me entenda agora… Até logo, caro amigo; chama-me e irei ver-te… Far-te-ei uma visita de amigo… Surpreender-te-ei… Até logo.
4 — A seguir o Sr. Adrien o viu aproximar-se do filho, que chorava. Curvou-se sobre ele, permaneceu alguns instantes nessa posição e, depois, partiu rapidamente. Não havia sido entendido, mas imaginava, por certo, ter produzido um som. O Sr. Adrien estava persuadido de que aquilo que dizia o Sr. X… chegou até o coração do filho, pois, mais tarde viu que o rapaz estava mais calmo.
Observação – (…) Enquanto todos acreditam ter diante de si um corpo inerte, ele vê e escuta tudo quanto se passa à sua volta, penetra o pensamento dos assistentes e sabe que, entre si e estes últimos, a única diferença que existe é a visibilidade e a invisibilidade; as lágrimas hipócritas dos ávidos herdeiros não o enganam. Quantas decepções devem os Espíritos experimentar nesse momento!
IX.- DEPOIS DA DESENCARNAÇÃO
O Livro EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, na Parte II, Fundamentos Espíritas, Capítulo 4: Princípios Doutrinários, item 13: Encarnação e Desencarnação, subitem 9, nos ensina que:
É muito variável o destino do espírito após a separação do corpo físico. Numerosas circunstâncias da vida e estados da mente influenciam nisso.
O modo de conduzirem-se, as aspirações, a autoeducação, o respeito ao próximo, o serviço prestado e coisas assim são fatores determinantes.
Em primeiro lugar, são raros os espíritos recém desencarnados que não passam por um período mais ou menos prolongado de perturbação da consciência. No momento mesmo da separação, como num filme rápido, o desencarnante revê toda a sua vida em resumo.
Depois, entra em obscurecimento mental e fica numa espécie de sonolência que pode ser perturbada por recordações desagradáveis. Se merecer, estará amparado durante tal ocasião. Esse estado pode durar de algumas horas até muitos anos, na dependência do nível de moralidade, dos deveres cumpridos e dos serviços prestados ao próximo na área do bem desinteressado.
Para poucos, os olhos fluídicos abrem-se na luz de imediato.
Para muitos, a perturbação é pequena e sem importância.
Para inúmeros, ela é longa e penosa com pesadelos.
Assim, muitos espíritos “dormem” demoradamente após a passagem daqui para lá (ficam em torpor agitado).
Não são poucos os que, tendo negado sistematicamente a imortalidade e a realidade espiritual, tão convencidos estão do nada que, ao desencarnarem, realmente mergulham na nulidade: sentem-se anulados e ficam inertes.
Espíritos dessa ordem são recolhidos em instituições de socorro derivadas da Providência Divina, do contrário, ficariam vagando ao léu.
Uma quantidade apreciável não consegue abandonar o campo doméstico e ai permanece crendo-se vivos e agindo como se o fossem. Sua imaginação aos lares deve-se à sintonia de vibrações viciadas com os parentes na carne, tão transtornados quanto eles. A obsessão é recíproca e inconsciente.
Há os que permanecem presos ao corpo em decomposição sofrendo terrivelmente com o trabalho dos microorganismos. Se libertados, cairiam sobre a família. Semelhante expiação (comum também aos suicidas) provém de que o cordão fluídico que une espírito e cadáver só pode ser cortado por uma entidade esclarecida e capaz disso, estando, ao demais, autorizada, a tanto.
Antes do enterro, o assistente espiritual separa a ambos secionando o cordão.
Entretanto, estando o infeliz entregue a si mesmo, não aparece ninguém para o caridoso mister, senão ao cabo do prazo marcado.
Alguns irmãos chegam a perder o perispírito e vagam no Umbral sobre a forma de ovóides, conforme descreve André Luiz em Libertação (no Capítulo 6: Observações e Novidades); é produto do mal contumaz.
Muitos escapam do corpo e correm para o Umbral ou descem para as Trevas. Quantidades de nossos irmãos têm vergonha de si mesmos e não suportam a luz; por isso, procuram a sombra e núcleos inferiores onde possam manter seus desejos e inclinações. Aí é o lugar dos revoltados e delinquentes.
