Casamento e Divorcio na Visão Espírita – palestra 28.08.19
Casamento e Divorcio na Visão Espírita
CELC 28/08/19 – Danielle
Gênesis 2:18
Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea.”
Deu fez o homem para viver em sociedade e concedeu-lhe a necessidade de interagir com seus semelhantes.
Tal interação lhe amplia o campo da afetividade superior, desenvolvendo sentimentos que serão base para sua a evolução moral.
Neste contexto, temos e o casamento como uma das mais importantes relações sociais, visto que é a raiz de todas as nobres organizações que dignificam o planeta. (Levantar e Seguir).
Somente aqueles que adquiriram madureza emocional no grupo familial e conjugal, estão preparado para os relacionamentos mais amplos na esfera social.
Assim, todas vezes que a família se desestrutura, a sociedade ressente, a cultura degenera, a civilização se corrompe.
Vivemos tempos difíceis para os relacionamentos. A promiscuidade agindo sob pretexto da liberdade produz um retrocesso moral, sem contar nos inúmeros compromissos negativos que exigirão longas existências para que possam ser quitados.
Egoísmo, imediatismo e irresponsabilidade arrasam o núcleo familiar, e os casais insatisfeitos se desestruturam e se lançam aos vínculos menos dignos.
O Espiritismo, por sua doutrina reencarnacionista, veio trazer luz às nossas mentes e nos ensinar que o casamento é muito mais que um contrato sancionado por leis civis. Ele tem origem divina e é envolvido por muitas questões morais.
- CASAMENTO
A bilhões de anos atrás, com o aparecimento das algas verdes, surgiu a reprodução sexuada e com ela o instinto sexual.
Aperfeiçoado pelos construtores Espirituais durante longo tempo nos reinos inferiores da natureza, o instinto sexual evoluiu, manifestando-se mais intensamente nos animais superiores, com o objetivo único de perpetuação das espécies.
Mas na fase hominal, o objetivo do magnetismo sexual se amplia. Além de indispensável a reprodução, ele une os Espíritos para o aperfeiçoamento do amor.
No princípio da vida do Espirito, ele carrega consigo as experiências adquiridas nos reinos anteriores da natureza.
Neste estágio as relações entre homens e mulheres são guiadas pela paixão fulgaz, resultado do instinto de reprodução, inexistindo nestas relações vínculos de exclusividade e responsabilidade.
A poligamia como a poliandria, e mesmo o matrimonio em grupo eram praticados livremente, vivendo-se sem regras e com alto nível de promiscuidade.
Com o progresso conquistado nas múltiplas existências, os homens, até em então andarilhos em busca de subsistência, estabeleceram-se em moradas fixas, vivendo da agricultura e criando pequenos núcleos familiares, relevantes mais pela função protetora, que pelas relações consanguíneas que ali existiam.
Caminhando um pouco mais na evolução e no autoconhecimento, da união da tribo e da criação da família, surgiu o casamento. Uma instituição antiga, encontradas em todos os povos e em todas as sociedades, nascida dos costumes, incentivada pelo sentimento moral e religioso e na atualidade completamente incorporada ao direito pátrio.
O matrimonio, historicamente, tinha por objetivo a administração da estabilidade social. Mais importante que o amor entre os casais. Suas funções voltavam-se à criação dos filhos, a transmissão dos valores do grupo e manutenção dos relacionamentos políticos e financeiros dos grupos sociais.
Até o século XI os casamentos eram arranjados pela família dos noivos, e somente a partir de 1140 que o consentimento passou a fazer parte dos casamentos no ocidente, enquanto, na cultura oriental, até os dias atuais, existem uniões arranjadas, baseadas em culturas milenares.
Cada sociedade, cada cultura possui sua visão sobre o casamento e em todas elas o casamento é amplamente associado a religião, isto porque, como encontramos na questão 695 de o Livro dos Espíritos, o casamento é conforme à Lei natural.
De acordo com os ensinamentos da Doutrina Espirita, o casamento é um progresso na marcha da humanidade, pelas conquistas de ordem superior que possibilita.
E diz o Espirito Emmanuel: […]O casamento ou a união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua. Essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida. […]
1.1– FINALIDADE ESSENCIAL DO CASAMENTO VISÃO ESPIRITA
a. MONOGAMIA
Allan Kardec pergunta na questão 701 de “O Livro dos Espíritos” – Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é a mais conforme a lei natural?
Resposta – “A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há verdadeira afeição: não há mais do que sensualidade.”
Todos os compromissos sexuais estão subordinados a Lei de Causa e Efeito, e poucos compreendem as graves consequências do uso desregrado e irresponsável das faculdades genésicas.
Seguindo a marcha da evolução, é determinação divina que o Ser alcance às mais elevadas expressões de sentimento, deixando para traz a necessidade de satisfação das sensações primitivas.
“… De existência a existência, de lição em lição e de passo em passo, por séculos e séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e ajustar às leis superiores que governam a vida. A princípio, exposto aos lances adversos das aventuras poligâmicas, o homem avança, de ensinamento a ensinamento, para a sua própria instalação na monogamia, reconhecendo a necessidade de segurança e equilíbrio, em matéria de amor; no entanto, ainda aí, é impelido naturalmente a carregar o fardo dos estímulos sexuais, muita vez destrambelhados, que lhe enxameiam no sentimento, reclamando educação e sublimação.” Vida e Sexo.