Finalmente – já não era sem tempo! – existem aqueles que ascendem as esferas superiores. Poucos, por ora. Antes da subida passam pequena temporada de readaptação em casas transitórias que são instituições de atendimento a necessitados e onde vigora um ambiente favorável. Tal é em resumo, a informação básica sobre a morte e a passagem para o outro lado da vida.
O livro O CONSOLADOR na questão 149 pergunta:
“— Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?”
Emmanuel esclarece que, se a existência terrestre deste homem foi de trabalho e de amor a Deus, a transição do Plano terrestre para a Esfera espiritual será sempre suave. E poderá encontrar imediatamente aqueles que foram objeto de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de evolução.
Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra saturados de obsessões pelas posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis não encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura. Suas percepções, restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores negativos, impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro.
É por isso que, tantas vezes, vemos Espíritos sofredores e perturbados fornecendo a impressão de criaturas desamparadas e esquecidas pela Esfera da bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos sagrados desígnios de Deus.
X- DA MORATÓRIA TERRENA
No livro O CONSOLADOR, na questão 146 pergunta-se: É fatal o instante da morte?
— Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra.”
O L.E. na resposta a questão 853, nos ensina que “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos.”
Na resposta à questão 853, “a” do L.E., questão nos é explicado que: “Quando soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência.”
O livro O CÉU E O INFERNO, 2ª Parte, ESPÍRITOS EM CONDIÇÕES MEDIANAS, Capítulo 3, Srª ANNA BELLEVILLE, traz a seguinte pergunta: “Poderá uma pessoa, por esforço da própria vontade, retardar o momento de separação da alma do corpo?” – A Resposta é do Espírito São Luís:
— Certamente, em dadas condições, pode um Espírito encarnado prolongar a existência corporal a fim de terminar instruções indispensáveis, — é uma concessão que se lhe pode fazer.
Porém, esta dilação de vida é breve, é uma sustação momentânea apenas.
Preciso é, no entanto, que da possibilidade do fato não se conclua a sua generalidade. Essa dilação ocorre como provação para o Espírito ou no interesse de missão a concluir.
SÃO EXCEPCIONAIS E NÃO FAZEM REGRA.
Às vezes pode ser também uma espécie de castigo infligido ao Espírito duvidoso do futuro, esse prolongamento de vitalidade com o qual tem necessariamente de sofrer.
Como exemplo tem-se o caso de Albina, narrado no livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 17: ROGATIVA SINGULAR, informa-se que Albina é respeitável senhora de idade avançada, moradora da Cidade do Rio de Janeiro, em confortável apartamento, de elegante bairro.
É dedicada à formação cristã de jovens evangélicos protestantes. Viúva desde cedo, consagrou-se ao labor educativo na Igreja Presbiteriana às crianças e aos jovens.
Estava enferma, com doença do coração e prestes à desencarnação, no entanto, a Sra. Albina foi autorizada a permanecer na crosta terrestre por mais tempo, por ter sido sua desencarnação adiada, em atendimento de rogativa, que foi acolhida, porque acima das circunstâncias comuns paira o interesse coletivo. De forma que, ao invés de auxiliar a sua desencarnação, Jerônimo e equipe iriam dar-lhe forças para se demorar mais na carne, “enquanto perdurasse a causa que a motiva” (pág. 334).
André Luiz quis saber quem havia feito a prece, que foi acolhida, se eram as suas alunas ou as suas filhas, que fizeram a Espiritualidade conceder uma moratória a Albina.
O Mentor Jerônimo após aplicar passes de restauração e fornecer forças à enferma, afirmando que poderiam confiar em grande melhora, que persistiria por alguns meses, esclareceu que a prece fora feita pelo menino Joãozinho, com cerca de 8 (oito) anos, que era considerado neto de Albina, mas que na realidade fora uma criança adotada pela sua filha, a Sra. Loide, que o encontrou em sua porta.
Jerônimo informa que Joãozinho se tratava de um abnegado servo de Jesus, que reencarnara em missão do Evangelho, com largos créditos na retaguarda, e que estava ligado à família de Albina há muitos séculos.
A prece de Joãozinho foi acolhida, porque possui grande significação para o futuro, já que a filha de Albina, Sra. Loide estava grávida de uma menina, que é abençoada companheira de Joaozinho de muitos séculos. Ambos possuem admirável passado de serviço na Terra. E escolheram esta nova reencarnação para exercerem o trabalho de continuadores da obra de educação evangélica. Jerônimo informa que ambos não são espíritos purificados, nem redimidos, mas são trabalhadores valiosos com suficiente crédito moral, para a obtenção de oportunidades mais altas.
E, apesar da condição infantil de Joãozinho, em desdobramento, ele tendo ciência da iminente desencarnação de Albina compreendeu que isto geraria possível aborto de Loide, o que comprometeria o trabalho a ser desenvolvido junto com a filhinha de Loide. Assim, socorreu-se da prece, que foi atendida e a moratória foi concedida.
Um outro exemplo de moratória é o caso de Antonio, narrado no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ, de Autoria de ANDRÉ LUIZ, psicografia de Chico Xavier, no Capítulo 7: Socorro Espiritual, informa-se que Antônio está gravemente enfermo, prestes à desencarnação, porém sua mãe Justina (desencarnada), roga ao Orientador Alexandre, em prol de seu filho Antônio, de 70 anos, a concessão de uma moratória, pois ela acredita que, se ele tiver cerca de mais 2 (dois) meses na carne, ela, indiretamente, conseguirá, que ele promova a solução de todos os problemas que afetam a paz da família
Antônio sofria de perturbações circulatórias, decorrentes de pensamentos muito desregrados, apesar do bom coração. Trazia para o leito de repouso tantas preocupações descabidas, tanta angústia desnecessária, que as suas criações mentais se transformavam em verdadeiras torturas. É tão grande o seu desequilíbrio interior, que seu cérebro estava sob a ameaça dum derramamento mortífero.
Alexandre, André Luiz e a Sra. Justina foram até a residência de Antonio, lá o orientador Alexandre, em prece, convocou alguns irmãos em serviço, em referida noite, para auxiliar no atendimento ao Antônio.
Nisto chegou o grupo do Irmão Francisco, composto de oito (oito) entidades. Alexandre solicitou a Francisco as emanações de algum dos nossos amigos encarnados, cujo veículo material estivesse naquele momento em repouso equilibrado. Como o estado de Antônio era gravíssimo, Alexandre disse a Francisco que era preciso muito critério na escolha do doador de fluidos, era necessário alguém “suficientemente equilibrado no campo mental.”
Francisco disse que tinha um senhor, o Afonso, que atendia a tal critério. Foi buscá-lo. Enquanto isto o seu grupo auxiliaria a ação curativa, emitindo forças de colaboração magnética, através da prece. Não decorreu muito tempo e Francisco voltou trazendo Afonso, encarnado em desdobramento.
Alexandre pediu a Afonso que colocasse ambas as mãos na fronte do enfermo e que se conservasse em oração. Enquanto isto Alexandre agiu como verdadeiro magnetizador, transferindo vigorosos fluidos de Afonso para o organismo de Antônio, já moribundo.
Depois de um quarto de hora, estava finda a laboriosa intervenção magnética. Alexandre informou a Sra. Justina que conseguiram socorrer o Antônio, o qual teria, no máximo, cinco meses a mais, de permanência na Terra. E, uma vez que ela pleiteou o auxílio para ajudá-lo a resolver negócios urgentes, que não perdesse as oportunidades, porque os reparos não perdurariam por mais de 150 (cento e cinquenta) dias. A genitora agradeceu, comovida, em lágrimas de contentamento. Foi assim que Antônio recebeu uma moratória de mais 5 (cinco) meses para deixar alguns problemas sérios devidamente solucionados.