E continua o Espirito Emmanuel: “… Através da poligamia, o espírito assinala a si próprio longa marcha em existências e mais existências sucessivas de reparação e aprendizagem, em cujo transcurso adquire a necessária disciplina do seu mundo emotivo. Fatigado de experimentos dolorosos, nos quais recolhe o fruto amargo da delinquência ou do desespero que haja estabelecido nos outros, reconhece na monogamia o caminho certo de suas manifestações afetivas. Atento a isso, identifica na criatura que se lhe afina com os propósitos e aspirações o parceiro ou a parceira ideais para a comunhão sexual, suscetível de lhe granjear o preciso equilíbrio e capaz de lhe revitalizar as forças com que se põe no encalço do trabalho imprescindível à própria evolução. Em nenhum caso, ser-nos-á lícito subestimar a importância da energia sexual que, na essência, verte da Criação Divina para a constituição e sustentação de todas as criaturas. Com ela e por ela é que todas as civilizações da Terra se levantaram, legando ao homem preciosa herança na viagem para a sublimação definitiva, entendendo-se, porém, que criatura alguma, no plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem consequências felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe der.”
(Matrimonio é um tentame na área da educação do sexo, exercitado a fraternidade e o entendimento que capacitam as criaturas para as largas incursões na área do relacionamento social)
Neste contexto, importa saber:
“… Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.
Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinquência. Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro. Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os legisladores terrestres perceberão igualmente, um dia, que a Justiça Divina alcança também os contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciências os reflexos do saque afetivo que perpetram contra os outros. Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental, injustamente menosprezados, que resgataremos em tempo hábil, parcela a parcela, pela contabilidade dos princípios de causa e efeito. Reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no
clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós…” Vida e Sexo
[…] Quais são as piores consequências das ligações carnais desditosas, além daquelas que se apresentam nos sofrimentos das frustrações ou lesões emotivas?
É forçoso observar que da afeição sexual descontrolada, surgem muitas calamidades para a vida do Espírito, dentro as quais destacaremos, a par da fascinação ou do ódio, nos problemas da obsessão, o suicídio e o aborto, como sendo as mais lastimáveis. […] ( Emmanuel, Leis do Amor)
Comumente, o desequilíbrio das forças sexuais traduzem-se em necessidade constante de apoio afetivo. O instinto sexual não encontra alegria senão em contato com outro ser que demonstre plena afinidade, porquanto a liberação de energia que lhe é peculiar, precisa da compensação de força igual, para o governo emotivo.
Neste cenário, a monogamia concede ao ser humano a condição ideal, de vez que dentro dela realiza, naturalmente, com a alma eleita de suas aspirações a união ideal do raciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos recursos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de criar não apenas formas físicas, para a encarnação de outras almas na Terra, mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem, constantes, da Criação Divina. ( Evolução em dois Mundos).
A monogamia é conquista de alto valor moral da criatura, que se dignifica pelo amor e respeito, dando margem às expressões de afeição profunda que se manifesta sem a dependência dos impulsos mas primários. ( S.O.S Famila)
Nesta condição, a monogamia dignifica também o lar através da figura dos cônjuges, que oferece à prole recursos de educação e valores éticos-morais, onde na poligamia, os filhos tornam-se órfãos de pais vivos e irresponsáveis, transferindo para a sociedade o desequilíbrio da falta de amor e justiça que padecem.
b. FAMÍLIA
175 –O instituto da família é organizado no plano espiritual, antes de projetar-se na Terra?
-O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras; todavia, ai acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro.
É nas dificuldades provadas em comum, nas dores e nas experiências recebidas na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em expressões regeneradas e santificadas.
Purificadas as afeições, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.
A família é um laboratório sagrado de experiências e aprendizados, uma verdadeira escola para educação dos Espíritos na ansiosa busca pela felicidade. Por isso Deus permite muitas vezes o reencarne de Espíritos antipáticos e estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e como meio de progresso para outros.
(O matrimonio é uma experiência emocional que propicia a comunhão afetiva, da qual resulta a prole sob a responsabilidade dos cônjuges, que se nutrem de estímulos vitais, intercambiam hormônios preservadores do bem estar físico e psicológico)
Em um mundo de expiação e provas como a Terra, não é difícil encontrarmos famílias em processo de libertação dos vínculos do passado, como informa Emmanuel:
[…]Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis ante as leis do destino[…] (Sexo e Vida)
“[…] Nem sempre os laços de sangue reúnem as almas essencialmente afins. Frequentemente, pelas imposições da consanguinidade, grandes inimigos são obrigados ao abraço diuturno, sob o mesmo teto. É razoável sugerir-se uma divisão entre os conceitos de “família” e “parentela”. O primeiro constituiria o símbolo dos laços eternos do amor, o segundo significaria o cadinho de lutas, por vezes acerbas, em que devemos diluir as imperfeições dos sentimentos, fundindo-os na liga divina do amor para a eternidade. A família não seria a parentela, mas a parentela converter-se-ia, mais tarde, nas santas expressões da família. […]. (Caminho, Verdade e Vida)
Neste contexto pode-se compreender a afirmativa de Jesus, quando disse que teríamos por inimigos os de nossa própria casa. (Mateus 10:34 a 36)
E continua o mesmo autor espiritual:
“… A casualidade não se encontra nos laços da parentela. Princípios sutis da Lei funcionam nas ligações consanguíneas. Impelidos pelas causas do passado a reunir-nos no presente, é indispensável pagar com alegria os débitos que nos imanam a alguns corações, a fim de que venhamos a solver nossas dívidas para com a Humanidade. Inútil é a fuga dos credores que respiram conosco sob o mesmo teto, porque o tempo nos aguardará implacável, constrangendo-nos à liquidação de todos os compromissos. […] Sem dúvida, a equipe familiar no mundo nem sempre é um jardim de flores. Por vezes, é um espinheiro de preocupações e de angústias, reclamando-nos sacrifício. Contudo, embora necessitemos de firmeza nas atitudes para temperar a afetividade que nos é própria, jamais conseguiremos sanar as feridas do nosso ambiente particular com o chicote da violência ou com o emplastro do desleixo. […] Os parentes são obras de amor que o Pai Compassivo nos deu a realizar. Ajudemo-los, através da cooperação e do carinho, atendendo aos desígnios da verdadeira fraternidade. Somente adestrando paciência e compreensão, tolerância e bondade, na praia estreita do lar, é que nos habilitaremos a servir com vitória, no mar alto das grandes experiências. (Fonte Viva)
[…[ Importa reconhecer que o clã familiar evolui incessantemente para mais amplos conceitos de vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma. Temos, dessa forma, no instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do mundo melhor.” (Vida e Sexo)
Qual a função essencial do lar e da família?