XI- DA MORTE ESPIRITUAL
O livro OBRAS PÓSTUMAS, 1ª Parte, A MORTE ESPIRITUAL, nos ensina que:
“(…) não há morte, senão para o invólucro material; mas, quanto à alma, ou Espírito, esse não pode morrer para progredir; de outro modo, ele perderia a sua individualidade, o que equivaleria ao nada.
No sentido de transformação, regeneração, pode dizer-se que o Espírito morre a cada encarnação, para ressuscitar com atributos novos, sem deixar de ser o eu que era.
Tal, por exemplo, um camponês que enriquece e se torna importante senhor. Trocou a choupana por um palácio, as roupas modestas por vestuários de brocado. Todos os seus hábitos mudaram, seus gostos, sua linguagem, até o seu caráter. Numa palavra, o camponês morreu, enterrou as vestes grosseiras, para renascer homem de sociedade, sendo sempre, no entanto, o mesmo indivíduo, porém transformado.
Cada existência corpórea é, pois para o Espírito um meio de progredir mais ou menos sensivelmente.
De volta ao mundo dos Espíritos, leva para lá novas ideias; um horizonte moral mais dilatado; percepções mais agudas, mais delicadas. Vê e compreende o que antes não via, nem compreendia; sua visão que, a princípio, não ia além da última existência que tivera, passa a abranger sucessivamente as suas existências pretéritas, como o homem que sobe uma montanha e para quem o nevoeiro se vai dissipando, abrange com o olhar um horizonte cada vez mais vasto.
A cada novo estágio na erraticidade, novas maravilhas do mundo invisível se desdobram diante do seu olhar, porque, em cada um desses estágios, um véu se rasga.
Ao mesmo tempo, seu envoltório fluídico se depura; toma-se mais leve, mais brilhante e mais tarde resplandecerá.
É quase um novo Espírito; é o camponês refinado e transformado. Morreu o Espírito velho, mas o eu é sempre o mesmo.
E assim, cremos, que convém se entenda a morte espiritual.
Apresenta-se um exemplo de MORTE ESPIRITUAL colhido do livro AÇÃO E REAÇÃO, de André Luiz, psicografia Chico Xavier, no Capítulo 9: “A História de Silas”.
Silas é Assistente na Mansão Paz, que é uma instituição de auxílio espiritual, que se encontra nas zonas inferiores, na qual Druso é o Diretor. André Luiz e Hilário foram visitar a Mansão Paz.
Referido Capítulo 9, conta que Silas, André Luiz, Hilário foram na fazenda onde moravam os encarnados Luís e família (sua esposa: Adélia e 2 crianças), que sofriam o assédio obsessivo de seus tios desencarnados (Clarindo e Leonel), ocasião em que Silas narra sua última existência na carne, onde caiu por causa do ouro e do dinheiro.
Silas contou que, na sua última existência na carne, viveu num lar de fortuna, para sofrer a prova da riqueza, porém, faliu.
Foi filho único de um homem muito rico que herdou uma herança dos avós de Silas. O pai de Silas era um Advogado correto, mas que pelo excesso de conforto não se dedicara à profissão. A sua mãe era católica fervorosa e ela tentou incutir em Silas o dever da beneficência, nas tarefas de caridade cristã, no que sempre era recusada.
Então, sua mãe o influenciou a cursar medicina, pois ela pensava que se Silas fosse médico ele poderia curar, ser caridoso. No entanto, Silas formou-se médico com o fito de explorar os enfermos ricos. Pouco antes de Silas se formar médico sua mãe, que ainda era relativamente moça morreu. Silas sequer chegou a atender como médico, isto é, não exerceu sua profissão.
A morte de sua mãe aflorou em Silas toda sua avareza, e este passou a acompanhar o inventário de sua mãe com tão grande vigilância que até o seu pai se surpreendeu com o seu comportamento, já que o pai de Silas era egoísta e displicente, mas nunca foi avarento como o Silas. Silas herdou verdadeira fortuna com a morte de sua mãe, capaz de durar imensos anos desde que ele não a dissipasse.