No caminho familiar, purificam-se impulsos e renovam-se decisões. Nele encontramos os estímulos ao trabalho, e as tentações que nos comprovam as qualidades adquiridas, as alegrias que nos alentam e as dores que nos corrigem.” (Emmanuel, Leis de amor).
[…]“De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso?
Marido faltoso é aquele mesmo homem que, um dia, inclinamos à crueldade e à mentira.
E a esposa desequilibrada?
Esposa desequilibrada é aquela mulher que, certa feita, relegamos à necessidade e à viciação. (Emmanuel, Leis de Amor)
Quem são os filhos-problemas?
Filhos-problemas são aqueles mesmos Espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os sentimentos. (Emmanuel, Leis de Amor)
Na tarefa de superar as aversões originadas no passado, é importante mencionar a grande responsabilidade do casal com relação aos filhos.
Conforme apresentado na literatura Espiritual é tarefa dos pais educar os filhos dentro das bases do sentimento e do caráter, direcionando-os para o caminho do bem. Por esse motivo Deus concedeu ao homem um período maior de infância, tornando-os suscetível às boas influencias.
“Os pais assumem desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados”. —Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco, em Leis Morais da Vida.
Se o lar falhar nos seus deveres para com a criança, muito provavelmente a criança também falhará nos seus deveres para consigo mesma, para com a família e a sociedade, e para com Deus”, disse-o a renomada educadora Maria Junqueira Schmidt.
Mas na vida e família, as responsabilidades de reparação e progresso não se limita apenas aos pais, os filhos possuem por sua vez obrigações com seus genitores, como instrui o apóstolo Paulo de Tarso: Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe” – este é o primeiro mandamento com promessa – “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra; Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.”(Efesios 6: 1 a 4)
Uma sociedade em que se abolisse o casamento e a vida familiar, como dizem os Espíritos, geraria um recrudescimento do egoísmo. Viver em família, com responsabilidade e comprometimento, desenvolve os valores da alma. O casamento é, pois, um exercício maravilhoso para o desenvolvimento da nossa capacidade de amar.
Como já mencionado, o lar é escola bendita, onde se reúnem, em sua maioria, espíritos comprometidos com um passado de erros reclamando reconciliação.
Neste clima de reajuste no lar, surgem as oportunidade de desvinculações afetivas entre os que se amam, mas que trazem muitos erros como fruto desse amor.
Reencarnando na condição de pais e filhos, a ternura de um lar estruturado, operam desligamentos em formas de cirurgias psíquicas naqueles que se jungiram às teias da.
[…]Referimo-nos, porém, ao lar como pouso de desligamento, porque, na Terra, as relações entre pais e filhos e, consequentemente, as relações de ordem familiar constituem clima ideal para a libertação de quantos se jungiram entre si, de modo inconveniente, nos desregramentos emotivos em nome do amor. É assim que a sabedoria da Natureza faculta o reencontro, sob as teias da parentela, de quantos se desvairaram, em outro tempo, nos desmandos de ordem sexual, reencontro esse que persiste em condições mais íntimas e mais profundas, até que os companheiros do pretérito, reencarnados na posição de filhos, atinjam a juventude, na existência nova, elegendo novos parceiros para a sua vida afetiva, ante a presença ou a supervisão dos pais ou de familiares outros. nem sempre satisfeitos ou tranquilos com as escolhas que são obrigados a assistir ou a aprovar pela força das circunstâncias. Pais que sofrem na entrega das jovens que o lar lhes confiou, aos companheiros que as requisitam para os misteres do casamento, quase sempre estão renunciando à companhia de antigas afeições que eles mesmos, no passado, mal conduziam, ao passo que as mães experimentam análogo fenômeno de dilaceração psíquica, em se separando de filhos que lhes recordam, embora inconscientemente, as ligações empolgantes ou menos felizes de tempos que já se foram. E, através das lutas e adeuses em família, com a criação de núcleos diferentes na parentela, pela transferência habitual dos filhos, seja a noras e genros, ou a tarefas e experiências diversas das deles, os pais, sempre que respeitem as necessidades e resoluções dos seus rebentos, alcançam a vitória sobre si mesmos, no rumo da própria emancipação na imortalidade.[…]
“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.” Gênesis 2:18
“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.” Gênesis 2:24
2 – TIPOS DE CASAMENTO
É difícil determinar tipos de casamento, porque na Terra o matrimônio pode assumir aspectos variados, objetivando múltiplos fins. Entretanto, para melhor compreensão, transcrevemos a classificação dada pelo autor Martins Peralva, considerando contudo, informação valiosa trazida pelo Espirito André Luiz: “[…] na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maior número de casais humanos é constituído de verdadeiros forçados, sob algemas.” (André Luiz, Nosso lar).
LE 298: As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia reunirá?
“Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”
a. Afins: São aqueles formados por parceiros simpáticos, afins, onde há uma verdadeira afeição da alma. Geralmente, eles sobrevivem à morte do corpo e mantém-se em encarnações diversas. Pouco comuns na Terra.
b. Transcendentais: São casamentos afins entre almas enobrecidas, que juntas, vão dedicar-se a obras de grande valor para a Humanidade.
c. Provacionais: São uniões entre almas mutuamente comprometidas, que estão juntas para pacificarem as consciências ante erros graves perpetrados no passado e simultaneamente desenvolverem os valores da paciência, da tolerância e da resignação. É o tipo de casamento mais comum existente no planeta Terra. Explicação Ação e reação. […] Nessa ou naquela idade física, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por determinadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendizado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutuamente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência uma das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção. Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida eterna. Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela felicidade dos corações que o Senhor nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino.[…]
LE 940 – A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma fonte de sofrimentos, tanto mais amarga quanto envenena toda a existência?
— Muito amarga, de fato: mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das vezes, sois a primeira causa. Em primeiro lugar as vossas leis são erradas, pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam? Depois, nessas uniões procurais quase sempre mais a satisfação do vosso orgulho e da vossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua. E sofreis, então, apenas a consequência dos vossos preconceitos.
940-a. Mas nesse caso não haverá quase sempre, uma vítima inocente?
— Sim, e isso é para ela uma dura expiação, mas a responsabilidade da sua infelicidade recairá sobre os que a causaram. Se a luz da verdade tiver penetrado em sua alma ela se consolará com a fé no futuro. De resto, à medida que os preconceitos se enfraquecerem, desaparecerão também as causas dessas infelicidades íntimas.
d. Sacrificiais: São aqueles que se caracterizam por uma grande diferença evolutiva entre os cônjuges. Um Espírito de mais alta envergadura que aceita o consórcio com outro menos adiantado para ajudá-lo em seu progresso espiritual.
e. Acidentais: São os casamentos que não foram programados no mundo espiritual. Obedecem apenas à afeição física, sem raízes na afetividade sincera.
Como diz o Espirito Emmanuel, não existem uniões conjugais ao acaso, no sentido de que, até mesmo quando ocorre mudanças no programa reencarnatório pelo exercício do livre-arbitrio, o objetivo não se altera e transforma-se esse “desvio” em aprendizado para a evolução dos Espiritos envolvidos.
Segue explicação do Espirito Manoel Philomeno de Miranda sobre o assunto:
ESPONSALÍCIO ESPIRITUAL
Em face da realidade do mundo causal, que preexiste e sobrevive à transformação molecular, as programações e os métodos hábeis para o desenvolvimento dos espíritos no seu processo de crescimento intelecto-moral, de lá procedem, não se podendo, no entanto, desconsiderar os fatores fortuitos, que decorrem das experiências físicas e do livre-arbítrio de cada um, durante a jornada no proscênio terrestre.
Considerando-se as afinidades emocionais, os relacionamentos entre as criaturas facultam alterações da programática, nos seus métodos, embora não se modifiquem os objetivos essenciais da reencarnação.
A irrupção das tendências perturbadoras, que remanescem nos refolhos do ser espiritual, podem ressumar ante os estímulos da convivência humana, precipitando condutas ou postergando-as, graças ao que, muitos espíritos se resolvem por assumir atitudes que não foram delineadas, como natural efeito da precipitação moral e da imaturidade emocional.
Assim ocorre no que diz respeito às uniões conjugais, em muitas das quais a predominância dos
impulsos sexuais em detrimento dos sentimentos profundos termina por gerar situações lamentáveis, que não se encontravam desenhadas para tomar corpo.
A vigorosa vigência do instinto por sobre a razão torna impulsivo o indivíduo, que, não educado
emocionalmente para superá-lo, deixa-se arrastar pelos caprichos do imediato, dando lugar a ocorrências desastrosas no futuro.
As licenças morais que fazem parte da ética moderna, reduzem o ser humano a somente um feixe de manifestações primárias que devem ser atendidas prioritariamente.
Em razão disso, os sentimentos permanecem adormecidos ou são mutilados, não se podendo expressar de forma significativa a ponto de conduzir com equilíbrio o ser no rumo da sua destinação histórica, que é a perfeição. Isso faz que se detenha nos meandros das sombras, vitimado pelos arrependimentos graves ou carregado pelo fardo da culpa que o martiriza, quando seria muito mais fácil uma jornada de harmonia como decorrência do respeito às leis do amor que vigoram em toda parte.
A educação no lar, igualmente permissiva, estimula a formação de caracteres débeis, que pretendem experimentar os prazeres até a exaustão, antes mesmo do correspondente amadurecimento psicológico para saber fruí-los em forma de felicidade e não de desbordamento de paixões, que são o suceder de gozos rápidos, fugazes, insatisfatórios…
Malogram, dessa forma, não poucos projetos espirituais que foram trabalhados antes da reencarnação, assim retardando o avanço espiritual e não raro sobrecarregando o ser de penosas injunções. Certamente, nunca ocorre fracasso no processo de crescimento espiritual, porquanto as experiências malsucedidas transformam-se em verdadeiras bênçãos que ensinam a como não mais atuar dentro desses padrões errôneos de comportamento.