O tempo passou e o pai de Silas, que tinha 60 (sessenta) anos começou a pensar em casar-se novamente, no que Silas tentou de todas as formas dissuadi-lo, sem êxito. O pai de Silas, casou-se com uma moça de cerca de 30 anos, a Aída. E Silas, intimamente, jurou vingança, pois exteriormente era gentil para com a moça. O novo matrimônio começou a exigir do pai de Silas comparecimentos em eventos sociais e ao término de alguns meses ele adoeceu, e os médicos lhe aconselharam repouso.
Silas, ao ver que seu pai adoeceu não se preocupou com sua saúde, mas sim, com o perigo de o pai morrer e sua mulher herdar parte de sua fortuna. Isto lhe perturbava demais, e ele começou a pensar num plano de expulsar a Aída, a fim de que ela nunca recebesse herança do pai dele. Tais pensamentos sequer eram desconfiados por seu pai. Começou a pensar na morte de Aída, mas pensava que antes dela morrer era melhor que ela se desmoralizasse perante o pai de Silas, a fim de que este sofresse menos.
Como o pai de Silas deveria repousar, Silas aceitou acompanhar a madrasta em eventos sociais, pois queria conhecer os seus pontos fracos a fim de levar-lhe à queda.
Silas conheceu Armando, um primo de Aída que tinha sido seu namorado quando ela era solteira. Armando era um homem pouco mais velho que Silas, era um perdulário e fanfarrão, gastando o tempo com bebidas e mulheres.
Silas, contrariando seus hábitos, mas com propósito íntimo de levar Aída à queda, fez com que Armando estivesse sempre presente em sua casa, e em todos os passeios, a fim de que estivesse sempre com Aída, enquanto isto o pai de Silas continuava enfermo e de repouso.
Aída não percebia as manobras de Silas e por mais de um ano resistiu às investidas de Armando, até que deixou-se levar e iniciou com o mesmo um relacionamento às ocultas. Silas fazia de conta de não percebia nada e esperou uma ocasião em que Aída e Armando estivessem juntos num quarto da casa, achando que todos estavam dormindo.
Tal ocasião chegou e Silas foi até o quarto de seu pai e lhe narrou a traição da esposa com o primo. O pai lhe exigiu provas, Silas o levou até o quarto, onde seu pai pegou a esposa no flagrante.
Armando fugiu e Aída ferida em seu amor próprio dirigiu ao marido sexagenário acusações humilhantes e se retirou pra os seus aposentos.
Durante duas semanas, Aída abatida e com crises nervosas ficou em seu aposento sendo assistida por dois médicos da família, os quais não imaginavam o drama familiar, e, enquanto isto, Silas dava indiretas ao pai sugerindo passar todos os bens para o seu nome, pois pelas leis da época o casamento não poderia ser desfeito. Até que um dia Aída apareceu morta. Os médicos disseram que tinha sido suicídio por envenenamento por certo motivado pelas crises nervosas que ela vinha sofrendo fazia duas semanas.
Com a morte da segunda esposa, o pai de Silas não mais sorriu, tornou-se agoniado e ficou ainda mais doente, até que um dia entre lágrimas, arrependimentos e remorsos confessou ao filho que ele havia envenenado a esposa (Aída), sendo que ao fim de dois meses, o pai de Silas morreu.
Silas enquanto ouvia a confissão do pai chorou de arrependimento de toda a situação que ele gerou em razão do apego aos bens materiais, isto lhe arruinou toda a vida. Agora com o falecimento do pai, nem todo o ouro do mundo o consolava. Tudo na casa lembrava o crime e o remorso, sendo que à noite parecia que ele via fantasmas nas sombras, isto o perturbava. Em meio a tal crise moral viajou para a Europa, à passeio, porém nem assim conseguiu se aliviar. Sua boca tinha sempre um gosto amargo e ele estava sempre ansioso e desolado. Voltou ao Brasil, mas não teve coragem de voltar à antiga casa.
Silas ficou hospedado na casa de um velho amigo de seu pai, o que era para ser apenas alguns dias, acabou levando vários longos meses, até que numa noite em que ele estava com muita dor de estômago, tomou um frasco de arsênio (veneno) que ele pegou na adega do anfitrião pensando que era o bicarbonato de sódio que ele deixara ali na véspera.