A morigeração dos hábitos, a reflexão antes das ações, a introspecção que faculta identidade de
significados próprios para a felicidade devem ser assumidas durante a trajetória humana, de forma que em cada passo do processo de crescimento haja sempre estrutura de segurança para mais audaciosas conquistas.
A frivolidade que domina em praticamente todos os arraiais do pensamento social no planeta, as falsas necessidades que se convertem em imprescindíveis para a plenitude, a busca incessante de jogos prazerosos respondem pela desestruturação psicológica do ser, que mesmo fugindo aos compromissos aceitos antes do berço, guarda-os em forma de tendência ou de reminiscência que estimulam à realização profunda. Não se permitindo aceitar a marcha pela trilha estabelecida, à medida que os vapores da ilusão passam, os transtornos depressivos e fóbicos, as angústias e as obsessões assomam, gerando profundas perturbações em que as alegrias se estiolam e as esperanças esmaecem, dando lugar a sofrimentos que poderiam haver sido evitados.
Na formulação das trajetórias reencarnacionistas os programas de união conjugal, de conquistas
emocionais, de realizações iluminativas têm prevalência.
No que tange aos esponsais, ao cumprimento dos deveres junto aos seres elegidos, adredemente estabelecidos, a incúria pode levar aqueles que se encontram comprometidos a alterações de conduta, em face das opções apressadas quando elegem outros indivíduos que se lhes acercam e os atraem, facultando a formação de uma família que não seria a ideal conforme aquela com a qual se encontrava comprometido. Isso não impede, porém, de ser estabelecido um vínculo novo que pode perfeitamente estreitar-se sem qualquer prejuízo. Ocorre, no entanto, que passados os fenômenos orgânicos do prazer sexual e despertando-se para sentimentos mais profundos que não existem, sejam vitimados pelo tédio, pelo desinteresse, pela rotina da convivência, escorregando para desvios morais e conjugais que perturbam a união.
É, dessa forma, que muitas famílias se desestruturam, se esfacelam, dando lugar a tormentos que poderiam ser evitados se os seus membros procurassem agir com menos violência e mais ponderação, pensando na realidade de seres imortais que são, ao invés de nautas imprevidentes quanto irresponsáveis que buscam praias de repouso e inutilidade.
Nas Regiões espirituais em plena vida social, os espíritos afins, que compartilham ideias de beleza e de harmonia ou que anelam por experiências felizes no orbe, estreitam os laços das afeições, delineando projetos de união futura, coroada pela bênção de filhos, que são espíritos com os quais se encontram comprometidos pelo amor ou pelo desequilíbrio e dependem da sua ajuda e da sua convivência.
Em união elevada de pensamentos e de sentimentos, comungam dos valores da compreensão e da responsabilidade, treinando convivência harmónica, estudando limites e deficiências, realizando um verdadeiro esponsal moral que se converterá em nobre união física sob a custódia das leis civis e morais da Terra.
Nesses encontros de ternura inefável, delineiam planos, estabelecem compromissos de fidelidade e de respeito que firmam com unção, preparando-se para os futuros cometimentos no mundo das formas orgânicas, em formosas ante-visões de plenitude.
Ao se reencontrarem, quando na neblina carnal, reconhecem-se e amam-se, dispondo-se à execução dos planos que foram formulados.
As emoções facultam-lhes os incomuns tesouros da alegria e da paz, descobrindo que aquele é o ser para o qual se encontra preparado e por quem aguardava com enlevo e expectativa.
Nem sempre, porém, são atraídos antes de haverem vivenciado experiências que se inserem nos seus compromissos, e que deveriam ter administrado com sabedoria, de forma que permanecessem livres para este momento que os preencheria de felicidade, sem culpa, sem conflito…
Quando o espírito reveste-se de matéria, como é natural, sofre uma alteração de conduta em razão dos impositivos orgânicos.
A aparelhagem física, com os seus condicionamentos multimilenárìos, impõe-se através dos mecanismos cerebrais, seja mediante o hipocampo, os lobos pré-frontais, a amídala e outros complexos equipamentos, traçando impositivos de afetividade, de memória, de impulsos, de emoções…
Somente através do cultivo da vida interior, é que se podem sobrepor os objetivos elevados aos impulsos eminentemente fisiológicos.
Não apenas assim acontece de referência às uniões conjugais, mas, também, em se tratando de
atividades outras, que fazem parte dos mecanismos da evolução.
Eis por que a conscientização do ser, desde a infância, em torno da sua realidade como espírito imortal que é, torna-se fundamental.
Quando os valores espirituais fizerem parte dos compromissos domésticos e as grades escolares
incluírem disciplinas biopsicológicas, bioéticas, morais e espirituais sem os prejuízos das informações religiosas, punitivas e castradoras, conforme fracassaram no passado, a consciência de responsabilidade vicejará nos educandos, preparando-os para desempenhos seguros e ditosos em torno do matrimônio, da família, dos deveres humanos, sociais e edificantes da Humanidade.
A reencarnação enseja o aprimoramento espiritual, trabalhada antecipadamente, não anulando ou impedindo as opções do livre-arbítrio de cada qual na construção da sua plenitude.
3 – CONFLITOS CONJUGAIS
A vida conjugal é um desafio diário que requer renuncias e paciência, e poucos são aqueles que se preparam para matrimonio.
O casal ingressa no casamento com a ilusão de que este é passagem para a felicidade plena e não raramente, creem ser o parceiro/parceira complemento de sua alma, e depositam nestes, todo um mundo de expectativas na solução de suas insatisfações.
Com o passar do tempo, a ilusão do início cede lugar à realidade, exigindo maturidade psicológica dos pares para o enfrentamento das provas do matrimonio.
Percebe-se que ambos parceiros carecem de reforma intima, pois que são Espiritos imperfeitos exteriorizando defeitos e virtudes, e nem sempre possuindo harmonia para superarem as adversidades que podem surgir.
Em alguns casos, a união se aprofunda, vencendo os obstáculos e fortalecendo os vínculos de alma a alma, contudo, uma maioria esmagadora se desencanta, e os problemas começam a perturbar a paz da vida conjugal.
Neste sentido, a base essencial dos conflitos conjugais está no egoísmo, quando o indivíduo pensa que o outro deve sempre ceder, sem compreender que o casamento significa parceria, auxilio mutuo, onde ambos parceiros tem direitos e deveres a seguir.
Importante lembrar quando tratamos de conflitos conjugais, é que a maioria dos casais estão em uma união de resgate, ligados por débitos do passado.
Trazem lembranças inconsciente de um passado que aumentam as dificuldades de relacionamento, principalmente com a chegada dos filhos, que igualmente seguem um programa de reajustamento, como esclarece Emmanuel: […] Como interpretar as contrariedades e desgostos domésticos? O homem e a mulher aguardam o casamento, embalados na melodia do sonho, entretanto, atingida a convivência no lar, surgem as obrigações, decorrentes do pretérito, através do programa de serviço traçado para cada um de nós pela reencarnação, que nos compele a retomar, na intimidade, todos os nossos erros e desacertos. Fácil, dessa forma, reconhecer que todas as dificuldades domésticas são empeços, trazidos por nós próprios, das existências passadas.[…] (Emmanuel, Leis de amor)
Não esqueçamos que inúmeras vezes, o tédio no lar e a insatisfação degeneram para problemas mais graves como o adultério. Frustrados em seus anseios, os cônjuges buscam nos prazeres do sexo, a sensação que sentiam outrora e que agora transformou-se em ódios, incompreensão.
Aquele que toma esse caminho, deserta das provas, complicando ainda mais sua situação frente as reparações que terá que fazer.
Melhor é não resolver um problema, contraindo outros tantos. (Não cometereis adultério. Exodo 20:14)
Exorta a Doutrina Espirita a importância do amor e da paciência para vencer as adversidades no relacionamento, respeitando as limitações de ambos e trabalhando juntos para a evolução de si próprios e da prole, como segue:
[…]É de toda conveniência, portanto, que os esposos aprendam a discernir esses ciclos temperamentais, no outro e em si mesmo.
No outro, para desculpar-lhes os amuos, os azedumes, os “contras”, as impertinências, etc., na certeza de que em breve isso passará, e tudo voltará às boas. Em si mesmo, para ter o cuidado de não tomar nenhuma atitude mais drástica, da qual, depois, muito terá de arrepender-se. […]
[…]É preciso que cada um dos cônjuges, ao perceber o mau-humor do outro, procure amenizar a situação, evitando, a todo custo, agastar-se também, para não suceder que, duplicado, esse mau sentimento faça a casa ir pelos ares[…] Vida em família Rodolfo Gallligaris
“Como devem proceder aos cônjuges para bem cumprir seus deveres?
O matrimônio muito frequentemente, na Terra, constitui um aprova difícil, mas redentora.
Os cônjuges, desvelados por bem cumprir suas obrigações divinas, devem observar o máximo de atenção, respeito e carinho mútuo, concentrando-se ambos no lar, sempre que haja um perigo ameaçando lhes a felicidade doméstica, porque na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as melhores defesas.
No lar, muitas vezes, quando um dos cônjuges se transvia, a tarefa é de luta e lágrimas penosas;
porém no sacrifício, toda alma se santifica e se ilumina, transformando-se em modelo no sagrado instituto da família.
Para alcançar a paciência e o heroísmo domésticos, faz-se mister a mais entranhada fé em Deus,
tomando-se como espelho divino a exemplificação de Jesus, no seu apostolado de abnegação e de dor, à face da Terra.” (Emmanuel, O consolador, 14. ed., perg. 188).
CASAR – SE
Não basta casar-se. Imperioso saber para quê.
Dirás provavelmente que a resposta é óbvia, que as criaturas abraçam o matrimônio por amor.
O amor, porém, reclama cultivo. E a felicidade na comunhão afetiva não é prato feito e sim construção do dia-a-dia.
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se unam segundo as Leis Divinas.
Se desposaste alguém que te constituía o mais belo dos sonhos e se encontras nesse alguém o fracasso do ideal que acalentaste, é chegado o tempo de trabalhares mais intensivamente na edificação dos planos que ideaste de início.
Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás conservá-lo.
Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos compromissos a que te empenhaste.
Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do esposo é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores sentimentos.
Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os problemas em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na vivência comum, garantindo a harmonia doméstica.
Inegavelmente não se te nega o direito de adiar realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida articulada em última instância. E nem te esqueças de que casar-se é tarefa para todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é que surgirá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para coração, na qual o casamento se lança sempre para Mais Alto, em plenitude de amor eterno.
4 – DIVÓRCIO
O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina.
Do item 5, do Cap. XXII, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
O Espiritismo nos ensina no Evangelho que o que é imutável é a Lei Divina, que as leis humana sofrem modificações conforme exige a sociedade.