O veneno o expulsou do corpo, igual acontecera com sua madrasta. E igual aconteceu com ela todos acharam que ele havia se suicidado, na condição de moço rico e entediado com a vida.
A expiação pelo mesmo tipo de morte que a madrasta não bastou. Silas expiou também no plano espiritual, meses cruéis de terror e desequilíbrio entre os quadros vivos a se exteriorizarem de sua mente algemada às criações de si próprio, até que um dia foi socorrido por amigos de seu pai, que já tinha sido socorrido. Com o socorro, Silas, passou a se empenhar na preparação do futuro, onde buscaria se regenerar.
E para que Silas e seu pai pudessem se reabilitar, ele explicou que precisava encontrar sua madrasta (Aída) a fim de ampará-la para que ela se reequilibrasse, para que assim eles pudessem pagar, em parte, a imensa dívida, a fim de se libertarem do remorso que lhes aprisionava o campo mental.
E que por isto Silas e seu pai querem reencontrar Aída, a fim de que com a permissão e misericórdia de Deus, reencarnem o pai e a mãe de Silas (esta em ato de renúncia), os quais na juventude se casarão e terão por filhos Silas e Aída.
Silas será novamente médico, ao preço de imenso esforço, para se consagrar a beneficência, a fim de recuperar as valiosas oportunidades desperdiçadas.
E Aída que, apesar de ao ser encontrada e socorrida no plano espiritual, renascerá em corpo franzino para sanar as difíceis psicoses que estará adquirindo sob o domínio das trevas, e tais psicoses se manifestarão como estranhas enfermidades mentais.
Assim, Silas será o irmão, o enfermeiro, o médico, o amigo de Aída e pagará em sacrifício e boa vontade, afeto e carinho, o equilíbrio e a felicidade que outrora furtou de Aída.
XII. – DA SEGUNDA MORTE:
A SEGUNDA MORTE é representada pela perda do perispírito, seja por grande mérito e ascensão a planos superiores, ou, ao contrário, por demasiada densidade mental na maldade e nos vícios.
No caso de exílio a mundos inferiores, Allan Kardec, no livro “A GÊNESE”, no Capítulo XVII: PREDIÇÕES DO EVANGELHO, item: JUÍZO FINAL, subitem 63, nos ensina que:
Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores.
Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão a minha direita e os maus à minha esquerda.”
No caso de ascensão a mundos superiores, o livro “A GÊNESE”, no Capítulo XI: GÊNESE ESPIRITUAL, no item 28, nos ensina que:
Quando, em um mundo, os Espíritos tiverem realizado a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, eles o deixam para encarnar em outro mais adiantado, onde adquirirão novos conhecimentos e assim por diante, até que a encarnação em corpo material já não lhes seja mais útil; passam a viver exclusivamente na vida espiritual, na qual continuam a progredir, mas, noutro sentido e por outros meios.
Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade. Admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem-lhe o pensamento e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo sob suas ordens os Espíritos de todos os graus de adiantamento.
Extraído de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS COMENTADO PELO ESPÍRITO MIRAMEZ”, seguem-se os seguintes comentários sobre a questão 187 do L.E.
A alma, quando passa para um outro mundo, troca de roupa fluídica. São os tecidos sutis do perispírito, feitos ou modelados de acordo com o mundo que deverá habitar.
A troca é de acordo com as condições do mundo.
Tanto os corpos como os perispíritos, nos variados mundos, têm variações correspondentes com a evolução de cada mundo, pois é a justiça de Deus, dando a cada um o que ele merece dentro do padrão do que conquistou nas dobras do tempo.
Ainda da mesma obra, seguem-se os comentários à questão 94 do L.E.
Em cada mundo, o magnetismo que envolve os Espíritos é diferente um do outro, considerando a evolução dos povos que o habita. Os fluidos são correspondentes à escala evolutiva dessa mesma humanidade.