Nem mesmo Jesus condenou a indissolubilidade absoluta do casamento, quando respondeu na passagem registrada em Mateus 19, que Moises permitiu a carta de divórcio pela dureza dos corações, mas também esclareceu que nem sempre foi assim, e que o que Deus uniu o homem não separa, mencionando nesta ultima afirmação, que os laços que são firmados no amor real perduram.
Embora o divórcio não seja proibido, deve-se levar em consideração que ele também não pode ser facilitado, já que, como diz Emmanuel, não existem casamentos ao acaso, pois são nos laços matrimoniais, definidos pelas leis do mundo, que se operam burilamentos e reconciliações que direcionam a sublimação do Espirito.
[…] Por mais ríspidas se façam as lutas, no casamento, é melhor permanecer dentro delas?
Pagar é libertar-se, aprender é assimilar a lição.
Aquele que deserta do compromisso matrimonial sem justa causa, adia compromisso importante, que lhe exigirá em outro momento maior dedicação e esforço para a retomada da reparação do débito.
Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper,
recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.
Do capitulo 14 do Livro Ação e Reação, o Espirito André Luis menciona o casa da Marcela, onde esclarece:
[…]Nos problemas matrimoniais, agravados pela defecção de um dos cônjuges ou mesmo pela deserção de ambos do dever a cumprir, o divórcio é compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicídio… Entretanto, assim como o choque operatório para o tumor e a quinina para certas febres são recursos de emergência, sem capacidade de liquidar as causas profundas da enfermidade, as quais prosseguem reclamando tratamento longo e laborioso, o divórcio não soluciona o problema da redenção, porque ninguém se reúne no casamento humano ou nos empreendimentos de elevação espiritual, no mundo, sem o vínculo do passado, e esse vínculo, quase sempre, significa débito no Espírito ou compromisso vivo e delongado no tempo. O homem ou a mulher, desse modo, podem provocar o divórcio e obtê-lo, como sendo o menor dos piores males que lhes possam acontecer… Ainda assim, não se liberam da dívida em que se acham incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo seja oportuno.[…]
DESQUITE E DIVÓRCIO
Na sua generalidade o matrimônio é laboratório de reajustamentos emocionais e oficina de reparação moral, através dos quais, espíritos comprometidos se unem para elevados cometimentos no ministério familial.
Sem dúvida, reencontros de espíritos afins produzem vida conjugal equilibrada, em clima de contínua ventura, através da qual missionários do saber e da bondade estabelecem a união, objetivando nobres desideratos, em que empenham todas as forças.
Outras vezes, programando a elaboração de uma tarefa relevante para o futuro deles mesmos, se penhoram numa união conjugal que lhes enseje reparação junto aos desafetos e às vítimas indefesas do passado, para necessidade de socorrer e elevar compreendem ser inadiável.
Fundamental, entretanto, em tais conjunturas, a vitória dos cônjuges sobre o egoísmo, granjeando recursos que os credenciem a passos mais largos, na esfera das experiências em comum.
Normalmente, porém, através do consórcio matrimonial, exercitam-se melhor as virtudes morais que devem ser trabalhadas a benefício do lar e da compreensão de ambos os comprometidos na empresa redentora. Nessas circunstâncias a prole, quase sempre vinculada por desajustes pretéritos, é igualmente convocada ao buril da lapidação, na oficina doméstica, de cujos resultados surgem compromissos vários em relação ao futuro individual de cada membro do clã, como do grupo em si mesmo.
Atraídos por necessidades redentoras, mas despreparados para elas, os membros do programa afetivo, não poucas vezes, descobrem, de imediato, a impossibilidade de continuarem juntos.
De certo modo, a precipitação resultante do imediatismo materialista que turba o discernimento, quase sempre pelo desequilíbrio no comportamento sexual, é responsável pelas alianças de sofrimento, cuja harmonia difícil, quase sempre culmina em ódios ominosos ou tragédias lamentáveis.
Indispensável, no matrimônio, não se confundir paixão com amor, interesse sexual com afeição legítima.
Causa preponderante nos desajustes conjugais o egoísmo, que se concede valores e méritos superlativos em detrimento do parceiro a quem se está vinculado.
Mais fascinados pelas sensações brutalizantes do que pelas emoções enobrecidas, fogem os nubentes desavisados um do outro a princípio pela imaginação e depois pela atitude, abandonando a tolerância e a compreensão, de pronto iniciando o comércio da animosidade ou dando corpo às frustrações, que degeneram em atritos graves e enfermidades perturbadoras.
Comprometessem-se, realmente, a ajudar-se com lealdade, estruturassem-se nos elementos das lições evangélicas, compreendessem e aceitassem como legítimas a transitoriedade do corpo e o valor da experiência provacional, e se evitariam incontáveis dramas, inumeráveis desastres do lar, que ora desarticulam as famílias e infelicitam a sociedade.
O casamento é contrato de deveres recíprocos, em que se devem empenhar os contratantes a fim de lograrem o êxito do cometimento.
A sociedade materialista, embora disfarçada de religiosa, facilita o rompimento dos liames que legalizam o desposório por questões de somenos importância, facultando à grande maioria dos comprometidos perseguirem sensações novas, com que desbordam pela via de alucinações decorrentes de sutis como vigorosas obsessões resultantes do comportamento passado e do desassisamento do presente.
O divórcio como o desquite são, em consequência, soluções legais para o que moralmente já se encontra separado.
Evidente, que tal solução e sempre meritória, por evitar atitudes mais infelizes que culminam em agravamento de conduta para os implicados na trama dos reajustamentos de que não se evadirão.
Volverão a encontrar-se, sem dúvida, quiçá em posição menos afortunada, oportunamente.
Imprescindível que, antes da atitude definitiva para o desquite ou o divórcio, tudo se envide em prol da reconciliação, ainda mais considerando quanto os filhos merecem que os pais se imponham uma união respeitável, de cujo esforço muito dependerá a felicidade deles.
Períodos difíceis ocorrem em todo e qualquer empreendimento humano.
Na dissolução dos vínculos matrimoniais, o que padeça a prole será considerado como responsabilidade dos genitores, que se somassem esforços poderiam ter contribuído com proficiência, através da renúncia pessoal, para a dita dos filhos.
*
Se te encontras na difícil conjuntura de uma decisão que implique em problema para os teus filhos, para e medita. Necessitam de ti, mas também do outro membro-base da família.
Não te precipites, através de soluções que às vezes complicam as situações.
Dá tempo a que a outra parte desperte, concedendo-lhe ensancha para o reajustamento.
De tua parte permanece no posto.
Não sejas tu quem tome a decisão.
A humildade e a perseverança no dever conseguem modificar comportamentos, reacendendo a chama do entendimento e do amor, momentaneamente apagada.
Não te apegues ao outro, porém, até a consumação da desgraça.
Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em algema ou prisão.
Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém. Estará, porém, onde quer que vá, sob o clima que merece.
Tem paciência e confia em Deus.
Quando se modifica uma circunstância ou muda uma situação, não infiras disso que a vida, a felicidade, se acabaram.
Prossegue animado de que, aquilo que hoje não tens, será fortuna amanhã em tua vida.
Se estiveres a sós e não dispuseres de forças, concede-te outra oportunidade, que enobrecerás pelo amor e pela dedicação.
Se te encontrares ao lado de um cônjuge difícil ama-o, assim mesmo, sem deserção, fazendo dele a alma amiga com quem estás incurso pelo pretérito, para a construção de um porvir ditoso que a ambos dará a paz, facultando, desse modo, a outros espíritos que se revincularão pela carne, a ocasião excelente para a redenção. (De “APÓS A TEMPESTADE”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis)
5 – A INFLUÊNCIA ESPIRITUAL NA VIDA CONJUGAL
Além de vigiar a si mesmos para não caírem perante as próprias imperfeições, o casal não deve descuidar das influencias obsessiva que podem atingir um dos cônjuges, ambos ou até a família como um todo.
“Muitos casamentos fracassam devido a essas influências nocivas de espíritos de natureza má, que começam de forma sutil, sorrateira, evoluindo para verdadeiros processos obsessivos que comprometem irreversivelmente a união conjugal.
Tanto a vítima da obsessão quanto o cônjuge, na maioria das vezes, nada percebem, porquanto os obsessores não criam o mal na vítima; apenas identificam as tendências e as estimulam de forma intensa e persistente, procurando exacerbá-las. […]
Os espíritos obsessores sondam os pensamentos mais íntimos do indivíduo visado procurando
identificar a tendência para a infidelidade. Constatando-a, passam a alimentá-la, através de sugestão mental.
Em seguida, pesquisam alguma pessoa, que por ele sente alguma atração e que igualmente apresente necessidades afetivas ou determinados desejos sensuais. Dando continuidade ao ‘trabalho’, passam a influenciar os dois, facilitando os encontros e procurando despertar a afetividade. Os obsessores não perdem a oportunidade de sugerir novos pensamentos, verdadeiras ideias fixas, que criam as condições para a união sexual infiel, que se consuma em clima de grande emotividade, pela carga adicional dos obsessores. Segue-se um período de grandes prazeres que, entretanto, não é longo. Passada a fase de júbilo, de grandes satisfações, os obsessores mudam de tática. O que lhes interessa é o sofrimento das vítimas e não a sua felicidade.[…] Vida Conjugal Umberto Ferreira.
A infidelidade é um dos recursos mais utilizados pelos obsessores para comprometer seu perseguido, visto que poucos são aqueles que conseguem resistir às investidas dos impulsos sexuais.
A vítima da infidelidade, seja homem ou mulher, fica seriamente lesada em sua sensibilidade. Algumas se desestruturam totalmente, outras entram em depressão profunda ou se desequilibram completamente, necessitando de tempo mais ou menos longo para readquirir o equilíbrio. E o causador contrai um débito perante a justiça divina.
Diz Emmanuel que todos os débitos que abraçamos ficam registrados na Contabilidade Divina, que antes de registrar no exterior, registra dentro de nós. A pedra que atiramos no próximo talvez não volte sobre nós em forma de pedra, mas permanece conosco na figura de sofrimento. E, enquanto não se remove a causa da angústia, os efeitos dela perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em definitivo, se não a eliminamos na origem do mal. Porque jamais lesamos a outrem sem lesarmos a nós mesmo.
Outra forma que os obsessores se utilizam é o Ciúme. Um casamento deve ser mantido sob a confiança mutua.
No aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas com aquilo em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega a fúria do estágio primitivista em manifestações ridículas, quão perturbadoras, em que se consome. Ateia incêndios em ocorrências imaginárias, com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da revolta em que se rebolca, insanamente.
Aproveitando-se desse estágio, os obsessores criam quadros que potencializam a imaginação do ciumento, criando faltas imagens, levando o mesmo as vezes a loucura.