O perispírito é, pois, uma roupa do Espírito, trocável, igual às roupas humanas, diferenciando-se das vestes terrenas pela sua estrutura, na capacidade de assimilar e de obedecer à vontade do Espírito.
O magnetismo que reveste um planeta habitado evolui com a evolução dos Espíritos ali estagiados. Tudo se depura pela força do progresso, obediente ao tempo e às bênçãos de Deus. Em um mundo inferior onde existem Espíritos primitivos, certamente os fluidos que o cercam são de natureza pesada, compatível com os seus habitantes.
Na BÍBLIA SAGRADA sobre a SEGUNDA MORTE tem-se:
APOCALIPSE 20:6: “Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele durante mil anos.”
APOCALIPSE 20:12: “Vi também os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros.”
APOCALIPSE 21:08: “Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos – o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”.
L.E. 1018. Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.
(…) Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados. (…) SÃO LUÍS
XIII. – DA CONCLUSÃO
O livro O CONSOLADOR questiona o seguinte na 147:
“— Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como será de desejar?
— A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar de Plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. (…) a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos.(…)”
E, conforme resposta à questão 148 do livro O CONSOLADOR, o homem desencarnado, nos seus primeiros tempos da vida de além-túmulo, procura naturalmente as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins. O homem desencarnado procura ansiosamente no Espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do álcool, etc., obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas Esferas mais próximas da Terra.
Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.
FONTES:
– BÍBLIA SAGRADA: Apocalipse 20:6; 20:12 e 21:08;
– “O CÉU E O INFERNO”, ALLAN KARDEC, Primeira Parte, Capítulo 2: TEMOR DA MORTE; Segunda Parte, Capítulo I: O PASSAMENTO; Capítulo III: ESPÍRITOS EM CONDIÇÕES MEDIANAS, Srª. ANNA BELLEVILLE
– “A GÊNESE”, ALLAN KARDEC, Capítulo XI: GÊNESE ESPIRITUAL, item 28; Capítulo XVII: PREDIÇÕES DO EVANGELHO, item: JUÍZO FINAL, subitem 63;
– “OBRAS PÓSTUMAS”, ALLAN KARDEC, Primeira Parte, A MORTE ESPIRITUAL.
– “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, ALLAN KARDEC, Questões: 68, 70, 83, 94, 149, 150, 155, 187, 853, 941, 961, 1018;
– “O CONSOLADOR”, Autor: Emmanuel, Psicografia de Chico Xavier, Questões: 146, 147, 148, 149;
– REVISTA ESPÍRITA — ANO I — DEZEMBRO DE 1858: “UM ESPÍRITO NOS FUNERAIS DE SEU CORPO – ESTADO DA ALMA NO MOMENTO DA MORTE”,
– “O LIVRO DOS ESPÍRITOS COMENTADO PELO ESPÍRITO MIRAMEZ”, comentários sobre as questões 94 e 187 do L.E.
– EVOLUÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO, de Carlos Toledo Rizzini, Parte II, Fundamentos Espíritas, Capítulo 4: Princípios Doutrinários, item 13: Encarnação e Desencarnação, subitens 5, 6, 8 e 9.
– OS MENSAGEIROS, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 50: A DESENCARNAÇÃO DE FERNANDO;
– MISSIONÁRIOS DA LUZ, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 7: SOCORRO ESPIRITUAL;
– OBREIROS DA VIDA ETERNA, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 11: AMIGOS NOVOS; Capítulo 14: PRESTANDO ASSISTÊNCIA; Capítulo 15: APRENDENDO SEMPRE; Capítulo 16: EXEMPLO CRISTÃO; Capítulo 17: ROGATIVA SINGULAR; Capítulo 18: DESPRENDIMENTO DIFÍCIL;
– LIBERTAÇÃO, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Capítulo 6: “OBSERVAÇÕES E NOVIDADES”;
– AÇÃO E REAÇÃO, de André Luiz, psicografia; Chico Xavier, Capítulo 9: A HISTÓRIA DE SILAS; Capítulo 18: RESGATES COLETIVOS.